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Plano de Aula: Aula 2 - Unidade 1 - Conceito, origem e Evolução da Ciência Atuarial, do Seguro e da Previdência LEGISLAÇÃO E GESTÃO ATUARIAL - GST1220 Título Aula 2 - Unidade 1 - Conceito, origem e Evolução da Ciência Atuarial, do Seguro e da Previdência Número de Aulas por Semana Número de Semana de Aula 2 Tema Conceito, origem e Evolução da Ciência Atuarial Objetivos Ao final desta aula o aluno deverá ser capaz de: Conceituar ciência atuarial e conhecer a sua origem e evolução no mundo e no Brasil; Apresentar os Princípios das Ciências Atuariais, bem como as funções de atuário e suas possíveis áreas de atuação. Estrutura do Conteúdo Ciências Atuariais Origem e Evolução da Atuária Conforme Souza (2007), a Ciência Atuarial teve seu marco embrionário na Roma antiga, época do Império Romano, pois, nesta época, os romanos já se preocupavam em registrar os nascimentos e mortes em algumas regiões do império. Na Roma antiga, Ulpianus elaborou a primeira tábua de mortalidade, com dados originados das contribuições para o enterro, em que os jovens pagavam a mesma quantia que os velhos (GARCIA,2016). Muitos séculos foram decorridos, até que se firmasse a matemática financeira e posteriormente à matemática estatística que são elementos essenciais à ciência atuarial. Garcia (2016) cita que os estudos que levam a Ciência Atuarial vêm de 1657, quando o filósofo e matemático francês Blaise Pascal (1623 - 1662) dedicou-se ao estudo dos problemas das chances e deu base ao estudo das Probabilidades. Procurado por jogadores a respeito das chances de se ganhar ou de se perder em uma disputa de jogo, Pascal determinou o princípio da relação do número de casos prováveis para o número de casos possíveis. Assim definido: Exemplo. Um dado tem 6 lados. Portanto, o número de casos possíveis é a quantidade máxima que se pode tirar em um lançamento do dado. Qual a probabilidade de se jogar um dado e sair o número 2 (dois)? Um dado tem 6 lados e a probabilidade de sair o número 2 vai ser determinado pela divisão pelo caso provável (2), pelo caso possível (6). Como o dado será jogado apenas uma vez, o caso possível de sair o quatro é de apenas uma vez. Então, a probabilidade de se tirar o número 2 em um lançamento de dado será a divisão de 1 sobre 6, que dá 0,17, ou, 17%. Podemos também fazer o inverso. Qual a chance de se tirar outro número em um dado, que não seja o número 2? Será a divisão de 5 sobre 6 seis. Portanto, a chance de não se tirar o número 2 é de 83%. Os cálculos atuariais são auxiliados por Tábuas de mortalidade, onde nelas consta todo o comportamento de uma população estudada (GARCIA, 2016). John Graunt (1620-1674) um comerciante inglês, foi o primeiro a projetar um exemplo de aplicação do método estatístico em 1662. Um passo enorme para o seguro de vida. John Graunt foi o primeiro cientista a tentar construir a primeira tábua de mortalidade. Ao longo de sua vida, ele esforçou -se para a obtenção de dados referentes à mortalidade de pessoas, mas faleceu sem concluir seu trabalho. (GARCIA,2016). Edmond Halley (1656-1742), astrônomo que descobriu o cometa que leva seu nome, construiu a primeira Tábua de Sobrevivência chamada Breslaw Table em 1693, mostrando como as estatísticas podiam ser usadas para calcular o valor das anuidades vitalícias. Halley conseguiu finalizar a Tábua, após identificar qual foi o problema que Graunt teve, após não conseguir finalizar seu trabalho. Graunt tentou construir uma Tábua de Mortalidade em Londres, e que era a hegemonia econômica na ép oca. Sua localização portuária contribuía e muito para a imigração, mudando todo o perfil da população estudada. Com isso, Halley escolheu uma cidadezinha chamada Breslaw, na Polônia, localizada bem ao centro da Europa e, portanto, sem grandes impactos na alteração de sua população. (GARCIA,2016). O nascimento oficial da Ciência Atuarial é datado em 1762, com a criação da Equitable Society em Londres, lançando a pedra fundamental do Seguro de Vida Moderno, comercializando planos com tarifas de prêmios nivelados com prazos de contrato de longa duração(GARCIA,2016); (SOUZA, 2007). O nome Atuário surgiu com a fundação dessa companhia inglesa, assim, a palavra Atuário começou a ser difundida para descrever todos os que eram peritos em problemas que envolviam probabilidades de vida. A Matemática atuarial nasceu com criação da Equitable Society, como uma matemática aplicada. A intenção era criar uma nova forma de se calcular o valor das rendas, visto que ela veio de uma crise financeira provocada pelo insucesso das operações deficitárias das Rendas Vitalícias. Segundo Souza (2007), em uma linguagem bastante simplista, poderíamos dizer que os cálculos atuariais combinam os princípios da Estatística com a Matemática Financeira. Tábuas de Mortalidade (Biométricas) Souza (2007), conceitua as Tábuas de Mortalidade (ou Tábuas Biométricas) como as tábuas que calculam a probabilidade de morte de uma população a cada idade. Essas Tábuas são instrumentos essenciais para os seguros de Vida e os Planos de Previdência. As seguradoras operantes no Brasil para precificar os seguros de vida e os seus planos de previdência, utilizavam a série de tábuas Annuity Table (AT) e outras similares, que são referenciadas na expectativa de vida dos norte-americanos.(OLIVEIRA et al, 2010) Existem mais de 80 Tábuas de Mortalidade de vários países, as AT ( Anuity Table) dos EUA, as CSO provindas da Alemanha, a GKM provindas da Inglaterra e etc.... Entre as tábuas AT, as existentes são; AT 49, AT-55, AT-71, AT-83, a AT-2000 e AT 2010. A numeração indica o ano em que essa Tábua foi elaborada e após um determinado tempo, essas Tábuas são atualizadas, para acompanhar a expectativa de vida da população. A Expectativa de vida em 1949 era menor do que em 2000, devido à evolução da medicina e as condições de segurança e sanitárias. (SOUZA, 2007) A expectativa de vida de uma pessoa com 60 anos de idade na Tábua AT 49 é de viver até os 78,5 anos de idade; na Tábua AT 83 é de viver até os 82,6 anos de idade e na Tábua AT 2000 é de viver até os 84,6 anos de idade. (SOUZA, 2007) O aumento da expectativa de vida de uma pessoa representa um tempo maior dessa pessoa recebendo Benefício, assim que ela se aposentar. Com isso, essa pessoa precisa contribuir por mais tempo ou com um valor maior, para manter o Equilíbrio Financeiro e Atuarial. Nos Estados Unidos, a quantidade de pessoas que tinha 100 anos de idade em 1940 era de 4 mil. Em 1997, o número passou de 61.000. Conforme OIliveira et al (2010), a tábua, denominada Experiência do Mercado Segurador Brasileiro, BR- EMS, consiste em quatro variantes abrangendo as coberturas de sobrevivência e mortalidade, masculina e feminina. As variantes foram denominadas BR-EMSsb-v.2010-m, BR-EMSsb-v.2010-f, BR-EMSmtv.2010-m e BR- EMSmt-v.2010-f, onde sb denota a cobertura de sobrevivência, mt mortalidade, m masculino e f feminino. A Susep adotou as tábuas BR-EMS como tábuas padrão (standard) para o mercado segurador brasileiro (Circular Susep nº 402 de 18.03.2010). Estas tábuas foram atualizadas em 2015. Definição de Ciências Atuariais Para Hurtado (2014), a atuária é a ciência da medição e gerenciamento de riscos e divide -se nos ramos vida e não-vida. Ao considerar o risco como a possibilidade de perda ou dano A Ciência Atuarial é uma ciência que aplica técnicas específicas a aná lises de riscos, definindo valores de prêmio para o pagamento de indenização de patrimônios ou custeamento de serviços, que possam causar prejuízos econômicos no futuro, mesclando métodos de matemática, economia e principalmente estatística. É uma ciência importantíssima na precificação (dar preço) de planos de seguro, saúde, previdência e capitalização. (GARCIA, 2016).Ainda segundo Hurtado (2014), a ciência atuarial pode ser aplicada se: A perda ou dano pode ser economicamente dimensionada; Possib ilidade pode ser medida ou estimada por um modelo probabilístico; Aquele sob risco deseja evitar, mitigar ou reduzir o risco. Os Princípios das Ciências Atuariais Existem dois princípios nas Ciências Atuariais. O primeiro é o princípio do mutualismo, que seria a repartição de um dano entre um grupo de indivíduos. Segundo Henon, citado por Brasil (1985, p. 174), é mais fácil suportar coletivamente as consequências danosas de acontecimentos individuais do que deixar o indivíduo só e Isolado, as voltas com tais cons equências. O segundo e mais importante é o princípio básico das Ciências Atuariais que é manter o Equilíbrio Financeiro e Atuarial de um plano que envolva risco. O Equilíbrio Financeiro e Atuarial é o equilíbrio entre receitas e despesas, ou seja, todo din heiro que uma companhia de seguros ou uma entidade de previdência pode gastar com benefícios, precisa ser igual a todo o dinheiro que ela vai arrecadar de contribuição. Em Seguros, o Equilibro Financeiro e Atuarial seria, o valor do prêmio que o segurado paga, igual ao valor do sinistro que ele pode acarretar. Nas instituições em que o Atuário pode atuar, o Equilíbrio Financeiro e Atuarial consiste em: PREVIDÊNCIA- CONTRIBUIÇÕES = BENEFÍCIOS SEGURO - PRÊMIO = SINISTRO PLANO DE SAÚDE - MENSALIDADE = DESPESA MÉDICO-HOSPITALAR CAPITALIZAÇÃO - CONTRIBUIÇÕES = SORTEIO Os Princípios presentes nas atividades atuariais de acordo com o Comitê de Pronunciamentos Atuariais Segundo os preceitos técnicos presentes nas atividades atuariais, são estes os princípios que devem nortear a sua atuação profissional: 1) DO RISCO É o evento ou condição incerta, cuja ocorrência se dá em qualquer momento futuro, independentemente de vontade das partes, que causam consequências financeiras. A incerteza é condição necessária, porém não suficiente para a avaliação do risco. Logo, todo o objeto ou serviço, tais como: coisa, pessoa, bem, responsabilidade, obrigação, garantia ou direito, estão sujeitos a um fato futuro e incerto, ou de data incerta, sendo que a principal atividade do atuário é analisar e quantificar esses riscos. 2) DA ALEATORIEDADE A possibilidade de algo ocorrer ou não é um dos elementos essenciais da ciência atuarial. A noção de aleatoriedade baseia-se na experiência dos jogos de azar. Esse termo é utilizado para exprimi r quebra de ordem, propósito ou imprevisibilidade. A natureza aleatória do contrato advém de sua própria função econômico-social, cujo risco dos envolvidos dependerá de fatos futuros e incertos, os quais devem independer da vontade das partes. 3) DO MUTUALISMO Princípio fundamental que constitui a base de toda operação de seguro. O mutualismo na atividade atuarial nasce da convergência de duas virtudes cardeais da humanidade: boa fé e solidariedade. A credibilidade da palavra do segurado, ao declarar suas condições pessoais na contratação e/ou adesão, e do segurador, ao prometer proteção, é pilar essencial para a atividade de seguro, haja vista que as partes repartem entre si o preço da proteção ao patrimônio, às rendas, à vida ou à saúde, em face da imprevisibilidade do risco. O mutualismo, por definição, é a associação entre membros de um grupo no qual suas contribuições são utilizadas para propor e garantir benefícios aos seus participantes, portanto está relacionado à união de esforços de muitos em favor aleatório de alguns elementos do grupo. 4) DA LEI DOS GRANDES NÚMEROS Princípio geral das ciências de observação, segundo o qual a frequência de determinados acontecimentos tende a se estabilizar cada vez mais, a partir de um certo número de observações e à medida que aumenta o número de casos análogos observados, aproximando-se dos valores esperados pela teoria das probabilidades. O número de observações necessárias será maior nos casos de eventos com baixa probabilidade de ocorrência, como também no caso de eventos de alta probabilidade de ocorrência. A Lei dos Grandes Números existe em duas versões que tratam de convergências de tipos distintos. A Lei Fraca e a Lei Forte a primeira aborda uma convergência em probabilidade e a segunda em uma convergência quase certa. 5) DA EQUIPROBABILIDADE Indica que os acontecimentos têm a mesma probabilidade quando não há razão para se presumir que um deles deva acontecer preferencialmente ao outro, isto é, quando se trata das mesmas características. 6) DA CLASSIFICAÇÃO DOS RISCOS Consiste no agrupamento referente ao objeto do seguro, sob o aspecto físico ou moral, no qual o risco deverá ser incluído com o propósito de tarifação pelo atuário. Está relacionado com o princípio da equiprobabilidade, o qual corresponde à característica de similaridade que um conjunto de riscos apresenta, relacionada ao tipo, natureza, valor ou objeto a ser segurado. 7) DA MENSURAÇÃO DO RISCO Consiste na aplicação da teoria das probabilidades e/ou outras técnicas disponíveis, pela qual o atuário vai prever e mensurar os indicadores de ocorrência de eventos, segundo o nível observado de exposição ao risco, o qual refere-se a quaisquer objetos, pessoas ou interesses seguráveis, diante da maior ou menor possibilidade de materialização futura do mesmo. 8) DA ADMINISTRAÇÃO E GERENCIAMENTO DO RISCO Conjunto de técnicas que tem por objetivo atingir o correto dimensionamento dos riscos, sob a ótica atuarial, definindo o tipo de tratamento a ser aplicado com vistas à sua mitigação, assegurando padrões de segurança econômico-financeira, com fins específicos de preservar a liquidez, a solvência e o equilíbrio do segurador. Trata-se do processo de formular metodologias que permitam ao atuário medir, de forma mais apurada, o valor médio esperado e sua variância ou sua distribuição de probabilidade, bem como de gerir o risco de determinados acontecimentos de uma carteira. Tal processo deve passar por algumas etapas, tais como: identificar o risco, avaliá-lo, selecionar a técnica mais adequada para administrá-lo, implementar a ação de sua gestão e manter a permanente revisão do mesmo. A adequação das decisões ligadas à administração do risco, pelo atuário, deve ser julgada à luz dos dados e informações disponíveis na ocasião em que serviram de base para a tomada de decisão. 9) DA PULVERIZAÇÃO DO RISCO É reflexo do gerenciamento do risco pelo atuário, ligado à política de subscrição, onde parte deste risco é repassado a terceiros, nas modalidades de resseguro, cosseguro e outras técnicas legalmente disponíveis, tendo como principais objetivos a sua mitigação e o princípio da prudência sob a ótica atuarial. 10) DA PRESERVAÇÃO DO PODER AQUISITIVO NO TEMPO (VALOR MONETÁRIO) Determina à observação dos efeitos da oscilação natural do poder aquisitivo da moeda vinculada a planos, provisões ou outros itens do trabalho do atuário, de cujos reflexos devem ser aplicados ou reconhecidos nos respectivos cálculos, avaliações, pareceres e/ou análises técnicas atinentes, observado o princípio da materialidade e relevância. 11) DOS PARÂMETROS REALISTAS É o uso de variáveis estatísticas, atuariais, demográficas, financeiras e econômicas que possam influenciar no resultado do trabalho elaborado pelo atuário, tais como: tábuas biométricas, estudos estatísticos, probabilidades, taxas de juros e de desconto dentre outros. Os parâmetros realistas são aqueles que não representam excesso de conservadorismo ou de otimismo, levando -se em consideração a probabilidade da ocorrência de oscilações destes parâmetros, cujos reflexos possam agravar os riscos futuros e comprometerem a solvência. 12) DA SOLVÊNCIA E CONTINUIDADE DAS OPERAÇÕES Pressupõe a continuidade da operação no futuro e, portanto, a mensuração e a apresentação dos resultadose análises atuariais devem levar em conta esta circunstância, primando pela liquidez e solvência, atinente aos aspectos técnicos. 13) DA PRUDÊNCIA Pressupõe o emprego de certo grau de precaução no exercício da interpretação técnica necessária ao processo de mensuração do risco pelo atuário, no sentido de preservar a capacidade de solvência ou buscar o equilíbrio dos compromissos futuros. 14) DA CONSISTÊNCIA O atuário antes da elaboração do estudo a que se propõe, deve verificar a coerência da metodologia aplicada e a consistência dos dados, informações e parâmetros que lhe forem fornecidos pelo interessado responsável pela informação. 15) DA COMPETÊNCIA DO RISCO Prevê que o atuário observe em suas análises e demais inferências atuariais, que os efeitos das transações e de outros eventos relacionados, sejam reconhecidos nos períodos a que se referem, independentemente do recebimento (receita) ou pagamento (despesa), observado o Princípio da Materialidade e Relevância. 16) DA MATERIALIDADE E RELEVÂNCIA O atuário deve elaborar seu trabalho com base na materialidade dos valores envolvidos, cujos parâmetros e os indicadores devem ser por ele mensurados, observando-se os demais princípios atuariais em vigor, assim como a relevância dos valores envolvidos frente ao volume de provisões técnicas, indicadores de liquidez e de solvência ou outros valores que o atuário possa observar no contexto técnico, econômico e financeiro envolvido. 17) DA SEGREGAÇÃO PATRIMONIAL Pressupõe que o atuário proceda a seu trabalho com base na identificação, na avaliação e na segregação entre o patrimônio dos planos ou carteiras, em relação ao respectivo equilíbrio atuarial O Atuário Segundo Ramos (2003), a palavra Atuário vem do latim actuarius e significa o senhor das Atas. Na época do Império Romano, era o Atuário o escriba responsável por construir as Atas do Senado. Garcia (2006) discorre que a função do Atuário era: Preparar os discursos pronunciados no Senado e o responsável em registrar os atos do mesmo; Fazer a contabilidade de todas as mercadorias que entravam e saíam do Império de Roma; Fazer o cálculo do montante das colheitas e o recolhimento dos impostos; Cronista dos feitos de guerra; Tabelião (notário público que reconhece assinatura, faz escritura e outros documentos); e Agrimensor (especialista em medição de terras). Antes que fossem estabelecidos os fundamentos científicos da Atuária, tiveram início operações de seguros de vida e incêndio, porém, por falta de técnicas, eram tão fragilizadas, a ponto de ser comum a falência das empresas em pouco tempo de atuação. Já entre os séculos XVI e XVII, os ingleses mencionavam o atuário como um funcionário da contabilidade encarregado de efetuar os cálculos financeiros. Esses problemas enfrentados pelas Companhias de seguro passaram a interessar matemáticos que dedicaram ao estudo e compilação de óbitos e da ocorrência de doenças. Estes matemáticos foram chamados então de Atuários. (RAMOS, 2003, p.7) A partir daí, circunstâncias naturais fizeram com que o termo atuário fosse fixado como uma das profissões dentro das atividades do seguro de vida. Atualmente, com um amplo campo de trabalho, o atuário é considerado uma profissão de futuro, onde suas especialidades são as mais diversas. Na literatura, é comum definir o atuário como o profissional academicamente capacitado para solucionar, definir e analisar negócios complexos e problemas sociais. Compete a ele, elaborar planos técnicos e avaliar as reservas matemáticas das empresas privadas de seguros, de planos de saúde, de capitalização, das instituições de previdência social e privada, das associações ou caixas mutuarias de pecúlios ou sorteios e dos órgãos oficiais de seguros e resseguros. Somente o atuário pode assinar, como responsável técnico, os balanços dessas mesmas empresas quando publicados. (GARCIA, 2016) Para a Beanactuary (2016, online), um atuário aplica modelos matemáticos a problemas de seguros e finanças. Para ser mais específico, os atuários melhoram os processos de tomada de decisão financeira, por meio do desenvolvimento de modelos que avaliam impactos financeiros decorrentes de eventos futuros e incertos. É o atuário o responsável, também, em determinar e tarifar os prêmios de seguros, de capitalização, podendo, estender alguns casos especiais e pela análise atuarial dos lucros dos seguros e da maneira que serão distribuídos entre os segurados e os portadores de títulos de capitalização. (SOUZA, 2007) Ainda, é o responsável pelas perícias e emissão de pareceres sobre auditoria e perícias técnicas atuariais envolvendo assuntos de sua exclusiva competência. Neste sentido, dois documentos destacam -se: a avaliação atuarial, onde são estudados os aspectos quantitativos e qualitativos relativos ao ativo e ao passivo do plano, e o parecer atuarial, no qual o atuário aprova ou não a situação de solvência econômico-financeira da entidade, identifica as falhas encontradas e os motivos que as originaram e propõe soluções para as mesmas. (GARCIA, 2016) É obrigatória a consultoria do atuário em áreas como: direção, gerência, administração, fiscalização, orientação e elaboração das atividades e normas técnicas e ordens de serviço de algumas empresas de ramos de seguro, financiamento e capitalização, das instituições de previdência social e privada e de outros órgãos oficiais de seguros, resseguros, planos de saúde e investimentos. Essas atribuições são regulamentadas pelo art. 5º do Projeto de Lei n.º 602/99: Mas o que é um Atuário? Segundo o art. 1º, do Decreto-Lei nº 806 de 1.969, o atuário é o técnico especializado em matemática superior que atua, de modo geral, no mercado econômico-financeiro, promovendo pesquisas e estabelecendo planos e políticas de investimentos e amortizações e, em seguro privado e social, calculando probabilidades de eventos, avaliando riscos e fixando prêmios, indenizações, benefícios e reservas matemáticas. Segundo Souza (2007, p.132), entre as áreas de conhecimento importantes para a formação do atuário, estão, a Estatística, Informática, Demografia, Contabilidade, Economia, Administração e Direito. O atuário no Brasil A profissão atuarial teve início no século passado, cujo primeiro expoente foi o brasileiro Antônio Felix de Faria Albernaz (1866-1954), engenheiro e inspetor de seguros, que muito batalhou para o desenvolvimento da técnica atuarial, da ciência atuarial, da profissão de atuário, da formação de atuários e da criação de uma instituição científica atuarial em nosso País. A regulamentação desta profissão só foi possível após a criação do Instituto Brasileiro de Atuária - IBA, fundado em 1944, na cidade do Rio de Janeiro. Ela tem por objetivos o incentivo à pesquisa, desenvolvimento e aperfeiçoamento da ciência e da tecnologia dos dive rsos fatos econômicos, financeiros e biométricos. Até 1953, a profissão de Atuário, era exercida em sua grande maioria por contabilistas, que possuíam autorização do IBA para exercer a função. No mesmo ano, criaram -se Faculdades de Ciências Atuariais no Rio de Janeiro e em Porto Alegre. Em 1970, o profissional Atuário é regulamentando de acordo com o Decreto n.º 66.408, de 03 de abril de 1970. Art. 3º - A profissão de Atuário será exercida: I . Nas entidades que se ocupem de atividades próprias do Campo da Atuária, em repartições federais, estaduais ou municipais, entidades estatais, Sociedades de Economia mista ou sociedade de refinanciamentos, de desenvolvimento ou investimentos e de Associações ou Caixas Mutuarias de Pecúlios. II . Nas entidades públicas, privadas ou mistas, cujas atividades, não se relacionando com as de que trata o item anterior, envolvam questões do campo de conhecimento atuarial profissional, relativos alevantamentos e trabalhos atuariais. III . Nas faculdades de ensino superior oficial ou reconhecidas que mantenham Cadeiras de Atuária ou matérias afins. Campo de Atuação dos Atuários Basicamente, o atuário atua em Seguradoras, Operadores de plano de saúde, Entidades de Previdência privada, Instituições de Previdência social, Fundos de Pensões e em produtos de capitalização. Abaixo, uma lista dos campos de atuação do Atuário, Companhias de Seguros; Planos de Saúde; Entidades de Previdência Aberta com e sem fins lucrativos; Fundos de Pensões; Instituições de Previdência Social ( RPPS); Instituições Financeiras; Empresas de Capitalização; Órgãos Oficiais de Previdência (Municipal, Estadual e Federal); Órgãos de Fiscalização; Perícia Técnica-Atuarial, atuando em processos judiciais que envolvem o cálculo atuarial; Auditoria Atuarial; A Contabilidade é uma ciência, e como tal utiliza métodos e regras próprios para registrar os fatos contábeis, decorrentes ou não de ações humanas, mas que de alguma forma afete o patrimônio da empresa. Aplicação Prática Teórica Exercício 01: (FGV-2015) A Lei dos Grandes Números existe em duas versões que tra tam de convergências de tipos distintos. A Lei Fraca e a Lei Forte abordam, respectivamente, convergências: a) em probabilidade e em distribuição; b) quase certa e em probabilidade; c) em distribuição e quase certa; d) em distribuição e em probabilidade; e) em probabilidade e quase certa. Exercício 02: Sobre os princípios presentes nas atividades atuariais de acordo com o Comitê de Pronunciamentos Atuariais, julgue como V para verdadeiro e F para falso: ( ) O uso de variáveis estatísticas, atuariais, demográficas, financeiras e econômicas que possam influenciar no resultado do trabalho elaborado pelo atuário, tais como: tábuas biométricas, estudos estatísticos, probabilidades, taxas de juros e de desconto dentre outros está relacionado a o princípio dos parâmetros realistas. ( ) O pressuposto da continuidade da operação no futuro e, portanto, da mensuração e da apresentação dos resultados e análises atuariais devem levar em conta esta circunstância, primando pela liquidez e solvência, atinente aos aspectos técnicos está relacionado ao princípio da prudência. ( )O atuário, deve, antes da elaboração do estudo a que se propõe, deve verificar a coerência da metodologia aplicada e a consistência dos dados, informações e parâmetros qu e lhe forem fornecidos pelo interessado responsável pela informação para atender o princípio da competência do risco ( ) O principio da segregação patrimonial Pressupõe que o atuário proceda a seu trabalho com base na identificação, na avaliação e na segregação entre o patrimônio dos planos ou carteiras, em relação ao respectivo equilíbrio atuarial. ( ) Princípio do mutualismo constitui a base de toda operação de seguro. O mutualismo na atividade atuarial nasce da convergência de duas virtudes cardeais da humanidade: boa fé e solidariedade. A credibilidade da palavra do segurado, ao declarar suas condições pessoais na contratação e/ou adesão, e do segurador, ao prometer proteção, é pilar essencial para a atividade de seguro, haja vista que as parte s repartem entre si o preço da proteção ao patrimônio, às rendas, à vida ou à saúde, em face da imprevisibilidade do risco. O mutualismo, por definição, é a associação entre membros de um grupo no qual suas contribuições são utilizadas para propor e garantir benefícios aos seus participantes, portanto está relacionado à união de esforços de muitos em favor aleatório de alguns elementos do grupo.
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