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Alguns Apontamentos sobre a trajetória da Psicologia Social Comunitária no Brasil

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138
Alguns Apontamentos sobre a 
Trajetória da Psicologia Social 
Comunitária no Brasil 
Notes About The History Of Community Social 
Psychology In Brazil 
Algunas Notas Sobre La Trayectoria De 
La Psicología Social Comunitaria En Brasil
A
rt
ig
o
Mariana Alves 
Gonçalves & 
Francisco Teixeira 
Portugal
Universidade Federal 
do Rio de Janeiro
138
PSICOLOGIA: CIÊNCIA E PROFISSÃO, 2012, 32 (num. esp.), 138-153
139
A emergência e a formação da Psicologia 
social comunitária (PSC) no Brasil, nos últimos 
50 anos, foram marcadas, por um lado, pela 
contraposição aos dispositivos conceituais, 
aos locais de trabalhado consagrados e às 
práticas da psicologia social norte-americana 
ao longo do século XX e, por outro, pela 
inserção da noção de comunidade em seu 
conjunto de princípios. Nosso objetivo 
consiste em historiar os argumentos que 
buscaram fornecer uma identidade para a 
PSC e, nesse exercício analítico, indicar suas 
contribuições para a reflexão das práticas dos 
psicólogos. A análise tomou como material 
primário os anais dos encontros nacionais 
da Associação Brasileira de Psicologia Social 
(ABRAPSO) pela sua importância para a 
renovação da Psicologia social no Brasil nas 
três últimas décadas. 
Nosso propósito não foi investigar a emergência 
do saber a partir de agenciamentos econômicos, 
políticos, acadêmicos e institucionais, mas 
apresentar como a disciplina se apresenta 
e, ao analisar o discurso produzido com o 
nome PSC, refletir sobre a prática profissional. 
Nesse sentido, discorreremos tanto sobre a 
emergência dessa disciplina pelo que tem sido 
narrado por seus autores quanto sobre o que 
foi por ela gerado.
Resumo: Este artigo aborda a trajetória da Psicologia social comunitária no Brasil tomando como material 
privilegiado de análise os anais dos encontros nacionais da Associação Brasileira de Psicologia Social 
(ABRAPSO). O objetivo foi o de historiar os argumentos produzidos por autores da PSC em busca de 
uma identidade para a área. A análise buscou evidenciar a especificidade da PSC, os objetivos de suas 
intervenções e a noção de comunidade. Tomamos os anais dos encontros nacionais da ABRAPSO como 
fonte principal pela importância da associação na produção de dispositivos conceituais e de novas formas 
de atuação profissional dos psicólogos no Brasil. Concluímos o trabalho indicando a ênfase na diferença e 
na oposicão entre uma psicologia latino e norte-americana como recurso estratégico de afirmação identitária 
da área. Apontamos a importância do trabalho em comunidade para a renovação das práticas do psicólogo 
no Brasil e para a relativa carência de reflexão conceitual sobre a noção de comunidade. 
Palavras-chave: Psicologia social-História. Psicologia comunitária. Organizações profissionais – Psicologia. 
Psicologia aplicada.
Abstract: This article discusses the trajectory of community social psychology in Brazil taking as primary 
material of analysis the annals of the national meetings of the Associação Brasileira de Psicologia Social 
(ABRAPSO). The goal was to reconstruct the arguments made by authors of CSP in search of an identity for 
the area. The analysis sought to demonstrate the specificity of the PSC, the goals of their interventions and 
the meanings of community. We take the annals of the national meetings of ABRAPSO as the main source 
for the importance of the association in the production of conceptual devices and new forms of professional 
practice of psychologists in Brazil. We conclude the work indicating the emphasis on difference and antithesis 
between Latin and North American psychology as a strategic resource for identity affirmation in the area. 
We point to the importance of community work for the renewal of the psychologist practices in Brazil and 
the relative lack of conceptual reflection on the notion of community.
Keywords: Social Psychology-History. Community psychology. Professional organizations-Psychology. 
Applied psychology.
Resumen: Este artículo aborda la trayectoria de la Psicología social comunitaria en el Brasil tomando 
como material privilegiado de análisis los anales de los encuentros nacionales de la Asociación Brasileña 
de Psicología Social (ABRAPSO). El objetivo fue el de historiar los argumentos producidos por autores de 
la PSC en busca de una identidad para el área. El análisis buscó evidenciar la especificidad de la PSC, los 
objetivos de sus intervenciones y la noción de comunidad. Tomamos los anales de los encuentros nacionales 
de la ABRAPSO como fuente principal por la importancia de la asociación en la producción de dispositivos 
conceptuales y de nuevas formas de actuación profesional de los psicólogos en el Brasil. Concluimos el 
trabajo indicando el énfasis en la diferencia y en la oposición entre una psicología latina y norteamericana 
como recurso estratégico de afirmación de identidad del área. Apuntamos la importancia del trabajo en 
comunidad para la renovación de las prácticas del psicólogo en el Brasil y para la relativa carencia de 
reflexión conceptual sobre la noción de comunidad. 
Palabras clave: Psicología social-Historia. Psicología comunitaria. Organizaciones profesionales –Psicología. 
Psicología aplicada.
Alguns Apontamentos sobre a Trajetória da Psicologia Social Comunitária no Brasil
Mariana Alves Gonçalves & Francisco Teixeira Portugal
PSICOLOGIA: 
CIÊNCIA E PROFISSÃO, 
2012, 32 (num. esp.), 138-153
140
A ABRAPSO foi fundada em 1980 a partir 
de discussões de pesquisadores latino-
americanos que defenderam a formulação 
de dispositivos conceituais e metodológicos 
afeitos às características diferenciais desses 
países (Nascimento, 2001, Bock & Furtado, 
2006; Jacó-Vilela, 2011; Associação Brasileira 
de Psicologia Social - ABRAPSO, 2012), 
e tem se constituído como importante 
agente na construção de uma perspectiva 
inovadora da Psicologia no Brasil (Bock 
& Furtado, 2006). Nesse sentido, o sítio 
da associação enfatiza o “intercâmbio e 
posicionamento crítico frente a perspectivas 
naturalizantes e a-históricas de produção 
de conhecimento e intervenção política em 
nossa sociedade” (ABRAPSO, 2012). Ao longo 
de seus 32 anos, a ABRAPSO realizou 16 
encontros nacionais com grande número de 
participantes e significativa produção textual. 
Em decorrência da extensão do material, 
escolhemos trabalhar com os números pares 
dos anais existentes, o que totalizou seis 
anais. Foram selecionados os documentos 
dos seguintes encontros nacionais: II, IV, VI, 
VIII, XI e XIV Encontro Nacional da ABRAPSO, 
realizados, respectivamente, em 1986, 1988, 
1991, 1995, 2003 e 2007. Os anais do X 
Encontro Nacional da ABRAPSO, de 1999, 
não estão disponíveis para análise.
É importante alertar que a pesquisa não 
busca oferecer elementos que sirvam para 
delimitar o que é e o que não é Psicologia 
social comunitária. Aqui não se fala do 
lugar de quem pretende afirmar o campo 
ou ratificar simplesmente suas posições. 
Não nos interessa, portanto, alcançar 
nenhuma espécie de unidade, identidade 
e/ou legitimidade da PSC. Concebendo 
essa busca de unificação e os produtos 
por ela gerados como regimes de verdade 
historicamente instituídos, pretendemos 
problematizá-la (Barros, 2007, p. 128). 
Aspectos históricos do campo
A partir da década de 70, a Psicologia 
passa por um momento de transformações 
significativas decorrentes, em parte, dos 
questionamentos que envolvem a relevância 
da Psicologia social (Lane & Codo, 1984; 
Jacques, Strey, Bernardes, Guareschi, Carlos, 
& Fonseca, 2003; Carvalho & Souza, 2010). 
Sob os auspícios dessa crise, ou por sua 
convocação, houve a constituição de um 
conjunto de problematizações relacionadas 
com o surgimento de diversas propostas para a 
disciplina no Brasil e na América Latina. Entre 
as questões levantadas naquele momento, 
estão a faltade relevância social das pesquisas 
em Psicologia social, a reivindicação de 
que se constituísse um rumo próprio para 
a disciplina a partir da realidade social, 
econômica e política latino-americana e o 
compromisso com a transformação social 
(Bock, Gonçalves, & Furtado, 2007; Carvalho 
& Souza, 2010).
A Psicologia da libertação, a Psicologia social 
comunitária, a Psicologia sociohistórica e 
a Psicologia política surgiram envolvidas 
com esses questionamentos e elaboraram 
argumentos para modificar a psicologia 
social latino-americana. O que atualmente 
chamamos de PSC surgiu eminentemente de 
práticas realizadas em favelas e comunidades, 
quando isso ainda era uma novidade para a 
disciplina. A trajetória da PSC está, portanto, 
atrelada a esse momento de críticas à 
Psicologia social caracterizada até então por 
um viés cognitivista e experimental, e, como 
todo discurso de crise, a um movimento 
de reformulação das práticas vigentes. 
Houve, portanto, uma mudança de direção 
na psicologia brasileira, em que a PSC e a 
Psicologia social crítica tiveram participação 
intensa. Foi então que a Psicologia reivindicou 
a tarefa de atuar de uma forma diferente 
nas transformações sociais, não só atenta às 
questões das maiorias populares e evitando 
Alguns Apontamentos sobre a Trajetória da Psicologia Social Comunitária no Brasil
Mariana Alves Gonçalves & Francisco Teixeira Portugal
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CIÊNCIA E PROFISSÃO, 
2012, 32 (num. esp.), 138-153
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o recurso às intervenções dos psicólogos 
especialistas mas também responsável por 
promover mudanças na realidade dessa 
população.
O surgimento da PSC pode ser considerado 
uma tentativa de responder a essas críticas e 
de propor mudanças para a psicologia social 
latino-americana. Assim, novas diretrizes 
da disciplina foram instituídas, a saber, 
deselitizar a Psicologia (Freitas, 1988, 1996, 
2010; Nascimento, 2001), aproximar-se da 
realidade concreta da população (Martín-
Baró, 1996, 2009) e afastar-se dos lugares 
tradicionais de trabalho (Freitas, 1988, 
1996, 2010; Nascimento, 2001; Carvalho & 
Souza, 2010). Autores variados (Lane, 1996; 
Campos, 1996; Freitas, 1988, 1996; Góis, 
2005; Montero, 2011; Martín-Baró, 1996, 
2009) indicam a estratégia de aproximação 
dessa área a alguns setores da população 
antes negligenciados pela Psicologia, e de 
realização de algum tipo de intervenção na 
comunidade como aspectos comuns ao início 
da trajetória da Psicologia social comunitária 
no Brasil, mesmo que os referenciais teóricos 
e os objetivos não estivessem bem definidos.
É importante lembrar que essa aproximação 
da Psicologia aos setores denominados 
menos favorecidos ou populares também se 
concretizou a partir do final da década de 
80, com o processo de redemocratização do 
País, a promulgação da nova Constituição e 
a consolidação de um conjunto de políticas 
sociais, principalmente no setor de saúde, 
e com a organização do Sistema Único de 
Saúde (SUS). A aproximação da Psicologia 
às camadas populares e a abertura dos seus 
campos de atuação foi favorecida, a partir 
da década de 90, pela abertura de campo 
de trabalho nas instituições públicas de 
saúde que atendiam, sob o primado das 
ações territoriais, essas populações menos 
favorecidas economicamente (Yamamoto & 
Oliveira, 2010).
A discussão histórica em torno 
da PSC
A história da PSC é comumente narrada 
em suas principais referências e livros-
texto (Montero, 2011; Góis, 2005; Álvaro 
& Garrido, 2006; Nepomuceno, Ximenes, 
Cidade, Mendonça, & Soares, 2008) a 
partir de uma divisão primordial entre o seu 
surgimento e suas influências na América 
Latina e nos Estados Unidos. A ênfase nessa 
distinção não se restringiu à PSC, mas esteve 
presente nos argumentos da renovação da 
Psicologia social entre nós.
Nos territórios norte-americano e europeu, o 
surgimento da Psicologia comunitária ocorreu 
em meados da década de 60, relacionado 
aos movimentos sociais comunitários, em 
especial os de saúde mental. A conferência 
de Swampscott, realizada nos EUA, em 1965, 
envolvida com a constituição dos serviços 
de saúde mental de base comunitária e com 
as críticas às intervenções exclusivamente 
médicas e hospitalocêntricas nos casos de 
doença mental, tem sido apontada como um 
marco para a constituição da disciplina (Góis, 
2005; Álvaro & Garrido, 2006). Inspirados 
nos pressupostos da psiquiatria preventiva, 
esses movimentos tinham como objetivo 
não somente tratar as doenças mentais mas 
também preveni-las. As intervenções, antes 
limitadas aos indivíduos, foram ampliadas 
para seu entorno – também chamado 
comunidade – concebido como fonte dos 
problemas mentais e, ao mesmo tempo, como 
agente potencialmente terapêutico. 
A psiquiatria preventiva nasceu nos Estados 
Unidos, no bojo das transformações das 
práticas psiquiátricas decorrentes da 
constatação feita em 1955 pelo governo 
central das péssimas condições de assistência 
psiquiátrica no país. Sua pretensão foi intervir 
nas causas ou na origem das doenças mentais a 
fim de prevenir a doença mental e promover a 
A aproximação 
da Psicologia às 
camadas populares 
e a abertura dos 
seus campos 
de atuação foi 
favorecida, a partir 
da década de 90, 
pela abertura de 
campo de trabalho 
nas instituições 
públicas de saúde 
que atendiam, 
sob o primado das 
ações territoriais, 
essas populações 
menos favorecidas 
economicamente 
(Yamamoto & 
Oliveira, 2010).
Alguns Apontamentos sobre a Trajetória da Psicologia Social Comunitária no Brasil
Mariana Alves Gonçalves & Francisco Teixeira Portugal
PSICOLOGIA: 
CIÊNCIA E PROFISSÃO, 
2012, 32 (num. esp.), 138-153
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saúde mental em consonância com o Decreto 
Federal de 1963, que redirecionava os 
objetivos da psiquiatria incluindo a “redução 
da doença mental nas comunidades” 
como uma de suas finalidades. A estratégia 
preventiva calca sua ação sobre as doenças 
mentais na crença de que elas podem ser 
prevenidas ou detectadas precocemente por 
meio de uma intervenção social nos espaços 
potencialmente patogênicos com o intuito 
de buscar suspeitos. A partir da articulação 
com as teorias sociológicas e antropológicas, 
Caplan (1980) concebe a doença mental 
como desadaptação ou desvio, o que 
contribuiu para pavimentar o caminho para 
disseminar tanto a ação psiquiátrica quanto 
a investigação sobre a produção da doença 
para todos os recantos da cidade e para todas 
as ações aí realizadas (Amarante, 1995, pp. 
36-38).
É notória, portanto, a dificuldade em 
distinguir historicamente as origens do que 
se chama de psicologia comunitária norte-
americana do movimento acima descrito e 
caracterizado como psiquiatria preventiva. 
Ambos aconteceram na mesma dimensão 
espaço-temporal, e são considerados como 
a terceira revolução na saúde mental, 
quando comparados aos feitos de Pinel e 
de Freud (Gallindo, 1981; Amarante, 1995). 
Além disso, a importância desse projeto da 
psiquiatria preventiva foi ter se centrado 
na intervenção social como princípio de 
identificação precoce de candidatos a 
tratamento psiquiátrico, e, ao mesmo 
tempo, ter sido pautada pela crença de 
que, ao intervir no território, seria possível 
prevenir doenças mentais e, sobretudo, 
promover saúde mental. Constata-se aqui o 
deslocamento e o alargamento do objeto, que 
passa da doença para a saúde, provocando 
também uma ampliação da intervenção, 
que desliza do indivíduo para a coletividade, 
compreendida como meio ambiente ou 
comunidade.
Ao traçar o percurso da Psicologia comunitária 
na América Latina, variados autores (Montero, 
2011; Góis, 2005, 2008; Freitas, 1996, 
2008; Lane, 1996; Campos, 1996; Bomfim 
& Brandão, 1999; Álvaro & Garrido, 
2006; Nascimento, 2001) enfatizaram suavinculação com a Psicologia social e sua 
contribuição para o redirecionamento da 
Psicologia, que voltava sua atenção para os 
graves problemas socioeconômicos da região 
buscando superá-los e, dessa forma, inovar 
seu leque de atuação. O surgimento da 
Psicologia comunitária na América Latina tem 
sido relacionado, também, à Psicologia social 
crítica, à teologia da libertação e à educação 
popular (Góis, 2005; Freitas, 1996).
Ao longo da década 70, alguns psicólogos 
sociais começaram a se aliar a movimentos 
comunitários que surgiam no Brasil, como 
as Comunidades Eclesiais de Base e os 
movimentos na área de saúde mental, em 
busca de melhores condições de vida para a 
população (Bomfim, 1989), fornecendo um 
índice do envolvimento dos psicólogos com 
as questões sociais.
Ao descrever em que cenário ocorria o processo 
de transição democrática na realidade brasileira 
após o período marcado por repressões políticas 
e culturais de uma ditadura militar e também 
por um processo, desde a década de 60, de 
pauperização da população, Yamamoto e Oliveira 
afirmaram que, em 1980, “52% dos domicílios e 
60% das famílias se encontravam abaixo da linha 
de pobreza, tomando por parâmetro o limite de 
três salários mínimos. Em ordem de grandeza, 
a pobreza atingia 17 milhões de famílias e 68 
milhões de pessoas” (2010, p.10). Com o fim da 
ditadura militar, as discussões sobre os trabalhos 
realizados em comunidades foram objeto de 
mais atenção, principalmente por ter sido essa 
uma atividade não remunerada, clandestina e 
voluntária. Nesse momento, o termo Psicologia 
comunitária passou a ser adotado por profissionais 
em debates e reflexões (D’Amorin, 1980; 
Freitas, 1996). 
Alguns Apontamentos sobre a Trajetória da Psicologia Social Comunitária no Brasil
Mariana Alves Gonçalves & Francisco Teixeira Portugal
PSICOLOGIA: 
CIÊNCIA E PROFISSÃO, 
2012, 32 (num. esp.), 138-153
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Discutindo os anais da ABRAPSO
Ao longo dessa pesquisa, deparamo-nos com 
documentos em formatos completamente 
distintos, e pareceu-nos importante destacar 
esta heterogeneidade. 
Os anais do II, IV e VI Encontros têm o 
formato de revista com artigos de autores 
selecionados, e constituem, respectivamente, 
os volumes do periódico da ABRAPSO 
Psicologia & Sociedade indicados a seguir: 
ano II, número 3, 1987; ano IV, número 7, 
1989, e ano VII, número 10, 1992. Os anais 
dos VIII, XII e XIV Encontros Nacionais foram 
publicados no formato caderno de resumos. 
Por fim, os anais do XIV Encontro apresentam 
outra configuração, tendo sido publicados 
também no site da associação com resumos 
estendidos (com cerca de 1500 palavras).
A quantidade de trabalhos também varia 
bastante. Os anais do VIII Encontro Nacional 
de 1995 apresentam somente quatro resumos 
relacionados ao campo da Psicologia social 
comunitária, enquanto, em contraste, foram 
levantados 84 resumos para análise nos 
anais do XII Encontro Nacional ocorrido em 
2003. Essa diferença deriva do crescimento 
significativo dos encontros nacionais da 
ABRAPSO, assim como do aumento de sua 
representatividade no campo da Psicologia. 
Devemos ainda creditar parcialmente tal 
acréscimo ao contínuo aumento no número 
de estudantes e profissionais de Psicologia 
no País nas últimas décadas.
Há uma diferença importante entre os anais 
no que diz respeito às regiões a que esses 
trabalhos estiveram vinculados ao longo 
desses anos. Os primeiros documentos 
analisados correspondentes aos II, IV, VI e 
VIII Encontros estavam vinculados somente à 
Região Sul-Sudeste do País, em sua maioria, 
aos Estados de São Paulo e Minas Gerais, mas 
também encontramos trabalhos do Paraná 
e do Espírito Santo. Já a partir 2003, no XII 
Encontro, há uma ampliação significativa 
na variedade de Estados presentes, o que 
acontece também em 2007, com maior 
participação do eixo norte-nordeste do País.
(In)definições do campo e a 
especificidade do trabalho do 
psicólogo comunitário
Visamos, neste trabalho, a expor o modo pelo 
qual representantes da PSC definiram seu 
próprio campo de atuação, seu escopo e seus 
limites. A expectativa de fornecer unidade 
ao campo tem sido um horizonte para seus 
representantes. O aumento do número de 
publicações já foi argumento para evidenciar 
a proximidade “de uma concepção geral de 
Psicologia comunitária, de sua especificidade” 
(Góis, 2005, p. 32). Sabemos que o que 
se chama hoje PSC começou com uma 
tentativa de aproximar a Psicologia de alguns 
setores da população, ainda sem objetivos e 
métodos bem definidos. A tarefa de dar uma 
forma ao que foi produzido tem sido fruto 
de um esforço identitário da PSC. Dessa 
forma, torna-se mais fácil distinguir quem 
pertence ou não a ela, quem está autorizado 
a falar e a responder suas questões, quais 
são, afinal, as suas práticas, orientações e 
métodos. Essa estratégia da PSC tem diversos 
efeitos e responde a alguns objetivos, como, 
por exemplo, oferecer especificidade ao 
campo e tornar aqueles que pertencem a ele 
especialistas. 
Para Góis, a Psicologia comunitária é o
ramo da Psicologia social que estuda os 
processos, formações e propriedades 
p s i co lóg ica s decor ren te s da v ida 
comunitária, seu sistema de relações e 
representações, identidade, níveis de 
consciência, atitudes, hábitos, expectativas, 
sentimentos e valores, a identificação e 
a pertinência dos membros aos grupos 
comunitários e à própria comunidade, 
na perspectiva do desenvolvimento da 
consciência dos membros como sujeitos 
históricos e comunitários. Seu campo 
Alguns Apontamentos sobre a Trajetória da Psicologia Social Comunitária no Brasil
Mariana Alves Gonçalves & Francisco Teixeira Portugal
PSICOLOGIA: 
CIÊNCIA E PROFISSÃO, 
2012, 32 (num. esp.), 138-153
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de atuação é a comunidade, espaço 
geográfico, social e econômico, significativo 
e básico da vida em sociedade (1989, p. 
100)
Dessa forma, segundo esse autor, a Psicologia 
comunitária não é uma extensão da clínica, 
não é uma Psicologia na comunidade, e 
nem uma tecnologia social. Seu objeto 
central seria, então, “o reflexo psíquico 
da vida comunitária (...) no psiquismo 
de seus membros e a potencialização da 
consciência a partir das condições de vida 
da comunidade” (Góis, 1990, p. 100). A 
questão central da Psicologia comunitária é 
“o desenvolvimento do indivíduo enquanto 
sujeito histórico, social e comunitário (...)”, 
(Góis, 1990, p. 100), e não a relação entre 
saúde e doença ou prevenção e tratamento.
Freitas (1996) propõe uma discussão 
semelhante quando discorre sobre os 
termos adotados nos diferentes momentos 
da trajetória da PSC, contextualizando 
as teorias e as práticas a que estavam 
relacionadas. Inicialmente, o termo trabalhos 
em comunidade, usado nas décadas de 40 e 
50, traduzia trabalhos comunitários de cunho 
paternalista e assistencialista realizados junto 
aos setores mais desfavorecidos do País. 
A expressão psicologia da comunidade 
começou a ser usada nos anos 90, com uma 
ampliação dos trabalhos dos profissionais de 
Psicologia a diversos setores da população 
adotando diferentes práticas e referenciais 
teóricos e traduziu uma inserção da 
Psicologia em algumas instituições, com o 
objetivo de democratizar e de aumentar 
a oferta de serviços para a população em 
geral. Nessas instituições, o que aconteceu 
foi um atrelamento da profissão à área de 
saúde, já que os psicólogos deviam ser 
trabalhadores sociais dentro dessa área, 
muitas vezes respondendo aos problemas 
da saúde coletiva. 
A Psicologia comunitária, ou Psicologia social 
comunitária, para os latino-americanos, 
apresenta mudanças significativas em relação 
aos modelos anteriores. Para a Psicologia 
(social) comunitária, o homem deve sercompreendido como sociohistoricamente 
construído. Ela “utiliza-se do enquadre 
teórico da Psicologia social, privilegiando 
o trabalho com os grupos, colaborando 
para a formação da consciência crítica 
e para a construção de uma identidade 
social e individual, orientada por preceitos 
eticamente humanos” (Freitas, 1996). 
Nos anais pesquisados, percebe-se uma 
diferença no que diz respeito à presença 
de reflexões sobre seu próprio campo. 
Enquanto nos anais do IV Encontro de 1988 
todos os trabalhos relacionados ao campo 
da Psicologia social comunitária apresentam 
discussões sobre seu próprio campo, nos 
anais do VI Encontro, não há nem menção 
à expressão Psicologia social comunitária, 
não há uma identificação dos trabalhos 
com o campo, apesar de estarem no eixo 
denominado Psicologia comunitária. 
A partir dos anais do IV Encontro Nacional, 
a análise dos textos indica que a Psicologia 
comunitária tem atuado junto a sujeitos 
sociais concretos nas áreas de saúde, 
saneamento e urbanização das comunidades 
carentes. As intervenções têm sido realizadas 
com associação de moradores, grupo de 
mulheres, grupo de jovens, grupo de idosos, 
centros de cultura, lazer, etc, caracterizando-
se, portanto, como um trabalho realizado 
junto aos movimentos sociais com vistas 
ao cooperativismo e à autonomia das 
comunidades. Nesse tipo de trabalho, o 
psicólogo comunitário deve estar preparado 
para lidar com os problemas que afligem as 
comunidades, como poluição, ausência de 
infraestrutura de saneamento, ausência de 
áreas de lazer, precariedade dos meios de 
transporte e trânsito congestionado. É nesse 
contexto que surgiu o entendimento de que 
Alguns Apontamentos sobre a Trajetória da Psicologia Social Comunitária no Brasil
Mariana Alves Gonçalves & Francisco Teixeira Portugal
PSICOLOGIA: 
CIÊNCIA E PROFISSÃO, 
2012, 32 (num. esp.), 138-153
145
“o trabalho do psicólogo comunitário é um 
trabalho psicossocial dirigido à melhoria da 
qualidade de vida” (Bomfim, 1989, p. 123). 
Nesse sentido, a atuação dos psicólogos 
da PSC envolveu o fortalecimento de 
lideranças comunitárias, a assessoria a 
associações de moradores e o enfrentamento 
da contradição decorrente da observação de 
que as mobilizações comunitárias surgem por 
demandas concretas que, quando atendidas, 
tendem a desmobilizar os grupos. Naquele 
momento, entretanto, Bomfim sinalizou 
a manutenção de uma ação clínica nas 
comunidades que não trouxe nenhuma 
novidade para a Psicologia, ainda que tenha 
ampliado seu campo de atuação.
As reflexões sobre o escopo da PSC levaram 
Andery a responder à questão “o que vem a 
ser Psicologia comunitária ou Psicologia na 
comunidade?” das seguintes formas:
(...) Prática profissional marcada pela 
instrumentalização de conhecimentos e 
técnicas psicológicas aplicados à melhoria 
da qualidade de vida de indivíduos e grupos 
distribuídos nas aglomerações urbanas 
das grandes cidades: quarteirões, bairros, 
prédios coletivos, favelas, assim como nas 
escolas e centros públicos de saúde (1989, 
p. 125, grifo nosso)
(...) Um movimento da Psicologia atual de 
paulatino distanciamento de seu ‘locus’ 
tradicional: a sala de experimentos, a 
sala escolar de discussões puramente 
acadêmicas, a ante-sala da gerência 
executiva das empresas industriais, o 
consultório particular centrado apenas 
no atendimento clínico individual (1989, 
p. 126)
O trabalho da Psicologia nas comunidades 
foi “propiciar o desenvolvimento de relações 
comunitárias” no que tange aos grupos 
populacionais e “ao nível do desenvolvimento 
de teorias psicológicas que avancem no 
sentido da compreensão e transformação do 
Homem, aqui concebido como manifestação 
de uma totalidade histórico-social” (Lastória, 
1988, p. 143). Assim, cabe ao psicólogo 
comunitário inserir-se nos movimentos 
reivindicatórios “preocupando-se com 
questões relativas ao desenvolvimento dos 
grupos e também com as problemáticas 
existenciais dos participantes” (Lastória, 1988, 
p. 144).
Vimos que o psicólogo, em suas intervenções 
em comunidades, deve lidar com saneamento, 
alimentação, condições de trabalho e 
poluição, ou seja, deve tratar dos problemas 
que afligem essa população. É sua função 
direcionar seu trabalho ou aplicar as técnicas 
profissionais disponíveis para melhorar a 
qualidade de vida dessas pessoas. O termo 
qualidade de vida distribuiu-se por grande 
parte das definições em Psicologia social 
comunitária e configurou-se como um dos 
grandes objetivos do psicólogo comunitário. 
Em 1988, nos anais do IV Encontro, a 
preocupação de Andery em relação à perda 
de especificidade do trabalho do psicólogo 
na comunidade se manifesta
por privilegiar, na comunidade, ações 
de relevância social ou reivindicações 
de melhoria de vida, e, por propor um 
trabalho psico-educativo que leva ao 
desenvolvimento da consciência social das 
pessoas, não estaria o psicólogo se afastando 
da Psicologia e adentrando um outro terreno 
da política e da ação social? Nessa linha de 
atuação, o psicólogo não se transformaria 
num assistente social ou animador político, 
perdendo as especificidades de sua 
profissão? (1989, p. 133)
Para Arendt (1997), ao se constituir em meio à 
interdisciplinaridade, a Psicologia comunitária 
perde seus referenciais próprios, ou seja, ao 
se aproximar da História, da Antropologia, 
da Sociologia, da educação, do político, a 
Psicologia acaba por fazer o papel destes 
e perde seu objeto; perde, portanto, sua 
especificidade. Houve, então, uma busca 
pelo caráter propriamente psicológico do 
trabalho do psicólogo comunitário, para 
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PSICOLOGIA: 
CIÊNCIA E PROFISSÃO, 
2012, 32 (num. esp.), 138-153
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que sua intervenção pudesse se diferenciar 
das outras disciplinas das ciências humanas 
e sociais. Parte dessa demanda deriva de 
uma exigência acadêmica e de uma análise 
epistemológica conservadora, em que a 
inovação deve prestar contas ao instituído, 
pois a História nos informa que o objeto da 
Psicologia é, segundo Arendt,
(...) o estudo dos processos cognitivos, dos 
processos de aprendizagem, dos sistemas 
afetivos e emocionais dos seres humanos, 
das relações interpessoais e grupais que 
eles estabelecem; olhar psicológico seria 
o olhar fundado nas teorias que sustentam 
a cognição humana, a aprendizagem, 
a emoção, entre outros processos que 
configuram o comportamento humano 
(1997, p. 4)
A questão da especificidade é motivo de 
discussões variadas. A pergunta “qual é 
exatamente o papel do psicólogo quando 
inserido nesse novo contexto de atuação?” surge 
principalmente quando a prática do psicólogo 
se desvincula dos lugares consagrados de 
atuação – a clínica, a escola e as organizações – 
onde, supostamente, suas tarefas já estão muito 
bem codificadas e delimitadas. Em geral, nesses 
casos, o papel exercido pelos profissionais 
não é motivo de maiores problematizações. 
O psicólogo comunitário, entretanto, se 
aventurava em um campo novo, ainda pouco 
consolidado, motivo pelo qual as questões em 
relação às possibilidades e aos limites de sua 
atuação ganharam novo alento e marcaram 
historicamente as produções da PSC. O 
reiterado questionamento sobre o fazer do 
psicólogo inserido em práticas comunitárias, 
identificado aqui desde a década de 80, foi 
aspecto relevante para a institucionalização 
da disciplina ao longo das últimas décadas. A 
pergunta que surgiu diante do embaraço de 
não ter métodos, teorias e orientações muito 
bem definidas culminou na consolidação de um 
campo que, hoje, se apresenta instituído por um 
extenso arcabouço conceitual e metodológico 
presente na maioria de suas publicações.
Tanto nos anais doXII Encontro como nos 
anais do XIV Encontro, algumas discussões 
do campo continuam presentes. Assim, a 
PSC, na avaliação de Freitas (2003), tem 
se aproximado das políticas públicas, tem 
enfatizado o desenvolvimento comunitário, 
a formação técnico-política de agentes 
sociais e, além disso, tem contribuído para 
implementar ações de conscientização, de 
formação da identidade e de fortalecimento 
de sentimentos de pertencimento ao grupo e 
à comunidade. Mello e Souza (2003), por seu 
turno, indica que “a Psicologia comunitária 
no Brasil tem uma tradição de privilegiar 
os anseios, aspirações e perspectivas das 
comunidades, valorizando a cultura local 
e a participação de todos no processo de 
desenvolvimento local”. 
Em 2007, Marcos Vieira Silva, na mesa 
formada por Cecília de Mello e Souza e Jorge 
Castellá Sarriera, representantes do grupo 
de trabalho de Psicologia social comunitária 
da Associação Nacional de Pós-graduação 
e Pesquisa em Psicologia (ANPEPP) e da 
Associação Brasileira de Psicologia Social 
Comunitária (ABPSC), refletindo sobre 
o estado das práticas psicológicas em 
comunidades, fez a seguinte afirmação:
Surgindo como uma sub-área ou como 
um campo de práticas em Psicologia 
social, a Psicologia comunitária no Brasil 
e na América Latina traz a marca da 
busca pela transformação social, pela 
liberdade de expressão, pela emancipação 
da subjet ividade, pela perspectiva 
interdisciplinar nas suas reflexões e práticas, 
pela luta em prol da participação política 
individual e coletiva, pelo acesso da 
população a serviços públicos de qualidade 
em termos de educação, saúde, saneamento 
básico, meio ambiente e condições dignas 
de moradia e trabalho. Se considerarmos a 
importância de tais temas para a produção 
da autoestima, da saúde mental, estaremos 
compreendendo a pertinência da Psicologia 
comunitária para a Psicologia como um 
todo (2007, p. 84)
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CIÊNCIA E PROFISSÃO, 
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A princípio, podemos observar pontos de 
convergência nas definições apresentadas 
relacionados à noção qualidade de vida e 
ao alargamento dos campos tradicionais da 
Psicologia por meio da PSC. Percebemos 
também que as tentativas de definir o que 
faz um psicólogo comunitário esbarram 
em pontos aparentemente dicotômicos. 
Afinal, ora é tarefa do profissional que 
atua em comunidades trabalhar com 
questões, digamos, mais concretas, objetivas, 
que dizem respeito ao saneamento, à 
alimentação, à infraestrutura, à criação 
de comissões para reivindicar transporte, 
água, luz, esgoto, escola; ora, ele precisa 
trabalhar com a afetividade, a identidade, 
a solidariedade, o bem-estar, a autoestima, 
com os problemas existenciais, ou seja, 
com as questões mais pessoais. Ainda que 
afetividade e bem-estar estejam diretamente 
envolvidos com alimentação e saneamento, 
os relatos presentes nos anais revelam 
uma oposição entre as dimensões coletiva 
e individual e, dessa forma, atribuem ao 
psicólogo comunitário a tarefa de elaborar 
frentes de trabalho que deem conta dessas 
duas dimensões de forma diferenciada.
Objetivos das intervenções
Ao longo da pesquisa, percebemos que a 
maior parte das intervenções começa com 
uma espécie de diagnóstico da comunidade 
ou de levantamento de dados ou das 
necessidades da população, realizados, em 
geral, de forma participativa. Isso se torna 
mais evidente nos anais mais recentes, 
relativos aos encontros nacionais de 2003 
e 2007.
Nos relatos do IV Encontro, há duas descrições 
de intervenções em comunidades. A primeira 
descrição, do grupo do Departamento de 
Psicologia Social da PUC-SP, refere-se ao 
trabalho realizado em um bairro da periferia 
da cidade de Osasco, São Paulo, com duas 
frentes de atendimento: uma clínica e outra 
psicoeducativa. Na perspectiva clínica, “a 
orientação era a de aliviar os sintomas e 
clarear a problemática social subjacente, 
no sentido de agrupar essas pessoas 
nas reivindicações sociais (...)” (Andery, 
1989, p. 131). Na frente psicoeducativa, 
foram realizados trabalhos com grupos 
de adolescentes (atividades de expressão 
corporal, discussão de problemas ligados à 
sexualidade, orientação ocupacional) e clube 
de mães (luta por uma creche no bairro). A 
segunda descrição diz respeito à intervenção 
iniciada com um levantamento de dados 
da população por meio de entrevistas 
informais e de observação participante, com 
o intuito de elaborar uma caracterização 
do território. O trabalho consistia em fazer 
reuniões na casa de um dos moradores com 
o objetivo de criar comissões de moradores 
para reivindicar transporte, água, luz, 
esgoto, escola. Dois grandes objetivos das 
intervenções comunitárias ficam explícitos: 
a conscientização social e a promoção da 
autonomia. 
Os anais do VI Encontro (ABRAPSO, 
1990/1991) contam, apenas, com dois 
trabalhos vinculados ao eixo Psicologia 
comunitária. Um deles descreve uma 
experiência realizada por pesquisadores da 
Universidade Federal do Rio de Janeiro, de 
implantação de um projeto de animação 
cultural comunitária no sul mato-grossense 
que visava ao desenvolvimento cultural 
e que se situava na discussão do impasse 
entre crescimento econômico e preservação 
ecológica e cultural da comunidade alvo 
da intervenção. O outro relato, vinculado 
à Fundação de Ensino Superior de São João 
Del Rei e a uma associação de assistência 
ao menor, consistia em uma pesquisa que 
buscava compreender o menino carente 
por meio da estruturação de sua identidade 
social. 
Em 1995, nos anais do VIII Encontro 
(ABRAPSO, 1995), foram quatro os trabalhos 
Alguns Apontamentos sobre a Trajetória da Psicologia Social Comunitária no Brasil
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CIÊNCIA E PROFISSÃO, 
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relacionados à Psicologia social comunitária. 
Dois deles, vinculados à questão da infância, 
da implantação do Estatuto da Criança e do 
Adolescente (ECA) e dos centros de defesa 
dessa população, objetivavam a melhoria 
de suas condições de vida. Outro trabalho 
teve o objetivo de orientar e conscientizar 
a população sobre aspectos biopsicossociais 
do homem, e consistiu em um trabalho de 
prevenção em saúde mental. Por último, 
há a descrição de uma pesquisa relativa às 
perspectivas de estudantes de Psicologia sobre 
suas possibilidades práticas em comunidades.
Chegando aos anais de 2003 e 2007, 
XII (ABRAPSO, 2003) e XIV Encontros 
(ABRAPSO, 2007), temos um grande número 
de trabalhos, e, por sua vez, uma extensa lista 
dos objetivos que encontramos referentes às 
atuações do psicólogo em comunidades. Em 
geral, o que já foi relatado sobre a atuação 
profissional do psicólogo comunitário nos 
anais anteriores repete-se nesses dois. A 
questão do levantamento de demandas 
e necessidades com a comunidade a fim 
de planejar a intervenção, os objetivos de 
conscientização e de melhoria da qualidade de 
vida, o trabalho com grupos, as intervenções 
junto a lideranças comunitárias ou instituições 
(diversas) que atuam em comunidades, a 
prevenção em saúde mental, a discussão 
sobre questões culturais e ambientais (esta 
última muito mais presente), o vínculo com a 
saúde pública – agora no formato do Programa 
de Saúde da Família – são temas recorrentes. 
Nos dois últimos anais, há a rarefação da 
discussão sobre higiene, e poucos relatos 
abordam a prestação de serviços clínicos 
propriamente ditos, apesar de, muitas vezes, 
podermos identificar que os objetivos das 
intervenções se parecem bastante com os 
objetivos de um atendimento clínico stricto 
sensu. Nesse sentido, indicamos a presença 
dos seguintes objetivos entreos trabalhos: 
oferecer espaços de escuta para anseios, 
dificuldades e desejos, construir espaços de 
compartilhamento de experiências subjetivas, 
dar significado a conflitos internos, resgatar 
a auto-estima (pois a baixa autoestima 
dificulta a postura crítica e transformadora), 
promover o desenvolvimento pessoal e o 
das relações familiares, fortalecer as relações 
interpessoais e o vínculo familiar, interpretar 
comportamentos e expressões corporais, 
promover e resgatar valores e fortalecer a 
identidade e o sentimento de pertencer à 
comunidade.
Houve, nesses anais, uma proliferação 
dos objetivos que constituem a extensa 
lista: desenvolver/promover autonomia, 
independência e protagonismo, promover 
saúde mental e valores como solidariedade, 
ajuda mútua e cooperação, resgatar/promover 
cidadania e participação, conscientizar a 
população, realizar transformação social, 
auxiliar os grupos a repensarem ou a 
construírem sua identidade, fortalecer 
o vínculo grupal, promover autogestão, 
desenvolver ações de promoção da saúde, 
realizar ações de desenvolvimento local e 
de valorização cultural, fortalecer os laços 
sociais, prevenir a violência, formar lideranças 
comunitárias, despertar a visão crítica, 
promover o empoderamento individual e 
coletivo e promover a adoção de estilos de 
vida saudáveis. 
A discussão a respeito da apatia/passividade 
em oposição à participação/atividade parece 
permear a maioria dos trabalhos pesquisados 
nos anais. Os relatos apontam frequentemente 
a não participação das pessoas nas decisões 
em comunidade e, por conseguinte, uma 
característica dessa população consistiria em 
apresentar uma postura passiva diante de sua 
realidade ou apatia diante das questões que 
lhes são colocadas. Logo, um dos objetivos 
dos projetos de intervenção da Psicologia 
tem sido incentivar a participação, fazer 
com que as pessoas se tornem sujeitos ativos 
diante dos problemas que as acometem. 
Há um discurso de que o sucesso da 
intervenção pode ser auferido no momento 
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CIÊNCIA E PROFISSÃO, 
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em que a comunidade alcança uma postura 
ativa na resolução de seus problemas. O 
trabalho do psicólogo comunitário seria 
o de promover o deslocamento de uma 
posição de comodidade e alienação para 
uma outra de atividade e conscientização. O 
ideal, portanto, seria tornar os membros da 
comunidade responsáveis pela transformação 
de sua realidade.
O conceito de comunidade
Esse conceito é essencial para aqueles 
que se propõem estudar as aproximações 
entre a Psicologia e a comunidade. Nesse 
sentido, Bomfim (1989, p. 119) atribui 
às comunidades “carentes, periféricas e 
desprivilegiadas” o papel de disparador do 
trabalho comunitário no Brasil, embora o 
psicólogo comunitário também possa dirigir 
suas intervenções para as “comunidades 
de nível sócio-econômico mais elevado”, 
desenvolvendo trabalhos relacionados a 
questões ecológicas, por exemplo (Bomfim 
& Mata Machado, 1988).
O conceito de comunidade raramente 
figurava na história das ideias psicológicas 
até os anos 70, quando a Psicologia social 
começou a se tornar também comunitária 
(Sawaia, 2007). Até esse momento, a noção 
comunidade constava dos referenciais teóricos 
em Psicologia para designar essa instância 
intermediária entre o indivíduo e a sociedade. 
A consolidação do conceito não se restringiu 
à Psicologia social, mas envolveu grande parte 
das ciências humanas e sociais, especialmente 
das práticas em saúde mental. Afinal, a 
descoberta da noção de comunidade fez parte 
de um amplo movimento de “avaliação crítica 
do papel social das ciências e, por conseguinte, 
do paradigma da neutralidade científica, 
desencadeado nos anos 60 e culminando nas 
décadas de 70 e 80 (...)” (Sawaia, 2007, p. 35).
Góis (1989) entende que o espaço físico-
social é um ponto fundamental nessa 
definição. Para a constituição de uma 
comunidade, é necessário que o grupo viva 
em uma área geográfica comum e que se 
constitua uma trama de relações nas quais 
os membros tenham a mesma tradição e os 
mesmos interesses. A ideia de comunidade 
deve sempre se diferenciar da ideia de 
sociedade devido as suas particularidades, 
pois esta última implica a noção de um 
território delimitado, onde se possa ter 
vizinhança, intimidade, cotidianeidade, 
proximidade e identificação. Entre os fatores 
que caracterizam uma comunidade, estão: 
“sentimento de pertença, participação na 
mesma cultura e vinculação a um território 
comum”, e ainda, “espaço de moradia e de 
convivência direta e duradoura, igual nível 
socioeconômico dos moradores, laço histórico 
comum, mesmas necessidades e problemas 
sociais e um sistema próprio de representações 
sociais” (Góis, 2005, p. 61).
Na tentativa de rastrear discussões a respeito 
do conceito de comunidade nos anais da 
ABRAPSO, é interessante notar que faltam 
debates relativos a esse tema, o que parece 
comum ao próprio campo da PSC brasileira. 
Somente nos anais do IV Encontro encontramos 
alguma discussão sobre esse conceito, 
enquanto, nos outros, raríssimas vezes se via 
algum apontamento a respeito, apesar dos 
termos comunidade e comunitário(a) serem 
amplamente utilizados. A noção comunidade 
ou o adjetivo comunitário que tem designado 
esse campo carece de reflexão mais acurada, 
e não tem sido por esse caminho que a PSC 
se consolidou.
Apesar da raridade de discussões conceituais 
a respeito do termo comunidade, os anais da 
ABRAPSO fornecem dois sentidos para esse 
lugar-objeto da PSC. Um desses sentidos 
descreve a comunidade como um lugar de 
carência, onde o que se encontra é fome, 
violência, “toda espécie de demanda”, “onde 
falta tudo”, lugar de vulnerabilidade social e 
risco, vínculos familiares rompidos ou famílias 
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desestruturadas, comportamentos agressivos, 
alcoolismo, “o lugar onde os indivíduos 
já estão comprometidos mentalmente”, 
dificuldades afetivas e sociais e baixa 
autoestima, entre outros. Essas descrições 
apresentam um caráter eminentemente 
negativo, em que se privilegia dizer o que 
aquele lugar não tem ou o que tem de ruim. 
Há, contudo, outro sentido atribuído a 
comunidade aparentemente contrário ao 
mencionado anteriormente. A comunidade, 
nesse caso, é concebida como lugar onde 
encontramos um forte potencial de luta e de 
solidariedade, onde os valores comunitários 
possuem em si um potencial transformador. A 
valorização ou o resgate dos próprios valores 
já existentes na comunidade seria a forma 
mais direta para incentivar a participação 
e a mudança social (Maciel, 2007; Mello e 
Souza, 2007).
Considerações finais
Este texto pretende contribuir para os 
debates realizados em torno do que temos 
denominado Psicologia social comunitária. 
Isso se realizou a partir da apresentação 
do campo, por meio do mapeamento de 
referenciais teóricos enunciados por seus 
representantes e do destaque de algumas 
questões ainda pouco abordadas pela PSC. 
Foi a partir, principalmente, dos anais da 
ABRAPSO que foi possível chegar a algumas 
problematizações relevantes para esse debate. 
Três eixos principais nos orientaram: a 
discussão em torno da definição do campo e a 
busca por sua especificidade, o levantamento 
dos objetivos das intervenções e o debate 
sobre o conceito de comunidade. 
Ao retomar seus aspectos históricos, 
percebemos como o discurso que busca 
as origens da PSC tende a dicotomizar 
duas vertentes em sua trajetória, quese 
expressam pela divisão entre uma PSC norte 
e outra latino-americana. Tal oposição tem se 
configurado como dispositivo de legitimação 
não apenas da PSC mas também da Psicologia 
social crítica de uma forma geral, em que os 
argumentos histórico-sociais fazem parte de 
seus pressupostos. O deslocamento dos locais 
instituídos de atuação dos psicólogos para a 
comunidade promovido pela PSC representou 
importante papel na produção de uma 
psicologia envolvida com as realidades locais. 
Esse movimento, contudo, tem demandado a 
produção de um arsenal conceitual que ainda 
está em elaboração.
A intenção, por fim, é que, a partir deste 
texto, tenham emergido questões que 
ponham em movimento o campo, levantando 
discussões relevantes para aqueles que 
pesquisam, refletem e colocam em ação a PSC 
cotidianamente.
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Mariana Alves Gonçalves
Mestranda do Programa de Pós-graduação em Psicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de 
Janeiro – RJ – Brasil. 
E-mail: maryzen18@hotmail.com
Francisco Teixeira Portugal
Doutor em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Professor adjunto do Departamento 
de Psicologia Social e do Programa de Pós-graduação em Psicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, 
Rio de Janeiro – RJ – Brasil.
E-mail: fportugal@ufrj.br
Endereço para envio de correspondência:
Rua Marquês de Olinda, 64/103A, Botafogo, Rio de Janeiro – RJ – Brasil. CEP: 22251-040
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Alguns Apontamentos sobre a Trajetória da Psicologia Social Comunitária no Brasil
Mariana Alves Gonçalves & Francisco Teixeira Portugal
PSICOLOGIA: 
CIÊNCIA E PROFISSÃO, 
2012, 32 (num. esp.), 138-153

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