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Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula 00 Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula 00 1 www.especificasconcursos.com.br Olá, prezados colegas! Gostaria de desejar boas vindas e afirmar com toda certeza que a equipe da Específicas Concursos preparou um material diferenciado, de qualidade, focado e com muitos exercícios. Todos sabemos que o caminho para o sucesso é árduo, porém, todo o esforço e dedicação valem muito a pena. Contem comigo para auxiliá-los na trilha do caminho de seu sucesso: Ser ANALISTA JUDICIÁRIO: Assistente Social. Nosso objetivo é garantir que você possa gabaritar sua prova. Para isso, os estudantes matriculados no curso terão acesso ao seguinte conteúdo: 1. Material em PDF. 2. Questões comentadas de várias bancas de concursos. O foco é abarcar as questões anteriores das últimas provas da disciplina de todo o país. 3. Figuras para facilitar a memorização dos principais tópicos da disciplina entre outros. Aula Conteúdo Data 00 A questão social. Disponível 01 Fundamentos históricos, teóricos, metodológicos e éticos do Serviço Social; Serviço Social e Formação Profissional; Serviço Social na contemporaneidade; Análise crítica das influências teórico-metodológicas e as formas de intervenção construídas pela profissão em seus distintos contextos históricos; Disponível Apresentação Aula 00 – Questão Social Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 2 www.especificasconcursos.com.br 02 Ética profissional e as legislações que pautam a profissão (Lei de Regulamentação da Profissão, Código de Ética Profissional do Assistente Social e Resoluções do conjunto CFESS-CRESS); 05/08/2017 03 Instrumentalidade profissional do Assistente Social; 12/08/2017 04 Elementos constitutivos da inserção da profissão no mundo do trabalho e dimensões da competência profissional – ético- política, teórico-metodológica, técnico-operativa e críticoinvestigativa; 17/08/2017 05 A dimensão técnico-operativa do serviço social: concepções sobre instrumentos e técnicas; Entrevista; Visita Domiciliar; Visita Institucional; Trabalho em Rede; Ação Socioeducativa com Indivíduos, Família e Grupos; Abordagens individual e coletiva; Estudo Social; Perícia Social; Relatório Social; Laudo Social; Parecer Social; 15/08/2017 06 Condições e relações de trabalho nos vários espaços sócio ocupacionais e suas atribuições contemporâneas; Serviço Social e interdisciplinaridade;. Análise de Conjuntura; Relação Estado/Sociedade; 02/09/2017 07 Seguridade Social brasileira: Saúde, Previdência e Assistência Social (organização, gestão, financiamento, controle social e legislações específicas e complementos; Serviço Social e Assistência Social: trajetória, história e debate contemporâneo; Serviço Social e Saúde: trajetória, história e debate contemporâneo; Serviço Social e Previdência Social: história e debate contemporâneo; 9/09/2017 08 Concepções e modalidades de famílias, estratégias de atendimento e acompanhamento; Intervenção junto às famílias em suas diversas dimensões: conceitos, historicidade, configurações contemporâneas, violência doméstica; políticas, diretrizes, ações e desafios na área da família, da criança e do adolescente; 16/09/2017 09 Planejamento e gestão social: análise institucional, formulação de propostas, alternativas metodológicas, instrumentos e técnicas de elaboração, monitoramento e avaliação de políticas, planos, programas e projetos sociais; A dimensão investigativa da profissão, processos de planejamento e de intervenção profissional; Formulação de projeto de intervenção profissional: aspectos teóricos e metodológicos; Fundamentos, instrumentos e técnicas de pesquisa social. 23/09/2017 Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 3 www.especificasconcursos.com.br 10 Pobreza; Desigualdade e Exclusão social; Neoliberalismo, transformações no mundo do trabalho e mudanças nas organizações; 29/09/2017 11 Terceiro Setor; Movimentos sociais; Política social: fundamentos e história; 05/10/2017 01. Capitalismo no século XX: aspectos da Questão Social 03 02. Questão Social 10 03. Questão Social e Serviço Social 24 04. O processo de monopolização do capital no Brasil 30 05. A questão social nas mudanças ocorridas a partir do final do século XX 33 06. Questões comentadas 37 07. Questões sem comentários 119 É no contexto da sociedade capitalista que entra em cena a Questão Social'. E o Serviço Social, como resposta às suas manifestações, terá junto à Questão Social uma relação inerente, indissociável. A Questão Social se fez presente no quadro sócio-econômico onde o Serviço Social inseriu-se, bem como as influências que tangenciaram a profissão. Para dar conta desse cenário, necessário se faz reconstituir e compreender, ainda que brevemente o modo de produção capitalista, que traz consigo marcas profundas de antagonismos e contradições. Como bem respalda Martinelli (2005), as origens deste modo de produção podem ser buscadas já no mundo feudal, mas 01. Capitalismo no século XX: aspectos da Questão Social Sumário Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 4 www.especificasconcursos.com.br foi na primeira metade do século XIX, mediante impactos da Revolução Industrial, que foram sentidos os efeitos mais profundos no contexto social. O Capitalismo fez de sua expansão um período de grande dominação e confronto principalmente no que tange à relação capital x trabalho, instaurando-se peculiarmente em forma de sociedade de classes pautada principalmente na compra e venda da força de trabalho. A sociedade de classes trouxe um modo de relação social pautado na posse privada de bens, gerando um mundo de cisão, de quebra, de exploração da maioria pela minoria, onde a luta de classes é senão, a luta pela vida. O Capitalismo mostrou a dura realidade vivida no século XX, mesmo diante da promessa de progresso econômico e financeiro feitas ainda no século XIX. Primeiramente porque seu desenvolvimento se fez às custas da exploração da classe trabalhadora e então a medida em que a riqueza concentrava-se junto a uma minoria dos donos de capital, crescia uma imensa massa de trabalhadores a viverem em miséria generalizada. Além disto, este século foi abalado pela Grande Depressão' que atingiu toda a Europa e seus efeitos pulverizaram-se em todos os países. Esta dinâmica histórica apresentada pelo capitalismo não vem a ser puramente um acúmulo de choques de classes, como salienta Chesnais (2003), que destaca inclusive, que uma análise mais profunda irá demonstrar que o Capitalismo imprime à sociedade um combate histórico, cuja importância é inquestionável pois remete à dialética das relações de produção e ao papel motor da luta de classes. Ou seja, o Capitalismo marcou profundamente a sociedade ao fazer a cisãodas classes, pois alterou as relações sociais. Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 5 www.especificasconcursos.com.br lamamoto e Carvalho (2001) explicam que o processo capitalista é uma construção histórica em que os homens produzem e reproduzem as condições materiais da existência humana e também as relações sociais. Capital e trabalho são extremos diferentes dentro de uma mesma unidade, um expressa-se no outro, e/ou nega-se no outro, numa relação dependente. O capital entende o trabalho enquanto parte inerente a si, pois o trabalhador entrega diariamente ao capitalista o valor de uso de sua força de trabalho, formando um ciclo sem meio e sem fim. Assim, o modo de produção capitalista anunciou uma forma peculiar no que diz respeito às relações sociais dos homens, quando promoveu a divisão das classes, formadas pelos que detinham os meios de produção e por aqueles que nada mais possuíam além da própria força de trabalho, ou seja, "ser capitalista significa ocupar não somente uma posição pessoal, mas também uma posição social na produção. "O capital não é, portanto, um poder pessoal: é um poder social" (MARX; ENGELS, 2005, p. 33). No mesmo sentido, Martinelli (2005) afirma que o elemento central de análise deste modo de produção não é o caráter comercial nem seu empreendedorismo e sim as relações sociais que dele emanam e resultam na separação do capital e do trabalho. As relações entre os homens são relações de classes. Marx (2001), cuja literatura pioneira permitiu interpretar e descrever este modo de produção, traz que a ação interativa entre os homens obviamente gerou progresso econômico, social e cultural, mas trouxe também a alienação, a dominação do homem sobre seu semelhante e as desigualdades sociais que são cruciais em sociedades em processo de industrialização. Marx criticou a ideologia Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 6 www.especificasconcursos.com.br da sociedade capitalista, que sujeita demasiadamente o trabalho ao capital, assim como traz a alienação e a exploração dos trabalhadores. O processo de acumulação do capital dá-se e intensifica-se com a apropriação da mais valia pelos proprietários dos meios de produção e assim, a concentração de bens de produção em mãos de poucos, em detrimento daqueles que só possuíam sua força de trabalho, culminou no agravamento dos problemas sociais da classe trabalhadora. Destaque também à Marx e Engels (2005) que propuseram-se a demonstrar ao operariado como o Capitalismo veio a desvirtuar a vida e as relações sociais da humanidade na sua busca incessante por satisfazer as exigências do capital. Gradativamente, a classe trabalhadora foi percebendo esta exploração e também, foram crescendo os problemas sociais advindos da acumulação capitalista o que levou os trabalhadores a organizarem-se em categorias. O avanço capitalista torna a distribuição de renda cada vez mais desigual, crescendo a distância entre as classes e gerando profundas desigualdades sociais ao mesmo tempo em que a evolução tecnológica gera o progresso e enriquecimento de uma pequena parcela do país. A hegemonia de classes configura um espaço de atuação do Estado que, nas palavras de Oliveira (1996, p. 18), é o tutor do bem comum. Seu papel não é somente o de regulador, ou o árbitro neutro do bem - estar, mas de agente básico na definição e na manutenção da ordem social. Assim sendo, é inevitável que o Estado configure uma relação social permeada de conflitos, já que é o espaço onde os interesses das classes hegemônicas confrontam-se. Assim, o Estado capitalista é "hegemonia e dominação", conforme Faleiros (1982 apud OLIVEIRA, 1996, p. 18). Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 7 www.especificasconcursos.com.br O Estado, através das políticas sociais, buscará instituir meios que compensem as desigualdades geradas pelo Capitalismo, intervindo deste modo na chamada Questão Social. (2015) – FGV - DPE-MT: Assistente Social. Um elemento fundamental a todo projeto é a sua fundamentação teórica. Dessa forma, quando o pressuposto teórico é alimentado por uma visão de mundo dialético-crítica, ele se baseia na compreensão das refrações da “questão social” como intrínseco ao modo de produção capitalista. Gabarito. Alternativa Correta (2014) - CEPERJ: VIVA COMUNIDADE-VIVA RIO: Assistente Social. Sobre o debate da Questão Social, Netto (2001) nos oferece elementos essenciais para compreender a gênese de utilização desta expressão e sua relação com fenômenos objetivos presentes na realidade social. O autor informa que a expressão “Questão Social” começa a ser utilizada na terceira década do século XIX e surge para dar conta do fenômeno do pauperismo, evidente na Europa Ocidental nesse período. Sendo assim, pode-se compreender, a partir do autor citado, que as expressões da “Questão Social”, estão relacionadas aos aspectos mais imediatos da: instauração do capitalismo em seu estágio industrial concorrencial. Gabarito. Certo Assim, a expressão “questão social” surgiu na Europa Ocidental, na terceira metade do século XIX, para designar o fenômeno do pauperismo. Netto (2001) afirma que, pela primeira vez, a pobreza crescia na proporção em que aumentava a capacidade produtiva do capitalismo. Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 8 www.especificasconcursos.com.br Os pobres passavam a protestar e a se constituir como uma real ameaça às instituições sociais existentes. Tome nota! Nesse período, a pobreza passou a se constituir como um problema. Pela primeira vez, a naturalização da miséria foi politicamente contestada (Pereira, 2004) e o processo de urbanização, somado com a industrialização, culminou na combinação dos seguintes determinantes indissociáveis: Podemos, assim, vincular o surgimento da questão social com o surgimento da classe trabalhadora e identificá-la no momento em que a contradição fundamental do capitalismo, como modo de produção social, se desenvolve e se revela, ou seja, quando se evidencia que, no capitalismo, quem produz a riqueza não a possui e ainda, que não há espaço para todos no mercado. Nesses termos, “a sociedade capitalista é nada mais, nada menos que o terreno da reprodução contínua e ampliada da questão social” (Mota, 2000, p. 1). (a) o empobrecimento agudo da classe trabalhadora; (b) a consciência desta classe de sua condição de exploração e (c) a luta desencadeada por esta classe contra os seus opressores a partir dessa consciência. Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 9 www.especificasconcursos.com.br Cabe destacar que a questão social só toma características de “problema” e passa a ser enfrentada pela sociedade burguesa (principalmente através de políticas sociais) porque é publicizada, denunciada pela classe trabalhadora, ou seja, porque retrata uma resistência por parte destaclasse. “Ao mesmo tempo em que a questão social é desigualdade, é também rebeldia, pois envolve sujeitos que vivenciam estas desigualdades e a ela resistem e se opõem” (Iamamoto, 1999, p. 28). Devido a estas características de resistência e rebeldia, Iamamoto afirma ser necessário, também, para apreender a questão social, captar as múltiplas formas de pressão social, de invenção e de re-invenção da vida, construídas no cotidiano. É também com este caráter de desigualdade e resistência que Pastorini (2004) irá tratar a questão social. Para esta autora, é necessário pensar a questão social sem perder de vista a processualidade, ou seja, “analisar a emergência política de uma questão, adentrar nos processos e mecanismos que permitem que essa problemática tome força pública, que se insira na cena política” (Pastorini, 2004, p. 98). Portanto, não se pode perder de vista na análise um outro elemento: os sujeitos envolvidos nesse processo, “aqueles que colocam a questão na cena política”. Não considerar esses sujeitos é tratar a questão social de forma “des-historicizada, des- economizada e des-politizada ” (Pastorini, 2004, p. 99). (2015) – FUNRIO – UFRB: Assistente Social. Conceitualmente, a expressão “questão social”, foi utilizada para designar o processo de politização da desigualdade social inerente à constituição da sociedade burguesa. Sua emergência vincula-se ao surgimento do capitalismo e à pauperização dos trabalhadores. Esta concepção foi considerada como elemento que dá sustentação a profissão, e é sua Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 10 www.especificasconcursos.com.br base histórico- social. Além disso, pode ser considerada a proposta básica para o projeto de formação profissional. Gabarito. Certo A questão social tem sido interpretada como produto da desigualdade social e sinônimo de cidadania, conforme afirma Ianni (1991); desagregação e desfiliação (CASTEL, 1997); nova questão social (ROSANVALLON, 1995). A questão social, para além do mundo do trabalho, também envolve as questões de gênero, etnia e minorias sociais, segundo Wanderley (1997); além de poder ser vista como um conjunto de problemas econômicos, políticos, sociais e culturais próprias da sociedade capitalista (CERQUEIRA FILHO, 1982), concepção esta, retomada por Iamamoto (2003) e Paulo Netto (2004). Nesse sentido, abordaremos algumas pontuações dos principais autores mais cobrados pelas bancas examinadoras. Segundo Netto (2001), há cinco momentos historicamente importantes para compreender a questão social. Dessa maneira, a primeira delas é que a expressão “questão social” surge para dar conta do pauperismo decorrente dos impactos da primeira onda industrializante, a designação José Paulo Netto 02. Questão Social Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 11 www.especificasconcursos.com.br desse pauperismo relacionava-se diretamente aos seus desdobramentos sociopolíticos, pois desde a primeira década até a metade do século XIX seu protesto tomou as mais diversas formas numa perspectiva efetiva de uma eversão da ordem burguesa. A partir da metade desse século, de acordo com a segunda nota do autor, a expressão “questão social” entra para o vocabulário do pensamento conservador, com o caráter de urgência para manutenção e a defesa da ordem burguesa, a questão social perde paulatinamente sua estrutura histórica determinada e é crescentemente naturalizada, tanto pelo pensamento conservador laico como no do confessional, no primeiro as manifestações da questão social eram vistas como características inelimináveis de toda e qualquer ordem social e para amenizá-las e reduzi-las era preciso uma intervenção política limitada, enquanto que para o segundo, a gravitação da questão social só era possível com uma exarcebação da vontade divina. Assim, para ambos, a questão social é objeto de ação moralizadora, o enfrentamento de suas manifestações deve ser função de um programa de reformas que preserve a propriedade privada dos meios de produção. Em contrapartida, com a exploração da revolução de 1848, os ideais da classe trabalhadora passam de classe em si para classe para si, a questão social passa a ser vista como atrelada à sociedade burguesa e a supressão desta conduz a supressão daquela. A terceira nota destaca que foi apenas em 1867 com o livro “O capital”, de Karl Marx, que se produziu uma compreensão teórica acerca do processo de produção do capital, relevando a anatomia da questão social. Para Marx a questão social seria determinada pelo traço próprio e peculiar da relação capital-trabalho, a exploração, fruto da sociabilidade erguida sob o comando do capital. Na quarta nota Netto expõe que no período do Welfare State (1945-1970), período dos trinta anos gloriosos, a questão social e suas manifestações pareciam Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 12 www.especificasconcursos.com.br remeterse ao passado, e apenas os marxistas insistiam em assinalar que as melhorias das condições de vida dos trabalhadores não alteravam a essência exploradora do capitalismo. Já a partir da década de 1970, com o esgotamento da onda longa expansiva, o capitalismo mostrou que não havia nenhum compromisso social, e a intelectualidade acadêmica descobriu uma nova questão social. Por fim, na última nota, Netto defende a tese de que não se trata de uma nova questão social uma vez que a emergência de novas expressões da questão social é decorrente da ordem do capitalismo (2012) - PUC-PR - DPE-PR: Assistente Social. As análises de Netto (1990/1996) compreendem de forma madura a consolidação da vertente de ruptura com o conservadorismo e sua importância para a renovação teórico-cultural da profissão. Segundo o autor, é CORRETO afirmar que: Foram as lutas sociais que transformaram a questão social em uma questão política e pública, transitando do domínio privado das relações entre capital e trabalho para a esfera pública, exigindo a intervenção do Estado no reconhecimento de novos sujeitos sociais. Gabarito. Certo (2014) – CEPERJ - VIVA COMUNIDADE-VIVA RIO: Assistente Social. Sobre o debate da Questão Social, Netto (2001) nos oferece elementos essenciais para compreender a gênese de utilização desta expressão e sua relação com fenômenos objetivos presentes na realidade social. O autor informa que a expressão “Questão Social” começa a ser utilizada na terceira década do século XIX e surge para dar conta do fenômeno do pauperismo, evidente na Europa Ocidental nesse período. Sendo assim, pode-se compreender, a partir do autor citado, que as expressões da “Questão Social”, estão relacionadas aos aspectos mais imediatos da: instauração do capitalismo em seu estágio industrial concorrencial Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 13 www.especificasconcursos.com.br Gabarito. Certo A concepção de questão social está enraizada na contradição capital x trabalho, em outros termos, é uma categoria que tem sua especificidade definida no âmbito do modocapitalista de produção. “Questão social apreendida como o conjunto das expressões das desigualdades da sociedade capitalista madura, que tem uma raiz comum: a produção social é cada vez mais coletiva, o trabalho torna-se mais amplamente social, enquanto a apropriação dos seus frutos mantém-se privada, monopolizada por uma parte da sociedade.” A concepção de questão social mais difundida no Serviço Social é a de CARVALHO e IAMAMOTO, (1983, p.77): “A questão social não é senão as expressões do processo de formação e desenvolvimento da classe operária e de seu ingresso no cenário político da sociedade, exigindo seu reconhecimento como classe por parte do empresariado e do Estado. É a manifestação, no cotidiano da vida social, da contradição entre o proletariado e a burguesia, a qual passa a exigir outros tipos de intervenção mais além da caridade e repressão”. Ou seja, tem-se o que é denominado contradição fundamental entre capital e trabalho, desenvolvendo-se o processo de construção de desigualdades. Marilda Villela Iamamoto Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 14 www.especificasconcursos.com.br Assim, não existem questões sociais, mas sim QUESTÃO SOCIAL, que se manifesta em diversas formas de expressão, mas cuja origem é sempre a mesma. Ainda de acordo com IAMAMOTO (2005, p.28) “(...)o desenvolvimento nesta sociedade redunda, de um lado, em uma enorme possibilidade de o homem ter acesso à natureza, à cultura, à ciência, enfim, desenvolver as forças produtivas do trabalho social; porém, de outro lado e na sua contraface, faz crescer a distância entre a concentração/acumulação de capital e a produção crescente da miséria (...)” Ou seja, questão social expressa-se na desigualdade. Nunca se produziu tanto no mundo (tecnologias, produtos, serviços), mas ao mesmo tempo cada vez mais aumenta a distância entre os que possuem capital para ter acesso ao que é produzido e aqueles que tem esse acesso negado. Nessas definições estão presentes os conceitos bases para o entendimento da questão social, na perspectiva da teoria social crítica, ou seja compreendendo que tal questão é fruto da sociedade do capital e sua contradição fundamental entre capital e trabalho. Assim, a questão social historicamente se desenvolve com o próprio modo de produção capitalista, na medida em que não é possível o desenvolvimento desse sistema sem essa contradição entre quem produz e quem tem os meios de produção. A questão social não é um fenômeno recente, típico do esgotamento dos chamados trinta anos gloriosos da expansão do capitalismo, ao contrário, trata-se de uma “velha questão social” inscrita na própria natureza das relações sociais capitalistas, mas que, na contemporaneidade, se re-produz sob novas mediações históricas e, ao mesmo Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 15 www.especificasconcursos.com.br tempo, assume inéditas expressões espraiadas em todas as dimensões da vida em sociedade. Esse assunto foi cobrado pela banca No marco da teoria social crítica, a questão social é considerada um fenômeno recente, típico do trânsito do padrão de acumulação no esgotamento dos trinta anos gloriosos da expansão capitalista. Comentário: A tese a ser desenvolvida considera ser questão social indissociável do processo de acumulação e dos efeitos que produz sobre o conjunto das classes trabalhadoras, o que se encontra na base da exigência de políticas sociais públicas. Ela é tributária das formas assumidas pelo trabalho e pelo estado na sociedade burguesa e não um fenômeno recente, típico do trânsito do padrão de acumulação no esgotamento dos 30 anos gloriosos da expansão capitalista. Portanto item errado. Ou seja, a questão social está na gênese do sistema capitalista e para resolvê-la seria necessário a mudança no modo de produção. Dessa forma, o Serviço Social trabalha especificamente com as expressões da questão social, que é uma só, mas que se manifesta a partir de diversas formas. Dessa forma, o assistente social precisa compreender que as demandas que lhe são colocadas no cotidiano do trabalho profissional são expressões dessa questão e não apenas problemáticas sociais ou questões individuais. Elas manifestam essa problemática maior e mais profunda que é a QUESTÃO SOCIAL. Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 16 www.especificasconcursos.com.br Para autora, a questão social expressa, portanto, desigualdades econômicas, políticas e culturais das classes sociais, mediatizadas por disparidades nas relações de gênero, características étnico-raciais e formações regionais, colocando em causa amplos segmentos da sociedade civil no acesso aos bens da civilização. Destaca que foram as lutas sociais que romperam o domínio privado nas relações entre capital e trabalho, extrapolando a questão social para esfera pública exigindo a interferência do Estado para o reconhecimento e a legalização de direitos e deveres dos sujeitos sociais envolvidos. A autora assinala que o processo de naturalização da questão social é acompanhada da transformação de suas manifestações em objeto de programas assistenciais focalizados no “combate à pobreza” e que uma dupla armadilha pode envolver a análise da questão social, corre-se o risco, então, de cair na pulverização e fragmentação das questões sociais, atribuindo unilateralmente aos indivíduos a responsabilidade por suas dificuldades ou aprisionar a análise em um discurso genérico, que redunda em uma visão unívoca e indiferenciada da questão social. Por fim, aponta que na perspectiva por ela assumida, a questão social não se identifica com a noção de exclusão social, hoje generalizada, dotada de grande consenso nos meios acadêmicos e políticos. Esse assunto foi cobrado pela banca A antiga questão social assume roupagens novas, de acordo com Iamamoto, as expressões da questão social mais relevantes são: “(...) o retrocesso no emprego, a distribuição regressiva de renda e a ampliação da pobreza, acentuando as desigualdades nos estratos socioeconômicos, de gênero e localização geográfica urbana e rural, além de queda nos níveis educacionais dos jovens.” (Iamamoto, 2007:147) Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 17 www.especificasconcursos.com.br Na atualidade a questão social está sendo naturalizada, individualizada, o indivíduo é colocando como o problema social, essa tendência gera o atendimento das refrações da questão social através de projetos assistenciais focalizados e também imprime junto as classes subalternas a repressão, num processo de criminalização da pobreza. Iamamoto salienta uma dupla armadilha quando a reflexão acerca das refrações da questão social é desvinculada de sua origem: “Corre-se o risco de cair na pulverização e fragmentação das inúmeras “questões sociais, atribuindo unilateralmente aos indivíduos e suas famílias a responsabilidade pelas dificuldades vividas” E ainda, “aprisionar a análise em um discurso genérico, que redunda em uma visão unívoca e indiferenciadada questão social.” (Iamamoto, 2007:164) O acirramento da questão social gera o aumento da demanda e do público alvo do assistente social. Entretanto, as políticas sociais estão cada vez mais focalizadas e seletivas. Assim, este profissional encontra-se em um dilema e no cerne dos conflitos entre duas questões opostas: direito e assistencialismo. (2006) – UEG - TJ-GO: Técnico Judiciário - Assistente Social. Segundo Iamamoto (O Serviço Social na Contemporaneidade, 2003, p. 27), o “Serviço Social tem na questão social a base de sua fundação como especialização do trabalho”. Nesse sentido, é CORRETO afirmar: para o efetivo enfrentamento da questão social é necessário apreendê-la como o conjunto das expressões das desigualdades produzidas pela sociedade capitalista como resultado da contradição entre capital e trabalho. Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 18 www.especificasconcursos.com.br Gabarito. Certo (2013) - TJ-PR - TJ-PR: Serviço Social "O Serviço Social tem na questão social a base de sua fundação enquanto especialização do trabalho. Os assistentes sociais, por meio da prestação de serviços socioassistenciais, realizados nas instituições públicas e organizações privadas, interferem nas relações sociais cotidianas, no atendimento às variadas expressões da questão social" (Iamamoto, 2007). A autora, em seus estudos sobre o tema, alerta os profissionais para os riscos da interpretação superficial da questão social, assim jugue os itens que se seguem. 1. reforço ao discurso de criminalização da questão social, base das práticas autoritárias e repressivas. Gabarito. Certo 2. pulverização e fragmentação das inúmeras "questões sociais", atribuindo unilateralmente aos indivíduos e suas famílias a responsabilização pelas dificuldades vividas. Gabarito. Certo 3. constituição de discurso genérico, prisioneiro das análises estruturais, esvaziadas de suas particularidades históricas. Gabarito. Certo 4. autonomização das múltiplas expressões da questão social. Gabarito. Certo No que diz respeito a temática da exclusão social, Yazbek, privilegia a análise da pobreza e da exclusão social como algumas das resultantes da questão social que permeiam a vida das classes subalternas em nossa sociedade e com as quais os Maria Carmelita Yazbek Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 19 www.especificasconcursos.com.br assistentes sociais se defrontam em sua prática profissional. A autora parte do debate acumulado no âmbito do Serviço Social que situa a questão social como elemento central na relação entre profissão e realidade ao colocá-la como referência para a ação profissional. Dessa maneira, inicia pontuando que pobreza, exclusão e subalternidade configuram-se como indicadores de uma forma de inserção na vida social, de uma condição de classe e de outras condições reiteradoras da desigualdade, expressando as relações vigentes na sociedade. Tome nota! A pobreza seria uma face do descarte de mão de obra barata, que faz parte da expansão capitalista. Assim, segundo a autora, as sequelas da “questão social” expressas na pobreza, na exclusão e na subalternidade de grande parte dos brasileiros tornam-se alvo de ações solidárias e de filantropia revisitada, fazendo parte deste quadro à crônica crise das políticas sociais, seu reordenamento e sua subordinação às políticas de estabilização da economia, com suas restrições aos gastos públicos e sua perspectiva privatizadora. Yazbek (2001) faz referência a Telles quando esta aponta que no momento atual, despolitiza-se o reconhecimento da questão brasileira como expressão de relações de classe e neste sentido, desqualifica-a como questão pública, questão política, questão nacional, numa sociedade privatizada que desloca a pobreza para o “lugar de não política, onde é franqueada como um dado a ser administrado teoricamente ou gerado pelas práticas de filantropia”. Yazbek finaliza assinalando que entende que a reprodução ampliada da questão social é reprodução das contradições sociais, que não há rupturas no cotidiano sem resistência, sem enfrentamentos e que se a intervenção profissional do assistente social circunscreve um terreno de disputa, é ai que está o desafio de sair da lentidão, de construir, reinventar mediações capazes de articular a vida social das classes subalternas com o mundo público dos direitos e cidadania. Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 20 www.especificasconcursos.com.br (2013) - FCC - TRT - 5ª Região (BA): Analista Judiciário - Serviço Social. Para Maria Carmelita Yazbek (2012), a Questão Social pode ser compreendida como resultante da divisão da sociedade em classes e da disputa pela riqueza socialmente gerada, cuja apropriação é extremamente desigual no capitalismo. Supõe, desse modo, a consciência da desigualdade e a resistência à opressão por parte dos que vivem de seu trabalho. Gabarito. Certo (2012) – VUNESP - TJ-SP: Assistente Social. O fato de a presença dos pobres em nossa sociedade ser vista como natural e banal despolitiza o enfrentamento da questão e coloca os que vivem a experiência da pobreza num lugar social. Para Yazbek (2009), o uso da categoria “subalternidade” apresenta maior propriedade no sentido de apreender a situação de privação social, econômica, cultural e política, lugar social dos usuários dos serviços sociais. Nessa perspectiva, a subalternidade ganha dimensões mais amplas, não expressando apenas a exploração, mas também a dominação e a exclusão integrativa, que no mercado capitalista cria reservas de mão de obra e transforma o pauperismo em despesa extra da produção. Gabarito. Certo Em outra linha de pensamento em relação a questão social, Telles (1996) assinala que a questão social não se reduz ao reconhecimento da realidade bruta da pobreza e da miséria. A autora, citando os Vera da Silva Telles Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 21 www.especificasconcursos.com.br termos de Castel, aponta que a questão social é a aporia das sociedades que põe em foco a disjunção, sempre renovada, entre a lógica do mercado e a dinâmica societária, entre a exigência ética dos direitos e os imperativos da eficácia da economia, entre a ordem legal que promete igualdade e a realidade das desigualdades e exclusões tramada na dinâmica das relações de poder e dominação. A aporia nos tempos correntes diria respeito também à disjunção entre as esperanças de um mundo que valha a pena ser vivido, inscritas nas reivindicações por direitos e o bloqueio de perspectivas de futuro para maiorias atingidas por uma modernidade selvagem que desestrutura formas de vida e faz da vulnerabilidade e da precariedade formas de existência, que tendem a se cristalizar como único destino possível. Dessa maneira, para Telles, a questão social é o ângulo pelo qual as sociedades podem ser descritas, lidas, problematizadas em sua história, seus dilemas e suas perspectivas de futuro. Assim, para esta, discutir a questão social significaum modo de se problematizar alguns dos dilemas cruciais do cenário contemporâneo. Ela então ressalta que nos tempos atuais as conquistas sociais alcançadas estão sendo devastadas pela avalanche neoliberal no mundo inteiro, que a destituição dos direitos também significa a erosão das mediações políticas entre o mundo do trabalho e as esferas públicas e que estas, por isso mesmo, se descaracterizam como esferas de explicitação de conflitos e dissensos, de representação e de negociação sendo que é por via dessa destituição e dessa erosão dos direitos e das esferas de representação que se constrói esse consenso de que o mercado é o único e exclusivo princípio estruturador da sociedade e da política, que diante dos seus imperativos, nada há a fazer a não ser administrar tecnicamente suas exigências que a sociedade deve a ele se ajustar e que os indivíduos, agora desvencilhados das Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 22 www.especificasconcursos.com.br proteções tutelares dos direitos, podem finalmente r suas energias e capacidades empreendedoras. Para Castel, a questão social pode ser caracterizada por uma inquietação quanto à capacidade de manter a coesão de uma sociedade. A ameaça de ruptura é apresentada por grupos cuja existência abala a coesão do conjunto. O autor expõe que a gênese desta questão foi suscitada por um lado, pelo distanciamento do crescimento econômico e o aumento da pobreza, e por outro, pela ordem jurídico- política que reconhecia os direitos sociais dos cidadãos e uma ordem econômica que os negava. A grande diferença da questão social na fase do capitalismo industrial seria o surgimento de novos atores e conflitos. Com a crise da década de 1970 e o abalo da sociedade salarial, as principais manifestações dessa nova questão social, reflexo do desemprego em massa e da precarização do trabalho, é o reaparecimento de trabalhadores sem trabalho, os inúteis para o mundo ou supranumerários, pessoas que não tem lugar na sociedade porque não são integradas. Dessa forma, Castel conclui que a profunda metamorfose da questão social é que enquanto anteriormente a necessidade era saber como um ator social subordinado e dependente poderia tornar-se um sujeito social pleno, hoje a questão é amenizar a presença destas populações postas à margem, torná-las discretas a ponto de apagá-las. Robert Castel Pierre Rosanvallon Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 23 www.especificasconcursos.com.br Rosavallon (1998) ressalta que as transformações contemporâneas decorrentes da crise da década de 1970, fez surgir uma nova questão social, visto que em suas análises dos sistemas seguradores, os benefícios do crescimento econômico e das conquistas das lutas sociais modificaram a vida dos trabalhadores e o Estado- providência quase conseguiu vencer a antiga insegurança social e vencer o medo do futuro. Assim, aponta que o crescimento do desemprego e o aparecimento de novas formas de pobreza nos faz remeter a antigas formas de exploração e que o surgimento da uma nova questão social é traduzido pela inadaptação dos métodos antigos de gestão social. Desse modo, a nova questão social se coloca a partir de novos fenômenos de exclusão social decorrentes da crise da década de 1970, crise que segundo Rosavallon apresenta três dimensões: uma financeira, uma vez que os gastos são maiores que o ingresso de recursos; uma ideológica, devido à falta de eficácia do Estado empresário para enfrentar as questões sociais; e uma filosófica, pela desintegração dos princípios que organizam a solidariedade e a concepção tradicional de direitos sociais. Logo, as políticas sociais impõem considerar os indivíduos em sua singularidade, sendo a meta dar a cada um os meios para que modifique a sua vida e, para tanto, é necessário, nesses novos tempos, a proposição de uma nova cultura política Os assistentes sociais defrontam-se, cotidianamente, com as mais variadas expressões da questão social, como a violência, a pobreza, o desemprego, a falta de acesso à saúde, à educação, ao trabalho, à habitação, etc. Esses profissionais intervêm em situações em que os idosos sofrem a violação de direitos previstos constitucionalmente, as crianças e adolescentes estão envolvidos com o 03. Questão Social e Serviço Social Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 24 www.especificasconcursos.com.br narcotráfico, as mulheres são vítimas de violência, enfim, essas são algumas das expressões da questão social evidenciadas nos processos de trabalho, nos quais os assistentes sociais se inserem. A apreensão dessas situações como expressões do conflito entre capital e trabalho demarca a especificidade do Serviço Social no espaço sócio-ocupacional. Por isso, os profissionais de outras áreas que trabalham na instituição nem sempre possuem o mesmo entendimento acerca das demandas institucionais. Os assistentes sociais buscam o conhecimento de como os processos decorrentes da estrutura econômica da sociedade produzem a questão social e como se interpenetram e se manifestam, por exemplo, na vida dos idosos com direitos violados, dos adolescentes infratores, das mulheres vítimas de violência, e em outras situações limites que se apresentam aos assistentes sociais, bem como as manifestações dos sujeitos para enfrentá-las. Em 62 anos, 1937 a 1999, o Serviço Social realizou uma transformação no interior da profissão. Começou creditando aos homens a “culpa” pelas situações que vivenciavam, e acreditando que uma prática doutrinária, fundamentada nos princípios cristãos, era a chave para a “recuperação da sociedade”. Chega, em 1999, assumindo uma postura marxiana, analisando que a forma de produção social é a causa prioritária das desigualdades – os homens, individualmente, não são desiguais, a forma de produção e apropriação do produto social é que produz as desigualdades, modo de produção este que deve ser reproduzido, para manter a dominação de classe. É um salto elogiável para uma profissão que começou querendo moldar os homens de acordo com os princípios cristãos de respeito à autoridade, e, hoje, tem, nos homens, a autoridade máxima a ser respeitada; uma profissão que tinha nos homens o objeto do seu trabalho, e, hoje, entende que os homens são sujeitos da história. Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 25 www.especificasconcursos.com.br O objeto do Serviço Social, no Brasil, tem, historicamente, sido delimitado em virtude das conjunturas políticas e sócio-econômicas do país, sempre tendo-se em vista as perspectivas teóricas e ideológicas orientadoras da intervenção profissional. • Assim, é que, no início do Serviço Social no Brasil, 1937, o objeto definido era o homem, mas um homem específico: o homem morador de favelas, pobre, analfabeto, desempregado, etc. Enfim, entendia-se que esse homem era incapaz, por sua própria natureza, de “ascender” socialmente. Daí que o objeto do Serviço Social era este homem, tendo por objetivo moldá-lo, integrá-lo, aos valores, morale costumes defendidos pela filosofia neotomista. • Posteriormente, o Serviço Social ultrapassa a idéia do homem como objeto profissional. Passa-se à compreensão de que a situação deste homem – analfabeto, pobre, desempregado, etc. – é fruto, não só de uma incapacidade individual mas, também, de um conjunto de situações que merecem a intervenção profissional. O objeto do Serviço Social se coloca, então, como a situação social problema: • “... o Serviço Social atua na base das inter-relações do binômio indivíduo- sociedade. [...] Como prática institucionalizada, o Serviço Social se caracteriza pela atuação junto a indivíduos com desajustamentos familiares e sociais. Tais desajustamentos muitas vezes decorrem de estruturas sociais inadequadas” (Documento de Araxá, 1965, p.11). Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 26 www.especificasconcursos.com.br • Na década de 70, com a mobilização popular contra a ditadura militar, o Serviço Social revê seu objeto, e o define como a transformação social. Apesar do objeto equivocado, afinal a transformação social não se constitui em tarefa de nenhum profissional – é uma função de partidos políticos; o que este objeto, efetivamente, representou foi a busca, pelas assistentes sociais, de um vínculo orgânico com as classes subalternizadas e exploradas pelo capital. E é esta postura política que tem marcado os debates do Serviço Social até os dias atuais. Teoricamente, o Serviço Social passa a orientar-se pela análise marxiana da sociedade burguesa, mas abandonou a transformação social como objeto profissional e, no âmbito da ABESS/CEDEPSS **, o objeto passou a ser definido como a questão social, ou as expressões da questão social: “O assistente social convive cotidianamente com as mais amplas expressões da questão social, matéria prima de seu trabalho. Confronta-se com as manifestações mais dramáticas dos processos da questão social no nível dos indivíduos sociais, seja em sua vida individual ou coletiva” (ABESS/CEDEPSS, 1996, p. 154-5). Já se sabe que, em resposta às lutas operárias contra o desemprego e a exploração social (acentuadas pelo capitalismo monopolista), a classe dominante criou mecanismos de controle social; dentre outras estratégias, buscou se utilizar do Serviço Social para este fim. Donde a necessidade de a profissão reafirmar, cada vez mais, seu projeto ético-político afinado com a garantia de direitos universais, com base na proteção social da população vulnerabilizada. Tome nota! Na sociedade monopolista “[...] se gestam as condições histórico- sociais para que, na divisão social (e técnica) do trabalho, constitua-se um espaço em que se possam mover práticas Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 27 www.especificasconcursos.com.br profissionais como as do assistente social” (NETTO, 2005, p. 73).7 Conclui o autor, reafirmando que, “[...] enquanto profissão, o Serviço Social é indissociável da ordem monopólica – ela cria e funda a profissionalidade do Serviço Social” (NETTO, 2005, p. 74). No que se refere à questão social, Marilda Villela Iamamoto (2007, p. 156) tece algumas considerações. A questão social “[...] condensa o conjunto das desigualdades e lutas sociais, produzidas e reproduzidas no movimento contraditório das relações sociais [...]”. Como diz Netto, “nas palavras de um profissional do Serviço Social”: [...] A questão social não é senão as expressões do processo de formação e desenvolvimento da classe operária e de seu ingresso no cenário político da sociedade, exigindo seu reconhecimento como classe por parte do empresariado e do Estado. É a manifestação, no cotidiano da vida social, da contradição entre o proletariado e a burguesia [...]. (Iamamoto, in: Iamamoto e Carvalho, 1983:77 apud NETTO, 2006, p. 17, nota de rodapé no 1). A questão social que Iamamoto (2006, p. 62) define como “a matéria-prima ou o objeto do trabalho” manifesta-se no conflito entre capital e trabalho. Para a autora, a questão social “[...] provoca a necessidade da ação profissional junto à criança e ao adolescente, ao idoso, a situações de violência contra a mulher, a luta pela terra etc.” Assim, Iamamoto situa o trabalho do assistente social nas “múltiplas expressões” da questão social. Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 28 www.especificasconcursos.com.br Pelos motivos apontados, não dá para discutir a questão social e o Serviço Social fora do capitalismo monopolista, visto que ela é fruto da relação entre o capital e o trabalho. “Portanto, a questão social é uma categoria que expressa a contradição fundamental do modo capitalista de produção” (MACHADO). IAMAMOTO, (1997, p. 14), define o objeto do Serviço Social nos seguintes termos: “Os assistentes sociais trabalham com a questão social nas suas mais variadas expressões quotidianas, tais como os indivíduos as experimentam no trabalho, na família, na área habitacional, na saúde, na assistência social pública, etc. Questão social que sendo desigualdade é também rebeldia, por envolver sujeitos que vivenciam as desigualdades e a ela resistem, se opõem. É nesta tensão entre produção da desigualdade e produção da rebeldia e da resistência, que trabalham os assistentes sociais, situados nesse terreno movido por interesses sociais distintos, aos quais não é possível abstrair ou deles fugir porque tecem a vida em sociedade. [...] ... a questão social, cujas múltiplas expressões são o objeto do trabalho cotidiano do assistente social”. Segundo FALEIROS, (1997, P. 37): “... a expressão questão social é tomada de forma muito genérica, embora seja usada para definir uma particularidade profissional. Se for entendida como sendo as contradições do processo de acumulação capitalista, seria, por sua vez, contraditório colocá-la como objeto particular de uma profissão determinada, já que se refere a relações impossíveis de serem tratadas profissionalmente, através de estratégias institucionais/relacionais próprias do próprio desenvolvimento das práticas do Serviço Social. Se forem as manifestações dessas contradições o objeto profissional, é preciso também qualificá-las para não colocar em pauta toda a Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 29 www.especificasconcursos.com.br heterogeneidade de situações que, segundo Netto, caracteriza, justamente, o Serviço Social”. Portanto, definir como objeto profissional a questão social, não estabelece a especificidade profissional. Podemos entender, na sugestão de FALEIROS, que qualificar a questão social significa apreender o que compete ao Serviço Social no âmbito da questão social. Se falarmos, por exemplo, nas expressões sociais da questão social, estaremos, minimamente, definindo um espaço de atuação profissional. Tome nota! Há que se ressaltar que, para FALEIROS, entretanto, o objeto do Serviço Social se define pelo empowerment. A questão do objeto profissional deve ser inserida num quadro teórico-prático, não pode ser entendida de forma isolada. Penso que no contextodo paradigma da correlação de forças o objeto profissional do serviço social se define como empoderamento, fortalecimento, empowerment do sujeito , individual ou coletivo, na sua relação de cidadania (civil, política, social ,incluindo políticas sociais), de identificação ( contra as opressões e discriminações), e de autonomia ( sobrevivência, vida social, condições de trabalho e vida. É possível concluir que a questão social não pode ser vista em si mesma e, muito menos, como uma exclusividade do Serviço Social. Mesmo sendo o objeto do Serviço Social, o fato de ter surgido da relação capital e trabalho, a questão social abriu um campo de trabalho para outros profissionais. Nesse sentido, Machado (2007) chama a atenção para os diferentes profissionais que incorporaram a questão social ao seu campo de trabalho: [...] o médico que atende problemas de saúde causados por fome, insegurança, acidentes de trabalho Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 30 www.especificasconcursos.com.br etc.; o engenheiro que projeta habitações a baixo custo; o advogado que atende as pessoas sem recursos para defender seus direitos, enfim os mais diferentes profissionais que, também, atuam nas expressões da questão social. (MACHADO, www.ssrevista.uel, acessado em 21 de junho, 2015). O monopolismo, segundo Alves (2001, p. 189), teve início quando as grandes empresas começaram a abarcar as pequenas e as médias no último terço do século XIX. “Tornando-se cada vez mais gigantescas, aquelas, que se sustentaram no mercado, deram margem à formação de empresas monopolistas”. Na organização monopolista, em vez de trabalho, o monopólio faz aumentar a taxa de afluência de trabalhadores ao exército industrial de reserva. Nessas condições, Alves (2001, p. 190) afirma que o capitalismo deixou de reproduzir somente a riqueza social, reproduzindo o parasitismo. O Estado, então, ficou com o controle do parasitismo. Segundo Netto (2006, p. 25), o Estado assumiu várias funções no monopolismo. Pois o “[...] eixo da intervenção estatal na idade do monopólio é direcionado para garantir os superlucros dos monopólios [...]” (NETTO, 2007, p. 25). Segundo, Bandeira (1975, pp. 9–10), na década de 1950 havia “alta concentração monopolística” na economia brasileira. O governo de Juscelino Kubitschek de Oliveira faz concessões ao capital internacional; por exemplo, ao aprimorar a Instrução da Superintendência da Moeda e do Crédito (SUMOC), mecanismo que privilegia o capital norte americano. 04. O processo de monopolização do capital no Brasil Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 31 www.especificasconcursos.com.br As indústrias brasileiras perdem espaço de tal maneira que os investimentos das grandes empresas monopolistas “[...] absorvem posições de liderança antes ocupadas por indústrias e empresários nativos” (IAMAMOTO, 2004, p. 77, nota de rodapé no 3). O empresariado nacional, que atuava de forma competitiva, teve que ceder ao capital internacional. Nesse contexto, uma parte da burguesia, aliada aos Estados Unidos, era a favor do capital internacional e a outra, defendia o nacionalismo, provocando uma crise5 na burguesia, na passagem da concorrência para o monopólio. Conforme Iamamoto (2004, pp. 77–78), a crise se deu por pressões de ordem externa e interna. Uma delas foi exercida pelas empresas de capital monopolista mundial com interesse no Brasil. A outra pressão foi feita pela burguesia local (que resistia a mudanças) e pelos trabalhadores. Se a pressão interna não chegou a representar uma ameaça à burguesia, no mínimo causava um desgaste à sua imagem. Ao final, a parte da burguesia nacional que era atrelada aos norte-americanos resolveu a crise com o golpe de 1o de abril de 1964. Para Bandeira (1975, pp. 16– 17), em apoio à concentração do capital, o regime militar proibiu o sindicalismo, “suprimiu os focos de resistência” e agravou a exploração do trabalhador. Como bem diz Iamamoto (2004, p. 77), os governos militares deram amplo apoio às empresas internacionais. O capital monopolista contou com “[...] o respaldo de uma política econômica capaz de articular a ação governamental com os interesses dos grandes empresários”. Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 32 www.especificasconcursos.com.br O Estado foi “[...] posto a serviço da iniciativa privada, favorecendo a adequação do espaço econômico e político aos requisitos do capitalismo monopolista” (IAMAMOTO, 2004, p. 79). Os programas assistenciais foram intensificados. Eles “[...] são mobilizados pelo Estado como contraponto ao peso político do proletariado e dos demais trabalhadores e à sua capacidade de pressão [...]” (IAMAMOTO, 2004, p. 83). Era necessário “[...] neutralizar manifestações de oposição, recrutar um apoio pelo menos passivo ao regime, despolitizar organizações trabalhistas, na tentativa de privilegiar o trabalho assistencial em lugar da luta político-reivindicatória” (IAMAMOTO, 2004, p. 83). Para isso, eram “[...] centralizados e regulados pelo Estado e subordinados às diretrizes políticas de garantia da estabilidade social e de reforço à expansão monopolista” (IAMAMOTO, 2004, p. 83). Na ditadura, então, a assistência social foi especialmente utilizada “[...] como meio de regular o conflito social em nome da ordem pública e da segurança nacional” (IAMAMOTO, 2004, p. 83). Os autores mostram que o Estado brasileiro se ajustou aos interesses do capital internacional, garantindo a estabilidade social e a expansão do capital financeiro. Proibiram-se as lutas políticas e reivindicatórias, fazendo calar a voz daqueles que estavam no exercício da luta política. (2015) - FGV: DPE-MT: Assistente Social Uma das estratégias do Estado burguês para o enfrentamento da “questão social” reside na implantação das políticas sociais. Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 33 www.especificasconcursos.com.br No Brasil, esta estratégia começa a ser efetivada com a emergência do capitalismo monopolista. Gabarito. Certo (2012) – FCC - TRF - 2ª REGIÃO: Analista Judiciário - Serviço Social A questão social foi posta como alvo da intervenção do Estado e das políticas sociais de forma sistemática e contínua no capitalismo monopolista, para preservação e controle da força de trabalho. Gabarito. Certo Marilda Villela Iamamoto (2007, p. 114) discute a fragmentação da questão social. Nas suas palavras, as “múltiplas expressões” da questão social “[...] aparecem sob a forma de ‘fragmentos’ e ‘diferenciações’ independentes entre si, traduzidas em autônomas ‘questões sociais’”. Se a questão social é percebida como “questões sociais”, ela deixa de ser compreendida como fruto do conflito capital e trabalho. Nessa interpretação, a questão social, “[...] se esconde por detrás de suas múltiplas expressões específicas [...]” (IAMAMOTO, 2007, p. 114). A questão social que emergiu lá no final do século XIX vem acompanhando as mudanças sociais, dentreelas, serão destacadas duas. 05. A questão social nas mudanças ocorridas a partir do final do século XX Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 34 www.especificasconcursos.com.br A primeira é a “mundialização da economia” que ocorre num contexto de globalização.10 Para a autora, a mundialização “[...] da ‘sociedade global’ é acionada pelos grandes grupos industriais transnacionais articulados ao mundo das finanças” (IAMAMOTO, 2007, pp. 106–107). A outra mudança é o tratamento unificado dado aos processos sociais. Nesse caso, a mundialização financeira “[...] unifica, dentro de um mesmo movimento, processos que vêm sendo tratados pelos intelectuais como se fossem isolados ou autônomos [...]” (IAMAMOTO, 2007, p. 114). A questão social se reduz “[...] aos chamados processos de exclusão e integração social, geralmente circunscritos a dilemas da eficácia da gestão social, à ideologia neoliberal e às concepções pós-modernas atinentes à esfera da cultura” (IAMAMOTO, 2007, p. 114). De fato, a questão social tratada na perspectiva da exclusão e da inclusão camufla os conflitos sociais; o mesmo ocorre com a sua fragmentação. Por outro lado, o mercado financeiro, segundo afirma Iamamoto, instituiu mecanismos que acentuam a taxa de exploração, o “enxugamento da mão de obra”, a “ampliação das relações de trabalho não formalizadas ou clandestinas”, dentre outras. Quadro Sinóptico Yazbek Q u e st ão s o ci al Resultante da divisão da sociedade em classes e da disputa pela riqueza socialmente gerada, cuja apropriação é extremamente desigual no capitalismo. Supõe, desse modo, a consciência da desigualdade e a resistência à opressão por parte dos que vivem de seu trabalho. Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 35 www.especificasconcursos.com.br O ri ge m A expressão “questão social” surge, na Europa Ocidental na terceira década do século XIX (1830) para dar conta do fenômeno do pauperismo que caracteriza a emergente classe trabalhadora. Robert Castel (2000) assinala alguns autores como E. Burete e A.Villeneuve-Bargemont que a utilizam. Do ponto de vista histórico a questão social vincula- se estreitamente à exploração do trabalho. Sua gênese pode ser situada na segunda metade do século XIX quando os trabalhadores reagem à essa exploração. Iamamoto Q u e st ão s o ci al O conjunto das expressões das desigualdades da sociedade capitalista madura, que têm uma raiz comum: a produção social é cada vez mais coletiva, o trabalho torna-se mais amplamente social, enquanto a apropriação dos seus frutos se mantém privada, monopolizada por uma parte da sociedade. É a manifestação, no cotidiano da vida social, da contradição entre o proletariado e a burguesia O ri ge m Sua gênese é condicionada à contradição inerente a produção do capital, onde a produção é coletiva em contraposição a apropriação privada da riqueza por ela produzida. Ivone Maria Ferreira da Silva Q u e st ão s o ci al Circunscreve-se num campo de disputas, pois diz respeito à desigualdade econômica, política e social entre as classes sociais na sociedade capitalista, envolvendo a luta pelo usufruto de bens e serviços socialmente construídos como direitos, no âmbito da cidadania. Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 36 www.especificasconcursos.com.br O ri ge m A questão social não surge do nada, não é a-histórica, surge da naturalidade política e econômica em fazer riqueza explorando a pobreza na modernidade capitalista Cerqueira Filho Q u e st ão s o ci al Conjunto de problemas políticos, sociais e econômicos que o surgimento da classe operária impôs ao mundo no curso da constituição da sociedade capitalista. Assim, a “questão social” está fundamentalmente vinculada ao conflito entre o capital e o trabalho O ri ge m Tem sua origem no curso da constituição e desenvolvimento da sociedade capitalista Netto Q u e st ão s o ci al A questão social está diretamente ligada aos desdobramentos sociopolíticos, entretanto na metade do século XIX, com manifestos contra a ordem burguesa, o pauperismo foi nomeado como questão social. Portanto, a questão social está vinculada ao conflito entre o capital e trabalho. O ri ge m A expressão da questão social começou a ser utilizada na terceira década do século XIX e foi divulgado até a metade deste século, por críticos da sociedade e filantropos que faziam parte do espaço político. A expressão surge para dar conta do fenômeno que a Europa Ocidental experimentava, com a industrialização, iniciada na Inglaterra, nas últimas quatro partes do século XVIII. Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 37 www.especificasconcursos.com.br 01. (2013) – FCC - TRT - 5ª Região (BA): Analista Judiciário - Serviço Social Para Maria Carmelita Yazbek (2012), a Questão Social pode ser compreendida como a) resultante da divisão da sociedade em classes e da disputa pela riqueza socialmente gerada, cuja apropriação é extremamente desigual no capitalismo. Supõe, desse modo, a consciência da desigualdade e a resistência à opressão por parte dos que vivem de seu trabalho. b) consequência do modelo de proteção social e do modo como a sociedade, especialmente as classes populares, se relacionam com as oportunidades que o atual sistema capitalista lhes oferece. c) decorrente da burocracia do Estado centralizador, próprio dos modelos econômicos de inspiração socialista. d) resultante do escravismo que antecede a sociedade de classes capitalista e que gerou um pauperismo sem proteção social do Estado, portanto, não tem relação imediata com o modo capitalista de produção e tão pouco com a sociedade de classe. e) um fenômeno coletivo e plural que advém da lógica mercantilista de instalação das economias na Europa central instaurada a partir do século XV, do que decorreu a dependência econômica dos países colonizados. Comentários. Maria Carmelita Yazbek, nos diz que a questão social resulta da divisão da sociedade em classes e da disputa pela riqueza socialmente gerada, cuja apropriação é extremamente desigual no capitalismo. Supõe, desse modo, a consciência da desigualdade e a resistência à opressão por parte dos que vivem de seu trabalho. Nos anos recentes, a questão social assume novas configurações e expressões, e “as necessidades sociais das maiorias, as lutas dos trabalhadores Questões comentadas da banca CESPE Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 38 www.especificasconcursos.com.br organizados pelo reconhecimento de seus direitos e suas refrações nas políticas públicas, arenas privilegiadas do exercício da profissão” sofrem a influência do neoliberalismo,em favor da economia política do capital .” (Iamamoto, 2008, p.107). Gabarito. Alternativa A 02. (2012) – FCC - TJ-RJ: Analista Judiciário - Assistência Social Uma estrutura social de extrema desigualdade e injustiça, nos países latino- americanos, resultam dos modos de produção e reprodução social por meio de relações sociais assimétricas e concentração de poder e riqueza. Este conceito pode ser entendido como a) exclusão social b) pobreza. c) política social. d) questão social. e) desagregação social. Comentários. Segundo Iamamoto (1999, p. 27), a Questão Social pode ser definida como: O conjunto das expressões das desigualdades da sociedade capitalista madura, que têm uma raiz comum: a produção social é cada vez mais coletiva, o trabalho torna-se mais amplamente social, enquanto a apropriação dos seus frutos se mantém privada, monopolizada por uma parte da sociedade. Gabarito. Letra D 03. (2010) – FCC - TJ-PI: Analista Judiciário - Assistência Social A questão social é entendida como Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 39 www.especificasconcursos.com.br a) a expressão das relações sociais e circunscreve-se no campo das disputas, pois diz respeito à desigualdade econômica, política e social entre as classes sociais na sociedade capitalista. b) a situação de pobreza dos cidadãos, cuja renda per capita está abaixo de meio salário mínimo. c) a expressão de um processo histórico, mas não está inscrita necessariamente dentro do contexto capitalista. d) o conjunto de condicionantes da pobreza que estabelece relação com o modo como os cidadãos individualmente aproveitam as oportunidades para o desenvolvimento social. e) o modo de inserção dos sujeitos no mundo do trabalho, desde as sociedades feudais e também pela proteção advinda do Estado. Comentários. Silva (2004) refere-se à questão social como um produto de luta política, entendendo-a como expressão das relações sociais (capital e trabalho). Nesse sentido, a autora considera que a questão social: circunscreve-se num campo de disputas, pois diz respeito à desigualdade econômica, política e social entre as classes sociais na sociedade capitalista, envolvendo a luta pelo usufruto de bens e serviços socialmente construídos como direitos, no âmbito da cidadania. Gabarito. Alternativa A. 04- IBFC: SEPLAG-MG: Serviço Social Segundo lamamato, 2010, na atual conjuntura de precarização e subalternização do trabalho à ordem do mercado e de mudanças nas bases da ação social do Estado, a questão social, matéria prima da intervenção profissional do assistente social, assumem nova configurações e expressões entre as quais destaca as situações de: I. insegurança e vulnerabilidade do capitalismo; Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 40 www.especificasconcursos.com.br II. desregulamentação do mercado de trabalho; III. desqualificação e exclusão social de segmentos populacional; IV. precarização das condições de vida: saúde, trabalho, infância e moradia; Estão corretos os itens. a) Os itens I e II, apenas b) Os itens II e III, apenas. c) Os itens III e IV, apenas. d) Nenhum item está correto Comentários. Segundo, Maria Carmelita Yazbek, na atual conjuntura de precarização e subalternização do trabalho à ordem do mercado e de mudanças nas bases da ação social do Estado, as manifestações "questão social", matéria- prima da intervenção profissional dos assistentes sociais, assumem novas configurações e expressões, entre as quais destacamos a insegurança e vulnerabilidade do trabalho e a penalização dos trabalhadores, o desemprego, o achatamento salarial, o aumento da exploração do trabalho feminino, a desregulamentação geral dos mercados e outras tantas questões com as quais os assistentes sociais convivem cotidianamente: são questões de saúde pública, de violência, da droga, do trabalho da criança e do adolescente, da moradia na rua ou da casa precária e insalubre, da alimentação insuficiente, da ignorância, da fadiga, do envelhecimento sem recursos, etc. Situações que representam para as pessoas que as vivem, experiências de desqualificação e de exclusão social, e que expressam também o quanto a sociedade pode "tolerar" e banalizar a pobreza sem fazer nada para minimizá-la ou erradicá-la. Gabarito: C 05. (2013) - CESPE: DEPEN: Serviço Social Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 41 www.especificasconcursos.com.br No que se refere às expressões da questão social na atualidade, seu enfrentamento e a intervenção crítica do serviço social, julgue os itens que se seguem. Com a acentuada expressão da questão social, dada a submissão das dimensões da vida social ao valor de troca, há o fortalecimento do discurso em torno da defesa dos direitos, pois quanto mais se destroem as condições de vida, maior é o apelo à valorização dos direitos. Comentários. As lutas da classe proletária foi o que introduziu o tema "questão social" no contexto de intervenção da agenda pública, bem como ela é expressão intrínseca do modo de produção capitalista e das contradições a ela inerentes. Se observamos as políticas sociais são frutos da luta da classe trabalhadora diante da sua realidade de desigualdade e precarização. Gabarito. Certo 06. (2012) - CESPE: TJ-AL: Analista Judiciário - Serviço Social Com relação à questão social, assinale a opção correta. a) A lógica financeira do regime de acumulação, a qual tende a provocar crises e, consequentemente, recessão, consiste em uma das mediações históricas à produção da questão social na cena contemporânea. b) De acordo com a perspectiva sociológica crítica, a questão social consiste em uma ameaça à ordem e à coesão, caracterizando-se como uma nova questão social. c) A questão social é um fenômeno recente, típico do esgotamento dos denominados trinta anos gloriosos da expansão capitalista. d) A garantia dos direitos sociais à população pauperizada brasileira é assegurada pelas constantes mudanças nas relações entre Estado e sociedade civil, traduzidas na ampliação dos programas sociais em face da questão social. e) Os conceitos de questão social e exclusão social são sinônimos, atribuindo, ambos, uma característica negativa — a falta de — ao termo social. Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 42 www.especificasconcursos.com.br Comentários. Como mediações históricas à produção da questão social na cena contemporânea, podemos citar: 1. A lógica financeira do regime de acumulação tende a provocar crises que se projetam no mundo, gerando recessão. É resultante dessa lógica a volatividade do crescimento que redunda em maior concentração de renda, da propriedade e aumento da pobreza, "não apenas nas periferias dos centros mundiais, mas atingindo os recônditos mais sagrados do capitalismo mundial, expressando um "apartheid social" 2. Na esfera da produção, o padrão fordista-taylorista tende a ceder a liderança à "especialização flexível" ou "acumulação flexível" (Harvey, 1993). A "flexibilidade"sintetiza a orientação desse momento econômico, afetando os processos de trabalho, as formas de gestão da força de trabalho, o mercado e os direitos trabalhistas, as lutas sociais e sindicais, os padrões de consumo, etc. 3. Complementam esse quadro, radicais mudanças nas relações Estado/sociedade civil, orientadas pela terapêutica neoliberal, traduzidas nas políticas de ajuste recomendadas pelos organismos internacionais. Por meio de vigorosa intervenção estatal a serviço dos interesses privados articulados no bloco do poder, contraditoriamente, conclama-se, sob inspiração liberal, a necessidade de reduzir a ação do Estado ante a questão social mediante a restrição de gastos sociais, em decorrência da crise fiscal do Estado. 4. Tais processos atingem não só a economia e a política, mas afetam as formas de sociabilidade. Vive-se a "sociedade de mercado" (Lechner, 1999) e os critérios de racionalidade do mercado - este tido como o eixo regulador da vida social -, invadem diferentes esferas da vida social. Uma lógica pragmática e produtivista erige a competitividade, a rentabilidade, a eficácia e eficiência em critérios para referenciar as análises sobre a vida em sociedade. Forja-se assim uma mentalidade Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 43 www.especificasconcursos.com.br utilitária que reforça o individualismo, segundo a qual cada um é chamado a "se virar" no mercado Gabarito. Alternativa a 07. (2012) - CESPE: MPE-PI: Analista Ministerial - Serviço Social A relação entre questão social e direitos exige o reconhecimento do indivíduo social, com sua capacidade de resistência e conformismo frente às situações de opressão e de exploração vivenciadas. Comentários. Estabelecer as relações entre questão social e direitos implica no reconhecimento do indivíduo social com sua capacidade de resistência e conformismo frente às situações de opressão e de exploração vivenciadas; com suas buscas e iniciativas (individuais e/ou coletivas) para enfrentar adversidades; com seus sonhos e frustrações diante das expectativas de empreender dias melhores. Fonte: http://ucbweb2.castelobranco.br/webcaf/arquivos/12894/11251/3.4_Questao_s ocial_e_direitos.pdf Gabarito. Certo 08. (2012) – CESPE - MPE-PI: Analista Ministerial - Serviço Social Os direitos com os quais as políticas públicas se identificam são os individuais, que se guiam pelo princípio da liberdade. Comentários. Os direitos com os quais as políticas públicas se identificam e visam concretizá-los são os direitos sociais, que são mais comprometidos com o princípio da igualdade. Gabarito. Errado Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 44 www.especificasconcursos.com.br 09. (2012) - CESPE: MPE-PI: Analista Ministerial - Serviço Social No marco da teoria social crítica, a questão social é considerada um fenômeno recente, típico do trânsito do padrão de acumulação no esgotamento dos trinta anos gloriosos da expansão capitalista. Comentários. A tese a ser desenvolvida considera ser questão social indissociável do processo de acumulação e dos efeitos que produz sobre o conjunto das classes trabalhadoras, o que se encontra na base da exigência de políticas sociais públicas. Ela é tributária das formas assumidas pelo trabalho e pelo estado na sociedade burguesa e não um fenômeno recente, típico do trânsito do padrão de acumulação no esgotamento dos 30 anos gloriosos da expansão capitalista. Gabarito. Errado 10. (2010) - CESPE: INCA: Tecnologista Júnior - Assistência Social - Serviço Social Quanto ao debate sobre o serviço social e a questão social, julgue os itens a seguir. A emergência de discussões teoricamente fundadas data da década de 70 do século passado, sob a forma da denominada intenção de superação. Comentários. A banca trocou “intenção de ruptura” por “intenção de superação Gabarito. Errado 11. (2010) - CESPE: INCA: Tecnologista Júnior - Assistência Social - Serviço Social O agravamento da questão social, em face das particularidades do processo de reestruturação produtiva no Brasil determina uma inflexão no campo profissional provocada por novas demandas impostas pelo reordenamento do capital e do trabalho. Comentários: O agravamento da questão social em face das particularidades do processo de reestruturação produtiva no Brasil, nos marcos da ideologia neoliberal, determina uma inflexão no campo profissional do Serviço Social. Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 45 www.especificasconcursos.com.br Esta inflexão é resultante de novas requisições postas pelo reordenamento do capital e do trabalho, pela reforma do Estado e pelo movimento de organização das classes trabalhadoras, com amplas repercussões no mercado profissional de trabalho" (ABESS, 1997, p. 60-61). Gabarito. Certo 12. (2010) - CESPE: MS: Assistente Social A pulverização da questão social resulta na atomização de suas múltiplas expressões, as várias questões sociais, em detrimento da perspectiva de unidade. Comentários. Segundo Iamamoto (2001), a pulverização da questão social, típica da ótica liberal, resulta numa autonomização e suas múltiplas expressões – as várias “questões sociais” – em detrimento da perspectiva de unidade. Impede assim de resgatar a origem da questão social imanente à organização social capitalista, o que não elide a necessidade de apreender as múltiplas expressões e formas concretas que assume (p.18). Iamamoto, M. (2001) A questão social no Capitalismo. In: Revista Temporalis n° 03. Brasília: ABEPSS, 2001. Gabarito. Certo. 13. (2008) - CESPE: TJ-DF: Analista Judiciário - Serviço Social De forma a dar respostas às demandas da questão social brasileira, a Constituição Federal vigente amplia e conquista novos direitos sociais, diferentemente das Constituições anteriores, em que estes eram instituídos apenas como aspecto derivado e secundário do regime econômico. Comentários. Nas CF anteriores a de 1888, a saúde e previdência social só eram garantidas aos trabalhadores que contribuíam para o INPS e INAMPS e assistência social era principalmente ofertada aos pobres sob responsabilidade da igreja. Após Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 46 www.especificasconcursos.com.br a CF de 1988 foi que a Saúde, Previdência e assistência social foram integradas no âmbito da seguridade social, sendo a saúde universal, a previdência de caráter contributivo e a assistência sem contribuição ofertada a quem dela necessitar. Gabarito. Certo. 14 . (2009) - CESPE - Ministério da Saúde: Assistente Social Alguns equívocos podem ocorrer na análise da questão social quando suas várias e diferenciadas expressões são desvinculadas de sua gênese comum. Tendo como referência esse assunto, julgue os itens a seguir. Um dos equívocos que pode haver na análise das questões sociais é a perda da dimensão coletiva da questão social, atribuindo unilateralmente a responsabilidade aos indivíduos e(ou) às suas famílias pelas dificuldades vivenciadas.Comentários. Segundo Iamamoto, a questão social é indissociável da sociedade capitalista e, particularmente, das configurações assumidas pelo trabalho e pelo Estado na expansão monopolista. A gênese da questão social na sociedade burguesa deriva do caráter coletivo da produção contraposto à apropriação privada da própria atividade humana, o trabalho, das condições necessárias à sua realização, assim com a de seus derivados. A questão social une o conjunto das desigualdades e lutas sociais, produzidas e reproduzidas no movimento contraditório das relações sociais, alcançando plenitude de suas expressões e matrizes em tempo de fetiche do capital. Então, o processo de acumulação produz uma população relativamente supérflua e subsidiária às necessidades médias de seu aproveitamento pelo capital. Sendo esta que é específica da ordem burguesa e das relações sociais que a sustentam, é compreendida como expressão ampliada da exploração do trabalho e das desigualdades oriunda do modo de produção capitalista. Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 47 www.especificasconcursos.com.br Ao ponto que o Serviço Social tem na questão social a base de sua fundação enquanto especialização do trabalho. Os assistentes sociais, por meio da prestação de serviços sócio-assistenciais realizados nas instituições públicas e organizações privadas, interferem nas relações sociais cotidianas, no atendimento às variadas expressões da questão social, tais como experimentadas pelos indivíduos sociais no trabalho, na família, na luta pela moradia e pela terra, na saúde, na assistência social pública, entre outras dimensões. Atualmente, a questão social passa a ser objeto de um violento “processo de descriminalização”, influenciado pela tendência de naturalização da questão social, sendo ela objeto de programas assistenciais focalizados de “combate à pobreza” ou em expressões da violência dos pobres, cuja a resposta é a segurança e a repressão oficiais; demonstrando a ineficiência do Estado, esse mesmo que apresenta propostas “imediatas” para enfrentar a questão-social, com a articulação de uma assistência focalizada/repressão, com o reforço do braço coercitivo do Estado, em detrimento da construção do consenso necessário ao regime democrático, que é motivo de inquietação. Observando essa tendência que caminha a fragmentação das inúmeras “faces da questão social”, atribuindo unilateralmente aos indivíduos e seus familiares a responsabilidade pelas dificuldades vividas. Acarretando a perda da dimensão coletiva e o recorte da classe da questão social, isentando a sociedade de classes da responsabilidade na produção das desigualdades sociais, armadilha ideológica, eliminando o nível da análise, da dimensão coletiva da questão social, reduzindo-a uma dificuldade, apenas, do indivíduo. Gabarito. Certo 15 - 2009 - CESPE - Ministério da Saúde – Assistente Social Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 48 www.especificasconcursos.com.br Alguns equívocos podem ocorrer na análise da questão social quando suas várias e diferenciadas expressões são desvinculadas de sua gênese comum. Tendo como referência esse assunto, julgue os itens a seguir. A pulverização da questão social resulta na atomização de suas múltiplas expressões, as várias questões sociais, em detrimento da perspectiva de unidade. Comentários. A questão social vem sendo enfrentada de forma paliativa, fragmentada e descontínua por algumas tendência conservadora/neoconservadora/eclética . Cabe aqui a explicação dada por Iamamoto, que já havia alertado sobre o equívoco teórico que é utilizar a expressão "questões sociais": Por uma artimanha ideológica, elimina-se, no nível da análise, a dimensão coletiva da questão social, reduzindo-a a uma dificuldade do indivíduo. A pulverização da questão social, típica da ótica liberal, resulta na autonomização de suas múltiplas expressões — as várias "questões sociais" —, em detrimento da perspectiva de unidade. Impede assim de resgatar a origem da questão social imanente à organização social capitalista, o que não elide a necessidade de apreender as múltiplas expressões e formas concretas que assume (2001, p. 18). Assim, não causa tanto espanto que a tendência conservadora/neoconservadora/eclética utilize a expressão "questões sociais", uma vez que ela remete a uma individualização e a uma pulverização no enfrentamento da "questão social", numa atitude de tentar esconder as contradições estruturais presentes e causadas pela sociedade capitalista. Gabarito. Certo 15. (2013) – FCC - TRT - 5ª Região (BA): Analista Judiciário - Serviço Social Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 49 www.especificasconcursos.com.br Segundo Laura Soares (2003), as políticas sociais nos marcos do neoliberalismo fazem parte de um movimento mais amplo de ajuste global, num contexto de globalização financeira e produtiva. Pode-se afirmar que faz parte desse ajuste, na política social brasileira na década de 1990 e no início dos anos 2000, a) a adoção de mecanismos para o reforço da estabilidade no trabalho com intervenção do Estado nas questões relativas ao contrato de trabalho. b) a questão social que passa a ser objeto de ações filantrópicas e de benemerência, deixando de ser responsabilidade do Estado. c) a centralização e a estatização dos serviços sociais, submetidas à lógica de organização dos sistemas públicos de políticas públicas. d) a perspectiva da universalidade do atendimento direcionando os gastos públicos para os setores da saúde, educação e assistência social, com vinculação de receita orçamentária. e) o caráter continuado dos programas para garantir impacto e efetividade nas ações desenvolvidas. Comentários. O contexto de crise esboçado a partir dos anos 1960, principalmente nos países centrais, ocasionando a queda do Welfare State, levou a um processo de reestruturação produtiva, direcionado pelo ajuste neoliberal, que, segundo Tavares (2002), foi uma reestruturação mais do que de ordem econômica. Esse ajuste fez parte de uma “redefinição global do campo político-institucional e das relações sociais”, com um projeto distinto do vivido até então (TAVARES, 2002, p. 19). As políticas de ajuste estão contidas no processo de globalização financeira e produtiva e de “rearranjo da hierarquia das relações econômicas e políticas internacionais, sob a égide de uma doutrina neoliberal, cosmopolita, gestada no centro financeiro e político do mundo capitalista” (TAVARES, 2002, p.19). As características das políticas de corte neoliberal condicionam regras e vêm padronizando cada vez mais os diferentes países e regiões do mundo em troca de Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 50 www.especificasconcursos.com.br apoio financeiro e econômico dos governos centrais e organismos internacionais. As políticas de corte neoliberal são também de ordem macroeconômica de estabilização, alcançadas por meio de “reformas estruturais liberalizantes” (WILLIAMSON apud TAVARES, 2002, p. 19). Aos países periféricossão recomendadas políticas de “ajuste” – com abertura indiscriminada, “rigor” fiscal e “reformas” – que não são adotadas pelos países centrais que comandam os órgãos multilaterais proponentes e supostamente financiadores dessas políticas. As conseqüências ou os desajustes sociais provocados por essas políticas são considerados ou como inevitáveis ou inerentes a um processo em direção à “modernidade”. Se ditas conseqüências tornam-se muito fortes a ponto de desestabilizar o bom andamento desse processo, esses mesmos organismos se dispõem a ajudar, financiando programas focalizados de “alívio” à pobreza. Neste sentido, para as políticas sociais a orientação dos organismos internacionais é a focalização das ações, com estímulos a fundos sociais de emergências, a mobilização da solidariedade individual e voluntária, bem como as organizações filantrópicas e organizações não-governamentais - com a marca de GENTE QUE FAZ. O apelo à solidariedade e à parceria desreponsabiliza o Estado e despolitiza as relações sociais, deslocando a questão social da esfera pública e inserindo-a no plano de filantropia. Nesta perspectiva, observa-se uma tendência de despolitização da política, o desfinanciamento da proteção social, em detrimento do pagamento do refinanciamento da dívida pública, através da obtenção do superávit primário, mercantilização / mercadorização dos serviços e, conseqüentemente, uma redução dos direitos sociais, tardiamente conquistados no Brasil. As implicações de um retorno ao individualismo vão desde a culpabilização individual pelas perdas e ganhos, à destruição da noção de responsabilidade Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 51 www.especificasconcursos.com.br coletiva, conquista fundamental do pensamento social. Assim, segundo Laura Soares, a questão social passa a ser objeto de ações filantrópicas e de benemerência, deixando de ser, desta forma, responsabilidade do Estado. As “redes” de proteção social passam a ser ‘comunitárias’ e ‘locais’, e os bens e serviços sociais passam a ser considerados de consumo privado. As políticas sociais passam a ser substituídas por programas de combate à pobreza, de forma somente a minimizar os problemas sociais. Estes programas, em grande maioria, vêm sendo atrelados a projetos “amarrados” e em forma de “pacotes” prontos que os governos “devem aceitar”, diante das imposições dos organismos internacionais. Além destas características, os programas ainda têm um caráter extremamente transitório em que as ações não têm uma continuidade, o que permite afirmar sobre o baixo impacto e efetividade, além de instabilidade dos grupos beneficiários. Juntamente à baixa cobertura dos programas, que se caracterizam também pela focalização, os resultados são minimalistas e com poucos resultados positivos. Cresce-se a substituição de setores públicos estatais por organizações privadas numa justificativa de que o Estado já não dá conta de resolver os problemas sociais, e, para tanto, necessita de “programas de alívio à pobreza”. Essa substituição desfavorece, sobremaneira, a valorização das ações públicas governamentais e enaltecem as ações de organizações de caráter privado, que, em diversos casos, têm deficiência de capacidade técnica na realização de ações sociais. Gabarito. Alternativa B 16. (2012) - FCC - TRT - 6ª Região (PE): Analista Judiciário - Serviço Social Para Soares (2003), o caráter ortodoxo das ideias e das propostas neoliberais em torno da questão social aflige o mundo contemporâneo, o que pode ser sintetizado com a afirmação que Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 52 www.especificasconcursos.com.br a) o direito social substitui a filantropia. b) a solidariedade coletiva substitui a ajuda individual. c) o permanente substitui o emergencial e o provisório. d) as microssoluções ad hoc substituem as políticas públicas. e) a lógica do mercado é substituída pela forte intervenção estatal no social. Comentários. Segundo Laura Tavares Soares, a filantropia substitui o direito social. Os pobres substituem os cidadãos. A ajuda individual substitui a solidariedade coletiva e social. O emergencial e o provisório substituem o permanente. As micro-soluções “ad hoc” substituem as políticas públicas. O local substitui o regional e o nacional. É o reinado do minimalismo no social para enfrentar a globalização no econômico. Globalização só para o grande capital. Do trabalho e da pobreza, cada um que cuide do seu como puder. De preferência com um Estado forte para sustentar o sistema financeiro e falido para cuidar do social. O resultado tem sido uma ampla radicalização da concentração de renda, da propriedade e do poder, na contrapartida de um violento empobrecimento da população, uma ampliação brutal do desemprego e do subemprego, o desmonte dos direitos conquistados e das políticas sociais universais, impondo um sacrifício forçado a toda a sociedade. Á reestruturação da produção e dos mercados, apoiada mais em métodos de consumo intensivo da força de trabalho que em inovações científicas e tecnológicas de última geração, somam-se mudanças regressivas na relação entre o Estado e sociedade quando a referência é a vida de todos e os direitos conquistados pelas grandes maiorias. Gabarito. Alternativa D 17. (2012) – FCC - TRT - 6ª Região (PE): Analista Judiciário - Serviço Social Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 53 www.especificasconcursos.com.br O modelo liberal congrega forças na perspectiva de refilantropizar o Social. Esse modelo a) concebe a política social como um importante instrumento de garantia de direitos e, portanto, necessita que sua primazia esteja nas atribuições do Estado com a ajuda suplementar da sociedade civil organizada. b) não admite os direitos sociais e opera uma despolitização da questão social ao desqualificá-la como questão pública, política e nacional. c) entende a refilantropização como um processo mo- derno de atenção social que congrega maior res- ponsabilidade ao Estado e menor ao terceiro setor. d) entende que a complexificação da vida social implica a ampliação da rede socioassistencial e essa só tem sentido se a sociedade contribuir com sua capacidade de humanização do setor. e) reconhece a necessidade de garantir os direitos, pois há possibilidade de evidenciar o caráter político de luta de classes presente na constituição do Estado, enquanto provedor de políticas sociais. Comentários. O caráter conservador do projeto neoliberal se expressa de um lado, na naturalização do ordenamento capitalista e das desigualdades sociais a ele inerentes tidas como inevitáveis, obscurecendo a presença viva dos sujeitos sociais coletivos e suas lutas na construção da história; e de outro lado, em um retrocesso histórico condensado no desmonte das conquistas sociais acumuladas, resultantes de embates históricos das classes trabalhadoras, consubstanciadas nos direitos sociais universais de cidadania, que têm no Estado uma mediação fundamental. As conquistas sociais acumuladas são transformadas em “problemas ou dificuldades”, causa de “gastos sociais excedentes”, que se encontrariam na raiz da crise fiscal dos Estados. A contrapartidatem sido a difusão da idéia liberal de que o “bem- estar social” pertence ao foro privado dos indivíduos, famílias e comunidades. A intervenção do Estado no atendimento às necessidades sociais é pouco Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 54 www.especificasconcursos.com.br recomendada, transferida ao mercado e à filantropia, como alternativas aos direitos sociais. Como lembra Yazbek (2001), o pensamento liberal estimula um vasto empreendimento de “refilantropização do social”, já que não admite os direitos sociais, uma vez que os metamorfoseia em dever moral. Opera uma profunda despolitização da “questão social”, ao desqualificá-la como questão pública, questão política e questão nacional. É nesse sentido que a atual desregulamentação das políticas públicas e dos direitos sociais desloca a atenção à pobreza para a iniciativa privada ou individual impulsionada por motivações solidárias e benemerentes, submetidas ao arbítrio do indivíduo isolado, e não à responsabilidade pública do Estado. As conseqüências do trânsito da atenção à pobreza da esfera pública dos direitos para a dimensão privada do dever moral são: a ruptura da universalidade dos direitos e da possibilidade de sua reclamação judicial, a dissolução de continuidade da prestação dos serviços submetidos à decisão privada, tendentes a aprofundar o traço histórico assistencialista e a regressão dos direitos sociais. O resultado no campo das políticas públicas na área social, na América Latina, tem sido o reforço de traços de improvisação e inoperância, o funcionamento ambíguo e sua impotência na universalização do acesso aos serviços dela derivados. Permanecem políticas casuísticas e fragmentadas, sem regras estáveis e operando em redes públicas obsoletas e deterioradas”. (Yazbek, 2001:37). Gabarito. Alternativa B 18. (2008) – FCC - TRT - 18ª Região (GO): Analista Judiciário - Serviço Social Historicamente, a "questão social" vincula-se estreitamente à questão da exploração do trabalho, à organização e à mobilização da classe trabalhadora na luta pela apropriação da riqueza social. Ela se expressa Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 55 www.especificasconcursos.com.br a) pelo conjunto de desigualdades sociais engendradas pelas relações sociais constitutivas do capitalismo. b) pelos mecanismos complementares ao mercado que configuram as políticas sociais. c) pelo conjunto de programas de proteção contra a doença, o desemprego, a morte e a velhice, entre outros. d) pela substituição de um perfil histórico de proteção social, que tinha como pilar o pleno emprego, pelo pilar do desemprego. e) pela acomodação por parte dos que vivem do seu trabalho. Comentários. Segundo Yazbek, a questão social se expressa pelo conjunto de desigualdades sociais engendradas pelas relações sociais constitutivas do capitalismo contemporâneo. Sua gênese pode ser situada na segunda metade do século XIX quando os trabalhadores reagem à exploração de seu trabalho. Como sabemos, no início da Revolução Industrial, especialmente na Inglaterra, mas também na França vai ocorrer uma pauperização massiva desses primeiros trabalhadores das concentrações industriais. A expressão questão social surge então, na Europa Ocidental na terceira década do século XIX (1830) para dar conta de um fenômeno que resultava dos primórdios da industrialização: tratava-se do fenômeno do pauperismo. Gabarito. Alternativa A. 19. (2013) - FCC: TRT - 5ª Região (BA): Analista Judiciário - Serviço Social Vi ontem um bicho Na imundície do pátio Catando comida entre os detritos. Quando achava alguma coisa, Não examinava nem cheirava: Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 56 www.especificasconcursos.com.br Engolia com voracidade. O bicho não era um cão, Não era um gato, Não era um rato. O bicho, meu Deus, era um homem. (Manuel Bandeira) O Assistente Social, em sua atuação profissional, ao deparar-se com essa situação explicitada no poema, ao utilizar-se de uma matriz de conhecimento que parte de uma perspectiva teórico-metodológica de inspiração marxista, pautar-se-á pela compreensão de que a) a “questão social” para ser enfrentada, necessita da intervenção que prioriza a formação da família e do indivíduo para solução dos problemas e atendimento de suas necessidades materiais, morais e sociais. b) o enfrentamento da “questão social” ocorrerá mediante, não só, ao trabalho a ser realizado sobre os valores e comportamentos do público-alvo do Assistente Social, mas atuar de forma mais abrangente nas relações sociais vigentes na perspectiva da integração à sociedade. c) as relações sociais são sempre mediatizadas por situações, instituições etc. e que ao mesmo tempo revelam e ocultam as relações sociais imediatas. Nesta matriz, aceita-se os fatos, dados como indicadores, como sinais, mas não como últimos fundamentos do horizonte analítico. d) os fatos estão dados no poema e por si só, já mostram a realidade, que se apresentam em sua objetividade e imediaticidade nas relações sociais do ser social, necessitando para tanto, de ajustes e mudanças dentro da ordem estabelecida para que a situação possa ser resolvida. Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 57 www.especificasconcursos.com.br e) é o aperfeiçoamento dos instrumentos e técnicas de intervenção profissional com padrões de eficiência, sofisticação de modelos de análise, diagnóstico e planejamento, isto é, com tecnificação da ação profissional, acompanhada de uma crescente burocratização das atividades institucionais, é que será capaz de promover o combate das mazelas sociais. Comentários. No início dos anos 80 (sobretudo com Iamamoto) a teoria social de Marx inicia sua efetiva interlocução com a profissão. Como matriz teórico- metodológica esta teoria apreende o ser social a partir de mediações. Ou seja, parte da posição de que a natureza relacional do ser social não é percebida em sua imediaticidade. "Isso porque, a estrutura de nossa sociedade, ao mesmo tempo em que põe o ser social como ser de relações, no mesmo instante e pelo mesmo processo, oculta a natureza dessas relações ao observador" (Netto, 1995). Ou seja as relações sociais são sempre mediatizadas por situações, instituições entre outras, que ao mesmo tempo revelam/ocultam as relações sociais imediatas. Por isso nesta matriz o ponto de partida é aceitar fatos, dados como indicadores, como sinais mas não como fundamentos últimos do horizonte analítico. Trata-se portanto de um conhecimento que não é manipulador e que apreende dialéticamente a realidade em seu movimento contraditório. Movimento no qual e através do qual se engendram, como totalidade, as relações sociais que configuram a sociedade capitalista. É no âmbito da adoção do marxismo como referência analítica, que se torna hegemônica no Serviço Social no país, a abordagemda profissão como componente da organização da sociedade inserida na dinâmica das relações sociais participando do processo de reprodução dessas relações.(cf. Iamamoto, 1982) Este referencial, a partir dos anos 80 e avançando nos anos 90, vai imprimir direção ao pensamento e à ação do Serviço Social no país. Vai permear Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 58 www.especificasconcursos.com.br as ações voltadas à formação de assistentes sociais na sociedade brasileira (o currículo de 1982 e as atuais diretrizes curriculares); os eventos acadêmicos e aqueles resultantes da experiência associativa dos profissionais, como suas Convenções, Congressos, Encontros e Seminários; está presente na regulamentação legal do exercício profissional e em seu Código de Ética. Sob sua influência ganha visibilidade um novo momento e uma nova qualidade no processo de recriação da profissão na busca de sua ruptura com seu histórico conservadorismo (cf. Netto, 1996:111) e no avanço da produção de conhecimentos, nos quais a tradição marxista aparece hegemonicamente como uma das referências básicas. Nesta tradição o Serviço Social vai apropriar-se a partir dos anos 80 do pensamento de Antonio Gramsci e particularmente de suas abordagens acerca do Estado, da sociedade civil, do mundo dos valores, da ideologia, da hegemonia, da subjetividade e da cultura das classes subalternas. Vai chegar a Agnes Heller e à sua problematização do cotidiano, à Georg Lukács e à sua ontologia do ser social fundada no trabalho, à E.P. Thompson e à sua concepção acerca das "experiências humanas", à Eric Hobsbawm um dos mais importantes historiadores marxistas da contemporaneidade e a tantos outros cujos pensamentos começam a permear nossas produções teóricas, nossas reflexões. Gabarito. Letra C. 20. (2008) – FCC - TRT - 18ª Região (GO): Analista Judiciário - Serviço Social Nem todos os problemas agudizados pela economia global (ou não) e pela hegemonia do liberalismo de mercado podem ser subsumidos pela questão social capitalista, mas grande parte deles são produtos da mesma contradição que gera essa questão. Questão que, com seus impactos sobre o trabalho, assume novas Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 59 www.especificasconcursos.com.br manifestações e expressões, configurando um novo perfil para a questão social, destacando-se a) os avanços tecnológicos e informacionais e a flexibilização produtiva. b) as transformações das relações de trabalho e as transformações nos padrões de proteção social. c) o aumento das formas de trabalho precarizado, sobretudo feminino e infantil. d) a precarização e a subalternização do trabalho à ordem do mercado. e) as transformações societárias em suas diferentes esferas da vida. Comentários. No Brasil a “questão social” se apresenta com algumas peculiaridades na contemporaneidade, devido ao próprio processo de desenvolvimento histórico em que o país se desenvolveu sempre mesclando elementos arcaicos com elementos novos. Seu processo de industrialização foi presidido por uma burguesia que não tinha uma orientação democrática e nacionalista, mas era marcada pela universalização dos interesses de sua classe a toda a nação. Cabe ressaltar ainda que o Estado foi participante ativo nesse processo conferindo a essa burguesia mecanismos coercitivos, a fim de imobilizar a participação política da sociedade civil, construindo uma rede de relações autoritárias entre o Estado e a sociedade. Nesse sentido, caracterizada pelos clientelismos, coronelismos, e pela política do favor a cidadania no Brasil segue ainda subordinada a essa burguesia que hoje atua em prol do ideário neoliberal, o que reconfigura a “questão social” no país. As novas formas da “questão social” no caso brasileiro se evidenciam através das: - transformações no mundo do trabalho, - da precarização das relações de trabalho, - da perda dos padrões de proteção social dos trabalhadores e dos setores mais vulnerabilizados da sociedade, - da pobreza devido ao grande nível de concentração de renda verificado no país, Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 60 www.especificasconcursos.com.br - do sucateamento do espaço público, da refilantropização da “questão social” e etc. Gabarito. Alternativa B. 21. (2008) – FCC - TRT - 18ª Região (GO): Analista Judiciário - Serviço Social A "pobreza" é a expressão direta das relações vigentes na sociedade, localizando a questão no âmbito de relações constitutivas de um padrão de desenvolvimento extremamente desigual, em que convivem acumulação e miséria. A nossa sociedade a produz e reproduz. É importante considerar que a pobreza é uma categoria multidimensional, expressando-se a) pela subalternidade e pela alienação, tão-somente. b) pela carência exclusiva de bens materiais e de valores morais. c) pela carência de bens materiais, mas também pela carência de direitos, de oportunidades, de informações, de possibilidades e de esperanças. d) por um somatório de dificuldades, especialmente as precárias condições socioeconômicas e a ausência de deveres. e) por condições adversas, esfacelando ou impedindo laços de convivência social e familiar, levando ao crime e à marginalização. Comentários. Maria Ozanira da Silva e Silva aborda a pobreza como uma das manifestações da questão social, e dessa forma como expressão direta das relações vigentes na sociedade, localizando a questão no âmbito de relações constitutivas de um padrão de desenvolvimento capitalista, extremamente desigual, em que convivem acumulação e miséria. Os "pobres" são produtos dessas relações, que produzem e reproduzem a desigualdade no plano social, político, econômico e cultural, definindo para eles um lugar na sociedade. Um lugar onde são desqualificados por suas crenças, seu modo de se expressar e seu comportamento social, sinais de "qualidades negativas" e indesejáveis que lhes são Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 61 www.especificasconcursos.com.br conferidas por sua procedência de classe, por sua condição social. Este lugar tem contornos ligados à própria trama social que gera a desigualdade e que se expressa não apenas em circunstâncias econômicas, sociais e políticas, mas também nos valores culturais das classes subalternas e de seus interlocutores na vida social. Assim sendo, a pobreza, expressão direta das relações sociais , "certamente não se reduz às privações materiais" (Yazbek, 2009, p. 73-74). É uma categoria multidimensional, e, portanto, não se caracteriza apenas pelo não acesso a bens, mas é categoria política que se traduz pela carência de direitos, de oportunidades, de informações, de possibilidades e de esperanças (Martins, 1991, p. 15). Profundando a questão Do ponto de vista conceitual as abordagens sobre a pobreza podem ser construídas de diversas formas: 1) a partir de diferentes fundamentos teórico metodológicos: positivistas (funcionalistas, estruturalistas) marxistas; 2) do ponto de vista do desenvolvimento históricosocial e político da sociedade capitalista: do Estado liberal (prevalência do mercado) ao Estado social (diretos sociais); 3) do ponto de vista da definição de indicadores, as medidas da pobreza podem ser monetárias, quando utilizam a renda como principal determinante da linha de pobreza e podem recorrer a indicadores multidimensionais, que incluem atributos não monetários para definir a pobreza, como o IDH, e o índice Gini. Esses indicadores multidimensionais incluem aspectos que afetam o bem-estar dos indivíduos e a não satisfação de suas necessidades básicas. Consideram como essencial para definir a condição de pobreza o acesso a alguns bens, de modo que sem esses os "cidadãos" não são capazes de usufruír uma vida minimamente digna. Incluem: água potável, rede de esgoto, coleta de lixo, acesso ao transporte coletivo, educação, saúde e moradia. O caráter multidimensional da pobreza leva á Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 62 www.especificasconcursos.com.br necessidade de indicadores que tenham uma correspondente abordagem multidimensional e que levem em consideração como o indivíduo percebe sua situação social. Entre as abordagens multidimensionais destaca-se o pensamento de Amartya Sen, que enfoca a pobreza não apenas como baixo nível de renda, mas como privação de capacidades básicas, o que envolve acesso a bens e serviços. Para ele, o desenvolvimento seria resultado não apenas do crescimento econômico, mas "na eliminação das privações de liberdade e na criação de oportunidades" (Sen, 2000, p. 10). Gabarito. Alternativa C 22. (2008) –FCC - TRT - 18ª Região (GO): Analista Judiciário - Serviço Social A Assistência Social, como área de Política de Estado, deve ser compreendida nos seus fundamentos históricos e em interação com o conjunto das políticas sociais, bem como considerando o Estado Social que as opera. Atualmente, a Assistência Social tem como competência o estabelecimento de a) formas institucionalizadas de ação para que as sociedades protejam o conjunto de seus membros, distribuindo e redistribuindo os bens materiais, bem como os bens culturais. b) mecanismos de intervenção nas relações sociais, expressos pelas legislações laborais e outros esquemas de proteção social, como atividades sócio-educativas, buscando manter a estabilidade, diminuindo desigualdades e garantindo direitos sociais. c) ações de prevenção e provimento de um conjunto de garantias ou seguranças que cubram, reduzam ou previnam exclusões, riscos e vulnerabilidades sociais, bem como atendam às necessidades emergentes ou permanentes decorrentes de problemas pessoais ou sociais de seus usuários. Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 63 www.especificasconcursos.com.br d) iniciativas benemerentes e filantrópicas da sociedade civil acopladas a uma estrutura pública, em que a atenção à pobreza comporá a tessitura básica entre o público e o privado. e) padrões mínimos de vida para todos os cidadãos, por meio de um conjunto de serviços provisionados pelo Estado, em dinheiro (programas de transferência de renda) ou espécie (benefícios eventuais). Comentários. Em 1988, o Brasil constitui constitucionalmente seu sistema de Seguridade Social no qual vai-se destacar a Assistência Social. Com esse sistema tem início a construção de uma nova concepção para a Assistência Social brasileira, que é regulamentada em 1993, como política social pública, e inicia seu trânsito para um campo novo: o campo dos direitos, da universalização dos acessos e da responsabilidade estatal. Nesse sentido, pode-se afirmar que a LOAS estabelece uma nova matriz para a Assistência Social brasileira, iniciando um processo que tem como perspectiva torná-la visível como política pública e direito dos que dela necessitarem. A inserção na Seguridade aponta também para seu caráter de política de Proteção Social (formas “às vezes mais, às vezes menos institucionalizadas que as sociedades constituem para proteger parte ou o conjunto de seus membros. Tais sistemas decorrem de certas vicissitudes da vida natural ou social, tais como a velhice, a doença, o infortuno, as privações. Incluo neste conceito, também tanto as formas seletivas de distribuição e redistribuição de bens materiais (como a comida e o dinheiro), quanto os bens culturais (como os saberes), que permitirão a sobrevivência e a integração, sob várias formas na vida social. Incluo, ainda, os princípios reguladores e as normas que, com o intuito de proteção, fazem parte da vida das coletividades) articulada a outras políticas do campo social voltadas à garantia de direitos e de condições dignas de vida. Desse modo, a Assistência Social Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 64 www.especificasconcursos.com.br configura-se como possibilidade de reconhecimento público da legitimidade das demandas de seus usuários e espaço de ampliação de seu protagonismo. Como lei, a LOAS inova ao afirmar para a Assistência Social seu caráter de direito não contributivo (independentemente de contribuição à Seguridade e para além dos interesses do mercado), ao apontar a necessária integração entre o econômico e o social e ao apresentar novo desenho institucional para a assistência social. Inova também ao propor a participação da população e o exercício do controle da sociedade na gestão e execução dessa política. Tendência ambígua, de inspiração neoliberal, mas que contraditoriamente pode direcionar-se para os interesses de seus usuários. Sem dúvida, uma mudança substantiva na concepção da Assistência Social, um avanço que permite sua passagem do assistencialismo e de sua tradição de não política para o campo da política pública. Como política de Estado passa a ser um espaço para a defesa e atenção dos interesses e necessidades sociais dos segmentos mais empobrecidos da sociedade, configurando-se, também, como estratégia fundamental no combate à pobreza, à discriminação e à subalternidade econômica, cultural e política em que vive grande parte da população brasileira. Assim, cabem à Assistência Social ações de prevenção e provimento de um conjunto de garantias ou seguranças que cubram, reduzam ou previnam exclusões, riscos e vulnerabilidades sociais, (SPOSATI, 1995) bem como atendam às necessidades emergentes ou permanentes decorrentes de problemas pessoais ou sociais de seus usuários (YAZBEK, 2004). Gabarito. Alternativa B 23. 2012 – FCC - MPE-AP: Analista Ministerial - Serviço Social O assistente social, ao intervir cotidianamente nas expressões e manifestações da questão social, depara-se com situações que exigem aptidão para Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 65 www.especificasconcursos.com.br a) estruturar o seu trabalho de forma a mostrar a sua capacidade de obter o consenso para abafar os conflitos sociais existentes. b) atuar na desordem provocada pelas camadas populares, e ser conhecedor dos aparelhos do Estado que possam responsabilizar os indivíduos em situação de vulnerabilidade. c) saber utilizar as estratégias adequadaspara ater-se nas tarefas burocráticas determinadas pelo empregador e não ir além do que foi solicitado, o que extrapola o objeto de sua intervenção profissional. d) compreender a dinâmica das relações sociais, as formas como se estabelecem, as suas tendências, bem como as alterações no contexto social mais amplo. e) olhar com naturalidade para as múltiplas expressões da questão social que já estavam previstas e ter ciência que é somente com a intervenção e equilíbrio do mercado que poderão ser minimizadas, além de contar com algum suporte do Estado. Comentários. Os assistentes sociais defrontam-se, cotidianamente, com as mais variadas expressões da questão social, do sexo feminino, que se graduaram no Rio Grande do Sul e trabalham em Porto Alegre, nas mais diversas áreas, tais como saúde, habitação, previdência, assistência social e judiciário. A apreensão dessas situações como expressões do conflito entre capital e trabalho demarca a especificidade do Serviço Social no espaço sócio ocupacional. Por isso, os profissionais de outras áreas que trabalham na instituição nem sempre possuem o mesmo entendimento acerca das demandas institucionais. Os assistentes sociais buscam o conhecimento de como os processos decorrentes da estrutura econômica da sociedade como a violência, a pobreza, o desemprego, a falta de acesso à saúde, à educação, ao trabalho, à habitação, etc. Esses profissionais intervêm em situações em que os idosos sofrem a violação de direitos previstos constitucionalmente, as crianças e adolescentes estão envolvidos com o Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 66 www.especificasconcursos.com.br narcotráfico, as mulheres são vítimas de violência, enfim, essas são algumas das expressões da questão social evidenciadas nos processos de trabalho, nos quais os assistentes sociais se inserem. 4A apreensão constitui-se como um modo de desvendar a realidade a partir das categorias centrais do método dialético-crítico, que são a historicidade, a totalidade e a contradição. Existem diferentes níveis de apreensão e de intervenção que explicitam as interações entre as situações particulares e as mais amplas (BAPTISTA, 2002). Produzem a questão social e como se interpenetram e se manifestam, por exemplo, na vida dos idosos com direitos violados, dos adolescentes infratores, das mulheres vítimas de violência, e em outras situações limites que se apresentam aos assistentes sociais, bem como as manifestações dos sujeitos para enfrentá-las. A intervenção é direcionada pela teleologia, já que existe intencionalidade no ato de intervir, que é condicionado e norteado pela apreensão teórica da realidade concreta. Portanto, entende-se que a apreensão e a intervenção se relacionam permanentemente durante o trabalho dos assistentes sociais, pois o diagnóstico, que resulta da apreensão teórica dos fenômenos que se apresentam como expressões da questão social, engloba o aspecto interventivo. A apreensão constitui-se como a dimensão diagnóstica presente no trabalho profissional. Ela é a competência necessária para os profissionais compreenderem a realidade em suas sucessivas aproximações com as expressões da questão social. Desse modo, a apreensão requer fundamentos teóricos que orientam a leitura da realidade. A apreensão faz parte da instrumentalidade, pois esta abarca tanto os procedimentos técnicos (entrevistas, visitas domiciliares, etc.) como as estratégias articuladas e as mediações teóricas (GUERRA, 2002). Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 67 www.especificasconcursos.com.br A questão teórico-metodológica diz respeito ao modo de ler, de explicar a sociedade, e a proposta de formação, que não separa história, teoria e método, é própria da matriz crítico-dialética (SIMIONATTO, 2004). O termo apreensão refere- se à apropriação do real com base em uma teoria que orienta as leituras de realidade e a formação dos assistentes sociais, ou seja, refere-se aos fundamentos teóricos acionados nos processos de trabalho em que os assistentes sociais participam. Nesse sentido, o assistente social, ao intervir cotidianamente nas expressões e manifestações da questão social, depara-se com situações que exigem aptidão para compreender a dinâmica das relações sociais, as formas como se estabelecem, as suas tendências, bem como as alterações no contexto social mais amplo. Gabarito. Alternativa C 24. (2012) – FCC - MPE-AP: Analista Ministerial - Serviço Social As relações sociais capitalistas são determinantes para a existência da questão social e das classes subalternas. Maria Carmelita Yazbek (1993), afirma que a subalternidade a) é expressa pela renda e, sobretudo pela formação profissional que permite ascender na carreira e galgar nova condição de vida. Desta forma, a principal luta social coloca-se em torno da formação e profissionalização. b) é resultante direta das relações de poder na sociedade, que se expressa, não apenas pelas circunstâncias econômicas, sociais, políticas e culturais, mas nas atitudes mentais dos próprios pobres e de seus interlocutores na vida social. c) e a pobreza não podem ser definidas a partir da categoria renda, pois ambas se confundem com a história cultural e familiar, levando em conta também a capacidade de organização da comunidade na qual se inserem. Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 68 www.especificasconcursos.com.br d) deve ser considerada como homogênea no que concerne ao feixe de necessidades e requisições que a classe subalterna coloca como pauta para o Estado em torno das políticas sociais. e) tem origem na desigualdade social e na composição numerosa das famílias, além da impossibilidade da esperança e organização social. Comentários. Compreendendo primeiramente a sociedade capitalista como uma sociedade de classes, a pobreza e subalternidade podem ser caracterizadas como conseqüência direta das relações de poder estabelecidas na sociedade. Tem, portanto, sua configuração “ligada à própria formação social que a gera e se expressa não apenas em circunstâncias econômicas, sociais, políticas, culturais, mas nas atitudes mentais dos próprios “pobres” e de seus interlocutores na vida social” (Yazbek, 1996:66). Gabarito. Alternativa B 25- (2014) – FCC - TJ-AP: Analista Judiciário - Área Apoio Especializado - Serviço Social A abordagem da questão social ganha cada vez mais centralidade para o serviço social. Yazbek (2012), ao tratar da pobreza como expressão da questão social, a considera como I. expressão direta do padrão de desenvolvimento capitalista, extremante desigual. Os pobres, produtos dessa relação, produzem e reproduzem a desigualdade no plano social, político, econômico e cultural. II. categoria multidimensional, e, portanto, não se caracteriza apenas pelo não acesso a bens, mas é categoria política que se traduz pela carência de direitos, de oportunidades, de informações, de possibilidades e de esperanças. III. o aviltamento do trabalho, o desemprego, os empregados de modo precário e intermitente, os que se tornaram não empregáveis e supérfluos, a debilidade da Conhecimentos Específicos Serviço SocialAula Extra 69 www.especificasconcursos.com.br saúde, o desconforto da moradia precária e insalubre, a alimentação insuficiente, a fome, a fadiga, a ignorância, a resignação, a revolta, a tensão e o medo são sinais que muitas vezes anunciam os limites da condição de vida dos excluídos e subalternizados na sociedade. Está correto o que se afirma em a) I e II apenas b) I, II e III. c) I e III apenas. d) III apenas. e) II e III apenas. Comentários. A questão social resulta da divisão da sociedade em classes e da disputa pela riqueza socialmente gerada, cuja apropriação é extremamente desigual no capitalismo. Supõe, desse modo, a consciência da desigualdade e a resistência à opressão por parte dos que vivem de seu trabalho. Nos anos recentes, a questão social assume novas configurações e expressões, e “as necessidades sociais das maiorias, as lutas dos trabalhadores organizados pelo reconhecimento de seus direitos e suas refrações nas políticas públicas, arenas privilegiadas do exercício da profissão” sofrem a influência do neoliberalismo, em favor da economia política do capital .” (Iamamoto, 2008, p.107). Assim, Yazbek aborda a pobreza como uma das manifestações da questão social, e dessa forma como expressão direta das relações vigentes na sociedade, localizando a questão no âmbito de relações constitutivas de um padrão de desenvolvimento capitalista, extremamente desigual, em que convivem acumulação e miséria. Os “pobres” são produtos dessas relações, que produzem e reproduzem a desigualdade no plano social, político, econômico e cultural, definindo para eles um lugar na sociedade. Um lugar onde são desqualificados por suas crenças, seu modo de se expressar e seu comportamento social, sinais de “qualidades Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 70 www.especificasconcursos.com.br negativas” e indesejáveis que lhes são conferidas por sua procedência de classe, por sua condição social. Este lugar tem contornos ligados à própria trama social que gera a desigualdade e que se expressa não apenas em circunstâncias econômicas, sociais e políticas, mas também nos valores culturais das classes subalternas e de seus interlocutores na vida social. Item I correto. Assim sendo, a pobreza, expressão direta das relações sociais, “certamente não se reduz às privações materiais” (Yazbek, 2009, p. 73-74). É uma categoria multidimensional, e, portanto, não se caracteriza apenas pelo não acesso a bens, mas é categoria política que se traduz pela carência de direitos, de oportunidades, de in- formações, de possibilidades e de esperanças (Martins, 1991, p. 15). Item II correto. A pobreza é parte de nossa experiência diária. Os impactos destrutivos das transformações em andamento no capitalismo contemporâneo vão deixando suas marcas sobre a população empobrecida: o aviltamento do trabalho, o desemprego, os empregados de modo precário e intermitente, os que se tornaram não empregáveis e supérfluos, a debilidade da saúde, o desconforto da moradia precária e insalubre, a alimentação insuficiente, a fome, a fadiga, a ignorância, a resignação, a revolta, a tensão e o medo são sinais que muitas vezes anunciam os limites da condição de vida dos excluídos e subalternizados na sociedade. Sinais que expressam também o quanto a sociedade pode tolerar a pobreza e banalizá-la e, sobretudo, a profunda incompatibilidade entre os ajustes estruturais da economia à nova ordem capitalista internacional e os investimentos sociais do Estado brasileiro. Incompatibilidade legitimada pelo discurso, pela política e pela sociabilidade engendrados no pensamento neoliberal, que, reconhecendo o dever moral de prestar socorro aos pobres e “inadaptados” à vida social, não reconhece seus direitos sociais. Item III correto. Gabarito letra B. Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 71 www.especificasconcursos.com.br 26. (2008) – FCC - TRT - 18ª Região (GO): Analista Judiciário - Serviço Social A abordagem conceitual da subalternidade diz respeito a) às desigualdades e injustiças. b) às privações material e social. c) à exploração e à redução de liberdades. d) às precárias condições de vida de alguns na sociedade. e) à ausência de protagonismo e de poder, expressando a dominação e a exploração. Comentários. Maria Carmelita Yazbek, traz um debate acerca da pobreza e da exclusão social como algumas das resultantes da questão social que permeiam a vida das classes subalternas da sociedade brasileira, com as quais o profissional do serviço social se defronta na sua intervenção. A análise também engloba uma reflexão sobre o precário sistema de proteção social público no país no contexto da crise mais global com que se defrontam as políticas públicas na contemporaneidade. Tendo em vista que o objeto de intervenção do assistente social é a questão social, esta se reformula e se redefine, mas permanece a mesma por se tratar de uma questão estrutural, que não se resolve numa formação econômica social por natureza excludente. Segundo Yazbek, a questão social assume novas configurações e expressões entre as quais: as transformações das relações de trabalho; a perda dos padrões de proteção social dos trabalhadores e dos setores mais vulneráveis que veem suas conquistas e direitos ameaçados. A condição de pobreza, exclusão e subalternidade vem aumentando continuamente, sobretudo a partir dos anos 90. Diante disso, a subalternidade diz respeito à ausência de protagonismo, de poder, expressando a dominação e a exploração. Essas três categorias respectivamente configuram-se, pois como Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 72 www.especificasconcursos.com.br indicadores de uma forma de inserção na vida social, de uma condição de classe e de outras condições da desigualdade (como gênero, etnia, procedência etc.). Elas são produtos das relações vigentes na sociedade que produzem e reproduzem a desigualdade no plano social, econômica, político e cultural. A pobreza está relacionada com o descarte de mão de obra barata, que faz parte da expansão capitalista. Expansão que cria uma população sobrante, que implica na disseminação do desemprego de longa duração, do trabalho precário, instável e trabalho informal. Isto em um contexto de subalternização do trabalho à ordem do mercado e de desmontagem de direitos sociais e trabalhistas? autônomo e trabalho informal. Neste contexto, a pobreza é naturalizada pela sociedade e legitimada pelo discurso neoliberal, como um problema estrutural. Há uma incompatibilidade entre os ajustes estruturais da economia à nova ordem capitalista internacional e os investimentos sociais do estado brasileiro, esse discurso vem estimulando uma nova forma de enfrentamento da questão social baseada na filantropia revisitada, a ação humanitária, o dever moral de assistir aos pobres, desde que este não se transforme em direito ou em políticas públicas dirigidas à justiça e igualdade, bem como, à volta aos programas mais residuais, orientados por uma perspectiva privatizadora. Segundo a autora, está em construção uma forma despolitizada de abordagem da questão social, da pobreza e da exclusão social. Despolitiza o reconhecimentoda questão social brasileira, como expressão de relações de classe e nesse sentido desqualifica-a como questão publica, política e nacional, deslocando a pobreza do debate político. Isso implica no sucateamento dos serviços públicos, destituição de direitos trabalhistas e sociais, nos recuos constitucionais, ou seja, crescem os "abismos entre o país real e o país legal". Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 73 www.especificasconcursos.com.br A redefinição no papel do estado em relação a questão social, proposto pelo ajuste neoliberal, são propostas reducionistas que esvaziam e descaracterizam os mecanismos institucionalizados de proteção social. Essa nova configuração no papel do estado acarreta o crescimento do terceiro setor, pois, o Estado vai complementar o que não se conseguiu via mercado, família e comunidade. Para finalizar a autora pontua que, a reprodução ampliada da questão social é reprodução ampliada das contradições sociais, que não há rupturas no cotidiano sem resistência, sem enfrentamentos e que se a intervenção profissional do assistente social circunscreve um terreno de disputa, é ai que está o desafio de sair da lentidão, de construir, reinventar mediações capazes de articular a vida social das classes subalternas com o mundo público dos direitos e cidadania. Gabarito. Alternativa E. 27. (2008) – FCC - TRT - 18ª Região (GO): Analista Judiciário - Serviço Social As políticas sociais públicas fazem parte das respostas que o Estado oferece às expressões da questão social. Nesse sentido, o Estado é concebido como a) uma articulação entre a classe trabalhadora e a "dona" do capital, supondo a consciência da desigualdade e a resistência à opressão por parte dos que vivem do trabalho. b) um conjunto de desigualdades sociais engendradas pelas relações sociais constitutivas do capitalismo contemporâneo. c) um incentivador da benemerência e da filantropia, unicamente, constituindo a dualização entre o pobre e o cidadão. d) um regulador das relações econômicas, exclusivamente, considerando o mercado globalizado, a flexibilização das relações de trabalho e o capitalismo contemporâneo. Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 74 www.especificasconcursos.com.br e) uma relação de forças, assimétrica e desigual, que interfere tanto na viabilização da acumulação, como na reprodução social das classes subalternas. Comentários Segundo Maria Carmelita Yazbek, estudos sobre as políticas sociais, apontam que elas são estruturalmente condicionadas pelas características políticas e econômicas do Estado e de um modo geral, “as teorias explicativas sobre a política social não dissociam em sua análise a forma como se constitui a sociedade capitalista e os conflitos e contradições que decorrem do processo de acumulação, nem as formas pelas quais as sociedades organizaram respostas para enfrentar as questões geradas pelas desigualdades sociais, econômicas, culturais e políticas.” Nesta perspectiva a Política Social será abordada como modalidade de intervenção do Estado no âmbito do atendimento das necessidades sociais básicas dos cidadãos, respondendo a interesses diversos, ou seja, a Política Social expressa relações, conflitos e contradições que resultam da desigualdade estrutural do capitalismo. Interesses que não são neutros ou igualitários e que reproduzem desigual e contraditoriamente relações sociais, na medida em que o Estado não pode ser autonomizado em relação à sociedade e as políticas sociais são intervenções condicionadas pelo contexto histórico em que emergem. O papel do Estado só pode ser objeto de análise se referido a uma sociedade concreta e à dinâmica contraditória das relações entre as classes sociais nessa sociedade. É nesse sentido que o Estado é concebido como uma relação de forças, como uma arena de conflitos. Relação assimétrica e desigual que interfere tanto na viabilização da acumulação, como na reprodução social das classes subalternas. Na sociedade capitalista o Estado é perpassado pelas contradições do sistema e assim sendo, objetivado em instituições, com suas políticas, programas e projetos, apóia e organiza a reprodução das relações sociais, assumindo o papel de regulador e fiador dessas relações. A forma de organização desse Estado e suas características Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 75 www.especificasconcursos.com.br terão pois, um papel determinante na emergência e expansão da provisão estatal face aos interesses dos membros de uma sociedade. Desse modo, as políticas sociais públicas só podem ser pensadas politicamente, sempre referidas a relações sociais concretas e como parte das respostas que o Estado oferece às expressões da “questão social”, situando-se no confronto de interesses de grupos e classes sociais. Gabarito. Alternativa E 28. (2014) - FCC: TRF - 3ª REGIÃO: Analista Judiciário - Serviço Social Nas últimas décadas do século XX e início do século XXI, nos vimos confrontados com um conjunto de transformações da sociedade que gestaram manifestações da questão social. Essas manifestações expressam principalmente as grandes mudanças nas relações do trabalho, quais sejam, a a) flexibilização e a precarização do trabalho. b) globalização e a auto-determinação da classe que vive do trabalho. c) desmercantilização e a livre concorrência de classe. d) financeirização e a ampliação da solidariedade orgânica entre os trabalhadores. e) intensificação do trabalho e o empoderamento dos trabalhadores. Comentários. No fim da década de 60 e início da década de 70, o capitalismo entra em uma crise que põe fim aos seus “30 anos gloriosos” (”também conhecido como ‘Anos Dourados”, foi o termo utilizado para designar o período em que o capitalismo vigorou (40-70), pautado numa estabilidade econômica, no controle das relações salariais, no pleno emprego, na melhoria das condições de vida devido às medidas adotadas pelo Estado de Bem-Estar Social. O capitalismo desse período funcionava a partir do fordismo-keynesianismo que adotava “um conjunto de Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 76 www.especificasconcursos.com.br práticas de controle do trabalho, tecnologias, hábitos de consumo e configurações de poder político-econômico”. (HARVEY, 2010, p.119)). O aumento do valor da matéria-prima, os altos índices de inflação, uma série de falências, as crises bancárias, a crise do petróleo 1973/74 (A crise do petróleo foi alavancada pela decisão da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) de aumentar os preços do petróleo, assim como, pelo embargo do petróleo aos países ocidentais por parte dos países árabes, durante a guerra de 1973 entre árabes e israelenses. Tais decisões acarretaram um forte aumento dos insumos de energia e, ainda, uma instabilidade financeira por conta dos petrodólares excedentes. (HARVEY, 2010)), a queda na taxa de lucro foram sinais importantes de que o sonho havia terminado. Nesse ínterim, o capitalismo inicia um processo de transição que o faz ganhar novas configuraçõese contornos. De fato, nas últimas três décadas do século XX e limiar do século XXI, o sistema do capital assume uma hegemonia financeira, mundializada, complexa, em que a crise é uma constante. De acordo com Mandel (1985), a partir da década de 1970, tem-se início a uma nova fase do capitalismo, caracterizada pelos processos de globalização dos mercados e do trabalho, pela intensificação dos fluxos internacionais do capital, pelos processos de financeirização da economia. A rigor, em tempos de capitalismo contemporâneo, Chesnais (1996) identifica o fenômeno da mundialização do capital numa fase de dominância financeira. De fato, o capital produtivo, comercial e financeiro vem superando as barreiras nacionais - o que exige um contexto necessariamente desregulamentado – em busca de sua acumulação ininterrupta em escala mundial. Cabe destacar que, nesse contexto, a esfera financeira passa a ser campo privilegiado na obtenção de lucros, através da forma dinheiro gerando mais dinheiro (D – D’), ou seja, por meio de um valor que valoriza a si mesmo, sem passar pela mediação da produção e da comercialização de mercadorias. Ressalte-se que essa autonomia da esfera Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 77 www.especificasconcursos.com.br financeira é relativa, uma vez que os capitais, que se valorizam nesta esfera, advêm dos setores produtivos com a produção de mais-valia. Em verdade, a riqueza produzida na esfera produtiva não é nela reinvestida, mas, antes, expropriada pelos setores financeiros, onde o capital se valoriza. Nesse contexto, o capital financeiro-especulativo (A especulação pode ser definida como uma operação que não tem nenhuma finalidade além do lucro que pode gerar), domina o capital produtivo, processo a que Chesnais dá o nome de financeirização da economia. A rigor, os efeitos do capital em crise são devastadores para o trabalhador: destrói- se força humana que trabalha; destituem-se direitos sociais; brutalizam-se uma grande massa de trabalhadores, tornam-se descartáveis tanto coisas como pessoas, lançando para fora dos circuitos do capital tudo que não lhe serve. (ANTUNES, 1997). No âmbito desta crise estrutural, o capitalismo encarna configurações peculiares em diferentes conjunturas. Em verdade, essas tendências globais impactam, de forma ainda mais devastadora, os países periféricos, em particular nos países do continente latino-americano, onde o Brasil está inserido. O sistema do capital, ao assumir uma versão financeira e mundializada, impactou de forma decisiva o mundo do trabalho. Em rigor, essa nova configuração capitalista trouxe consigo um largo processo de reestruturação da produção que acarretou grandes transformações para o trabalho e os trabalhadores. De fato, a partir da década de 1970, uma série de mudanças foi provocada na esfera da produção como forma de atender às novas exigências do capital. Nesse contexto, houve uma desconcentração e flexibilização do espaço físico produtivo, assim como novas tecnologias foram introduzidas no meio fabril. Em verdade, ocorreu uma retração dos setores produtivos, uma vez que eles já não garantiam a valorização do capital a contento, ao passo em que os investimentos Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 78 www.especificasconcursos.com.br capitalistas eram direcionados para os setores especulativo-financeiros, ocasionando crescimento desse setor (CHESNAIS, 1996). Segundo Harvey (2010), a reestruturação produtiva fez com que o padrão de produção fordista, que vigorou nos anos gloriosos do capitalismo, transitasse para o modo de produção toyotista. De fato, a produção em massa e em série, o controle dos tempos e movimentos, o trabalho parcelar, a separação entre planejamento e execução do modelo fordista-taylorista foram substituídos por uma produção flexível, orientada pela demanda, com estoque mínimo (sistema kanban), desconcentração produtiva, com a produção designada às pequenas unidades produtivas e emprego do trabalhador polivalente, sendo essas características próprias do modelo toyotista de produção. Cabe destacar que o processo de reestruturação da esfera da produção, alavancado pelos países de capitalismo avançado, teve rebatimentos específicos nos países de capitalismo periférico. No Brasil, esse processo inicia-se a partir da década de 1990 do século XX, nos governos de Collor e FHC. De acordo com Alves (2005), na década de 1980, inicia-se uma seletiva e restrita reestruturação produtiva no Brasil, através da introdução do toyotismo em apenas determinados setores da economia, como no caso da área automobilística. Cabe ressaltar que essa nova configuração que o capitalismo assume hodiernamente tem por base uma crise constante. De fato, para os referido autor, o processo de financeirização, mundialização e complexificação do sistema do capital é uma tentativa deste contornar sua crise e evitar o colapso. Assim, percebe-se que as dimensões adquiridas pelo capitalismo – últimas décadas do século XX e início do século XXI - não solucionou sua crise e não minimizou seus efeitos devastadores. Em verdade, essa nova configuração do sistema do capital aprofundou os elementos destrutivos que presidem a sua lógica. Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 79 www.especificasconcursos.com.br De acordo com Antunes (2007) e com Alves e Antunes (2004), observa-se, na era da produção toyotista e do trabalhador polivalente e flexível, um incremento expressivo de mão de obra feminina, que vem ocupando mais de 40% dos postos de trabalho nos países avançados. Verifica-se uma inclusão criminosa de crianças nos espaços de trabalho, principalmente dos países periféricos, enquanto um número significativo de jovens e idosos é lançado para fora do mercado laboral. Percebe-se, também, a inclusão de negros em trabalhos cada vez mais precários e a sua exclusão de postos de trabalho mais seguros, mais bem remunerados e de maior status. Ao discorrer sobre as relações precárias de trabalho, inicialmente é importante definir que na literatura o significado conceitual para o termo precário diz respeito a uma mudança, para pior, na qualidade das condições de trabalho, evidenciada no capitalismo, com a passagem da forma de produção fordista para a produção flexível. Nesse sentido, o termo precarização se construiu a partir da realidade concreta das transformações contemporâneas no mundo do trabalho vivenciadas pelos trabalhadores, através das más condições de trabalho a que estavam submetidos, refletidas na ausência e/ou redução dos direitos trabalhistas, no desemprego que assola grande parte da população, na fragilidade dos vínculos de trabalho, enfim, de diferentes formas que fragilizam acentuadamente a qualidade de vida do trabalhador. Cabe aqui salientar que há muitas imprecisões e indefinições nessa qualificação do trabalho como precário, pois o que parece explicar a atual situação do trabalho assalariado pode ocultar algumas características próprias ao assalariamento no capitalismo. Identificamos que há várias possibilidades para descrever os conceitos referentes à precarização das relações de trabalho, tais como: não estabilidade dos vínculos empregatícios, níveis salariais baixos,carga horária excessiva, infraestrutura não disponível para a realização do trabalho, redução dos direitos trabalhistas, Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 80 www.especificasconcursos.com.br aposentadoria, enfim requisitos necessários para a realização de um trabalho digno para o trabalhador. Estas são características que tanto podem ser aplicadas no setor privado como no setor público. Explicitaremos duas referências ao termo que parecem mais pertinentes e apontam o trabalho precário como: - A totalidade das condições inadequadas de trabalho, acompanhadas da ausência ou redução do gozo dos direitos trabalhistas por parte do trabalhador (BARALDI, 2005, p. 14). - A precarização do trabalho está diretamente relacionada ao aumento do assalariamento sem carteira assinada, do trabalho autônomo e do informal, da redução e/ ou ausência de direitos trabalhistas, bem como de suas respectivas implicações na jornada de trabalho e no tempo de permanência no trabalho, nos rendimentos do trabalhador, na possibilidade de acesso aos mecanismos de proteção social e nas condições de trabalho às quais são submetidos cotidianamente os trabalhadores (PARENZA, 2008, p. 35). Gabarito. Alternativa A 29. (2013) – FCC - TRT - 5ª Região (BA): Analista Judiciário - Serviço Social O trabalho constitui-se em categoria central para o modo de produção capitalista. Numa leitura crítica, a exploração do trabalho tem relação direta com a Questão Social. Neste contexto, pode-se afirmar: I. o trabalhador precisa vender sua força de trabalho, estabelecendo uma relação de emprego e uma relação salarial. II. na sociedade comandada pelo capital, o trabalho promove exploração e alienação, sendo assim, o trabalho assalariado desumaniza o trabalhador. III. o processo de trabalho submete-se à lei geral da acumulação capitalista que não promove maior distribuição de riqueza e sim maior desigualdade. Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 81 www.especificasconcursos.com.br Está correto o que se afirma em a) I e II, apenas. b) II e III, apenas. c) I e III, apenas. d) III, apenas. e) I, II e III. Comentários O trabalho constitui-se em categoria central para o modo de produção capitalista. Numa leitura crítica, a exploração do trabalho tem relação direta com a Questão Social. Podemos afirmar que no Modo de Produção Capitalista o trabalho (atividade criadora de valor) só pode se realizar sob comando do capital - processa-se uma subsunção do trabalho ao capital ou seja, o trabalhador precisa vender sua força de trabalho ao capitalista, estabelecendo uma relação de emprego, uma relação salarial. Essa relação (entre capital e trabalho), longe de realizar a "liberdade" (no sentido apontado), é uma relação de exploração e alienação. Portanto, o trabalho, ontologicamente determinante do ser social e da liberdade, na sociedade comandada pelo capital promove a exploração e alienação do trabalhador - o trabalho assalariado, portanto, desumaniza o trabalhador. Paralelamente, o processo de trabalho (ver Marx, 1980) submete-se à lei geral da acumulação capitalista, mostrando uma tendência decrescente da parte variável do capital (a força de trabalho). O resutado: maior desemprego e subemprego. Ou seja, se em sociedades pré-capitalistas o desemprego e a pauperização são o resultado (para além da desigualdade na distribuição da riqueza) do insuficiente desenvolvimento da produção de bens de consumo ou da escassez de produtos (ver Netto, 2001, p. 46), contrariamente no modo de produção capitalista a pobreza (pauperização absoluta ou relativa) é o resultado da acumulação privada Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 82 www.especificasconcursos.com.br de capital, mediante a exploração (da mais-valia), na relação entre capital e trabalho, donos dos meios de produção e donos de mera força de trabalho, exploradores e explorados. Gabarito. Letra E 30. (2009) - FUNRIO: INSS: Analista - Serviço Social Para Netto (2001), o combate à “questão social” pelo viés conservador, pressupõe. a) emancipar economicamente as populações pauperizadas b) a instituição de políticas sociais de caráter universalista c) o acesso eqüitativo aos meios de produção. d) erradicar a gênese da colaboração de classes. e) deixar intocados os fundamentos da sociedade burguesa Comentários. Segundo Netto (Cinco notas a propósito da "questão social", Revista Temporalis, ano II, nº 3, jan. a jun. de 2001) o conservadorismo busca enfrentar a questão social, além de naturalizá-la, através de programas de reformas que, de modo algum, colocariam em xeque a propriedade privada dos meios de produção. Desse modo, a questão social vira alvo de ações moralizadoras, pontuais, emergentes e paliativas, enquanto o cerne da problemática fica intocável, isto é, o modo de produção capitalista (e sua ordem econômico-social), o qual é o responsável pela gênese da questão social, tem suas bases intocadas. Para Netto (2001), o que de fato ocorre é um reformismo que busca conservar, pois a resposta dada as manifestações da questão social pelo viés conservador não altera os fundamentos da sociedade burguesa. Gabarito. Alternativa letra e 31. (2015) - FUNRIO: UFRB: Assistente Social Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 83 www.especificasconcursos.com.br Conceitualmente, a expressão “questão social”, foi utilizada para designar o processo de politização da desigualdade social inerente à constituição da sociedade burguesa. Sua emergência vincula-se ao surgimento do capitalismo e à pauperização dos trabalhadores. Esta concepção foi considerada como elemento que dá sustentação a profissão, e é sua base histórico- social. Além disso, pode ser considerada a) o processo de conceituação funcionalista da profissão. b) a proposta básica para o projeto de formação profissional. c) a percepção que o assistente social não faz parte deste processo. d) a natureza contraditória da profissão, que sempre coadunou com a classe trabalhadora. e) a orientação pluralista e simplista da formação profissional. Comentários. Em termos históricos-conceituais, a expressão questão social foi utilizada para designar o processo de politização da desigualdade social inerente à constituição da sociedade burguesa. Sua emergência vincular-se-ia ao surgimento do capitalismo e à pauperização dos trabalhadores e sua constituição, enquanto questão política, foi remetida ao século XIX, como resultado das lutas operárias, donde o protagonismo político da classe trabalhadora – à qual se creditou a capacidade de tornar públicas as suas precárias condições de vida e trabalho, expondo as contradições que marcam historicamente a relação entre o capital e o trabalho. Em linhas gerais, esta concepção de questão social, utilizada no texto de Iamamoto, de 1982, foi retomada em 1996 para fundamentar a “Proposta Básica para o Projeto de Formação Profissional” a que já me referi, oportunidade em que a questão social foi referendada como o “elementoque dá concretude à profissão, base de sua fundação histórico-social na realidade brasileira, devendo ser, a sua Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 84 www.especificasconcursos.com.br compreensão e análise, estruturadora dos conteúdos da formação profissional. (CARDOSO et al.,1997) Gabarito. Alternativa b 32. (2014) - FGV- TJ : Analista Judiciário – Assistente Social A desresponsabilização do Estado na implementação e execução de políticas universais e abrangentes, aliada à expansão do desemprego e à desconfiguração de vários direitos promulgados na Constituição Federal de 1988, dentre outros vetores, provocou uma retração no enfrentamento da questão social nos moldes tradicionalmente presentes no Brasil. Esse conjunto de fatores tem levado a população a recorrer ao Poder Judiciário para efetivação individual de direitos coletivos, tais como o acesso a serviços de saúde, a proteção de idosos etc., gerando o fenômeno da: a) aglutinação dos direitos sociais; b) indenização por perdas e danos; c) atribuição de responsabilidades do Estado; d) naturalização dos problemas sociais; e) judicialização dos conflitos sociais. Comentários. Segundo VIANNA, Tendo por um lado a ampliação dos direitos positivados na Constituição Federal de 1988, mas por outro, sua negação pelo Estado em diferentes instâncias administrativas, um novo fenômeno aparece na esfera pública - aqui concebida como campo de disputa de diferentes interesses sociais, demandando novos padrões de relação entre o Estado e a sociedade civil - denominado por juristas como "judicialização dos conflitos sociais" ou, ainda, "judicialização da política". Este fenômeno caracteriza-se pela transferência, para o Poder Judiciário, da responsabilidade de promover o enfrentamento à questão social, na perspectiva de efetivação dos direitos humanos. A sociedade civil, Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 85 www.especificasconcursos.com.br especialmente os setores mais pobres e desprotegidos, "depois da deslegitimação do Estado como instituição de proteção social, vêm procurando encontrar no judiciário um lugar substitutivo, como nas ações públicas e nos Juizados Especiais, para as suas expectativas de direitos e de aquisição de cidadania". Nesta mesma direção, Esteves (2005, p.16), coloca que: Enfraquecidas as formas de reivindicação social através do diálogo parlamentar possibilitado pela cidadania política, através do qual se reconheceram direitos que foram positivados mas não adquiriram eficácia, e da constatação de que, muitas das vezes, é a própria atividade governamental realizada pelo executivo que impede a consolidação dos direitos sociais, a sociedade passa a incumbir o judiciário na tarefa de possibilitar a efetividade dos direitos sociais e realização da cidadania social. Gabarito. Alternativa E 33- (2014) – CEPERJ - VIVA COMUNIDADE: Assistente Social Sobre o debate da Questão Social, Netto (2001) nos oferece elementos essenciais para compreender a gênese de utilização desta expressão e sua relação com fenômenos objetivos presentes na realidade social. O autor informa que a expressão “Questão Social” começa a ser utilizada na terceira década do século XIX e surge para dar conta do fenômeno do pauperismo, evidente na Europa Ocidental nesse período. Sendo assim, pode-se compreender, a partir do autor citado, que as expressões da “Questão Social”, estão relacionadas aos aspectos mais imediatos da: a) crise do Estado-Nação b) mudança de Regime Produtivo c) instauração do capitalismo financeiro d) instauração do capitalismo em seu estágio industrial concorrencial Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 86 www.especificasconcursos.com.br e) instauração do capitalismo monopolista, imperialista e industrial, que ocasionou uma onda de pobreza por sobre a classe trabalhadora Comentários. A expressão surge para dar conta do fenômeno mais evidente da história de uma Europa Ocidental que experimentava os impactos da primeira onda industrializante, iniciada na Inglaterra no último quartel do século XVIII: trata-se do fenômeno do pauperismo. Com efeito, a pauperização massiva da população trabalhadora constituiu o aspecto mais imediato da instauração do capitalismo em seu estágio industrial-concorrencial. (NETTO, 2010) Gabarito. Alternativa D 34. (2008) - FJG – RIO - COMLURB: Assistente Social Na opinião de Montaño (2002), a transferência da responsabilidade do Estado (no que se refere à intervenção na ‘questão social’) para a esfera do 3º . Setor, seguindo os valores da solidariedade voluntária e local, da auto-ajuda e da ajuda mútua, tem por objetivo: a) aumento da eficácia e eficiência das ONGs b) contribuição para o fortalecimento da sociedade civil e dos setores populares c) ampliação do Estado de Direito d) retirada e esvaziamento da dimensão de direito universal do cidadão quanto a políticas sociais (estatais) de qualidade Comentários. O objetivo de retirar o Estado (e o capital) da responsabilidade de intervenção na “questão social” e de transferi-los à esfera do “terceiro setor”, não é por motivos de eficiência e/ou de gestão gerencial democrática. Nem mesmo é válida a tese de estar em jogo razões econômicas, isto é, a necessidade de reduzir custos necessários para sustentar esta função estatal, eximindo-o dos gastos com o social. O motivo, segundo Montaño (2006, p. 27) é fundamentalmente político- ideológico: Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 87 www.especificasconcursos.com.br [...] retirar e esvaziar a dimensão de direito universal do cidadão em relação a políticas sociais (estatais) de qualidade; criar uma cultura de auto-culpa pelas mazelas que afetam a população, e de auto-ajuda e ajuda-mutua para seu enfrentamento; desonerar o capital de tais responsabilidades, criando, por um lado, uma imagem de transferência de responsabilidades, e por outro, criando, a partir da precarização e focalização (não universalização) da ação social estatal e do “terceiro setor”, uma nova e abundante demanda lucrativa para o setor empresarial. Gabarito. Alternativa D 35. (2008) - FJG – RIO COMLURB: Assistente Social A expressão “Questão Social” para Iamamoto é apreendida como: a) desigualdades sociais entre pobres e ricos b) “situação social problema”, ou seja, as dificuldades vividas pelos indivíduos c) pauperização da população d) conjunto das expressões das desigualdades da sociedade capitalista madura. Comentários. Para Iamamoto, a questão social é apreendida como o conjunto das expressões das desigualdades da sociedade capitalista madura, que tem uma raiz comum: a produção social é cada vez mais coletiva, o trabalho torna-se mais amplamente social, enquanto a apropriação dos seus frutos mantém-se privada, monopolizada por uma parte da sociedade Gabarito. Alternativa D 36 – 2014 – CEPERJ - VIVA COMUNIDADE: Assistente Social Behring e Santos (2009), em estudo que se propõe a analisar os vínculos históricos entrequestão social e direitos, apontam a questão social como eixo central e polêmico no Serviço Social. As autoras ressaltam que, em geral, partindo de uma Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 88 www.especificasconcursos.com.br perspectiva reducionista e positivista que não considere a totalidade da realidade social, a questão social aparece como: a) risco social, exclusão social, fenômeno social relacionado à incapacidade individual dos sujeitos sociais b) pauperismo, pobreza extrema, fruto da desigualdade social gerada pela sociedade capitalista c) vulnerabilidade social causada pela atual expressão do Estado que, num processo de desresponsabilização, reduz os gastos sociais d) pobreza, violência e banalização do humano e) problema social, fato social, fenômeno social desvinculado da forma com que a sociedade produz e reproduz as relações sociais Comentários. Numa perspectiva reducionista e positivista, em geral, a questão social aparece como problema social, fato social, fenômeno social desvinculado da forma com que a sociedade produz e reproduz as relações sociais. Gabarito. Alternativa E 37 – 2014 – CEPERJ - VIVA COMUNIDADE-VIVA RIO: Assistente Social Iamamoto (2008), ao analisar o Serviço Social em tempos de capital e fetiche, informa que a questão social passa a ser objeto de um “processo de criminalização”, atingindo as classes pobres. Em meio a esse contexto, pode-se verificar a retomada de uma noção que fundamentou o olhar sobre os pobres no Brasil. A noção que historicamente caracterizou as classes pobres na realidade brasileira é a noção de: a) vagabundos, para os quais a proteção social acaba por ser prejudicial b) classes subalternas c) classes perigosas d) violentos que necessitam ser contidos Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 89 www.especificasconcursos.com.br e) carentes e em vulnerabilidade social Comentários. Segundo Iamamoto, atualmente, a questão social passa a ser objeto de um violento “processo de criminalização” que atinge as classes subalternas. Recicla-se a noção de “classes perigosas” — não mais laboriosas —, sujeitas a repressão e extinção. A tendência de naturalizar a questão social é acompanhada da transformação de suas manifestações em objeto de programas assistenciais focalizados de “combate à pobreza” ou em expressões da violência aos pobres, cuja resposta é a segurança e repressão oficiais. Gabarito. Alternativa C 39 . (2009) - CESPE - Ministério da Saúde: Assistente Social Alguns equívocos podem ocorrer na análise da questão social quando suas várias e diferenciadas expressões são desvinculadas de sua gênese comum. Tendo como referência esse assunto, julgue os itens a seguir. Um dos equívocos que pode haver na análise das questões sociais é a perda da dimensão coletiva da questão social, atribuindo unilateralmente a responsabilidade aos indivíduos e(ou) às suas famílias pelas dificuldades vivenciadas. Comentários. Segundo Iamamoto, a questão social é indissociável da sociedade capitalista e, particularmente, das configurações assumidas pelo trabalho e pelo Estado na expansão monopolista. A gênese da questão social na sociedade burguesa deriva do caráter coletivo da produção contraposto à apropriação privada da própria atividade humana, o trabalho, das condições necessárias à sua realização, assim com a de seus derivados. A questão social une o conjunto das desigualdades e lutas sociais, produzidas e reproduzidas no movimento contraditório das relações sociais, alcançando plenitude de suas expressões e matrizes em tempo de fetiche do capital. Então, o Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 90 www.especificasconcursos.com.br processo de acumulação produz uma população relativamente supérflua e subsidiária às necessidades médias de seu aproveitamento pelo capital. Sendo esta que é específica da ordem burguesa e das relações sociais que a sustentam, é compreendida como expressão ampliada da exploração do trabalho e das desigualdades oriunda do modo de produção capitalista. Ao ponto que o Serviço Social tem na questão social a base de sua fundação enquanto especialização do trabalho. Os assistentes sociais, por meio da prestação de serviços sócio-assistenciais realizados nas instituições públicas e organizações privadas, interferem nas relações sociais cotidianas, no atendimento às variadas expressões da questão social, tais como experimentadas pelos indivíduos sociais no trabalho, na família, na luta pela moradia e pela terra, na saúde, na assistência social pública, entre outras dimensões. Atualmente, a questão social passa a ser objeto de um violento “processo de descriminalização”, influenciado pela tendência de naturalização da questão social, sendo ela objeto de programas assistenciais focalizados de “combate à pobreza” ou em expressões da violência dos pobres, cuja a resposta é a segurança e a repressão oficiais; demonstrando a ineficiência do Estado, esse mesmo que apresenta propostas “imediatas” para enfrentar a questão-social, com a articulação de uma assistência focalizada/repressão, com o reforço do braço coercitivo do Estado, em detrimento da construção do consenso necessário ao regime democrático, que é motivo de inquietação. Observando essa tendência que caminha a fragmentação das inúmeras “faces da questão social”, atribuindo unilateralmente aos indivíduos e seus familiares a responsabilidade pelas dificuldades vividas. Acarretando a perda da dimensão coletiva e o recorte da classe da questão social, isentando a sociedade de classes da responsabilidade na produção das desigualdades sociais, armadilha ideológica, Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 91 www.especificasconcursos.com.br eliminando o nível da análise, da dimensão coletiva da questão social, reduzindo-a uma dificuldade, apenas, do indivíduo. Gabarito. Certo 40 - 2009 - CESPE - Ministério da Saúde – Assistente Social Alguns equívocos podem ocorrer na análise da questão social quando suas várias e diferenciadas expressões são desvinculadas de sua gênese comum. Tendo como referência esse assunto, julgue os itens a seguir. A pulverização da questão social resulta na atomização de suas múltiplas expressões, as várias questões sociais, em detrimento da perspectiva de unidade. Comentários. A questão social vem sendo enfrentada de forma paliativa, fragmentada e descontínua por algumas tendência conservadora/neoconservadora/eclética . Cabe aqui a explicação dada por Iamamoto, que já havia alertado sobre o equívoco teórico que é utilizar a expressão "questões sociais": Por uma artimanha ideológica, elimina-se, no nível da análise, a dimensão coletiva da questão social, reduzindo-a a uma dificuldade do indivíduo. A pulverização da questão social, típica da ótica liberal, resulta na autonomização de suas múltiplas expressões — as várias "questões sociais" —, em detrimento da perspectiva de unidade. Impede assim de resgatar a origem da questão social imanente à organização social capitalista, oque não elide a necessidade de apreender as múltiplas expressões e formas concretas que assume (2001, p. 18). Assim, não causa tanto espanto que a tendência conservadora/neoconservadora/eclética utilize a expressão "questões sociais", uma vez que ela remete a uma individualização e a uma pulverização no enfrentamento da "questão social", numa atitude de tentar esconder as contradições estruturais presentes e causadas pela sociedade capitalista. Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 92 www.especificasconcursos.com.br Gabarito. Alternativa Correta 41. (2014) - CESPE - TJ-SE: Analista Judiciário - Serviço Social No que tange às áreas e demandas profissionais do assistente social, julgue o item subsequente. A centralidade da questão social como matéria do serviço social permite que se considere a inserção profissional do assistente social nos Poderes Legislativo e Judiciário, haja vista essas esferas não possuírem função executiva das políticas sociais públicas. Comentários. Questão correta Gabarito. Alternativa Correta 42. (2014) - CEFET-MG: Assistente Social De acordo com Pastorini (2010), a questão social assume expressões diversas e particulares, dependendo das diferentes organizações e formação social das sociedades capitalistas. Para compreendê-la,é mister considerar o(a)(s) a) cenário político do país. b) novos indicadores estatísticos. c) organização dos trabalhadores. d) sucessão cronológica dos fatos históricos. e) planejamento estratégico educacional do país. Comentários. A questão social decorre das contradições inerentes ao sistema capitalista, cujos traços particulares vão depender das características históricas da formação econômica e política de cada país e/ou região. Gabarito. Alternativa A Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 93 www.especificasconcursos.com.br 43. (2013) – FGV - AL-MT: Assistente Social Sobre as relações entre a condição sócioinstitucional e a legitimidade profissional no âmbito institucional, assinale a afirmativa correta. a) O lugar do Serviço Social nos âmbitos institucional e organizacional justifica- se pela maturidade científica que a profissão alcançou. b) O estatuto profissional do Serviço Social decorre do seu adensamento teórico em detrimento de sua dimensão técnico-interventiva. c) A incorporação de matrizes teóricas culturais oriundas das ciências sociais redefiniu o estatuto profissional e deu-lhe legitimidade profissional. d) O Serviço Social é tanto mais requisitado na estrutura institucional quanto mais a questão social se torna alvo da administração. e) O Serviço Social legitima-se no âmbito institucional quando se torna capaz de definir uma teoria e uma metodologia adequadas aos propósitos institucionais. Comentários. Do ponto de vista da estrutura institucional o assistente social é tanto mais requisitado quanto mais as refrações da `questão social’ se tornam objeto de administração, independentemente da sua modalidade de intervenção. NETTO, J. P. Capitalismo Monopolista e Serviço Social. São Paulo, Cortez, 1992. Gabarito. Alternativa D 44. (2014) – FUNCAB -PRODAM-AM: Assistente Social Resolvi errado No processo de trabalho do assistente social, as diversas expressões da questão social constituem: a) instrumentos. b) meios de trabalho. c) trabalho. Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 94 www.especificasconcursos.com.br d) matéria-prima. e) meios de produção. Comentários. A questão social é a principal base material instituinte e instituída das práticas profissionais do Assistente Social. Historicamente o profissional é requisitado a compreender e dar resposta às problemáticas, situações, necessidades e demandas postas e repostas pela questão social. Gabarito. Alternativa D 45. (2014) - UFBA: Assistente Social De acordo com Iamamoto e Paulo Netto, a crise do capital, na contemporaneidade, gera uma nova questão social. Comentários. Autores como Marilda Iamamoto (2001), José Paulo Netto (2001), Maria Carmelita Yazbek (2001), Potyara Pereira (2001), Alejandra Pastorini (2007), Marilda Iamamoto (2008) são categóricos em afirmar que não há uma nova “questão social”, já que se mantêm os traços essenciais da “questão social”, surgidos no século XIX, cujo fundamento é o trabalho. Eles não foram superados e permanecem até os dias atuais, só que em sua forma mais radical e alienada: na banalização do humano e invisibilidade do trabalho social. Pois, a “questão social” assume expressões particulares dependendo das peculiaridades de cada formação social e da forma de inserção de cada país na ordem capitalista. Para Netto, inexiste qualquer “nova questão social” e sim “a emergência de novas expressões da ‘questão social’ que é insuprimível sem a supressão da ordem do capital. A dinâmica societária específica dessa ordem não só põe e repõe os corolários da exploração que a constitui medularmente: a cada novo estágio de seu desenvolvimento, ela instaura expressões sócio-humanas diferenciadas e mais Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 95 www.especificasconcursos.com.br complexas, correspondentes à intensificação da exploração que é a sua razão de ser” (2001, p.48). Gabarito. Alternativa Errada 46. (2014) – UFBA: Assistente Social No Brasil, a partir dos anos de 1930, as intervenções do Estado nas expressões da questão social passaram a ocorrer de maneira contínua e sistemática. Comentários. Durante quase toda a Primeira República a questão social foi considerada no Brasil como "caso de polícia". Desde a década de 1910, entretanto, enquanto o processo de industrialização se acelerava, o movimento operário procurava obter dos empresários e dos políticos algum tipo de proteção ao trabalho que levasse à criação de uma legislação social no país. Foi só a partir de 1930, no entanto, que essa legislação passou a ser realmente implementada, tanto na área trabalhista quanto na previdenciária. Até a inauguração da Era Vargas o direito social brasileiro só abrangia alguns poucos aspectos da questão trabalhista e menos ainda da questão previdenciária. Seja como for, a implantação de uma legislação social como um todo após a Revolução de 1930 tem suas raízes nessas iniciativas pioneiras e na luta dos trabalhadores desse período. Gabarito. Alternativa Correta 47. 2014 - CEFET-MG - CEFET-MG: Assistente Social Mota (2010) e Pastorini (2010) concluem que não existe a denominada “nova questão social”. Essas autoras reafirmam que a questão social decorre da(o) a) violência urbana e rural e da falta de políticas públicas na prevenção à criminalidade. Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 96 www.especificasconcursos.com.br b) ausência de cidadaniae de direitos sociais, na contemporaneidade, como no campo educacional. c) crescimento do desemprego, da desigualdade, da exclusão e das novas formas de pobreza, ocorridas nas sociedades. d) expressão das manifestações das desigualdades e dos antagonismos ancorados nas contradições da sociedade capitalista. e) fim dos empregos, praticamente sem trabalhadores que ocupam postos no mercado formal na sociedade contemporânea. Comentários. Para essas Autoras, as principais manifestações da “questão social” – a pauperização, a exclusão, as desigualdades sociais – são decorrências das contradições inerentes ao sistema capitalista, cujos traços particulares vão depender das características históricas da formação econômica e política de cada país e/ou região. Diferentes estágios capitalistas produzem distintas expressões da “questão social Gabarito. Alternativa D 48. (2009) – FCC - MPE-SE: Analista do Ministério Público – Especialidade Serviço Social Em referência à questão social na sociedade contemporânea, considere: I. Foram as lutas sociais que fizeram com que a questão social se transformasse numa questão política e pública. II. Utilizar o termo exclusão social significa sintetizar o que é a própria questão social. III. A questão social é a expressão das desigualdades sociais produzidas e reproduzidas na dinâmica contraditória das relações sociais. IV. As complexas mediações sociais, com clivagem de classe, gênero, etnicorraciais, geracionais fazem da questão social um fenômeno complexo e multifacetado. Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 97 www.especificasconcursos.com.br V. Os processos de mundialização da economia e sua financeirização produziram redefinições pouco significativas nas manifestações da questão social. Está correto o que se afirma APENAS em a) I, II e III. b) I, II e IV. c) I, III e IV. d) II, III e IV. e) III, IV e V. Comentários. O Item II esta errado assim como, o item V. Ao contrário do que o item V apresenta, os processos de mundialização da economia e sua financeirização produziram redefinições significativas nas manifestações da questão social. Gabarito. Alternativa C 49. (2006) - UEG: TJ-GO: Técnico Judiciário - Assistente Social Segundo Iamamoto (O Serviço Social na Contemporaneidade, 2003, p. 27), o “Serviço Social tem na questão social a base de sua fundação como especialização do trabalho”. Nesse sentido, é CORRETO afirmar: a) A questão social constitui-se, atualmente, de problemas sociais vivenciados pelas famílias em situação de risco e exclusão social. b) Para o efetivo enfrentamento da questão social é necessário apreendê-la como o conjunto das expressões das desigualdades produzidas pela sociedade capitalista como resultado da contradição entre capital e trabalho. c) O objeto de intervenção do Serviço Social – a questão social – formou-se historicamente nas situações de pobreza vivenciadas pelos segmentos sociais subalternizados. Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 98 www.especificasconcursos.com.br d) O enfrentamento das expressões da questão social deve ser efetivado considerando um amplo aperfeiçoamento técnico-operativo do assistente social, tendo em vista uma intervenção qualificada. Comentários. O Serviço Social tem na questão social a base de sua fundação como especialização do trabalho. Questão social apreendida como o conjunto das expressões das desigualdades da sociedade capitalista madura, que tem sua raiz comum: a produção social cada vez mais coletiva, o trabalho torna-se mais amplamente social, enquanto a apropriação dos seus frutos mantém-se privada, monopolizada por uma parte da sociedade. Gabarito. Alternativa B. 50. (2014) - CEPERJ - VIVA COMUNIDADE-VIVA RIO : Assistente Social A partir da análise crítica realizada por Sousa e Oliveira (2011) sobre a criminalização dos pobres no contexto de crise do capital relaciona-se ao modo de ser e estar da população pobre em meio ao atual contexto social, o fato de que se tem assistido: a) à expansão das atividades criminosas como estratégia de integração marginal à economia por parte de indivíduos e grupos que fazem parte de uma população sobrante, que possui invariavelmente características ético-raciais específicas e, não por coincidência, são os típicos habitantes das comunidades populares b) à expansão da ação do Estado-penal através de medidas de proteção social, voltadas a garantir os mínimos sociais, para uma população sobrante que, apesar de se empenhar, não consegue se inserir no mercado formal de trabalho c) ao aumento da violência por parte de moradores de comunidades populares, como estratégia de proteção contra as ações de “pacificação” proposta pelo Estado, ainda que estas visem à promoção, à integração e ao bem-estar destes indivíduos Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 99 www.especificasconcursos.com.br d) a eventos de manifestação pacífica por parte das populações pobres, habitantes de comunidades populares, que se espelham nas manifestações pacíficas propagadas pela classe média brasileira e) ao aumento da prisão por parte da polícia de indivíduos que cometeram crimes de baixo teor ofensivo, mas que devido ao uso de drogas como o crack devem ser considerados como de alta periculosidade Comentários. A expansão das atividades criminosas como estratégia de integração marginal à economia por parte de indivíduos e grupos que fazem parte de uma população sobrante, que possui invariavelmente características ético- raciais específicas e, não por coincidência, são os típicos habitantes das comunidades populares. Foi considerada a alternativa correta pela banca. Gabarito. Alternativa A 51. (2015) - CONSULPLAN - HOB - Técnico Superior da Saúde: Assistente Social O Estado tem transferido esta tarefa de provedor dos direitos sociais para o mercado e para a solidariedade do “terceiro setor”. A questão social, enquanto expressão máxima da contradição capital/trabalho e da histórica desigualdade entre às classes, tem sido ampliada e potencializada pelo atual quadro de reestruturação do capitalismo contemporâneo. Analise as alternativas em relação aos elementos que se observa no contexto atual de enfrentamento da questão social. I. Regressão de direitos. II. Avanço nas políticas voltadas à justiça social. III. Assistencialização das políticas sociais. IV. Maior investimento do Estado em políticas de proteção social. Estão corretas apenas as alternativas a) I e III. Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 100 www.especificasconcursos.com.br b) II e IV. c) I, II e III. d) II, III e IV. Comentários. Com o discurso da insuficiência de recursos, o Estado transfere para a esfera da sociedade civil a responsabilidade de assistir os setores da população descobertos pelos precários serviços públicos, mediante práticas voluntárias, filantrópicas e caritativas. Cresce o chamado “terceiro setor”composto por um conjunto de ONGs, fundações empresariais, associações comunitárias, movimentos sociais etc. que visam substituir o papel do Estado na oferta de políticas sociais. Trata-se de “um novo padrão [...] para a função social de respostas às sequelas da ‘questão social’, seguindo os valores da solidariedade voluntária e local, da autoajuda e da ajuda mútua” As respostas às refrações da questão social deixam de constituir uma responsabilidade do Estado e um direito do cidadão e passam a ser agora de responsabilidade dos próprios sujeitos portadores de necessidades ou uma opção do voluntário que “ajuda” o próximo. O trato contemporâneo à questão social tem abarcado três dimensões: a intervenção estatal precária; a intervenção mercantil, de boa qualidade voltada apenas para quem tem meios de adquiri-la e a intervenção filantrópica, sem garantia de permanência. A questão social se tornou objeto de ações precárias, focalizadas e filantrópicas, que em nada favorecem o protagonismo e a emancipação da classe trabalhadora. Ou seja, as propostas neoliberais apontam para um “espantoso minimalismo frente a uma ‘questão social’ maximizada” (NETTO, 2012: 428). As políticas sociais estatais que se propõem a enfrentar a questão social na atualidade se tornam cada vez mais sucateadas e com acesso cada vez mais restrito, o que acaba por anular a sua dimensão de direito, caracterizando uma espécie de “clientelismo (pós) moderno” (BEHRING, 2003: 65) e reforçando o assistencialismo. A função das políticas sociais, Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 101 www.especificasconcursos.com.br no ideário neoliberal, é meramente complementar, apenas para compensar o que não pode ser acessado via mercado. Em fim, o discurso de "crise do Estado" e de sua ineficiência de gestão se fortalece ao mesmo tempo em que é repassada para a sociedade, via solidariedade e filantropia, a responsabilidade pelo atendimento das demandas sociais resultantes da "questão social". Assim, se reforça o caráter excludente do modelo de sistema capitalista implantado no país onde o direito social vem sendo substituído, de forma cada vez mais ampla, pela benesse. Gabarito. Alternativa A 52. (2015) - FGV - DPE- MT: Assistente Social Um elemento fundamental a todo projeto é a sua fundamentação teórica. Dessa forma, quando o pressuposto teórico é alimentado por uma visão de mundo dialético-crítica, ele se baseia na compreensão das refrações da “questão social” como a) produto da vontade divina. b) intrínseco ao modo de produção capitalista. c) consequência de um comportamento individual. d) resultantes das ações intencionais da classe dominante. e) falta de capacitação ou sorte de indivíduos ou grupos que enfrentam dificuldades para sobreviver. Comentários. Um elemento fundamental e essencial a todo projeto diz respeito à filiação teórica com a qual é construído o projeto de trabalho. Embora seja de domínio público a identificação da profissão com o referencial dialético-crítico, ainda é possível encontrar propostas com outras filiações teóricas. Assim, é necessário clarificar quais são os pressupostos teóricos que vão dar concretude ao trabalho. Para isso, é preciso ter claro que, ao se filiar à teoria dialético-crítica, o Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 102 www.especificasconcursos.com.br profissional está alimentado por uma visão de mundo que compreende as refrações da questão social como produto intrínseco do capitalismo, e não como consequência de um posicionamento individual do sujeito, de seus familiares e de seus grupos, que, por falta de capacitação ou sorte, enfrentam dificuldades para sobreviver. Gabarito. Alternativa B 53. (2015) - FGV - DPE-MT: Assistente Social Contemporaneamente, a necessidade de reduzir a ação do Estado na “questão social” ocorre mediante a) a ampliação dos direitos sociais. b) a restrição de gastos sociais. c) o empoderamento dos segmentos vulneráveis. d) o crescimento do trabalho formal. e) a contratação de assistentes sociais. Comentários. Com o discurso da insuficiência de recursos, o Estado transfere para a esfera da sociedade civil a responsabilidade de assistir os setores da população descobertos pelos precários serviços públicos, mediante práticas voluntárias, filantrópicas e caritativas. Gabarito. Alternativa B 54. (2015) - FGV - DPE-MT: Assistente Social Uma das estratégias do Estado burguês para o enfrentamento da “questão social” reside na implantação das políticas sociais. No Brasil, esta estratégia começa a ser efetivada a) como consequência da institucionalização do Serviço Social. b) devido à pressão dos sindicatos patronais. Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 103 www.especificasconcursos.com.br c) a partir da crise estrutural do capitalismo da década de 1970. d) mediante o reconhecimento das necessidades da população pobre. e) com a emergência do capitalismo monopolista. Comentários. O Estado assume no capitalismo monopolista , no que toca às políticas sociais, o papel de “conciliador/mediador” entre os interesses dos burgueses e proletários, tornando necessária a intervenção prática do Estado desempenhando este na transição do capitalismo concorrencial para o capitalismo monopolista, o papel de mediador entre os interesses (antagônicos) de ambas as classes sob a égide burguesa. Nesse sentido, foi feita uma série de medidas de políticas sociais, como uma forma de enfrentamento das múltiplas questões sociais, ao mesmo tempo em que o Estado conseguia a adesão dos trabalhadores, da classe média e dos grupos dominantes. Alternativa E 55. (2015) – FGV - TJ-BA - Analista Judiciário: Serviço Social e acordo com Montaño (1 ), a passagem da “lógica do stado” para a “lógica da sociedade civil” evidencia um novo trato à “questão social”, que se caracteriza pela coexistência de três tipos de respostas: a) incentivo à organização dos trabalhadores, expansão da proteção social e controle social efetivo das políticas sociais estatais; b) refilantropização das respostas à questão social, precarização das políticas sociais estatais e remercantilização dos serviços sociais; c) universalização das políticas sociais, aumento das políticas de transferência de renda e incremento da participação popular na efetivação das políticas sociais; d) expansão dos direitos trabalhistas, reforma sindical em favor dos trabalhadores e realização de Conferências Nacionais de Saúde e Assistência Social; Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 104 www.especificasconcursos.com.br e) privilegiamento das problemáticas sociais das populações pobres, redução de impostos compulsórios e aumento do crédito para as camadas vulnerabilizadas. Comentários. As muitas premissas que norteavam e buscavam construir o Welfare State deixaram de prevalecer diante da crise capitalista mundial, que se desenvolve desde o final dos anos de 1960 até os dias atuais, e que se generaliza, pondo em xeque a articulação trabalho,direitos e proteção social, sem que sequer tenha sido alcançado aqui no Brasil um Estado de Bem-Estar, como ocorreu nos países capitalistas centrais. Com essa crise, desencadear-se-á uma forte reação burguesa, o que implicará em mudanças econômicas, políticas, sociais e institucionais. De acordo com Yazbek (2004), essas mudanças se explicam a partir da reestruturação produtiva globalizada implementada com base no ideário neoliberal que acaba trazendo uma reversão política conservadora que vai erodir as bases dos sistemas de proteção social e redirecionar as intervenções estatais na produção e na distribuição da riqueza socialmente produzida. A autora ainda aponta como parte desse quadro “a crônica crise das políticas sociais, seu re- ordenamento e sua subordinação às políticas de estabilização da economia, com suas restrições aos gastos públicos e sua perspectiva privatizadora” (Yazbek, 2004, p. 3). Como resposta ao aprofundamento da questão social, diante das transformações societárias em curso e diante da consolidação do projeto neoliberal, o Estado minimizado, segundo Montaño (2003), vai impor um novo trato à questão social, significando basicamente a coexistência de três tipos de respostas: a precarização das políticas sociais estatais (desconcentração e focalização dessas políticas, dirigidas às populações mais carentes), a remercantilização dos serviços sociais (são transformados em “serviços mercantis”, em mercadorias, fornecidos pelo setor empresarial aos “cidadãos plenamente integrados”), e por fim, a refilantropização das respostas à questão social (amplos setores da população ficarão descobertos Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 105 www.especificasconcursos.com.br pela assistência estatal e não terão condições de pagar pelos caros serviços privados, repassando para a sociedade civil assistilos mediante práticas filantrópicas e caritativas). Gabarito. Alternativa B 56. (2015) – FGV - TJ-BA - Analista Judiciário - Serviço Social A crise capitalista dos últimos 30 anos, somada à reestruturação produtiva, tem como resultado a exponenciação da “questão social” e o aumento da pobreza. Uma das consequencias, para o Serviço Social, do deslocamento da atenção à pobreza da esfera pública dos direitos para a dimensão privada do dever moral, é: a) a ampliação de políticas de qualificação profissional; b) a criação de novos postos de emprego; c) o aprofundamento do traço histórico assistencialista d) chamar a atenção para as camadas subalternas; e) produzir cursos para os segmentos vulnerabilizados. Comentários. A atual desregulamentação das políticas públicas e dos direitos sociais desloca a atenção à pobreza para a iniciativa privada ou individual, impulsionada por motivações solidárias e benemerentes, submetidas ao arbítrio do indivíduo isolado, e não à responsabilidade pública do Estado. As conseqüências de transitar a atenção à pobreza da esfera pública dos direitos para a dimensão privada do dever moral são: a ruptura da universalidade dos direitos e da possibilidade de sua reclamação judicial, a dissolução de continuidade da prestação dos serviços submetidos à decisão privada, tendentes a aprofundar o traço histórico assistencialista e a regressão dos direitos sociais. Alternativa C 57. (2014) – FUNCA - SEDS- Analista em Defesa Social - Serviço Social Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 106 www.especificasconcursos.com.br Ao ser analisada a questão social, sua pulverização resulta na autonomização de suas múltiplas expressões, em detrimento da perspectiva de: a) generalidade b) visão unívoca. c) unidade d) particularidade Responder. A pulverização da questão social, típica da ótica liberal, resulta na autonomização de suas múltiplas expressões — as várias "questões sociais" —, em detrimento da perspectiva de unidade. Impede assim de resgatar a origem da questão social imanente à organização social capitalista, o que não elide a necessidade de apreender as múltiplas expressões e formas concretas que assume. Assim, a tendência conservadora/neoconservadora/eclética utilize a expressão "questões sociais", uma vez que ela remete a uma individualização e a uma pulverização no enfrentamento da "questão social", numa atitude de tentar esconder as ontradições estruturais presentes e causadas pela sociedade capitalista. Gabarito. Alternativa C 58. (2014) – FUNCAB - SEDS- Analista em Defesa Social - Serviço Social Quando as múltiplas e diferenciadas expressões da questão social são desvinculadas de sua gênese comum, pode ocorrer a pulverização e a fragmentação das questões sociais, redundando como consequência na(o): a) ampliação da dimensão coletiva e da participação da sociedade de classe. b) responsabilização dos indivíduos e suas famílias das dificuldades vividas. c) esvaziamento das particularidades da questão social. d) visão unívoca e indiferenciada da questão social. Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 107 www.especificasconcursos.com.br Comentários. Uma armadilha contemporânea no cotidiano profissional do assistente social é a fragmentação da questão social ou de seu discurso genérico (observar que isso já foi perguntando em concursos anteriores). Isso traz como consequência a responsabilização dos sujeitos por suas dificuldades. Por uma artimanha ideológica elimina-se no nível de analise a dimensão coletiva da questão social reduzindo-se a uma dificuldade enfrentada pelo individuo. Para maior aprofundamento sugiro a leitura de As dimensões ético políticas e teorico metodologicas no Serviço Social contemporaneo (Iamamoto). Gabarito. Alternativa B 59. (2014) – FUNCAB - SEDS- Analista Socioeducador - Serviço Social Conforme os estudos relacionados à questão da pobreza e das desigualdades sociais existentes nos países de capitalismo periférico, e, sobretudo na realidade brasileira, pode-se afirmar que são produtos históricos: a) da ausência de capacidades dos indivíduos se organizarem econômica e financeiramente para que garantam seu acesso ao conjunto de bens e serviços ofertados pelas políticas públicas. b) das relações tensionadas entre capital e trabalho que organicamente produz a questão social que se manifesta no cotidiano por diversas expressões. c) da produção e reprodução das relações sociais forjadas no bojo do capitalismo e da capacidade teleológica de o homem transformar a natureza para atendimento de suas necessidades. d) da fragmentação das políticas públicas estatais que não alteram a estrutura dos problemas sociais gerados pelas altas taxas inflacionárias impactando no salário da classe trabalhadora. Responder. A dinâmica da realidade social, sempre em construção, propicia resultados também dinâmicos, por isso os processos sociais estão em constante Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 108 www.especificasconcursos.com.br processualidade e construção. Entretanto, existem alguns processos sociais que permanecem existentes no movimento histórico dos povose da civilização, bem como no processo histórico de consolidação da sociedade de classes, mediada pela relação entre capital e trabalho, que produz mais valia, sociedade salarial e inúmeras desigualdades entre os indivíduos, consequentemente à questão da pobreza. Gabarito. Alternativa B 60. (2014) – FUNCAB - SEDS- Analista Socioeducador - Serviço Social Diante da atual conjuntura socioeconômica e política brasileira que potencializam as múltiplas expressões da questão social, objeto de trabalho do assistente social, configuram-se como alguns dos desafios profissionais: a) a exigência de uma rigorosa formação teórico-metodológica que possibilite uma análise do processo de desenvolvimento capitalista e seus impactos na realidade brasileira e o cultivo de uma atitude crítica na defesa das condições de trabalho e da qualidade dos atendimentos. b) a mobilização política através de suas entidades representativas articulada aos movimentos sociais e tornar como base da prática profissional as demandas postas no mercado de trabalho sintonizadas com as normas e demandas institucionais. c) a articulação coletiva nas equipes interdisciplinares nos diversos espaços sócio- ocupacionais para a garantia de acesso aos direitos sociais e à vinculação com os diversos partidos políticos como potencializadores dasmudanças sociais. d) um intenso e constante aprimoramento intelectual a partir das diferentes concepções teóricas do campo das Ciências Sociais, qualificando seu processo de intervenção no cotidiano e o real conhecimento das demandas dos extratos mais empobrecidos das classes trabalhadoras. Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 109 www.especificasconcursos.com.br Comentários. A complexidade da sociedade atual exige um repensar contínuo do saber teórico e metodológico da profissão, da ampliação da pesquisa no conhecimento da realidade social, na produção do conhecimento sobre a organização da vida social e na busca da consolidação do projeto ético-político, por meio do exercício profissional nas atividades diárias, na inserção e participação política nas entidades nacionais de Serviço Social , na articulação com outros movimentos sociais em defesa dos interesses e necessidades da classe trabalhadora e em luta permanente contra as imposições do neoliberalismo, contra o predomínio do capital sobre o trabalho, da violência, do autoritarismo, da discriminação e de toda forma de opressão e de exploração humana. Gabarito. Alternativa A 61. (2014) - FGV - TJ-GO: Analista Judiciário A introdução de políticas neoliberais em todos os quadrantes do globo terrestre implicou uma ampliação do desemprego e a exponenciação da questão social. Uma das formas de o Estado neoliberal enfrentar a questão social na contemporaneidade tem sido a: a) instituição de novos direitos trabalhistas; b) contratação de interventores sociais; c) centralização das políticas estatais; d) universalização das políticas sociais públicas; e) criminalização dos pobres. Comentários. Segundo IAMAMOTO, Atualmente, a questão social passa a ser objeto de um violento "processo de criminalização" que atinge as classes subalternas. Recicla-se a noção de "classes perigosas" – não mais laboriosas -, sujeitas a repressão e extinção. A tendência de naturalizar a questão social é acompanhada da transformação de suas manifestações em objeto de programas Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 110 www.especificasconcursos.com.br assistenciais focalizados de "combate à pobreza" ou em expressões da violência aos pobres, cuja resposta é a segurança e repressão oficiais. Gabarito. Alternativa E 62. (2015) – CESPE - STJ: Analista Judiciário - Serviço Social Acerca da questão social e dos direitos de cidadania, julgue os próximos itens. Na atualidade, as políticas de enfrentamento da questão social expressam o reconhecimento da existência de problemas de cunho social por meio de políticas de amplo alcance e de caráter universal. Comentários. As políticas sociais estatais que se propõem a enfrentar a questão social na atualidade se tornam cada vez mais sucateadas e com acesso cada vez mais restrito, o que acaba por anular a sua dimensão de direito, caracterizando uma espécie de “clientelismo (pós) moderno” (BEHRING, 2003: 65) e reforçando o assistencialismo. A função das políticas sociais, no ideário neoliberal, é meramente complementar, apenas para compensar o que não pode ser acessado via mercado. Assim, a questão social se tornou objeto de ações precárias, focalizadas e filantrópicas, que em nada favorecem o protagonismo e a emancipação da classe trabalhadora. Ou seja, as propostas neoliberais apontam para um “espantoso minimalismo frente a uma ‘questão social’ maximizada” (NETTO, 2012: 428). Gabarito. Errado 63. (2015) – CESPE - STJ: Analista Judiciário - Serviço Social Acerca da questão social e dos direitos de cidadania, julgue os próximos itens. A questão social se configura a partir de determinantes históricos objetivos, sem interferência de dimensões subjetivas Comentários. A questão social se configura a partir de dimensões objetivas e subjetivas. Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 111 www.especificasconcursos.com.br Objetivas: no sentido de considerar os determinantes sócio-históricos em diferentes conjunturas, assim como, quando se manifesta nas condições objetivas de vida dos segmentos mais empobrecidos da população. Subjetivas: no sentido de identificar a forma como o assistente social incorpora em sua consciência o significado de seu trabalho e a direção social que imprime ao seu fazer profissional em especial ao enfrentamento da questão social. Gabarito. Errado 64. (2014) – CESPE - TJ-SE: Analista Judiciário - Serviço Social No que tange às áreas e demandas profissionais do assistente social, julgue o item subsequente. A centralidade da questão social como matéria do serviço social permite que se considere a inserção profissional do assistente social nos Poderes Legislativo e Judiciário, haja vista essas esferas não possuírem função executiva das políticas sociais públicas. Comentários. Apesar dos Poderes Legislativo e Judiciário e demais campos da área sociojurídica não possuírem a função de executar diretamente políticas sociais públicas, a questão social perpassa o cotidiano dos sujeitos que são ali atendidos. Posto isto, sabendo que a questão social é o objeto de intervenção do Serviço Social, pode-se afirmar que a presença desses profissionais naquelas áreas se faz pertinente e necessária. Exemplificando a questão, podemos apontar casos em que os pais perdem o poder familiar devido ao uso e abuso de drogas; a entrega de crianças para adoção pois os pais não possuem condições financeiras de ficar com os mesmos, dentre outras situações em que é possível visualizar as expressões da questão social e que justificam a intervenção do assistente social. Gabarito. Certo Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 112 www.especificasconcursos.com.br65. (2013) - CESPE: MPU: Analista - Serviço Social Em relação à questão social e ao serviço social, julgue o item subsecutivo. A concepção de questão social predominante entre os profissionais de serviço social e delineada nas diretrizes curriculares é aquela que define a questão social como a um fato social. Comentários. A expressão "questão social" começa a ser empregada maciçamente a partir da separação positivista, no pensamento conservador, entre o econômico e o social, dissociando as questões tipicamente econômicas das "questões sociais" (cf. Netto, 2001, p. 42). Assim, o "social" pode ser visto como "fato social", como algo natural, a-histórico, desarticulado dos fundamentos econômicos e políticos da sociedade, portanto, dos interesses e conflitos sociais. Assim, se o problema social (a "questão social") não tem fundamento estrutural, sua solução também não passaria pela transformação do sistema. Gabarito. Errado 66. 2016- INSTITUTO AOCP: CASAN: Assistente Social O enfoque que define a questão social como de responsabilidade dos indivíduos que a vivem, quer por seus problemas psicológicos, quer por suas condutas morais inadequadas, é denominado enfoque a) individualista, psicologizante e moralizador da questão social. b) totalista, critico e moralizador da questão social. c) marxista, determinista e sociológico da questão social. d) estruturalista, social e filosófico da questão social. e) coletivista, positivista e reflexivo da questão social. Comentários. Esses são os referenciais orientadores do pensamento e da ação do emergente Serviço Social brasileiro têm sua fonte na Doutrina Social da Igreja, Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 113 www.especificasconcursos.com.br no ideário franco-belga de ação social e no pensamento de São Tomás de Aquino (séc. XII): o tomismo e o neotomismo (retomada em fins do século XIX do pensamento tomista por Jacques Maritain na França e pelo Cardeal Mercier na Bélgica). A "questão social" é vista a partir do pensamento social da Igreja, como questão moral, como um conjunto de problemas sob a responsabilidade individual dos sujeitos que os vivenciam embora situados dentro de relações capitalistas. Trata-se de um enfoque conservador, individualista, psicologizante e moralizador da questão, que necessita para seu enfrentamento de uma pedagogia psicossocial, que encontrará, no Serviço Social, efetivas possibilidades de desenvolvimento. O significado sócio-histórico da profissão - Maria Carmelita Yazbek Gabarito: A 67. 2016- INSTITUTO AOCP: CASAN: Assistente Social Sobre a chamada “nova questão social” e suas implicações na contemporaneidade, assinale a alternativa INCORRETA. a) O projeto neoliberal, que confecciona essa nova modalidade de resposta à “questão social”, quer acabar com a condição de direito das políticas sociais e assistenciais. b) Não há uma nova questão social, o que se verifica é o surgimento e alteração, na contemporaneidade, de suas refrações e expressões. Assim, o que há são novas manifestações da velha “questão social”. c) No contexto atual, a resposta social à “nova questão social” tende a ser externalizada da ordem social e transferida para o âmbito imediato e individual. d) O novo trato à “questão social”, contido no projeto neoliberal, promove o processo de precarização das politicas sociais, articulando a refilantropização e remercantilização da questão social. Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 114 www.especificasconcursos.com.br e) A nova questão social expressa a contradição capital-trabalho, as lutas de classe e a desigual participação na distribuição de riqueza social. Comentários. Não há uma nova questão social, o que se verifica é o surgimento e alteração, na contemporaneidade, de suas refrações e expressões. Assim, o que há são novas (expressões) da questão social. A nova questão social expressa a contradição capital-trabalho, as lutas de classe e a desigual participação na distribuição de riqueza social Gabarito: E 68. 2016- INSTITUTO AOCP: CASAN: Assistente Social A relação entre acumulação capitalista X pobreza tem por fundamento a) a igualdade civil entre os cidadãos. b) a contribuição do trabalho e do capital para a produção da riqueza a todos. c) a apropriação coletiva da riqueza socialmente produzida. d) a apropriação privada da riqueza socialmente produzida. e) a naturalização da questão social e a autodeterminação da pobreza. Comentários. A centralização da riqueza por parte de capitalistas que anteriormente eram individualizados no processo produtivo, e que agora compõem os grandes conglomerados econômico/financeiros, promove cada vez mais, a acumulação por estes, de grande parte da riqueza socialmente produzida. Assim as expressões da chamada “questão social” como o fenômeno do desemprego e da pauperização, não são estranhos nem novos para um sistema que se baseia na exploração do trabalho e na apropriação privada da riqueza socialmente produzida, deixando aos trabalhadores a venda da força de trabalho como possibilidade única de obter sua reprodução física e espiritual. Gabarito: D Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 115 www.especificasconcursos.com.br 69- 2014- UFBA: UFBA: Serviço Social De acordo com Iamamoto e Paulo Netto, a crise do capital, na contemporaneidade, gera uma nova questão social. Comentários. Zé Paulo Netto rebate veemente a concepção do surgimento "de novas questões sociais" o que ocorre para ele e Iamamoto são novas expressões da questão social. A questão social não muda o que muda são as formas como elas se colocam na contemporaneidade. Gabarito: errada 70- 2014- UFBA: UFBA: Serviço Social No Brasil, a partir dos anos de 1930, as intervenções do Estado nas expressões da questão social passaram a ocorrer de maneira contínua e sistemática. Comentários O capital monopolista, pelas suas dinâmicas e contradições, cria condições tais que o Estado por ele capturado, ao buscar legitimação política por meio do jogo democrático, é permeável a demandas das classes subalternas, que podem fazer incidir nele seus interesses e suas reivindicações imediatas. Com isso a “questão social” passa a ser objeto de intervenção contínua e sistemática por parte do Estado, por meio das políticas sociais, as quais passam a atuar diretamente nas expressões da “questão social” de forma fragmentada e parcializada. Gabarito: Certa 71- 2017- IBFC: EBSERH: Serviço Social Iamamoto (2001) cita que o Serviço Social tem na questão social seu objeto de trabalho. Assim, a autora avança no entendimento da questão social, e dos fatores que condicionam o desenvolvimento desse fenômeno. Considerando o disposto pela autora, analise as afirmativas abaixo: Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 116 www.especificasconcursos.com.br I. A questão social faz menção apenas à pobreza e à exclusão social. II. A questão social provém da incapacidade do ser humano em resolver seus problemas sociais. III.A questão social apresenta múltiplas formas de expressão. IV. A questão social não se amplia a partir do desenvolvimento capitalista. V. A questão social é desigualdade mas é também rebeldia. Estão corretas: c) As afirmativas II e III b) As afirmativas III e IV c) As afirmativas IV e V d) As afirmativas I e I e) As afirmativas III e V Comentários Comentário: "Questão social que, sendo desigualdade é também rebeldia, por envolver sujeitos que vivenciam as desigualdades e a elas resistem e se opõem. É nesta tensão entre produção da desigualdade e produção da rebeldia e da resistência, que trabalham os assistentes sociais, situados nesse terreno movidos por interesses distintos, aos quais não é possível abstrair ou deles fugir porque tecem a vida em sociedade." (Iamamoto - O SS na contemporaneidade - pg.28). Gabarito: E 72- 2013- IBFC: SEPLAG-MG: Serviço Social Segundo lamamato, 2010, na atual conjuntura de precarização e subalternização do trabalho à ordem do mercado e de mudanças nas bases da ação social do Estado, a questão social, matéria prima da intervenção profissional do assistente social, assumem nova configurações e expressões entre as quais destaca as situações de: Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 117 www.especificasconcursos.com.br I. insegurança e vulnerabilidade do capitalismo; II. desregulamentação do mercado de trabalho; III. desqualificação e exclusão social de segmentos populacional; IV. precarização das condições de vida: saúde, trabalho, infância e moradia; Estão corretos os itens. a) Os itens I e II, apenas b) Os itens II e III, apenas. c) Os itens III e IV, apenas. d) Nenhum item está correto Comentários Na atual conjuntura de precarização e subalternização do trabalho à ordem do mercado e de mudanças nas bases da ação social do Estado, as manifestações "questão social", matéria-prima da intervenção profissional dos assistentes sociais, assumem novas configurações e expressões, entre as quais destacamos a insegurança e vulnerabilidade do trabalho e a penalização dos trabalhadores, o desemprego, o achatamento salarial, o aumento da exploração do trabalho feminino, a desregulamentação geral dos mercados e outras tantas questões com as quais os assistentes sociais convivem cotidianamente: são questões de saúde pública, de violência, da droga, do trabalho da criança e do adolescente, da moradia na rua ou da casa precária e insalubre, da alimentação insuficiente, da ignorância, da fadiga, do envelhecimento sem recursos, etc. Situações que representam para as pessoas que as vivem, experiências de desqualificação e de exclusão social, e que expressam também o quanto a sociedade pode "tolerar" e banalizar a pobreza sem fazer nada para minimizá-la ou erradicá-la. Gabarito: C 73- 2014- UFBA: UFBA: Serviço Social Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 118 www.especificasconcursos.com.br Iamamoto e Carvalho compreendem a questão social como um problema social cuja resolução depende de ações imediatas dos(as) profissionais de Serviço Social. Comentários. A solução da questão social irá ocorrer somente com o fim da sociedade capitalista. As bases serão as mesmas, a contradição entre o capital e o trabalho. O que vai alterar no contexto comtemporâneo são as expressões da questão social a depender do tempo e espaço. O assistente social sozinho não detém dessa força para o enfrentamento e resolução da questão social. Gabarito: Errada 01. (2015) – CESPE - STJ: Analista Judiciário - Serviço Social Acerca da questão social e dos direitos de cidadania, julgue os próximos itens. Na atualidade, as políticas de enfrentamento da questão social expressam o reconhecimento da existência de problemas de cunho social por meio de políticas de amplo alcance e de caráter universal. 02. (2015) – CESPE - STJ: Analista Judiciário - Serviço Social Acerca da questão social e dos direitos de cidadania, julgue os próximos itens. A questão social se configura a partir de determinantes históricos objetivos, sem interferência de dimensões subjetivas 03. (2014) – CESPE - TJ-SE: Analista Judiciário - Serviço Social No que tange às áreas e demandas profissionais do assistente social, julgue o item subsequente. Questões sem comentário Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 119 www.especificasconcursos.com.br A centralidade da questão social como matéria do serviço social permite que se considere a inserção profissional do assistente social nos Poderes Legislativo e Judiciário, haja vista essas esferas não possuírem função executiva das políticas sociais públicas. 04. (2013) - CESPE: MPU: Analista - Serviço Social Em relação à questão social e ao serviço social, julgue o item subsecutivo. A concepção de questão social predominante entre os profissionais de serviço social e delineada nas diretrizes curriculares é aquela que define a questão social como a um fato social. 05. (2013) - CESPE: DEPEN: Serviço Social No que se refere às expressões da questão social na atualidade, seu enfrentamento e a intervenção crítica do serviço social, julgue os itens que se seguem. Com a acentuada expressão da questão social, dada a submissão das dimensões da vida social ao valor de troca, há o fortalecimento do discurso em torno da defesa dos direitos, pois quanto mais se destroem as condições de vida, maior é o apelo à valorização dos direitos. 06. (2012) - CESPE: TJ-AL: Analista Judiciário - Serviço Social Com relação à questão social, assinale a opção correta. a) A lógica financeira do regime de acumulação, a qual tende a provocar crises e, consequentemente, recessão, consiste em uma das mediações históricas à produção da questão social na cena contemporânea. b) De acordo com a perspectiva sociológica crítica, a questão social consiste em uma ameaça à ordem e à coesão, caracterizando-se como uma nova questão social. Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 120 www.especificasconcursos.com.br c) A questão social é um fenômeno recente, típico do esgotamento dos denominados trinta anos gloriosos da expansão capitalista. d) A garantia dos direitos sociais à população pauperizada brasileira é assegurada pelas constantes mudanças nas relações entre Estado e sociedade civil, traduzidas na ampliação dos programas sociais em face da questão social. e) Os conceitos de questão social e exclusão social são sinônimos, atribuindo, ambos, uma característica negativa — a falta de — ao termo social. 07. (2012) - CESPE: MPE-PI: Analista Ministerial - Serviço Social A relação entre questão social e direitos exige o reconhecimento do indivíduo social, com sua capacidade de resistência e conformismo frente às situações de opressão e de exploração vivenciadas. 08. (2012) – CESPE - MPE-PI: Analista Ministerial - Serviço Social Os direitos com os quais as políticas públicas se identificam são os individuais, que se guiam pelo princípio da liberdade. 09. (2012) - CESPE: MPE-PI:Analista Ministerial - Serviço Social No marco da teoria social crítica, a questão social é considerada um fenômeno recente, típico do trânsito do padrão de acumulação no esgotamento dos trinta anos gloriosos da expansão capitalista. 10. (2010) - CESPE: INCA: Tecnologista Júnior - Assistência Social - Serviço Social Quanto ao debate sobre o serviço social e a questão social, julgue os itens a seguir. A emergência de discussões teoricamente fundadas data da década de 70 do século passado, sob a forma da denominada intenção de superação. Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 121 www.especificasconcursos.com.br 11. (2010) - CESPE: INCA: Tecnologista Júnior - Assistência Social - Serviço Social O agravamento da questão social, em face das particularidades do processo de reestruturação produtiva no Brasil determina uma inflexão no campo profissional provocada por novas demandas impostas pelo reordenamento do capital e do trabalho. 12. (2010) - CESPE: MS: Assistente Social A pulverização da questão social resulta na atomização de suas múltiplas expressões, as várias questões sociais, em detrimento da perspectiva de unidade. 13. (2008) - CESPE: TJ-DF: Analista Judiciário - Serviço Social De forma a dar respostas às demandas da questão social brasileira, a Constituição Federal vigente amplia e conquista novos direitos sociais, diferentemente das Constituições anteriores, em que estes eram instituídos apenas como aspecto derivado e secundário do regime econômico. 14 . (2009) - CESPE - Ministério da Saúde: Assistente Social Alguns equívocos podem ocorrer na análise da questão social quando suas várias e diferenciadas expressões são desvinculadas de sua gênese comum. Tendo como referência esse assunto, julgue os itens a seguir. Um dos equívocos que pode haver na análise das questões sociais é a perda da dimensão coletiva da questão social, atribuindo unilateralmente a responsabilidade aos indivíduos e(ou) às suas famílias pelas dificuldades vivenciadas. 15 - 2009 - CESPE - Ministério da Saúde – Assistente Social Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 122 www.especificasconcursos.com.br Alguns equívocos podem ocorrer na análise da questão social quando suas várias e diferenciadas expressões são desvinculadas de sua gênese comum. Tendo como referência esse assunto, julgue os itens a seguir. A pulverização da questão social resulta na atomização de suas múltiplas expressões, as várias questões sociais, em detrimento da perspectiva de unidade. Gabarito 1 E 6 A 11 C 2 E 7 C 12 C 3 C 8 E 13 C 4 E 9 E 14 C 5 C 10 E 15 E Bibliografia CARVALHO, R. & IAMAMOTO, M. V. A Questão Social nas décadas de 20 e 30 e as bases para a Implantação do Serviço Social. In: Relações Sociais e Serviço Social no Brasil: esboço de uma interpretação histórico-metodológica. 9ª edição. São Paulo: Cortez; CELATS (Peru-Lima). 1993, p.127. CASTEL, R. As armadilhas da exclusão. In: WANDERLEY, M. B.; BÓGUS, L.; YASBEK, M. C. (Orgs.). Desigualdade e Questão Social. São Paulo: EDUC, 1997b. CENTRO BRASILEIRO DE COOPERAÇÃO E INTERCÃMBIO DE SERVIÇOS SOCIAIS (CBCISS). Teorização do Serviço Social: documentos de Araxá, Teresópolis e Sumaré. 2ª edição. Rio de Janeiro: Agir, 1986. Conhecimentos Específicos Serviço Social Aula Extra 123 www.especificasconcursos.com.br ERQUEIRA FILHO, G. 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