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A INFLUÊNCIA DO VÍNCULO FAMILIAR NA GESTÃO DE MICRO E PEQUENAS EMPRESAS: ESTUDO DE CASO EM UMA EMPRESA DE MARACANAÚ / CEARÁ Gleiciane Garreto Almeida1 RESUMO Considerando a importância que a micro e pequena empresa familiar possui na economia brasileira, por serem responsáveis pelo o índice de maior empregabilidade e por produzirem quase metade do PIB nacional, esse artigo tem a finalidade de analisar como a microempresa familiar lida com as dificuldades enfrentadas no ambiente empresarial separando empresa e família. A metodologia de pesquisa utilizada foi o estudo de caso, realizado na empresa Mercadinho Sergimar, por meio de aplicação de questionários, complementados com pesquisa bibliográfica. Foi possível observar, especialmente, as dificuldades enfrentadas no processo sucessório e os problemas causados pela a falta de profissionalização, podendo ser constatado que a pratica de nepotismo, a falta de profissionalização e o processo de sucessão são as principais dificuldades enfrentadas nesse tipo de gestão, que encontra dificuldades em separar o lado familiar do profissional. Palavras chaves: Desafios da Gestão familiar - Micro e pequenas empresas - Conflitos. ABSTRACT Considering the importance that the micro and small family business has in the Brazilian economy, being responsible for the content of greater employability and producing almost half of the national PIB, this article aims to analyze how the family microenterprise deals with the difficulties faced in business environment by separating business and family. The research methodology used was the case study conducted in Mercadinho Sergimar company through questionnaires, supplemented with literature. It was observed, in particular, the difficulties faced in the succession process and the problems caused by the lack of professionalism and we have found that the practice of nepotism, lack of professionalism and the succession process are the main difficulties faced in this type of management, that finds it difficult to separate the family side of the professional one. Key words: Challenges of Family Management - Micro and small companies conflict 1 Estudante de Bacharelado em Administração - Faculdade de Tecnologia do Nordeste e-mail: gleicianegarreto@hotmail.com HHHHHHHKKKKHKKKKHHHHHHH KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK 6 1. INTRODUÇÃO As empresas de gestão familiar vêm se desenvolvendo bastante em todo o mundo nos últimos anos, e, atualmente, o Brasil vem sendo composto por um amplo número de empresas administradas por esse tipo de gestão. E isso se dá pelo o fato de os brasileiros possuírem grandes características empreendedoras, por serem muito criativos e por confiarem que a afinidade e a confiança em um parente, sejam uma forma de garantia de sucesso na hora de criar um negócio. De acordo com Santos (apud LOURENZO, 2007), dos pequenos negócios existentes no país, em torno de 95% são empresas familiares, que se fundam sem grandes formalidades, sem necessidade de cargos definidos, baseado em uma confiança mutua e sem a formalização de contratos. Assim, conhecer o comportamento dessas empresas e gestores passou a ter grande relevância para as organizações, o que torna o estudo desse tema imprescindível para a sociedade empresarial, pois traz uma análise do perfil dessas empresas e de seus gestores. Uma empresa familiar pode ser ligeiramente conhecida, por ter dentre suas características fundamentais o vínculo com familiares e, geralmente, envolve, pelo menos, duas gerações. E como, na maioria das vezes, essas empresas nascem da necessidade de uma família, os envolvidos no empreendimento, nos primeiros anos, devem se dedicar muito e realizar diversas tarefas a fim de garantir que a empresa tenha um desenvolvimento de sucesso. Além das micros e pequenas empresas familiares contribuírem muito com o PIB (produto interno bruto), já que possuem uma boa parcela do mercado varejista, elas são as principais responsáveis pelo o grande crescimento da cidade de Maracanaú, local onde a empresa em estudo está instalada. A cidade foi escolhida não só por estar hoje em grande desenvolvimento, mas também porque a maior parcela do seu comércio varejista é composta por micro e pequenas empresas de gestão familiar. Visamos, através desse estudo, desvendar essa relação familiar dentro da organização, bem como, as dificuldades enfrentadas pelas mesmas, abrangendo desde como as famílias fazem a definição de cargos até qual as dificuldades na gestão, no processo decisório e, consequentemente, no crescimento da mesma. Também procuraremos analisar os conflitos de comunicação entre duas gerações de pensamento diferenciado e seus impactos na hora de definir com clareza as estratégias para garantir a sobrevivência da empresa. Propomos aqui analisar o perfil e a gestão de uma microempresa familiar da cidade de Maracanaú, com a finalidade de compreender como os gestores familiares conseguem separar suas emoções do âmbito familiar com as responsabilidades do âmbito empresarial, vencendo dessa maneira as dificuldades existentes nessa gestão e na concorrência do ramo varejista, conseguindo passar pela crise com força total e avançar cada vez mais no mercado para garantir o sucesso do negócio. Diante do exposto, este artigo tem como principal problema de investigação o seguinte questionamento: como a microempresa familiar lida com as dificuldades enfrentadas no ambiente empresarial separando empresa x família? Para responder o questionamento acima, observou-se que a gestão familiar está influenciando muito o crescimento do país, já que ela é hoje a responsável pelo o índice de maior giro na economia brasileira e por proporcionar muita oportunidade de emprego. Dessa forma, pode-se dizer que o objetivo geral dessa pesquisa é analisar as dificuldades da gestão familiar e a influência que o vínculo familiar possui dentro da empresa. 7 Com isso os objetivos específicos deste artigo são: Identificar as características da empresa familiar; Descobrir as dificuldades enfrentadas na Gestão familiar; Analisar os conflitos de comunicação; Compreender como os gestores familiares conseguem separar suas emoções do âmbito familiar do empresarial 2. METODOLOGIA Para o desenvolvimento desse estudo foram utilizadas a pesquisa de natureza qualitativa e exploratória e o estudo de caso. De acordo com Minayo (2010), a pesquisa qualitativa é aplicada ao estudo da história, das relações, das representações, das crenças, das percepções e das opiniões, que por meio de entrevistas com grupos delimitados, ajudem na análise de discussão de um determinado assunto, nesse caso, sobre a gestão familiar em uma microempresa. Minayo (2010) ainda diz que a pesquisa exploratória é a fase na qual o pesquisador deve manter uma boa disciplina para realizar a pesquisa bibliográfica bem completa, ampla e crítica, para conseguir o máximo de informações sobre o assunto pesquisado. Cervo e Bervian (2002) definem o estudo de caso como sendo um tipo de pesquisa que realiza um estudo amplo sobre um determinado indivíduo, família, grupo ou comunidade que seja representativo do seu universo, para examinar aspectos variados de sua vida, que permitam o conhecimento profundo do aspecto desejado, que nesse caso é saber as características das empresas e da gestão das microempresas familiares. A pesquisa foi realizada no Mercadinho Sergimar, localizado na Rua 56, 489, no Bairro Jereissati II, na cidade de Maracanaú/CE, CEP: 61901-180, no período de setembro de 2016. Foram entrevistados sete (7) sujeitos, sendo quatro (4) homens e três (3) mulheres,e um gestor: todos são funcionários da empresa. Serão utilizadas pesquisas semi-estruturadas com os sujeitos escolhidos pelo pesquisador para a coleta de dados e serão utilizados questionários qualitativos Para a realização da pesquisa serão utilizados como fontes bibliográficas sites da internet, livros, artigos publicados e revistas sobre o tema. Foram incluídos na pesquisa todos os funcionários, gestores e empreendedores da microempresa familiar pesquisada, que estão na empresa a mais de três meses e foram excluídos da pesquisa funcionários que estavam na empresa a menos de três meses. Foram respeitadas as questões éticas na empresa conforme a resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde, do Ministério da Saúde e do uso do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e da autorização do gestor da empresa pesquisada. 3. A EMPRESA FAMILIAR 8 Por muito tempo as empresas familiares foram vistas como empresas pequenas, sem nenhuma perspectiva de grande crescimento, já que geralmente nascem da necessidade de uma família. Entretanto empresas como: M Dias Branco, Itaú Unibanco e Odebrecht mudam totalmente esse julgamento e estão, cada vez mais, progredindo e tendo um grande crescimento no mercado. Como diversas grandes empresas brasileiras são dirigidas por famílias e como há alguns anos as empresas familiares vêm ganhando muito espaço no mercado de todo o mundo, elas estão sendo, constantemente, alvo de estudos. No Brasil as empresas familiares são a maioria e estão em constante desenvolvimento, principalmente as micro e pequenas empresas familiares que vêm ganhando muito espaço no mercado brasileiro, aproveitando as dificuldades da crise para buscarem novos desafios e se superarem cada vez mais. Confirmamos essas informações com os dados obtidos pelo SEBRAE (apud DIAS; THAIS COURBASSIER, 2014), ao afirmar que, atualmente, no Brasil as empresas familiares são responsáveis por oferecerem em torno de 60% dos empregos diretos, participando, assim, de 48% da produção nacional, ou seja, são responsáveis por cerca de dois milhões de empregos diretos, sendo o tipo de empresa que mais vem crescendo no país. Diferentes autores definem as empresas familiares de várias maneiras. Conforme Bernhoeft: Uma empresa familiar é aquela que tem sua origem e sua história vinculadas a uma família; ou ainda, aquela que mantém membros da família na administração dos negócios. Na tentativa de identificar uma empresa como ‘familiar’, considero importante analisar a história da própria empresa. (BERNHOEFT, 1989, p.35) Segundo o autor, pode-se afirmar que são consideradas empresas familiares, toda empresa que tem sua história ligada a uma família e que sempre conserva em sua administração membros da família fundadora. Já para Lodi (1998) uma empresa é considerada familiar quando tem sua sucessão realizada de forma hereditária, e os valores da empresa se identificam com o sobrenome da família que permanecem para sempre na empresa, geração após geração. De modo geral, pode-se considerar como uma empresa familiar toda empresa que tem seu controle sob o comando de uma ou mais famílias, ou ainda, que haja algum vínculo familiar entre fundador e o gestor da empresa. Ou seja, nas empresas familiares os cargos administrativos sempre serão ocupados por membros da família fundadora. 3.1 CARACTERÍSTICAS DA EMPRESA FAMILIAR Com a combinação desses dois grandes pilares: empresa e família, as empresas familiares acabam se destacando das empresas convencionais, por possuírem um modelo de gestão bem próprio, cujas características são únicas. Tendo como principais características: uma estrutura enxuta, na qual o poder de decisão é centralizado e único; tem sérios problemas em separar o emocional do racional, devido ao forte envolvimento afetivo; e valorização da confiança mútua entre todos, independentemente de possuírem vínculos familiares. 9 De forma bem simples, Bernhoeft (1989) diz que as principais características das empresas familiares são as seguintes: a) Forte valorização da confiança mútua, independente de vínculos familiares); b) Laços afetivos extremamente fortes influenciando os comportamentos, relacionamentos e decisões da organização; c) Valorização do passado como um atributo que supera a exigência de eficácia e competência; d) Exigência de dedicação, caracterizada por atitudes tais como ter horário para sair, levar trabalho para a casa e dispor dos fins-de- semana para convivência com pessoas do trabalho; e) Postura de austeridade, seja na forma de vestir, seja na administração de gastos; f) Expectativa da alta fidelidade, manifestada por meio de comportamentos como não ter outras atividades profissionais não relacionadas com a vida da empresa; g) Dificuldades na separação entre o que é emocional e racional, tendendo mais para o emocional; h) Jogos de poder, nos quais, muitas vezes, mais vale a habilidade política do que a capacidade de administrar. (BERNHOEFT, 1989, pág. 34) Diferente de outras empresas que priorizam sempre o lucro, o fundador da empresa familiar não coloca isso acima de tudo, pois ele preza muito pelos valores e pelo o nome da família, que comumente é sempre conhecido pela comunidade, o que acaba lhe proporcionando certo benefício perante os seus fornecedores. Atualmente essas empresas estão cada vez mais notórias por serem boas fontes de riqueza, já que são essenciais para a capitalização de diversos países, por gerarem milhões de empregos, por serem responsáveis pelo crescimento do empreendedorismo no país e por causar mais conflitos internos que as empresas convencionais, especialmente quando se trata de sucessão de poder. Nesse tipo de gestão, os cargos de maior responsabilidade são sempre preenchidos por membros da família. Esses familiares nem sempre possuem a qualificação e a experiência indispensável para ocupar o cargo, porém são de absoluta confiança para o gestor da empresa. Entretanto isso acaba desestimulando os funcionários, que não notam grandes possibilidades de crescimento dentro da empresa. Dessa forma, observa-se que o nepotismo vem sendo uma prática cada vez mais comum nas empresas familiares. O que não é bom nem para a empresa, pois essa prática prejudica no seu crescimento, nem para os funcionários que não enxergam possibilidades de promoção dos cargos de liderança na empresa. 3.2 VANTAGENS E DESVANTAGENS DAS EMPRESAS FAMILIARES Como a princípio as empresas familiares nascem para trazer uma fonte de economia para a família, pode-se dizer que "a função primaria da família relaciona- se com o cuidado e o sustento dos membros familiares, enquanto os negócios se voltam para a produção ou distribuição de bens e/ou serviços" (LONGENECKER, MOORE e PETTY, 1997, p.136). 10 Porém, assim como qualquer empresa, as empresas familiares possuem várias vantagens e desvantagens. Para Ricca (apud BEZERRA; ÉLIDA, 2009), a principal vantagem das empresas familiares é o fato de o nome e os valores da família estarem ligados a empresa, dando um diferencial quanto a confiabilidade no mercado, e ser reconhecida na maioria das vezes pela a comunidade onde a empresa está inserida. Já a principal desvantagem citada pelo autor é a falta de profissionalização, porque na maioria das vezes os cargos são ocupados por parentes que não possuem experiência e qualificação adequadas e os mesmos são contratados simplesmente por possuírem um vínculo familiar com o gestor da empresa, aumentando assim a prática de nepotismo. Outras vantagens das empresas familiares são: Confiança mútua e laços afetivos entre todos os envolvidos na empresa. Independentemente de possuírem vinculo familiar as pessoas confiam umas nas outras e isso muitas vezesacaba influenciando no comportamento e em algumas decisões; Lealdade dos funcionários. As pessoas acreditam na empresa e vestem a camisa para defender e ajudar a mesma a ter um desenvolvimento de sucesso, Elas são muito dedicadas mesmo que isso signifique trabalhar além do horário e levar trabalho para casa; Estrutura da organização enxuta. As empresas familiares possuem uma estrutura bem simples, o que facilita o desenvolvimento de todos os processos na empresa e proporciona uma tomada de decisão mais rápida e eficiente; Sistema de decisão rápido. Isso se dá pelo o fato de as lideranças se conhecerem muito bem, então dessa forma o diálogo se torna mais fácil, o que possibilita um sistema de decisão bem mais ágil; Sucessão realizada por um herdeiro. Quase sempre a sucessão é realizada de pai para filho e quando não se tem um herdeiro, a sucessão é realizada por um membro da família que seja de confiança do fundador, formando assim um elo de união entre passado e futuro da empresa; Cultura e valores. Como a sucessão é passada de geração para geração, o fundador acaba fazendo delas a imagem da empresa, permitindo a união do passado com o futuro, fazendo com que as raízes da empresa se perpetuem. Outras desvantagens das empresas familiares são: Dificuldade em separar o emocional do racional. Como as pessoas têm grandes laços afetivos umas com as outras, e muitas vezes não conseguem separar o lado pessoal do lado profissional, o lado emocional sempre vence, prejudicando muitas vezes até no desenvolvimento de atividades bem simples; Disputa entre os herdeiros e/ou outros familiares. Todos desejam ocupar o cargo de chefia e dessa forma os familiares acabam causando muitos conflitos na empresa quando chega a hora do processo de sucessão. Esse conflito é bem maior quando o fundador morre sem deixar um sucessor definido; 11 Dificuldade de demitir familiares. Pois muitas vezes o gestor teme que isso venha causar o início de um grande conflito familiar, que venha acarretar até um rompimento com o parente; Mistura do dinheiro pessoal com o dinheiro da empresa. Essa mistura acontece principalmente nas microempresas familiares: é bem comum que o gestor faça retiradas desnecessárias a qualquer momento, o que confunde o faturamento com o lucro e prejudica, dessa forma, o andamento do financeiro da empresa; Falta de experiência. Nem sempre os gestores e os familiares que trabalham na empresa possuem o conhecimento necessário para exercer o cargo que ocupam e pior ainda, nem sempre possuem o conhecimento do mercado que atuam; Beneficiar parentes. O nepotismo é uma prática bem comum nessas empresas, porque na maioria das vezes os parentes são contratados e até promovidos sem possuir a qualificação e competência necessária para cargo, causando assim uma queda na produtividade dos funcionários que não possuem vínculos familiares. Lembrando que o processo sucessório realizado por um herdeiro só é vantajoso para a empresa quando ele é realizado com bastante antecedência, proporcionando a preparação adequada do futuro sucessor, caso contrário esse processo só trará prejuízos para toda a empresa. Lodi (1998) ainda cita como desvantagens das empresas familiares: a falta de sistemas de planejamento financeiro e de apuração de custo e a oposição a modernização do marketing. O que acaba sendo uma certa desvantagem perante os seus concorrentes. Porém as vantagens da empresa familiar não devem ser superestimadas, já que as mesmas dificilmente serão encontradas nas empresas convencionais, pois a união entre esses dois elos, empresa e família, proporcionam múltiplos benefícios para ambos. 3.3 PROFISSIONALIZAÇÃO DA EMPRESA FAMILIAR Muita gente pensa, principalmente os mais velhos e fundadores da empresa familiar, que a profissionalização irá descaracterizar a empresa. Só que não é bem assim. Hoje com a grande concorrência, as empresas familiares que não têm profissionais devidamente qualificados para ocupar os cargos, vão perdendo para a concorrência, já que em muitos casos deixam o seu lado emocional atrapalhar na hora da tomada de decisão. Dessa forma, quando se fala em profissionalização nas empresas familiares, se pensa logo nos gestores, nos cargos de liderança e principalmente nos parentes que trabalham na empresa. Porém, o processo de profissionalização não envolve apenas à família fundadora e demais familiares envolvidos na organização, mas abrange todas as pessoas que fazem parte do empreendimento, sejam elas familiares ou não, desde a alta gestão até os menores cargos. Lodi (1998) se posiciona sobre a profissionalização nas empresas familiares do seguinte modo: Na empresa familiar, profissionalização implica em três pontos básicos: a) o sucesso em integrar profissionais familiares na Direção 12 e na Gerencia da Empresa; b) o sucesso em adotar práticas administrativas mais racionais; c) o sucesso em recorrer à consultoria e à acessória externa para incorporar sistemas de trabalho já exitosos em empresas mais avançadas ou recomendadas nas universidades e nos centros de pesquisa. (LODI, 1998, p. 25) Ou seja, a intenção de ter uma empresa familiar profissionalizada é fazer com que todos os cargos sejam ocupados por pessoas que tenham as qualificações e habilidades essenciais para desenvolver a função ocupada com bastante êxito e dessa forma ajudar a empresa no caminho rumo ao sucesso, tomando decisões mais racionais e menos emocionais, proporcionando dessa forma, tomadas de decisão que acarretarão em mais benefícios a empresa. Lembrando que ter uma empresa familiar profissionalizada não significa afastar os parentes e futuros sucessores da empresa, e sim fazer com que os parentes que fazem do quadro de funcionários, trabalhem na empresa por mérito e não apenas por ter algum grau parentesco com o dono do empreendimento. 3.4 SUCESSÃO NA EMPRESA FAMILIAR O processo de sucessão nas empresas familiares é sempre causador de conflitos, tanto no âmbito familiar como no âmbito profissional, e pode ser realizado de várias maneiras. Por isso, para que seja concretizado com bastante sucesso deve sempre ser planejado e executado com muita cautela para que não gere nenhum desgaste negativo para ambos os lados. Esse processo é complicado por que primeiro: é privilegiado, passado de geração para geração, ou seja, é formado por pessoas que têm pensamentos bem diferenciados e a relação entre o fundador e o herdeiro se torna bem mais séria, a fim de garantir que a empresa tenha continuidade; Segundo: é delicado porque diferente do fundador que começa a empresa por prazer, o herdeiro se ver obrigado a ser o sucessor do pai. Para que os conflitos sejam evitados na hora do processo de sucessão é necessário que seja realizado ainda com o fundador vivo, para que não ocorra os tumultos relacionados à disputa pelo poder da empresa, o que causa uma grande deteriorização tanto na empresa quanto na família. Para Lodi (1993): Os conflitos na fase de sucessão são os piores conflitos que atingem as empresas familiares, e quando se pergunta por que elas falem tem-se como resposta: a família não estava preparada para atender a empresa, a atitude dos familiares foi de dilapidação do patrimônio, o fundador consumiu suas energias na construção do império e não teve tempo para educar os filhos, a profissionalização descaracterizou a empresa familiar, não há um sucessor preparado ou não há consenso na família sobre qual dos pretendentes deve assumir e, por fim, a rivalidade entre irmãos desorienta os profissionais. (LODI, 1993, p.33) Contudo, pode-se dizer que um dos principais causadores de problemas na hora de efetivar o processo de sucessão nas empresas familiares é o própriofundador, que nem sempre se preocupa em preparar o seu sucessor com 13 antecedência, deixando-o dessa forma totalmente despreparado para assumir o cargo e assim acaba originando vários embates tanto no ambiente empresarial como no familiar. Como na maioria das vezes o sucessor é o seu herdeiro, ele acaba obrigando esse processo sem se atentar com os sonhos e anseios do filho, esquecendo dessa maneira que sem a preparação adequada para que a sucessão tenha sucesso, a empresa pode ir à falência. Dessa forma, para que o processo de sucessão tenha êxito, o herdeiro deve ser preparado durantes anos para conseguir obter as qualificações adequadas e possuir experiência em outras organizações, a fim de alcançar o seu crescimento pessoal e profissional e, principalmente, para conseguir ser aprovado por todos da organização. Nesse processo também é essencial que o herdeiro tenha a certeza da pretensão de dar continuidade no negócio da família, caso contrário será um caminho rumo ao fracasso empresarial. Afinal ser herdeiro não significa apenas herdar todo o patrimônio construído pelo o pai, mas sim adquirir grandes responsabilidades. Durante o processo de sucessão, deve haver também total transparência em relação às informações do futuro sucessor, no que se refere a qualificações e habilidades, para que não reste dúvida nenhuma quanto a competência do sucessor e a qualidade da empresa conforme o modelo fundado, para que não haja dúvidas referente a continuidade da organização. Caso o fundador não tenha um herdeiro ou este não queira dar continuidade nos negócios da família, é necessário colocar um profissional adequado, com as habilidades essenciais ao cargo e que conheça todos os valores da empresa, a fim de que a empresa se perpetue sem que perca suas características. 4. CONHECENDO A EMPRESA EM ESTUDO 4.1 DESCRIÇÃO DO MERCADINHO SERGIMAR A microempresa familiar em estudo é conhecida pelo o seu nome fantasia, que é Mercadinho Sergimar e se localiza na cidade de Maracanaú - CE, na rua 56, 489, no Jereissati II, cujo o CNPJ é: 06.950.319/0001-64. Nos seus registros a empresa é enquadrada como microempresa e atua no ramo de comércio varejista de mercadoria em geral. A empresa conta atualmente com sete funcionários, sendo três funcionários sem vínculos familiar e quatro com vinculo familiar, possuindo ainda um gestor, totalizando oito funcionários no geral. Tem como Missão “Buscar dá satisfação total dos clientes oferecendo produtos e serviços de qualidade e com preços justos” e como Visão “Ser reconhecida por seus clientes, colaboradores e fornecedores até 2025 como a melhor opção no que se diz respeito à qualidade dos produtos ofertados e excelência do serviço em toda a região de Maracanaú”. Seus valores são: Preço Justo, Bom atendimento, Ética, Humildade, Qualidade, Parceria de respeito com clientes, colaboradores e fornecedores e Melhoria continua. 4.2 HISTÓRIA DO MERCADINHO SERGIMAR 14 O Mercadinho Sergimar iniciou suas atividades em 2000, quando a dona de casa Maria Euzimar viu uma oportunidade de negócio, após o fim do único comércio que havia no bairro. A empresa começou, dessa forma, como uma “bodega” da vizinhança, como era conhecido na época e era administrada sozinha e sem nenhum conhecimento de mercado, de clientela e de gestão. Em 2004, a empresa foi totalmente legalizada no ramo alimentício pelo esposo de Dona Euzimar, o Sr. Antônio Sergio, que ficou desde então na administração do negócio, porém, sem nenhum conhecimento e experiência na área. Um ano depois se tornou conhecida na região, garantindo dessa forma uma boa parte da clientela local. Sob o comando do casal, em 2010, os filhos começaram a fazer parte do quadro de funcionários da empresa, com o objetivo de oferecer o melhor para os seus clientes, no que se refere a menores preços e melhor qualidade de atendimento. Assim como qualquer funcionário os mesmos começaram nos cargos mais baixos da empresa, auxiliando os pais, tanto por não possuírem experiência como por não terem nenhuma qualificação. Atualmente, os filhos ainda não assumiram a direção da empresa, entretanto já conhecem todos os processos internos da empresa e possuem boa influência na hora da tomada de decisão. E essa confiança foi sendo conquistada pelos filhos ao longo dos anos, a medida que foram desempenhando bem suas funções e, consequentemente, subindo de cargo. Atualmente o filho mais velho é responsável pelo setor de compras e gestão dos funcionários da empresa, a filha mais nova é responsável pela a gestão administrativa e financeira da empresa e os fundadores são responsáveis pelas as demais atividades e pelo o andamento geral da empresa, dando a palavra final em todas as decisões. Presentemente, a filha mais nova está se profissionalizando e buscando experiência em outras organizações, enquanto o filho mais velho não tem o menor interesse em ocupar a gestão da empresa e por isso está se profissionalizando em uma área bem diferente. Os fundadores da empresa, porém, querem que a gestão seja ocupada pelo o filho mais velho e por isso atualmente passam por um pequeno conflito na empresa, já que quem deseja ocupar o cargo é a filha mais nova. 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO Baseando-se na pesquisa sobre a influência que o vínculo familiar tem na gestão de micro e pequenas empresas, realizada no Mercadinho Sergimar, serão expostas aqui as respostas coletadas nas entrevistas realizadas com os funcionários e o gestor da empresa. 5.1 PERFIL / QUESTIONÁRIO E ANÁLISE DO GESTOR 5.1.1 Perfil do Gestor Conforme a entrevista realizada com o gestor, podemos relatar que o mesmo possui apenas o ensino médio completo e pouco conhecimento de gestão na área mercantil. É importante relatar que o pouco conhecimento que o mesmo tem é passado pelos os seus filhos e adquirido em pesquisas que ele mesmo faz na internet, não possuindo, se quer, nenhum curso nessa área. 15 O gestor tem atualmente 60 anos e já está no comando direto da empresa há doze anos, é casado com a fundadora da empresa a mais de 30 anos. Ela, hoje, atua como gerente do empreendimento. 5.1.2 Resultados e Análise do Questionário do Gestor Para um melhor entendimento da análise do questionário do gestor iremos considerar: “ P ” para as perguntas “ G ” para as respostas do gestor Tabela 1 - Entrevista com o Gestor P1: Quais são os critérios para a contratação de novos funcionários? G: Tudo é levado em consideração, principalmente o conhecimento. Mas quando tem alguém da família disponível, a escolha sempre é esse familiar. Prefiro ter pessoas da família dentro da empresa, principalmente nos cargos da administração e que envolve o controle do dinheiro da empresa. Para Grzybovski e Tedesco (2002), é inevitável contratar parentes sem causar algum tipo de conflito na empresa, sendo que, independente do grau parentesco, eles realizam as mesmas funções que qualquer outro funcionário poderia exercer sem nenhuma dificuldade. Os conflitos ocorrem porque na sua grande maioria esses parentes já entram na empresa sem possuir a menor capacidade de ocupar o cargo do qual irão exercer, dessa forma esses parentes já entram na empresa com uma regalia, sendo cada vez mais comum a prática do nepotismo nesse tipo de empresa. Tabela 2 - Entrevista com o Gestor P2: Os familiares sabem separar o lado familiar do lado profissional dentro da empresa? G: Ás vezes não. Ainda é difícil fazer com que todos me vejam somente como gestor dentro da empresa. Um ou dois sempre me dirige como pai, tio, nunca me vê como gestor, e dessa forma passa a ter uma certa liberdade da qual não é muito saudável para a empresa. Conforme a tabela acima, podemosconfirmar um erro bastante comum nas empresas familiares, que a confusão do lado profissional com o lado familiar. Muitos gestores familiares ainda não sabem lidar com esse tipo de situação e acaba misturando as coisas, prejudicando dessa forma o sucesso da empresa. Harck (2013), diz que um dos principais desafios das empresas familiares é saber lidar com problemas internos a empresa, separando, principalmente, os assuntos familiares de decisões importantes que irão garantir a continuidade do negócio. 16 Tabela 3 - Entrevista com o Gestor P3: Como ocorre o processo de profissionalização do gestor e demais funcionários? G: Eu, particularmente, não faço nenhum curso, aprendo com meus funcionários. Porém os funcionários fazem cursos profissionalizantes que sempre são pagos metade pela empresa. Segundo Abdallah (2014), para uma empresa familiar crescer, ela tem que se profissionalizar. Porém, isso não significa que o dono ou os sucessores tenham necessariamente que se afastar, mas sim que deverão ficar por mérito e não apenas pelo o sobrenome que possuem. De acordo com a tabela 3, o gestor afirma que a profissionalização dos funcionários acontece da maneira mais simples possível, pois a empresa paga metade dos cursos profissionalizantes que são realizados pelos funcionários. Vale ressaltar que os donos, principalmente o gestor, não têm nenhum curso na área de gestão, e que tudo que sabe é fruto de experiência e troca de conhecimento, o que é bastante prejudicial para a empresa. Tabela 4 - Entrevista com o Gestor P4: Como acontece o processo de retirada de dinheiro (pró-labore) do gestor na empresa? G: É retirado quinzenalmente, porém sempre que eu ou minha esposa precisamos, retiramos mais dinheiro do caixa da empresa. Lodi (1998), afirma que o uso inadequado dos recursos financeiros da empresa por parte do dono, é um grande problema nas empresas familiares, pois o gestor quando retira dinheiro direto do caixa da empresa para uso pessoal, prejudica o financeiro da mesma. Na resposta 4 podemos notar essa clássica desvantagem das empresas familiares, na qual o gestor afirma que mesmo tendo os dias fixos para retirar seu salário, ele ainda faz outras retiradas a qualquer momento do caixa da empresa, podendo causar grandes prejuízos para a empresa, pois a própria pode até mesmo ficar sem dinheiro para cumprir com suas obrigações. Tabela 5 - Entrevista com o Gestor P5: O futuro sucessor é qualificado ou possui experiência para ocupar o cargo? G: Ainda não. Atualmente apenas um dos dois que podem ser futuramente o meu sucessor está se qualificando. P6: Como é realizado o controle e acompanhamento do processo de sucessão? G: Esse processo está sendo realizado aos poucos, porque tenho dois filhos 17 e ainda não sei quem irá de fato ser o meu sucessor. Eu no momento estou apenas observando o desenvolvimento dos dois. Para Oliveira (2006), o processo de sucessão nas empresas familiares é um dos períodos mais importantes para se otimizar a continuidade da empresa e caso esse período não apresente os efeitos esperados, a afetividade tanto da empresa quanto da família, fica bem comprometida. O autor ainda afirma que para ter um processo sucessório que garanta a continuidade da empresa, o sucessor deve ser uma pessoa capacitada e experiente, para isso o gestor deve deixar os sentimentos de lado e realizar uma ampla e real analise da melhor opção para a empresa. Ou seja, a preparação e o desenvolvimento profissional do sucessor são os fatores mais importante associados à continuação da empresa nas mãos da geração seguinte. 5.2 PERFIL / QUESTIONÁRIO E ANÁLISE DOS FUNCIONÁRIOS 5.2.1 Perfil dos Funcionários De acordo com as entrevistas realizadas com os funcionários do Mercadinho Sergimar, podemos constatar que 57% desses funcionários são homens e se concentram na idade média dos 25 e 35 anos. A maioria desses funcionários possui apenas o ensino médio, sendo que apenas 14% do total dos funcionários estão cursando ensino superior e trabalham na empresa há, pelo menos, dois anos. É importante ressaltar que 57% dos funcionários que trabalham na empresa são parentes do dono e foram contratados simplesmente por possuir algum vínculo familiar com o gestor, enquanto os demais funcionários foram contratos por meio de seleção ou indicação. 5.2.2 Resultados e Análise dos Questionários dos Funcionários Gráfico 1– Promoção de cargos Fonte: Dados da pesquisa (2016) 18 De acordo com o gráfico 1, podemos perceber que para ser promovido de cargo na empresa é levado mais em consideração o grau de parentesco que o sujeito tem com o administrador, do que o conhecimento ou a experiência. Vale ressaltar que os entrevistados ainda informaram que o dono/gestor da empresa é quem escolhe as pessoas para ocupar cada cargo. Melo (2014), afirma que o caminho mais fácil para afastar boas pessoas do ambiente de trabalho é o favoritismo. Mesmo que todos queiram ajudar a família, a contratação, promoção e priorização de pessoas fundamentada em vinculo familiar é um caminho certo ao desastre, pois causa a desmotivação dos funcionários não familiares. O nepotismo é uma prática injusta bem comum nas empresas familiares, por beneficiar apenas parentes que em sua grande maioria não tem a menor capacidade para ocupar os cargos e não por merecimento como os demais. Gráfico 2– Privilégio de parentes Fonte: Dados da pesquisa (2016) O gráfico acima nos comprova uma prática bem comum nas empresas familiares: o nepotismo. 71%, ou seja, até mesmo os funcionários que possuem vínculo familiar com o gestor, afirmam que os parentes que trabalham na empresa possuem algum tipo de privilégio. Conforme Grzybovski e Tedesco (2002), o privilégio de parentes nas empresas familiares vem crescendo cada vez mais e é um dos principais motivadores de conflitos, por ocasionar tomadas de decisões erradas e, claro, na desmotivação dos demais funcionários que não possuem nenhum tipo de regalia. Gráfico 3– Desenvolvimento profissional 19 Fonte: Dados da pesquisa (2016) Para Bernhoeft (1991) a profissionalização não é apenas ter uma estrutura organizacional copiada de livros, nem mesmo entregar a administração nas mãos de um profissional que não conhece a empresa. O processo de profissionalização deve se iniciar na própria família, pois é ela que tem o poder de vida ou de morte da empresa. Uma empresa quando é profissionalizada permite relacionamentos mais profissionais, com tomadas de decisões mais racionais, permitindo assim o isolamento dos sentimentos no ambiente interno da empresa e passa a ajudar, dessa forma, no crescimento da empresa. Gráfico 4 – Problemas familiares na organização Fonte: Dados da pesquisa (2016) Melo (2014) afirma que as empresas familiares são afetadas internamente por problemas decorrentes pela a falta de capacidade de os familiares separarem o familiar do lado profissional. Às vezes, os problemas são devido aos variados 20 interesses de cada um dos membros ou rivalidades pessoais que dominam o ambiente de trabalho. Quando a empresa é afetada por problemas familiares que não tem nada a ver com a empresa, todo o ambiente de trabalho é afetado, causando assim graves problemas no desenvolvimento do empreendimento. Se o gestor não conseguir parar com esses problemas, pode aumentar a rotatividade dos funcionários e criar um ambiente de trabalho hostil. Gráfico 5– Conflitos no processo sucessório Fonte: Dados da pesquisa (2016) Segundo Barcelos (2007), o processo sucessório é um grande causador de conflitos nas empresas familiares, por ser um procedimento degrande dificuldade para essas empresas, porque tanto requer bastante planejamento e porque deve ser realizado com muita antecedência ao dia que, de fato, irá acontecer a sucessão. Assim sendo, a empresa que não se prepara adequadamente para esse processo tem grande chance de fracasso, pois não irá conseguir sobreviver aos conflitos que podem surgir: que pode ser tanto pela a briga de poder ou simplesmente pela dificuldade enfrentada pela a transação passada de sucessão para sucessão. 6. CONCLUSÃO A finalidade desse artigo foi analisar a dificuldade enfrentada na gestão da micro e pequena empresa familiar separando empresa x família. Assim sendo, os dados adquiridos foram avaliados e confrontados com as definições defendidas pelos autores, ajudando, portanto, os gestores na resolução dos problemas enfrentados no dia a dia da administração da empresa familiar. Os resultados assinalam que, apesar do sucesso adquirido por meio do lado empreendedor do proprietário do Mercadinho Sergimar, a gestão da empresa tem seus erros e acertos. Observa-se que é muito complicado administrar uma empresa familiar devido a sua grande variedade de vantagens e desvantagens, e que é notória a influência familiar na tomada de decisão do empreendimento. 21 Foi possível conferir que a prática de nepotismo nessas empresas cresce cada vez mais, provocado pela a dificuldade em separar o familiar do profissional, dificultando, dessa forma, o interesse pelo o gestor e demais funcionários pela a busca de uma melhor qualificação. Um assunto bem crítico abordado no artigo, e de maior complexidade nas empresas familiares, foi o processo sucessório, que deve ser realizado com bastante planejamento e muita antecedência ao dia que de fato irá acontecer a sucessão, ponto ao qual o gestor não está tão preocupado no momento. Contudo, com a elaboração do presente estudo, pode-se conhecer melhor a empresa Mercadinho Sergimar, que consentiu a conferência da realidade de suas práticas com a bibliografia especializada, com a qual conseguimos verificar suas dificuldades na gestão e os conflitos na comunicação. Do qual se observou, que o modelo de gestão adotado na empresa, apesar de ser de muito sucesso, peca na falta de um gestor qualificado para colocar em prática as tomadas de decisões mais racionais e menos emocionais, a fim de pensar estrategicamente, organizando e ajustando em princípios administrativos mercantil, permitindo a continuação da empresa a longo prazo. Este estudo, contudo, é apenas uma pequena contribuição para o meio empresarial e educacional pois o tema é bastante relevante, complexo e envolve várias vertentes. REFERÊNCIAS ABDALLAH, Ariane. Como profissionalizar uma empresa familiar. Disponível em: http://epocanegocios.globo.com/Inspiracao/Carreira/noticia/2014/04/como- profissionalizar-uma-empresa-familiar.html. Acessado em: 17/10/2016. BARCELOS, R. O. RH. A Formação e a Contratação de Sucessores Familiares. Um Estudo em Empresas Brasileiras e Portuguesas. In. CPR – I Encontro de Gestão de Pessoas e Relações de Trabalho, 2007, Natal, RN. Anais, Natal, 2007. BERNHOEFT, R. Empresa Familiar: sucessão profissionalizada ou sobrevivência comprometida. 2° ed. São Paulo: Nobel, 1989. BEZERRA, Élida. As dificuldades de administrar empresas familiares. Disponível em: http://www.rh.com.br/Portal/Mudanca/Entrevista/6370/as-dificuldades- deadministrar-empresas-familiares.html. Acessado em: 10/07/2016. CERVO, A. L.; BERVIAN, P. A. 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