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* * LEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANA Ordem: Kinetoplastida (1 ou 2 flagelos, originados de uma depressão ) Família: Trypanosomatidae (todos parasitos heteroxenos de vertebrados sendo transmitidos por insetos hematófagos) Gênero – Leishmania ( protozoários, heteroxenos) Promastigotas flagelados ; Amastigotas com semiflagelo livre * * HISTÓRICO E EPIDEMIOLOGIA Doença de caráter zoonótico (homem e outras espécies de animais silvestres); Enfermidade polimorfa e causadora de deformidades de pele e mucosas; LC – lesões ulcerosas, indolores, únicas ou múltiplas; LCM – lesões mucosas agressivas acometendo regiões nasofaríngeas; LCD – lesões nodulares não ulceradas; * * HISTÓRICO E EPIDEMIOLOGIA Leishmaniose cutânea – primeiro séc. d.C. na Ásia Central; Conhecida pelos viajantes como botão-do-oriente; Novo Mundo – primeiro séc. d.C. Peru e Equador; Descrições Clínicas – Oviedo (1935) e Pizarro (1571) destruição do nariz e cavidades bucais de índios na encosta da Cordilheira dos Andes; * * HISTÓRICO E EPIDEMIOLOGIA Bueno (1764) – no Peru a doença transmitida pela picada de flebotomíneos; Cunningham (1885) – observação dos parasitos em casos de LV na Índia; Ross (1903) – criação do gênero; Brasil – conhecida desde 1855 por Cerqueira; 1908 – Construção da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil (São Paulo), vários casos em Bauru (úlcera-de-Bauru); * * HISTÓRICO E EPIDEMIOLOGIA Gaspar Vianna (1911) – Leishmania braziliensis; Prevalência acima de 12 milhões de casos (OMS, 1990); 350 milhões de pessoas em áreas de risco; Elevada taxa de subnotificação por descaso das autoridades; * * HISTÓRICO E EPIDEMIOLOGIA Notificação obrigatória – 32 dos 88 países onde são prevalentes; Bairros da periferia de Manaus- em 1985, 3.000 casos; Lesões incapacitantes, desfigurantes e algumas vezes fatais – entre as 6 mais importantes do mundo (OMS); Dos 88, 76 países são subdesenvolvidos ou em desenvolvimento; Urbanização das leishmanioses (êxodo rural, desemprego, favelas, guerras). * * BIOLOGIA Agente Etiológico Hospedeiros Vertebrados – roedores, edentados (tatu, tamanduá, preguiça), masurpiais (gambá), canídeos e primatas, incluindo o homem; Hospedeiros Invertebrados – Insetos do gênero Lutzomyia Espécies encontradas no Brasil: Leishmania braziliensis Leishmania guyanensis Leishmania lainsoni Leishmania shawi Leishmania naiffi Leishmania amazonensis * * A – Amastigota (arredondado ou oval, núcleo grande e excêntrico, cinetoplasto visível porém com flagelo reduzido que não se exterioriza); B – Promastigota (corpo celular alongado, núcleo mediano, cinetoplasto na região anterior por onde emerge o flagelo); Paramastigotas – ovais ou arredondadas com pequeno flagelo livre, aderidas ao epitélio do trato digestivo do inseto. BIOLOGIA * * Ciclo Biológico Hospedeiro Vertebrado e Hospedeiro Invertebrado Transmissão – Picada do flebotomíneo conhecido no Brasil por: birigui, mosquito-palha, tatuquira. Saliva do Inseto – efetiva na infecciosidade das formas promastigotas devidos a substâncias vasodilatadoras. * * IMUNIDADE Resposta imune celular e humoral são desenvolvidas – Th1 e Th2; Resistência do hospedeiro – ativação de Th1 (estímulo de citocinas pró- inflamatórias IFN-, IL-2, IL-12 e TNF-; Suscetibilidade – resposta de perfil Th2; LC – polarização Th1 com baixos níveis de anticorpos (IgG1 e IgG3); LCM - simultaneamente Th1 e Th2 com discreto aumento dos níveis de anticorpos (IgG1 e IgG3); * * IMUNIDADE LCD – polarização Th2 com níveis elevados de anticorpos (IgG4 e IgG1); Resposta imunecelular variável: presente na forma cutânea exacerbada nas lesões mucosas suprimida na forma difusa; Regulação genética – negros (lesões cutaneomucosas severas) e índios (lesões com desenvolvimento lento). * * PATOGENIA Destruição de células da derme durante repasto sanguíneo; Ativação de macrófagos – identificação e destruição; Fagocitose de promastigotas amastigotas divisões binárias atração de macrófagos * * PATOGENIA Lesão inicial – infiltrado inflamatório (linfócitos e macrófagos) com macrófagos abarrotados de parasitas; Período de incubação – tempo decorrido entre a picada e o aparecimento da lesão inicial (2 semanas a 3 meses); * * PATOGENIA Características da Lesão Circular, de bordos altos, fundo granuloso, cor vermelha intensa, recoberto por exsudato seroso; Podem apresentar-se: seca e hipercerastósica; Pode ocorrer disseminação linfática ou hematogênica; Após tratamento – cicatriz característica normalmente despigmentada, com uma leve depressão e área fibrótica. * * FORMAS CLÍNICAS Leishmaniose Cutânea (LC) Úlceras únicas ou múltiplas confinadas na derme com a epiderme ulcerada; Elevada densidade de parasitos nos bordos das úlceras nas fases iniciais tendendo à escassez nas úlceras crônicas. Leishmania braziliensis – úlcera-de-Bauru - Lesões primárias únicas ou em pequeno número em forma de cratera; - Curso irregular e crônico; - Tendência à cura espontânea; - Forma cutânea mais destrutiva. * * FORMAS CLÍNICAS Leishmania guyanensis – pian bois - Úlcera típica “cratera da lua” facilmente sendo disseminada; - Forma hipodérmica não ulcerada forma nodular ulcerada; - Linfangite e linfadenopatia e formas verrucosas. Leishmania amazonensis - Em geral, lesões ulcerosas simples e limitadas; - Numerosos parasitos nos bordos da lesão; - Incomum no homem hábitos noturnos do vetor; * * FORMAS CLÍNICAS Leishmaniose Cutânea (LC) * * FORMAS CLÍNICAS Leishmaniose Cutaneomucosa (LCM) Leishmania braziliensis Conhecida como nariz de anta; Após meses ou anos da lesão primária lesões destrutivas secundárias envolvendo mucosas e cartilagens; Continuidade com a lesão primária ou disseminação hematogênica; 70% dentro dos 5 anos após a lesão cutânea primária e 30% após 5 anos; * * FORMAS CLÍNICAS Leishmaniose Cutaneomucosa (LCM) Leishmania braziliensis Nariz, faringe, boca, laringe; Eritema, discreto infiltrado inflamatório no septo nasal coriza constante; Destruição do septo e asas do nariz resultando em aumento do órgão o que é chamado de nariz de anta; Dificuldades respiratórias, fala e alimenta – pode haver óbito. * * FORMAS CLÍNICAS Leishmaniose Cutaneomucosa (LCM) Leishmania braziliensis Atlas de Parasitologia Clínica, 1981 Atlas Colorido de Medicina Tropical e Parasitologia, 1ª ed, 1977 * * FORMAS CLÍNICAS Leishmaniose Cutânea Difusa (LCD) Leishamania amazonensis Envolve amplas áreas da pele (extremidades e partes expostas); Numerosas lesões papulares ou nodulares não ulceradas; Lesões decorrentes de metástades, disseminação linfática ou migração de macrófagos parsitados; Associada à deficiência imunológica - resposta celular deprimida; * * FORMAS CLÍNICAS Leishmaniose Cutânea Difusa (LCD) Leishamania amazonensis Curso crônico e progressivo não respondendo ao tratamento convencional. * * EPIDEMIOLOGIA Enzoose que passa a ter caráter zoonótico; Hospedeiros mamíferos - suporte sangüíneo e fonte de infecção; Hospedeiro mamífero (reservatório natural) – raramente produz doença; Relação Parasito-hospedeiro; Lesões na pele de hospedeiros acidentais; Minas Gerais – destruição das florestas; * * EPIDEMIOLOGIA Distribuição geográfica Mundo: noroeste da Índia, Paquistão, Oriente Médio, África; América: endêmica no México, América Central, toda a América do Sul, exceto Chile; Brasil: todos os estados, com maior incidência na região Norte. Leishmania braziliensis – Pará, Ceará, Amapá, Paraíba, Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, * * EPIDEMIOLOGIA Leishmania braziliensis –destruição das florestas (Lutzomyia wellcomei, Lu. Intermedia, Lu. Whitmani); Leishmania guyanensis – Lutzomyia umbratilis; Leishmania amazonensis – Lutzomyia flaviscutellata. Inseto do gênero Lutzomyia * * DIAGNÓSTICO Clínico Característica da lesão, anamnese, (dados epidemiológicos); Diagnóstico diferencial: tuberculose cutânea, hanseníase, infecções por fungos, úlcera tropical; Laboratorial – Pesquisa do Parasito Exame direto de esfregaços corados (bordos da lesão). 83% encontro das formas amastigotas (aguda); Exame histopatológico: encontro de amastigotas ou infiltrado inflamatório em biópsias de lesões; * * DIAGNÓSTICO PCR Métodos Imunológicos Teste de Montenegro: reação de hipersensibilidade retardada. Sensibilidade de 82,4 a 100%. Utilização de antígenos a base de promastigotas mortas 0,1mL do antígeno por via intradérmica; Formação de nódulo ou pápula (reação inflamatória - auge de 48 a 72h). IFI – Pesquisa de anticorpos. Não é espécie-específico (reações cruzadas). * * PROFILAXIA Controle nas áreas de florestas muito difícil; Uso de inseticidas – prejudicial e antieconômico; Proteção individual – repelentes, mosquiteiros de malha fina; Construção de casa a uma distância de 500m da mata; Engenheiros, topógrafos, geólogos, militares, biólogos – proteção individual; Produção de uma vacina eficaz. * * TRATAMENTO Glucantime – Via intramuscular; Contraindicação: pacientes cardíacos, mulheres grávidas; Leishvacin + BCG – baixa taxa de cura; Leishvacin + Glucantime – redução do tempo de tratamento. 100% de cura em 5 meses; Leishvacin + BCG + Glucantime – redução do tempo de tratamento. 100% de cura em 3 meses * * LEISHMANIOSE TEGUMENTAR DO VELHO MUNDO Leishmania tropica – leishnmaiose cutânea humana; Leishmania major – leishmaniose cutânea zoonótica; Leishmania aethiopica – lesões cutâneas simples e raramente comprometimento oronasal. * * LEISHMANIOSE VISCERAL AMERICANA * * HISTÓRICO Enfermidade infecciosa generalizada, crônica. Febre irregular e de longa duração; Desde cura espontânea até manifestações clínicas severas; Calazar – doença mortífera; Zoonose; Cunningham (1985) – observação dos parasitas em indivíduos acometidos; * * HISTÓRICO Nicolle & Comte (1908) – demonstração do parasito em cães; Transmissão constatada em 1931 pela picada de flebotomíneos em hamsters; América do Sul – primeiro caso em 1913 no Paraguai; Primeiro relato do encontro no Brasil em 1934; Evandro Chagas (1936 a 1939) – homem, cães, Lutzomyia longiplapis e Leishmania Chagasi; Endêmica no Nordeste. * * BIOLOGIA Hospedeiros Vertebrados – roedores, edentados (tatu, tamanduá, preguiça), masurpiais (gambá), canídeos e primatas, incluindo o homem; Hospedeiros Invertebrados – Insetos do gênero Lutzomyia Espécies encontradas no Brasil: Leishmania infantum Leihmania chagasi Novo Mundo Leishmaia chagasi Leishmania donovani Leishmania infantum * * A – Amastigota (arredondado ou oval, núcleo grande e excêntrico, cinetoplasto visível porém com flagelo reduzido que não se exterioriza); B – Promastigota (corpo celular alongado, núcleo mediano, cinetoplasto na região anterior por onde emerge o flagelo); Paramastigotas – ovais ou arredondadas com pequeno flagelo livre, aderidas ao epitélio do trato digestivo do inseto. BIOLOGIA * * Hábitat BIOLOGIA Hospedeiro Vertebrado – amastigotas principalmente em macrófagos; Homem – órgão linfóides (medula óssea, baço, linfonodos); – amastigotas nos rins, placas de Peyer, intestino, raramente sangue; Hospedeiro Invertebrado – promastigotas e paramastigotas no lúmen do trato digestivo. * * BIOLOGIA Transmissão Picada da fêmea de Lutzomyia longipalpis infectadas; Formas promastigotas metacíclicas inoculadas durante repasto sangüíneo; Acidentes de Laboratório; Transfusão Sangüínea; Uso de Drogas Injetáveis; Transmissão Congênita. * * IMUNIDADE Macrófagos como apresentadores de antígenos; Th1 – proteção; Th2 – progressão da doença; Compartimentalização de resposta com ou sem quadro de evolução da doença; IFN- - ativador de macrófagos na destruição do parasito; TNF- – potencializa ação do IFN-; * * PATOGENIA Local da picada – reação inflamatória, formação de nódulo, leishmanioma, que não ulcera; Visceralização das amastigotas; Amastigotas dentro de macrófagos; Medula óssea, fígado, baço, sangue, pele, pulmões, rins; Alterações: tecido sangüíneo, hepático, esplênico, pulmonar e renal; Disseminação hematogênica ou linfática * * ASPECTOS CLÍNICOS Período de Incubação Virulência da cepa de L. chagasi, dose de inóculo, característica genética do hospedeiro, estado imunológico e nutricional; Varia de 2 a 7 meses; Três semanas a 2 anos; Sintoma de visceralização: febre baixa recorrente, com 2 ou 3 picos diários. * * ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS E HISTOPATOLÓGICAS Esplênicas Esplenomegalia na doença estabelecida e crônica; Quanto mais prolongada a doença maior o baço; Pode haver ruptura do órgão. Hepáticas Hepatomegalia; Infiltrado difuso de células plasmáticas e linfócitos; Fibrose septal e portal leve ou moderada. * * ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS E HISTOPATOLÓGICAS Tecido Hemocitopoético Medula óssea densamente parasitada; Anemia. Renais Presença de imunocomplexos circulantes; Glomerulonefite; Albuminúria. * * ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS E HISTOPATOLÓGICAS Pulmonares Pneumonite intersticial; Broncopneumonia. Linfonodos Aumentados e parasitados. * * ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS E HISTOPATOLÓGICAS Tubo Digestivo Proliferação de células do sistema mononuclear fagocitário; Edema e alongamento das vilosidades. Cutâneas Descamação e queda de cabelos; Intenso parasitismo celular. * * QUADRO CLÍNICO Paciente não tratados: mortalidade chegando a 90%; Progressivo emagrecimento e enfraquecimento geral; Aumento de suscetibilidade a infecções secundárias; Tendência a hemorragias – leucopenia e trombocitopenia; Anorexia e anemia, Caquexia; Morte freqüentemente associada com infecções secundárias; * * QUADRO CLÍNICO Forma Assintomática – sem sintomatologia, sorologia positiva e reagente para Teste de Montenegro. Áreas endêmicas; Forma Oligossintomática ou Subclínica – amastigotas em macrófagos. Febre baixa recorrente, tosse seca, diarréia, sudorese, prostração. Forma Aguda – semelhante à septicemia. Diarréia, febre alta e tosse, discreta hepatoesplenomegalia. Confundida com malária, esquistossomose, toxoplasmose aguda; Forma Sintomática, Crônica ou Calazar Clássico – evolução prolongada, edema generalizado, emagrecimento progressivo, caquexia, dispnéia, perturbações digestivas, evolução para o óbito. * * QUADRO CLÍNICO Emagrecimento, aumento de volume de baço e fígado em crianças de Viçosa, Ceará. Complicações: pneumonia e broncopneumonia, tuberculose, diarréia e disenteria, otite média, associação com HIV. * * EPIDEMIOLOGIA Distribuição dos casos de leishmaniose visceral humana no Brasil (FUNASA, 2001) Reservatórios do Calazar – cão doméstico, raposa, gambá; Ciclo Silvestre – Lutzomyia longipalpis e raposas; Ciclo Doméstico ou Peridoméstico – ambiente urbano ou rural. Lutzomyia longipalpis e cão ou homem. * * EPIDEMIOLOGIA Cerca de 90% dos casos de leishmaniose visceral das Américas ocorre no Brasil; Região Nordeste apresenta 94% de todos os casos registrados do Brasil, especialmente nos estados do Piauí, Maranhão, Bahia e Ceará; 2000 - registrados 3779 novos casos de leishmaniose viceral humana em 18 estados do país; Ciclo Doméstico ou Peridoméstico – ambiente urbano ou rural. Lutzomyia longipalpis e cão ou homem. * * DIAGNÓSTICO Clínico Febre baixa recorrente, envolvimento linfático, esplenomegalia, caquexia, residência em área endêmica. Pode ser confundido com malária, brucelose, toxoplasmose, esquistossomose. Laboratorial Pesquisa do parasito: punção medular, fígado e baço. Métodos imunológicos: IFI, ELISA (antígenos purificados). * * TRATAMENTO Glucantime; Interferon Gama Recombinante – associado ao Glucantime; Corrigir as manifestações clínicas como anemia, desnutrição, hemorragias; Leishmaniose Dérmica Pós-Calazar – surge após 2 anos do tratamento efetivo. * * PROFILAXIA Vigilância epidemiológica e Vacinação (ainda não existe); Tratamento de todos os casos humanos; Eliminação dos cães infectados; Combate ao vetor * * CALAZAR CANINO Mais importante, epidemiologicamente, que a doença humana; Cães soropositivos: assintomáticos, oligossintomáticos e sintomáticos
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