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LEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANA --> As leishmanioses são antropozoonoses consideradas um grande problema de saúde pública. --> A leishmaniose tegumentar americana (LTA) é uma doença de caráter zoonótico que acomete humanos e diversas espécies de animais silvestres e domésticos, podendo se manifestar através de diferentes formas clínicas ETIOLOGIA --> Leishmania --> protozoário parasito intracelular obrigatório das células do sistema fagocítico mononuclear Agente etiológico • Nas américas existem 11 espécies dermotrópicas de Leishmania causadoras de doenças humanas e 8 espécies descritas, somente em animais - Brasil --> 7 espécies identificadas --> 6 do subgênero Viannia e 1 do subgênero Leishmania - 3 principais espécies são:• Leishmania (Viannia) braziliensis- Leishmania (Viannia) guyanensis- Leishmania (Leishmania) amazonensis- --> Leishmania (Viannia) braziliensis: espécie mais prevalente no homem --> causa lesões cutâneas e mucosas --> Leishmania (Viannia) guyanensis: causa sobretudo lesões cutâneas --> Leishmania (Leishmania) amazonensis: causa lesões cutânea difusa Identificadas em estados das regiões Norte e Nordeste:• Leishmaniose (Viannia) lainsoni - Leishmaniose (Viannia) naiffi - Leishmaniose (Viannia) lindenberg - Leishmaniose (Viannia) shawi- MORFOLOGIA DO AGENTE ETIOLÓGICO --> Polimorfismo: Promastigota ou flagelada --> encontrada no tubo digestivo do inseto vetor. - Paramastigota --> formas ovais ou arredondadas --> Encontradas aderidas ao epitélio do trato digestivo do vetor pelo flagelo --> hemidesmossomos - Amastigota ou aflagelada --> presente nos tecidos do hospedeiros vertebradosS - Página 1 de Leishmaniose tegumentar Reprodução --> divisão binária na sua forma promastigota --> ocorre no interior dos fagossomos de macrófagos • Produção de um segundo flagelo- Núcleo se divide em dois- Produção de duas promastigotas - --> As leishmanias têm por hábitat os vacúolos digestivos de células do sistema fagocítico mononuclear, onde se multiplicam sob a forma amastigota. No interior do macrófago ela se multiplica até destruí-lo, quando então passa a invadir novas células. - TRANSMISSÃO --> Doença com diversidade de agentes, de reservatórios e de vetores que apresenta diferentes padrões de transmissão e um conhecimento ainda limitado sobre alguns aspectos, o que a torna de difícil controle. --> Modos de transmissão: Através da picada de insetos transmissores infectados. - Não há transmissão de pessoa a pessoa.- --> Hospedeiros: Flebotomíneos: Ordem Díptera --> Familia Psychodidae --> Subfamilia Phlebotominae --> Gênero Lutzomyia - Principais espécies envolvidas na trasnmissão: Lutzomyia flaviscutellata / Lutzomyia whitmani / Lutzomyia umbratilis / Lutzomyia intermedia / Lutzomyia wellcome e Lutzomyia migonei - Somente as fêmeas são hematófagas -->Necessitam ingerir sangue para realizar a postura de ovos. - PADRÕES EPIDEMIOLÓGICOS --> Análises epidemiológicas: mudanças no padrão de transmissão da doença, inicialmente considerada zoonoses de animais silvestres, que acometia ocasionalmente pessoas em contato com as florestas. --> Posteriormente, a doença começou a ocorrer em zonas rurais praticamente desmatadas, e em regiões periurbana. Padrões epidemiológicos:• Silvestre : a transmissão ocorre em área de vegetação primária --> zoonose de animais silvestres, que pode acometer o ser humano quando este entra em contato com o ambiente silvestre, onde esteja ocorrendo enzootia. - Ocupacional e Lazer: a transmissão está associado a exploração desordenada da floresta e derrubada de matas para construção de estradas, usinas hidrelétricas, extração de madeira. - Rural e periurbano em áreas de colonização: relacionado ao processo migratório, ocupação de encostas e aglomerados em centros urbanos associados a matas secundarias ou residuais. - CICLO DE TRANSMISSÃO --> Variam de acordo com a região geográfica, envolvendo uma diversidade de espécies de parasito, vetores, reservatórios e hospedeiros. Leishmania (Leishmania) amazonensis --> Não é um parasito comum em humanos devido provavelmente aos hábitos noturnos do vetor Principal vetor: Lutzomyia flaviscutellata○ Roedores silvestres do genero Proechymis e o Oryzomys. ○ - Página 2 de Leishmaniose tegumentar --> A L. amazonensis causa úlceras cutâneas localizadas e, ocasionalmente, alguns indivíduos podem desenvolver o quadro clássico da leishmaniose cutânea difusa (LCD). Leishmania (Viannia) guyanensis Causa lesões cutâneas --> pian bois○ Lutzomyia umbratilis (principal vetor) --> apresenta alta densidade tanto na copa das arvores, onde predomina o ciclo silvestre. ○ Parasito --> isolado de mamíferos silvestres --> Preguiça, tamanduá e gambá ○ A L. (V.) guyanensis causa predominantemente lesões ulceradas cutâneas únicas ou múltiplas ○ - Leishmania (Viannia) braziliensis Foi a primeira espécie de Leishmania descrita e incriminada como agente etiológico da LTA; ○ Espécie responsável pela forma cutânea mais destrutiva dentre as conhecidas; ○ Ampla distribuição, desde a América Central até o norte da Argentina. ○ É a mais importante, não só no Brasil, mas em toda a América Latina. ○ Parasito foi isolado: Rio de Janeiro: felídeos (Felis catus) --> Pernambuco: isolado em roedores silvestres e sinantropicos --> Ceará, Bahia, Espirito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo: canídeos (Canis familiaris) ○ - --> A doença humana é caracterizada por úlcera cutânea, única ou múltipla, cuja principal complicação é a metástase por via hematogênica, para as mucosas da nasofaringe, com destruição desses tecidos. Leishmania (Viannia) shawi Distribuída nas regiões nordeste e sudeste do Estado do Pará e região oeste do Maranhão. ○ Vetor: Lutzmoya whitmani○ Parasito --> mamíferos silvestres ○ - Leishmania (Viannia) lainsoni Espécie de Leishmania identificada no Pará, Rondônia e Acre. ○ Parasito --> isolado de vísceras e pele do roedor silvestre (ex.; paca) ○ - Leishmania (Viannia) naiffi O ciclo desta espécie de Leishmania ocorre nos estados do Pará e Amazonas. ○ Três espécies de flebotomíneos: Lutzmoya ayrozai, Lutzmoya paraensis e Lutzmoya squamiventris. ○ Parasito --> isolado de edentados (tatu)○ - Leishmania (Viannia) lindenberg Infecções em soldados em treinamento em uma área de reserva florestal no Estado do Para. ○ Vetor: Lutzomya antunesi ○ - CICLO BIOLÓGICO Formas amastigotas: encontradas parasitando células do sistema mononuclear fagocitário --> hospedeiro vertebrado --> principalmente macrófagos residentes na pele 1. Formas promastigotas --> encontradas no tubo digestivo --> hospedeiro intermediário --> flebotomíneos 2. Ciclo no vetor:• --> A infecção do inseto ocorre quando a fêmea pica o vertebrado infectado para exercer o repasto sanguíneo e juntamente com o sangue ingere macrófagos parasitados por formas amastigotas Página 3 de Leishmaniose tegumentar --> Os parasitos inoculados pelos flebotomíneos e fagocitados por macrófagos da pele transforma-se em amastigotas e permanecem no interior dos vacúolos. --> Além de se multiplicarem até destruírem a célula hospedeira, as leishmânias provocam um aumento considerável dos macrófagos na região , que, assim, passam a endocitar mais e mais parasitos, ampliando a extensão das células infectadas e das lesões leishmanióticas . MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS --> Infecção inaparente: Reconhecimento da infecçãosem manifestação clínica - Indivíduos aparentemente sadios --> resultados positivos nos testes laboratoriais; - Residentes em áreas de transmissão de LTA --> ausência de cicatriz cutânea sugestiva de LC ou de lesão mucosa. - LEISHMANIOSE CUTÂNEA (LC) Úlcera típica --> indolor e em áreas expostas da pele; • Formato arredondado ou ovalado- Base eritematosa, infiltrada e de consistência firme- Bordas bem delimitadas e elevadas- Fundo avermelhado e com granulações grosseiras.- --> Lesões iniciais --> nodulares, localizadas profundamente na hipoderme, ou pequenas pápulas --> no local da picada de inseto --> evoluem aumentando em tamanho e profundidade --> lesões papulotuberosas. --> A infecção bacteriana associada pode causar dor local e produzir exsudato seropurulento que, ao dessecar-se em crostas, recobre total ou parcialmente o fundo da úlcera. Forma cutânea localizada• A lesão é geralmente do tipo úlcera, com tendência à cura espontânea e apresentando boa resposta ao tratamento, podendo ser única ou múltipla (até 20 lesões). - Página 4 de Leishmaniose tegumentar --> A forma localizada pode acompanhar-se de linfadenopatia regional e de linfangite nodular e costuma apresentar IDRM (Intradermorreação de Montenegro) positiva. Forma cutânea disseminada• Pode ser observada em até 2% dos casos - Espécies causadoras desta síndrome --> Leishmania (V.) braziliensis e Leishmania (L.) amazonensis - Caracterizada pelo aparecimento de múltiplas lesões papulares e de aparência acneiforme --> acometem vários segmentos corporais, envolvendo com frequência a face e o tronco - --> Manifestações sistêmicas --> febre, mal-estar geral, dores musculares, emagrecimento, anorexia; --> O encontro do parasito na forma disseminada é baixo, quando comparado com a forma difusa. --> Os pacientes apresentam títulos elevados de anticorpos séricos anti Leishmania: Intradermorreação de Montenegro --> resposta variável - Linfoproliferativa in vitro --> positivas ou negativas- Forma recidiva cútis • Caracteriza-se por evoluir com cicatrização espontânea ou medicamentosa da úlcera, com reativação localizada geralmente na borda da lesão - Geralmente a IDRM: positiva- Forma cutânea difusa • Leishmania (L.) amazonensis;- Evolui de forma lenta com formação de placas e múltiplas nodulações não ulceradas. - LEISHMANIOSE CUTANEOMUCOSA (LCM) --> Estima-se que 3 a 5% dos casos de leishmaniose cutânea desenvolvem lesão mucosa --> Clinicamente --> lesões destrutivas localizadas nas mucosas das vias aéreas superiores. --> Na maioria dos casos, a lesão mucosa resulta de lesão cutânea de evolução crônica e curada sem tratamento ou com tratamento inadequado. --> Pacientes com lesões cutâneas múltiplas, lesões extensas e com mais de um ano de evolução, localizadas acima da cintura, são o grupo com maior risco de desenvolver metástases para a mucosa. --> No Brasil o agente etiológico causador de Leishmaniose Mucosa (LM) é o L. (V.) braziliensis. Página 5 de Leishmaniose tegumentar --> Evolução da LM: Obstrução nasal, eliminação de crostas, rouquidão, dispneia e tosse - Complicações infecciosas podendo evoluir para o óbito em 1% dos casos - --> Exames: DRM --> positiva- Difícil confirmação parasitológica;- Difícil resposta terapêutica --> doses maiores de drogas. - OBS.: Sugere-se sempre examinar as mucosas dos pacientes com leishmaniose cutânea, porque as lesões mucosas iniciais geralmente são assintomáticas. Forma mucosa tardia:• Pode surgir até vários anos após a cicatrização da forma cutânea; - Associada às lesões cutâneas múltiplas ou de longa duração. - Forma mucosa de origem indeterminada• Apresenta-se clinicamente isolada, não sendo possível detectar nenhuma outra evidência de lesão cutânea prévia. - Forma mucosa contígua • Ocorre por propagação direta de lesão cutânea, localizada próxima a orifícios naturais, para a mucosa das vias aerodigestivas. - LEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERIANA (LTA) Página 6 de Leishmaniose tegumentar EPIDEMIOLOGIA --> A leishmaniose tegumentar tem ampla distribuição mundial e no Continente Americano existe registro de casos desde o extremo sul dos Estados Unidos até o norte da Argentina, com exceção do Chile e Uruguai. --> Constitui um problema de saúde pública em 88 países, distribuídos em quatro continentes (Américas, Europa, África e Ásia), com registro anual de 1 a 1,5 milhões de casos. --> Brasil --> afecções dermatológicas ✓ Risco de ocorrência de deformidades ✓ Envolvimento psicológico: reflexos no campo social e econômico ✓ Doença ocupacional --> o indivíduo tem uma doença provocadas por fatores relacionados com o ambiente de trabalho rural. DIAGNÓSTICO Diagnóstico clínico --> análise:• Gravidade dos sintomas- Espécies do parasito - Polimorfismo presente - Diagnóstico laboratorial • Exames parasitológicos:- Demonstração diretA do parasito 1. É o procedimento de primeira escolha por ser mais rápido, de menor custo e de fácil execução. - Pesquisa direta --> escarificação, biopsia e punção aspirativa; - Corado na lâmina com Giemsa, Romanowsky- Isolamento em cultivo in vitro (meios de cultivo)2. Método de confirmação do agente etiológico --> permite a identificação da espécie de Leishmania envolvida - Cultura: a partir de fragmentos das bordas das lesões.- ✓ Facilmente contaminadas; ✓ Exige tempo e pessoal treinado. Isolamento in vivo (inoculações em animais) 3. O material obtido por biopsia ou raspado de lesão e triturado em solução salina estéril --> inoculado via intradérmica - Exames Imunológicos: - Teste intradérmico --> Intradermoreação de Montenegro ou da leishmanina 1. Fundamenta-se na visualização da resposta de hipersensibilidade celular retardada. - Consiste no inóculo de 0,1 ml de antígeno pela via intradérmica na face interna do braço; - ✓ Positividade 84 e 100% nas formas cutânea e muco- cutânea; ✓ Resultados negativos forma cutânea difusa. Página 7 de Leishmaniose tegumentar Testes positivos: reação inflamatória local --> nódulo/pápula que atinge o auge em 48-72 horas, regredindo em seguida. - Padrão de positividade: Presença de nódulo ≥ 5 mm no local da inoculação do antígeno - OBS.: Geralmente persiste positiva após o tratamento, ou cicatrização da lesão cutânea tratada ou curada espontaneamente Nas populações de área endêmica, na ausência de lesão ativa ou cicatriz, a positividade varia entre 20 e 30%. - A IDRM pode ser negativa nas primeiras quatro a seis semanas após o surgimento da lesão cutânea e testes repetidos com poucas semanas de intervalo, com finalidade de diagnóstico ou inquéritos epidemiológicos, podem induzir um “efeito reforço”. - Testes sorológicos 2. Esses testes detectam anticorpos anti-Leishmania circulantes no soro dos pacientes com títulos geralmente baixos. - As lesões múltiplas (cutâneas ou mucosas) estão associadas a títulos mais altos. - Por outro lado, as lesões mucosas apresentam títulos mais altos e persistentes que as lesões cutâneas. - --> ELISA (Ensaio Imuno Enzimático) ainda não está disponível comercialmente, devendo ter seu uso restrito a pesquisa. --> Reação de Imunofluorescência Indireta (RIFI) nas lesões ulceradas por L. (V.) braziliensis a sensibilidade da está em torno de 70% no primeiro ano da doença. Exames moleculares- --> PCR Real Time --> detecta a transcrição reversa-RNA, que indica infecção ativa, por meio de qualquer uma das técnicas conhecidas de PCR. Usa amostras biológicas de hospedeiros, reservatórios e vetores infectados. - Vantagens: - ✓ Identificar e quantificar a espécie do parasito ✓ Medir as variações sazonais do parasitono hospedeiro silvestre ✓ Determinar a eficácia das drogas na leishmaniose humana e experimental Desvantagem: alto custo - DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Hanseníase, tuberculose;- Piodermites, granuloma facial de linha média- Lúpus eritematoso discoide; - Úlceras decorrentes da anemia falciforme; - Picadas de insetos, granuloma por corpo estranho;- Carcinoma espinocelular, linfoma cutâneo. - Página 8 de Leishmaniose tegumentar TRATAMENTO --> As drogas de primeira escolha no tratamento das leishmanioses são os antimoniais pentavalentes (Sb+5 ). --> Organização Mundial da Saúde (OMS) dose deste antimonial seja calculada em mg Sb+5 /kg/dia Efeitos colaterais • --> Os principais efeitos secundários deste remédio incluem dor nas articulações, náuseas, vômitos, dores musculares, febre, dor de cabeça, diminuição do apetite, dificuldade para respirar, inchaço do rosto, dor na barriga e alterações no exame de sangue, especialmente nos testes de função do fígado. O critério de cura é clínico sendo indicado o acompanhamento regular por 12 meses. • O critério de cura é definido pela epitelização das lesões ulceradas, regressão total da infiltração e eritema, até três meses após a conclusão do esquema terapêutico. - Na forma mucosa --> critério de cura• É definido pela regressão de todos os sinais e comprovado pelo exame otorrinolaringológico, até seis meses após a conclusão do esquema terapêutico. • CONTROLE --> Medidas práticas de controle --> construção das casas longe das matas ou desmatar o terreno em torno dos povoados. --> Telagem de portas e janelas (trama fina) --> impedir a entrada dos flebotomíneos; --> Interior das casas --> aplicar inseticidas nas paredes ou em cortinados e mosquiteiros --> Os animais domésticos infectados, fontes importantes de parasitos, devem ser tratados reiteradamente (cura difícil) ou eliminados. Página 9 de Leishmaniose tegumentar
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