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TEORIA E HISTÓRIA DO URBANISMO URBANISMO NO BRASIL Como começou? Onde começou? Porque? Final do século XIX: a.Lei de Terras – 1850 b.Abolição da escravatura - 1888 c.Grande seca no Nordeste – 1877/1879 − combinação de seca fome e epidemias − 600 mil nordestinos morreram c. Proclamação da República – 1889 Cortiço da Rua dos Inválidos - RJ, final do século XIX. Moradias insalubres com condições sub-humanas de vida. Pertenciam geralmente aos senhores da indústria nascente ou do café, e eram destinados ao arrendamento de seus trabalhadores. A sua demolição por parte das autoridades fazia parte da política de limpeza e higienização da cidade a "qualquer custo". • Forma barata de moradia • Precedem as favelas • O mais famoso - Cabeça-de-Porco, foi abaixo em 26 de janeiro de 1893 • Locais insalubres e, acreditava-se, verdadeiros focos de doenças habitados por marginais e prostitutas, as “classes perigosas”. • Expulsos dos cortiços, e sem ter para onde ir, os pobres subiram os morros da cidade para construir suas casas. • Nascia a favela, contraditoriamente com o apoio do próprio poder público. • Em 1903, o decreto municipal n° 391 proibia terminantemente os cortiços, mas tolerava a construção de “barracões toscos nos morros que ainda não tivessem habitações”. Erradicação da doenças e epidemias: tipo, varíola e cólera. Erradicação de moradias insalubres Embelezamento da cidade Melhoramento do porto do RJ Abertura de vias e avenidas • Influência haussmaniana − adoção de modelo europeu/francês como referência de civilização − demolição − controle social • Princípios eugenistas: − branqueamento da raça: imigração − coloca fora das vistas a pobreza e cor das pessoas − construção de uma nação e seu povo. Adaptação dessas idéias estrangeiras: permite adequar esse discurso ao universo das questões e representações vigentes no âmbito do pensamento social. Europa e EUA: questão social aparece como eixo objetivo do conhecimento e da intervenção. Pensamento urbanístico (início do séc. XX): associado as idéias de reforma social • Brasil: o discurso perde seu caráter de reforma social e submete- se aos ideais de: − modernização e desenvolvimento − construção da nacionalidade Presença de uma sociedade caracterizada pela: a. segmentação social: elites e camadas populares a. exclusão social: ambos os setores as sociedade a. cidadania restrita. decorrente dum processo de desenvolvimento industrial tardio, não abrangente e dependente em toda América Latina. Resultados: fragmentação social e política no Brasil e América Latina. • Ação coletiva: marcada por 3 dimensões diferentes e contraditórias: a. Luta de classes b. Modernização c. Nacionalismo • Mitos integradores como superação dessa fragmentação: a. Nacionalidade: ideologia populista, com efeito de exclusão e integração b. Desenvolvimentismo: modernização que caracterizará a unidade da nação se o estado aumentar sua capacidade de integração e de iniciativa. c. Nacional- revolucionário: integração através da luta anti-imperialista e que se identifica com a luta de classes anticapitalista. Urbanismo no Brasil O urbano brasileiro em períodos: 1. Primeira República (1889 – 1930): embelezamento, eugenismo e higienismo 2. Era Vargas (1930 – 1954): modernidade, nacionalidade e industrialização 3. O desenvolvimentismo (1950 – 1989): desenvolvimento e suas variantes 4. A globalização (1990 - ...): neoliberalismo X nova agenda urbana (sustentabilidade)? Pensamento social/urbano marcado por Herança escravista, elitista, racista: Urbanismo no Brasil 1ª República (1889-1930) - inferioridade atávica de nossa gente. - “branqueamento” como tarefa civilizatória: políticas migratórias (expansão do setor cafeeiro) voltadas para melhoramento da raça. − país “sem povo”; sociedade não organizada e incapaz, por si, de constituir a nacionalidade − organização da sociedade e construção da nacionalidade − missões da intelectualidade, materializadas nas ações do Estado. − “início de uma Nação”. Urbanismo no Brasil 1ª República (1889-1930) • Imigrantes: importante fator de crescimento urbano e industrial no Brasil. Imigrantes no Brasil (1884-1945) por nacionalidades Surgem como alternativas para a construção dessa nação: a. Missão intelectual: − estado seria o veículo. − origina a ideologia do estado, cuja marca principal é o “objetivismo tecnocrático” b. Ruralismo − busca constituir a nação através de sua “essência rural” − projeta no campo as bases da constituição da nação na natureza e o homem. Urbanismo no Brasil 1ª República (1889-1930) − intervenção do Estado: recomposição da estrutura fundiária c/ ênfase nas pequenas propriedades e na exploração não predatória da natureza > “república agrícola” − cidade como lugar do artificialismo e da corrupção c) Racismo + ruralismo : visões elitistas da cidade que pensam: −a população das cidades como “classes perigosas” −a cidade como lócus da “desordem social e política” e da improdutividade econômica −a cidade não é o eixo de atuação dos reformadores Urbanismo no Brasil 1ª República (1880-1930) Padrão de intervenção na cidade: • Planos de melhoramentos, embelezamento e expansão • Intervenções localizadas ou setoriais: princípio não considerava a cidade na sua totalidade; • Década de 1920: quando se iniciam as discussões sobre necessidade de introduzir urbanismo no Brasil (convite a Agache p/ plano RJ • Plano Agache (1927/1930) X Affonso Reidy (1961) Intervenções urbanas relevantes no períodoa Concepções da cidade Caráter das intervenções urbanas Modernização com aceitação tácita da exclusão: − produção de um espaço público cujo “público” privilegiado são as elites − Exemplo: reforma Pereira Passos, RJ − “negação” do espaço das camadas populares que se caracterizou como território da exclusão, da informalidade e da não vigência de normas. • Profissionais de engenharia (formados no Brasil ou no exterior), ocupantes de cargos públicos e do corpo docente das Escolas Politécnicas de Engenharia (SP, BA, RJ) Campos de atuação • Infraestrutura das cidades: saneamento, melhoramento do sistema viário e projetos urbanísticos para as áreas centrais Saneamento epidemias: projetos de saneamento (redes de água e esgotos) Figuras de referência: Saturnino de Brito (projetos p/ mais de 20 cidades, a ex de Recife, Vitória, Santos); Theodoro Sampaio (SP, BA). Campo das intervenções urbanas • Intervenções de referência: − reformas dos portos marítimos e fluviais − Embelezamento / remodelação de praças; abertura de largas avenidas; eliminação de quadras; edifícios e marcos históricos das cidades e aterramento de áreas conquistadas ao mar e rios. − melhoramentos nas áreas centrais: valorização de novas áreas (próximas aos centros comerciais tradicionais), abandono / transformação das residências burguesas em cortiços, novo modelo de cidade (vias largas, alinhamento de edifícios, praças com desenhos definidos). Campo das intervenções urbanas • Mudanças na concepção da questão social/urbana (gênese da questão urbana): Pobreza deixa de ser concebida como inevitável e passa a ser vista como obstáculo à modernização e construção da nacionalidade. Era Vargas (1930 – 1950) • Enfrentamento da pobreza efetuado pelo Estado: política de valorização do trabalho (ascensão social + constituição cidadania) • Trabalho: meio de servir à pátria e de construção da cidadania • Estado Novo:formulação de uma nova concepção de estado, conseqüência da tematização da questão social. Era Vargas (1930 – 1950) • Política social: a. orientada para promover modificações substanciais na capacidade produtiva dos trabalhadores. b. traduzida em 2 grandes campos de intervenção: − previdência e assistência social (medicina social) − condições de vida dos trabalhadores (alimentação, habitação e educação) • Cidade ainda não é tema de intervenção do Estado a.antiurbanismo nos meios intelectuais e técnicos: crescimento urbano gerador dos Era Vargas (1930 – 1950) problemas nacionais; urbanização nociva à nacionalidade (“luxo” das cidades X pobreza econômica) b. expansão da industrialização. • Urbanismo na era Vargas: padrão “higiênico-funcional” a. reprodução do discurso dos países centrais (século XIX) b.diagnóstico: condenação da realidade cidade ideal c. intervenções: embelezamento, monumentalidade e controle sobre o uso do espaço operações renovação/construção + normalização práticas sociais/urbanas • Urbanismo na era Vargas a.caráter modernizador/ afirmador da nacionalidade b.reprodução de idéias/práticas/morfologias Era Vargas (1930 – 1950) urbanas que sintetizam a modernidade expressa nos países “civilizados” c. padrão urbanístico: oposição passado X futuro d. planos como instrumento urbanístico da modernização: • Objeto = conjunto da área urbana (articulação entre bairros, centro e extensão das cidades através sistemas de vias/transportes) • Aparecem as primeiras propostas de zoneamento • Órgãos para o planejamento urbano: são parte da estrutura administrativa das prefeituras das principais cidades. Entrada da antiga sede do Ministério da Educação e Saúde, construído durante o Estado Novo e marco da, marco da arquitetura moderna no Brasil. A inauguração de Goiânia, em 1942 foi o começo de uma "marcha para o oeste" que culminou com a construção de Brasília anos depois. • A partir dos anos 30: − Visão urbanística mais integrada dos projetos de infra-estrutura: saneamento, sistema viário e de transportes − nova fase de afirmação/expansão do urbanismo: consolidação enquanto área de conhecimento e pratica profissional Estudo do Plano Urbano de Goiânia (1933), Arq. Atílio Correa Lima, Fonte: Fernandes (2001:89) - legislação urbanística (controle do uso/ocupação do solo) criação de espaços normatizados + convivência c/ espaços “não-regulados” abismo “cidade real” X “cidade legal” • Principais referências: a. Agache: tradição da sociologia aplicada; Plano Diretor RJ (anos 20), mais completo e referência p/outras cidades b. Bouvard: Vale do Anhangabaú SP (anos 10) c. Prestes Maia: Plano Avenidas, SP (anos 30) Esquema teórico do Plano de Avenidas. Fonte: Prestes Maia, 1930. Parque do Anhangabaú em 1915, com Teatro Municipal e o Hotel Esplanada. d. Padre Lebret: Movimento Economia e Urbanismo; criação escritórios de pesquisas a. Nestor de Figueiredo: Plano Recife b. Semana Urbanismo SSA (1935) e (EPUCS, 1943) • Elementos comuns dos planos: modelo radial- perimetral; sistema parques/jardins; cidade “sobre pneus” (Plano Avenidas SP) e sobre trilhos (bonde/trem) • O movimento moderno: Brasília • Inflação galopante • Reformas de base – reforma agrária e urbana • O Planejamento Urbano a partir de 1964: ‒ SERFHAU / BNH ‒ Autoritarismo ‒ Níveis de planejamento (local integrado) ‒ Tecnocracia ‒ Centralização na esfera federal ‒ Fontes de financiamento ‒ Produção habitacional excludente e ineficaz • Planejamento: arquitetos e urbanistas especializados • Planos diretores (ordenamento do território) • Incentivo ao uso do automóvel • Crescimento populacional / urbano • As regiões metropolitanas (RMs) - 1973 • Auto-construção: surgimento e crescimento de favelas • Agravamento dos problemas sociais e ambientais • Participação popular inexistente
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