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TRABALHO GIRASSOL GEAN 5 AGRONOMIA

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FACULDADE INTEGRADO DE CAMPO MOURÃO
FATORES AGROCLIMATICOS QUE INFLUENCIAM NA CULTURA DO GIRASSOL (Hellianthus annus)
			 
Projeto de Trabalho apresentado a Faculdade Integrado de Campo Mourão, como requisito da Disciplina de Agrometeorologia
CAMPO MOURÃO
2017
FATORES AGROCLIMATICOS QUE INFLUENCIAM NA CULTURA DO GIRASSOL (hellianthus annus)
Alexandre Zamberlan
Gean Vinicius
Luiz Felipe Bodoar
Wesley Vernier
Willian Paulo
 Prof. Dra. Daniela Alencar
CAMPO MOURÃO - PR
2017
INTRODUÇÃO
Dentre as culturas oleaginosas cultivadas no Brasil, a do girassol (Heliantus annuus L.) é a que mais cresceu nos últimos anos, tanto em área de cultivo como em produção, sendo classificada atualmente como a segunda maior fonte de matéria prima para a indústria de óleo combustível no mundo (COBIA & ZIMMER, 1978).
Segundo Biscaro et. al. (2008), a cultura do girassol (Heliantus annuus L.), em nosso país ainda é bastante limitada e precisa haver muita expansão para poder competir com outras culturas de ponta.
O girassol é uma cultura que apresenta características desejáveis sob o ponto de vista agronômico como ciclo curto, elevada qualidade e bom rendimento de óleo (SILVA & SANGOI, 1985), que fazem dela uma boa opção aos produtores brasileiros, como a sua utilização na otimização do uso do solo e a recuperação de áreas degradas É um cultivo rústico e econômico que não requer maquinário especializado, utilizando apenas adaptações nas maquinas utilizadas para milho, soja, sorgo (MONTEIRO, 1997).
BOTANICA E CENTRO DE ORIGEM
O girassol (Helianthus annuus L.) é uma dicotiledônea anual, pertencente à ordem Asterales e família Asteraceae. O gênero deriva do grego helios, que significa sol, e de anthus, que significa flor, ou “flor do sol”, que gira seguindo o movimento do sol.
Segundo Leite ET al. (2005), o girassol possui a seguinte classificação botânica:
Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Asterales
Família: Asteraceae
Gênero: Helianthus L.
Espécie: Helianthus annuus
Evidências arqueológicas indicam que o sudoeste dos Estados Unidos e o Norte do México foram o berço da domesticação do girassol (ROSSI, 1998).
MORFOLOGIA
Entre suas características morfológicas, destaca-se o sistema radicular pivotante com um grande conjunto de raízes secundarias, podendo alcançar até dois metros de comprimento, desde que o solo não apresente impedimentos físicos ou químicos, de mesma forma que possui caule herbáceo, cilíndrico, pubescente, estriado longitudinalmente, fistulado, composto por um tecido aquoso e esponjoso que aparece na maturação e tornando o caule suscetível ao acamamento (VRÂNCEANU, 1977).
O caule do girassol apresenta crescimento vigoroso, pronunciado a partir dos 30 dias após a emergência; seu desenvolvimento é variável entre cultivares em função das condições ambientais, pelo arranjo e população de plantas. As folhas são cordiformes, pecioladas e com grande número de tricomas na face abaxial e são compostas por número elevado de estômatos grandes. As plantas de girassol apresentam grande variação no numero de folhas sésseis, condensadas em receptáculo comum discóide e rodeada por um invólucro de brácteas, formando na parte superior do caule, o capitulo, apresentando diversas formas que vão desde côncavo, complexo ou plano (MONTEIRO, 1997).
O girassol também possui um pseudofruto seco, conhecido como aquênio, que é originado de um ovário inferior e de um pistilo dicarpelar. O aquênio é um fruto indeiscente, composto por apenas uma semente, inserida na parede do fruto (pericarpo). O tamanho, a cor e o teor de óleo dos grãos são variáveis (30 a 48% de óleo) dependendo do cultivar; e o numero frequente de aquênios que pode oscilar de 800 a 1700, por capítulo. Esta espécie apresenta polinização cruzada, ocorrendo basicamente por entomofilia, por ação principalmente de abelhas e, em menor escala, por insetos e parcialmente anemófila (VRÂNCEANU, 1977).
É uma planta de fecundação cruzada, sendo feita basicamente por insetos, particularmente as abelhas. Em lavouras comerciais, durante a floração, as abelhas propiciam aumento da produção, pela polinização de um maior número de flores além de possibilitar completa fecundação das mesmas. Ou seja, além da produção de aquênios, a produção de mel pode ser outra fonte de renda, visto que chega a produzir de 30 a 40 Kg de mel por hectare (ROSSI, 1998).
Os cultivares de girassol são selecionados de forma a atender os seguintes objetivos: finalidade de consumo, alto rendimento de grãos, alto teor de óleo, ciclo precoce a médio, porte reduzido, uniformidade de altura e de floração, resistência às doenças, principalmente mancha alternativa (alternaria spp.) e podridão branca (Sclerotinia sclorotium), capítulos planos e pouco espessos, tolerância ao alumínio e deficiência de boro (COBIA & ZIMMER, 1978).
CONDIÇÕES AMBIENTAIS DE ADAPTAÇAO
O ciclo vegetativo do girassol varia entre 90 e 130 dias e se adapta perfeitamente a condições de solo e clima pouco favoráveis. Devido sua rusticidade e tolerância as adversidades climáticas e fatores bióticos e abióticos (MORALES; SILVA, 2006).
DISPONIBILIDADE HIDRICA 
Com relação ao consumo de água, o girassol não apresenta regulação adequada, extraindo quantidades consideráveis do solo. Isso ocorre devido à baixa resistência à difusão de água pelos estômatos e ao fato dos estômatos serem grandes e numerosos, principalmente na face inferior do limbo, além de uma baixa eficiência no uso da água, onde cada litro consumido produz menos de 2 g de matéria seca (MONTEIRO, 1997).
A exigência hídrica varia de acordo com a fase de desenvolvimento da planta, ficando o total entre 600 e 1000 mm, dependendo do clima e do cultivar. Porém, as necessidades hídricas do girassol não se encontram plenamente definidas, sendo que em sua maioria, valores de 400 a 600 mm de água bem distribuídos durante o ciclo da planta são suficientes para resultarem em rendimentos próximos ao potencial máximo (CASTRO et. al., 1997).
RADIAÇÃO
A radiação solar é fonte de energia para processos bioquímicos e fisiológicos nas plantas, convertida e podendo ser armazenada para usos posteriores. A eficiência do uso da radiação pelas plantas está relacionada à absorção da radiação fotossinteticamente ativa (PAR) pela área foliar das mesmas. Para o girassol, essa eficiência possui valores que podem variar de 2,24 a 2,27 gramas de fitomassa aérea seca por megajoule de radiação PAR absorvida (ROSSI, 1998).
Obviamente que o aproveitamento dessa radiação depende de vários fatores, tais como o índice de área foliar, estrutura do dossel, geometria e tamanho de folhas, arranjo das plantas no campo, altura da planta, época do ano entre outras coisas (COBIA & ZIMMER, 1978).
O girassol atinge área foliar máxima na antese e tem influência direta na produção final de aquênios, sendo esta reduzida se, por exemplo, houver sombreamento durante a iniciação floral, já que cessa o desenvolvimento das folhas e diminui a área foliar, refletindo em menor produção. A radiação solar direta pode trazer alguns prejuízos, como a redução da viabilidade do grão de pólen que seca e perde sua capacidade de fecundação (VRÂNCEANU, 1977).
A planta de girassol apresenta metabolismo fotossintético do tipo C-3, apresentando taxas fotossintéticas inferiores as alcançadas por plantas C-4, como a cana-de-açúcar. Ainda assim, supera valores obtidos por outras plantas C-3, como o trigo, já que apresenta elevado ponto de saturação de luz e movimentos fototrópicos, que colocam as folhas do terço superior da planta sempre em melhor posição para captação de luz. (MORALES; SILVA, 2006).
FOTOPERIODO
A planta de girassol é uma espécie considerada insensível no que diz respeito à fotoperíodo. Entretanto, algumas variedades podem se comportar como plantas de dia curto e outras como plantas de dia longo, e ainda outrascomo plantas neutras ou indiferentes (CASTRO et. al., 1997).
Para condições brasileiras, ainda são necessárias pesquisas para estabelecer descrições confiáveis. Alguns trabalhos mostram uma possível relação entre temperatura e fotoperíodo na duração de fases no ciclo do girassol, mas a temperatura aparenta ser o principal fator determinante deste quesito, colocando em dúvida a participação do fotoperíodo (HALL, 2004).
VENTO
De maneira geral, os ventos afetam as diversas culturas quando se tornam intensos e constantes. Nessas condições, pode causar redução do crescimento e desenvolvimento das plantas, internódio. Menores e em menor número, folhas grossas e pequenas, menor número e tamanho de estômatos, redução na presença de insetos polinizadores, aumento da evapotranspiração, aumento da incidência de danos mecânicos como quebra de hastes e acamamento, aumento da deriva de pulverizações entre outras coisas (CASTRO et. al., 1997).
No girassol, as principais consequências de ventos intensos e constantes são menor área foliar, redução da estatura das plantas, quebra de hastes e acamamento. Além disso, a massa seca acumulada na parte aérea é inversamente proporcional à velocidade do vento. Com a remoção e renovação do ar logo acima da superfície evapotranspirativa das folhas pelo vento, uma camada de ar mais seca se forma e passa a determinar uma maior necessidade de água para suprir a evapotranspiração (ROSSI, 1998).
Os danos causados por vendavais podem variar de acordo com a sensibilidade do genótipo e com o enraizamento da cultura. Geralmente, rajadas de vento superiores a 50 km h-1 já causam acamamento e quebra de plantas, sendo seu efeito danoso agravado quando a planta se encontra próxima à maturação (MORALES; SILVA, 2006).
KC DA CULTURA
Na cultura do girassol a demanda hídrica pode partir de valores próximos a 0,5 e 0,7 mm/dia durante a semeadura e emergência, e chegar a 6 e 8 mm/dia na fase de floração e enchimento de grãos, isso quando não superam 10 mm diários no mesmo período, sendo que a necessidade de água aumenta com o desenvolvimento da planta (HOFFMANN; et al., 2000).
EVAPOTRANSPIRAÇÃO
A translocação de assimilados dentro da planta está intimamente relacionada à evapotranspiração. A evapotranspiração total da cultura do girassol é em media 450 mm com ciclo de 90 dias, de acordo com a cultivar, o valor médio diário é de 5,0 mm e valor máximo chegando a 8,0 mm, obtido na fase de floração (MOSCARDI et al., 2009).
CHUVA E GRANIZO
Relacionado principalmente a incidência de doenças, como alternarioses. O aparecimento da ferrugem do girassol pode ocorrer após 6 horas de molhamento de folhas e se torna grave após 24 horas de molhamento. Já no caso de Sclerotinia sclerotium, vários dias de chuva com baixas temperaturas podem indicar o aparecimento da doença (HOFFMANN; et al., 2000).
Na colheita, o excesso de chuvas retarda a perda de água no capítulo, favorecendo doenças de final de ciclo, diminuindo a qualidade do produto. Chuvas pesadas no período de enchimento de grãos prejudica a produção, principalmente em solos argilosos ou com adensamento sub superficial, onde há maior possibilidade de encharcamento e diminuição da aeração das raízes. Já o granizo pode causar injúrias em folhas e caules, facilitando a entrada de patógenos na planta (BUENO et al., 2010).
SECA E VERANICO
Segundo Castro et. al. (1997), o girassol é uma planta de desenvolvimento vigoroso capaz de tolerar períodos de estiagem devido ao sistema radicular, que atinge camadas mais profundas do solo. A fase mais crítica ao déficit hídrico é o período compreendido entre 10 a 15 dias antes do início do florescimento e 10 a 15 dias após, sendo que solos com alta capacidade de armazenamento de água permitem à planta tolerar maiores períodos de déficit hídrico (HOFFMANN; et al., 2000).
Temperaturas altas prejudicam o desenvolvimento da planta, principalmente, em condições de baixa disponibilidade hídrica. Segundo Castro et. al. (1997) a faixa de temperatura entre 10 a 34ºC é tolerada pelo girassol sem redução significativa da produção, indicando adaptação a regiões com dias quentes e noites frias. A temperatura ótima para o seu desenvolvimento está entre 27 e 28ºC (CASTRO et. al., 1997).
ZONEAMENTO AGROCLIMATICO
O Zoneamento Agrícola de Risco Climático é um instrumento de política agrícola e gestão de riscos na agricultura. O estudo é elaborado com o objetivo de minimizar os riscos relacionados aos fenômenos climáticos e permite a cada município identificar a melhor época de plantio das culturas, nos diferentes tipos de solo e ciclos de cultivares. A técnica é de fácil entendimento e adoção pelos produtores rurais, agentes financeiros e demais usuários (KOGGAN; 1998).
São analisados os parâmetros de clima, solo e de ciclos de cultivares, a partir de uma metodologia validada pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e adotada pelo ministério. Desta forma são quantificados os riscos climáticos envolvidos na condução das lavouras que podem ocasionar perdas na produção. Esse estudo resulta na relação de municípios indicados ao plantio de determinadas culturas, com seus respectivos calendários de plantio. (SILVA; 2001).
O girassol que se desenvolve melhor em ambientes de clima temperado, subtropical e tropical pode sofrer com as baixas temperaturas, que aumentam o ciclo da cultura atrasando a floração e a maturação e, aliadas com a alta umidade, podem favorecer o aparecimento de doenças fúngicas. Por esse feito o zoneamento agroclimático é de altíssima importância (SILVA; 2001).
CONCLUSÃO
A cultura do girassol apresenta várias vantagens técnicas. Destaca-se a ampla adaptação a diferentes condições climáticas, permitindo o plantio em diferentes regiões e fora da época de cultivo de outras culturas, possibilidade de ser utilizada em sistemas de rotação ou consorciação, fácil manejo e bom rendimento econômico em termos de investimento e retorno.

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