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AULA 0 Leonardo CULTURA DO MILHO 2 CULTURA DO MILHO ENGENHARIA AGRONÔMICA CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES IDAM Olá, meus amigos e amigas! Estamos inaugurando este novo espaço para concursos e é muito bom tê-los aqui. Nossas aulas visam preencher uma lacuna no mundo dos concursos com relação as áreas agrícolas, onde faltam materiais de qualidade para que possamos estudar os temas pedidos nos editais, nosso objetivo e preencher esta lacuna e preparando os alunos a disputar uma vaga, e estar entre os classificados. Assim, teremos aulas voltadas para os principais concursos nacionais como: FISCAL AGROPECUÁRIO - (MAPA) (Agronomia, veterinária, zootecnia), PERÍTO DA POLÍCIA FEDERAL (Agronomia, engenharia florestal, engenharia elétrica, etc), POLÍCIA CIENTÍFICA, INCRA E MUITOS OUTROS. Estaremos elaborando aulas de acordo com os editais, com muitos exercícios, para que possamos gabaritar estas provas. Queremos abordar várias áreas, como engenharia agrícola, florestal, ambiental, engenharia civil, engenharia elétrica, arquitetura etc. INTRODUÇÃO 3 CULTURA DO MILHO ENGENHARIA AGRONÔMICA CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES IDAM ENTÃO, NÃO SE ESQUEÇA: ESTE É O NOSSO ESPAÇO Nosso curso compõe-se de 20 aulas em PDF totalmente explicadas contemplando vários exercícios de concursos anteriores visando o treinamento do candidato, esse material objetiva ser a única fonte do aluno contemplando toda a matéria solicitada no edital. Então, não precisará de livros, apostilas, ou qualquer outro material. Em caso de dúvidas, teremos um FÓRUM diretamente ligado aos professores, no qual você pode entrar em contato, quando julgar necessário, para esclarecimento de pontos da aula que não ficaram tão claros ou precisam de um aprofundamento. O site foi feito pensando em você, para que alcance seus sonhos, passar em um bom concurso. Para isso precisamos de excelentes materiais, o que era uma raridade nas áreas específicas, hoje temos AGRONOMIACONCURSOS vindo a preencher está lacuna. Acompanhe nossa página no Facebook. Agronomia concursos www.agronomiaconcursos.com.br 4 CULTURA DO MILHO ENGENHARIA AGRONÔMICA CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES IDAM APRESENTAÇÃO Meu nome é Leonardo, sou Engenheiro Agrônomo formado na Universidade Federal de Lavras. Trabalho na Emater-MG (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais). Tenho pós-graduação Lato Sensu em Extensão Ambiental para o Desenvolvimento Sustentável e em Gestão de Agronegócio. Iniciei o mestrado em Agricultura Tropical, na área de conservação de solos. Fui professor do curso técnico agrícola Pronatec, ministrei aulas de nutrição e forragicultura, fertilidade do solo e culturas anuais e olericultura. Sou professor de matemática e física do ensino médio. Ministro vários cursos para agricultura familiar, entre eles fertilidade do solo, culturas anuais, olericultura, mecanização agrícola, cafeicultura e manejo da bovinocultura de leite. Trabalho com crédito rural (custeio e investimento), elaborando projeto e prestando orientação aos agricultores há 10 anos. Sou responsável pela elaboração da Declaração de Aptidão ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (DAP) e correspondente bancário pelo sistema COPAN. Fiz vários concursos, como Adagro-Pe (agência de fiscalização agropecuária de Pernambuco), Perito da Policia Federal área 4 – agronomia, Ministério Público e Ibama. Logrei êxitos em alguns e fui reprovado em outros, mas assim é a vida do concurseiro. Passei na Emater-MG, onde estou até hoje. O AGRONOMIA CONCURSOS tornou-se o nosso ponto de encontro, nosso espaço de estudo para gabaritar todas as provas de agronomia. Aproveite todas as oportunidades. Solicitamos que os alunos que adquirirem nossos cursos avaliem-nos no final, para que possamos melhorar a linguagem e os temas que não ficarem tão claros. Espero que vocês também aprovem e gostem do nosso material, e que ele possa ajudar na sua aprovação! 5 CULTURA DO MILHO ENGENHARIA AGRONÔMICA CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES IDAM O QUE VAMOS ESTUDAR NESTE CURSO? AULAS PROGRAMA AULA 0 GRÃOS: MILHO AULA 1 GRÃOS: ARROZ E FEIJÃO AULA 2 FRUTICULTURA COM ÊNFASE EM AÇAÍ, CUPUAÇU, LARANJA, LIMÃO, MAMÃO, COCO, MARACUJÁ, ABACAXI, BANANA AULA 3 OLERICULTURA COM ÊNFASE EM TUBEROSAS, FOLHOSAS, FRUTOS E CONDIMENTARES AULA 4 CULTURAS VEGETAIS COM POTENCIAL PARA PRODUÇÃO DE ENERGIA, CULTURAS INDUSTRIAIS E FIBRAS NATURAIS AULA 5 SOLOS: SISTEMA BRASILEIRO DE CLASSIFICAÇÃO DE SOLOS I AULA 6 SOLOS: SISTEMA BRASILEIRO DE CLASSIFICAÇÃO DE SOLOS II AULA 7 MICROBIOLOGIA DO SOLO; MATÉRIA ORGÂNICA; RELAÇÃO C|N; COMPOSTAGEM ORGÂNICA, RELAÇÃO SOLO-ÁGUA-PLANTA; MANEJO E CONSERVAÇÃO AULA 8 FERTILIDADE E QUÍMICA DO SOLO; INTERPRETAÇÃO E ANÁLISE QUÍMICA, FÍSICA AULA 9 NUTRIÇÃO MINERAL DAS PLANTAS AULA 10 CONHECIMENTOS EM AGROECOLOGIA: CONCEITOS E PRINCÍPIOS DE AGROECOLOGIA.O CONCEITO DE AGROECOSSISTEMA: ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO. FATORES ECOFISIOLÓGICOS ASSOCIADOS AOS SISTEMAS VEGETAIS E ANIMAIS E SUAS RELAÇÕES COM O MEIO AMBIENTE. O PAPEL DA AGR AULA 11 PRINCÍPIOS BÁSICOS DE ECOLOGIA DA POPULAÇÃO VEGETAL. FLUXOS DE ENERGIA E NUTRIENTES NA AGRICULTURA. 6 CULTURA DO MILHO ENGENHARIA AGRONÔMICA CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES IDAM INTERAÇÕES, DIVERSIDADE E ESTABILIDADE EM AGROECOSSISTEMAS. A TRANSIÇÃO DA AGRICULTURA TRADICIONAL|CONVENCIONAL À AGRICULTURA AGROECOLÓGICA. AULA 12 BOVINOCULTURA DE LEITE E CORTE - CRIAÇÃO DE PEQUENOS, MÉDIOS E GRANDES ANIMAIS: ÍNDICES ZOOTÉCNICOS, MANEJO, INSTALAÇÕES, SANIDADE. AULA 13 AVICULTURA, PISCICULTURA AULA 14 SUINOCULTURA, NOÇÕES DE DEFESA SANITÁRIA ANIMAL E VEGETAL: PRINCIPAIS INSTRUMENTOS DE CONTROLE AULA 15 MANEJO INTEGRADO DE PRAGAS E DOENÇAS; PRAGAS DE PRODUTOS AGRÍCOLAS ARMAZENADOS AULA 16 IRRIGAÇÃO E DRENAGEM: TIPOS DE SISTEMAS DE IRRIGAÇÃO. MANEJO DA IRRIGAÇÃO. AVALIAÇÃO DA NECESSIDADE DE DRENAGEM. TIPOS DE SISTEMAS DE DRENAGEM AGRÍCOLA. AULA 17 NOÇÕES DE MECANIZAÇÃO AGRÍCOLA: TRATORES AGRÍCOLAS, MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS DE TRAÇÃO ANIMAL E TRATORIZADA. AGROTÓXICOS: CONCEITO, CARACTERÍSTICAS DOS PRODUTOS E IMPACTO DO USO DE AGROTÓXICOS NO AMBIENTE, RECEITUÁRIO AGRONÔMICO. AULA 18 NOÇÕES DE GESTÃO DO AGRONEGÓCIO, ASSOCIATIVISMO: SINDICALISMO E COOPERATIVISMO: DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS INDIVIDUAIS E COLETIVAS AULA 19 ADMINISTRAÇÃO DA PROPRIEDADE RURAL, FUNÇÕES DO ADMINISTRADOR RURAL. COMERCIALIZAÇÃO AGRÍCOLA AULA 20 CRÉDITO RURAL, ELABORAÇÃO, ANÁLISE E ACOMPANHAMENTO DE PROJETOS AGROPECUÁRIOS. PRINCIPAIS LINHAS DE CRÉDITO 7 CULTURA DO MILHO ENGENHARIA AGRONÔMICA CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES IDAM RURAL PARA A AMAZÔNIA. 8 CULTURA DO MILHO ENGENHARIA AGRONÔMICA CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES IDAM INTRODUÇÃO À FITOTECNIA A Fitotecnia trabalha para o desenvolvimento e aprimoramento dos sistemas de produção das culturas. Podemos dividi-las em culturas Anuais; Culturas perenes; Culturas semi-perenes: As culturas anuais ou de ciclo curta são aquelas que concluem seu ciclo produtivo em um ano ou em até menos tempo, tendo a necessidade após a colheita, iniciar um novo plantio. Como exemplos podemos citar: a soja, o feijão, o milho, o trigo, o arroz a mandioca. As Culturas perenes são aquelas que permanecem no campo por vários anos, mas a cada ano ocorre um ciclo produtivo, temos como exemplos o café, uva, frutíferas em geral, mamão, algodão, seringueira e etc. As culturas semi-perenes são aquelas que o ciclo tem duração entre 12 e 24 meses, entram nesta classe a cana-de-açúcar e mandioca.Fig.1 –divisões da fitotecnia 9 CULTURA DO MILHO ENGENHARIA AGRONÔMICA CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES IDAM Abordaremos neste curso as seguintes culturas anuais (fig.2): Fig. 2 – culturas anuais a serem estudas no curso CULTURA DO MILHO O milho é o grão de maior relevância nacional dada a sua importância econômica e social. Essencial para diversas cadeias produtivas alimentares (humana e animal), com intenso efeito multiplicador na geração de renda, congrega uma gama de produtores com níveis de tecnificação completamente diversos. Atualmente no território nacional temos aproximadamente 15,8 milhões de hectares plantados, em 2014. Mesmo sendo uma cultura de exportação com tendência a certo grau de homogeneidade nos pacotes tecnológicos adotados, verificamos, ao nível de produção macrorregional, pólos dinâmicos de sucesso e regiões pouco dinâmicas ou estagnadas em relação ao estado da arte da tecnificação adotada (Alves; Souza; Gomes, 2013). O milho pertence a família das gramíneas, sendo o único cereal 10 CULTURA DO MILHO ENGENHARIA AGRONÔMICA CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES IDAM nativo do Novo Mundo e não proveniente do Brasil e sim originado no México e na Guatemala, sendo o terceiro mais cultivado no planeta podendo atingir altitudes que vão desde o nível do mar até 3 mil metros. A mais antiga espiga de milho foi encontrada no vale do Tehucan, localizado no México, datada de 7.000 a.C. O Teosinte ou “alimento dos deuses”, como era chamado pelos maias, deu origem ao milho por meio de um processo de seleção artificial. O Teosinte ainda é encontrado na América Central (fig.: 1). Fig.: 1 – milho moderno e seu ancestral do teosinto Com as grandes navegações do século XVI e o início do processo de colonização da América, a cultura do milho se expandiu para outras partes do mundo sendo cultivado e consumido em todos os continentes e sua produção só perde para a do trigo e do arroz. Cristóvão Colombo, descobridor da América foi o primeiro a observar pela primeira vez a existência do milho na costa oeste de Cuba. Ao longo do tempo, houve uma crescente domesticação do milho por meio da seleção visual no campo, considerando importantes características, tais como produtividade, resistência a doenças e capacidade de adaptação, dentre outras, originando às variedades da atualidade. Assim, atualmente temos de 478 cultivares de milho, sendo 292 cultivares transgênicas e 186 cultivares convencionais, atualmente está 11 CULTURA DO MILHO ENGENHARIA AGRONÔMICA CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES IDAM sendo comercializados dois híbridos duplos transgênicos, aumentando a escolha dos agricultores com menor capacidade de investimento. Com relação ao nível tecnológico encontramos no Brasil produtores que estão obtendo rendimentos de milho superiores a 12 t/ha -1 (200 sacos/ha -1 ) e ainda existem outros grupos de produtores que utilizam melhor tecnologia levando-os a produzirem acima de 14 t/ha -1 . Mas, as margens de produtividades médias alcançadas são variadas sendo que tem agricultores ainda produzindo bem abaixo 7000 t/ha -1 , demonstrando uma grande variação entre os sistemas de produção em uso, o que proporciona grande variabilidade no potencial produtivo e no rendimento por área. Desta forma temos ainda várias tecnologias ligadas à cultura que estão sendo implementada onde podemos destacar: Utilização de cultivares de alto potencial genético (híbridos simples e triplos) e de cultivares não transgênicas e transgênicas com resistência a lagartas e ao uso do herbicida glifosato. Espaçamento reduzido associado à maior densidade de plantio, permitindo melhor controle de plantas daninhas, controle de erosão, melhor aproveitamento de água, luz e nutrientes, além de permitir uma otimização das máquinas plantadoras. Melhoria na qualidade das sementes associada ao tratamento dos grãos, especialmente o tratamento industrial, máquinas e equipamentos de melhor qualidade, que garante boa plantabilidade boa distribuição das plantas emergidas, garantindo assim maior índice de sobrevivência do plantio à colheita. Uso intensivo do Manejo Integrado de Pragas, Doenças e Plantas Daninhas (MIP). Correção do solo baseando-se em dados de análise e levando em consideração o sistema, e não a cultura individualmente. 12 CULTURA DO MILHO ENGENHARIA AGRONÔMICA CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES IDAM Ainda temos a implementação do sistema de plantio direto, a integração lavoura-pecuária, a agricultura de precisão e melhores técnicas de irrigação as quais buscam melhorar o potencial produtivo das lavouras. Destacamos na produção de milho no Brasil de duas épocas de plantio sendo a primeira chamada de safra (ou safra de verão) e segunda safrinha. Os plantios de verão são realizados em todos os estados, na época tradicional, durante o período chuvoso, que ocorre no final de agosto, na região Sul, até os meses de outubro/novembro, no Sudeste e Centro- Oeste. Na região Nordeste, esse período ocorre no início do ano. A safrinha refere-se ao milho de sequeiro, plantado extemporaneamente, geralmente de janeiro a março ou até, no máximo, meados de abril, quase sempre depois da soja precoce e predominantemente na região Centro-Oeste e nos estados do Paraná, São Paulo e Minas Gerais. Contudo, nos últimos anos houve um decréscimo nas áreas plantadas da primeira safra, mas compensado pelo aumento do plantio no período da safrinha e no aumento do rendimento de grãos das lavouras de milho, tanto na primeira safra quanto na safrinha. Apesar das condições desfavoráveis de clima, os sistemas de produção da safrinha têm sido aprimorados e adaptados a essas condições, o que tem contribuído para elevar os rendimentos das lavouras também nessa época. DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DO MILHO O desenvolvimento da produção e do mercado do milho deve ser analisado sob a ótica das cadeias produtivas ou dos sistemas agroindustriais (SAG). O milho é insumo para produção de uma centena de produtos; na cadeia produtiva de suínos e aves são consumidos aproximadamente 70% do milho produzido no mundo e entre 70% e 80% do milho produzido no Brasil. A produção de milho no Brasil, juntamente com a de soja, contribui com cerca de 80% da produção de grãos. A diferença entre as duas culturas está no fato de que a soja tem 13 CULTURA DO MILHO ENGENHARIA AGRONÔMICA CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES IDAM liquidez imediata, dadas as suas características de "commodity" no mercado internacional, enquanto que milho tem sua produção voltada para o abastecimento interno, embora recentemente a sua exportação venha sendo realizada em quantidades expressivas e contribuindo para maior sustentação dos preços internos. Apesar disto, o milho tem evoluído como cultura comercial apresentando, nas últimas décadas, taxas de crescimento da produção de 3,0% ao ano e da área cultivada de 0,4% ao ano. A cadeia produtiva do milho constitui-se de: setor de insumos (fornecedores de defensivos, fertilizantes, sementes, máquinas); produção propriamente dita (produtores familiares ou empresariais); armazenamento (cooperativas e armazéns públicos ou privados); processamento (o primário abrange indústria de rações animais, de produção de amido, fubás e flocos de milho; o secundário, outros produtos finais, cereais, misturas para bolos); distribuição (para atacado e varejo, externo e interno); consumo (da propriedade rural até a indústria química); ambiente institucional (legislação e mecanismos governamentais de comercialização); ambiente organizacional (órgãos ligados à assistência técnica, crédito e pesquisa) (LEÃO, 2014). O Brasil é o terceiro produtor mundial de milho, perdendo apenas para EstadosUnidos e China. Completam o grupo dos seis maiores, Argentina, Ucrânia e México, concentrando 79% (799 milhões de toneladas) da produção de milho do planeta, em 2016/2017 (USDA, 2017a). A produção mundial de milho está estimada em 1,04 bilhão de toneladas (-2,9% em relação à safra passada), enquanto o consumo, em 1,07 bilhão (+0,4%) (USDA, 2017b). A produção nacional prevista para a atual safra (2017/2018) é de 92,2 milhões de toneladas, redução de 5,7% em relação à safra anterior (ou 5,6 milhões de toneladas), numa área total de 17 milhões de hectares, 3% inferior à da safra 2016/2017 (-528 mil hectares) (CONAB, 2017b). O Centro-Oeste é o maior produtor, entre as regiões, com previsão 14 CULTURA DO MILHO ENGENHARIA AGRONÔMICA CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES IDAM de 47,8 milhões de toneladas na safra 2017/2018; o Sul deve contribuir com 23,8 milhões de toneladas, o Sudeste com 11,6 milhões e o Nordeste com 6,4 milhões. Na série observada (2009-2017), há crescimento no Brasil (65%) e em todas as regiões (entre 4% e 183%). A última safra para a atual (2017/2018), a tendência é de redução no País (-5,7%) e em todas as regiões (entre -2% e -12%), em parte porque a safra anterior contou com condições meteorológicas muito boas, que possibilitaram safra recorde em muitas culturas de grãos (CONAB, 2017b). O Mato Grosso é o maior estado produtor (previsão de 28 milhões de toneladas), seguido do Paraná (16,2 milhões), Mato Grosso do Sul (9,8 milhões) e Goiás (9,5 milhões). Esses estados deverão ter redução da produção entre 1% e 9%, só havendo maiores aumentos entre estados com pouca expressão na cultura, a exceção do Maranhão (1,4%) e Bahia (5,8%), nono e décimo produtores nacionais, respectivamente (CONAB, 2017b). O Brasil deverá ter área de milho -3% menor que na safra 2016/2017 (17,6 para 17 milhões de hectares), fato que se repete em todas as regiões (variando entre -8% e 0,5%). A grande produção na safra anterior fez com que as cotações caíssem, e os produtores ajustassem a área, considerando também as pretensões de plantio da soja, que geralmente alcança melhores preços. Com produção e área menores, a produtividade brasileira de milho deverá cair 2,8% (de 5.562 kg/ha para 5.405 kg/ha), assim como todas as regiões, que devem perder entre -0,2% e -5,2% da safra anterior para a de 2017/2018. A maior queda prevista é para o Nordeste (-5,2%), de 2.567 kg/ha para 2.433 kg/ha, o menor índice regional. A produtividade mais elevada encontra-se na região Sul, com previsão de 6.274 kg/ha, 4,7% menor que a da safra anterior, que tem também o estado de maior produtividade no País, Santa Catarina, com 7.414 kg/ha (-9,1% em relação à safra passada) (CONAB, 2017b). O destaque do Nordeste na produção de milho está no cerrado 15 CULTURA DO MILHO ENGENHARIA AGRONÔMICA CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES IDAM (Maranhão, Bahia e Piauí), encampado na região do Matopiba, além de algumas microrregiões que cultivam o milho em regime intensivo, como Sergipe, que, apesar de não possuir área de cerrado, tem a segunda maior previsão de produtividade da Região, de 3.467 kg/ ha. A produção de Sergipe é amparada por assistência técnica governamental eficiente e outros investimentos em infraestrutura, encarada como atividade econômica rentável, independentemente do porte do agricultor, e é a atividade que ocupa a maior área do Estado, 46,09% (175,14 mil hectares), segundo dados da Produção Agrícola Municipal (IBGE, 2017). O consumo animal representa 52% da demanda do milho atual, enquanto o consumo humano, menos de 2% (ABIMILHO, 2017b). O milho está presente em até 90% da composição da ração utilizada na suinocultura e na avicultura industriais. A produção brasileira de milho é bastante pulverizada, com 88% das propriedades produtoras sendo familiares, segundo censo do IBGE de 2006, geralmente usando tecnologias tradicionais e produzindo também para o autoconsumo, sendo muito importante no âmbito social. Por outro lado, o cerrado nordestino (Bahia, Maranhão e Piauí) produz 88% do total do Nordeste e 6% da produção nacional, apoiado por sistemas de produção de alta tecnologia. O cerrado nordestino é o principal fornecedor de milho para os produtores de aves do Nordeste (Bahia, Pernambuco e Ceará) (OLIVEIRA et al., 2008). No caso da Bahia, a proximidade com a região produtora de grãos e o clima tem mudado a geografia da produção de aves no Estado, em especial o município de Barreiras, extremo oeste baiano, que nos últimos vinte anos (1995-2015) aumentou a produção de aves e de ovos. 16 CULTURA DO MILHO ENGENHARIA AGRONÔMICA CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES IDAM Figura 1 – Mapa da produção agrícola – Milho primeira safra Fig.: 2 – produção de milho BOTÂNICA DO MILHO A semente da planta de milho após lançada ao solo, havendo condições favoráveis de unidade e temperatura, germina após 5 ou 6 dias. A semente do milho é um tipo especial de fruto, botanicamente classificado como cariopse, apresentando basicamente as seguintes partes: 17 CULTURA DO MILHO ENGENHARIA AGRONÔMICA CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES IDAM O pericarpo é a camada mais externa, fina resistente, constituindo a parede externa da semente. O endosperma é a parte mais volumosa da semente, é envolvida pelo pericarpo e constituída de substâncias de reserva principalmente o amido e outros carboidratos. A parte mais externa do endosperma e em contato com o pericarpo denomina-se camada de aleurona, rica em proteínas e enzimas, que desempenham papel importante no processo de germinação. O embrião e a planta em miniatura, possuindo os primórdios de todos os órgãos da planta desenvolvida, ele encontrado ao lado do endosperma. Com relação ao sistema radicular no início da germinação, a parte do embrião correspondente à radícula desenvolve-se em uma raiz, rompendo as camadas externas da semente, aprofunda-se no solo, em sentido vertical. Logo em seguida surgem as raízes secundárias que se ramificam intensamente e a raiz primária se desintegra. Posteriormente, há o aparecimento das raízes adventícias que partindo dos primeiros nós do colmo orientam-se no sentido de atingir o solo, atingindo–o ramificam intensamente contribuindo para melhor fixação. As raízes secundárias e adventícias (fig.3), intensamente ramificadas num sistema radicular denominado fasciculado, esse sistema raramente penetram mais que 40 cm no solo e plenamente desenvolvido atinge um raio de cerca de 50 cm em torno da planta. 18 CULTURA DO MILHO ENGENHARIA AGRONÔMICA CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES IDAM Fig. 3 – estrutura de sustentação do milho A parte aérea da planta recém germinada apresenta cerca de 15 cm de altura, o caule se encontra completamente formado, possuindo todas as folhas, os primórdios da inflorescência feminina que se constituirá na espiga, localizada na axila das folhas e também primórdios da inflorescência masculina (flecha ou pendão), situada no ápice do caule. Desse ponto em diante, o crescimento da planta é resultante do aumento das células em número e volume. A parte aérea da planta atinge a altura em torno de 2 metros, podendo variar em função da variedade ou híbrido, condições climáticas, fertilidade do solo, etc. Os colmos são eretos, via de regra não ramificado, apresentando nós e inter-nós também denominados meritalos, de natureza esponjosa, relativamente rica em açúcares o que lhes confere sabor adocicado. As folhas dispõem-se alternadamente e inserem-se nos nós. São constituídas de uma bainha invaginante, pilosa de cor verde clara e limbo- verde escuro, estreito e de forma lanceolada, possuindo bordos serrilhados com uma nervura central vigorosa e em forma decanaleta. Entre a bainha e o existe a lígula que é estreita e de natureza membranosa. A planta do milho é monoica, isto é, possui os dois sexos na mesma planta, separados em inflorescências diferentes. As flores masculinas estão numa panícula terminal, conhecida pelo nome de flecha ou pendão e as femininas em espigas axilares. 19 CULTURA DO MILHO ENGENHARIA AGRONÔMICA CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES IDAM Inflorescência masculina (pendão) Inflorescência feminina (espiga) A panícula, que contém as flores masculinas, é formada por um central que termina num ramo principal, abaixo do qual partem lateralmente ramificações secundárias, que podem ramificar-se dando as terciárias. A região de ligação da panícula com o caule constitui o pedúnculo. Essa inflorescência pode atingir de 50 a 60 cm de comprimento possuindo coloração variável podendo ser esverdeada, marrom ou vermelho escuro. As flores masculinas dispõem-se ao longo do ramo principal e das ramificações. Cada flor é constituída de 3 estames protegidos por duas formações membranosas chamadas lema e palea. Dois desses conjuntos são protegidos por duas plumas formando uma espigueta. Essas espiguetas 20 CULTURA DO MILHO ENGENHARIA AGRONÔMICA CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES IDAM são inseridas nos ramos das inflorescências em grupo de duas, sendo uma pedunculada e outra séssil, ou seja, sem pedúnculo. Essas duas flores amadurecem seus grãos de pólen em períodos diferentes, sendo que a produção de pólen dura cerca de 8 dias e cada panícula pode produzir até 50 milhões de grãos de pólen. A inflorescência feminina, ou espiga, é constituída por um eixo ou ráquis (sabugo) ao longo do qual dispõem-se as reentrâncias ou alvéolos. Nesses alvéolos, desenvolvem-se as espiguetas aos pares como na inflorescência masculina. Cada espigueta é formada por duas flores, sendo uma fértil e outra estéril. Cada flor é coberta por duas glumelas e o conjunto de duas flores é recoberto por um par de glumas. Cada flor feminina é constituída de um ovário unilocular, ou seja, com uma única loja no interior da qual existe um único óvulo. Saindo do ovário desenvolve-se o estilo-estigma bífido, dividido em dois na sua extremidade livre. O conjunto de estilo-estigma é que vem a constituir o cabelo, barba ou boneca do milho. A espiga externamente é protegida pelas palhas. 21 CULTURA DO MILHO ENGENHARIA AGRONÔMICA CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES IDAM A polinização consiste na transferência do grão de pólen da antera da flor masculina ao estigma das flores femininas. A planta de milho, pela sua organização morfológica, impede que haja autofecundação, ou seja, a polinização de uma espiga por grãos de pólen da mesma planta. O grão de pólen de uma planta, normalmente através de agentes naturais principalmente correntes aéreas, atinge a barba da espiga de outras plantas. Ocorre normalmente apenas cerca de 2% de autofecundação, razão pela qual se diz que o milho é tipicamente uma planta de polinização cruzada. Para que haja polinização, há necessidade que as flechas estejam soltando pólen e a receptividade das barbas seja coincidente com essa soltura de pólen. Normalmente as barbas ficam receptivas por vários dias, assim como a flecha também solta pólen por vários dias. Essa situação garante a polinização de todas as espigas e se algum fator estranho ocorrer, pode haver queda da produção devido a uma polinização deficiente. Uma vez processada a polinização, ocorre à fecundação propriamente dita, que é um fenômeno complexo, resultando a formação do fruto comumente denominado grão. Vamos exercitar! 22 CULTURA DO MILHO ENGENHARIA AGRONÔMICA CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES IDAM 1 - FUNDEP - IFSP - Agronomia - 2014 Na cultura do milho, o grão de pólen germina logo após entrar em contato com o estigma, dando início ao desenvolvimento do tubo polínico. Sobre as condições climáticas que favorecem o desenvolvimento do tubo polínico, assinale a alternativa CORRETA. a) Alta umidade e/ou baixa temperatura. b) Baixa umidade e/ou baixa temperatura. c) Alta umidade e/ou alta temperatura. d) baixa umidade e/ou alta temperatura. SOLUÇÃO Tempo seco na época do florescimento é prejudicial porque o cabelo da boneca do milho seca e pode não conter umidade suficiente para suportar a germinação do pólen e o crescimento do tubo polínico até o ovário. Dois dias de estresse hídrico no florescimento diminuem o rendimento em mais de 20%. Durante a floração, 4 a 8 dias de seca diminuem a produção em mais de 50%. O efeito do estresse hídrico sobre o crescimento da planta será diretamente no alongamento celular, enquanto a divisão celular não é tão afetada. Isso equivale dizer que a planta, mesmo sob condições de falta de água, continua sua divisão celular, porém o alongamento é reduzido ou até paralisado, dependendo da duração e da intensidade do estresse. Submetida a déficit hídrico, as plantas fecham estômatos, eliminam mecanismo de resfriamento e aumentam a temperatura da folha, afetando a respiração. Com isso, vai haver maior consumo de reservas, o que vai reduzir não só o crescimento como a produção de matéria seca de uma maneira geral. A redução na fotossíntese se dá por: fechamento estomático e diminuição da área foliar. 23 CULTURA DO MILHO ENGENHARIA AGRONÔMICA CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES IDAM Plantas em condições de estresse hídrico passam mais tempo respirando do que fotossintetizando. Água é de fundamental importância, porém sua falta é o fator mais inibidor da produção, após a luz: se não tem água, não tem fotossíntese. Com relação a temperatura, considerando as fases da emergência à polinização, a elevação da temperatura acelera o pendoamento, enquanto na polinização o efeito da temperatura (acima de 30 °C) vai reduzir a viabilidade do pólen. Da polinização à maturidade fisiológica, a elevação de temperatura vai provocar o encurtamento da fase de enchimento de grãos, com consequente menor taxa de acúmulo de matéria seca nos grãos e menor teor de proteína. Com a redução da temperatura abaixo de 12 °C, vai haver redução da germinação, e o desenvolvimento será reduzido da emergência ao pendoamento, uma vez que o metabolismo diminui com a baixa da temperatura. Após a maturação fisiológica, o metabolismo vai continuar lento, com baixa perda de umidade nos grãos e comprometimento na qualidade de grãos. Assim, o desenvolvimento das sementes pode ser afetado por fatores ambientais tais como temperatura do ar e umidade do solo. O estresse hídrico, durante o enchimento da semente, afeta a deposição de amido nas células do endosperma, de maneira semelhante ao efeito de altas temperaturas sobre a conversão de sacarose em amido, que ocorre no interior das células do endosperma. Por outro lado, altas temperaturas reduzem o tempo em que a semente deveria estar em enchimento. RESPOSTA A 24 CULTURA DO MILHO ENGENHARIA AGRONÔMICA CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES IDAM ECOFISIOLOGIA DA CULTURA DO MILHO A fenologia das plantas tem diversas aplicações importantes no campo da agricultura, definida como o ramo da Ecologia que estuda os fenômenos periódicos dos seres vivos e suas relações com o ambiente (BERGAMASCHI, 2007). Em razão de suas múltiplas aplicações, pode-se dizer que a fenologia das plantas é fundamental em todo o grande espectro da Biologia, tanto vegetal como animal. Na Agrometeorologia a fenologia das plantas é indispensável sob vários aspectos. Ela é indispensável em estudos e aplicações que envolvem as interações clima-planta, como zoneamentos agroclimáticos, calendários de semeadura e plantio, modelagem de cultivos,monitoramento de safras, avaliação de riscos climáticos, cultivos protegidos, irrigação, entre outras. A fenologia das culturas é fundamental na avaliação de impactos da variabilidade climática em escala espaço-temporal ou de futuros cenários, à luz das relações clima-planta. A caracterização dos eventos fenológicos permite identificar todo desenvolvimento das plantas, a fim de estabelecer relações com as condições do ambiente em particular o clima, sob diferentes ambientes (anos, épocas ou locais). Sendo possível assim, avaliar e descrever com precisão o impacto de eventuais fenômenos adversos. A caracterização das necessidades e sensibilidades das espécies também necessita descrever suas etapas fenológicas. A determinação de períodos críticos é um aspecto particular na definição das necessidades e sensibilidades das espécies, visando reduzir danos por eventos climáticos extremos. Classificar genótipos segundo sua precocidade também é fundamental e requer precisão na descrição fenológica. Com a duração do ciclo e seus períodos críticos é possível planejar a implantação e o manejo das espécies, para diluir prejuízos por estresses climáticos e racionalizar atividades de condução das lavouras. A elaboração 25 CULTURA DO MILHO ENGENHARIA AGRONÔMICA CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES IDAM e a utilização adequada de zoneamentos é outra importante aplicação da fenologia, visando adequar as necessidades das plantas às disponibilidades do ambiente. Por fim, a escolha de genótipos, épocas e locais para cultivo e o manejo das espécies também exigem detalhes de fenologia, pois suas demandas variam durante o ciclo. Isto tudo permite o uso mais racional dos recursos naturais, da mão-de-obra e insumos (BERGAMASCHI, 2007). ESCALAS FENOLÓGICAS PARA MILHO Escala de Hanway (1963) Durante as últimas décadas do Século XX, a escala fenológica descrita por Hanway (1963, 1966) foi a mais utilizada em todo o mundo. Ela consta de uma sequência de estádios numerados em ordem crescentes, da emergência das plântulas à maturação fisiológica dos grãos. Sua clareza e simplicidade tornaram esta escala amplamente conhecida e adotada, internacionalmente. No Brasil, Fancelli (1986) fez adaptações à clássica escala de Hanway (1963, 1966); e Nel e Smith (1976). Foi acrescentada a duração média dos intervalos entre os estádios da cultura, considerando uma ampla faixa de genótipos e climas brasileiros. A representação gráfica de cada estádio também deu mais clareza e praticidade ao uso da escala, para caracterizar com mais precisão a fenologia do milho no campo. A fig. 4, apresenta a adaptação feita por Fancelli (1986) à fenologia do milho, baseada na escala de Hanway (1963). 26 CULTURA DO MILHO ENGENHARIA AGRONÔMICA CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES IDAM Quadro 1 – Escala fenológica do milho segundo Hanway (1963), adaptada por Fancelli (1986). Escala de Ritchie, Hanway e Benson (1993) Ao final do Século XX, a escala de Ritchie, Hanway e Benson (1993) passou a ser adotada na descrição da fenologia do milho. Ela manteve grande parte dos critérios da escala de Hanway (1963), sobretudo nos estádios reprodutivos. Porém, os estádios vegetativos passaram a ter maior detalhamento. A cada nova folha totalmente expandida corresponde um estádio vegetativo. Os símbolos que representam os estádios vegetativos são formados pela letra V e um algarismo que corresponde ao número de folhas totalmente expandidas. Os estádios reprodutivos passaram a ter símbolos formados pela letra R e um algarismo correspondente à sequência dos mesmos estádios da escala de Hanway (1963). A tabele 2 apresenta a escala fenológica de Ritchie, Hanway e Benson (1993). 27 CULTURA DO MILHO ENGENHARIA AGRONÔMICA CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES IDAM Quadro 2 – Estádios fenológicos de uma planta de milho, pela escala de Ritchie, Hanway e Benson (1993). Ecofisiologia e Fenologia O milho, sendo uma planta de origem tropical, exige, durante o seu ciclo vegetativo, calor e umidade para se desenvolver e produzir satisfatoriamente, proporcionando rendimentos compensadores. Os processos da fotossíntese, respiração, transpiração e evaporação, são funções diretas da energia disponível no ambiente, comumente designada por calor; ao passo, que o crescimento, desenvolvimento e translocação de fotoassimilados encontram-se ligados à disponibilidade hídrica do solo, sendo que seus efeitos são mais pronunciados em condições de altas temperaturas onde a taxa de evapotranspiração é elevada. Independentemente da tecnologia aplicada, o período de tempo e as condições climáticas em que a cultura é submetida constituem-se em preponderantes fatores de produção. Dentre os elementos do clima conhecidos para se avaliar a viabilidade e a estação para a implantação das mais diversas atividades agrícolas, a temperatura e a precipitação pluvial 28 CULTURA DO MILHO ENGENHARIA AGRONÔMICA CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES IDAM são os mais estudados. Para a cultura do milho, muito se tem estudado sob o ponto de vista de suas exigências climáticas, sempre objetivando o aumento do rendimento agrícola. Assim, algumas condições ideais para o desenvolvimento desse cereal podem ser apontadas: (A) por ocasião da semeadura, o solo deve apresentar-se com temperatura superior a 10oC, aliado à umidade próxima à capacidade de campo, possibilitando o desencadeamento dos processos de emergência; (B) durante o crescimento e desenvolvimento das plantas, a temperatura do ar deverá girar em torno de 25oC e encontrar-se associada à adequada disponibilidade de água no solo e abundância de luz; (C) temperatura e luminosidade favoráveis, elevada disponibilidade de água no solo e umidade relativa do ar, superior a 70%, são requerimentos básicos durante a floração e enchimento dos grãos (D) ocorrência de período predominantemente seco por ocasião da colheita. Temperaturas do solo inferiores a 10°C e superiores a 42° C prejudicam sensivelmente a germinação, ao passo que, aquelas situadas entre 25 e 30°C propiciam as melhores condições para o desencadeamento dos processos de germinação das sementes e emergência das plântulas. Por ocasião do período de florescimento e maturação, temperaturas médias diárias superiores a 26°C podem promover a aceleração dessas fases, da mesma forma que temperaturas inferiores a 15,5º C podem prontamente retardá-las. Com relação à luz, a cultura do milho responde com altos rendimentos a crescentes intensidades luminosas, em virtude de pertencer ao grupo de plantas “C4”, o que lhe confere alta produtividade biológica. O milho é, originalmente, uma planta de dias curtos, embora os limites dessas horas de luz não sejam idênticos e nem bem definidos para os 29 CULTURA DO MILHO ENGENHARIA AGRONÔMICA CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES IDAM diferentes cultivares. Com a redução de 30 a 40% da intensidade luminosa, ocorrerá um atraso na maturação dos grãos, principalmente em cultivares tardios, que mostram-se mais sensíveis à carência de luz. A incidência de ventos no milharal pode aumentar a demanda de água por parte da planta, tornando-a mais suscetível aos períodos curtos de estiagem, além de promover o acamamento da cultura. Da mesma forma, ventos frios ou quentes podem ocasionar falhas na polinização, constituindo-se, frequentemente, em importante fator limitante na produção de milho de algumas regiões. Plantas de milho apresentando de quatro a 10 folhas, quando submetidas a ventos, podem ser significativamente prejudicadas quanto ao crescimento e desenvolvimento. A evidência de folhas apresentando bordas esbranquiçadas e secas, bem como enrolamento pode seratribuído à incidência de ventos. Ainda, plantas instaladas em solos arenosos e sem cobertura, podem sofrer o efeito abrasivo de partículas deslocadas pela ação do vento. Com relação a exigência por água, as fases mais críticas são a de emergência, florescimento e formação do grão. No período compreendido entre 15 dias antes e 15 dias após o aparecimento da inflorescência masculina, o requerimento de um suprimento hídrico satisfatório aliado a temperaturas adequadas tornam tal período extremamente crítico. A cultura exige um mínimo de 350-500 mm de precipitação no verão para que produza a contento, sem a necessidade da utilização da prática de irrigação. O consumo de água por parte do milho, em um clima quente e seco, raramente excede 3,0 mm/dia, enquanto a planta estiver com altura inferior a 30 cm. Todavia, durante o período compreendido entre o espigamento e a maturação, o consumo pode se elevar para 5,0 a 7,5 mm diários. 30 CULTURA DO MILHO ENGENHARIA AGRONÔMICA CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES IDAM O milho é uma planta de ciclo vegetativo variado, evidenciando desde genótipos extremamente precoces, cuja polinização pode ocorrer 30 dias após a emergência, até mesmo aqueles cujo ciclo vital pode alcançar 300 dias. Contudo, nas condições brasileiras, o ciclo é variável entre 110 e 180 dias, em função da caracterização dos genótipos (superprecoce, precoce e tardio), período este compreendido entre a semeadura e a colheita. De forma geral, o ciclo da cultura compreende as seguintes etapas de desenvolvimento: a) germinação e emergência: período compreendido desde a semeadura até o efetivo aparecimento da plântula, o qual em função da temperatura e umidade do solo pode apresentar de cinco a 12 dias de duração; b) crescimento vegetativo: período compreendido entre a emissão da segunda folha e o início do florescimento. Tal etapa apresenta extensão variável, sendo este fato comumente empregado para caracterizar os tipos de cultivares de milho, quanto ao comprimento do ciclo; c) florescimento: período compreendido entre o início da polinização e o início da frutificação, cuja duração raramente ultrapassa 10 dias; d) frutificação: período compreendido desde a fecundação até o enchimento completo dos grãos, sendo sua duração estimada entre 40 e 60 dias; e) maturidade: período compreendido entre o final da frutificação e o aparecimento da camada negra, sendo este relativamente curto e indicativo do final do ciclo de vida planta. Entretanto, para maior facilidade de manejo e estudo, bem como objetivando a possibilidade do estabelecimento de correlações entre elementos fisiológicos, climatológicos, fitogenéticos, entomológicos, 31 CULTURA DO MILHO ENGENHARIA AGRONÔMICA CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES IDAM fitopatológicos, e fitotécnicos, como desempenho da planta, o ciclo da cultura do milho foi dividido em 11 estádios distintos de desenvolvimento: Estádio 0: da semeadura à emergência; ESTÁDIOS DE DESENVOLVIMENTO DO MILHO ESTÁDIOS VEGETATIVOS 32 CULTURA DO MILHO ENGENHARIA AGRONÔMICA CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES IDAM 33 CULTURA DO MILHO ENGENHARIA AGRONÔMICA CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES IDAM 34 CULTURA DO MILHO ENGENHARIA AGRONÔMICA CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES IDAM ESTÁDIOS REPRODUTIVOS DO MILHO As fases reprodutivas iniciam-se no pendoamento e vão até a maturação fisiológica, estádio onde os grãos apresentam a camada preta na inserção entre o grão e o sabugo. A camada nada mais é do que um conjunto de células mortas que impedem a entrada de nutrientes para dentro dos grãos e marca a fase de perda de água. O estádio de crescimento de uma lavoura é definido quando, no mínimo, 50% das plantas estiverem no mesmo estádio. O desenvolvimento de uma cultura é um processo contínuo e interligado, em que cada uma de suas fases cumpre papel importante na produtividade final. 35 CULTURA DO MILHO ENGENHARIA AGRONÔMICA CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES IDAM 36 CULTURA DO MILHO ENGENHARIA AGRONÔMICA CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES IDAM PLANTIO DO MILHO O plantio de qualquer cultura deve ser bem planejado, pois durará deste a germinação até a colheita cerca de 120 a 130 dias afetando todas as operações envolvidas, além de determinar as possibilidades de sucesso ou insucesso da lavoura. É por ocasião do plantio que se define o espaçamento entre linhas e a densidade de plantio para garantir uma boa produtividade . Esta característica não é tão importante em outras culturas com grande capacidade de perfilhamento, como arroz, trigo, aveia, sorgo e outras gramíneas, ou de maior habilidade de produção de floradas, como feijão e soja. Neste contexto, a escolha e o cuidado com as plantadoras representam um importante elemento dentro do processo de produção, uma vez que afetam a distribuição e a localização do adubo, a distribuição de sementes nas fileiras e a profundidade de plantio, o espaçamento entre 37 CULTURA DO MILHO ENGENHARIA AGRONÔMICA CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES IDAM fileiras, determinando a qualidade do plantio e seu efeito sobre as operações subsequentes e a produtividade da lavoura. O milho também desempenha importante papel em sistema de plantio direto, na integração lavoura-pecuária, possuindo muitas aplicações dentro da propriedade agrícola, deste a alimentação animal na forma de grãos ou de forragem verde ou conservada, na alimentação humana ou na geração de receita mediante a comercialização da produção excedente. O período de crescimento e desenvolvimento do milho é limitado pela água, pela temperatura e pela radiação solar, ou luminosidade. A cultura do milho necessita que alguns índices dos fatores climáticos, especialmente a temperatura, precipitação pluviométrica e o fotoperíodo, atinjam níveis ótimos, para que o potencial genético de produção da cultura se expresse ao máximo. Assim, temperatura possui uma relação complexa com o desempenho da cultura, uma vez que a condição ótima varia com os diferentes estádios de crescimento e desenvolvimento da planta. A temperatura da planta de milho é basicamente a mesma do ambiente que a envolve. Devido a esse sincronismo, flutuações periódicas influenciam nos processos metabólicos que ocorrem no interior da planta. Nos momentos em que a temperatura é mais elevada, o processo metabólico é mais acelerado e nos períodos mais frios, o metabolismo tende a diminuir. As temperaturas ideais do solo para a cultura de milho estariam entre 25 e 30 ºC, sendo que temperaturas do solo inferiores a 10 ºC ou superiores a 40 ºC ocasionam prejuízo sensível à germinação. Por ocasião da floração, temperaturas médias superiores a 26 ºC aceleram o desenvolvimento dessa fase, e as inferiores a 15,5ºC o retardam. Cada grau acima da temperatura média de 21,1 ºC nos primeiros 60 dias após a semeadura pode acelerar o florescimento entre dois e três dias. Quando a temperatura é superior a 35 ºC ocorre diminuição da atividade da enzima redutase do nitrato, podendo alterar o rendimento e a 38 CULTURA DO MILHO ENGENHARIA AGRONÔMICA CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES IDAM composição protéica dos grãos. Durante a polinização, temperaturas acima de 33 ºC reduzem sensivelmente a germinação do grão de pólen. Verões com temperatura média diária inferior a 19 ºC, e noites com temperatura média inferior a 12,8 ºC não são recomendados para a produção de milho. Por outro lado, temperaturas noturnas superiores a 24 ºC proporcionam um aumento da respiração, ocasionando uma diminuição da taxa de fotossimiladose uma consequente redução da produção, além de provocar senescência precoce das folhas. Temperaturas inferiores a 15ºC retardam a maturação dos grãos. A planta de milho precisa acumular quantidades distintas de energia ou simplesmente unidades calóricas (U.C.) necessárias a cada etapa de crescimento e desenvolvimento. A unidade calórica é obtida através da soma térmica necessária para cada etapa do ciclo da planta, desde o plantio até o florescimento masculino. O somatório térmico é calculado através das temperaturas máximas e mínimas diárias, sendo 30ºC e 10ºC, respectivamente, as temperaturas referenciais para o cálculo. Com relação ao ciclo, as cultivares são classificadas pelas empresas produtoras de sementes em normais ou tardias, semiprecoces, precoces e superprecoces. As cultivares normais apresentam exigências térmicas correspondentes a 890-1200 graus-dia (G.D.), as precoces, de 831 a 890, e as superprecoces, de 780 a 830 G.D. Essas exigências calóricas se referem ao cumprimento das fases fenológicas compreendidas entre a emergência e o início da polinização. De acordo com o Zoneamento Agrícola para a cultura de milho, as cultivares eram classificadas, em função do ciclo, em três grupos: Grupo I - necessita até 780 U.C. (precoce). Grupo II - necessita entre 780 e 860 U.C. (ciclo médio). 39 CULTURA DO MILHO ENGENHARIA AGRONÔMICA CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES IDAM Grupo III - necessita mais que 860 U.C. (ciclo tardio). A partir da safra 2009/10, para efeito de simulação, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento classifica as cultivares em três grupos de características homogêneas: Grupo I (n < 110 dias); Grupo II (n = 110 dias e = 145 dias); e Grupo III (n > 145 dias), onde “n” expressa o número de dias da emergência à maturação fisiológica. Outro fator de grande importância e a altitude que tem um efeito direto na temperatura, tanto diurno como noturna, afetando tanto a fotossíntese como a respiração. Para as condições brasileiras, o milho plantado em maiores altitudes apresenta maior número de dias para atingir o pendoamento, aumentando o ciclo e apresentando maior rendimento de grãos. Aumentando o período de enchimento de grãos, consequentemente aumentará a produtividade, em temperaturas máximas menores e mais próximas da temperatura ótima. E menores temperaturas noturnas reduzem a taxa de respiração, o que resultará na redução do ponto de compensação sendo esse o ponto em que a fotossíntese e a respiração são idênticas, o que também implica no aumento da produtividade. Uma análise sobre avaliação de cultivares em diferentes regiões do Brasil mostrou que os ensaios plantados em regiões com altitude superior a 700 m apresentaram maior rendimento (7.429 kg/ha) e florescimento masculino de 65 dias, comparados com os ensaios plantados em altitudes abaixo de 700 m, que apresentaram rendimento de 6.473 kg/ha e florescimento masculino de 65 dias. A umidade do solo também influência na cultura do milho que muito exigente em água. Entretanto, pode ser cultivado em regiões onde as precipitações vão desde 250 mm até 5.000 mm anuais, sendo que a quantidade de água consumida pela planta, durante seu ciclo, está em torno de 600 mm. O consumo de água pela planta, nos estádios iniciais de crescimento, num clima quente e seco, raramente excede 2,5 mm/dia. Durante o período compreendido entre o espigamento e a maturação, o 40 CULTURA DO MILHO ENGENHARIA AGRONÔMICA CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES IDAM consumo pode se elevar para 5 a 7,5 mm diários. Mas se a temperatura estiver muito elevada e a umidade do ar, muito baixa, o consumo poderá chegar até 10 mm/dia. A ocorrência de déficit hídrico na cultura do milho pode ocasionar danos em todas as fases. Na fase do crescimento vegetativo, o dano se verifica pelo menor elongamento celular e pela redução da massa vegetativa, com diminuição na taxa fotossintética. Após o déficit hídrico, a produção de grãos também é afetada diretamente, pois com menor massa vegetativa a planta possui menor capacidade fotossintética. Na fase do florescimento, a ocorrência de dessecação dos estilos- estigmas aumentando o grau de protandria, abortos dos sacos embrionários, de distúrbios na meiose, e aborto das espiguetas e de morte dos grãos de pólen resultando em redução no rendimento. O déficit hídrico na fase de enchimento de grãos afetará o metabolismo da planta e o fechamento de estômatos, reduzindo a taxa fotossintética e, consequentemente, a produção de fotossimilados e sua translocação para os grãos. O fotoperíodo e um dos componentes climáticos que afetam a produtividade do milho, representado pelo número de horas de luz solar, o qual é um fator climático de variação sazonal, mas que não apresenta muita variação de ano para ano. O milho é considerado uma planta de dias curtos, embora algumas cultivares tenham pouca ou nenhuma sensibilidade às variações do fotoperíodo. Um aumento do fotoperíodo faz com que a duração da etapa vegetativa aumente e proporcione também um incremento no número de folhas emergidas durante a diferenciação do pendão e do número total de folhas produzidas pela planta. Nas condições brasileiras, o efeito do fotoperíodo na produtividade do milho é praticamente insignificante. A radiação solar é de extrema importância para a planta de milho, sem a qual o processo fotossintético é inibido e a planta é impedida de 41 CULTURA DO MILHO ENGENHARIA AGRONÔMICA CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES IDAM expressar o seu máximo potencial produtivo. Grande parte da matéria seca do milho, cerca de 90%, provém da fixação de CO2 pelo processo fotossintético. O milho é uma planta do grupo C4, altamente eficiente na utilização da luz. Uma redução de 30% a 40% da intensidade luminosa, por períodos longos, atrasa a maturação dos grãos ou pode ocasionar até mesmo queda na produção. A época de semeadura embora não tenha custo adicional, o plantio de milho feito na época correta afeta diretamente a produção e a produtividade da lavoura e, consequentemente, o lucro do agricultor. O atraso no plantio dificulta também diversas operações agrícolas, como o controle de pragas e plantas daninhas, além de aumentar a ocorrência e a severidade de doenças, e é apontado como um dos principais fatores responsáveis pela baixa produtividade, principalmente do pequeno e médio produtor. O período de crescimento e desenvolvimento é afetado pela umidade do solo, pela temperatura, pela radiação solar e pelo fotoperíodo. A época de plantio é em função destes fatores, cujos limites extremos são variáveis em cada região agroclimática. A época de semeadura mais adequada é aquela que faz coincidir o período de floração com os dias mais longos do ano, e a etapa de enchimento de grãos com o período de temperaturas mais elevadas e alta disponibilidade de radiação solar. Isto, considerando satisfeitas as necessidades de água pela planta. Nas condições tropicais, devido a menor variação da temperatura e do comprimento do dia, a distribuição de chuvas é que, geralmente, determina a melhor época de semeadura. No sul do Brasil, o milho, geralmente, é plantado de agosto a setembro e à medida que se caminha para os estados do Centro-Oeste e do Sudeste, a época de semeadura na safra varia de outubro a novembro. A época de semeadura afeta várias características da planta, ocorrendo um decréscimo mais acentuado no número de espigas por planta e no 42 CULTURA DO MILHO ENGENHARIA AGRONÔMICA CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES IDAM rendimento de grãos. O atraso na semeadura pode resultar em perdas que podem ser superiores a 60 kg/ha/dia. Essa tendência pode ser revertidase não houver déficit hídrico e ocorrer uma redução na temperatura do ar, nos meses de fevereiro - março. Na região Sudeste, as épocas de plantio das lavouras de milho de alta produtividade concentram-se nos meses de outubro e novembro, chegando a cerca de 80% das lavouras com produtividade acima de 8.000 kg ha-1. O mesmo ocorre nos estados da região Centro-Oeste, onde as melhores lavouras de milho são plantadas, principalmente, nos meses de outubro e novembro. Para os estados da região Nordeste, para as lavouras de alta produtividade na Bahia e no Piauí, principalmente, à época de plantio concentra-se no final do mês de novembro e principalmente no mês de dezembro. Assim, podemos concluir que a análise dos levantamentos das diferenças edafoclimáticas de cada região influenciam muito na tomada de decisão da época de plantio da cultura de milho, na safra normal. Por ser plantado no final da época recomendada, o milho safrinha tem sua produtividade bastante afetada pelo regime de chuvas e por fortes limitações de radiação solar e temperatura na fase final de seu ciclo. Além disso, como o milho safrinha é plantado após uma cultura de verão, a sua data de plantio depende da época do plantio dessa cultura e de seu ciclo. Assim, o planejamento do milho safrinha começa com a cultura do verão, visando liberar a área o mais cedo possível. Quanto mais tarde for o plantio, menor será o potencial e maior o risco de perdas por seca e/ou geadas. A profundidade da semeadura e outra variável que está condicionada aos fatores temperatura do solo, umidade e tipo de solo. A semente deve ser colocada em uma profundidade que possibilite um bom contato com a umidade do solo. Entretanto, a maior ou menor profundidade de semeadura vai depender do tipo de solo. Naqueles mais pesados (argilosos), com drenagem deficiente ou com fatores que dificultam o alongamento do mesocótilo, dificultando a emergência de plântulas, as sementes devem ser colocadas 43 CULTURA DO MILHO ENGENHARIA AGRONÔMICA CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES IDAM entre 3 e 5 cm de profundidade. Em solos mais leves ou arenosos, as sementes podem ser colocadas mais profundas, entre 5 e 7 cm de profundidade, para se beneficiarem do maior teor de umidade do solo. No Sistema Plantio Direto, onde há sempre um acúmulo de resíduos na superfície do solo, especialmente em regiões mais frias, a cobertura morta pode retardar a emergência, reduzir o estande e, em alguns casos, pode até causar queda no rendimento de grãos da lavoura, dependendo da profundidade em que a semente foi colocada. Contrário a uma crença popular, a profundidade de semeadura tem influência mínima na profundidade do sistema radicular definitivo, que se estabelece logo abaixo da superfície do solo. A densidade de plantio, ou estande, é definida como o número de plantas por unidade de área, tem papel importante no rendimento de uma lavoura de milho, uma vez que pequenas variações na densidade têm grande influência no rendimento final da cultura. O milho é a gramínea mais sensível variação na densidade de plantas. Para cada sistema de produção, existe uma população que maximiza o rendimento de grãos. A população recomendada para maximizar o rendimento de grãos de milho varia de 40.000 a 80.000 plantas.ha -1 , dependendo da disponibilidade hídrica, da fertilidade do solo, dá cultivar, da época de semeadura e do espaçamento entre linhas. Vários pesquisadores consideram o próprio genótipo como principal determinante da densidade de plantas. O aumento da densidade de plantas até determinado limite é uma técnica usada com a finalidade de elevar o rendimento de grãos da cultura do milho. Porém, o número ideal de plantas por hectare é variável, uma vez que a planta de milho altera o rendimento de grãos de acordo com o grau de competição intraespecífica proporcionado pelas diferentes densidades de planta. O rendimento de uma lavoura aumenta com a elevação da densidade de plantio, até atingir uma densidade ótima, que é determinada pela cultivar e 44 CULTURA DO MILHO ENGENHARIA AGRONÔMICA CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES IDAM por condições externas resultantes de condições edafoclimáticas do local e do manejo da lavoura. A partir da densidade ótima, quando o rendimento é máximo, aumento na densidade resultará em decréscimo progressivo na produtividade da lavoura. A densidade ótima é, portanto, variável para cada situação e, basicamente, depende de três condições: cultivar, disponibilidade hídrica e do nível de fertilidade de solo. Qualquer alteração nesses fatores, direta ou indiretamente, afetará a densidade ótima de plantio. Além do rendimento de grãos, o aumento da densidade de plantio também afeta outras características da planta. Dentre essas características, temos a redução no número de espigas por planta (índice de espigas) e o peso médio da espiga, o diâmetro do colmo é reduzido e há maior susceptibilidade ao acamamento e ao quebramento, pode haver um aumento na ocorrência de doenças, especialmente as podridões de colmo. Esses aspectos podem determinar o aumento de perdas na colheita, principalmente quando mecanizada. Desta forma, às vezes deixamos de recomendar densidades maiores, embora em condições experimentais apresentem maiores rendimentos, não são aconselhadas em lavouras colhidas mecanicamente. A densidade de plantio e a distribuição de sementes são também afetadas pela velocidade de plantio. Assim, para plantadeiras a disco recomenda-se velocidades não superiores a 5 Km/h. Plantadeiras a dedo ou a vácuo podem realizar operações de semeadura com velocidade de até 10 Km/h, desde que as condições de topografia do terreno, umidade e textura do solo permitiam a operação nesta velocidade. De um modo geral, não se recomenda a semeadura em velocidades superiores a 7 Km/h quando se utilizar essas plantadeiras. Devemos fazer um teste antes da semeadura, operando a plantadeira em diferentes velocidades para, então se escolher a melhor opção, tendo em vista principalmente a uniformidade da profundidade das sementes. A velocidade acima do recomendado aumenta o número de falhas e 45 CULTURA DO MILHO ENGENHARIA AGRONÔMICA CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES IDAM duplas e prejudicam a uniformidade da profundidade das sementes. Esses dois fatores reduzem a população de plantas e aumentam o número de plantas dominadas. Em termos genéricos, observamos que cultivares precoces, as de ciclo mais curto exigem maior densidade de plantio em relação a cultivares tardias, para expressarem seu máximo rendimento. As cultivares mais precoces, geralmente, possuem plantas de menor altura e menor massa vegetativa. Essas características morfológicas determinam um menor sombreamento dentro da cultura, possibilitando, com isto, menor espaçamento entre plantas, para melhor aproveitamento de luz. Mesmo dentre os grupos de cultivares (precoces ou tardios), há diferenças quanto à densidade ótima de plantio. As faixas de densidades mais frequentemente recomendadas para os híbridos duplos variam de 50 a 60 mil plantas por ha, havendo casos de recomendação até de 70 mil plantas por ha. Para os híbridos triplos e simples, é frequente a densidade de 55 a 70 mil plantas por ha, havendo casos de recomendação de até 80 mil plantas por ha, principalmente entre os híbridos simples. Assim, muda-se a idéia tradicional de se utilizar um saco de sementes para o plantio de um hectare não sendo mais verdadeira, havendo necessidades de se utilizar 1,2 a 1,4 sacos de sementes (com 60.000 sementes) para o plantio de um hectare. Atualmente, a redução no espaçamento entre linhas e o aumento da densidade de plantio é uma realidade na cultura de milho, encontramos no mercado plataformasadaptáveis às colhedoras com espaçamentos de até 0,45 m. Na ocasião do plantio e posterior colheita a densidade adequada e uniforme de plantas deverá tomar uma série de cuidados, entre eles: I. utilizar sementes de alta qualidade em termos de poder germinativo e vigor; II. realizar o plantio com máquinas e equipamentos de maior qualidade e precisão que, aliados a uma mão de obra melhor qualificada, 46 CULTURA DO MILHO ENGENHARIA AGRONÔMICA CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES IDAM possibilitará um plantio cada vez mais uniforme, minimizando a ocorrência de falhas, de duas sementes juntas (duplas) e de plantas dominadas; III. fazer o tratamento de sementes e se for necessário, fazer aplicação de fungicidas, especialmente em regiões mais frias onde o processo de germinação e emergência é retardado; IV. plantar na época certa e quando o solo tiver com teor de umidade adequado promovendo a melhoria das condições químicas, físicas e biológicas do solo, facilitando o desenvolvimento e sobrevivência das plântulas. Figura 5. Erros no estabelecimento de uma lavoura de milho 47 CULTURA DO MILHO ENGENHARIA AGRONÔMICA CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES IDAM DOENÇAS Nos últimos anos, principalmente a partir do final de década de 90, as doenças têm se tornado uma grande preocupação por parte de técnicos e produtores envolvidos no agronegócio do milho. Assim, podemos destacar a severa epidemia de cercosporiose ocorrida na região Sudoeste do Estado de Goiás no ano de 2000, na qual foram registradas perdas superiores a 80% na produtividade. A evolução das doenças do milho está estreitamente relacionada à evolução do sistema de produção da cultura como exemplo a expansão da fronteira agrícola, a ampliação das épocas de plantio (safra e safrinha), a adoção do sistema de plantio direto, o aumento do uso de sistemas de irrigação, a ausência de rotação de cultura e o uso de materiais suscetíveis têm promovido modificações importantes na dinâmica populacional dos patógenos, resultando no surgimento, a cada safra, de novos problemas para a cultura relacionados à ocorrência de doenças. Dentre as doenças que atacam a cultura do milho no Brasil, merecem destaque a mancha branca, a cercosporiose, a ferrugem polissora, a ferrugem tropical, os enfezamentos vermelho e pálido, as podridões de colmo e os grãos ardidos. Além destas, nos últimos anos algumas doenças como a antracnose foliar e a mancha foliar de Diplodia, consideradas de menor importância, têm promovido elevada severidade em algumas regiões produtoras. No entanto, algumas das doenças são de ocorrência mais generalizada nas principais regiões de plantio, como é o caso da mancha branca. As principais medidas recomendadas para o manejo de doenças na cultura do milho são: utilizar cultivares resistentes; realizar o plantio em época adequada, de modo a evitar que os períodos críticos para a cultura coincidam com condições ambientais mais favoráveis ao desenvolvimento da doença; 48 CULTURA DO MILHO ENGENHARIA AGRONÔMICA CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES IDAM utilizar sementes de boa qualidade e tratadas com fungicidas; utilizar rotação com culturas não suscetíveis; rotação de cultivares; manejo adequado da lavoura – adubação equilibrada (N e K), população de plantas adequada, controle de pragas e de invasoras e colheita na época correta. Essas medidas, reduzem o potencial de inóculo dos patógenos presentes na lavoura, contribuem para uma maior durabilidade e estabilidade da resistência genética presentes nas cultivares comerciais. A mais atrativa estratégia de manejo de doenças é a utilização de cultivares geneticamente resistentes, não exigindo nenhum custo adicional ao produtor, não causando nenhum tipo de impacto negativo ao meio ambiente, sendo perfeitamente compatível com outras alternativas de controle. Agruparemos as doenças do milho de acordo com o órgão da planta infectado, formando os seguintes grupos: doenças foliares; podridões de colmo e das raízes; podridões de espigas e de grãos; e doenças sistêmicas. DOENÇAS FOLIARES Cercosporiose (Cercospora zeae-maydis) A doença foi observada inicialmente no Sudoeste do Estado de Goiás em Rio Verde, Montividiu, Jataí e Santa Helena, no ano de 2000. Atualmente a doença está presente em praticamente todas as áreas de plantio de milho no Centro Sul do Brasil. A doença ocorre com alta severidade em cultivares suscetíveis, podendo as perdas serem superiores a 80%. Os sintomas caracterizam-se por manchas de coloração cinza, predominantemente retangulares, com as lesões desenvolvendo-se paralelas às nervuras. Com o desenvolvimento dos sintomas da doença, 49 CULTURA DO MILHO ENGENHARIA AGRONÔMICA CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES IDAM pode ocorrer necrose de todo o tecido foliar (Figura 1). Em situações de ataques mais severos, as plantas tornam-se mais predispostas às infecções por patógenos no colmo, resultando em maior incidência de acamamento de plantas. Figura 1. Cercosporiose do milho (Cercospora zeae-maydis). A disseminação ocorre através de esporos e de restos de cultura levados pelo vento e por respingos de chuva. Os restos de cultura são, portanto, fonte de inóculo local e, também, para outras áreas de plantio. A ocorrência de temperaturas entre 25º C e 30º C e de umidade relativa do ar superior a 90% são consideradas condições ótimas para o desenvolvimento da doença. A principal medida de manejo da cercosporiose é a utilização de cultivares resistentes. Além disso, recomenda-se evitar a permanência de restos da cultura de milho em áreas em que a doença ocorreu com alta severidade para reduzir o inóculo do patógeno; realizar a rotação com culturas não hospedeiras como a soja, o sorgo, o girassol, o algodão e outras, sendo que o milho é o único hospedeiro de C. zeae-maydis; realizar adubações de acordo com as recomendações técnicas para evitar desequilíbrios nutricionais nas plantas, favoráveis ao desenvolvimento desse patógeno, principalmente a relação nitrogênio/potássio. Para que essas medidas sejam eficientes, recomenda-se a sua aplicação regional (em macrorregiões) para evitar que a doença volte a se manifestar a partir de inóculo trazido pelo vento de lavouras vizinhas infectadas. Em áreas com plantio de cultivares suscetíveis e sob condições ambientais favoráveis para a 50 CULTURA DO MILHO ENGENHARIA AGRONÔMICA CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES IDAM ocorrência da doença, o controle químico deve ser avaliado como uma opção para o manejo da doença. Mancha branca (etiologia indefinida) A mancha branca é considerada, atualmente, uma das principais doenças da cultura do milho no Brasil, estando presente em praticamente todas as regiões de plantio de milho no Brasil. As perdas na produção podem ser superiores a 60% em situações de ambiente favorável e de uso de cultivares suscetível. As lesões da mancha branca são, inicialmente, circulares, aquosa e verde clara (anasarcas). Posteriormente, passam a necróticas, de cor palha, circulares a elípticas, com diâmetro variando de 0,3 a 1 cm (Figura 2). Geralmente, são encontradas dispersas no limbo foliar, mas iniciam-se na ponta da folha progredindo para a base, podendo coalescer. Em geral, os sintomas aparecem inicialmente nas folhas inferiores, progredindo rapidamente para as superiores, sendo mais severos após o pendoamento. Sob condições de ataque severo, os sintomas da doença podem ser observados também na palha da espiga. Em condições de campo, os sintomas não ocorrem, normalmente, em plântulas de milho. A mancha branca é favorecida por temperaturas noturnas amenas (15 a 20ºC), elevada umidade relativa do ar (>60%) e elevada precipitação.Os plantios tardios favorecem elevadas severidades da doença devido à ocorrência dessas condições climáticas durante o florescimento da cultura, fase na qual as plantas são mais sensíveis ao ataque do patógeno e os sintomas são mais severos. A principal medida recomendada para o manejo da mancha branca é o uso de cultivares resistentes sendo encontrado no mercado as cultivares da Embrapa BRS 1010 e BRS 1035. Outra medida importante para o manejo da enfermidade é a escolha da época de plantio. Deve-se optar por épocas de semeadura cujas condições climáticas que favoreçam a doença não coincidam com a fase de florescimento da cultura. Nas regiões Centro-Oeste e Sudeste, os plantios tardios realizados a partir da segunda quinzena de novembro até o final de dezembro favorecem a ocorrência da doença em elevadas severidades. Assim, recomenda-se, sempre que possível, antecipar a época do plantio para a segunda quinzena de outubro ou o início de novembro. O controle químico 51 CULTURA DO MILHO ENGENHARIA AGRONÔMICA CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES IDAM também é uma medida viável nas situações em que são utilizados cultivares suscetíveis, em regiões cujas condições climáticas são favoráveis ao desenvolvimento da doença. Figura 2. Sintomas da mancha branca do milho. Ferrugem Polissora (Puccinia polysora Underw.) No Brasil, foram determinadas perdas superiores a 40% na produção de milho devido à ocorrência de epidemias de ferrugem polissora. A doença está distribuída por toda a região Centro-Oeste, pelo Noroeste de Minas Gerais, por São Paulo e por parte do Paraná. Os sintomas da ferrugem polissora são caracterizados pela formação de pústulas circulares a ovais, de coloração marron clara, distribuídas, predominantemente, na face superior das folhas (Figura 3). Figura 3. Sintomas da ferrugem polissora no milho (Puccinia polysora Underw). 52 CULTURA DO MILHO ENGENHARIA AGRONÔMICA CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES IDAM A ocorrência da doença é dependente da altitude, ocorrendo com maior intensidade em altitudes abaixo de 700m, onde predominam temperatura mais elevadas (25º C a 35º C). A ocorrência de períodos prolongados de elevada umidade relativa do ar também é um fator importante para o desenvolvimento da doença. As principais medidas recomendadas para o manejo da ferrugem polissora compreendem o uso de cultivares resistentes, a escolha da época e do local de plantio, a aplicação de fungicidas em situações de elevada pressão de doença e o uso de cultivares suscetíveis. Ferrugem Comum (Puccinia sorghi) No Brasil, a doença tem ampla distribuição com severidade moderada, tendo maior severidade nos estados da região Sul. A ferrugem comum caracteriza-se pela formação de pústulas em toda a parte aérea da planta, mas com maior abundância nas folhas. As pústulas ocorrem em ambas as superfícies da folha, sendo esta uma das características que a diferencia da ferrugem polissora, cujas pústulas predominam na superfície superior da folha. As pústulas da ferrugem comum apresentam formato circular a alongado e coloração castanho clara a escuro, que se acentua à medida em que as pústulas amadurecem e se rompem, liberando os uredósporos, que são os esporos típicos do patógeno. Sob condições ambientais favoráveis, as pústulas podem coalescer, formando grandes áreas necróticas nas folhas (Figura 4). Figura 4. Sintomas da ferrugem comum do milho: pústulas de coloração marrom claro apresentando halo amarelado (A); coalescência de pústulas apresentando necrose foliar e bordos arroxeados; detalhe do formato alongado das pústulas (C). 53 CULTURA DO MILHO ENGENHARIA AGRONÔMICA CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES IDAM A ocorrência de prolongados períodos de temperaturas baixas (16 a 23°C), alta umidade relativa do ar (>90%) e chuvas frequentes favorecem o desenvolvimento da doença. Os teliósporos produzidos pelo patógeno germinam e produzem basidiósporos, os quais infectam plantas do gênero oxalis spp. (trevo), em que o patógeno desenvolve o estágio aecial (fase reprodutiva). Desse modo, a presença de plantas de trevo na área contribui para a sobrevivência e para a disseminação do patógeno. O uso de cultivares resistentes é a principal forma de manejo da ferrugem comum. A escolha da época e de locais de plantio menos favoráveis ao desenvolvimento da doença e a eliminação de hospedeiros alternativos também contribuem para a redução da severidade da doença. A aplicação de fungicidas é recomendada em situações de elevada pressão de doença e uso de cultivares suscetíveis, quando a doença surge nos estádios iniciais de desenvolvimento da cultura. Ferrugem Tropical ou Ferrugem Branca (Physopella zeae) No Brasil, a ferrugem tropical encontra-se distribuída nas regiões Centro- Oeste e Sudeste (Norte de São Paulo). A doença é mais severa em plantios contínuos de milho, principalmente em áreas irrigadas. A ferrugem branca caracteriza-se pela formação de pústulas de formato arredondado a oval, em pequenos grupos, de coloração esbranquiçada a amarelada, na superfície superior da folha e recoberta pela epiderme. Uma borda de coloração escura pode envolver o agrupamento de pústulas (Figura 5). Figura 5. Pústulas de aspecto pulverulento e coloração esbranquiçada características da ferrugem branca do milho. 54 CULTURA DO MILHO ENGENHARIA AGRONÔMICA CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES IDAM Os uredoóporos são o inóculo primário e secundário, sendo transportados pelo vento ou em material infectado. Não são conhecidos hospedeiros intermediários de P. zeae. A doença é favorecida por condições de alta temperatura (22-34°C), alta umidade relativa e baixas altitudes. Por ser um patógeno de menor exigência em termos de umidade, a severidade da doença tende a ser a maior nos plantios de safrinha. As principais medidas de manejo são: plantio de cultivares resistentes; escolha da época e do local de plantio; evitar plantios sucessivos de milho; e aplicação de fungicidas em situação de elevada pressão de doença. Além disso, recomendam-se a alternância de genótipos e a interrupção no plantio durante certo período para que ocorra a morte dos uredósporos. Helmintosporiose (Exserohilum turcicum) No Brasil, as maiores severidades desta enfermidade têm ocorrido em plantios de safrinha. Em situações favoráveis ao desenvolvimento da doença, as perdas na produção podem chegar a 50%, quando o ataque começa antes do período de floração. Os sintomas típicos da doença são lesões necróticas, elípticas, medindo de 2,5 a 15cm de comprimento (Figura 6). A coloração do tecido necrosado varia de cinza a marrom e, no interior das lesões, observa-se intensa esporulação do patógeno. As primeiras lesões aparecem, normalmente, nas folhas mais velhas. Figura 6. Sintomas da helmintosporiose ( Exserohilum turcicum) em milho. Foto: Luciano Viana Cota 55 CULTURA DO MILHO ENGENHARIA AGRONÔMICA CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES IDAM O patógeno apresenta boa capacidade de sobrevivência em restos de cultura. A disseminação ocorre pelo transporte de conídios pelo vento a longas distâncias. Temperaturas moderadas (18-27°C) são favoráveis à doença, bem como a ocorrência de longos períodos de molhamento foliar ou a presença de orvalho. O patógeno tem como hospedeiros o sorgo, o capim sudão, o sorgo de halepo e o teosinto. No entanto, isolados provenientes do sorgo não são capazes de infectar plantas de milho. O controle da doença é feito através do plantio de cultivares com resistência genética. A rotação de culturas é também uma prática recomendada para o manejo desta doença. Mancha de Bipolaris maydis (Bipolaris maydis) Esta doença encontra-se bem distribuída no Brasil, porém com severidade entre baixa e média.
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