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Origens, teorias eprincípios constitucionais

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MATERIAL DIDÁTICO 
 
 
ORIGENS, TEORIAS E PRINCÍPIOS 
CONSTITUCIONAIS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
U N I V E R S I DA D E
CANDIDO MENDES
 
CREDENCIADA JUNTO AO MEC PELA 
PORTARIA Nº 1.282 DO DIA 26/10/2010 
 
Impressão 
e 
Editoração 
 
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2 
SUMÁRIO 
 
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO ..................................................................................... 4 
UNIDADE 2 – ORIGENS DA CONSTITUIÇÃO .......................................................... 8 
UNIDADE 3 – CONCEITOS, OBJETO E FONTES CONSTITUCIONAIS ................ 11 
3.1 CONCEITO E SENTIDOS: MATERIAL, FORMAL, SOCIOLÓGICO, POLÍTICO E JURÍDICO ........ 11 
3.2 OBJETO ................................................................................................................. 17 
3.3 FONTES DO DIREITO CONSTITUCIONAL .................................................................... 19 
UNIDADE 4 – PRINCÍPIOS DE HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL .................. 21 
UNIDADE 5 – CLASSIFICAÇÕES ........................................................................... 24 
5.1 CONSTITUIÇÕES FORMAIS E MATERIAIS – CONTEÚDO ................................................. 24 
5.2 CONSTITUIÇÕES ESCRITAS E NÃO ESCRITAS – FORMA ............................................... 25 
5.3 CONSTITUIÇÕES RÍGIDAS E FLEXÍVEIS – ESTABILIDADE OU ALTERABILIDADE ................. 26 
5.4 CONSTITUIÇÃO GARANTIDA E PROGRAMÁTICA – FINALIDADE ....................................... 27 
5.5 CONSTITUIÇÃO OUTORGADA E PROMULGADA – ORIGEM ............................................. 28 
5.6 CONSTITUIÇÃO NORMATIVA, NOMINAL E SEMÂNTICA – CORRESPONDÊNCIA COM A 
REALIDADE .................................................................................................................. 29 
5.7 CONSTITUIÇÃO DOGMÁTICA OU HISTÓRICA – ELABORAÇÃO ........................................ 30 
5.8 CONSTITUIÇÃO ANALÍTICA E SINTÉTICA – EXTENSÃO .................................................. 31 
5.9 OUTRAS CLASSIFICAÇÕES ....................................................................................... 33 
UNIDADE 6 – A TEORIA DA NORMA CONSTITUCIONAL .................................... 36 
6.1 CLASSIFICAÇÃO DE JOSÉ AFONSO DA SILVA ...................................................... 36 
6.2 A CLASSIFICAÇÃO DE MARIA HELENA DINIZ ......................................................... 40 
6.3 A SANÇÃO IMPERFEITA ............................................................................................ 41 
UNIDADE 7 – PREÂMBULO E ATO DAS DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS 
TRANSITÓRIAS (ADCT) .......................................................................................... 42 
7.1 PREÂMBULO DA CONSTITUIÇÃO ............................................................................... 43 
7.2 O ADCT ............................................................................................................... 44 
UNIDADE 8 – INTRODUÇÃO À INTERPRETAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO ............. 48 
 
 
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8.1 A ESTRUTURA........................................................................................................ 49 
8.2 AS AMBIGUIDADES .................................................................................................. 50 
8.3 INCOERÊNCIA NORMATIVA ....................................................................................... 52 
8.4 LACUNAS ............................................................................................................... 53 
8.5 MÉTODOS PARA INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL .................................................. 55 
8.6 PRINCÍPIOS PARA INTERPRETAR A CONSTITUIÇÃO ...................................................... 57 
UNIDADE 9 – AS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS .............................................. 61 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 74 
 
 
 
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UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO 
 
Sejam bem-vindos ao módulo que nos dará as primeiras impressões acerca 
do Direito Constitucional, prelecionado por JOSÉ AFONSO DA SILVA (2014) como 
ramo do Direito Público, configurando-se como fundamental por referir-se 
diretamente à organização e funcionamento do Estado, à articulação dos elementos 
primários do mesmo e ao estabelecimento das bases da estrutura política. 
PAULO MASCARENHAS (2008) também nos ensina que: 
 em sentido geral e amplo, constituição é a estrutura fundamental ou a 
maneira de ser de qualquer coisa; 
 em teoria política e direito, Constituição, em letra maiúscula, refere-se a 
Estado, podendo ser empregada em sentido amplo ou restrito; 
 em sentido amplo, genérico, é a própria organização estatal. Todos os países 
possuem suas Constituições, que lhes são próprias; 
 em sentido restrito, define-se a Constituição como o conjunto de normas 
jurídicas necessárias e básicas à estruturação de uma sociedade política, 
geralmente agrupadas em uma única Lei Fundamental. 
 
No entendimento de PAULO GUSTAVO GONET BRANCO (2011, p. 43), o 
Direito Constitucional é o ramo do estudo jurídico dedicado à estrutura básica do 
ordenamento normativo. Nele se examinam as regras matrizes de todo o direito 
positivo. Nesta disciplina, até por isso, encadeiam-se princípios – as causas 
primeiras – do Direito Administrativo, Tributário, Processual, Penal e Privado. 
Nessa direção, CLEVER VASCONCELOS (2010) explica que o Direito é um 
todo e a sua divisão ocorre meramente para fins didáticos, abrangendo as seguintes 
disciplinas: 
a) Direito Constitucional Positivo (particular ou especial) – sua análise recai 
sobre as normas fundamentais vigentes. Ou seja, seu objeto é a interpretação, 
crítica e sistematização das normas vigentes em certo Estado. Assim, fala-se em 
 
 
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Direito Constitucional Particular quando se examinam as peculiaridades da 
organização jurídica de cada Estado, e em Direito Constitucional Positivo quando se 
ressalva a vigência e eficácia das normas que compõem o seu ordenamento jurídico. 
b) Direito Constitucional Comparado – analisa diversas Constituições para 
obter da comparação dessas normas positivas dados sobre semelhanças ou 
diferenças que são úteis ao estudo jurídico, captando o que há de essencial na 
unidade e na diversidade entre elas. O Direito Constitucional Comparado assenta-se 
em sistemas jurídicos positivos, embora não necessariamente vigentes. 
Cabe ainda, mesmo que de modo sucinto, contrapor o pensamento de 
Ferdinand Lassalle1; Konrad Hesse2 e Hans Kelsen3 e lembrar de imediato o 
pensamento de Georg Jellinek4. 
Para Lassalle, as questões constitucionais não são jurídicas, mas políticas, 
onde os fatores reais do poder formam a chamada Constituição real do país; o poder 
da forçaseria sempre superior ao poder das normas jurídicas, situação em que a 
normatividade é submetida à realidade fática. 
Isso significaria a negação da Constituição jurídica, que teria unicamente a 
função de justificar as relações de poder dominantes (MASCARENHAS, 2008). 
Hesse (traduzido no Brasil por Gilmar Ferreira Mendes), contrapõe-se às 
concepções de Lassalle, demonstrando que o desfecho entre os fatores reais de 
poder e a Constituição não implica necessariamente na derrota desta última. Para 
Hesse, existem pressupostos realizáveis que permitem assegurar sua força 
 
1
 Advogado na antiga Prússia, (1825-1864). Difundiu o conceito sociológico de Constituição ao 
estabelecer que tal documento deve descrever rigorosamente a realidade política do país, sob pena 
de não ter efetividade, tornando-se um mera folha de papel. Esse conceito nega que a Constituição 
possa mudar a realidade. 
 
2
 Jurista alemão, (1919-2005), discorreu sobre a força normativa da Constituição. 
 
3
 Jurista e filósofo austríaco, (1881-1973), é considerado o principal representante da chamada 
Escola Normativista do Direito, ramo da Escola Positivista. Foi também o criador da teoria da 
modulação dos efeitos da declaração de inconstitucionalidade nos sistemas jurídicos da família 
romano germânica. 
 
4
 Filósofo do direto e juiz alemão, (1851-1911), é reconhecido como o fundador da disciplina de 
Teoria Geral do Estado, pois até sua obra ser conhecida aplicava-se uma leitura ora idealista 
(Filosofia do Estado de Hegel, por exemplo) ora negativista (ideologias do Estado, no exemplo da 
tradição marxista). 
 
 
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normativa, e que apenas quando esses pressupostos não sejam satisfeitos é que as 
questões jurídicas podem se converter em questões de poder. O primeiro desses 
pressupostos é a vontade de Constituição. A Constituição transforma-se em força 
ativa se existir a disposição de orientar a própria conduta segundo a ordem nela 
estabelecida, se fizeram-se presentes, na consciência geral (especialmente na 
consciência dos principais responsáveis pela ordem constitucional), não só a 
vontade de poder, mas também a vontade de Constituição. Para Hesse, a força 
normativa da Constituição não está assegurada de plano, configurando missão que 
somente em determinadas condições poderá ser realizada de forma excelente. Para 
ele, compete ao direito constitucional realçar, despertar e preservar a vontade de 
Constituição, que, indubitavelmente, constitui a maior garantia de sua força 
normativa. 
Kelsen foi o formulador e principal defensor da “Teoria Pura do Direito”. Ele 
contrapôs-se a Lassalle e a Hesse. Para Kelsen, o direito deve ser examinado como 
ele de fato o é, isento de juízos valorativos, e não como deveria ser. Vale dizer, o 
direito tem de ser despido de todo seu conteúdo valorativo, e que necessita existir 
uma respeitabilidade entre o conjunto hierarquizado das normas, que contém na 
Constituição seu ápice. 
O ordenamento jurídico não é, portanto, um sistema jurídico de normas 
igualmente ordenadas, colocadas lado a lado, mas um ordenamento escalonado de 
várias camadas de normas jurídicas (KELSEN, 2003, p. 103). 
Quanto a Jellinek, em linhas gerais, defensor do direito como um mínimo 
ético, tem como certo que todo indivíduo, por fazer parte da comunidade, pode estar 
vinculado ao Estado com quatro status distintos, os quais serão vistos ao longo do 
curso, quando estudarmos os direitos fundamentais. 
Pois bem, neste primeiro momento do curso, veremos as origens e um 
pouco da construção histórica desse ramo do direito; conceitos, objeto e fontes 
constitucionais, bem como os princípios de hermenêutica, as diversas classificações 
das constituições (baseadas na forma, estabilidade, finalidade, extensão, 
elaboração, entre outras), características da norma constitucional, entre outros 
pontos que são essenciais ao estudo da Teoria Constitucional. 
 
 
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Também teremos uma unidade para entender o preâmbulo e o ato das 
disposições constitucionais transitórias (ADCT) e breve estudo dos métodos de 
interpretação da Constituição. Finalizaremos com algumas pontuações sobre as 
Constituições Brasileiras. 
Ressaltamos em primeiro lugar que embora a escrita acadêmica tenha como 
premissa ser científica, baseada em normas e padrões da academia, fugiremos um 
pouco às regras para nos aproximarmos de vocês e para que os temas abordados 
cheguem de maneira clara e objetiva, mas não menos científicos. Em segundo lugar, 
deixamos claro que este módulo é uma compilação das ideias de vários autores, 
incluindo aqueles que consideramos clássicos, não se tratando, portanto, de uma 
redação original e tendo em vista o caráter didático da obra, não serão expressas 
opiniões pessoais. 
Ao final do módulo, além da lista de referências básicas, encontram-se 
outras que foram ora utilizadas, ora somente consultadas, mas que, de todo modo, 
podem servir para sanar lacunas que por ventura venham a surgir ao longo dos 
estudos. 
 
 
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UNIDADE 2 – ORIGENS DA CONSTITUIÇÃO 
 
O Direito Constitucional é o Ramo do Direito Público que estuda os 
princípios indispensáveis à organização do Estado, à distribuição dos poderes, os 
órgãos públicos e os direitos individuais e coletivos (MASCARENHAS; 2008; 
PAULO; ALEXANDRINO, 2008; NEVES; LOYOLA, 2011). 
Em relação a sua origem, o Direito Constitucional, enquanto ramo do Direito 
que estuda os princípios necessários e indispensáveis à estruturação da vida do 
Estado, teve como origem a Assembleia Nacional Constituinte da França de 
26/09/1791, que determinou a obrigatoriedade do ensino da Constituição para os 
estudantes franceses. 
A expressão Direito Constitucional, contudo, somente surgiu em 1797, em 
Milão, norte da Itália (MASCARENHAS, 2008). 
Se pensarmos em pré-constitucionalismo, ou seja, o desenvolvimento 
histórico do Direito Constitucional, analisado sob a ótica da evolução humana, a 
partir de sua convivência em sociedade, desde a era primária, este seria a existência 
de um Direito Constitucional anterior, nascido de um sistema totalmente rudimentar, 
onde se delineou as primeiras noções elementares de território, população e 
governo, sistema este que era orientado por princípios que regulavam a vida de 
primitivos agrupamentos humanos, compreendendo, desta forma, aspectos jurídicos, 
políticos, sociais, religiosos e econômicos (PENNA, 2013). 
Essa concepção nos levaria para tempos gregos, romanos, bizantinos, 
entretanto, nosso interesse começa mais recentemente com a emancipação 
americana. 
Até meados do século XVIII, as Constituições eram costumeiras, baseadas 
nas tradições, hábitos e costumes do povo, e, também, baseadas em leis e 
documentos esparsos, como por exemplo, a Magna Carta inglesa, de João Sem 
Terra, de 1215, que consubstanciou o acordo entre o Rei e o baronato revoltado 
com os amplíssimos poderes do Monarca sobre tudo e sobre todos. 
 
 
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Posteriormente, em 1689, na mesma Inglaterra, para, uma vez mais, 
estabelecer limites aos poderes do Monarca, foi editada a Bill of Rights. 
A ideia de Constituição veio a ganhar força quando foi associada às 
concepções iluministas, com o liberalismo político representando a ideologia 
revolucionária do século XVIII. O triunfo das ideias liberais dá-se com as Revoluções 
dos séculos XVII, na Inglaterra, e XVIII, nos Estados Unidos e na França, quando se 
afirmam os direitos fundamentais e a não-intervenção arbitrária do Estado 
(MASCARENHAS, 2008). 
A partir da segunda metade do século XVIII, inspirado na filosofia 
sociocontratualista, existente especialmente durante os séculos XVI a XVIII, 
compreendeu-se a necessidade da elaboração de uma Constituição escrita, 
baseada no pacto social, de maneira que ela significasse uma verdadeira expressão 
contratual da sociedade, devendo, por isso, ser clara, objetiva, racional e firme, de 
modo a representar um princípio de maior proteção contra possíveis e prováveis 
deformações de caráter autoritário, arbitrário (MASCARENHAS, 2008). 
A primeira Constituição escrita, criada pelo Poder Constituinte e em termos 
similares aos que atualmente são conhecidos, surgiu em 1787, nos Estados Unidos, 
tendo por base a teoria do contrato social. 
É bem de ver, contudo, que antes da revolução americana, e, por 
conseguinte, bem antes dessa primeira Constituição escrita, todas as treze colônias 
americanas já tinham as suas cartas constitucionais. 
Com a independência dessas colônias, depois transformadas em Estados 
soberanos, foram publicados documentos formais como a Declaração de Direito do 
Estado da Virgínia, de 12/06/1776, e a de Massachussets, em 1780, tomada como 
principal modelo da Constituição Federal americana. 
Nos dizeres de Penna (2013, p. 161), o constitucionalismo norte-americano 
firmou o ciclo das Constituições Escritas. 
Depois disso, a Constituição se tornaria uma instituição política que tinha por 
objetivo a delimitação do Poder, sendo que esta delimitação se operava, de maneira 
extrínseca, pela garantia dos direitos naturais, e de maneira intrínseca, como 
 
 
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decorrência da adoção do princípio da separação de poderes, conforme explicitado 
pela Declaração dos Direitos do Homem, de 1789. 
Segundo NORBERTO BOBBIO (1997), o Estado moderno, liberal e 
democrático, surgiu da reação contra o Estado absoluto. Para ele, o problema 
fundamental do Estado constitucional moderno, que se desenvolve como uma 
antítese do Estado absoluto, é o dos limites do poder estatal, como veremos ao 
longo do curso. 
Quanto à nossa situação, deixamos a última unidade para discorrer sobre as 
Constituições Brasileiras, mas de imediato, podemos inferir que nosso 
constitucionalismo nasceu das ruínas sociais do colonialismo, com certo desrespeito 
à organização indígena que aqui já existia, igualmente com os povos negros que 
trouxemos para cá, sem preservar um mínimo de identidade desses povos. 
 
Guarde... 
Constitucionalismo é o movimento político-social que tem como marco 
formal a Constituição Americana (1789) e a Revolução Francesa (1791), ambas do 
século XVIII, que elege o povo como titular do poder em contraposição do 
Absolutismo Reinante e a época do Iluminismo. 
 
 
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UNIDADE 3 – CONCEITOS, OBJETO E FONTES 
CONSTITUCIONAIS 
 
Segundo VICENTE PAULO e MARCELO ALEXANDRINO (2008), o Direito 
Constitucional não se desenvolve isolado de outras ciências de base social, tais 
como a Política, a Sociologia, a Filosofia. Em maior ou menor grau, essas ciências 
possuem laços de interconexão, o que permite a construção de diferentes 
concepções para o termo Constituição, como norma básica de um Estado, a saber: 
Constituição em sentido sociológico, Constituição em sentido político e Constituição 
em sentido jurídico, entre outros sentidos. 
Embora também tenhamos um módulo para o estudo da organização do 
Estado e dos poderes, precisamos lembrar que o Estado existe quando há 
soberania, povo e território, além de um quarto elemento, a finalidade, ou seja, o 
Estado é a organização soberana de um povo em um território que deve ser 
orientada ao atingimento de um conjunto de finalidades. 
Diante desse conceito, o estado precisa de uma Constituição! 
Vejamos alguns dos sentidos de Constituição, palavra derivada do verbo 
latino constituere (estabelecer definitivamente) que, contudo, é usada no sentido de 
Lei Fundamental do Estado. Com efeito, a Constituição é a organização jurídica 
fundamental do Estado, um conjunto de regras sistematizadas em um texto único, 
por conseguinte, formal (VASCONCELOS, 2010). 
 
3.1 Conceito e sentidos: material, formal, sociológico, político e jurídico 
CLEVER VASCONCELOS (2010) nos lembra que a Teoria da Constituição, 
como conhecimento jurídico, político e filosófico, deve-se à doutrina alemã. Sua 
formação e autonomia decorreram da preocupação de se chegar a um conceito 
substantivo de Constituição. Ela examina, identifica e critica os limites, as 
possibilidades e a força normativa do Direito Constitucional, ocupando-se em 
estudar os diversos conceitos de Constituição, o Poder Constituinte e a legitimidade 
 
 
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da Constituição; reforma constitucional; direitos fundamentais e separação de 
poderes, como elementos característicos do Estado de Direito, entre outros. 
Não, ainda não vamos aprofundar na “teoria”, somente apresentar alguns 
sentidos e conceitos que embasam o tema “Constituição”. 
Constituição em sentido material (ou substancial) é o conjunto de normas 
cujo conteúdo seja considerado propriamente constitucional, isto é, essencial à 
estruturação do Estado, à regulação do exercício do poder e ao reconhecimento de 
direitos fundamentais aos indivíduos. PAULO BONAVIDES (2006) nos ensina que, 
do ponto de vista material, a Constituição é o conjunto de normas pertinentes à 
organização do poder, à distribuição da competência, ao exercício da autoridade, à 
forma de governo, aos direitos da pessoa humana, tanto individuais como sociais. 
Segundo esse conceito, há matérias que são constitucionais em razão de 
seu conteúdo, e as normas que delas tratam – não importa se escritas ou 
consuetudinárias, se integrantes de um único documento escrito de forma unitária ou 
de textos esparsos surgidos em momentos diversos – ostentam a natureza de 
normas constitucionais (normas materialmente constitucionais). 
O conceito formal de Constituição diz respeito à existência, em um 
determinado Estado, de um documento único, escrito por um órgão soberano 
instituído com essa específica finalidade, que contém, entre outras, as normas de 
organização política da comunidade e, sobretudo, que só pode ser alterado 
mediante um procedimento legislativo mais árduo, e com muito maiores restrições, 
do que o necessário à aprovação das normas não constitucionais pelosórgãos 
legislativos constituídos. 
Nesse documento poderá haver normas de qualquer conteúdo. É evidente 
que as normas fundamentais concernentes à estruturação e ao funcionamento dos 
poderes estatais, bem como aos direitos fundamentais dos cidadãos, deverão 
constar dessa Constituição escrita. Entretanto, inúmeras outras disposições, 
tratando virtualmente de qualquer matéria que o constituinte entenda por bem alçar 
ao status constitucional, poderão figurar no texto da Constituição formal. 
 
 
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Essas disposições terão hierarquia idêntica à daquelas outras que, na 
mesma Constituição escrita, veiculam normas tidas como materialmente 
constitucionais. 
A hierarquia das normas constitucionais, em uma Constituição em sentido 
formal, é determinada simplesmente pelo fato de as disposições que as veiculam 
constarem do texto da Constituição escrita do Estado; não existe absolutamente 
nenhuma distinção formal entre as disposições constantes do texto constitucional, 
sejam quais forem os seus conteúdos. 
De outra parte, em um Estado dotado de Constituição escrita e rígida (que 
exige um procedimento especialmente árduo para sua modificação), qualquer 
disposição que não esteja no texto da Constituição, ainda que veicule normas cujo 
conteúdo seja tido por materialmente constitucional, poderá ser livremente alterada 
pelo legislador constituído mediante os mesmos procedimentos necessários à 
edição e alteração de toda a legislação não constitucional. Não existe, por exemplo, 
absolutamente, nenhuma diferença formal entre as leis ordinárias no Brasil, seja qual 
for a matéria de que tratem (PAULO; ALEXANDRINO, 2008). 
Como veremos um pouco adiante, esses sentidos dados para analisar a 
Constituição acabam por se confundirem com as diversas classificações para o 
mesmo instituto. 
PAULO GUSTAVO GONET BRANCO (2011) explica com muita propriedade 
sobre a questão da Constituição no sentido substancial quando o critério definidor se 
atém ao conteúdo das normas examinadas. Nessa direção, a Constituição será o 
conjunto de normas que instituem e fixam as competências dos principais órgãos do 
Estado, estabelecendo como serão dirigidos e por quem, além de disciplinar as 
interações e controles recíprocos entre tais órgãos. Compõem a Constituição 
também, sob esse ponto de vista, as normas que limitam a ação dos órgãos estatais, 
em benefício da preservação da esfera de autodeterminação dos indivíduos e 
grupos que se encontram sob a regência desse Estatuto Político. 
Essas normas garantem às pessoas uma posição fundamental ante o poder 
público (direitos fundamentais), portanto, esse é o conceito material de Constituição 
que o constitucionalismo moderno sugere. É de se notar, contudo, que, ultrapassado 
 
 
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o momento histórico caracterizado pela preocupação predominante de conter o 
poder, o Estado foi levado a assumir novas funções e tarefas, que os desafios da 
História foram-lhe propondo como essenciais para a própria existência da 
comunidade política. 
Ante o risco de dilaceração interna, em virtude das angustiantes e 
crescentes desigualdades de fato verificadas na sua população, agravadas pelas 
pressões do crescimento demográfico e acentuadas pela concentração de rendas 
que o sistema econômico ensejava, o Estado passou a assumir um papel ativo de 
redefinição social, com vistas a prosseguir o ideal de integração nacional que 
também lhe compete. O Estado de direito descobriu que lhe é essencial a busca da 
justiça social. Deu-se conta, ainda, de que a sociedade se tornou acentuadamente 
plúrima, em termos de concepção de vida e de interesses essenciais, e de que a 
todos os membros da comunidade é devida a consideração e o respeito em termos 
de proteção normativa básica (BRANCO, 2011). 
Enfim, o conceito material de Constituição, portanto, segue a inteligência 
sobre o papel essencial do Direito e do Estado na vida das relações em uma 
comunidade. 
Na visão sociológica, a Constituição é concebida como fato social, e não 
propriamente como norma. O texto positivo da Constituição seria resultado da 
realidade social do País, das forças sociais que imperam na sociedade, em 
determinada conjuntura histórica. Caberia à Constituição escrita, tão somente, reunir 
e sistematizar esses valores sociais num documento formal, documento este que só 
teria eficácia se correspondesse aos valores presentes na sociedade (PAULO; 
ALEXANDRINO, 2008). 
Representante típico da visão sociológica de Constituição, como já 
aventamos, foi Ferdinand Lassalle, segundo o qual a Constituição de um país é, em 
essência, a soma dos fatores reais de poder que nele atuam, vale dizer, as forças 
reais que mandam no país. Para Lassalle, constituem os fatores reais do poder as 
forças que atuam, política e legitimamente, para conservar as instituições jurídicas 
vigentes. Dentre essas forças, ele destacava a monarquia, a aristocracia, a grande 
 
 
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burguesia, os banqueiros e, com específicas conotações, a pequena burguesia e a 
classe operária. 
Segundo Lassalle, convivem em um país, paralelamente, duas 
Constituições: uma Constituição real, efetiva, que corresponde à soma dos fatores 
reais de poder que regem esse País, e uma Constituição escrita, por ele 
denominada “folha de papel”. Esta, a Constituição escrita (“folha de papel”), só teria 
validade se correspondesse à Constituição real, isto é, se tivesse suas raízes nos 
fatores reais de poder. Em caso de conflito entre a Constituição real (soma dos 
fatores reais de poder) e a Constituição escrita (“folha de papel”), esta sempre 
sucumbiria àquela. 
A concepção política de Constituição foi desenvolvida por Carl Schmitt, para 
o qual a Constituição é uma decisão política fundamental, ou seja, a sua validade 
não se apoia na justiça de suas normas, mas na decisão política que lhe dá 
existência. O poder constituinte equivale, assim, à vontade política, cuja força ou 
autoridade é capaz de adotar a concreta decisão de conjunto sobre modo e forma da 
própria existência política, determinando assim a existência da unidade política como 
um todo. 
A Constituição surge, portanto, a partir de um ato constituinte, fruto de uma 
vontade política fundamental de produzir uma decisão eficaz sobre modo e forma de 
existência política de um Estado. 
Nessa concepção política, Schmitt estabeleceu uma distinção entre 
Constituição e leis constitucionais: a Constituição disporia somente sobre as 
matérias de grande relevância jurídica, sobre as decisões políticas fundamentais 
(organização do Estado, princípio democrático e direitos fundamentais, entre outras); 
as demais normas integrantes do texto da Constituição seriam, tão somente, leis 
constitucionais (PAULO; ALEXANDRINO, 2008). 
Por fim, em sentido jurídico, a Constituição é compreendida de uma 
perspectiva estritamente formal, apresentando-se como pura norma jurídica, como 
norma fundamental do Estado e da vida jurídica de um país, paradigma de validade 
de todo o ordenamento jurídico e instituidora da estruturaprimacial desse Estado. A 
Constituição consiste, pois, num sistema de normas jurídicas. 
 
 
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Na Teoria Pura do Direito de Hans Kelsen, encontramos o embasamento 
necessário para entender essa visão, qual seja: a validade de uma norma jurídica 
positivada é completamente independente de sua aceitação pelo sistema de valores 
sociais vigentes em uma comunidade, tampouco guarda relação com a ordem moral, 
pelo que não existiria a obrigatoriedade de o Direito coadunar-se aos ditames desta 
(moral). A ciência do Direito não tem a função de promover a legitimação do 
ordenamento jurídico com base nos valores sociais existentes, devendo unicamente 
conhecê-lo e descrevê-lo de forma genérica, hipotética e abstrata (PAULO; 
ALEXANDRINO, 2008). 
Esta era a essência de sua teoria pura do direito: desvincular a ciência 
jurídica de valores morais, políticos, sociais ou filosóficos, para o que ele 
desenvolveu dois sentidos para a palavra Constituição: (a) sentido lógico-jurídico; (b) 
sentido jurídico-positivo. 
Em sentido lógico-jurídico, Constituição significa a norma fundamental 
hipotética, cuja função é servir de fundamento lógico transcendental da validade da 
Constituição em sentido jurídico-positivo. 
Como Kelsen não admitia como fundamento da Constituição positiva algum 
elemento real, de índole sociológica, política ou filosófica, ele se viu forçado a 
desenvolver um fundamento também meramente formal, normativo, para a 
Constituição positiva. Denominou esse fundamento “norma fundamental hipotética” 
(pensada, pressuposta), que existiria, segundo ele, apenas como pressuposto lógico 
de validade das normas constitucionais positivas. Essa norma fundamental 
hipotética, fundamento da Constituição positiva, não possui um enunciado explícito; 
o seu conteúdo pode traduzir-se, em linhas gerais, no seguinte comando, a todos 
dirigidos: “conduzam-se conforme determinado pelo autor da Constituição positiva”; 
ou, de forma mais simples, “obedeçam à Constituição positiva”. 
Já em sentido jurídico-positivo, Constituição corresponde à norma positiva 
suprema, conjunto de normas que regulam a criação de outras normas, lei nacional 
no seu mais alto grau. Ou, ainda, corresponde a certo documento solene que 
contém um conjunto de normas jurídicas que somente podem ser alteradas 
observando-se certas prescrições especiais. 
 
 
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Dessas concepções de Constituição, a relevante para o Direito moderno é a 
jurídico-positiva, a partir da qual a Constituição é vista como norma fundamental, 
criadora da estrutura básica do Estado e parâmetro de validade de todas as demais 
normas (PAULO; ALEXANDRINO, 2008). 
 
Guarde... 
 Em sentido sociológico – a Constituição é o somatório dos fatores reais do 
poder, dentro de uma sociedade (Ferdinand Lassalle). 
 Em sentido político – a Constituição estrutura órgãos do Estado, direito 
individual, democracia, e as leis constitucionais seriam dispositivos inseridos 
no texto do documento constitucional (Carl Schimitt). 
 Em sentido formal – a Constituição cuida da maneira pela qual a norma foi 
introduzida. Assim, se foi trazida pelo ordenamento interno, por um 
procedimento mais dificultoso (lei ordinária) do que as normas 
infraconstitucionais, aí serão constitucionais. 
 
Ex.: O art. 242, § 211, da CF traz que: “O Colégio Pedro II, localizado na 
cidade do Rio de Janeiro, será mantido na órbita Federal”. Assim, só porque foi 
introduzido pelo poder constituinte originário será norma constitucional. 
 Sentido jurídico – a Constituição está no mundo do “dever ser” e não no 
mundo do “ser” (Hans Kelsen). José Afonso da Silva considera a Constituição 
uma norma pura. É a norma hipotética fundamental, contendo a verticalidade 
das normas. (NEVES LOYOLA, 2011). 
 
3.2 Objeto 
A Constituição, objeto de estudo do Direito Constitucional, deve ser 
entendida como a lei fundamental e suprema de um Estado, que rege a sua 
organização político-jurídica. 
 
 
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O objeto imediato do Direito Constitucional é a Constituição, e aqui se 
desenvolvem esforços por compreender em que consiste, como ela é, quais as suas 
funções, tudo propiciando as bases para o aprimoramento constante e necessário 
das normas de proteção e promoção dos valores que resultam da necessidade de 
respeito à dignidade da pessoa humana e que contribuem para conformá-la no plano 
deontológico (BRANCO, 2011, p. 43). 
As normas de uma Constituição devem dispor acerca da forma do Estado, 
dos órgãos que integram a sua estrutura, das competências desses órgãos, da 
aquisição do poder e de seu exercício. Além disso, devem estabelecer as limitações 
ao poder do Estado, especialmente mediante a separação dos poderes (sistema de 
freios e contrapesos) e a enumeração de direitos e garantias fundamentais (PAULO; 
ALEXANDRINO, 2008). 
J. J. GOMES CANOTILHO (1994), com base nos pontos essenciais da 
concepção político-liberal de Constituição, cunhou a expressão “Constituição ideal”, 
reiteradamente citada pelos autores pátrios. Os elementos caracterizadores desse 
conceito de “Constituição ideal”, de inspiração liberal, são os seguintes: 
a) a Constituição deve ser escrita; 
b) deve conter uma enumeração de direitos fundamentais individuais 
(direitos de liberdade); 
c) deve adotar um sistema democrático formal (participação do “povo” na 
elaboração dos atos legislativos, pelos parlamentos); 
d) deve assegurar a limitação do poder do Estado mediante o princípio da 
divisão de poderes. 
O alargamento do âmbito de ação do Estado – o Estado atual possui 
atribuições jamais cogitadas pelo Liberalismo clássico – tem levado a um 
considerável aumento da importância do Direito Constitucional nos estudos jurídicos, 
bem como à tendência de ampliação de seu conteúdo material. 
Segundo VICENTE PAULO e MARCELO ALEXANDRINO (2008), as normas 
de uma Constituição, no Estado liberal, deviam restringir-se a determinar a estrutura 
 
 
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do Estado, o modo de exercício e transmissão do poder e a reconhecer direitos 
fundamentais de liberdade aos indivíduos. 
No Estado moderno, de cunho marcadamente social, a doutrina 
constitucionalista aponta o fenômeno da expansão do objeto das Constituições, que 
têm passado a tratar de temas cada vez mais amplos, estabelecendo, por exemplo, 
finalidades para a ação estatal. Isso explica a tendência contemporânea de 
elaboração de Constituições de conteúdo extenso (Constituições analíticas ou 
prolixas) e preocupadas com os fins estatais, com o estabelecimento de programas 
e linhas de direção para o futuro (Constituições dirigentes ou programáticas). 
 
3.3 Fontes do Direito Constitucional 
As fontes são as maneiras ou formas, por intermédio das quais se fixam ou 
criam os preceitos constitucionais e no caso do direito Constitucionalsão cinco as 
fontes; a saber: o Direito Natural, a Constituição Política, os Costumes e as 
Tradições, a Jurisprudência dos Tribunais, e a Doutrina. 
Segundo PAULO MASCARENHAS (2008), essas fontes podem ser divididas 
em fontes imediatas e fontes mediatas. 
Como fontes imediatas temos a própria Constituição política, fonte primária 
do Direito Constitucional, que estabelece as diretrizes políticas e organizacionais de 
uma sociedade – podendo esta ser escrita – como verbi gratia, a Constituição 
brasileira – ou não escrita – como a Constituição inglesa, e as leis constitucionais 
esparsas, escritas ou não – estas nos países que adotam o common law. 
Como fontes mediatas, temos o Direito Natural, a doutrina, a jurisprudência e 
os costumes e tradições do povo, da sociedade (MASCARENHAS, 2008). 
Vejamos: 
a) Direito Natural – fonte legitimadora de todo e qualquer preceito de direito 
positivo. 
 
 
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b) Constituição política (codificada) – vontade soberana do povo manifestada 
através do poder constituinte. É a fonte direta e principal, no campo da positividade 
jurídica. 
c) Costumes e tradições – regras firmadas no decorrer da evolução social. 
Têm destacada influência nos países de Constituição não escrita (exemplo: a 
Inglaterra). Essa fonte, porém não perde a sua importância nos países de 
Constituição escrita, porque serve de roteiro necessário ao legislador constituinte. 
d) Jurisprudência dos Tribunais – é de suma importância nos países de 
Constituição escrita, onde o mais alto órgão do Poder Judiciário exerce a função de 
intérprete máximo e guardião da Lei Magna. 
e) Doutrina – tem desempenhado papel de alta relevância na formação e na 
transformação do direito em geral, lembrando que as primeiras Constituições 
escritas foram inspiradas nas doutrinas de Montesquieu, Jean-Jacques Rousseau, 
Rodolf Van Ihering e outros. 
 
 
 
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UNIDADE 4 – PRINCÍPIOS DE HERMENÊUTICA 
CONSTITUCIONAL 
 
Enquanto a hermenêutica (interpretação do sentido das palavras; arte de 
interpretar leis – FERREIRA, 2004) constitucional tem por objetivo o estudo das 
técnicas de interpretação da Constituição, fornecendo os princípios básicos, 
segundo os quais os operadores do Direito devem apreender o sentido das normas 
constitucionais, a interpretação constitucional, por outro lado, consiste no desvendar 
do significado da norma, com vistas à aplicação em um determinado caso concreto 
(MASCARENHAS. 2008). 
A hermenêutica estabelece princípios para se interpretar as regras 
constitucionais, que são os seguintes: a) princípio da Supremacia da Constituição; b) 
princípio da Unidade da Constituição; c) princípio da Imperatividade da Norma 
Constitucional; d) princípio da Simetria Constitucional; e) princípio da Presunção de 
Constitucionalidade das Normas Infraconstitucionais. 
Vejamos: 
a) Princípio da Supremacia das Normas Constitucionais: 
As normas constitucionais são, sempre, superiores às demais normas não 
constitucionais, ou infraconstitucionais. 
A norma não constitucional, ou inferior, somente se torna válida na medida 
em que é feita em estrita obediência ao procedimento legislativo que lhe é adequado 
e que, também, preserva o fundamento básico da supremacia das normas 
constitucionais que não admite a existência de normas jurídicas conflitantes. 
Isto que dizer que, sob o ponto de vista normativo, a Constituição representa 
o ápice de uma figura piramidal de hierarquização da norma jurídica. 
Em outras palavras, a Constituição seria um conjunto de normas jurídicas 
superiores que determina a criação de todas as demais regras que integram o 
ordenamento jurídico estatal. 
 
 
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Segundo HANS KELSEN (2003, p. 103), “o ordenamento jurídico não é, 
portanto, um sistema jurídico de normas igualmente ordenadas, colocadas lado a 
lado, mas um ordenamento escalonado de várias camadas de normas jurídicas”. 
b) Princípio da Unidade da Constituição: 
As normas constitucionais devem ser interpretadas de modo a se evitar 
qualquer tipo de contradição entre si (ZIMMERMANN, 2002, p. 138). Isto porque 
 
a Constituição não é um aglomerado de normas constitucionais isoladas, 
mas, ao contrário disso, forma um sistema orgânico, no qual cada parte tem 
de ser compreendida à luz das demais (SARMENTO, 2002, p. 100). 
 
J.J. GOMES CANOTILHO (1997, p. 232) ensina que “este princípio obriga o 
intérprete a considerar a Constituição na sua globalidade e a procurar harmonizar os 
espaços de tensão existentes entre as normas constitucionais a concretizar”. 
Como nos afirma PAULO MASCARENHAS (2008), é por meio dessa visão 
unitária que fica consagrada a interdependência entre as normas constitucionais. 
c) Princípio da Imperatividade (ou da Máxima Efetividade) da Norma 
Constitucional: 
Sendo a norma constitucional de ordem pública e de caráter imperativo, 
emanada que é da vontade popular, o intérprete deve lhe conferir o máximo de 
efetividade no momento de sua aplicação. 
Para RUI BARBOSA (1993, p. 495 apud ZIMMERMANN, 2002), a 
hermenêutica da norma constitucional devia ser o mais ampla possível, pois para ele 
“nas questões de liberdade, na inteligência das garantias constitucionais, não cabe a 
hermenêutica restritiva”. 
d) Princípio da Simetria Constitucional: 
Este princípio postula que haja uma relação simétrica entre as normas 
jurídicas da Constituição Federal e as regras estabelecidas nas Constituições 
Estaduais, e mesmo Municipais. Isto quer dizer que no sistema federativo, ainda que 
os Estados-Membros e os Municípios tenham capacidade de auto-organizar-se, esta 
 
 
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auto-organização se sujeita aos limites estabelecidos pela própria Constituição 
Federal. 
Assim, pelo princípio da simetria, os Estados-Membros se organizam 
obedecendo ao mesmo modelo constitucional adotado pela União. Por este 
princípio, por exemplo, as unidades federativas devem estruturar seus governos de 
acordo com o princípio da separação de poderes (MASCARENHAS, 2008). 
e) Princípio da Presunção de Constitucionalidade das Normas 
Infraconstitucionais: 
Segundo este princípio, todas as normas jurídicas infraconstitucionais 
possuem a presunção de constitucionalidade até que o controle judicial se manifeste 
em contrário. 
Trata-se, portanto, da presunção juris tantum, posto que a norma 
infraconstitucional possui eficácia jurídica até que se prove o contrário. 
Este princípio decorre do próprio Estado de Direito, da separação de 
Poderes, pois é a própria Constituição que delega poderes ao Poder Legislativo para 
editar normas ordinárias, infraconstitucionais, que lhe dão plena operatividade, e o 
Legislativo assim o faz na convicção de que está respeitando a Constituição, na 
presunção de que as leis que elaborou e que foram promulgadas são, efetivamente, 
constitucionais,devendo a quem argui a sua inconstitucionalidade perante o Poder 
Judiciário provar o vício que alega, e a declaração de inconstitucionalidade das 
normas ordinárias somente deve ocorrer quando afastada toda e qualquer dúvida 
quanto à sua incompatibilidade com a Constituição (MASCARENHAS, 2008). 
 
 
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UNIDADE 5 – CLASSIFICAÇÕES 
 
 
Falar em classificação das constituições, ou seja, os tipos existentes, quer 
dizer abrir um leque de possibilidades. Algumas possuem textos extensos, outras 
versam somente sobre matérias substancialmente constitucionais, relacionadas com 
a organização básico do Estado. 
Algumas permitem a modificação do seu texto por meio de processo 
legislativo simples, idêntico ao de modificação das demais leis, enquanto outras só 
podem ser alteradas por processo legislativo mais dificultoso, solene. A depender 
dessas e de outras características, recebem da doutrina distintas classificações, 
conforme exposto nos itens seguintes (PAULO; ALEXANDRINO, 2008). 
Vejamos então algumas dessas classificações: 
 
5.1 Constituições formais e materiais – conteúdo 
Constituição material ou substancial é o conjunto de regras constitucionais 
esparsas, codificadas ou não em um único documento. 
Na concepção material de Constituição, consideram-se constitucionais 
somente as normas que cuidam de assuntos essenciais à organização e ao 
funcionamento do Estado e estabelecem os direitos fundamentais (matérias 
substancialmente constitucionais). Leva-se em conta, para a identificação de uma 
norma constitucional, o seu conteúdo. Não importa o processo de elaboração ou a 
natureza do documento que a contém; ela pode, ou não, estar vazada em uma 
Constituição escrita. 
Nessa visão, a Constituição é o conjunto de normas pertinentes à 
organização do poder, à distribuição das competências, ao exercício da autoridade, 
à forma de governo, aos direitos da pessoa humana, tanto individuais como sociais; 
tudo quanto for, enfim, conteúdo essencial referente à estruturação e ao 
funcionamento da ordem político-jurídica exprime o aspecto material (ou substancial) 
de uma Constituição (PAULO; ALEXANDRINO, 2008). 
 
 
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Já a Constituição, no seu conceito formal, consubstancia-se em um 
conteúdo normativo expresso, estabelecido pelo poder constituinte originário em um 
documento solene que contém um conjunto de regras jurídicas estruturais e 
organizadoras dos órgãos supremos do Estado. 
A diferença entre sentido material e sentido formal da Constituição é que 
nesta temos a existência estatal reduzida à sua expressão jurídica formalizada 
através da codificação solene das normas constitucionais (MASCARENHAS, 2008). 
 
5.2 Constituições escritas e não escritas – forma 
Constituição escrita é o conjunto de normas codificado e sistematizado em 
um único documento, para fixar a organização fundamental do Estado (MORAES, 
2001, p. 36). A Constituição escrita é elaborada num determinado momento, por um 
órgão que tenha recebido a incumbência para essa tarefa, sendo formalizada em um 
documento escrito e único. É também denominada Constituição instrumental 
(CANOTILHO, 2002, p. 56). 
Nas Constituições não-escritas (costumeiras ou consuetudinárias), as 
normas constitucionais não são solenemente elaboradas, em um determinado e 
específico momento, por um órgão especialmente encarregado dessa tarefa, 
tampouco estão codificadas em um documento único. Tais normas encontram-se em 
leis esparsas, costumes, jurisprudência e convenções. Exemplo é a Constituição 
inglesa, país em que parte das normas sobre organização do Estado é 
consuetudinária (MASCARENHAS, 2008). 
Nota-se que, tanto nos Estados que adotam Constituição escrita quanto nos 
Estados que adotam Constituição não-escrita existem documentos escritos que 
contêm normas constitucionais. Na Inglaterra, parte das normas constitucionais está 
em documentos escritos: leis esparsas, convenções e jurisprudência. A distinção 
essencial é que, nos países de Constituição escrita, as normas constitucionais são 
elaboradas em um dado momento, por um órgão especificamente encarregado 
desse mister, que as codifica em um documento único. Diversamente, nos Estados 
de Constituição não-escrita, as normas constitucionais, quando escritas, estão 
 
 
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cristalizadas em leis e outras espécies normativas esparsas, que surgiram ao longo 
do tempo e, dada a sua dignidade, adquiriram status constitucional (PAULO 
ALEXANDRINO, 2008). 
Os mesmos autores explicam que a Constituição Federal de 1988 é do tipo 
formal, porque foi solenemente elaborada, por um órgão especialmente incumbido 
desse mister, e somente pode ser modificada por um processo especial, distinto 
daquele exigido para a elaboração ou alteração das demais leis (rígida). Não é 
correto afirmar que a Constituição Federal de 1988 seja parte formal e parte 
material. A Constituição, no seu todo, é do tipo formal. Entretanto, nem todas as 
normas que a compõem são materialmente constitucionais; algumas são apenas 
formalmente constitucionais. 
De todo modo, todas as Constituições brasileiras foram escritas, desde a 
Carta Imperial até a Constituição de 1988. 
 
5.3 Constituições rígidas e flexíveis – estabilidade ou alterabilidade 
Aqui temos constituição do tipo imutável, rígida, flexível, semirrígida ou 
semiflexível. 
Constituição imutável é aquela onde é vedada qualquer modificação. Essa 
imutabilidade pode ser, em alguns casos, relativa, quando prevê a assim chamada 
limitação temporal, consistente em um prazo em que não se admitirá qualquer 
alteração do legislador constituinte reformador. 
Constituição rígida é aquela escrita, mas que pode ser alterada através de 
um processo legislativo mais solene e com maior grau de dificuldade do que aquele 
normalmente utilizado em outras espécies normativas. Exemplo: Constituição 
brasileira de 1988 (Ver artigo 60 – Emendas à Constituição). 
Constituição flexível é aquela em regra não escrita e que pode ser alterada 
pelo processo legislativo ordinário, sem qualquer outra exigência ou solenidade. 
Constituição semirrígida ou semiflexível é aquela que pode ter algumas de 
suas regras alteradas pelo processo legislativo ordinário, enquanto outras somente 
 
 
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podem sê-las por um processo legislativo mais solene e com maior grau de 
dificuldade (MASCARENHAS, 2008). 
ALEXANDRE DE MORAES (2001, p. 37) entende que a Constituição 
brasileira de 1988 é super-rígida, porque “em regra poderá ser alterada por um 
processo legislativo diferenciado, mas, excepcionalmente, em alguns pontos é 
imutável (CF, art. 60, §4º – cláusulas pétreas)”. 
 
5.4 Constituição garantida e programática – finalidade 
Uma classificação moderna, de grande relevância, é a que distingue as 
Constituições em Constituição-garantia, Constituição-balançoe Constituição 
dirigente, no tocante às suas finalidades. 
Constituição-garantia, de texto reduzido (sintética), é Constituição negativa, 
construtora de liberdade-negativa ou liberdade-impedimento, oposta à autoridade 
(SILVA, 2007). É Constituição que tem como precípua preocupação a limitação dos 
poderes estatais, isto é, a imposição de limites à ingerência do Estado na esfera 
individual. Daí a denominação “garantia”, indicando que o texto constitucional 
preocupa-se em fixar as garantias individuais frente ao Estado. 
As Constituições-garantia são o modelo clássico de Constituição, 
propugnado nas origens do movimento constitucionalista, restringindo-se a dispor 
sobre organização do Estado e imposição de limites à sua atuação, mediante a 
outorga de direitos fundamentais ao indivíduo. 
Constituição-balanço é aquela destinada a registrar um dado estágio das 
relações de poder no Estado. A Constituição é elaborada para espelhar certo 
período político, findo o qual é elaborado um novo texto constitucional para o 
período seguinte. Exemplo típico foi o que aconteceu na URSS, que adotou 
Constituições seguidas (1924, 1936 e 1977), cada qual com a finalidade de refletir 
um distinto estágio do Socialismo (fazer um “balanço” de cada estágio) (PAULO; 
ALEXANDRINO, 2008). 
Constituição dirigente, de texto extenso (analítica), é aquela que define fins, 
programas, planos e diretrizes para a atuação futura dos órgãos estatais. 
 
 
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28 
É a Constituição que estabelece, ela própria, um programa para dirigir a 
evolução política do Estado, um ideal social a ser futuramente concretizado pelos 
órgãos do Estado. O termo “dirigente” significa que o legislador constituinte “dirige” a 
atuação futura dos órgãos governamentais, por meio do estabelecimento de 
programas e metas a serem perseguidos por estes. 
O elemento que caracteriza uma Constituição como dirigente é a existência, 
no seu texto, das denominadas “normas programáticas”, mormente de cunho social. 
Como o próprio termo indica, tais normas estabelecem um programa, um rumo 
inicialmente traçado pela Constituição, que deve ser perseguido pelos órgãos 
estatais. São normas que têm como destinatários diretos não os indivíduos, mas os 
órgãos estatais, requerendo destes a atuação numa determinada direção, apontada 
pelo legislador constituinte (PAULO; ALEXANDRINO, 2008). 
 
5.5 Constituição outorgada e promulgada – origem 
As Constituições outorgadas são impostas, isto é, nascem sem participação 
popular. São resultado de um ato unilateral de vontade da pessoa ou do grupo 
detentor do poder político, que resolve estabelecer, por meio da outorga de um texto 
constitucional, certas limitações ao seu próprio poder. 
As Constituições democráticas (populares ou promulgadas) são produzidas 
com a participação popular, em regime de democracia direta (plebiscito ou 
referendo), ou de democracia representativa, neste caso, mediante a escolha, pelo 
povo, de representantes que integrarão uma “assembleia constituinte” incumbida de 
elaborar a Constituição. 
As Constituições cesaristas são outorgadas, mas dependem de ratificação 
popular por meio de referendo. Deve-se observar que, nesse caso, a participação 
popular não é democrática, pois cabe ao povo somente referendar a vontade do 
agente revolucionário, detentor do poder. 
PAULO BONAVIDES (2006) refere-se, também, à existência das 
denominadas Constituições pactuadas (ou dualistas), que se originam de um 
compromisso firmado entre o rei e o Poder Legislativo, pelo qual se sujeita o 
 
 
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monarca aos esquemas constitucionais (monarquia limitada). Nesse regime de 
Constituição, o poder constituinte originário está dividido entre dois titulares; por 
essa razão, o texto constitucional resulta de dois princípios: o monárquico e o 
democrático. 
A Constituição promulgada, também chamada de democrática ou popular, é 
aquela fruto do trabalho de uma Assembleia Nacional Constituinte, eleita pelo povo 
com a finalidade da sua elaboração. Exemplos: Constituições brasileiras de 1891, 
1934, 1946 e 1988. 
Constituição outorgada é aquela estabelecida através da imposição do 
poder, do governante, sem a participação popular. Exemplos: Constituições 
brasileiras de 1824, 1937, 1967 e a Emenda Constitucional de 1969 (PAULO; 
ALEXANDRINO, 2008; MASCARENHAS, 2008). 
 
5.6 Constituição normativa, nominal e semântica – correspondência com a 
realidade 
VICENTE PAULO e MARCELO ALEXANDRINO (2008) citam o 
constitucionalista alemão Karl Loewenstein que desenvolveu uma classificação para 
as Constituições, levando em conta a correspondência existente entre o texto 
constitucional e a realidade política do respectivo Estado. 
Para ele, as Constituições de alguns Estados conseguem, verdadeiramente, 
regular o processo político no Estado. Outras Constituições, apesar de elaboradas 
com esse mesmo intuito, não logram, de fato, normatizar a realidade política do 
Estado. Há, ainda, Constituições que sequer têm esse intuito, pois visam, tão-
somente, à manutenção da vigente estrutura de poder. 
A partir dessa constatação, podem as Constituições ser classificadas em 
três grupos: Constituições normativas, Constituições nominativas e Constituições 
semânticas. 
As Constituições normativas são as que efetivamente conseguem, por 
estarem em plena consonância com a realidade social, regular a vida política do 
Estado. Em um regime de Constituição normativa, os agentes do poder e as 
 
 
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relações políticas obedecem ao conteúdo, às diretrizes e às limitações impostos pelo 
texto constitucional. 
As Constituições nominativas são aquelas que, embora tenham sido 
elaboradas com o intuito de regular a vida política do Estado, não conseguem 
efetivamente cumprir esse papel, por estarem em descompasso com a realidade 
social. As disposições constitucionais não conseguem efetivamente normatizar o 
processo real de poder no Estado. 
As Constituições semânticas, desde sua elaboração, não têm o fim de 
regular a vida política do Estado, de orientar e limitar o exercício do poder. 
Objetivam, tão-somente, formalizar e manter o poder político vigente, 
conferir legitimidade formal ao grupo detentor do poder. Nas palavras de Karl 
Loewenstein (s.d), seria “uma constituição que não é mais que uma formalização da 
situação existente do poder político, em benefício único de seus detentores” 
(PAULO; ALEXANDRINO, 2008). 
 
5.7 Constituição dogmática ou histórica – elaboração 
As Constituições dogmáticas, sempre escritas, são elaboradas em um dado 
momento, por um órgão constituinte, segundo os dogmas ou ideias fundamentais da 
teoria política e do Direito então imperantes. Poderão ser ortodoxas ou simples 
(fundadas em uma só ideologia) ou ecléticas ou com promissórias (formadas pela 
síntese de diferentes ideologias, que se conciliam no texto constitucional) 
(VASCONCELOS, 2010; PAULO; ALEXANDRINO, 2008). 
As Constituições históricas (ou costumeiras), não-escritas, resultam da lenta 
formação histórica, do lento evoluirdas tradições, dos fatos sociopolíticos, 
representando uma síntese histórica dos valores consolidados pela própria 
sociedade, como é o caso da Constituição inglesa. 
A Constituição brasileira de 1988 é tipicamente dogmática, porquanto foi 
elaborada por um órgão constituinte em um instante determinado, segundo as ideias 
então reinantes. Ademais, é uma Constituição eclética. O fato de ter sido elaborada 
em um período em que o Estado brasileiro deixava a triste realidade de um regime 
 
 
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de exceção, de aniquilamento dos direitos individuais, fez com que, entre outros 
aspectos, resultasse ela em um documento extenso, analítico, muitas vezes prolixo. 
As Constituições dogmáticas são necessariamente escritas, elaboradas por 
um órgão constituinte, ao passo que as históricas são do tipo não-escritas. 
As Constituições dogmáticas tendem a ser menos estáveis, porque 
espelham as ideias em voga em um momento específico. Destarte, com o passar do 
tempo e com a consequente evolução do pensamento da sociedade, surge a 
necessidade de constantes atualizações, por meio da alteração do seu texto. 
As Constituições históricas tendem a apresentar maior estabilidade, pois 
resultam do lento amadurecimento e da consolidação de valores da própria 
sociedade (PAULO; ALEXANDRINO, 2008). 
PAULO MASCARENHAS (2008) sintetiza que a Constituição dogmática é 
aquela que se nos é apresentada de forma escrita e sistematizada, por um órgão 
constituinte, a partir de princípios e ideias fundamentais da teoria política e do direito 
dominante em uma determinada sociedade e que Constituição histórica é aquela 
que resulta da história, dos costumes e da tradição de um povo. 
 
5.8 Constituição analítica e sintética – extensão 
No tocante à extensão, as Constituições são classificadas em analíticas e 
sintéticas. 
Constituição analítica (larga, prolixa, extensa ou ampla) é aquela de 
conteúdo extenso, que versa sobre matérias outras que não a organização básica 
do Estado. Em regra, contém normas substancialmente constitucionais, normas 
apenas formalmente constitucionais e normas programáticas, que estabelecem fins, 
diretrizes e programas sociais para a atuação futura dos órgãos estatais. 
Exemplo de Constituição analítica é a Constituição Federal de 1988, que, 
nos seus mais de trezentos artigos (entre disposições permanentes e transitórias), 
exagera no regramento detalhado de determinadas matérias, não substancialmente 
constitucionais, que nada têm a ver com a organização política do Estado. 
 
 
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Constituição sintética (concisa, breve, sumária ou sucinta) é aquela que 
possui conteúdo abreviado, e que versa, tão-somente, sobre a organização básica 
do Estado e o estabelecimento de direitos fundamentais, isto é, sobre matérias 
substancialmente constitucionais, deixando a pormenorização à legislação 
infraconstitucional. É o caso, por exemplo, da Constituição dos Estados Unidos da 
América, composta de apenas sete artigos originais e vinte e sete emendas. 
A tendência contemporânea é de adoção, pelos diferentes Estados, de 
Constituição do tipo analítica, de conteúdo extenso, muito embora esse tipo de 
Constituição tenda a ser menos estável, em virtude da exigência de seguidas 
modificações do seu texto (PAULO; ALEXANDRINO, 2008). 
Essa tendência moderna de elaboração de constituições analíticas é 
decorrência, sobretudo, de dois fatores: 
a) Intenção do constituinte de conferir maior estabilidade a certas matérias, 
levando-as para o texto da Constituição, no intuito de limitar a discricionariedade do 
Estado sobre elas. E, 
b) Objetivo de assegurar maior proteção social aos indivíduos (a partir do 
surgimento do Estado social, as constituições passaram a ter conteúdo extenso, de 
cunho social e programático, estabelecendo não só as bases de organização do 
Estado, mas, também, fixando programas e diretrizes de política social para a 
concretização futura pelos órgãos estatais) (PAULO; ALEXANDRINO, 2008). 
No entendimento de PAULO MASCARENHAS (2008), Constituição analítica 
é aquela que examina e regulamenta todos os assuntos relevantes à formação, 
destinação e funcionamento do Estado. É também chamada de Constituição 
dirigente porque define fins e programa de ação futura. Exemplo: Constituição 
brasileira de 1988. 
Constituição sintética é aquela que prevê somente os princípios e as normas 
gerais de organização do Estado e a limitação do seu poder através da fixação de 
direitos e garantias fundamentais para o cidadão. Exemplo: a Constituição dos EUA. 
No caso da nossa Constituição Federal de 1988: 
 quanto ao conteúdo, é formal; 
 
 
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 quanto à estabilidade, é rígida (para alguns autores ela é superrígida em 
virtude do art.60, parágrafo 4º da CR/88); 
 quanto à forma, é escrita; 
 quanto à origem, é promulgada; 
 quanto ao modo de elaboração, é dogmática; 
 quanto à extensão, é analítica; 
 quanto à unidade documental, é orgânica (ou seja, documento único, 
aproxima-se da escrita e dogmática. A inorgânica é formada por um conjunto 
de documentos, mas não significa que ela seja histórica); 
 quanto à ideologia, é eclética; 
 quanto ao sistema, é principiológica (de acordo com o neoconstitucionalismo); 
 quanto à finalidade, é dirigente (embora toda constituição tenha um pouco de 
garantia) (NEVES; LOYOLA, 2011). 
 
5.9 Outras classificações 
ALEXANDRE DE MORAES (2006) refere-se à Constituição nominalista, que 
é aquela cujo texto da Carta Constitucional já contém verdadeiros direcionamentos 
para os problemas concretos, a serem resolvidos mediante aplicação pura e simples 
das normas constitucionais. Ao intérprete caberia tão-somente interpretá-la de forma 
gramatical-literal. 
LUIZ PINTO FERREIRA (1996) refere-se às Constituições reduzidas e 
variadas. As primeiras seriam aquelas sistematizadas, cujas normas estão 
consolidadas em um único código, enquanto as últimas seriam as formadas por 
textos esparsos, espalhados no ordenamento jurídico. 
Essas mesmas Constituições são denominadas por ANDRÉ RAMOS 
TAVARES (2006) de Constituições codificadas (sistematizadas em um único 
documento) e Constituições legais (integradas por documentos diversos, fisicamente 
distintos, como foi o caso da Terceira República Francesa, formada por inúmeras 
 
 
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leis constitucionais, redigidas em momentos distintos, tratando cada qual de 
elementos substancialmente constitucionais). 
ANDRÉ RAMOS TAVARES (2006) refere-se, também, às Constituições 
liberais e sociais. 
As Constituições liberais são aquelas resultantes do triunfo da ideologia 
burguesa, dos ideais do Liberalismo, correspondentes ao primeiro período de 
surgimento dos direitos humanos, que exigiam a não-intervenção do Estado na 
esfera privada dos particulares. São, também, denominadasConstituições 
negativas, pois impunham a omissão ou negativa de ação do Estado, preservando- 
se, assim, as liberdades públicas. 
As Constituições sociais correspondem a um momento posterior do 
constitucionalismo, em que se passou a exigir do Estado atuação positiva, corrigindo 
as desigualdades sociais e proporcionando o surgimento do Estado do bem comum. 
Nesse tipo de Constituição, busca-se a concretização da igualdade material (e não 
meramente formal), e nela são traçados expressamente os grandes objetivos que 
deverão nortear a atuação governamental, razão porque é também denominada de 
Constituição dirigente. 
RAUL MACHADO HORTA (s.d apud PAULO; ALEXANDRINO, 2008) 
classifica a Constituição Federal de 1988 como expansiva. Para o renomado 
constitucionalista, seriam dois os aspectos que caracterizariam nossa Constituição 
atual como expansiva: (i) a abordagem de novos temas, não presentes nas 
Constituições brasileiras pretéritas; e, (ii) a ampliação do tratamento de temas 
permanentes, já presentes nas Constituições pretéritas. 
Alguns autores referem-se, ainda, à Constituição plástica, embora não haja 
consenso quanto ao seu significado. LUIZ PINTO FERREIRA (1996) usa a 
expressão Constituição plástica como sinônimo de Constituição flexível, isto é, que 
admite modificações no seu texto mediante procedimento simples, igual ao de 
elaboração das leis infraconstitucionais. Já RAUL MACHADO HORTA (s.d), 
emprega o vocábulo “plástica” para conceituar as Constituições nas quais há grande 
quantidade de disposições de conteúdo aberto, de tal sorte que é deixada ao 
legislador ordinário ampla margem de atuação em sua tarefa de mediação 
 
 
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concretizadora, de densificação ou “preenchimento” das normas constitucionais, 
possibilitando, com isso, que o texto constitucional acompanhe as oscilações da 
vontade do povo, assegurando a correspondência entre a Constituição normativa e a 
Constituição real (PAULO; ALEXANDRINO, 2008). 
Enfim, vejamos a seguir um esquema com o resumo das principais 
classificações das Constituições. 
 
 
 
Fonte: Paulo; Alexandrino (2008, p. 24). 
 
 
 
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UNIDADE 6 – A TEORIA DA NORMA CONSTITUCIONAL 
 
 
6.1 Classificação de JOSÉ AFONSO DA SILVA 
A teoria da norma constitucional cuida justamente do estudo da 
aplicabilidade das normas constitucionais, assunto do qual José Afonso da Silva 
estudou e falou sempre com muita propriedade, tanto que ele sustenta a tese de que 
todos os preceitos constitucionais contêm normas que são passíveis de aplicação 
pelo poder judiciário, dividindo-as “em normas constitucionais de eficácia plena, 
contida e limitada” (SILVA, 1998, p. 89). 
Normas constitucionais de eficácia plena são aquelas que, desde a entrada 
em vigor da Constituição, produzem ou têm possibilidade de produzir, todos os 
efeitos essenciais, relativamente aos interesses, comportamentos e situações, que o 
legislador constituinte, direta e normativamente, quis regular (MORAES, 2001, p. 
39). 
São, portanto, normas que não necessitam de regulamentação, sendo 
autoaplicáveis ou autoexecutáveis, como por exemplo, os remédios constitucionais: 
mandado de segurança, habeas corpus, mandado de injunção, habeas data. 
Ex.: Princípio da legalidade tributária, segundo o qual devem ser 
estabelecidos através de lei. O tributo que é estabelecido através de ato 
administrativo e não de lei será inconstitucional. Esse efeito pretendido pela norma 
de limitar o poder tributário do Estado se produz plenamente, não necessita de uma 
outra norma que a regulamente. 
Já as normas constitucionais de eficácia contida são aquelas que o 
legislador constituinte regulou suficientemente os interesses relativos a determinada 
matéria, mas deixou margem à atuação restritiva por parte da competência 
discricionária do poder público, nos termos que a lei estabelecer ou nos termos de 
conceitos gerais nela enunciados (MORAES, 2001, p. 39). 
JOSÉ AFONSO DA SILVA (2007) explica que a peculiaridade das normas 
de eficácia contida configura-se nos seguintes pontos: 
 
 
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a) São normas que, em regra, solicitam a intervenção do legislador ordinário, 
fazendo expressa remissão a uma legislação futura; mas o apelo ao legislador 
ordinário visa a restringir-lhes a plenitude da eficácia, regulamentando os direitos 
subjetivos que delas decorrem para os cidadãos, indivíduos ou grupos. 
b) Enquanto o legislador ordinário não expedir a normação restritiva, sua 
eficácia será plena; nisso também diferem das normas de eficácia limitada, visto que 
a interferência do legislador ordinário, em relação a estas, tem o escopo de lhes 
conferir plena eficácia e aplicabilidade concreta e positiva. 
c) São de aplicabilidade direta e imediata, visto que o legislador constituinte 
deu normatividade suficiente aos interesses vinculados à matéria de que cogitam. 
d) Algumas dessas normas já contêm um conceito ético juridicizado (bons 
costumes, ordem pública, entre outros), com valor societário ou político a preservar, 
que implica a limitação de sua eficácia. 
e) Sua eficácia pode ainda ser afastada pela incidência de outras normas 
constitucionais, se ocorrerem certos pressupostos de fato (estado de sítio, por 
exemplo). 
Vale dizer, a matéria constitucional foi devidamente regulada, mas a sua 
aplicação está condicionada a prévia existência de outra lei específica que a 
discipline, assim previsto expressamente. 
Exemplo: “Art. 5º, XIII: é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou 
profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer”. 
Então, desde o início de sua vigência, cada brasileiro tem a liberdade de 
exercer a profissão que escolher, no entanto, a lei poderá estabelecer determinados 
requisitos para o exercício de certas profissões. Assim, por exemplo, para exercer a 
advocacia, exige-se que possua o título de bacharel em direito e esteja devidamente 
inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil. Muitos criticam a denominação “eficácia 
contida”, pelo fato de dar a impressão de que a eficácia da norma deve estar 
previamente balizada. Na verdade, a eficácia da norma é restringível, pode vir a ser 
restringida, no futuro, pelo legislador ordinário (SILVA, 2007). 
 
 
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Outro exemplo temos no inciso VIII do art. 5º da Constituição Federal, 
segundo o qual: 
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de 
convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal 
a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei; 
Esse dispositivo assegura a liberdade de crença religiosa e de convicção 
filosófica ou política, e deve ser assim interpretado: 
(a) a princípio, a liberdade religiosa ou de convicção filosófica ou política é 
ampla, sendo

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