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Direito Penal - 3º bimestre

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Direito Penal – 3º Bimestre
 Ponte de Ouro 
Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados. 
		Para se caracterizar a ponte de ouro são necessários alguns elementos:
Arrependimento eficaz: pratico uma ação, e me arrependo e reverto à situação antes de causar efeitos. Exemplo: dou veneno há uma vítima, me arrependo, e dou o antídoto antes de gerar efeitos. Não respondo pela tentativa, respondo apenas pelos atos já praticados, então, seguindo o exemplo, se tivesse causado uma ulcera na vitima responderia apenas pela lesão. É diferente da tentativa pois na tentativa há vontade em terminar a ação, na ponte de ouro há o arrependimento. Dá-se arrependimento eficaz quando o agente findou a execução mas consegue evitar a consumação desfazendo aquilo que ele mesmo produziu.
Desistência voluntária: não pode ser impulsionado por causas externas, tem que vir da vontade do agente. Dá-se a desistência da pratica dos atos executórios enquanto estes estão em pleno desenvolvimento
Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado – ler artigo ao contrário.
	A ponte de ouro só vale se o arrependimento for voluntario e eficaz, como já dito. Vale acrescentar que ele é pessoal, então, portanto, se um terceiro der antídoto e salvar a vida da vitima, respondo por tentativa.
Tentativa: quero prosseguir, mas não posso. O que impede a ação é um fator externo ou um erro que impede a ação.
Ponte de Prata
Elementos:
	Arrependimento posterior: trata-se da reparação do dano causado ou da coisa subtraída nos delitos cometidos sem violência ou grave ameaça, desde que por ato voluntário do agente, até o recebimento da denuncia ou da queixa. Traz efeitos só quanto à diminuição de pena. Não precisa estar arrependida necessariamente, apenas a restituição da coisa precisa ser voluntária. A recusa da restituição da coisa consigna o pagamento em juízo.
Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída à coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
	Um exemplo é a sonegação fiscal: o autor pede parcelamento e no final do parcelamento é extinta a punibilidade; outro exemplo é o art. 312, que dispõe sobre o peculato. A devolução do bem, extingue a punibilidade.
Crime impossível
O agente se vale de meios absolutamente ineficazes ou volta-se contra objetos absolutamente impróprios, tornando impossível a consumação do crime. Trata-se de uma autentica “carência de tipo”, exemplo: atirar para matar um cadáver. Não há punição, fundamentado que não houve nenhum bem jurídico afetado.
Flagrante provocado, flagrante esperado e crime impossível.
Flagrante provocado é o denominado crime ensaiado, ou seja, quando um terceiro provoca o agente à pratica do delito, ao mesmo tempo em que age para impedir o resultado. Segundo a súmula 145 do STF não há crime quando a preparação do flagrante pela policia torna impossível a sua consumação.
Se, por exemplo, um policial se disfarça de vítima, expondo objetos de valor para provocar um furto ou um roubo, cercado por outros agentes disfarçados, havendo ação da parte de alguém, presa imediatamente sem nada conseguir levar, evidencia-se hipótese do crime impossível. 
No flagrante esperado, inexiste agente provocador, embora chegue a policia a noticia de que um crime será praticado em determinado lugar, colocando-se de guarda. É possível que consiga prender os autores em flagrante, no momento de sua prática.
COMPARANDO:
	Tentativa	
	Cessa a execução, antes da consumação, por circunstâncias alheias à vontade do agente.
	Desistência Voluntária
	Cessa a execução, durante seu desenvolvimento por vontade do agente.
	Arrependimento eficaz
	Cessada a execução, o resultado não é atingido por vontade do agente, que desfaz o que havia produzido.
	Arrependimento posterior
	Consumado o crime, nas condições do art. 16, o agente repara o dano ou restitui a coisa, merecendo a diminuição de pena.
	Crime impossível
	Por ineficácia absoluta do meio ou absoluta impropriedade do objeto o resultado jamais pode ocorrer
	Consumação
	O resultado é atingido e o bem jurídico protegido é lesado.
Conceito de dolo e culpa
Dolo é a vontade consciente de praticar a conduta típica; visão finalista – é o denominado dolo natural. Quando o agente atua, basta que objetive o preenchimento do tipo incriminador, pouco importando se ele sabe ou não que realiza algo proibido.
	Dolo genérico: seria a vontade de praticar a conduta típica, sem qualquer finalidade especial.
	Dolo específico: dotados da mesma vontade, embora adicionada uma especial finalidade.
Características do dolo
Abrangência: o dolo deve envolver todos os elementos objetivos do tipo;
Atualidade: o dolo deve estar presente no momento da ação, não existindo dolo subsequente, nem dolo antecedente.
Possibilidade de influenciar o resultado: é indispensável que a vontade do agente seja capaz de produzir o evento típico.
Dolo direto:
	É a vontade do agente dirigida especificamente à produção do resultado típico, abrangendo os meios utilizados para tanto. Por exemplo: o agente quer subtrair os bens da vitima, valendo-se a ameaça. Dirigindo-se ao ofendido, aponta-lhe um revolver, anuncia o assalto e carrega consigo os bens encontrados em seu poder. A vontade encaixa-se perfeitamente com o resultado. 
	Dolo eventual:
 	É a vontade do agente dirigida a um resultado determinado, porém vislumbrando a possibilidade de ocorrência de um segundo resultado, não desejado, mas admitido, unido ao primeiro. O agente não quer o segundo resultado diretamente, embora sinta que ele pode se materializar juntamente com aquilo que pretende o que lhe é indiferente.
	Exemplo: A esta deferindo tiros contra um muro, no quintal da sua residência, vislumbrando, no entanto, a possibilidade de os tiros vararem o obstáculo, atingindo terceiros que passam por detrás. Ainda assim, desprezando o segundo resultado, continua a conduta. Caso atinja, mortalmente, um passante, respondera por homicídio doloso.
	Dolo alternativo: significa que um agente quer um resultado ou outro, pouco importando qual ele vai obter.
	Dolo cumulativo: significa que o agente quer alcançar os dois resultados em sequencia. Pretende, por exemplo, surrar a vitima para depois matá-la.
	Dolo geral: trata-se de uma hipótese de engano quanto ao meio de execução do delito, mas que termina por determinar o resultado visado. É um erro sobre a causalidade, mas jamais quanto aos elementos do tipo, nem tampouco quanto a ilicitude do que se pratica.
Culpa
Conceito de culpa: é o comportamento voluntário desatencioso, voltado a um determinado objetivo, lícito ou ilícito, embora produza resultado ilícito, não desejado, mas previsível, que podia ser evitado.
Elementos da culpa:
Conduta voluntária: um dos elementos mais importantes é a culpa, é a analise do comportamento, não do resultado;
Ausência do dever de cuidado do objetivo significa que deixou de seguir as regras básicas e gerais de atenção e cautela. 
Resultado danoso involuntário, ou seja, o evento ocorrido jamais foi desejado ou acolhido pelo agente.
Previsibilidade, que é a possibilidade de prever o resultado lesivo, inerente a qualquer ser humano normal. O melhor critério para verificar a previsibilidade é o critério objetivo subjetivo, ou seja, verifica-se, no caso concreto, se a média da sociedade teria condições de prever o resultado, através da diligencia e da perspicácia comum.
Tipicidade: precisa estar previsto no tipo penal;
Nexo causal: significa que somente a ligação, através de previsibilidade, entre a conduta do agente e o resultado danoso pode constituir o nexo de causalidade no crime culposo, já que o agente não deseja a produçãodo evento lesivo. 
Não existe culpa presumida, visto que a culpa há de ser sempre demonstrada e provada pela acusação. Falava-se, no passado, na presunção de culpa, quando o agente descumpria a regra regulamentar e dava margem à ocorrência de um resultado danoso. Exemplo: aquele que dirigia sem habilitação, envolvendo-se em um acidente, seria o culpado, pois estaria infringindo norma regulamentar não autorizado na direção sem autorização legal. 
Graus de culpa não existem no contexto do direito penal, pouco importando se a culpa é levíssima, leve ou grave. Desde que seja suficiente para caracterizar a imprudência, a negligência ou a imperícia do agente, há punição. Os graus só interessam para a individualização da pena. Culpa inconsciente: podia prever, mas não previu; Culpa comum: feito por negligencia; previsível, mas não previu. 
Compensação de culpas igualmente não se admite no direito penal, pois infrações penais não são débitos que se compensem, sob pena de retornarmos ao regime do talião.
Concorrência de culpas é possível, pois é o que se chama de coautoria sem ligação psicológica ou autoria colateral em crime culposo. Exemplo: vários motoristas causam um acidente; todos podem responder igualmente pelo evento, já que todos, embora sem vinculação psicológica entre si atuaram com imprudência;
Culpa imprópria: ocorre quando o agente deseja atingir determinado resultado, embora o faça porque está envolvido pelo erro inescusável. É uma atuação com vontade de atingir o resultado, embora esse desejo somente tenha ocorrido ao agente porque se viu envolvido em falsa percepção da realidade. Em suma, trata-se de uma conduta dolosa, cuja origem é a própria imprudência do agente. Ex: imaginando-se atacado por desconhecido, o sujeito atira para matar, visando proteger-se. Após o fato, constata-se não ter havido agressão injusta.
Culpa consciente x dolo eventual
Na culpa consciente não admita como possível e, no dolo eventual, admita a possibilidade de se concretizar, sendo-lhe indiferente. No dolo eventual o agente refletiu e está consciente acerca da possibilidade de causar o resultado típico, embora não se coloque de acordo como sua realização, esperando poder evitá-lo, bem como confiando na sua atenção pra isso.
Exemplo de culpa consciente: quero dar um tiro em um vaso que esta sob uma janela. Sou atirador oficial, tenho habilidades suficientes de acertar o vaso sem machucar ninguém, e tenho certeza sobre a minha capacidade. Se, de repente, acerto alguém, é denominado culpa consciente. 
Crimes qualificados pelo resultado
	No crime qualificado pelo resultado, ao contrario do preterdoloso, o resultado ulterior, mais grave, derivado involuntariamente da conduta criminosa, lesa um bem jurídico que por sua natureza, não contém o bem jurídico que por sua natureza, não contem o bem jurídico precedentemente lesado. Assim, enquanto a lesão corporal seguida de morte seria preterintencional, o aborto seguido de morte da gestante, seria crime qualificado pelo resultado. Na realidade, o crime qualificado pelo resultado é o gênero no qual há a espécie preterdolosa. Um crime agravado pelo dolo, por exemplo, é o roubo com lesão grave ou morte.
	Crime preterdoloso: é uma espécie de delito qualificado pelo resultado, que possui um fato-base a ser praticado com dolo, bem como um evento posterior, que o qualifica, devendo ser cometido com culpa exclusivamente. 
	Duplo doloso: por exemplo, assalto um carrinho de hot dog, que era meu objetivo. Em seguida roubo o carrinho pra usar de fuga, que não estava nos meus planos. Os crimes estão no mesmo contexto.
	Progressão criminosa: cometer dois crimes, que não estão no mesmo contexto, no mesmo local. 
Art. 258 - Se do crime doloso de perigo comum resulta lesão corporal de natureza grave, a pena privativa de liberdade é aumentada de metade; se resulta morte, é aplicada em dobro. No caso de culpa, se do fato resulta lesão corporal, a pena aumenta-se de metade; se resulta morte, aplica-se a pena cominada ao homicídio culposo, aumentada de um terço.
Estado de necessidade
Estado de necessidade defensivo: ocorre quando o agente pratica o ato necessário contra a coisa ou o animal do qual promana o perigo para o bem jurídico. Ex: Fulano atacado por um cão bravo, vê-se obrigado a matar o animal;
Estado de necessidade agressivo: ocorre quando o agente se volta contra a pessoa ou coisa diversa daquela do qual provem o perigo para o bem jurídico. Ex: para prestar socorro a alguém, o agente toma veiculo alheio, sem autorização do proprietário. 
Estado de necessidade: trata-se do sacrifício de um bem de menor valor para salvar outro de maior valor ou sacrifício de bem igual valor preservado. Ou seja, é a inexigibilidade de conduta diversa. A situação tem que estar regulada por lei.
IMPORTANTE: O salva-vidas, por exemplo, não pode alegar estado de necessidade quando esta em oficio. 
Dever legal de enfrentar o perigo – agente público. 
	O dever legal é o resultado de lei, considerada esta em seu sentido lato. Por isso, tem o dever legal de enfrentar o perigo tanto o policial, quanto o segurança particular contratado para a proteção do seu empregador.
Conceito e fundamento da legitima defesa
	É a defesa necessária empreendida contra a agressão humana injusta, atual ou iminente, contra direito próprio ou de terceiro, usando, para tanto, moderadamente, os meios necessários. Se agir com excesso responde apenas pelo excesso se for possível delimitar. Não há proporcionalidade na defesa só é admitido para repelir a agressão. 
Elementos da legitima defesa
Relativos à agressão; injusta, atualidade ou iminência, contra direito próprio ou de terceiro;
Relativos a repulsa: utilização dos meios necessários e moderação.
Deva existir vontade de se defender – dolo de se defender.
Injustiça da agressão:
Conduta humana que põe em perigo ou lesa um interesse juridicamente protegido. Eis por que não se admite legitima defesa contra animal ou coisa, que não são capazes de agredir alguém, mas apenas de atacar, no sentido de investir contra. A injustiça da agressão deve ser entendida como ilicitude, contraria ao direito.
Proporcionalidade na legitima defesa
	A lei não exige, mas a doutrina e a jurisprudência posiciona-se no sentido de ser necessária a proporcionalidade também na legitima defesa. Aquele que mata o ladrão que, sem emprego de grave ameaça ou violência, levava seus pertences, fatalmente não poderá alegar legitima defesa, pois terá havido excesso, doloso ou culposo, conforme o caso. Se em legitima defesa ele acerta 3º, não terá caráter de legitima defesa.
Ofendículos
	Que quer dizer obstáculo, impedimento, significa o aparelho, engenho ou animal utilizado para a proteção de bens e interesses. São autênticos obstáculos ou impedimentos posicionados para atuar no momento de agressão alheia.
Legitima defesa contra agressão de inimputáveis
	É cabível, pois a lei exige apenas a existência de agressão injusta e as pessoas inimputáveis podem agir voluntaria e ilicitamente, embora não sejam culpáveis. 
	Para reagir contra a agressão de inimputável, exige-se cautela redobrada, justamente porque a pessoa que ataca não tem consciência da ilicitude do seu ato.
Legitima defesa sucessiva
	Trata-se da hipótese em que alguém se defende do excesso de legitima defesa. assim, se um ladrão é surpreendido furtando, cabe, por parte do proprietário, segurá-lo a força até que a policia chegue, embora não possa propositadamente lesar sua integridade física. 
Legitima defesa contra provocação
	É inadmissível, pois a provocação (insulto, ofensa ou desafio) não é suficiente para gerar requisito legal, que é a agressão. Não serve para gerar estado de perigo necessário para considerar-se legitima defesa.
Conceito de exercício regular de direito
	É o desempenho de uma atividade ou a pratica de uma conduta autorizada por lei, que torna licito um fato típico. Se alguém exercita um direito, previsto e autorizado de algum modo pelo ordenamento jurídico, não pode ser punido, como sepraticasse um delito.
Situações de exercício regular de direito
O aborto, quando a gravidez resulte de estupro ou atentado violento ao pudor, havendo o consentimento da gestante.
O tratamento médico e a intervenção cirúrgica, mesmo sem consentimento do paciente, quando ocorrer iminente de risco de vida; excludente de tipicidade.
Art. 146 §3º I - a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consentimento do paciente ou de seu representante legal, se justificada por iminente perigo de vida;
A coação para impedir suicídio; excludente de tipicidade
Art. 146 §3º II - a coação exercida para impedir suicídio.
A livre manifestação do pensamento, ainda que desagrade a alguns.
Consentimento do ofendido – excludente de tipicidade.
Trata-se de uma causa supralegal e limitada de exclusão da antijuridicidade, permitindo que o titular de um bem ou interesse protegido, considerado disponível, concorde, livremente, com sua perda.
Não se trata de matéria de aceitação pacifica, se trata de excludente de ilicitude aceitável, embora não prevista legalmente. Quando surge um consenso, em relação a qual deve entrar em vigor a norma penal, o que acontece naqueles casos em que o interesse do Estado não seja tal que prescinda da vontade particular. É que, em ocorrendo tais situações, individuais não sejam atingidos contra a vontade dos respectivos sujeitos. O interesse estatal se identifica com a conservação de bens individuais enquanto esta corresponda a vontade do titular; consequentemente, esses bens não podem ser tidos como lesados quando o respectivo sujeito manifestou sua vontade em sentido favorável a lesão.
Requisito de excludente do consentimento do ofendido
A concordância do ofendido;
O consentimento deve ser emitido de maneira explicita ou implícita, desde que seja possível reconhecê-lo. Se alguém, por exemplo, concorda com uma determinada agressão física uma vez, não quer isto significar que aquiesça sempre. Logo, a presunção não tem lugar nesse contexto;
Deve existir capacidade para consentir;
O bem ou interesse precisa ser considerado disponível: a disponibilidade do bem ou interesse quando a sua manutenção interessa, mas não é preponderamente à sociedade. 
O consentimento deve ser dado antes ou durante a pratica da conduta do agente. Não se deve admitir que o consentimento seja dado após a realização do ato, pois o crime já se consumou, não devendo ter a vitima controle sobre isso;
O consentimento é revogável a qualquer tempo 
Deve haver conhecimento do agente acerca do consentimento do ofendido. 
Excludente de culpabilidade
As excludentes de culpabilidade estão baseadas na existência de uma doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado.
Imputabilidade penal:
É o conjunto das condições pessoais, envolvendo inteligência e vontade, que permite ao agente ter entendimento do caráter ilícito do fato, comportando-se de acordo com esse conhecimento.
Por outro lado, os critérios para averiguar a inimputabilidade, quanto a higidez mental são as seguintes:
Biológico: leva-se em conta exclusivamente a saúde mental do agente, isto é, se o agente é, ou não, doente mental ou possui, ou não, um desenvolvimento mental incompleto ou retardado. 
Psicológico: leva-se em consideração unicamente a capacidade que o agente possui para apreciar o caráter ilícito do fato ou de se comportar-se de acordo com esse entendimento. Acolhido esse critério de maneira exclusiva, tornar-se o juiz a figura de destaque nesse contexto, podendo apreciar a imputabilidade penal com imenso arbitro. 
Biopsicológico: levam-se em conta os dois critérios anteriores unidos, ou seja, verifica-se se o agente é mentalmente são e se possui capacidade de entender a ilicitude do fato ou determinar-se de acordo com esse entendimento; é o principio adotado pelo código penal.
Doença mental
	Doença mental é um quadro de alterações psíquicas qualitativas, como a esquizofrenia, doenças afetivas e outras psicoses. São exemplos: epilepsia, psicose maníaco-depressiva, senilidade e etc. 
	O desenvolvimento mental incompleto ou retardado consiste numa limitada capacidade de compreensão do ilícito ou de falta de condições de se autodeterminar, conforme o precário entendimento, tendo em vista ainda não ter atingido a sua maturidade intelectual e física, seja por conta da idade, seja porque apresenta alguma característica particular, como o silvícola não civilizado ou o surdo sem capacidade de comunicação. 
Conceito de perturbação da saúde mental
	Não há nenhuma convicção sobre o que é real; o que é verdade. Não elimina a sua possibilidade de compreensão, motivo pelo qual o parágrafo único do art.26 tornou a repetir o “desenvolvimento mental incompleto ou retardado.”. Dentro dessa classe se enquadra ainda os sociopatas que não aprendem nada com os outros.
Coação moral irresistível – dirimentes de culpabilidade;
Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Trata-se de uma grave ameaça moral feita pelo coator ao coato, exigindo deste ultimo que cometa uma agressão contra terceira pessoa, sob pena de sofrer um mal injusto/justo ou irreparável. São elementos:
Existência de uma ameaça necessariamente grave, injusta ou justa;
Existência de três partes envolvidas, como regra: coator, coato e vitima.
Obediência hierárquica
É a ordem da duvidosa legalidade pelo superior hierárquico ao seu subordinado, para que cometa uma agressão a terceiro, sob pena de responder pela inobservância da determinação. São elementos:
Existência de uma ordem (limite da lei) não manifestamente ilegal, ou seja, de duvidosa legalidade;
Ordem emanada de autoridade competente;
Relação de subordinação hierárquica; 
Estrito cumprimento da ordem nos exatos limites da determinação. O exagero descaracteriza a excludente, pois vislumbra-se ter sido exigível do agente conduta, tanto que extrapolou o contexto daquilo que lhe foi determinado por sua própria conta e risco.
Embriaguez voluntaria ou culposa
Voluntaria é a embriaguez desejada livremente pelo agente e culposa, aquela que ocorre por conta de imprudência do bebedor (relacionada com o artigo 28 §1º); adoção da responsabilidade penal objetiva. Se bebe a bebida alcoólica só para ficar bêbado, ou à embriaguez culposa, em que se embriaga por imprudencia ou negligencia. Em nenhuma dessas hipóteses, pretendia o agente praticar ulteriormente o crime. O legislador penal, ao considerar imputável aquele que em realidade não o era , fez uso de ficção jurídica.
A teoria da actio libera in causa
Com base no principio de que a ação foi livre na sua causa, ou que então, a causa da causa também é causa do que foi causado, leva-se em consideração que, no momento de se embriagar, o agente pode ter agido dolosa ou culposamente, projetando-se esse elemento subjetivo para o instante da conduta criminosa.
Quando o individuo, resolvendo encorajar-se para cometer um delito qualquer, ingere substancia entorpecente para colocar-se, propositadamente, em situação de inimputabilidade, deve responder pelo que fez dolosamente– afinal, o elemento subjetivo estava presente no ato de ingerir bebida ou droga (extensão da actio libera in causa). Por outro lado, quando o agente, sabendo que ira dirigir, bebe antes de faze-lo, precipita sua imprudência para o momento em que atropelar e matar um pedestre. Responderá por homicídio culposo, pois o elemento subjetivo do crime projeta-se do momento da ingestão da bebida para o instante delito.
Caso fortuito ou força maior
É fortuita a embriaguez decorrente do caso ou meramente acidental, quando o agente não tinha a menor ideia que estava ingerindo substancia entorpecente ou quando mistura álcool com remédios que provocam reações indesejadas, potencializando o efeito da droga, sem estar devidamente alertado para isso.
Emoção e paixão
Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - a emoção ou a paixão
	A emoção é um estado de animo ou de consciência caracterizado por uma viva excitação do sentimento. É uma forte e transitória perturbação da afetividade, a que estão ligadas certas variações somáticas ou modificações particulares das funções da vida orgânica. A emoção pode apresentar tanto um estado construtivo, fazendo com que o comportamento –se torne mais eficiente, como um lado destrutivo; pode ainda fortalecer um enfraquecer um ser humano. Não servem para anular a imputabilidade, produzir qualquer efeito na mesma. O agente que, emocionado, comete um delito responde normalmente pelo seu ato. No maximo, quando essa emoção for violenta e provocada por conduta injusta da vitima, pode receber algum beneficio (homicídio privilegiado). 
	Já a paixão é uma excitação sentimental levada ao extremo de maior duração. Ainda que possa interferir no raciocínio e na vontade do agente, é passível de controle, razão pelo qual não elide a culpabilidade.
Erro de tipo e erro de proibição
O erro é a falsa representação da realidade ou o falso conhecimento de um objetivo. Erra o agente que pensa estar vendo, parado na esquina, seu amigo, quando na realidade é um estranho que ali se encontra; ignorância por seu turno, é o estado do agente que não tem a menor ideia de quem esta parado na esquina, por exemplo.
Conceito de erro de tipo.
	É o erro que incide sobre elementos essenciais do tipo penal, abrangendo qualificadoras, causas de aumento e agravantes. O engano a respeito de um dos elementos que compõe o modelo legal de conduta proibida sempre exclui o dolo, podendo levar à punição por crime culposo.
Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei.
	Por exemplo: o caçador imagina que atrás de uma moita existe um animal feroz contra o qual atira, atingindo, no entanto, outro caçador que ali estava à espreita da caça, matando-o. Fica excluído o dolo nessa situação.
Possibilidade de punição por crime culposo
	É preciso verificar se o erro não derivou da desatenção ou descuido indevido do agente. Caso o agente tenha agido com descuido patente, merece ser punido pelo resultado danoso involuntário a titulo de culpa, desde que haja previsão na lei. 
	Erro essencial e erro acidental
	O erro essencial incide sobre os elementos constitutivos do tipo, apto a gerar o afastamento do dolo por falta de abrangência. Já o erro acidental incide sobre as qualidades dos elementos constitutivos do tipo, mas não tem condão de afastar o dolo, pois o bem jurídico protegido continua em exposição.
	Exemplo: se alguém pretende danificar coisa sua e termina atingindo coisa alheia, exclui-se o dolo; porém pretendendo danificar o aparelho de TV de alguém, atinge o aparelho de som, cuida-se de erro acidental, uma vez que, de toda forma, destruiu coisa alheia, configurando-se o delito de dano.
	Erro quanto à pessoa 
	Art. 20 §3º - § 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime. 
	Exemplificando o artigo supracitado: o agente pretende matar inimigo A e, vendo uma pessoa parecida de costas, atira, e termina atingindo o irmão. O agente nesse caso responde por homicídio; o fato de ter acertado pessoa diversa não elimina o dolo. Deve responder, portanto, como se tivesse atingido a vitima desejada¹. Dessa forma não responderá por fratricídio, mas como se tivesse matado o inimigo.
Erro determinado por terceiro.
Art. 20§ 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o erro.
Ilustrando: se A pretende matar B, durante uma caçada, instiga C a atirar contra uma moita, dizendo-lhe que ali se encontra o animal visado, mas sabendo que lá está, na realidade B, havendo o homicídio, deverá ele responder A e não C. Melhor dizendo, se uma enfermeira tem a intenção de matar um paciente e manda a auxiliar injetar substancia que matara o paciente quem responde pelo homicídio é a enfermeira chefe, não a auxiliar.
Conceito de erro de proibição
	Incide sobre o conhecimento profano do direito, não sobre especificamente erro de direito. O agente atua sem consciência de ilicitude, servindo, pois, de excludente de culpabilidade – é a ignorância ou a errada compreensão da lei penal. Por exemplo: um soldado, perdido de seu pelotão, sem saber que a paz foi celebrada, mata um inimigo, acreditando ainda estar em guerra. Trata-se de um erro quanto à ilicitude do fato, uma vez que, durante o período de guerra, é lícito eliminar o inimigo. É, portanto, um excludente de culpabilidade.
Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço.
Diferença entre crime putativo (erro de tipo) e erro de proibição
No crime putativo, o agente crê estar cometendo um delito, mas não é considerado de tal forma; no erro de proibição, o agente acredita que nada faz de ilícito, quando na realidade trata-se de um delito. 
Conceito de descriminantes putativos.
	Descriminantes são excludentes de ilicitude; putativo significa imaginário, suposto, aquilo que aparenta ser verdadeiro. Portanto, as descriminantes putativas são as excludentes de ilicitude que aparentam estar presentes em determinada situação, quando, na realidade, não estão. O agente pensa estar agindo em legitima defesa, defendendo-se de um assalto, por exemplo, quando na verdade, empreendeu esforço contra um mendigo que se aproximando da janela do seu veiculo, apenas pedia esmola. Exclui-se a pena e atinge apenas a culpabilidade. O agente, como visto no exemplo supra, pensa estar em situação de se defender, porque o assedio do mendigo lhe representa um ataque, na verdade, inexistente.
Resumindo:
Escusável: é o equivoco razoável, que pode ocorrer a qualquer pessoa por mais prudente que seja. 
Afasta dolo e culpa
ERRO DE TIPO			
						NÃO HÁ CRIME
Inescusável: embora o equívoco tenha ocorrido, servindo para afastar o dolo, a pessoa prudente nele não teria incidido. Remanesce a culpa. 
				Há delito culposo, se houver o tipo penal correspondente.
	
			
Escusável: o agente não tinha noção, nem poderia ter diante das circunstâncias fáticas, de estar praticando ilícito penal.
ERRO DE PROIBIÇÃOTeoria causalista: não há dolo, logo não há culpabilidade = inexiste crime.
Teoria finalista: há dolo, mas não há consciência potencial da ilicitude, logo, não há culpabilidade = inexiste crime. 
Inescusável: o agente não tinha noção, mas poderia ter, de estar cometendo um ilícito penal.
Solução única: há culpabilidade, logo existe crime, embora com pena diminuída. 
¹ ligado ao conceito de aberatio deliciti.

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