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(20170828190318)Historicidade do Direito Civil


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DIREITO CIVIL PESSOAS E BENS
Historicidade do Direito Civil
Prof. Pablo Bonfim
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	Desde os primórdios das civilizações os homens mantêm relações jurídicas das mais variadas, sendo que o DIREITO CIVIL, ramo do direito que regulamenta a relação entres os particulares, que começa antes do nascimento e perdura até depois da morte, expressão evidente da autonomia da vontade nas relações jurídicas, inegavelmente, possui papel de destaque na vida social. 
	“O homem não deve viver isolado, pois o isolamento não faz parte das características humanas, já a sociabilidade sim”.
	Por outro lado, esse ajuntamento, consequentemente, fez com que os homens, em determinadas ocasiões, interferissem na vida uns dos outros direta ou indiretamente, causando desconforto e disputas. Uma vez que viver em sociedade é, então, uma necessidade, para preservar a paz e o bom convívio social, bem como para resolver os litígios advindos dos conflitos de interesse, fez-se necessária a criação de regras capazes de dar certa ordem à vida em comunidade, e dessa necessidade nasceu o Direito.
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Entre os doutrinadores, não há uma consenso sobre o conceito do Direito, mas um bom conceito, segundo Gonçalves e Lenza (2015, p. 20), seria o de Radbruch (1951, p. 47), para o qual “é o conjunto de normas gerais e positivas, que regulam a vida social.”
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DEFINIÇÃO
	O direito civil é o principal ramo do direito privado. 
Trata-se do conjunto de normas jurídicas (regras e princípios) que regulam as relações jurídicas entre as pessoas, sejam estas naturais ou jurídicas, que comumente encontram-se em uma situação de equilíbrio de condições. 
O direito civil é o direito comum, o que rege as relações entre os particulares. Disciplina a vida das pessoas desde a concepção — e mesmo antes dela, quando permite que se contemple a prole eventual (CC, art. 1.799, I) e confere relevância ao embrião excedentário (CC, art. 1.597, IV) — até a morte, e ainda depois dela, reconhecendo a eficácia post mortem do testamento (CC, art. 1.857) e exigindo respeito à memória do mortos (CC, art. 12, parágrafo único). 
No direito civil estudam-se as relações puramente pessoais, bem como as patrimoniais. 
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Mas você já se perguntou qual a origem das normas, da palavra direito ou qual o objetivo do Direito?
	A palavra DIREITO vem do latim directum, significando aquilo que é reto, que está de acordo com a lei. 
	O objetivo do Direito é a realização da justiça, que para Aristóteles é a vontade de dar a cada um o que é seu, de acordo com o princípio da igualdade.
	Quanto à origem, as normas que regulam a conduta humana são: a Lei, o Costume, a Jurisprudência e os Princípios Gerais do Direito.
A lei, como fonte formal mais importante do Direito é a norma jurídica escrita e derivada do poder competente. Encontramos a lei na legislação, ou seja, no conjunto das leis vigentes no país.
O costume jurídico torna-se fonte quando em uma determinada sociedade existe uma prática geral que ocorre constantemente e se prolonga por muito tempo, não fazendo parte da Legislação, mas que é utilizada por ser um modo constante de agir.
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A Jurisprudência é o conjunto de decisões judiciais repetidas sobre determinadas questões, ou seja, é a reiteração de decisões judiciais num mesmo sentido. Ao longo do tempo torna-se uma tendência nos julgados e vai se adequando às mudanças histórico-sociais. 
Os Princípios Gerais do Direito são hipóteses diretoras do Direito Positivo que devem ser aplicadas nos casos em julgamento, quando não existe outra fonte formal; por exemplo, a norma que informa ser crime matar alguém resultou do princípio do direito à vida
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	“O Direito e a Moral são regras sociais que regulam o comportamento do Homem em sociedade, definindo um conceito de comportamento que é certo e o que não se enquadra neste comportamento é tido como errado.  Se observarmos os fatos que acontecem na sociedade, desde os primórdios, é possível enxergarmos que existem regras sociais que se cumprem de maneira espontânea, como por exemplo, ser bom e honesto. Tais comportamentos são cumpridos sem a necessidade de ninguém nos forçar para agir dessa maneira, é o mundo de conduta espontânea, onde estas regras sociais são cumpridas, muitas das vezes, sem nem percebermos, este é o campo de atribuição da moral. Já por outro lado existem regras sociais que o homem em sociedade só cumpre de forma obrigatória ou forçada, este é o campo de atribuição do Direito, regra social que tem como sua essência a coercibilidade, visando regular o homem em sociedade de forma jurídica tendo a figura do Estado como regulador dessas regras de organização, onde não sendo cumpridas tais regras, o homem será forçado a cumpri-las e se enquadrar nesses ditames. Essa é só uma das diferenças entre o Direito e a Moral, no qual, algumas das outras serão abordadas neste artigo”.
					Raydenwerbet Nonato Ferreira Sá
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Atualmente inúmeros critérios são utilizados para distinção entre Direito e Moral, sendo essas de ordem formal e material (que diz respeito ao conteúdo). 
No ponto de vista formal pode-se verificar as seguintes distinções: 
- O Direito é bilateral, enquanto a moral é unilateral: Essa distinção relaciona-se ao fato de que o Direito, ao conceder direitos, da mesma forma impõe obrigações, sendo pois uma via de mão dupla. Já a moral não, suas regras são simplificadas, impondo tão somente deveres, e o que se espera dos indivíduos é a obediência as suas regras. 
- Exterioridade do Direito e Interioridade da Moral: por essa distinção entende-se que o Direito é externo por se ocupar das atitudes externalizadas dos indivíduos, não devendo se atuar no campo da consciência, somente quando necessário para averiguar determinada conduta. Já a moral se destina influenciar diretamente a consciência do indivíduo, de forma a evitar que as condutas incorretas sejam externalizadas, e quando forem, deverá ser objeto de análise somente para se aferir a intenção do indivíduo. 
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- Autonomia e Heteronomia: Na moral a adesão às regras se dá de forma autônoma, ou seja, o indivíduo tem a opção de querer ou não aceitar aquelas regras. É, portanto, um querer espontâneo. Importante registrar que esse critério também não atinge a moral social. Já com o Direito ocorre de forma diversa, pois o indivíduo se submete a uma vontade maior, alheia à sua. 
- Coercibilidade do Direito e Incoercibilidade da moral: O Direito tem como uma de suas características mais marcantes a coercibilidade, ou seja, o indivíduo deverá obedecer as normas por temer a imposição de uma penalidade que será certamente exercida pela força estatal. Já a moral não possui essa característica, pois não há instrumentos punitivos para aqueles que não observam as suas regras. Regista-se, oportunamente, que a moral social, apesar de não possuir caráter punitivo, constrange os indivíduos a cumprirem as suas regras, desetimulando o descumprimento. 
- Os objetivos do Direito e da moral são diferentes na medida em que o Direito visa criar um ambiente de segurança e ordem para que o indivíduo possa alcançar o desenvolvimento e progresso pessoal, profissional, científico e tecnológico. Já a moral se destina a aperfeiçoar o ser humano, sua consciência e para tal lhe impõe deveres na relação consigo mesmo e para com o próximo. 	
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Quanto ao conteúdo propriamente dito, surgem quatro teorias: 
 
1. Teoria dos círculos concêntricos: por esta teoria haveria dois círculos, sendo que um está inserido no outro. O maior pertenceria à moral, enquanto que o menor pertenceria ao Direito. Isso significa que a moral é maior que o Direito, e que o Direito dela faz parte; e que o Direito se subordina às regras morais. 
2. Teoria dos círculos secantes: por essa teoria haveria dois círculos que se cruzam até um determinado ponto apenas. Isso significa que o Direito e a moral possuem um ponto comum, sobre o qual ambos têm competência para atuar, mas deverá haver uma área delimitada e particular para cada um pois há assuntos
que um não poderá interferir na esfera do outro. 
3. A visão Kelseniana: Para Kelsen o Direito é autônomo e a validade de suas normas nada têm a ver com as regras morais. Para ele haveria dois grandes círculos totalmente independentes um do outro. 
4. Teoria do mínimo ético: por essa teoria o Direito deveria conter o menor número possível de regras morais, somente aquelas que forem indispensáveis ao equilíbrio das relações. Pode-se dizer que essa teoria se opõe ao pensamento do máximo ético, que se expressa na adoção pelo Direito de uma grande parte da moral, para que as relações sociais sejam reguladas de forma mais próxima à consciência dos indivíduos
Ramos do Direito
Direito Público:
 retrata a organização do Estado, regida por normas de ordem pública.
Direito Privado:
 representa as normas que regulam as relações entre pessoas.
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Mas de onde vem o Código Civil? Qual a sua história?
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Costuma-se dizer que o Código Civil é a Constituição do homem comum, por reger as relações mais simples da vida cotidiana, os direitos e deveres das pessoas, na sua qualidade de esposo ou esposa, pai ou filho, credor ou devedor, alienante ou adquirente, proprietário ou possuidor, condômino ou vizinho, testador ou herdeiro, etc. Toda a vida social, como se nota, está impregnada do direito civil, que regula as ocorrências do dia a dia (GONÇALVES; LENZA, 2015, p. 41).
No Brasil, desde a colônia, utilizávamos as Ordenações Filipinas e, um pouco mais tarde, a Legislação Portuguesa, tendo sido apenas na Constituição de 1824 que fizemos referência à sistematização de um Código Civil.
	A história do direito civil, apesar de muitos fazerem referência ao direito romano, contempla influencias marcantes, em sua estrutura, na modernidade. 
	De Roma trouxemos apenas uma feição residual, porque o corpus iuris civilis abrangia toda a matéria que não fosse Direito Penal. Portanto, a estrutura do direito civil, tal como conhecemos hoje, foi estruturada a partir de 1804, quando da edição do primeiro grande Código Civil da era moderna, o Código Napoleônico – Codede France. Sua importância se deu em razão de ter sido elaborado no momento da ascensão da Revolução Francesa. Assim, o Código Frances levou para o âmbito jurídico os ideais da revolução francesa: igualdade, liberdade e fraternidade (FARIAS, 2007). 
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- Tudo que se desejava nessa época era combater o absolutismo estatal, ou seja, o particular deveria ser autônomo, a propriedade privada era valor inalienável, o juiz deveria, tão somente, realizar o trabalho de subsunção da norma. Afinal, os juízes, de regra, compunham a classe da vulnerada aristocracia. Nesse contexto, a presença do Estado foi combatida, expurgada do direito civil. 
- As relações civis seriam entre pessoas livres e iguais, sendo que a presença do Estado, nesta seara, era considerada invasiva, posto que, no entender da época, afetaria a liberdade e a igualdade das partes. Houve, nesse momento, a clara separação do direito entre público e privado.
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Após o Código Civil Francês, o Código Civil Alemão foi o segundo grande código da era moderna. Todo código reclama valores, princípios norteadores, mas é importante que se firme existirem diferenças entre compilação e consolidação. Nesse contexto, o referencial histórico dos códigos francês e alemão era o individualismo e o patrimonialismo, posto que era necessário, naquele momento tutelar, sobretudo, o patrimônio e o indivíduo. 
Para proteger o patrimônio da pessoa individualmente considerada, entendia-se necessário expulsar o Estado das relações jurídicas e conflito entre particulares.
	No Brasil, a primeira norma que regulou o direito civil foi a C.F de 1824. Em seu art. 179, havia a previsão de elaboração, em um ano, de um Código Civil e outro criminal. 
	Em 1832 foi editado o criminal. Em 1865, houve a contratação de Teixeira de Freitas para preparar um projeto de Código Civil, que tinha cerca de cinco mil artigos, o qual solidificou as relações privadas, civis e comerciais. 
	O aludido códex não foi aprovado. Muitos civilistas entendem que aquele era um código bastante avançado para a época. Hoje, o projeto de Teixeira de Freitas é o Código Civil da Argentina, que é um dos melhores códigos existentes no mundo (FARIAS, 2007).
	De mais a mais, até abril de 1899, não houve a edição do Código Civil. Foi contratado, dessa feita, Clóvis Beviláqua, que preparou o projeto de um código civil e em outubro de 1899 o apresentou. Rui Barbosa, que era senador, impugnou todos os artigos e só em 1.916 o projeto foi aprovado e entrou em vigor em 1.917. Assim, o Código ficou em debate no Congresso por 16 anos. Os valores que norteavam o Código Civil eram os daquela época, logo os principais valores norteadores foram o patrimonialismo e o individualismo.
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	O CC/16 nasceu para regulamentar todas as relações privadas. Trazia consigo a intenção de regulamentar todas, sem exceção. Quando entrou em vigor, começaram a surgir conflitos de interesses privados não regulados expressamente no CC/16. 
	Nesse momento, décadas de 30 e 40, as cartas constitucionais, não regulavam matéria de direito privado, mormente, porque passou a surgir uma evidente divisão entre direito público e privado. Exemplo disso foi o apelido que se deu à Constituição Federal, Carta Política, porque tinha o papel de regular especificamente a estrutura política e administrativa do Estado.
	O CC/16 era chamado, nessa época, por tudo quanta exposto anteriormente, de “Constituição do Direito Privado”. Isso porque as cartas políticas não versavam sobre direito privado, sendo que o CC/16 tornara-se um eixo normativo que servia de referência para todas as relações privadas.
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	O
CARACTERÍSTICAS DO DIREITO PUBLICO E DO DIREITO PRIVADO
* LEGALIDADE ESTRITA
"(...) o princípio da legalidade significa que a Administração sempre se submeterá à lei e só poderá agir quando – e como – a lei autorizar. Enquanto ao particular “é lícito fazer tudo o que a lei não proíbe, na Administração Pública só é permitido fazer o que a lei autoriza”, não podendo o administrador afastar-se ou desviar-se dos mandamentos da lei e das exigências do bem comum, sob pena de praticar ato inválido e expor-se à responsabilidade disciplinar, civil e criminal, conforme o caso."
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