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UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO COLEGIADO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Higor Emanuel João de Oliveira Larissa Medeiros Luan Gonçalves Kássio Rodrigues Gestão dos fluxos reversos e dos Canais de distribuição de pós venda e de pós consumo reversos Juazeiro 2017 Higor Emanuel João de Oliveira Larissa Medeiros Luan Gonçalves Kássio Rodrigues Gestão dos fluxos reversos e dos Canais de distribuição de pós venda e de pós consumo reversos Pesquisa bibliográfica apresentada à disciplina Gestão da Cadeia de Suprimentos como parte da composição da nota da Avaliação 03. Professora: Ana Cristina Castro Silva, D.Sc. Disciplina: Gestão da Cadeia de Suprimentos Juazeiro 2017 1. Introdução A alavancagem global dos mercados, junto ao crescimento da competitividade e as influências de tecnologia estão causando impactos significativos no trabalho das organizações. Tais impactos ocasionam o aumento da necessidade de integração das operações comerciais e de transporte e planejamento, o que se faz perceber a capacidade da logística em criar valor para o cliente, e fez com que esta atividade assumisse um papel primordial na otimização dos recursos e na modernização das técnicas de gestão e de produção das organizações. Com o desenvolvimento dos conceitos e das ferramentas logísticas, aconteceu um processo de especialização em busca de atender uma necessidade ascendente de gestão eficiente do fluxo reverso de produtos e materiais. A partir deste momento o fluxo inverso da cadeia de suprimentos passou a fazer parte das competências logísticas, sem perder seu foco: satisfação dos clientes. Cavallazzi e Valente (2010) afirmam que o descarte adequado de resíduos de materiais não utilizados, embalagens e produtos com componentes químicos estão caracterizando um grande desafio às organizações, e seu impacto sobre a sociedade e meio ambiente fazem do tema um caso de extrema relevância. Para Freires e Pinheiro (2013), a logística reversa estuda os fluxos de materiais que vão do usuário final do processo logístico original (ou de outro ponto anterior, caso o produto não tenha chegado até esse), a um novo ponto de consumo ou reaproveitamento, ou seja, de forma simplificada, pode-se dizer que a Logística Reversa trata do caminho inverso, no qual o produto tem como ponto de partida os inúmeros consumidores, com destino ao fabricante. São reconhecidas duas grandes áreas de logística reversa, tratadas de forma independente pela literatura, diferenciadas principalmente pelo estágio ou fase do ciclo de vida útil do produto retornado. Esta diferença se faz necessária, pois o produto logístico, os canais de distribuição reversos em que os produtos percorrem, os objetivos de negócio e, por fim, as técnicas operacionais utilizadas em cada área de atuação, são distintos. Para Cavallazzi e Valente (2010), a logística reversa de pós-venda é área de atuação da logística que se ocupa do equacionamento e operacionalização do fluxo físico e das informações logísticas de bens de pós-vendas em uso ou com pouco uso, os quais por diferentes motivos retornam aos diferentes estágios das cadeias de distribuição direta. O objetivo do negócio desta área da logística empresarial é agregar valor a um produto que é devolvido por razões comerciais, erro no processamento dos pedidos, garantia dada pelo fabricante, defeitos ou falhas de funcionamento, avarias no transporte, etc.. Por outro lado, a logística reversa de pós-consumo é a área de atuação da logística que equaciona e operacionaliza o fluxo físico e as informações correspondentes de bens de consumo que são descartados pela sociedade e que retornam ao ciclo de negócios ou ao ciclo produtivo por meio dos canais de distribuição reversos específicos. O presente trabalho tem por objetivo compreender a gestão dos fluxos reversos e dos canais de distribuição de pós venda e pós consumo reversos, através da literatura e de práticas adotadas pelas empresas, como parte do conteúdo da disciplina de Gestão da Cadeia de Suprimentos, de maneira a aprofundar o conhecimento obtido da gestão destes fluxos inseridos no contexto da logística reversa. 2. Logística Reversa de bens pós-venda Segundo Roconi e Nobre, a logística reversa de pós vendas se caracteriza pela devolução de produtos, que por algum motivo não agradou ao consumidor final, podem ser produtos duráveis, semi duráveis ou descartáveis, que foram comercializados pelos diversos canais de distribuição, sendo devolvidos pela própria cadeia de distribuição ou pelo cliente final. Ou seja é a área específica da logística reversa responsável por planejar, operar e controlar o fluxo físico e de informações logísticas de produtos de pós-vendas, que por diferentes motivos, tais como: erros comerciais, falha no processamento de pedido, garantia dada pelo fabricante, avarias no transporte, defeitos ou falhas de funcionamento, entre outros; retornam pela cadeia de distribuição direta. Tem como objetivo reinserir o produto na cadeia produtiva, agregando valor de ordem econômica, ambiental, social e da imagem corporativa. Contribui para a fidelização dos clientes e alavanca a imagem e a marca da empresa. Podem ser divididos por motivos comerciais, garantia/qualidade e substituição de componentes. (GONZAGA e PIZZOLATO, 2003) De acordo com Gonzaga e Pizzolato (2003), os produtos devolvidos podem ter diversos destinos, para isso, são examinados e destinados a um fluxo reverso de distribuição que melhor traga retorno a organização, pode ser vendido a outro mercado, doado, desmanchado para aproveitar alguns componentes, reciclagem industrial e a disposição final em que não pode ser aproveitado. Estrategicamente utiliza-se a logística reversa de pós-vendas, visando agregar valor de alguma maneira, seja econômico, recuperando parte do valor econômico investido, busca também competir no mercado de modo a oferecer serviços diferenciados, além de respeitar as normas legais sobre o tema (ROCONI e NOBRE). 3. Logística Reversa de bens pós-venda na Netshoes A Netshoes foi fundada em 2000 como uma loja física em São Paulo e, dois anos depois, começou a trabalhar paralelamente no comércio online. A operação cresceu e, em 2007, a Netshoes fechou sete lojas físicas para se concentrar no e-commerce, uma atitude considerada ousada pelo mercado na época, mas com foco num único objetivo: oferecer a melhor experiência de compra da internet. Hoje, oferece um portfólio com mais de 38 mil produtos. A Netshoesrealiza entregas em todo o Brasil e oferece diversas modalidades de frete para seus clientes como a entrega normal (gratuita) e agendada. Há também serviços pagos de fretes mais rápidos. A Netshoes oferece informações sobre sua logística reversa através de sua central de relacionamento, separando as em páginas distintas para trocas, cancelamentos, entregas e pagamentos. Em relação à troca no site os clientes têm 30 dias corridos a partir do recebimento do produto. Para os produtos com defeito, o prazo se estende para 90 dias corridos, desde que não tenham nenhum sinal de utilização. Os casos de cancelamentos pelo site da Netshoes podem ser feitos em até 30 dias 4. Logística Reversa de bens pós-consumo São considerados produtos de pós consumo aqueles que tiveram seu ciclo de vida encerrado, que não tenham mais utilidade para o consumidor e que devem ser destinados ao lixo ou re-iniciarem o ciclo produtivo como reciclagem. O objetivo da logística reversa pós-consumo é acrescentar valor a um produto ou marca utilizando bens sem serventia ou interesse por parte do consumidor original mas que ainda possuam alguma condição de utilização, ou que de alguma forma possa representar risco para o Meio Ambiente ou para a saúde da população. Para Leite (2003) apud Lélis; Fortes (2007, p. 3) a logística reversa de pós-consumo está voltada para a gestão de materiais, e as informações logísticas referentes aos bens de pós-consumo descartados pela sociedade em geral que retornam ao ciclo de negócios ou ao ciclo produtivo por meio dos canais de distribuição reversos específicos. Para serem considerados bens de pós consumo é preciso atender às seguintes especificações: ● Condição: Bens de consumo duráveis ou semiduráveis que ainda possuam alguma serventia ou reutilização, com ciclo de vida maior, que percorrerá o canal reverso de reuso em mercado de segunda mão até atingir o fim do ciclo. ● Vida útil: Duas vertentes (Duráveis ou descartáveis). Para produtos descartáveis retornam pelo canal reverso para reciclagem industrial, para então serem reaproveitados e poderão se transformar em matéria-prima secundária, reiniciando o ciclo produtivo ou em alguns casos serão definitivamente descartados como lixo, rumo a aterros sanitários ou incineração. Existe a possibilidade de virarem algum tipo de combustível ou energia para algum outro processo produtivo. Para bens duráveis ou semiduráveis devem utilizar os canais reversos de desmontagem e reciclagem industrial, já que normalmente passarão pelo desmanche e alguns dos seus componentes serão manufaturados novamente ou reaproveitados. Estando de volta ao ciclo produtivo da própria indústria ou de terceiros. Assim como os bens descartáveis, nem tudo pode ser reaproveitado, logo alguns componentes podem ir para reciclagem ou aterros. 5. Logística Reversa de bens pós-consumo no Boticário O Grupo Boticário é, hoje, a maior rede de franquias de beleza no mundo, com quase 4000 lojas no Brasil, divididas entre cerca de 1750 cidades, com 8000 colaboradores e está presente em 8 países. Com objetivo de contribuir para um mundo mais sustentável, a empresa criou o Programa de reciclagem de Embalagens, que tem como objetivo dar um destino adequado para as embalagens vazias. A empresa demonstra que esse programa foi feito por dois motivos principais: O primeiro é o impacto ambiental causado pelo descarte inadequado dessas embalagens, já que demoram muitos anos para se decomporem. O segundo é por garantir benefícios à sociedade, gerando renda destes materiais, com parcerias com cooperativas de catadores. Outros motivos são: Tornar o Boticário uma empresa inovadora no conceito de ciclo de vida do produto; Dificultar a comercialização de produtos, fazendo com que sejam minimizados os danos ambientais e a falsificação. O processo é de seguinte maneira: Existem pontos de coletas das embalagens em mais de 3900 lojas em todo Brasil, depois são recolhidas e doadas para 22 cooperativas parceiras do grupo. Pode se também ser descartadas embalagens quebradas ou cortadas. A ideia é recolher uma grande parte das embalagens e reciclá-los. Com isso, foram colocadas urnas de recolhimento em todas as lojas. Deste modo, os consumidores podem descartar, de melhor maneira, os produtos utilizados. A partir dos pontos de coleta, os produtos seguem para gerenciadores de resíduos e cooperativas de catadores parceiros, que transformam esses materiais em novos produtos. 6. Conclusões A logística reversa está se consolidando como uma nova e crescente preocupação no planejamento e na visão estratégica das empresas. Existe o fator ecológico, de crescente preocupação da sociedade, que exerce pressão sobre as empresas e sobre o governo, a tendência de uma legislação ambiental cada vez mais rigorosa, a exemplo da política nacional de resíduos sólidos, e dentro deste contexto, a busca pela diferenciação no mercado através de uma política de serviços mais liberais para os consumidores e de reduzirem custos, dada a crescente competitividade no cenário global, faz com que as empresas dêem mais espaço ao estudo, planejamento e aplicação de estratégias de logística reversa, tanto de bens de pós-consumo quanto de pós-venda. Referências CAVALLAZZI, E. VALENTE, L. Logística reversa – muito além da reciclagem. Logística Descomplicada. 2010. Disponível em <https://www.logisticadescomplicada.com/logistica-reversa-muito-alem-da-reciclagem/> Acesso em 01 de Out de 2017. FREIRES, F. G. M., PINHEIRO, F. A. Or resíduos sólidos e a logística reversa.. In: ADISSI, P. J. PINHEIRO, F. A. Cardoso, R. S. Gestão Ambiental de Unidades Produtivas. 1. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. Cap. 8. GONZAGA, R. G.; PIZZOLATO, D. N. Logística Reversa dos Produtos de Pós-Venda no Segmento de Lojas de Departamento, 2003. Disponível em:< http://www.web-resol.org/textos/arq107.pdf> Acesso em 01 de out. 2017 LEITE, Paulo Roberto. Logística Reversa: meio ambiente e competitividade. São Paulo: Prentice Hall, 2003. O Boticário. Beleza sustentável: reciclagem das nossas embalagens de produtos. Disponível em: <http://vivalinda.boticario.com.br/estilo-de-vida/beleza-sustentavel-reciclagem-das-nossas-embalagens-de-produ tos> Acesso em 02 de out. 2017. ROCONI, A. R. F.; NOBRE, R. R. Logística Reversa de Pós vendas: Estudo de Caso em uma Indústria e Calçados. Disponível em: <http://www.fateclins.edu.br/site/trabalhoGraduacao/dnqWKg614jr9WWkC7gc0R2bUAVP1QODJO.pdf> Acesso em 01 de out. 2017.
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