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Lineações em Rochas

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Fabio Vito Pentagna Paciullo LINEAÇÕES 
LINEAÇÕES 
 
O termo lineação é usado para descrever qualquer estrutura linear que ocorra repetidamente 
numa rocha. Por exemplo, pode se referir a um arranjo de seixos elongados com seus comprimentos 
maiores orientados paralelamente; pode se referir à linha de interseção entre dois planos de foliação 
ou clivagem ou pode estar se referindo a orientação de eixos ou charneiras de microdobras (Fig. 1). 
 
 
 
Figura 1 – Digramas representativos de tipos de lineações (L). Os elementos representados pelos 
retângulos em preto em (a), (b) e (c) podem ser minerais individuais, agregados de minerais 
metamórficos ou outro objeto qualquer como fósseis, seixos, etc. (a) – Lineação simples definida 
pela orientação preferencial de objetos lineares. (b) – Combinação de lineação e foliação, definidas 
pela orientação preferencial de objetos tabulares alongados. (c) – Lineação definida pela orientação 
dos eixos de interseção comuns entre objetos tabulares de orientações variadas. (d) – Lineação 
definida pela orientação dos eixos de microdobras. (e) – Lineação definida pela interseção de duas 
foliações. Extraído de Hobbs, Means & Williams (1976), An Outline of Structural Geology, fig. 6.1, 
pg. 268. 
 
Lineamento, por sua vez, é o termo usado para descrever feições topográficas lineares de 
extensão regional, que provavelmente é o reflexo de uma estrutura crustal (p.ex: traços de um plano 
de falha transcorrente). Em termos simples e precisos, lineação é definida como qualquer arranjo 
linear numa rocha (Hobbs, Means & Willians 1976). As lineações também podem ser primárias 
(origem ígnea ou sedimentar) ou secundárias quando relacionadas com deformação. Lineações em 
rochas deformadas comumente ocorrem nos planos de foliação, porém, existem rochas não foliadas, 
mas com forte lineação dada pela orientação de seus minerais, particularmente em áreas de 
gnaisses. Tais rochas são chamadas de L – tectonitos (p.ex: ver Fig. 4). Quando estão 
geneticamente relacionadas com dobramento, podem se posicionar paralelas ou a 90° com as 
direções dos eixos das dobras (ver texto a seguir e Figs. 2 e 3). 
 1
Fabio Vito Pentagna Paciullo LINEAÇÕES 
I – DESCRIÇÃO DAS LINEAÇÕES 
 
Tipos de lineações comuns são: estrias, eixos de dobras, interseção de foliações, lineação 
mineral, orientações de seixos, boulders e oóides, varetas (rods), mullions e boudins (Hobbs, Means 
& Willians 1976). 
 
• Estrias 
 
Estrias são feições lineares comuns em muitas rochas, porém, não são penetrativas e 
ocorrem comumente em planos de falhas (Hobbs, Means & Willians 1976). Entretanto, dobras 
formadas por dobramento flexural podem gerar estrias perpendiculares aos seus eixos nas 
superfícies de acamamento (Fig. 2). 
 
 
Figura 2 – Estrias e slickenside nas superfícies 
de acamamento em dobras formadas por 
dobramento flexural. As estrias são 
perpendiculares em relação aos eixos das 
dobras (f). Extraído de Ramsay, J.G. & 
Huber, M.I. (1987), The Techniques of 
Modern Structural Geology, fig.21.11, pg. 
452. 
 
• Eixos de microdobras – lineação de crenulação 
 
Charneiras de dobras são feições lineares que podem ou não constituir lineações, 
dependendo do tamanho das dobras e da área sob consideração. Crenulações, associadas ou não a 
formação de clivagem, forma proeminente lineação de crenulação. Na Fig. 3, duas lineações de 
crenulação, perpendiculares entre si estão definidas por dois conjuntos de dobras. 
 
 
 
 Figura 3 – Interseção de lineações de crenulação definidas por microdobras, em xisto do Monte 
Robe, perto de Broken Hill, Austrália. Extraído de Hobbs, Means & Williams (1976), An Outline of 
Structural Geology, fig. 6.2, pg. 269. 
 
 
 2
Fabio Vito Pentagna Paciullo LINEAÇÕES 
• Lineação Mineral 
 
Lineação mineral pode ser definida como a orientação preferencial de grãos 
inequigranulares ou por agregados alongados de minerais (Hobbs, Means & Willians 1976). No 
primeiro caso, a lineação é gerada pela orientação preferencial de minerais, em geral, prismáticos 
(Fig. 4). No segundo caso, por agregados alongados de minerais metamórficos ou por sombras de 
pressão (agregados de grãos novos crescendo nos lados opostos de porfiroblastos ou grãos 
detríticos. Fig. 5). 
 
Figura 4 – Lineação mineral definida pela orientação preferencial de cristais de honrblenda, 
Garbenschiefer de Klimpfjäll, Västerbotten, Suíça. Extraído de Hobbs, Means & Williams (1976), 
An Outline of Structural Geology, fig. 6.4, pg. 271. 
 
 
Figura 5 – Lineação definida por sombras de 
pressão associadas com cristais de magnetita, 
em filitos do Maciço Rocroi, Ardênia. 
Extraído de Hobbs, Means & Williams 
(1976), An Outline of Structural Geology, fig. 
6.7, pg. 275. 
 3
Fabio Vito Pentagna Paciullo LINEAÇÕES 
• Seixos, Boulders e Oóides 
 
Grãos detríticos ou fragmentos de qualquer tamanho podem ser deformados e/ou 
rotacionados e definirem uma lineação dada pelas orientações e paralelismo de seus comprimentos 
maiores. Tal lineação é mais marcante quando ocorre em camadas com seixos e/ou boulders. 
Oóides são aproximadamente esféricos e, portanto, devem se deformar, mais do que rotacionar, 
antes de definirem uma lineação. Assim, se antes da deformação eram esféricos, transformam-se em 
elipsóides depois (Hobbs, Means & Willians 1976). 
• Varetas (rods), Mullions e Boudins 
 
O termos vareta (rod), mullion e boudin são tratados juntos porque as estruturas que eles 
descrevem gradam morfologicamente uma para a outra, mais do que constituírem classes de 
estruturas diferentes (Hobbs, Means & Willians 1976). 
Vareta (rod) é um termo puramente descritivo usado para caracterizar corpos alongados 
monominerálicos, demonstradamente não originados da ruptura de alguma camada. São feições 
comuns em áreas metamórficas de qualquer grau, sendo a maioria constituída por corpos alongados 
de quartzo (Fig. 6). A origem do quartzo é causa de discussões - tanto pode ser por segregação 
metamórfica como descrito originalmente (Wilson 1953), como pode estar representando seixos de 
quartzo altamente alongados por deformação (Fig. 7). Em seção vertical as varetas podem ter 
qualquer forma de contorno, desde elíptica até formas irregulares. São geralmente acreditadas como 
alongadas paralelamente aos eixos de dobras de mesma fase de deformação. 
 
 
 
Figura 6 – Varetas de quartzo no xisto Moine, Bem Huting, Escócia. Extraído de Hobbs, Means & 
Williams (1976), An Outline of Structural Geology, fig. 6.8, pg. 276. 
 4
Fabio Vito Pentagna Paciullo LINEAÇÕES 
 
Figura 7 – Varetas definidas por seixos de quartzo alongados por deformação, quartzito A3 da 
Seqüência Deposicional Andrelândia, Carrancas, Minas Gerais, Brasil. Neste caso, as varetas estão 
paralelas as direções dos eixos de dobras regionais D2. 
 
Mullions é o termo usado para descrever um tipo de estrutura tanto arquitetônica quanto 
geológica. Em Arquitetura, mullions são colunas de pedra meio-cilíndricas que revestem janelas de 
igrejas de estilo Gótico (Fig. 8A). Em Geologia, mullions são corrugações com esta geometria, 
geralmente observadas na superfície de acamamento, no contato entre litologias de competências 
contrastantes (p.ex: argilito-arenito) (Figs. 8B e 9). Embora o termo seja usado com conotação 
descritiva, tem também um significado genético. A origem da estrutura parece estar relacionada àformação de dobras cúspide-lobato por encurtamento paralelo ao aleitamento - mecanismo de 
dobramento onde o contraste de competência é alto, com engordamento inicial da camada 
competente e posterior formação de dobras cúspide-lobato (ver capítulo “Mecanismos de 
Dobramento”). Assim, a estrutura mullion seria uma espécie de feição erosional originada pela 
exposição de charneiras de dobras cúspide-lobato na superfície de contato entre camadas de 
competência contrastantes. São estruturas orientadas paralelamente aos eixos de dobras regionais. 
 
 
Figura 8 – Estrutura mullion. A – adornando 
janela de igreja gótica. B – extendidas no 
chão como ocorrem na natureza. Extraído de 
Davis, G.H. (1984), Structural Geology of 
Rocks and Regions, fig. 12.38, pg. 427. 
 
 5
Fabio Vito Pentagna Paciullo LINEAÇÕES 
 
Figura 9 – Estrutura mullion na superfície de acamamento (subvertical) entre arenito e pelito. North 
Eifel, Alemanha. Extraído da Internet, www.google.com - imagem – mullion. 
Boudinage é uma estrutura que se forma pela segmentação de corpos pré-existentes que são 
geralmente mais competentes do que o material que os envolve. É o que acontece em sucessões 
estratificadas de camadas com contrastes de competência quando submetidas a estiramento – as 
camadas competentes quebram-se em corpos pequenos alongados alinhados paralelamente uns aos 
outros (Fig. 10). 
Figura 10 – Representação esquemática de boudinage normal (a) e tablete de chocolate (b), 
mostrando a relações deles com dobramento associado. Também estão ilustrados os principais 
termos utilizados. Extraído de Hobbs, Means & Williams (1976), An Outline of Structural Geology, 
fig. 6.10, pg. 278. 
 6
Fabio Vito Pentagna Paciullo LINEAÇÕES 
Outros objetos menos comuns como seixos, fósseis e minerais também mostram boudinage. 
Os boudins podem estar separados pelo material que os envolve (Fig. 11b) ou por agregados 
minerais que porventura tenham crescidos in situ conforme os corpos se separam (p.ex: veios de 
quartzo ou calcita) (Fig. 11a). 
 
(a) (b) 
Figura 11 – (a) – boudins separados por veios de calcita. Turbiditos siliciclásticos neoproterozóicos 
da Fm Amis River, Turbiditos Zerrissene, Namíbia, África. (b) – boudin de pelito totalmente 
envolvido por mármore branco. Fm Gemsbock River, Turbiditos Zerrissene, Namíbia, África. 
Quando a boudinage é incompleta, os corpos competentes mostram estrangulamento, mas 
não sua ruptura. Esta estrutura é conhecida como pinch and swell (Fig. 12). 
 
 Figura 12 – Estrutura pinch and swell e 
boudinage em veio de quartzo originado por 
segregação metamórfica em biotita 
xisto/gnaisse da Seqüência Deposicional 
Andrelândia, Andrelândia, Minas Gerais, 
Brasil. 
Boudins estão geralmente alinhados paralelamente aos eixos de dobras associadas, mas exceções 
são conhecidas e em algumas ocasiões as rochas podem segmentarem-se em duas direções e 
 7
Fabio Vito Pentagna Paciullo LINEAÇÕES 
produzirem uma boudinage equidimensional, em vez daquela típica de forma alongada. São as 
boudinagens de tablete de chocolate (Fig. 10b). 
II – ORIGEM DE LINEAÇÕES 
 
 No período entre 1935-1960, lineações eram utilizadas indiscriminadamente como 
indicadores da “direção de transporte tectônico” – para alguns significava a “direção de máxima 
extensão finita”, enquanto para outros representavam a “direção que uma massa de rochas foi 
deslocada em relação à outra”. Além disso, o posicionamento das lineações em relação aos eixos 
de dobras associadas envolvia discussões em torno de três possibilidades - as lineações eram sempre 
paralelas aos eixos de dobras associadas, eram sempre perpendiculares ou faziam qualquer ângulo. 
Hoje em dia, estas três possibilidades são aceitas. 
 
• Lineação mineral 
 
Lineações definidas por grãos minerais alongados apresentam o mesmo problema 
encontrado para explicar o desenvolvimento de foliações (ver capítulo “Foliação e Clivagem”). Se a 
lineação é definida mais pela orientação preferencial de dimensões de grãos minerais (p.ex: a 
direção do seu maior comprimento) do que por uma direção cristalográfica (p.ex: eixo 
cristalográfico C), então vários mecanismos de formação podem ser invocados. Eles incluem 
deformação de grãos, crescimento preferencial e rotação, ou seja, os mesmos mecanismos de 
formação de foliações. Mesmo onde a orientação preferencial de dimensões coincide com uma 
orientação preferencial cristalográfica, como acontece com cristais de hornblenda e sillimanita que 
ficam alongadas paralelamente aos eixos cristalográficos C, também existe a possibilidade do 
mecanismo de formação ser por rotação bem como por crescimento preferencial orientado. De novo 
torna-se difícil distinguir-se entre orientação dada por rotação ou por stress aplicado. Assim, 
considera-se os dois mecanismos como possíveis. 
O mesmo acontece para lineações definidas pela orientação de agregados minerais – se é um 
fenômeno de crescimento preferencial orientado ou rotação. Sombras e franjas de pressão são 
provavelmente um fenômeno de crescimento orientado e geralmente acreditado como desenvolvido 
em porções da rocha onde o stress principal é baixo devido ao efeito de anteparo (escudo) que o 
grão hospedeiro causa – funciona como um corpo rígido numa matriz em deformação plástica. 
Outras lineações deste tipo são melhores interpretadas como produtos de strain ou uma combinação 
de strain e crescimento (cristalização). 
 
• Lineações de seixos e oóides 
 
Oóides e seixos podem se deformar em corpos alongados orientados e definir uma lineação 
(lineação de objetos). Se os objetos forem inicialmente esféricos e tiverem as mesmas propriedades 
mecânicas da matriz que os envolve, então após a deformação o elipsóide de strain do seixo será o 
mesmo da rocha (arcabouço + matriz = corpo homogeneamente deformado). Sob condições onde as 
diferenças nas propriedades mecânicas são significativas, a forma dos seixos (se inicialmente 
esférico) representa o seu strain particular e não o strain da rocha como um todo. Além disso, 
quando há diferenças nas propriedades mecânicas é muito difícil relacionar o strain dos seixos com 
o da rocha uma vez que os seixos não só mudam sua forma, mas em geral, também sofrem rotação 
em relação à matriz. Em geral, se a história do strain for coaxial e a diferença de propriedades 
mecânicas entre arcabouço e matriz forem de pouca magnitude, a teoria prediz que corpos rígidos 
alongados irão se alinhar paralelamente a λ1. Se o strain for não-coaxial, como aquele observado 
em fluido viscoso deformado por fluxo laminar, os corpos rígidos alongados deverão se alinhar no 
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Fabio Vito Pentagna Paciullo LINEAÇÕES 
plano do fluxo laminar e numa direção perpendicular à direção do fluxo (Hobbs, Means & Williams 
1976). 
 
• Varetas, mullions e boudins 
 
Varetas de quartzo da Serie Moine, Escócia, foram interpretadas como geradas por 
segregação metamórfica, segmentação de veios e deformação de seixos (Wilson 1953 e 1961). 
Evidências para cada um desses mecanismos de formação podem ser encontradas em outras áreas, 
mostrando que não há só um mecanismo de formação para varetas. 
Mullions são estruturas também problemáticas, sendo o termo utilizado puramente de 
maneira descritiva. Entretanto, Ramsay (1967) propôs um mecanismo no qual mulllions são 
produtos de dobramento entre camadas de diferentes competências gerando dobras cúspide-lobato. 
O alinhamento das charneiras dessas dobras expostas na interface entre camadasde diferentes 
competências é que produz a estrutura mullion. 
Boudinage é uma estrutura resultante de esforços extencionais. Numa sucessão de rochas de 
diferentes competências, a razão de deformação dúctil que cada litologia experimenta varia. Se a 
razão de strain numa sucessão de rochas como um todo exceder o limite de resistência de uma 
determinada litologia sua de se comportar de maneira dúctil, então esta determinada litologia irá se 
romper ou boudinar. As formas dos boudins em perfil é uma função de diferença de ductibilidade 
entre as camadas competentes e incompetentes envolvidas. Se a diferença é pequena, os boudins 
formam estrangulamento (necking), ou seja, eles se adelgaçam localmente de forma dúctil antes de 
se romperem (Fig.11a). Quanto menor for a diferença, maior é a chance de estrangulamentos e vice-
versa. Em algumas rochas o rompimento nunca ocorre, e os corpos individuais são sòmente 
estrangulados formando estruturas pinch and swell. A presença de boudins alongados (Fig. 10a) 
indica que a direção paralela à camada boudinada, e perpendicular ao comprimento do boudin, foi 
uma direção de estiramento durante pelo menos parte de deformação. A presença de boudinage tipo 
tablete de chocolate (Fig. 11b) indica que em todas as direções dentro da camada boudinada foram 
direções de estiramento durante pelo menos parte da deformação. 
 
 
III – O PROBLEMA DA LINEAÇÃO COMO INDICADOR DE EXTENSÃO PARALELA 
AO EIXO DE DOBRAS 
 
 
 Um dos grandes problemas de lineações é aquele que diz respeito ao seu posicionamento em 
relação a eixos de dobras associadas e a direção de transporte tectônico. Lineações definidas por 
corpos deformados e girados como seixos, são em geral paralelos aos eixos de dobras associadas. 
Esta é uma orientação comum, especialmente em charneiras de dobras e se a lineação é gerada sob 
condições de deformação por strain coaxial – assumindo que eram anteriormente esféricos, indicam 
que os eixos das dobras são paralelos a λ1. Em termos de strain, dentro de um corpo de rocha, isto 
não representa nenhum problema; não há razão porque charneira de dobra não possa ser paralela ao 
eixo λ1 do elipsóide de strain principal ou, paralelo a λ3 se λ2 for também um eixo de encurtamento 
(Fig. 13). Entretanto, dobramentos do tipo em consideração são geralmente de eixos horizontais ou 
inclinados suavemente e, se a charneira é paralela a λ1, com certeza haverá um problema de espaço 
a ser resolvido quando consideramos o dobramento em escala regional. Análises de strain em 
oóides e manchas de redução (reduction spots) indicam alguma extensão paralela a eixo de dobra, 
mas a extensão máxima se dá perpendicular ao eixo. Experimentos com material fortemente 
anisotrópico mostraram que quando sofre dobramento, pouca extensão (geralmente < 15%) ocorre 
paralelamente ao eixo das dobras formadas, mesmo a altas taxas de encurtamento (>75%). A 
 9
Fabio Vito Pentagna Paciullo LINEAÇÕES 
principal extensão é perpendicular aos eixos das dobras a pesar do fato de que as forças externas 
resistentes à extensão (provida pela pressão confinante) serem a mesma em todas as direções e 
paralelas ao plano axial das dobras. Assim, rochas com foliações podem determinar que a 
deformação seja aproximadamente por strain plano (λ2 = 0). 
 
 
 
Figura 13 – Possíveis relações entre charneiras (eixos) de dobras e eixos principais do strain geral 
(mean strain). Em (a), (b) e (c) tem-se charneiras paralelas a λ1, λ2 e λ3,respectivamente. (d) ilustra, 
em parte, o caso geral onde a linha de charneira (eixo) é inclinada a todos os eixosprincipais do 
elipsóide de strain. Extraído de Hobbs, Means & Williams (1976), An Outline of Structural 
Geology, fig. 6.13, pg. 284. 
 
 
 Uma outra solução seria considerar que a lineação não é realmente paralela ao eixo principal 
de extensão do elipsóide de strain geral (mean strain) e sim do strain particular de uma determinada 
camada. Por exemplo, numa sucessão estratificada sob dobramento, é possível que o λ1 de uma 
camada competente seja paralelo ao eixo das dobras formadas nestas camadas e que ambos, λ1 e os 
eixos, sejam paralelos ao λ2 do elipsóide do strain geral (Fig. 14). Assim, se a lineação for 
encontrada sòmente nas camadas competentes ela será uma lineação extencional sem estar paralela 
ao eixo principal de extensão do strain geral. 
 
 
 
 
 
 
 
 10
Fabio Vito Pentagna Paciullo LINEAÇÕES 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 14 – Diagrama ilustrando como o eixo principal de extensão λ1 (b) de algumas camadas 
dobradas pode ser paralelo a charneiras de dobras mesmo que estas sejam perpendiculares ao eixo 
λ1 do strain geral (c). As dimensões de AD medidas paralelamente ao acamamento decrescem 
durante o dobramento, mas a área de ABCD é mantida por extensão paralela a AB. A espessura das 
camadas competentes (pontilhado) não se modifica e λ1 em cada ponto dessas camadas é paralelo a 
linha de charneira. A espessura das camadas incompetentes sofrem modificações e λ1 do elipsóide 
de strain geral (c) é perpendicular as linhas de charneiras das dobras formadas. Extraído de Hobbs, 
Means & Williams (1976), An Outline of Structural Geology, fig. 6.14, pg. 286. 
 
 
 Ainda uma outra possibilidade seria considerarmos que lineações e eixos de dobras formam-
se fazendo ângulos com a direção principal de extensão do elipsóide geral de strain (eixo X) e que, 
com um movimento contínuo de cisalhamento simples, estes elementos sofreriam rotação e 
tenderiam a se tornarem subparalelos à direção principal de extensão do elipsóide geral de strain. 
Este mecanismo foi proposto para milonitos ao longo de grandes falhas de empurrão. Nestas zonas, 
os eixos de dobras são comumente paralelas a uma lineação acreditada como paralela à direção de 
transporte tectônico e que, onde o movimento foi intenso, também deveria ser paralela ao eixo 
principal de elongação do milonito (Hobbs, Means & Willians 1976. Fig.15). 
 
 11
Fabio Vito Pentagna Paciullo LINEAÇÕES 
 
 
Figura 15 – Diagrama mostrando como charneiras de dobras precoces podem ser rotacionadas, 
dentro de uma zona de cisalhamento, para um paralelismo com a direção do transporte tectônico 
(empurrão). Partes (a)-(c) mostram como, numa escala regional, a crosta é encurtada primeiro por 
dobramento e depois por empurrão. Partes (d) e (e) mostram o que acontece numa escala menor. O 
empurrão é assumido de ser alcançado sòmente por deformação dúctil concentrada numa zona 
restrita e o strain é considerado como de cisalhamento simples. Considerando que o strain é plano 
(λ2 = 0) o eixo principal de extensão λ1 para a face frontal do bloco é, em 3D, o eixo principal de 
extensão da zona deformada. Conforme o cisalhamento continua, este eixo e as charneiras de dobras 
irão rotacionar para a direção do transporte tectônico (e). Extraído de Hobbs, Means & Williams 
(1976), An Outline of Structural Geology, fig. 6.15, pg. 287. 
.
 No diagrama da fig. 15, para simplificação, o strain na zona milonítica é assumido como 
cisalhamento simples homogêneo; na realidade deve ser heterogêneo e provavelmente não sòmente 
cisalhamento simples. Entretanto, em tal ambiente é de se esperar que a história do strain seja não-
coaxial e acredita-se que suas características principais possam ser representadas pelo modelo de 
cisalhamento simples. Não é necessário que as dobras pré-datem os empurrões; dobras 
contemporâneas irão rotacionar da mesma maneira. Entretanto, como desenhado no diagrama, as 
dobras e os empurrões podem pertencer a um esquema de deformação contínua (Fig. 15 a-c), em 
resposta a forças contínuas que deformam inicialmentepor dobramento e depois por falhamento. 
 
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA 
 
DAVIS, G.H. 1984. Structural Geology of Rocks and Regions. New York, John Wiley & Sons, Inc., 
492 p. 
 
LOCKZY, L. de & LADEIRA, E. 1976. Geologia Estrutural e Introdução a Geotectônica. São 
Paulo, Edgard Blucher Ltd; Rio de Janeiro, CNPq, 528 pgs. 
 
 12
Fabio Vito Pentagna Paciullo LINEAÇÕES 
RAMSAY, J.G. & HUBBER, M.I. 1987. The Techniques of Modern Structural Geology, vol. 2: 
Folds and Fractures. Academic Press, 700 pgs. 
 
TWISS, R.J. & MOORES E.M. 1992, Structural Geology, W.H. FREEMAN & COMPANY ed., 
532 pgs. 
 
 13

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