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ÉTICA E LEGISLAÇÃO APLICADA NO PROCESSO DE AUDITORIA OBJETIVOS 1. Refletir sobre as implicações éticas em torno da igualdade. 2. Refletir sobre as implicações éticas em torno da liberdade. 3. Compreender as competências, funções e as atividades profissionais do auditor médico frente ao sistema de saúde nacional do Brasil. 4. Entender a definição de auditoria médica, os diversos os processos, a operacionalização da atividade profissional e fiscalização e compreender ética médica na Auditoria de Saúde e as normas que regulam as atividades do auditor. OS DESDOBRAMENTOS DA ÉTICA: IGUALDADE E LIBERDADE Para Bobbio (2000): A igualdade pode ser abordada quando nos referimos a determinadas características individuais, “quer da distribuição feita por alguém pelo menos entre outros dois, quer ainda das normas que estabelecem como tal distribuição há de ser efetuada. IGUALDADE IGUALDADE E DESIGUALDADE São conceitos descritivos. Com efeito que A e B tenham a mesma idade, nacionalidade ou rendimentos é coisa que pode empiricamente. Verificar-se como a afirmação de que A tem maior habilidade ou aptidão que B. Estas asserções, descritivas e não normativas, têm sido chamadas juízos distintos de valores, segundo Bobbio (2000, p. 598) . IGUALDADE SOCIAL Tem como base a noção de que os indivíduos devem ser tratados como iguais em todas as áreas que interferem nas suas oportunidades, como a educação, o mercado de trabalho, o consumo e acesso aos bens sociais. SISTEMATIZAÇÃO DA QUESTÃO DA IGUALDADE Elaborada por Turner através da indicação de quatro circunstâncias em que a igualdade é colocada como uma questão: Igualdade ontológica é referente aos sistemas morais e religiosos como o cristianismo tradicional e o marxismo humanista. Igualdade de oportunidade destaca que o acesso às instituições sociais é livremente aberto a todos as pessoas por meio de critérios universais como a meritocracia, o talento pessoal e o desempenho. Igualdade de condições aponta que os indivíduos têm a mesma quantidade de capital econômico, social e cultural, no reconhecimento de que os que estão competindo pelos ganhos sociais devem iniciar do mesmo ponto e com iguais vantagens. Igualdade de resultado, reconhece que a “transformação de desigualdades no ponto de partida em igualdade de conclusão”, cujo principal exemplo são os programas de cotas de cunho social e étnico. Daniele Destacar Daniele Destacar Daniele Destacar Daniele Destacar ESTRATIFICAÇÃO É entendida como o sistema social por meio do qual os bens como riqueza, poder e prestígio são distribuídos de modo desigual no interior ou entre as sociedades. A estratificação ocorre, por meio da diferenciação dos indivíduos em categoriais coletivas como sexo, raça e classe social, segundo JOHNSON, (1997). Daniele Destacar A ESTRATIFICAÇÃO Pode também assumir a forma de casta que “são categorias rígidas determinadas por ocasião do nascimento e não permitem mobilidade de uma casta a outra”. Este sistema está presente na Índia, em contextos sociais de preconceito racial como foram os casos dos EUA e da África do Sul. LIBERDADE, conforme Aranha e Martins (2003): Está associada a tudo poder fazer, sem constrangimentos. Podemos considerar a liberdade em sentidos mais amplos, por exemplo, no âmbito da política, economia, leis, sociedade, espaços específicos em que os indivíduos se relacionam entre si no exercício do poder, dos negócios, do direito, no convívio pessoal. Esses campos tenham suas características próprias, em todos eles perpassa a liberdade ética, que diz respeito ao sujeito moral, capaz de decidir com autonomia em relação a si mesmo e aos outros. Daniele Destacar Concepção negativa a liberdade significa a ausência de restrição desnecessária ou danos. No sentido mais amplo, livre “da interferência deliberada de outros seres humanos em uma área em que, não fosse isso, eu poderia atuar”. Perspectiva positiva da liberdade é expressa pela propriedade de direitos cujo uso é “benéfico para aquele que os possui”. Na atualidade podemos acrescentar a ideia da liberdade está associada à concepção de cidadania, resultando o estabelecimento dos chamados direitos civis, políticos e sociais. O reconhecimento da liberdade não pode se restringir a uma concepção abstrata, mas como algo que se mede e se efetua no exercício dos indivíduos inseridos no cotidiano social. Daniele Destacar AUDITOR FRENTE AOS CÓDIGOS VIGENTES NO PAÍS AUDITOR MÉDICO NO SISTEMA DE SAÚDE NACIONAL O auditor é habilitado pela sua competência, possui postura e credibilidade profissional necessária para exercer sua função. A auditoria dos eventos de saúde constitui mecanismos de controle e avaliação dos recursos e procedimentos adotados. Que objetiva resolubilidade e melhor qualidade da prestação dos serviços. A auditoria médica se distingue como ato médico e exige conhecimento técnico da profissão. AUDITORIA MÉDICA, segundo Loverdos (1999): Consiste em uma análise, à luz das boas práticas de assistência à saúde e do contrato entre as partes: Paciente. Médico. Hospital. Patrocinador do evento. Procedimentos executados. Aferimento da execução. Conferência dos valores cobrados. Garantir o pagamento justo e correto. Acompanhar a qualidade do atendimento prestado ao paciente. AUDITORIA MÉDICA Realiza a revisão. Perícia. Intervenções e exames de contas de serviços ou procedimentos prestados por estabelecimentos de saúde. É executada por auditores ligados a um prestador de saúde e operadoras de planos de saúde (agente financeiro) responsável pelo pagamento das contas hospitalares e ambulatoriais. FISCALIZAÇÃO DA PRÁTICA DOS ATOS MÉDICOS O Conselho Federal de Medicina – CFM dispõe da Resolução nº 1.614/2001, que determina que o médico designado a auditor deve estar regularizado no Conselho Regional de Medicina na jurisdição em que presta serviço. As empresas que realizam auditoria, tem a obrigatoriedade de seus responsáveis técnicos estejam registrados nos CRM das jurisdições em que seus contratantes atuam. A FUNÇÃO DO AUDITOR MÉDICO Exige o sigilo profissional, devendo sempre anotar por escrito suas observações, conclusões e recomendações. Durante a realização do seu trabalho, pode solicitar esclarecimentos necessários, por escrito, ao médico assistente. É vedado divulgá-los, exceto por justa causa ou dever legal. Existindo indícios de ilícito ético, o médico auditor obriga-se a comunicá-los ao CRM. NO CASO DE INDÍCIOS DE IRREGULARIDADES No atendimento ao paciente em que a verificação necessite de análise do prontuário médico. É consentido o acesso aos documentos e realização de cópias para execução da auditoria. O auditor não poderá: autorizar, vetar, bem como modificar procedimentos e terapêuticas indicados pelo médico assistente, salvo em situação de indiscutível conveniência para o paciente. Neste caso, deverá fundamentar e comunicar o fato, por escrito, ao médico responsável. EQUIPE MULTIPROFISSIONAL Na condição de integrante de equipe multiprofissional de auditoria. O médico deve respeitar a liberdade e independência dos outros profissionais. Sem permitir a quebra do sigilo médico, bem como transferir sua competência a outros profissionais, mesmo quando pertencentes à sua equipe. ÉTICA MÉDICA NA AUDITORIA EM SAÚDE Um dos desafios do médico auditor é de não incorrer no equívoco de ultrapassar os limites de suas atribuições, infringir o Código de Ética Médica. Em determinado momentos os médicos investidosda função de auditores, ao defenderem os interesses econômicos da empresa que os contratou, esquecem-se dos princípios éticos básicos, incompatibilizando-se com os seus pares de profissão. Um dos fatores que gera frequentemente processos éticos contra auditores refere-se ao conflito de interesses entre os prestadores de serviços (médicos, clínicas, hospitais) e os agentes financeiros (planos de assistência a saúde). O EQUILÍBRIO DESTA RELAÇÃO Está o segredo do relacionamento ético entre auditor e auditado. O Código de Ética Médica destaca-se os artigos que tratam da atividade do médico auditor: XVII - As relações do médico com os demais profissionais devem basear-se no respeito mútuo, na liberdade e na independência de cada um, buscando sempre o interesse e o bem-estar do paciente. É vedado ao médico: Art. 92. Assinar laudos periciais, auditorias ou de verificação médico-legal quando não tenha realizado pessoalmente o exame. Art. 93. Ser perito ou auditor do próprio paciente, de pessoa e sua família ou de qualquer outra com a qual tenha relações capazes de influir em seu trabalho ou de empresa em que atue ou tenha atuado. Art. 94. Intervir, quando em função de auditor, assistente técnico ou perito, nos atos profissionais de outro médico, ou fazer qualquer apreciação em presença do examinado, reservando suas observações para o relatório. Art. 95. Realizar exames médico-periciais de corpo de delito em seres humanos no interior de prédios ou de dependências de delegacias de polícia, unidades militares, casas de detenção e presídios. Art. 96. Receber remuneração ou gratificação por valores vinculados à glosa ou ao sucesso da causa, quando na função de perito ou de auditor. Art. 97. Autorizar, vetar, bem como modificar, quando na função de auditor ou de perito, procedimentos propedêuticos ou terapêuticos instituídos, salvo, no último caso, em situações de urgência, emergência ou iminente perigo de morte do paciente, comunicando, por escrito, o fato ao médico assistente.
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