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ET720 – Sistemas de Energia Ele´trica I 1 Semestre 2011 Cap´ıtulo 5 – Linhas de transmissa˜o – Parte 1 5.1 Introduc¸a˜o I Componentes de uma linha de transmissa˜o: (1) condutores (2) isoladores (cadeia de isoladores de porcelana ou vidro) (3) estruturas de suporte (torres, postes) (4) cabos pa´ra-raios (cabos de ac¸o colocados no topo da estrutura para protec¸a˜o contra raios) (1) (2) (3) (4) 5.2 Classes de tensa˜o I Sigla Denominac¸a˜o Valores t´ıpicos de tensa˜o (de linha) LV low voltage < 600 V MV medium voltage 13,8 23 34,5 69 kV HV high voltage 115 138 230 kV EHV extra high voltage 345 440 500 600DC 765 kV UHV ultra high voltage 1100 kV – 1 – 5.3 Tipos de condutores I Material No passado: cobre Atualmente: cobre, alum´ınio(∗) (∗) mais barato, mais leve, requer a´rea da sec¸a˜o reta maior que o cobre para as mesmas perdas I Ae´reos, subterraˆneos I Unidades mais comumente usadas: � comprimento: metro [m], pe´ (foot) [ft], milha (mile) [mi] 1 ft = 0,3048 m 1 mi = 1609 m � a´rea da sec¸a˜o reta: milimetro quadrado [mm2], circular mil [CM](∗) (∗) 1 CM = a´rea de um condutor de um mile´simo de polegada (mil) de diaˆmetro – 2 – I Condutores de alum´ınio (linhas ae´reas): Sigla (Ingleˆs/Portugueˆs) Significado (Ingleˆs/Portugueˆs) AAC / CA all aluminum conductor (alum´ınio puro) AAAC / AAAC all aluminum alloy conductor (liga de alum´ınio pura) ACSR / CAA aluminum conductor steel reinforced (alum´ınio com alma de ac¸o) ACAR / ACAR aluminum conductor alloy reinforced (alum´ınio com alma de liga de alum´ınio) outros para aplicac¸o˜es especiais � ACSR (alum´ınio com alma de ac¸o): ac¸o mais barato que alum´ınio, a alma de ac¸o o faz ser mais resistente a` trac¸a˜o (admite lances maiores) → e´ o mais utilizado – 3 – � liga de alum´ınio: alum´ınio + magne´sio/sil´ıcio, por exemplo � os condutores sa˜o nus (na˜o ha´ camada isolante) � condutores sa˜o torcidos para uniformizar a sec¸a˜o reta. Cada camada e´ torcida em sentido oposto a` anterior (evita que desenrole, empacotamento e´ melhor) ACSR (CAA) AAC (CA) � Cabos de cobre (linhas subterraˆneas): so´lidos ou encordoados. Condutores isolados com papel impregnado em o´leo. Existem outros tipos de isolac¸a˜o – 4 – � Cabos ACCC (Aluminum Composite Conductor Core) – nu´cleo de carbono envolvido por fibra de vidro. As fibras de carbono esticam menos que o ac¸o. A fibra de vidro na˜o resulta na corrosa˜o t´ıpica que ocorre no contato ac¸o/alum´ınio alum´ınio alum´ınio alma de ac¸o composto ACSR tradicionalcondutor ACCC condutor ACCC • Mais caro • Maior capacidade de corrente • Menor sag Sag – 5 – � Exemplo Determine a a´rea de alum´ınio e a a´rea externa total do condutor ACSR 26/7 Linnet em cm2. De acordo com a tabela A.3, o condutor Linnet apresenta as seguintes caracter´ısticas: A´rea de alum´ınio : 336.400 CM Diaˆmetro externo : 0,721 in2 Calculando a a´rea de alum´ınio em cm2: 1 CM = pi ( 0,001 2 )2 in2 336.400 CM = SAl ⇒ SAl = 0,264 in 2 = 1,7 cm2 que corresponderia a um condutor de alum´ımio de 1,47 cm de diaˆmetro. A a´rea externa total e´: Sext = pi ( 0,721 2 )2 = 0,408 pol2 = 2,634 cm2 Visualizando: diaˆmetro equivalente de alum´ınio 1,47 cm diaˆmetro externo 1,83 cm � – 6 – 5.4 Projeto de linhas de transmissa˜o I Fatores ele´tricos: Determinam o tipo de condutor, a a´rea e o nu´mero de condutores por fase Capacidade te´rmica: condutor na˜o deve exceder limite de temperatura, mesmo sob condic¸o˜es de emergeˆncia quando pode estar temporariamente sobrecarregado Nu´mero de isoladores: manter distaˆncias fase-estrutura, fase-fase etc. Deve operar sob condic¸o˜es anormais (raios, chaveamentos etc.) e em ambientes polu´ıdos (umidade, sal etc.) Esses fatores determinam os paraˆmetros da linha relacionados com o modelo da linha I Fatores mecaˆnicos: Condutores e estruturas sujeitos a forc¸as mecaˆnicas (vento, neve etc.) I Fatores ambientais: Uso da terra (valor, populac¸a˜o existente etc.) Impacto visual (este´tico) I Fatores econoˆmicos: Linha deve atender todos os requisitos a um m´ınimo custo – 7 – 5.5 Paraˆmetros das linhas de transmissa˜o torre isoladores condutor ifuga i campo ele´trico campo magne´tico I Resisteˆncia (R) Dissipac¸a˜o de poteˆncia ativa devido a` passagem de corrente I Condutaˆncia (G) Representac¸a˜o de correntes de fuga atrave´s dos isoladores (principal fonte de condutaˆncia) e do efeito corona Depende das condic¸o˜es de operac¸a˜o da linha (umidade relativa do ar, n´ıvel de poluic¸a˜o, etc.) O efeito corona ocorre quando campos ele´tricos muito intensos na superf´ıcie do condutor causam a ionizac¸a˜o do ar, que se torna um condutor E´ muito varia´vel, em func¸a˜o dos fatores acima Seu efeito e´ em geral desprezado (sua contribuic¸a˜o no comportamento geral de operac¸a˜o da linha e´ muito pequena) – 8 – I Indutaˆncia (L) Deve-se aos campos magne´ticos criados pela passagem das correntes I Capacitaˆncia (C) Deve-se aos campos ele´tricos: carga nos condutores por unidade de diferenc¸a de potencial entre eles I Com base nessas grandezas que representam fenoˆmenos f´ısicos que ocorrem na operac¸a˜o das linhas, pode-se obter um circuito equivalente (modelo) para a mesma, como por exemplo: Fonte GG CC R X Carga Linha de transmissa˜o 5.6 Resisteˆncia (R) I Causa a dissipac¸a˜o de poteˆncia ativa: R = poteˆncia dissipada no condutor I2ef – 9 – I Resisteˆncia CC: R0 = ρ ` A Ω ρ − resistividade do material (Ω ·m) ` − comprimento (m) A − a´rea da sec¸a˜o reta (m2) I Cobre recozido a 20◦: ρ = 1,77× 10−8 Ω ·m Alum´ınio a 20◦: ρ = 2,83× 10−8 Ω ·m I ρ depende da temperatura → R0 varia com a temperatura (ρ aumenta → R0 aumenta): R2 R1 = T + t2 T + t1 em que a constante T depende do material: T = 234,5 cobre recozido com 100% de condutividade 241,0 cobre teˆmpera dura com 97,3% de condutividade 228,0 alum´ınio teˆmpera dura com 61% de condutividade t t1 t2 R1 R2 T R – 10 – I R0 aumenta de 1 a 2% para cabos torcidos (fios de alum´ınio torcidos, p.ex. cabos ACSR) Para se ter x metros de cabo, necessita-se de 1,01x a 1,02x metros de fios para depois agrupa´-los e torceˆ-los I Em corrente alternada a distribuic¸a˜o de corrente na˜o e´ uniforme pela sec¸a˜o reta do condutor → a corrente concentra-se na periferia do condutor “A´rea u´til” para passagem da corrente diminui → RAC > R0 → efeito pelicular (“skin effect”) � Exemplo Um cabo AAAC Greeley (6201-T81) apresenta as seguintes caracter´ısticas (dados de tabela): resisteˆncia CC a 20◦ 0,07133 Ω/km resisteˆncia CA a 50◦ 0,08202 Ω/km coeficiente de variac¸a˜o com a temperatura (α) 0,00347 ◦C−1 Calcule o aumento percentual da resisteˆncia devido ao efeito pelicular, considerando a seguinte equac¸a˜o para a variac¸a˜o da resisteˆncia em func¸a˜o da temperatura: R2 = R1 [1 + α (t2 − t1)] A resisteˆncia CC a 50◦ e´: R500 = R 20 0 [1 + α (50 ◦ − 20◦)] = 0,07133 · [1 + 0,00347 · (50◦ − 20◦)] = 0,07876 Ω/km – 11 – A relac¸a˜o entre as resisteˆncias CA (dada) e CC (calculada) a 50◦ e´: R50CA R500 = 0,08202 0,07876 = 1,0414 ou seja, o efeito pelicular faz com que a resisteˆncia CA aumente em 4,14% � 5.7 Indutaˆncia (L) I Relacionada com os campos magne´ticos produzidos pela passagem de corrente pelo condutor → corrente produz campo magne´tico H H H H i i ⊗ – 12 – I Fluxo concatenado com uma corrente (λ): e´ aquele que enlac¸a a corrente l´ıquida � Fluxo concatenado externo ao condutor: a corrente produz um campo magne´tico (φ).O fluxo externo concatenado com a corrente enlac¸a toda a corrente, portanto: i fluxo magne´tico (φ) ⊗ λ = φ � Fluxo concatenado interno ao condutor: o fluxo interno concatenado com a corrente a uma distaˆncia x do centro do condutor de raio R e´: iφ x Rλ λ = φ ( x R )2 Assumindo densidade de corrente (distribuic¸a˜o de carga por a´rea) uniforme, a corrente enlac¸ada a uma distaˆncia x e´ proporcional a` corrente total. Aparece portanto na expressa˜o de λ a relac¸a˜o entre a´reas ( pix2/piR2 ) – 13 – � Fluxo concatenado com uma bobina: i iii i φ ⊗⊗⊗ λ λ = 3φ A bobina tem 3 espiras. Logo, o fluxo concatenado “enxerga” treˆs vezes a corrente i I Lei de Faraday: e = d dt λ Relac¸a˜o entre tensa˜o e corrente para o indutor: e = L d dt i Dividindo uma equac¸a˜o pela outra, obte´m-se uma expressa˜o para a indutaˆncia: L = d di λ – 14 – Se o circuito magne´tico possui permeabilidade magne´tica constante: L = λ i H (∗) (∗) L = d di λ = d di Nφ = N d di BA = NA d di µH = NA d di µ Ni ` = N2A ` d di µi Se o circuito magne´tico possui permeabilidade magne´tica constante: L = N2Aµ ` d di i = N2Aµ ` × (i/i) = N2Aµi `i = Ni ` · NAµ i = H NAµ i = µH NA i = BNA i = φN i = λ i 5.7.1 Indutaˆncia de um condutor I Deve-se calcular a indutaˆncia devido ao fluxo interno no condutor, indutaˆncia devido ao fluxo externo ao condutor e a indutaˆncia total I Considerac¸a˜o: o condutor esta´ isolado, isto e´, outros condutores esta˜o muito afastados e os seus campos magne´ticos na˜o o afetam – 15 – Indutaˆncia devido ao fluxo interno I Considerar um condutor so´lido pelo qual circula uma corrente i I Lei de Ampe`re: ∮ c H d` = ic “a intensidade de campo magne´tico (A/m) ao longo de qualquer contorno e´ igual a` corrente que atravessa a a´rea delimitada por este contorno” Esta expressa˜o e´ va´lida para CC ou CA (utilizar fasores neste caso) I Considerar a seguinte situac¸a˜o (condutor visto de frente): R xdx d` I Resolvendo a equac¸a˜o de Ampe`re: H (2pi x) = pix2 piR2 i → H = x 2piR2 i A/m – 16 – I Densidade de fluxo: B = µr µ0H Wb/m 2 em que µ0 = 4pi · 10−7 H/m e´ a permeabilidade do va´cuo e µr e´ a permeabilidade relativa do material I Considerar o elemento tubular de espessura dx e comprimento `: dx ` dS H dS = ` dx O fluxo magne´tico e´ igual a` densidade de fluxo B vezes a a´rea da sec¸a˜o transversal que o campo atravessa (H ⊥ dS): dφ = B dS Wb Da figura tem-se dS = ` dx e: dφ = µrµoH`dx Wb – 17 – O fluxo por unidade de comprimento do condutor e´ (dividindo por `): dφ = µrµoHdx Wb/m I O fluxo concatenado com a corrente e´ proporcional a` a´rea de raio x : dλ = x2 R2 dφ = x2 R2 µrµ0Hdx = x2 R2 µrµ0 x 2piR2︸ ︷︷ ︸ H idx = µrµ0 x3 2piR4 idx Wb/m Integrando: λint = ∫ R 0 µrµ0 x3 2piR4 idx = µrµ0 8pi i Wb/m e independe do raio do condutor, dependendo somente do material e da intensidade da corrente – 18 – I A indutaˆncia devido ao fluxo interno e´ dada por: Lint = d di λint (∗) = λint i → Lint = µrµ0 8pi H/m (∗) considerando permeabilidade constante e e´ constante. Para materiais como o alum´ınio, cobre, ar, a´gua, tem-se µr = 1 e: Lint = 1 2 · 10−7 H/m Outra maneira de obter a indutaˆncia devido ao fluxo interno e´ atrave´s da energia armazenada no campo magne´tico, que e´ dada por: E = 1 2 Linti 2 J Considerando um cilindro de base circular com raio x e comprimento `, a energia armazenada tambe´m pode ser obtida por: d dV E = 1 2 µrµ0H 2 em que V e´ o volume do cilindro: V = pix2` – 19 – Portanto: d dx V = 2pix` Por unidade de comprimento: dV = 2pix dx Logo: dE = 1 2 µrµ0H 22pix dx = 1 2 µrµ0 ( ix 2piR2 )2 2pix dx Para a obtenc¸a˜o da energia, deve-se integrar de 0 a R, o que resulta em: E = 1 2 µrµ0i 2 1 8pi que, comparando com a primeira expressa˜o da energia fornece: Lint = µrµ0 8pi H/m – 20 – Indutaˆncia devido ao fluxo externo I Considere a seguinte situac¸a˜o em que se deseja obter o fluxo concatenado externo ao condutor: dxx φ i I A corrente total i e´ enlac¸ada. Aplicando a Lei de Ampe`re: ∮ c H d` = i 2pixH = i H = i 2pix I Densidade de campo magne´tico: B (∗) = µ0H = µ0i 2pix (∗) µr = 1 (ar) – 21 – I Fluxo magne´tico (lembrando do elemento tubular de comprimento ` e espessura dx): dφ = BdS = B`dx I Fluxo por unidade de comprimento: dφ = Bdx = µ0i 2pix dx I O fluxo concatenado e´ igual ao fluxo pois o mesmo enlac¸a toda a corrente uma vez: dλ = dφ = Bdx = µ0i 2pix dx I O fluxo concatenado externo deve ser calculado entre dois pontos externos ao condutor: dxx φ i P1 P2 D1 D2 – 22 – I O fluxo entre dois pontos P1 e P2 quaisquer externos ao condutor e´ obtido pela integrac¸a˜o de dλ: λext = λ12 = ∫ D2 D1 dλ em que D1 e D2 sa˜o as distaˆncias dos pontos ao condutor (considera-se que r � x). Logo: λ12 = ∫ D2 D1 µ0i 2pi dx x = µ0i 2pi ln ( D2 D1 ) Wb/m I Indutaˆncia devido ao fluxo externo entre os dois pontos: L12 (∗) = λ12 i = µ0 2pi ln ( D2 D1 ) = 2 · 10−7 ln ( D2 D1 ) H/m (∗) considerando permeabilidade constante 5.7.2 Indutaˆncia de uma linha monofa´sica I Considerar a linha monofa´sica: D r1 r2i −i� ⊗ Hipo´tese simplificadora: r1, r2 � D – 23 – I O fato da corrente no condutor 1 ser i e a corrente no condutor 2 ser −i faz com que o ca´lculo de H para uma distaˆncia maior que a distaˆncia entre os condutores seja nula, pois neste caso a corrente total enlac¸ada sera´ nula (itotal = i + (−i) = 0): � ⊗ 00 I Indutaˆncia externa entre os condutores produzida pelo condutor 1: � Uma linha de fluxo com raio maior ou igual a (D + r2) e com centro no condutor 1 na˜o estara´ concatenada com o circuito, na˜o induzindo portanto nenhuma tensa˜o. Em outras palavras, a corrente enlac¸ada por esta linha de fluxo e´ nula, uma vez que a corrente no condutor 2 e´ igual e de sentido oposto a` do condutor 1 � Uma linha de fluxo externa ao condutor 1 e com raio menor ou igual a (D − r2) envolve uma vez a corrente total � As linhas de fluxo com raios entre (D − r2) e (D + r2) cortam o condutor 2 → envolvem uma frac¸a˜o da corrente do condutor 2 que varia entre 0 e 1 – 24 – I Simplificac¸o˜es: � Admitir D � r1, r2 → (D − r1) ≈ (D − r2) ≈ D � Considerar condutor 2 como um ponto, localizado a uma distaˆncia D do centro do condutor 1 Enta˜o: L1,ext = µ0 2pi ln D r1 I Indutaˆncia externa entre os condutores produzida pelo condutor 2 (lembrar a hipo´tese simplificadora r2 � D e o condutor 1 e´ representado por um ponto localizado no centro do condutor): L2,ext = µ0 2pi ln D r2 I Indutaˆncias internas: como considera-se que cada condutor “enxerga” o outro como um ponto, o fluxo externo de um condutor na˜o afeta o fluxo interno do outro. Enta˜o: L1,int = µrµ0 8pi = 1 2 · 10−7 H/m L2,int = µrµ0 8pi = 1 2 · 10−7 H/m – 25 – I Indutaˆncia total devido ao condutor 1: L1 = L1,int + L1,ext = µrµ0 8pi + µ0 2pi ln ( D r1 ) Considerando que a permeabilidade relativa dos materiais mais comuns das linhas (cobre, alum´ınio) e´ unita´ria e que µo = 4pi · 10−7 H/m: L1 = µ0 2pi [ 1 4 + ln ( D r1 )] = 2 · 10−7 · [ ln ( e1/4 ) + ln ( D r1 )] = 2 · 10−7 · [ ln( e1/4D r1 )] = 2 · 10−7 · [ ln ( D r1e−1/4 )] = 2 · 10−7 ln ( D r ′1 ) H/m A expressa˜o acima e´ parecida com a do fluxo externo, so´ que engloba tambe´m o fluxo interno. Equivale, portanto, ao fluxo externo de um condutor com raio: r ′1 = r1e −1/4 = 0, 7788 r1 que e´ chamado de raio efetivo ou GMR – Geometric Mean Radius ou RMG – Raio Me´dio Geome´trico – 26 – I Indutaˆncia total devido ao condutor 2: o procedimento e´ o mesmo usado para o condutor 1, resultando em: L2 = L2,int + L2,ext = µrµ0 8pi + µ0 2pi ln ( D r2 ) = 2 · 10−7 · [ ln ( D r2e−1/4 )] = 2 · 10−7 ln ( D r ′2 ) H/m onde: r ′2 = r2e −1/4 = 0, 7788 r2 e´ o raio efetivo ou GMR – Geometric Mean Radius do condutor 2. I Indutaˆncia total: e´ a soma das indutaˆncias dos condutores 1 e 2: L = L1 + L2 = 2 · 10−7 · [ ln ( D r ′1 )] + 2 · 10−7 · [ ln ( D r ′2 )] = 2 · 10−7 · [ ln ( D2 r ′1r ′ 2 )] = 4 · 10−7 · [ ln ( D√ r ′1r ′ 2 )] H/m – 27 – � a indutaˆncia depende da distaˆncia entre os fios, dos raios dos condutores e do meio (µr e µ0 esta˜o embutidos no termo 4 · 10−7) � a indutaˆncia independe da corrente I Se os condutores tiverem o mesmo raio: r ′1 = r ′ 2 = r ′ e a indutaˆncia sera´: L = 4 · 10−7 · ln ( D r ′ ) H/m � Exemplo Determine a indutaˆncia de uma linha monofa´sica cuja distaˆncia entre condutores e´ de 1,5 m e o raio dos condutores e´ igual a 0,5 cm Os dois condutores teˆm mesmo raio. O raio efetivo (GMR) e´: r ′ = 0,7788 · 0,5 · 10−2 = 0,0039 m A indutaˆncia da linha vale: L = 4 · 10−7 · ln ( 1,5 0,0039 ) = 2,38 µH/m � – 28 – � Exemplo A corrente pela linha de transmissa˜o monofa´sica do exemplo anterior e´ igual a 120 A (rms), 60 Hz. Uma linha telefoˆnica, cuja distaˆncia entre condutores e´ de 10 cm, esta´ situada no mesmo plano dessa linha, afastada de 1 m, conforme mostra a figura a seguir. Calcule a tensa˜o induzida na linha telefoˆnica em Volts por metro de condutor. Considere que o raio dos condutores da linha telefoˆnica e´ muito menor que as distaˆncias entre condutores do problema 1,5 m 1,0 m 10 cm Linha de transmissa˜o Linha telefoˆnica A tensa˜o induzida na linha telefoˆnica e´ o resultado de um fluxo concatenado entre os dois condutores da linha, produzido pelas correntes nos condutores da linha de transmissa˜o Neste caso, o fluxo concatenado com a linha telefoˆnica tem duas componentes, uma devido a` corrente do condutor 1 (i) e a outra devido a` corrente no condutor 2 (−i). Lembrando que: dλ = µ0i 2pix dx e chamando as componentes de fluxo concatenado de λ1 e λ2, tem-se: λ1 = 2 · 10−7 · i · ∫ 2,6 2,5 1 x dx = 2 · 10−7 · i · ln ( 2,6 2,5 ) λ2 = 2 · 10−7 · (−i) · ∫ 1,1 1,0 1 x dx = −2 · 10−7 · i · ln ( 1,1 1,0 ) – 29 – Notar que a corrente no condutor 2 tem sentido contra´rio a` do condutor 2. O fluxo concatenado total e´: λ = λ1 + λ2 = 2 · 10−7 · i · [ ln ( 2,6 2,5 ) − ln ( 1,1 1,0 )] = −1,1218 · 10−8 · i Wb/m A corrente pelos condutores vale: i(t) = 120 · √ 2 · sen (2pif t) A em que f e´ a frequeˆncia e considerou-se o aˆngulo de fase da corrente nulo (refereˆncia angular) Logo a expressa˜o do fluxo fica: λ = −1,3462 · 10−6 · √ 2 · sen (2pif t) Wb/m A tensa˜o induzida na linha por unidade de comprimento vale: v(t) = d dt λ = 2pif ·(−1,3462)·10−6· √ 2·cos (2pif t) = −5,0750·10−4· √ 2·cos (2pif t) V/m cujo valor eficaz e´: Vef = 5,0750 · 10−4 V/m = 0,5075 V/km Este e´ o valor da tensa˜o induzida na linha telefoˆnica por unidade de comprimento da linha de transmissa˜o � – 30 – 5.7.3 Fluxo concatenado com um condutor de um grupo de condutores I Considere o grupo de n condutores: I1 I2 I3 In 1 2 3 n D1P D2P D3P DnP P I A soma alge´brica das correntes nos condutores e´ nula: n∑ i=1 Ii = 0 I Ide´ia: calcular o fluxo concatenado com um condutor do grupo de condutores, por exemplo, o condutor 1 O fluxo concatenado dependera´ das contribuic¸o˜es das correntes I1 (do pro´prio con- dutor), I2, I3 . . . In – 31 – I Fluxo concatenado com o condutor 1 devido a` corrente I1: e´ composto por duas parcelas → fluxo interno e fluxo externo O fluxo externo sera´ calculado ate´ o ponto P somente (e´ um ponto de localizac¸a˜o arbitra´ria e na˜o influencia no resultado final) De acordo com os resultados obtidos anteriormente: λ1P1 = 2 · 10−7 · I1 · ln ( D1P r ′1 ) Wb/m em que r ′1 e´ o raio efetivo. λ1P1 ja´ inclui os fluxos interno e externo ate´ o ponto P I Fluxo concatenado com o condutor 1 devido a` corrente I2: λ1P2 = 2 · 10−7 · I2 · ln ( D2P D12 ) Wb/m A expressa˜o geral para o fluxo concatenado com o condutor i devido a` corrente Ij e´: λiP j = 2 · 10−7 · Ij · ln ( DjP Di j ) Wb/m – 32 – I Fluxo concatenado com o condutor 1 devido a`s correntes de todos os condutores: λ1P = 2 · 10−7 · [ I1 · ln ( D1P r ′1 ) + I2 · ln ( D2P D12 ) + . . .+ In · ln ( DnP D1n )] = 2 · 10−7 · [I1 · ln (D1P ) + I2 · ln (D2P ) + . . .+ In · ln (DnP )] + 2 · 10−7 · [ I1 · ln ( 1 r ′1 ) + I2 · ln ( 1 D12 ) + . . .+ In · ln ( 1 D1n )] Como I1 + I2 + . . .+ In = 0 → In = − (I1 + I2 + . . .+ In−1). Enta˜o: λ1P = 2 · 10−7 · [ I1 · ln ( D1P DnP ) + I2 · ln ( D2P DnP ) + . . .+ In−1 · ln ( D(n−1)1P DnP ) + I1 · ln ( 1 r ′1 ) + I2 · ln ( 1 D12 ) + . . .+ In · ln ( 1 D1n )] Se considerarmos o ponto P tendendo ao infinito (P → ∞), os termos DkP/DnP tendera˜o a 1 e, portanto, seus logaritmos tendera˜o a zero. Logo, o fluxo concate- nado com o condutor 1 vale (fazendo P →∞): λ1P = 2 · 10−7 · [ I1 · ln ( 1 r ′1 ) + I2 · ln ( 1 D12 ) + . . .+ In · ln ( 1 D1n )] Wb/m I O afastamento do ponto P para o infinito e´ equivalente a` inclusa˜o de todo o fluxo concatenado com o condutor 1 – 33 – I Lembre que a expressa˜o do fluxo concatenado acima e´ a de um condutor pertencente a um grupo de condutores cuja soma das correntes seja nula I A expressa˜o e´ va´lida tanto para valores instantaˆneos (usar correntes instantaˆneas) como para fasores (usar fasores das correntes) 5.7.4 Indutaˆncia de linhas com condutores compostos (mais de um condutor por fase) I Considere a seguinte linha monofa´sica: a b c n a′ b′ c ′ n′ condutor X condutor Y I Caracter´ısticas da linha: � Condutor composto: condutores encordoados, cabos. � A fase X (condutor X) e´ composto por n fios ideˆnticos em paralelo e conduz uma corrente I uniformemente distribu´ıda pelos fios. A corrente em cada fio e´ I/n. � A fase Y (condutor Y) e´ composto por m fios ideˆnticos em paralelo e conduz uma corrente −I uniformemente distribu´ıda pelos fios. A corrente em cada foi e´ −I/m. – 34 – I Obtenc¸a˜o do fluxo concatenado com o fio a da fase X: deve-se levar em consi- derac¸a˜o o efeito de todas as correntes por todos os fios, inclusive o pro´prio fio a. I De acordo com os resultados anteriores: λa = 2 · 10−7 · I n · ( ln 1 r ′a + ln 1 Dab + . . .+ ln 1 Dan ) ︸ ︷︷ ︸ fase X −2 · 10−7 · I m · ( ln 1 Daa′ + ln 1 Dab′ + . . .+ ln 1 Dam ) ︸ ︷︷ ︸ fase Y que resulta em: λa = 2 · 10−7 · I · ln m √ Daa′Dab′ . . .Dam n √ r ′aDab . . . Dan Wb/m I Em geral considera-se: r ′a = Daa = 0,7788ra I A indutaˆncia do fio a e´: La = λa I/n = 2 · n · 10−7 · ln m √ Daa′Dab′ . . . Dam n √ r ′aDab . . .Dan H/m – 35 – I Para o fio b: Lb= 2 · n · 10−7 · ln m √ Dba′Dbb′ . . .Dbm n √ DbaDbb . . . Dbn H/m I Para os outros fios da fase X o processo e´ semelhante. I A indutaˆncia da fase X e´ calculada verificando-se que os fios a, b, . . . , n esta˜o em paralelo: 1 LX = n∑ i=1 1 Li I Utiliza-se tambe´m uma forma aproximada, que fornece bons resultados e simplifica bastante as deduc¸o˜es. Primeiro, calcula-se a indutaˆncia me´dia da fase X: Lav = La + Lb + . . .+ Ln n Assume-se agora que a fase X e´ composta por n fios de indutaˆncia Lav em paralelo. Portanto, a indutaˆncia da fase X vale: LX = Lav n = La + Lb + . . .+ Ln n2 H/m – 36 – I Esta expressa˜o e´ mais conveniente pois, substituindo os valores de La, Lb, etc. obte´m-se: LX = 2 · 10−7 · ln mn √ (Daa′Dab′ . . .Dam) (Dba′Dbb′ . . .Dbm) . . . (Dna′Dnb′ . . .Dnm) n2 √ (DaaDab . . .Dan) (DbaDbb . . .Dbn) . . . (DnaDnb . . .Dnn) H/m I Enta˜o: LX = 2 · 10−7 · ln Dm DsX H/m I Numerador: produto das distaˆncias dos fios da fase X e da fase Y: Dm = mn √ (Daa′Dab′ . . .Dam) (Dba′Dbb′ . . .Dbm) . . . (Dna′Dnb′ . . . Dnm) Dm e´ a Distaˆncia Me´dia Geome´trica – DMG, ou Geometric Mean Distance – GMD, ou DMG mu´tua I Denominador: produto das distaˆncias dos fios da fase X: DsX = n 2 √ (DaaDab . . .Dan) (DbaDbb . . .Dbn) . . . (DnaDnb . . . Dnn) DsX e´ o Raio Me´dio Geome´trico – RMG, ou Geometric Mean Radius – GMR, ou DMG pro´pria da fase X – 37 – I A indutaˆncia da fase Y e´ obtida de maneira ideˆntica a` da fase X e resulta em LY : LY = 2 · 10−7 · ln Dm DsY H/m I A indutaˆncia da linha e´ dada por: L = LX + LY I Caso as fases X e Y sejam ideˆnticas, tem-se: L = 4 · 10−7 · ln Dm Ds H/m em que Ds = DsX = DsY I Relembrando a expressa˜o da indutaˆncia de uma fase de uma linha monofa´sica com um condutor por fase: L1 = 2 · 10−7 · ln ( D r ′1 ) H/m e comparando com a indutaˆncia da fase X da linha com condutores compostos LX, percebe-se que a expressa˜o de L1 e´ um caso particular da expressa˜o de L1: Condutor u´nico por fase Condutores mu´ltiplos por fase Distaˆncia entre fases (D) Distaˆncia me´dia geome´trica – DMG (Dm) Raio efetivo do condutor (r ′1) Raio me´dio geome´trico – RMG (Ds) – 38 – � Exemplo Calcule a indutaˆncia da linha monofa´sica mostrada a seguir. a b c d e lado X lado Y 6 m 6 m r = 0,25 cm r = 0,50 cm 9 m Ca´lculo da DMG entre os lados X e Y (Dm): Dm = 6 √ DadDaeDbdDbeDcdDce = 10,743 m em que: Dad = Dbe = 9 m Dae = Dbd = Dce = √ 62 + 92 = √ 117 m Dcd = √ 92 + 122 = 15 m – 39 – RMG do lado X (DsX): DsX = 9 √ DaaDabDacDbaDbbDbcDcaDcbDcc = 0,481 m em que: Daa = Dbb = Dcc = e −1/4r = 0,7788 · 0,25 · 10−2 = 1,9470 · 10−3 m Dab = Dba = Dbc = Dcb = 6 m Dac = Dca = 12 m RMG do lado Y (DsY ): DsY = 4 √ DddDdeDedDee = 0,153 m em que: Ddd = Dee = e −1/4r = 0,7788 · 0,50 · 10−2 = 3,8940 · 10−3 m Dde = Ded = 6 m Indutaˆncias dos lados X e Y: LX = 2 · 10−7 · ln Dm DsX = 6,212 · 10−7 H/m LY = 2 · 10−7 · ln Dm DsY = 8,503 · 10−7 H/m – 40 – Indutaˆncia completa da linha por unidade de comprimento: L = LX + LY = 14,715 · 10−7 H/m � � Exerc´ıcio Calcule a indutaˆncia e a reataˆncia por unidade de comprimento a 60 Hz da linha monofa´sica mostrada na figura a seguir. Verifique que a DMG e´ praticamente igual a` distaˆncia entre os centros das fases quando esta e´ muito maior que as distaˆncias entre os condutores de uma mesma fase. a b c d lado X lado Y 12 m 45 cm 5 cm (Resposta: 1,9413 µH/m, 0,732 mΩ/m) � 5.7.5 Uso de tabelas I Existem tabelas com va´rias informac¸o˜es sobre os condutores: resisteˆncia, reataˆncias, RMG, etc. I As tabelas fornecem a reataˆncia para certas frequeˆncias (por exemplo 60 Hz), ao inve´s da indutaˆncia. – 41 – I A reataˆncia de um condutor (simples ou composto) vale: XL = 2pif L = 2pif · 2 · 10−7 · ln Dm Ds ( Ω m × 1609 m 1 mi ) = 2,022 · 10−3 · f · ln Dm Ds Ω/mi = 2,022 · 10−3 · f · ln 1 Ds︸ ︷︷ ︸ Xa +2,022 · 10−3 · f · lnDm︸ ︷︷ ︸ Xd Ω/mi em que: Xa − reataˆncia indutiva para espac¸amento unita´rio (por exemplo, 1 pe´ se esta for a unidade utilizada) – depende da frequeˆncia e do raio do condutor Xd − fator de espac¸amento da reataˆncia indutiva – depende da frequeˆncia e do espac¸amento entre condutores � Exemplo Determine a reataˆncia indutiva por milha de uma linha monofa´sica com as seguintes caracter´ısticas: frequeˆncia 60 Hz tipo dos cabos Partridge distaˆncia entre os centros dos cabos 20 ft – 42 – Tem-se portanto: 20′ ac¸o alum´ınio 26Al / 7St A´rea = 266.800 CM Conforme definido anteriormente: 1 CM = pi ( 0,001 2 )2 in2 = 0,7854 · 10−6 in2 Logo, para o cabo Partridge: A´rea = 266.800 CM = 0,2095 in2 que resulta em um diaˆmetro de 0,5165 in. Da tabela de condutores obte´m-se: Diaˆmetro externo = 0,642 in > 0,5165 in ! A raza˜o da diferenc¸a e´ que a a´rea em CM fornecida na tabela refere-se a` a´rea de alum´ınio, enquanto que o diaˆmetro e´ externo, o que inclui o espac¸amento entre os condutores. Ale´m disso, o raio e´ igual a 0,5165/2 = 0,2583 in, ou 0,0215 ft. Pela tabela de dados dos condutores tem-se: RMG = 0,0217 ft 6= (0,7788 · 0,0215) ! – 43 – Raza˜o da diferenc¸a entre os RMG: o RMG (0,7788 · 0,0215) e´ calculado considerando um condutor so´lido. No entanto, o condutor Partridge e´ encordoado, e o RMG deve ser calculado por: RMG = 26·26 √ DaaDabDac . . . Da tabela A.3 de dados dos condutores, o RMG para o condutor e´ Ds = 0,0217 ft. Pode-se utilizar diretamente a equac¸a˜o da indutaˆncia e obter a reataˆncia por condutor: X = 2,022 · 10−3 · 60 · ln 20 0,0217 = 0,828 Ω/mi e a reataˆncia total sera´ XL = 2X = 1,656 Ω/mi Ou enta˜o: • da tabela A.3 a reataˆncia indutiva para um pe´ de afastamento e´ Xa = 0,465 Ω/mi • da tabela A.4, para um espac¸amento de 20 ft o fator de espac¸amento e´ Xd = 0,3635 Ω/mi • a reataˆncia indutiva de um cabo sera´ X = Xa +Xd = 0,8285 Ω/mi • a reataˆncia indutiva da linha (2 cabos): XL = 2X = 1,657 Ω/mi � – 44 – � Exerc´ıcio Uma linha monofa´sica de 2 km deve ser constru´ıda utilizando-se condutores ACSR Linnet. Por motivos te´cnicos, a indutaˆncia total na˜o deve exceder 4 mH. Obtenha o espac¸amento ma´ximo entre condutores. Resolva o problema utilizando equac¸o˜es e tabelas, e compare os resultados. (Resposta: 1,1 m) � I Na tabela A.4, a expressa˜o para Xd e´: Xd = 0, 2794 logd em que d e´ o que chamamos de Dm (DMG) aproximado como sendo a distaˆncia entre os centros dos cabos e aparece a func¸a˜o log ao inve´s de ln. Demonstrac¸a˜o da equivaleˆncia entre as expresso˜es: � Se ln d = y , enta˜o d = ey � Aplicando o logaritmo: log d = log ey = y log e – 45 – x � Logo: y = 1 log e · log d = 2,3026 log d = ln d � Assim, para 60 Hz: Xd = 2,022 · 10−3 · f · ln d = 2,022 · 10−3 · 60 · (2,3026 logd) = 0,2794 logd – 46 – 5.7.6 Linhas trifa´sicas I Considere linha de transmissa˜o trifa´sica composta por treˆs fases e um condutor neutro: A B C N In Ic Ib Ia znn zcc zbb zaa zab a b c n zan zac em que: zi i impedaˆncia pro´pria do condutor da fase i zi j impedaˆncia mu´tua entre os condutores das fases i e j – 47 – I Define-se a matriz impedaˆncia primitiva como: Zprim = zaa zab zac zan zba zbb zbc zbn zca zcb zcc zcn zna znb znc znn A aplicac¸a˜o da lei das tenso˜es de Kirchhoff para o ramo resulta em: VAN VBN VCN VNN = Van Vbn Vcn Vnn + zaa zab zac zan zba zbb zbczbn zca zcb zcc zcn zna znb znc znn · Ia Ib Ic In VF = Vf + Zprim If ou ainda: ∆VA ∆VB ∆VC ∆VN = zaa zab zac zan zba zbb zbc zbn zca zcb zcc zcn zna znb znc znn · Ia Ib Ic In [ ∆VF ∆VN ] = [ ZA ZB ZC ZD ] · [ If In ] Como VNN = Vnn = 0 e ∆VN = 0, tem-se: { ∆VN = ZA · If + ZB · In 0 = ZC · If + ZD · In – 48 – Da segunda equac¸a˜o tem-se que ( In = −Z−1D ZC If ) , que, substitu´ıda na primeira resulta em: ∆VF = ( ZA − ZBZ−1D ZC ) If = Z · If ou: VANVBN VCN = VanVbn Vcn + Zaa Zab ZacZba Zbb Zbc Zca Zcb Zcc · IaIb Ic VF = Vf + Z If em que a matriz reduzida Z e´ chamada de matriz de impedaˆncia de fase, sendo seus elementos calculados por: Zi j = zi j − zin zni znn O processo de reduc¸a˜o da dimensa˜o da matriz primitiva de rede e´ conhecido como reduc¸a˜o de Kron. Sera´ visto adiante que, no caso particular de uma linha balanceada e completamente transposta conectada a uma carga equilibrada (condutores formam um triaˆngulo equila´tero), a matriz impedaˆncia de fase sera´ diagonal (permitindo o desacoplamento entre as fases), com os elementos da diagonal principal iguais entre si. – 49 – 5.7.7 Indutaˆncia de uma linha trifa´sica com espac¸amento sime´trico I Considere a linha trifa´sica: a c b D DD em que: � os treˆs condutores teˆm raios iguais, portanto o mesmo RMG, igual a Ds � a distaˆncia entre condutores e´ D � na˜o ha´ fio neutro ou o circuito e´ equilibrado → Ia + Ib + Ic = 0 – 50 – I Fluxo concatenado com o condutor da fase a (ha´ contribuic¸o˜es das treˆs correntes): λa = 2 · 10−7 · ( Ia ln 1 Ds + Ib ln 1 D + Ic ln 1 D ) = 2 · 10−7 · [ Ia ln 1 Ds + (Ib + Ic) ln 1 D ] = 2 · 10−7 · ( Ia ln 1 Ds − Ia ln 1 D ) (pois Ia = − (Ib + Ic)) = 2 · 10−7 · ( Ia ln 1 Ds + Ia lnD ) = 2 · 10−7 · Ia ln D Ds Wb/m I Indutaˆncia da fase a: La = λa Ia = 2 · 10−7 · ln D Ds H/m I Por simetria, para as outras fases tem-se Lb = Lc = La I Portanto: La = Lb = Lc = 2 · 10−7 · ln D Ds H/m – 51 – 5.7.8 Indutaˆncia de linhas trifa´sicas com espac¸amento assime´trico I O fluxo concatenado e a indutaˆncia de cada fase sa˜o diferentes → circuito desequilibrado I Equil´ıbrio e´ obtido atrave´s da transposic¸a˜o: 1 2 3 a a a b b b c c c Pos. 1 Pos. 2 Pos. 3 I Ca´lculos considerando a transposic¸a˜o sa˜o mais simples Linhas na˜o transpostas → considera-se a linha como transposta e a sua indutaˆncia como a me´dia das indutaˆncias das fases – 52 – I Fluxo concatenado com fase a, primeiro trecho: D12 D23 D31 a b c λa1 = 2·10−7· ( Ia ln 1 Ds + Ib ln 1 D12 + Ic ln 1 D31 ) I Fluxo concatenado com fase a, segundo trecho: D12 D23 D31 a b c λa2 = 2·10−7· ( Ia ln 1 Ds + Ib ln 1 D23 + Ic ln 1 D12 ) I Fluxo concatenado com fase a, terceiro trecho: D12 D23 D31 a b c λa3 = 2·10−7· ( Ia ln 1 Ds + Ib ln 1 D31 + Ic ln 1 D23 ) I Fluxo me´dio concatenado com a fase a: λa = λa1 + λa2 + λa3 3 = 2 · 10−7 3 · ( 3Ia ln 1 Ds + Ib ln 1 D12D23D31 + Ic ln 1 D12D23D31 ) = 2 · 10−7 3 · ( 3Ia ln 1 Ds − Ia ln 1 D12D23D31 ) (pois Ia = − (Ib + Ic)) = 2 · 10−7 · Ia · ln 3 √ D12D23D31 Ds Wb/m – 53 – I Indutaˆncia me´dia por fase da linha trifa´sica com transposic¸a˜o: La = 2 · 10−7 · ln Deq Ds H/m em que: Deq = 3 √ D12D23D31 e´ o espac¸amento equila´tero equivalente da linha � Exemplo Determine a reataˆncia indutiva por fase a 60 Hz da linha trifa´sica mostrada a seguir, composta por condutores ACSR Drake. 20′20′ 38′ • Pela tabela A.3, o RMG do condutor tipo Drake e´ Ds = 0,0373′ • O espac¸amento equila´tero da linha e´: Deq = 3 √ 20 · 20 · 38 = 24,7712′ – 54 – • A indutaˆncia e a reataˆncia por fase valem: L = 2 · 10−7 · ln 24,7712 0,0373 = 1,3 µH/m XL = 2pif L = 2pi · 60 · 1,3 · 10−6 = 0,49 mH/m = 0,7884 H/mi • O problema pode ser resolvido pela utilizac¸a˜o das tabelas A.3 e A.4: tabela A.1 → Xa = 0,399 Ω/mi tabela A.2 (para Deq = 24 ′) → Xd = 0,3856 Ω/mi tabela A.2 (para Deq = 25 ′) → Xd = 0,3906 Ω/mi O valor de Deq e´ obtido por interpolac¸a˜o: 25 24 24,7712 0,3856 0,3906Xd Xd Deq 25− 24 0,3906− 0,3856 = 24,7712− 24 Xd − 0,3856 Xd = 0,3895 Ω/mi e a reataˆncia por fase vale: XL = Xa +Xd = 0,399 + 0,3895 = 0,7885 Ω/mi � – 55 – 5.7.9 Condutores mu´ltiplos por fase I Extra-alta tensa˜o (EAT ou EHV) → por exemplo 440 kV → efeito corona excessivo Corona: descargas que se formam na superf´ıcie do condutor quando a intensidade do campo ele´trico ultrapassa o limite de isolac¸a˜o do ar. Consequeˆncias: luz, ru´ıdo aud´ıvel, ru´ıdo de ra´dio (interfereˆncia em circuitos de comunicac¸a˜o), vibrac¸a˜o do condutor, liberac¸a˜o de ozoˆnio, aumento das perdas de poteˆncia (deve ser suprida pela fonte) I Soluc¸a˜o: colocac¸a˜o de dois ou mais condutores por fase → cabos mu´ltiplos (bundled conductors) d dd D d � D I Outras configurac¸o˜es: d dd d d – 56 – I Outra vantagem dos cabos mu´ltiplos: reduc¸a˜o da reataˆncia (aumento do RMG). O RMG e´ calculado por: 2 condutores Dbs = 4 √ D2s · d2 = √ Ds · d 3 condutores Dbs = 9 √ D3s · d6 = 3 √ Ds · d2 4 condutores Dbs = 16 √ D4s · d12 · 22 = 1,09 · 4 √ Ds · d3 I Equac¸o˜es da indutaˆncia e reataˆncia sa˜o as mesmas, substituindo-se o RMG Ds do condutor simples por Dbs para cabos mu´ltiplos I A corrente na˜o e´ distribu´ıda uniformemente entre os condutores da fase, pois reataˆncias por fase na˜o sa˜o iguais. Essa diferenc¸a e´ pequena e geralmente e´ desprezada � Exemplo Determine a reataˆncia da linha trifa´sica mostrada a seguir. d a b ca′ b′ c ′ D Condutor ACSR Pheasant d = 45 cm D = 8 m Comprimento da linha ` = 160 km • Da tabela A.3, obte´m-se o RMG do condutor Pheasant: Ds = 0,0466 ′ → 0,0466 · 0,3048 = 0,0142 m – 57 – • No entanto, cada fase e´ composta por dois condutores → deve-se calcular o RMG do cabo: Dbs = 4 √ 0,01422 · 0,452 = 0,0799 m • Espac¸amento equila´tero equivalente para a configurac¸a˜o dada (DMG mu´tua) – aproximac¸a˜o considerando-se apenas as distaˆncias entre os centros das fases: Deq = 3 √ 8 · 8 · 16 = 10,0794 m O ca´lculo correto do espac¸amento equila´tero equivalente neste caso seria: DMGab = DMGbc = 4 √ 8 · 8,45 · 7,55 · 8 = 7,9937 m DMGca = 4 √ 16 · 16,45 · 15,55 · 16 = 15,9968 m Deq = 3 √ 7,9937 · 7,9937 · 15,9968 = 10,0734 m que praticamente corresponde ao mesmo resultado anterior. • Reataˆncia por metro por fase: XL = 2pi · 60 · 2 · 10−7 · ln 10,0794 0,0799 = 0,3647 mΩ/m • Como a linha tem 160 km, a reataˆncia total por fase da linha sera´: X = XL · 160000 = 58,36 Ω � – 58 – 5.7.10 Linhas trifa´sicas de circuitos em paralelo I Duas linhas trifa´sicas ideˆnticas em paralelo possuem a mesma reataˆncia indutiva. A reataˆncia equivalente sera´ igual a` metade de cada reataˆncia individual, desde que a distaˆncia entre as linhas seja ta˜o grande que a indutaˆncia mu´tua entre elas possa ser desprezada I Duas linhas trifa´sicas em paralelo na mesma torre → indutaˆncias mu´tuas entre os circuitos deve ser considerada I O me´todo de ca´lculo e´ semelhante ao que foi mostrado anteriormente I Considera-se sempre que haja a transposic¸a˜o, resultando em ca´lculos mais simples e resultadossuficientemente precisos – 59 – � Exemplo Uma linha trifa´sica de circuito duplo e´ constitu´ıda de condutores ACSR 26/7 tipo Ostrich de 300.000 CM dispostos de acordo com a figura a seguir. Determine a reataˆncia indutiva por fase a 60 Hz em Ω/mi. a b c a′ b′ c ′ 18′ 18′ 21′ 10′ 10′ • Pela tabela A.3, o RMG do condutor tipo Ostrich e´ Ds = 0,0229′ • DMG entre as fases a e b: Dab = √ 102 + 1,52 = 10,1119′ = Da′b′ Dab′ = √ 102 + 19,52 = 21,9146′ = Da′b DMGab = [ (10,1119 · 21,9146)2 ]1/4 = 14,8862′ DMGbc = DMGab = 14,8862 ′ – 60 – • DMG entre as fases c e a: DMGca = [ (20 · 18)2 ]1/4 = 18,9737′ • Espac¸amento equila´tero equivalente: Deq = (DMGab DMGbc DMGca) 1/3 = 16,1401′ • RMG: lembrando que assume-se a transposic¸a˜o � Trecho 1 – fase a ocupando posic¸a˜o original: Daa′ = √ 202 + 182 = 26,9072′ RMG1 = [ (0,0229 · 26,9072)2 ]1/4 = 0,7850′ � Trecho 2 – fase a ocupando posic¸a˜o originalmente ocupada por b: Daa′ = 21 ′ RMG2 = [ (0,0229 · 21)2 ]1/4 = 0,6935′ � Trecho 3 – fase a ocupando posic¸a˜o originalmente ocupada por c : RMG3 = RMG1 = 0,7850 ′ – 61 – x � RMG da fase a: RMG = ( 0,78502 · 0,6935 )1/3 = 0,7532′ � Indutaˆncia: L = 2 · 10−7 · ln ( 16,1401 0,7532 ) = 6,1295 · 10−7 H/m � Reataˆncia por fase: XL = 2pif L = 2,3108 · 10−4 Ω/m = 0,3718 Ω/mi � – 62 – � Exerc´ıcio Repita o exemplo anterior para a configurac¸a˜o de linha mostrada a seguir e compare os resultados obtidos. a b c c ′ b′ a′ 18′ 18′ 21′ 10′ 10′ (Resposta: X = 0,3962 Ω/mi, 6,5% maior) � – 63 –
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