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O que e direito- resumo

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1°BM
Fichamentos
Teoria Geral do Direito
Leitura: “O Que é Direito” (Roberto Lyra Filho).
1. Direito e Lei:
 A dificuldade de se estudar o Direito consiste em desvinculá-lo de outras concepções, e não em defini-lo;
 Muitas pessoas vinculam a palavra ‘Direito’ a outras palavras como: Justiça e Lei;
 As associações feitas partem diretamente da concepção, muitas vezes inconsciente, que estamos dispostos a aceitar como Direito;
 A lei - objeto do Direito - sempre emana do Estado que, por sua vez, é subjugado pela classe dominante;
 O Estado se submete a classe dominante por esta deter o controle do processo econômico, isto é, os meios de produção;
 Devido a essa influência exercida pelos mais abastados economicamente, não se pode afirmar que toda legislação seja Direito autêntico, legítimo e indiscutível;
 É também por essa consequente influência nas leis, por parte dos burgueses, que a legislação abrange o que chamamos de Direito e Antidireito;
 O Direito propriamente dito é aquele correto, enquanto que o Antidireito é a negação do Direito, ou seja, o que é entortado pelos interesses e caprichos classísticos;
 O Estado busca mascarar os aspectos que privilegiam a classe influente, fazendo com que o povo acredite que as leis são feitas para atendê-lo e que não há Direito superior a elas;
 Por esse motivo, deve ser feita uma análise crítica das legislações, mesmo em um Regime Socialista;
 De acordo com Marilena Chauí seria utópico imaginar que, socializada a propriedade, estaria feita a transformação social completa (no que tange ao Regime Socialista);
 “[...] o Direito resulta aprisionado em conjunto de normas estatais, isto é, de padrões de conduta impostos pelo Estado, com a ameaça de sansões organizadas (meios repressivos expressamente indicados com órgão e procedimento especial de aplicação)”;
 A autenticidade da lei depende do tipo de Estado que produz a legislação;
 Uma concepção exata do Direito não deve descartar o processo histórico;
 O Direito não deve ser reduzido à pura legalidade;
 Se o Direito for reduzido à pura legalidade ele se tornará algo dogmático, divinizando as normas do Estado e tornando rígidas as práticas sociais;
 O Direito deve abranger os interesses da sociedade, sobretudo no que tange aos Direitos Humanos;
Contudo, só haverá o estabelecimento dos Direitos Humanos quando cessar a exploração e, só cessará a exploração quando houver Direitos Humanos;
 É preciso esclarecer que o conceito de Direito não é imutável, pois “nada é, num sentido acabado, tudo é, sendo”;
 Resumidamente: não há um modelo fixo de Direito e para defini-lo temporariamente deve se levar em conta o contexto histórico e social;
2. Ideologias Jurídicas:
 Há inúmeras abordagens para o conceito de Ideologia Jurídica;
 Atualmente, concebem-se os tipos de ideologia jurídica segundo a convenção Ocidental e de acordo com os preceitos adquiridos ao longo da história;
 As abordagens diversas não se excluem reciprocamente, pelo contrário, se integram;
 Inicialmente, descobriu-se que a imagem mental não corresponde exatamente à realidade das coisas;
 Ninguém raciocina e age com absoluta perfeição, por isso tudo é marcado por uma boa margem de deformações, inclusive as ciências, visto que são feitas por indivíduos imperfeitos;
 Sempre há um grau de ideologia que afeta as premissas do pensamento humano;
 Citando novamente Marilena Chauí, acredita-se que a ciência não só carrega elementos ideológicos no seu interior, mas também serve à dominação social dos ditos “donos do poder”;
 O conceito atual do termo ideologia consiste, portanto, como uma série de opiniões que não correspondem à realidade;
 Levando em consideração os preceitos ocidentais, as ideologias se classificam em:
- Ideologia como crença: aparece na amostragem de fenômenos mentais.
- Ideologia como falsa consciência: revela o efeito característico de certas crenças como deformação da realidade.
- Ideologia como instituição: destaca a origem social do produto e os processos, também sociais, de sua transmissão a grupos e pessoas.
 “Nos primeiros ela – ideologia – é considerada em função dos sujeitos que a absorvem e vinculam; no terceiro é procurada na sociedade e independentemente dos sujeitos”;
3. Principais modelos de Ideologia Jurídica:
 Existem inúmeras formas de ideologia jurídica;
 O estudo dessa obra girará em torno de dois modelos básicos, em tono dos quais se polarizam os diferentes subgrupos ideológicos;
 São esses dois modelos: o Jusnaturalismo e o Positivismo;
“De um lado o Direito como ordem estabelecida – positivismo – e, de outro, como ordem justa – jusnaturalismo –”;
 Propõe-se, no entanto, uma nova teoria em que predomina a Dialética do Direito, evitando as teses radicalmente opostas entre direito positivo e direito natural;
 Falta um ‘estalão’ convincente para firmar o preceito de Justiça, preceito esse que deveria figurar claramente nas leis vigentes; 
 A teoria Jusnaturalista possui princípios fixos, inalteráveis, anteriores e superiores às leis e nenhum legislador pode modificá-los validamente;
 Embora o Jusnaturalismo seja a posição mais antiga, atualmente é a concepção positivista que vigora entre a maioria dos juristas;
 O jusnaturalismo se desdobra em dois planos: o que a norma estabelece e o que ela deveria estabelecer;
 O jusnaturalismo fomenta a antinomia (contradição insolúvel entre dois princípios) entre a ordem justa e a ordem estabelecida;
 O Direito Natural fundamenta-se em três formas, que buscam validar ou não as normas produzidas:
- O Direito Natural Cosmológico: 
Por apregoar a “natureza das coisas”, acaba por justificar ordens sociais estabelecidas, como, por exemplo, a escravidão.
 
- O Direito Natural Teológico:
Exprime os conflitos que envolvem os costumes tradicionais religiosos, como, por exemplo, o caso de Antígona.
 
- O Direito Natural Antropológico:
Desrespeito ao homem e pode ser subdividido em duas faces a do direito natural conversador e o direito natural de combate.
 O direito natural de combate é útil no que tange a dialética do Direito, podendo ser aproveitado para compor um Direito Natural baseado em premissas histórico-sociais;
 Acredita-se que o jusnaturalismo perdeu seu vigor no âmbito jurídico uma vez que a burguesia passou a exercer influencia sobre a ‘máquina de fazer leis’, isto é, o Estado, deixando de apelar para um Direito Superior e passando a defender a tese positiva;
 O jusnaturalismo, no entanto, nunca deixou de existir. Em períodos de contestação e turbulência a humanidade o resgata, provando sua longevidade / “eterno retorno”. Um exemplo claro disso ocorre no período pós Segunda Guerra, em que houve a invocação dos direitos naturais como forma de legar aos ex-combatentes nazistas sentenças pelas perversidades cometidas;
4. A Dialética Social do Direito:
O direito natural é afeiçoado às reivindicações supralegais, ou seja, acima das leis e contra elas, o que pode ser propício à utilização por parte das minorias oprimidas;
 Há um direito natural, em especial, que é atrativo para a Dialética do Direito, o direito de resistência/guerra justa/guerra de libertação nacional;
 No entanto, esse direito fica restrito ao plano ideal, uma vez que a pluralidade de ordenamentos entrava sua efetivação; 
 Além disso, o direito natural fica preso à ideia de princípios imortais, quando não atrelado aos interesses de grupos e classes prevalecentes que dele se apropriam;
 Outra crítica da Dialética é o aspecto absoluto dos Direitos Naturais, que acabam por pairar acima do processo histórico e suas lutas concretas;
 Por fim, a Dialética busca embasar-se na sociologia, sobretudo nos estudos referentes aos fatos sociais.

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