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(/) 25 de setembro de 2017 Autor(es): Sandra Djambolakdjian Torossian Abro a janela esperando os ares da primavera. Junto às cores e à brisa que ela carrega, invadem notícias de intolerância: feminicídios, extermínio racial, extermínio juvenil, retrocesso judicial sobre "terapias de reversão". Que �m levou a primavera árabe? As �ores e o clima primaveril habitam o nosso imaginário. Estação do amor, das novas conquistas. Vida que se renova e faz �orecer o que foi plantado. Tudo em harmonia com os cheiros e o clima da nova estação. Uma história de amor ameniza o roteiro do �lme A Promessa (direção de George Terry, 2017). É a primeira vez que Hollywood apresenta ao grande público a história de um genocídio o qual, segundo a história o�cial, nunca aconteceu. Outros �lmes independentes como Ararat (Direção de Atom Egoyan, 2002) �zeram essa tentativa, mas ganharam espaço somente no circuito alternativo de cinema. Financiado por quem sentiu na pele as consequências do genocídio armênio o �lme A promessa coloca na tela atores conhecidos como Christian Bale e ganha horários restritos nos cinemas das grandes cidades. Fazendo assim aparecer, aos olhos do público, uma história que a maioria desconhece. Dando contorno ao romance há o clima da Primeira Guerra Mundial. Uma sucessão de cenas de extermínio, crueldade e perseguição que nada tem a ver com a Guerra. Trata-se do genocídio de um povo que custou a acreditar no que estava acontecendo. Abundam as cenas de pessoas mortas à beira dos rios, velhos , crianças e fetos arrancados dos ventres maternos. A cena mais violenta, no entanto, não tem sangue nem mortos. É a cena do silenciamento do massacre. O general turco exige que o jornalista, vivenciado por Bale, rasgue suas anotações e, no lugar do relato das atrocidades ali escritas, entregue ao mundo a versão de uma remoção dos armênios do território turco para um lugar melhor. Um milhão e meio de armênios perderam suas vidas nessa "remoção". Conivente com a versão turca a comunidade internacional não reconhece até hoje o genocídio, e assim os descendentes das famílias refugiadas �cam sem o amparo necessário para contar sua história. Nada se fala da barbárie, dos con�itos econômicos, religiosos e intelectuais que o produziram. A Psicanálise nos ensina que o silêncio e a cegueira seletiva têm graves conseqüências. Transforma-se em repetição aquilo que não se quer ver. A colheita primaveril da germinação do silencio não são as �ores nem a brisa fresca. Mas a repetição da violência e a perpetuação da barbárie. Extermínios não reconhecidos como tais continuam produzindo ondas de mortes e de refugiados sem lugar. No Oriente, na África, no Brasil. A transformação do extermínio em remoção produz trauma e violência. Narrativas históricas perversas invertem os acontecimentos quando apresentam versões opostas aos fatos. Negam-se os feminicídios e o extermínio juvenil , silencia-se brutalmente o racismo, encobre-se a intolerância religiosa e patologizam-se as diferenças de gênero e as diferenças sexuais. Enquanto continuarmos compactuando com versões perversas da História continuaremos cegos e perpetuando a barbárie. voltar SUL 21 | 25 de setembro de 2017 A PROMESSA ASSOCIAÇÃO PSICANALÍTICA DE PORTO ALEGRE Rua Faria Santos, 258 Petrópolis - Porto Alegre, RS CEP 90670-150 Fone: (51) 3333.2140 ou (51) 3333.7922 Localização no mapa (https://www.google.com/maps/embed?pb=!1m18!1m12!1m3!1d3453.7105317688615!2d-51.19261428488482!3d- 30.045161381882128!2m3!1f0!2f0!3f0!3m2!1i1024!2i768!4f13.1!3m3!1m2!1s0x9519783cd80800af%3A0xe954569350f1�9!2sAppoa!5e0!3m2!1spt- BR!2sbr!4v1475676965960) HORÁRIO DE FUNCIONAMENTO Segunda à quinta-feira das 8h30min às 12h e das 13h às 21h30min Sextas-feiras das 8h30min às 12h e das 13h às 20h Cadastre-se ou atualize seus dados e receba novidades da APPOA! CADASTRO APPOA (/CADASTRO)
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