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(Aula 3) O Direito Romano e sua Recepção UFRJ – FND Prof.a Hanna Helena Sonkajärvi 2017/2 1 Direito(s) Romano(s) • Direito Romano do Império Romano (758 a.C. - 530 d.C.) • Resgate e transmissão, no século VI, pelo Imperador Justiniano • “Redescobrimento” e “reinvenção” duas vezes na Europa ocidental: (séculos XII a XV, século XIX) 2 Direito Romano (“original”) • A Época arcaica (753 a.C.-130 a.C.) • A Época clássica (130 a.C.-230 d.C.) abrangendo a república tardia e indo até o Principado, antes da anarquia militar • Época pós-clássica (250-530 d.C.) 3 A Época arcaica primado do costume caráter sacro do Direito o processo caracterizado pelos rituais jurídicos e fórmulas 4 O Pretor organizou a controvérsia, transformando o conflito real num conflito judicial. Os pretores criam um direito próprio, o “direito dos pretores” (jus pretorium) na prática: eles começam a detalhar, corrigir e suprir o direito civil, tendo em vista as mudanças nas condições da vida da cidade. O pretor adquire a possibilidade de criar ações não previstas na lei (actiones pretoriae). A jurisprudência dos pretores autonomiza-se completamente das leis e torna-se fonte imediata do Direito. O Direito ganha, desta forma, um caráter casuístico. 5 A Época clássica A Época pós-clássica a vulgarização do Direito oficialização e a codificação (Códex Theodosianus, 438 d.C) passou-se para uma técnica burocrática de aplicação, mais ou menos mecânica, de ordens do poder Uma helenização com os elementos gregos (Império Romano do Oriente, ou Bizantino, depois da divisão do Império Romano, 395 d.C.). 6 A compilação de Justiniano, século VI Recolhimento de textos jurídicos da tradição literária romana, desde as obras dos juristas romanos clássicos: 1) Digesto (i.e., resumo, seleção) ou Pandectas (i.e., obra enciclopédica), compilação dos comentários dos grandes juristas romanos (533 d.C.) 2) Código (i.e. livro), reunião de todas as constituições imperiais editadas desde o governo do Imperador Adriano (117-138) até o tempo de Justiniano (529 d.C.); 3) Institutas, manual de introdução (530 d.C.); 4) Novelas (565 d.C.), constituições novas elaboradas pelo próprio Justiniano depois de 534. A este conjunto de livros, a partir do século XVI, se dá o nome de Corpus juris civilis. 7 Processos paralelos dos séculos XI e XII no primeiro momento de recepção do Direito romano, na Idade Média: o desenvolvimento do direito canônico - com as reformas de Gregório VII (uma centralização da Igreja e uma profissionalização do corpo de juristas) o desenvolvimento das universidades Redescoberta dos autores da Antiguidade (reconquista ibérica: transmissão pelos intelectuais árabes) 8 A redescoberta medieval do Digesto de Justiniano, primeira metade do século XII • Em Bolonha, o monge Irnerius (Irnério) ensinou, na primeira metade do século XII, o Direito, tendo como base a compilação (Digesto) de Justiniano no século XII • os juristas medievais, primeiro na Itália, e depois em outros lugares da Europa, começavam a receber e ensinar o Direito Romano (jus commune) 9 Escolas de recepção do Direito romano Os glosadores (séculos XI-XII): A glosa é um comentário do texto e segue a sua ordem. Sentiam-se autorizados a tornar o texto inteligível para seus contemporâneos, a “traduzir” mais do que comentar. Os comentadores (séculos XIII-XIV): Com uma vocação mais pratica: Emitem opiniões e pareceres e ajudam a dar mais um passo na unificação ou pelo menos na harmonização dos direitos locais. Conciliavam direitos locais entre si, pela via do direito comum, ius commune, ou seja, o Direito Romano erudito, acadêmico. Os humanistas (s. XVI): Valorizam a pesquisa histórica e a recuperação do texto romano puro. A Escola Histórica alemã (s. XIX): Reconstrução do passado jurídico desde os romanos até o direito atual. Os costumes como fonte verdadeira do Direito. 10 Conclusão O Direito Romano teve, na Idade Média e na Idade Moderna, uma grande influência na Europa ocidental (e indiretamente nas colônias européias), mas ela foi somente um direito entre outros: •Direito canônico; •“Direitos próprios”: (i) os direitos dos reinos; (ii) os estatutos das cidades; (iii) os costumes locais; (iv) os privilégios territoriais ou corporativos. ⇒ pluralismo (político e) jurídico 11 Literatura HESPANHA, António Manuel. Panorama Histórico da Cultura Jurídica Européia. Lisboa: Publicações Europa-América, p. 89-118, 2002. LOPES, José Reinaldo de Lima. O Direito na História. Lições introdutórias. São Paulo: Atlas, p. 28-48; 97-124, 2008. VALLEJO, Jesús, El cáliz de plata. Articulación de órdenes jurídicos en la jurisprudencia del ius commune. Revista de Historia del Derecho, v. 38, p. 1-13, 2009. MARTINS, Armigero Cardoso Moreira. O Direito Romano e seu ressurgimento no final da Idade Média. In: WOLKMER, Antônio Carlos (ed.), Fundamentos de História do Direito, 7. ed., Belo Horizonte, Editora Del Rey Ltda, p. 195-230, 2012. 12
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