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WBA0137_v2.0 Práxis da Gestão Social: Instrumentos de Gestão, Monitoramento e Avaliação e Lógica de Financiamento Tendências na gestão local na perspectiva do SUAS Bloco 1 Adriana Ferreira Conteúdo – Parâmetros Conhecer as principais tendências da gestão local sob o âmbito do SUAS. Entender o funcionamento do cofinanciamento. Compreender a responsabilidade e as atribuições dos gestores no âmbito do SUAS. Entender a importância dos conselhos de participação no âmbito do SUAS. A descentralização no SUAS A descentralização, tendo em vista que municípios e Estados são entes federativos, ocasionou a cessão de poder, decisão, competências e recursos para uma gama de atividades, entre elas a elaboração de diagnósticos sociais e o desenvolvimento de atividades de avaliação e monitoramento. Porém, é importante entender que a: a maioria dos municípios brasileiros é de pequeno porte, com competência gerencial e assistencial restrita, o que abrevia suas condições para desenvolver diagnósticos sociais, assim como atividades de avaliação e monitoramento. Desenvolver atividades de avaliação e monitoramento requer: A capacidade gerencial com fontes de dados para a produção de informação sobre serviços, ações e programas sociais são os sistemas de informação gerenciais, que fornecem os insumos para a elaboração de indicadores de monitoramento. O registro regular e correto de dados no local em que a ação ou o serviço é produzido consiste em um dos nós críticos para a produção de indicadores, sejam eles específicos para a gerência local, sejam eles gerais para o sistema de monitoramento do MDS. A alimentação regular dos dados é uma das condições para a qualidade do sistema de informação. É fundamental entender que: Os sistemas locais de avaliação e monitoramento devem estar articulados e integrados ao sistema nacional sob a gestão do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS). Os municípios têm necessidades e demandas específicas. Mesmo que sejam sistemas, um nível não se diminui ao outro. As atribuições de gestores dos diferentes níveis do sistema de proteção social são diferentes; sendo assim, suas dúvidas não necessariamente são iguais. ** Uma provocação para as gerências locais é identificar qual informação necessita ser criada para tratar problemas específicos em sua cidade. Continuando, é fundamental entender que: Os diferentes portes e as variadas capacidades de gestão dos municípios demarcam necessidades e possíveis estudos de avaliação – facilidades e dificuldades. Os perfis e os indicadores de vulnerabilidade específicos de cada localidade são a base para diagnósticos sociais. O planejamento de ações pelos gerentes locais irá produzir e analisar informações em relação às variadas situações, bem como irá aprimorar a performance e a qualidade dessas ações. Intervenção local A intervenção local de um sistema de monitoramento está ligada à existência de sistemas de informação. Sem informação, sem ação concreta! A fim de que a informação gerada em nível central chegue ao município e seja aproveitada com eficiência pelos gerentes, é necessário fazer uso das ferramentas e dos sistemas do MDS – são os indicadores. São instrumentos eficazes para os gestores; assim, precisam ser didáticos, devendo resultar em solução, e não em problema para os gerentes. Cofinanciamento O que significa confinamento? A palavra cofinanciamento tem como significado financiar algo junto, por meio de compartilhamento, de forma que duas ou mais pessoas (instituições) se comprometam com a mesma obrigação. SUAS – o implemento da Política Nacional de Assistência Social (PNAS) está organizado de forma descentralizada e cofinanciada pelas instâncias: 1) Federal. 2) Estadual. 3) Municipal. Como isso ocorre? Consta na Norma Operacional Básica (NOB) que o financiamento é partilhado com os entes federados. É efetuado por meio de repasses automáticos entre os Fundos de Assistência Social, estabelecendo que é função do órgão gestor dessa política administrar o Fundo. Como é organizado em relação à possibilidade de confinanciamento? 1. Seu porte. 2. A complexidade dos serviços ofertados. 3. Deve ser considerado obrigatório o destino e 4. Alocação de recursos próprios pelos entes federados. As três esferas de governo (Federal, Estadual e Municipal) levam em consideração a responsabilidade de cada ente federado na implementação da PNAS: Importante entender que: Estão na Norma Operacional Básica do Sistema Único de Assistência Social os parâmetros que estabelecem procedimentos de pactuação entre as esferas de governo. Assim, são firmadas as competências, as atribuições e as responsabilidades sobre a destinação dos auxílios financeiros. A NOB é valiosa para a organização social e política desses recursos. Tendências na gestão local na perspectiva do SUAS Bloco 2 Adriana Ferreira LOAS Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS): instituída pela Lei n. 8.742, de 7 de dezembro de 1993 (BRASIL, 1993). Traz em seu primeiro artigo: Art. 1º A assistência social, direito do cidadão e dever do Estado, é Política de Seguridade Social não contributiva, que provê os mínimos sociais, realizada através de um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade, para garantir o atendimento às necessidades básicas. (BRASIL, 1993) Objetivo: a partir da Constituição (BRASIL, 1988), em 1993 a LOAS passou a regulamentar e estabelecer normas e critérios para a organização da assistência social, que é um direito, e este exige definição de leis, normas e critérios objetivos. Seu objetivo e sua importância Rege os serviços assistenciais ligados ao governo – como o Benefício de Prestação Continuada (BPC). Dessa forma, não devemos confundir a lei com o próprio benefício. Por isso, é importante esclarecer: a LOAS é a lei que dá origem ao BPC. LOAS – Parcerias De acordo com a LOAS (BRASIL, 1993), nos municípios onde a demanda não justifica a oferta de serviços continuados, é possível estabelecer parcerias com municípios vizinhos – consórcio público. Assim, são desenvolvidos serviços de referência regional, com cofinanciamento federal, estadual e dos municípios parceiros. Além disso, os municípios que não têm condições para a gestão individual das ações de assistência social podem ofertar os serviços em parceria com seus Estados. Tendências na gestão local na perspectiva do SUAS Bloco 3 Adriana Ferreira Cofinanciamento – Proteção Social Especial Para a Proteção Social Especial e para os serviços de Média Complexidade, o cofinanciamento destina-se aos que são tipificados do CREAS e do Centro POP. O objetivo é desenvolver o Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos (PAEFI), atendendo também pessoas com deficiência. Cofinanciamento – Alta Complexidade Na Alta Complexidade, o cofinanciamento tem como destino ofertar serviços para o atendimento especializado a pessoas e famílias que precisam de acolhimento. São pessoas em situações complexas, que precisam de atenção mais individualizada e atendimentos complementares – rede socioassistencial. Vigilância Socioassistencial A Vigilância Socioassistencial é qualificada como uma das atribuições da política de assistência social, alcançada por meio da produção, sistematização, análise e pulverização de informações de cada território. Aborda: I – situações de vulnerabilidade e risco que incidem sobre famílias e indivíduos e dos eventos de violação de direitos em determinados territórios; II – tipo, volume e padrões de qualidade dos serviços ofertados pela rede socioassistencial. (BRASIL, 2012, p. 40) Objetivos da Vigilância Socioassistencial A Vigilância Socioassistencial está organizada em dois eixos: 1) Vigilância de Riscos e Vulnerabilidades. 2) Vigilância de Padrão e Qualidade dos Serviços. Assim,serão articuladas as informações provenientes das incidências de violações que necessitam de proteção social para que os serviços protetivos sejam ofertados. **Um dos grandes desafios é o uso das informações coletadas para a promoção de mediações, relações e sistematizações que atendam a correta demanda. Como realizar esse controle? Por meio da participação na gestão pública. A população pode contribuir na decisão administrativa e exercer o controle social sobre a ação do poder público, com exigência da transparência em sua atuação. Como? Pelos espaços institucionais, compostos por representantes do poder público e da sociedade civil. Trata-se dos Conselhos e das Conferências. Segundo o art. 113 da NOB (BRASIL, 2012), são instâncias de deliberação do SUAS: Conselho Nacional de Assistência Social Conselhos Estaduais de Assistência Social Conselho de Assistência Social do Distrito Federal Conselhos Municipais de Assistência Social Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS): Aprovar a política pública de assistência social Apreciar e aprovar propostas orçamentárias Zelar pela efetivação do SUAS Normatizar e regular a prestação de serviços de natureza pública e privada Foi instituído pela LOAS (BRASIL, 1933) e tem caráter permanente e composição paritária, sendo suas principais competências: A partir desse modelo de governança: Cabe aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios criar autonomia para estabelecer seus conselhos, suas legislações, suas políticas e seus sistemas de assistência social. O objetivo de tudo mencionado anteriormente é possibilitar o controle social sobre a gestão da assistência social, em seu modelo descentralizado e participativo. Foco no: Enfrentamento da questão social. Que estabelece sérias contradições sociais, principalmente as provenientes dos processos de pauperização, desigualdade, opressão, superexploração e violência, às quais são submetidos no cotidiano vários segmentos da população brasileira, sendo produzido em especial pelo sistema capitalista. Teoria em Prática Bloco 4 Adriana Ferreira Controle social – Participação da sociedade Embora a Constituição Federal tenha legitimado a formação dos conselhos municipais e saibamos da sua importância para o exercício pleno da democracia, os desafios são grandes. Seu funcionamento ainda encontra dificuldades para se concretizar em ações efetivas de controle social. Podemos citar algumas dificuldades: 1) Pouca capacitação dos componentes do conselho. 2) Ausência de representatividade e informação precisa. 3) Dificuldades de diálogo e negociação com os representantes do Poder Executivo. Reflita sobre esses dados A partir do cenário apresentado, orientamos que faça uma pesquisa em seu município para ver se existem esses conselhos e como eles funcionam. Caso existam, sugerimos que se aproxime deles e comece a integrá-los. Essa é uma porta de entrada significativa para contribuir com a gestão social local. Vamos refletir e analisar um exemplo Dados da Tese de Doutorado (Unesp/ 2019) intitulada Gestão do Fundo do Idoso: análise acerca dos desafios pelo Conselho Municipal do Idoso. Número de cadeiras: nenhuma resposta corresponde à realidade informada. A Lei Complementar n. 372, de 1994, menciona 25 cadeiras. Participação ativa dos membros dos conselhos nas reuniões: 80% não responderam, indicando não terem essa informação. Capacitação oferecida pelo CMI: 50% informaram que ocorre às vezes, e a outra metade informou que não existe. Sobre o tema da última capacitação, ninguém soube responder. Se a capacitação é suficiente, 90% informam que não. Ponto Crítico: dificuldades para a gestão do Fundo Idoso Dificuldade de sensibilização dos contadores, das pessoas físicas e jurídicas. Falta de uma cultura de cidadania. O papel ínfimo do Estado. A acomodação da sociedade diante dos problemas sociais. A prevalência de projetos de acolhimento institucional. A ênfase na vulnerabilidade de famílias e indivíduos. Fragilização do protagonismo da pessoa idosa. 70% dos participantes não responderam a essa pergunta; 30% apontam para: Dica da Professora Bloco 5 Adriana Ferreira Dica da Professora Indicamos o filme A onda, de 2008. • Esse filme é baseado em uma história real e busca mostrar o regime autocrático. • Ele traz que, em uma escola da Alemanha, alunos têm de escolher entre duas disciplinas eletivas, uma sobre anarquia e a outra sobre autocracia. • O professor Rainer Wenger é colocado para dar aulas sobre autocracia, mesmo sendo contra sua vontade. Porém, após alguns minutos da primeira aula, ele decide formar um governo fascista dentro da sala de aula. • O nome dado ao movimento foi A Onda, tendo sido escolhidos inclusive um uniforme e uma saudação. Dica da Professora • No entanto, o professor acaba perdendo o controle da situação, e os alunos começam a propagar as ideias pela cidade, tornando o movimento real. • Quando as coisas começam a ficar sérias e fanáticas demais, Wenger tenta acabar com A Onda, mas já é tarde demais. • Assim, o filme traz ações/comportamentos importantes para entender a sociedade e o distanciamento, como o valor humano e a ideia da necessidade de pertencimento para “existir” a qualquer preço – levados sem reflexão crítica. ** Como fica o olhar para o outro, a questão social e a desigualdade social nessa sociedade? Como fica a responsabilidade com o controle social? Há que existir um meio propício para esse olhar e uma sociedade preparada para isso! Dica da Professora Entender o filme e sua relação com uma sociedade madura para atuar no controle social: Aborda a questão da ditadura e compara com a sociedade atual – possibilidade da volta do regime totalitário. O regime totalitário é contrário ao controle social; a participação da sociedade não tem espaço. A intolerância vem com força. Trabalha conceitos da educação = ética e moral e nos faz entender o processo histórico e atual. Referências A ONDA [Die Welle]. Direção de Dennis Gansel. Alemanha: Constantin Film, 2008. BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência da República, [1988]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 25 set. 2020. BRASIL. Lei n. 8.742, de 7 de dezembro de 1993. Dispõe sobre a organização da Assistência Social e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, [1993]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8742compilado.htm. Acesso em: 25 set. 2020 BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Norma Operacional Básica do SUAS – NOB/SUAS. Brasília, 2012. Disponível em: http://www.mds.gov.br/webarquivos/public/NOBSUAS_2012.pdf. Acesso em: 25 set. 2020. BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Tipificação Nacional de Serviços Assistenciais. Brasília, 2013. Disponível em: http://www.mds.gov.br/webarquivos/publicacao/assistencia_social/Normativas/tipificacao.pdf. Acesso em: 29 jun. 2020. http://www.mds.gov.br/webarquivos/public/NOBSUAS_2012.pdf Referências COUTO, Berenice Rojas (org.). O Sistema Único de Assistência Social no Brasil: uma realidade em movimento. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2012. FERREIRA, Adriana A. Gestão do Fundo do Idoso: análise acerca dos desafios pelo Conselho Municipal do Idoso. Tese (Doutorado em Serviço Social) - Faculdade de Ciências Humanas e Sociais, Unesp, Franca, 2019. Disponível em: https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/181459/Ferreira_AA_te_fran .pdf?sequence=3&isAllowed=y. Acesso em: 25 set. 2020 RAICHELIS, Raquel. Esfera pública e conselhos de assistência social: caminhos da construção democrática. 7. ed. São Paulo: Cortez, 2015. SECCHI, Leonardo. Políticas Públicas: conceitos, esquemas de análise, casos práticos. São Paulo: CengageLerning, 2013. Bons estudos!
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