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Crime Impossivel

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Prévia do material em texto

SIDIO ROSA DE MESQUITA JÚNIOR 
http://www.sidio.pro.br – http://sidiojunior.blogspot.com 
sidiojunior@gmail.com 
 
 
Crime impossível na legislação brasileira 
Sidio Rosa de Mesquita Júnior1 
1. INTRODUÇÃO 
Tenho a intenção de publicar um livro intitulado Curso de direito Criminal: 
análise crítica. O que vem me desanimando é a exagerada inflação legislativa 
pátria. De qualquer modo, os meus alunos, no UDF – Centro Universitário do 
Distrito Federal, vem utilizando e aprovando o texto que utilizo como 
integrante da bibliografia básica, no qual enfrento muitos pontos polêmicos 
e trato do excesso de classificações que levam às mais variadas confusões 
desnecessárias. Daí, objetivar distinguir aqui: crime falho (ou tentativa 
perfeita) e tentativa inidônea (tentativa falha ou crime impossível). 
Esclareço inicialmente que utilizarei conceitos e trechos do texto que 
pretendo transformar em livro, isso logo que entender que ele está em nível 
adequado para publicação. 
 
1 Procurador Federal. Graduado em Segurança Pública e em Direito. Especialista em Direito Penal e 
Criminologia e em Metodologia do Ensino Superior. Mestre e Doutorando em Direito. Professor no UDF. 
Autor dos livros "Prescrição Penal", "Execução Criminal: Teoria e Prática" e "Comentários à Lei Antidrogas: 
Lei n. 11.343, de 23.8.2006" (Editora Atlas). 
2. CLASSIFICAÇÕES 
O cientista, mais do que qualquer outro estudioso, deverá localizar topoi, ou seja, um 
plano comum em que possa delimitar o seu objeto de estudo e se aprofundar até 
encontrar a sua essência, a sua natureza. Daí resulta a fragmentariedade do 
conhecimento jurídico e o excesso de classificações. 
Um alerta que faço aos meus alunos: as classificações, em diversas oportunidades, 
carecem de critério. Cada observador arbitra seu próprio critério, segundo sua ótica, o 
que torna, às vezes, pouco compreensíveis as classificações. Mas, para se conhecer 
qualquer coisa na sua essência, mister será delimitar o objeto de estudo, razão pela qual 
as classificações são fundamentais. Ao deixar de delimitar o objeto do estudo, incorre-se, 
normalmente, em confusões que induzem os leitores a equívocos. 
Sobre o excesso de classificações, Enrico Ferri expôs: 
Depois destas noções elementares, julgo inútil estorvo referir as prolixas indagações e as 
diversas classificações... Estas divagações escolásticas e mais ou menos criptográficas 
sobre as normas penais e sobre os seus destinatários, grosseiramente copiadas das 
noções gerais do direito, não trazem nenhuma contribuição útil nem ao conhecimento 
científico nem à aplicação prática da justiça penal, pois esta, em vez de volatizar-se nas 
abstrações lógicas e distinções escolásticas, tem necessidade de ser estudada sobre o 
terreno da realidade humana.2 
Franz von Liszt, tratando do denominado e ultrapassado dolus indectus,3 disse que 
algumas classificações “não passam de exageros da ideia, próprios a induzir a erro “.4 O 
fato é que, não obstante a importância das classificações para o conhecimento científico, 
é mister se observá-las com reservas, em face dos riscos de estarem presentes os 
exageros. 
 
 
2 FERRI, Enrico. Princípios do direito criminal. 2. ed. Campinas: Bookseller, l.998. p. 141. 
3 Dolus indirectus: sua origem se deve às necessidades de administração da justiça, a que a teoria da 
vontade não estava em condições de atender, sendo traduzido pela prática de um crime que alcança 
resultados que vão além do desejado, verbi.gratia, o agente pratica lesão corporal, mas, sem desejar, 
produz a morte da vítima. Ora, a posição é equivocada porque nem mesmo o versari in re ilicita permite 
converter em resultado representado o resultado não representado. 
4 LISZT, Franz von. Tratado de direito penal alemão. Campinas: Russel, 2.003. t. 1, p. 280. 
3. TENTATIVA E CONSUMAÇÃO 
Acerca do resultado, o nosso Código Penal (CP)adotou a teoria normativo-jurídica, o que 
significa dizer que todo crime tem resultado e que este não é essencialmente 
naturalístico, eis que realizar os elementos do tipo importará em consumação (CP, art. 14, 
inciso I). 
Diz-se que o crime tem um itinerário ou caminho, denominado iter criminis, o qual 
apresenta os seguintes passos: (a) cogitação; (b) preparação; (c) execução; (d) 
consumação. 
Um delito só poderá ser punido a partir da sua fase de execução, podendo as fases 
anteriores constituir crimes próprios, interessando para esse estudo o crime que, após 
iniciado, não chegará à consumação por circunstâncias alheias à vontade do agente. Tal 
espécie de crime, em princípio, é o denominado crime tentado (CP, art. 14, inciso II). 
4. CRIME FALHO E CRIME IMPOSSÍVEL 
Em uma introdução simplista, podemos dizer como consta do Wikipédia: 
Em Direito Penal, denomina-se crime falho aquele que, em sendo a tentativa perfeita, o 
resultado não se verifica por circunstâncias alheias à vontade do agente. Vale salientar 
que em tal crime o agente esgota todo o seu potencial lesivo sem contudo alcançar o 
resultado esperado. 
Tentativa branca ou incruenta, é aquela em que a vítima (ou o Bem Jurídico) não é 
lesionada, não sofre qualquer dano, ao passo que a tentativa negra, vermelha ou cruenta 
é aquela em que a vítima é lesionada de alguma forma.5 
Cezar Roberto Bitencourt diz que a tentativa perfeita é o mesmo que crime falho, sendo 
aquela tentativa em que o agente pratica todos os atos necessários à consumação do 
crime, mas não o atinge por circunstâncias alheias à sua vontade. Desse modo, a tentativa 
imperfeita é aquela em que o agente é impedido de continuar a execução por 
circunstâncias alheias à sua vontade. Tal distinção, conforme acentua o referido autor, é 
desprovida de relevância jurídica, salvo no momento de aplicação da pena.6 
 
5 Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Crime_falho>. Acesso em: 30.5.2012. 
6 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2006. v. 1, p. 499. 
Tenho afirmado que crime é fato típico ilícito culpável, sendo que para o estudo do crime 
impossível é mais importante a análise do fato típico. Este é a conduta humana que se 
adequa ao tipo, produzindo um resultado (normativo ou naturalístico) proibido pela lei 
criminal. 
São elementos do fato típico: conduta; resultado; relação de causalidade; e tipicidade. 
Seu estudo passou por diversas transformações, na medida em que evoluímos do 
causalismo para o finalismo, deste para a doutrina social e, finalmente, para a imputação 
objetiva. 
Interessa para o estudo do crime impossível a análise da tipicidade, visto que ele é aquele 
“crime” que não existiu, seja por absoluta impropriedade do objeto ou ineficácia do 
instrumento. Mas não é somente a tipicidade que nos interessa aqui. 
São importantes os conceitos de conduta e de resultado, visto que eles estão 
intimamente ligados ao artigo 17 do CP, que preceitua : “Não se pune a tentativa quando, 
por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível 
consumar-se o crime”. 
Nos delitos de resultado (materiais), a consumação depende da produção do resultado, 
destacando-se da conduta. Como a lei consagra o resultado em alguns tipos, tornando 
obrigatória sua ocorrência para a consumação, nesses casos, torna imperiosa a análise do 
crime impossível. 
O CP se refere expressamente à “ineficácia do meio ou absoluta impropriedade do objeto” 
tornando imperioso destacar que não há qualquer inconveniente em se falar em 
impropriedade do meio e do objeto, tendo em vista que impropriar significa “aplicar 
mal”, sendo que a má aplicaçãodo instrumento, seja devido à técnica, ou por 
incapacidade para a produção do resultado, resultará na sua ineficácia. Outrossim, aplicar 
um instrumento contra um objeto impróprio também é “aplicar mal”, razão pela qual não 
foi feita aqui a distinção entre ineficácia e impropriedade. 
A impropriedade, nos termos da lei, deve ser absoluta, para ser capaz de gerar o crime 
impossível. Acerca de tal espécie de delito, ensina João José Leal: 
...também denominado de tentativa impossível ou tentativa inidônea, ou ainda, tentativa 
de consumação impossível, ou „tentativa inútil‟. É o exemplo de quem, querendo matar 
uma pessoa, utiliza-se de um revólver sem munição, ou de um revólver de brinquedo (o 
meio empregado é totalmente inadequado para causar a morte de uma pessoa). É 
também o caso de quem, querendo apenas furtar, penetra no interior de uma casa e a 
encontra completamente vazia, sem nenhum objeto de valor.7 
Não gerará, portanto, crime impossível a impropriedade relativa do objeto ou do meio. 
Assim, se uma pessoa tentar subtrair dinheiro do bolso esquerdo da calça de outra e ali 
não houver dinheiro algum, mas este estiver no bolso direito, entende-se que a 
impropriedade é relativa. Destarte, deverá o agente ser punido por furto tentado. 
Não obstante Júlio e Renato Fabbrini sustentarem que adotamos postura alemã,8 João 
José Leal afirma que, na Alemanha, se pune o crime impossível como crime tentado.9 
Também, posso afirmar que a Espanha pune a tentativa inidônea. 
Cezar Roberto Bitencourt defende a teoria esposada pelo CP, que é a objetiva, pela qual a 
tentativa inidônea é impossível porque jamais se completaria o delito, em face da 
ausência de seus elementos.10 Não obstante, somos partidários da teoria subjetiva, visto 
que o que é decisivo é a intenção do agente. Mais ainda, há outra teoria, a sintomática, 
que não deve ser desprezada, tendo em vista que o agente que tem coragem de tentar 
um delito impossível tem periculosidade, ou seja, apresenta sintomas relevantes ao 
DCrim, merecendo censura. 
Por oportuno, recorde-se que o próprio código penal, em vários momentos, considera 
crime a simples ameaça aos objetos jurídicos tutelados. No crime impossível, poderia se 
dizer, não houve perigo (ameaça) ao objeto jurídico, portanto, a pena seria aplicada 
segundo os sintomas de periculosidade do autor. Porém, não se trata de se resgatar um 
Direito Criminal (DCrim) de autor (baseado unicamente na periculosidade do agente), 
mas na própria censura do fato, verbi gratia, quem apertar o gatilho de arma 
desmuniciada tentando matar, praticará fato censurável e sua conduta será 
potencialmente perigosa. 
 
7 LEAL, João José. Direito penal geral. São Paulo: Atlas, 1998. p. 240. 
8 MIRABETE, Julio Fabbrini; FABBRINI, Renato Nascimento. Manual de direito penal. 26. ed. São Paulo: Atlas, 
2010. v. 1, p. 153. 
9 LEAL, João José. Op. cit. p. 242. 
10 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2006. v. 1, p. 369. 
Ademais, as novas tendências do DCrim migram para a imputação objetiva do resultado e 
esta se dá segundo os elementos subjetivos do autor. Desse modo, continua sendo mais 
importante a intenção do agente, que o resultado propriamente dito. Com efeito, uma 
tentativa de homicídio, em que o agente tenha errado todos os disparos, descarregando 
sua arma, sem atingir a vítima, restando ela, portanto, ilesa, deve ser visto como mais 
grave que a lesão negligente que venha a causar deficiência física ou mental permanente. 
Nesse sentido, nosso Código Penal, admite o perdão judicial no homicídio e na lesão 
corporal negligentes (arts. 121, § 5º e 129, § 8º). Porém, mesmo que não haja qualquer 
lesão, o homicídio tentado deve ser apenado, não sendo possível o perdão judicial. 
Arma com defeito e arma desmuniciada não serão sempre absolutamente impróprias 
para a produção do resultado porque se deverá analisar o caso concreto. Destarte, caso a 
vítima tenha anterior problema cardíaco grave poderá vir a morrer em decorrência da 
conduta do agente, o que impedirá falar em crime impossível.11 
A verificação da inidoneidade da tentativa não pode ser feita ex ante (antes dos fatos), 
mas depois de todas as suas circunstâncias, ou seja, ex post. Assim, tanto em situações 
concretas como nas de concursos públicos e provas, deverá constar claramente o 
resultado, ou seja, caso os fatos, ou a questão, não enunciem que a vítima resultou viva 
de eventual homicídio perpetrado por arma desmuniciada ou danificada, a hipótese 
poderá, ex ante, se referir a crime falho (ou tentativa perfeita) ou crime impossível. 
Porém, caso a vítima, na hipótese, resulte viva, estar-se-á diante da evidenciação do 
resultado e, na avaliação ex post, dever-se-á considerar crime impossível. Ocorre que, a 
impropriedade acidental, permite falar em crime impossível e, portanto, outra solução 
pode ser emprestada, considerando-se ser hipótese de crime tentado. 
Na Itália, a tentativa inidônea resulta em medida de segurança, posição que eu adotaria e 
defenderia aqui se o Brasil efetivasse a medida de segurança como efetivo tratamento, a 
ser enfrentado como questão de saúde pública e não como espécie de sanção criminal. 
O fato de se ter adotado a teoria objetiva na lei brasileira, obrigando a distinguir a 
impropriedade absoluta da impropriedade relativa, gera situações contraditórias que só 
servem para confundir neófitos em Direito. Por exemplo, Damásio E. de Jesus afirma que 
 
11 NUCCI, Guilherme de Souza. Código penal comentado. 8. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. p. 
192. 
constitui circunstância acidental que exclui o crime impossível: “agente pretende 
desfechar tiro de revólver contra a vítima, mas a arma nega fogo”.12 
Pergunto: (a) tentar matar com arma desmuniciada não é tão acidental como tentar 
matar utilizando cartuchos mal acondicionados em que as cargas de projeção dos 
mesmos não são capazes de gerar a combustão e o disparo do projétil; (b) estar o 
percursor (ou percutor) da arma danificado não é tão impróprio quanto estar a arma 
desmuniciada ou estarem os cartuchos impróprios para o disparo? 
5. DISTINÇÃO ENTRE CRIME IMPOSSÍVEL E DELITO PUTATIVO 
Crime impossível é a tentativa inidônea, enquanto que o delito putativo é aquele fato que 
não é previsto como crime. Trata-se, no delito putativo, da prática conduta sem 
relevância jurídico-criminal, pensando estar praticando crime, verbi gratia, furto de uso 
(pegar furtivamente uma coisa “emprestada”), fugir de presídio (é ilícito administrativo, 
constituindo falta grave, mas não é crime) etc. Em síntese, o delito putativo é um 
irrelevante jurídico-criminal. 
A distinção que Rogério Greco tenta fazer entre crime impossível e delito putativo 
constitui tentativa inidônea de explicar o nada. Com efeito, ele afirma: 
Na precisa distinção feita por Maggiore, no delito putativo “o agente crê haver efetuado 
uma ação delituosa que existe somente em sua fantasia; em outras palavras, julga punível 
um fato que não merece castigo. No delito impossível o agente crê atuar de modo a 
ocasionar um resultado que, pelo contrário, não pode ocorrer, ou porque falta o objeto, 
ou porque a conduta não foi de todo idônea”.13 
Há registro de sentença criminal em que o Juiz exemplificou como sendo delito putativo o 
fato de uma mulher ingerir medicamento abortivo pensando estar grávida.14 Tal hipótese, 
já foi objeto de concurso público, sendo que são equívocos como aquele ora transcrito 
que leva o Brasil ao ostracismo jurídico-criminal em que se encontra. 
 
 
12 JESUS, DamásioEvangelista. Direito penal. 20. ed. São Paulo: Saraiva, 1997. v. 1, p. 346. 
13 GRECO, Rogério. Código penal comentado. 2. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2009. p. 47. 
14 Disponível em: http://www.lidefiscal.com/2011/10/importar-abortivo-e-mais-grave-que.html. Acesso em: 
30.5.2012, às 18h. 
14. CONCLUSÃO 
O crime impossível merece melhor disciplina normativa no Brasil, sendo que a tentativa 
inidônea não deixa de ser uma tentativa perfeita. Com efeito, imagine-se que Tício vê 
Caio se deitando e logo em seguida ele vá até o local e desfira tiros de pistola contra a 
cabeça da vítima. Depois, a perícia venha a informar que a causa da morte de Caio tenha 
sido envenenamento perpetrado por Mévio. No caso, a absoluta impropriedade do 
objeto (estar Caio morto) será acidental, assim como a arma desmuniciada ou 
estragada.15 Todavia, em face de equívocos legislativos a doutrina jurídico-criminal 
brasileira se empenha para estabelecer parâmetros razoáveis, mas que tendem à 
confusão. 
Conforme ensina Cezar Roberto Bitencourt, citando Damásio E. de Jesus, a tentativa 
perfeita é aquela em que o agente subjetivamente realizou um crime. No exemplo 
nupercitado, Tício praticou, ao mesmo tempo, crime impossível (tentativa inidônea ou 
tentativa falha) e crime falho (tentativa perfeita). 
 
15 SANTOS, Juarez Cirino dos. Direito penal: parte geral. Curitiba: ICPC; Luhmen Juris; 2006. p. 398. Observe-
se que o autor cita como exemplo de tentativa falha o fato de, no homicídio, a arma “negar fogo”.

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