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CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE



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1. APRESENTAÇÃO DO TRABALHO
Este trabalho tratará do tema Controle de Constitucionalidade. Os assuntos que serão estudados são os seguintes: alguns conceitos introdutórios; Sistemas e vias de Controle Judicial (Controle Difuso- via incidental e Controle Concentrado - exercido via principal) e, consequentemente, Ação Declaratória de Inconstitucionalidade (ADI); Ação Direta de Constitucionalidade (ADC); Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão (ADO); Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) e; ADI interventiva. 
Por fim, será analisada a evolução do controle de constitucionalidade no Brasil.
As obras estruturais, que alicerçarão esta pesquisa, serão Curso de Direito Constitucional do autor ministro Gilmar Ferreira Mendes e do autor Paulo Gustavo Gonet Branco, e a obra Direito Constitucional Esquematizado do autor Pedro Lenza, Curso de Direito Constitucional de Dirley da Cunha Júnior, dentre outras.
2. JUSTIFICATIVA E OBJETO DE ESTUDO
O tema Controle de Constitucionalidade é de fundamental importância para assegurar a observância da Constituição, que poderá ser afrontada quando seu texto, de alguma forma, for desrespeitado, seja prévia ou posteriormente ao ato ofensivo à Carta Constitucional. Com o intuito de assegurar tal observância à Constituição, foram criados mecanismos que possibilitam a defesa das regras constitucionais.
Esses mecanismos, por sua vez, serão o objeto de estudo aqui tratado.
3. CONCEITO
O Controle de Constitucionalidade é um conjunto de mecanismos por meio dos quais se verifica sua adequação em face da Constituição utilizando, como paradigma, o próprio texto constitucional e, também, o denominado bloco de constitucionalidade. 
4. INTRODUÇÃO (considerações de uma Constituição)
Tendo em vista que o Controle de Constitucionalidade não subsiste sem que exista uma Constituição, deveremos tecer breves comentários que abarcam alguns conceitos básicos de uma lei maior. 
 O conceito de Constituição pode ser observado sobre vários aspectos. Pode-se definir Constituição em sentido Cultural, Sociológico, Político, etc. Nesse contexto, segundo Conrad Hesse, defensor da ideia da Força Normativa da Constituição: 
 “a resposta sobre o significado da Constituição depende, assim, da tarefa que se pretende resolver com o conceito eventualmente desenvolvido”.[2: Konrad Hesse, 1995, p. 3; e Elementos de direito constitucional da República Federal da Alemanha, 20. ed. (APUD – MENDES Gilmar Ferreira Curso de direito constitucional / Gilmar Ferreira Mendes, Paulo Gustavo Gonet Branco.– 2012 – PDF- pg.878)]
Contudo, não há como ignorar a existência de uma ideia nuclear permanente idealizada por Hans Kelsem mencionado na obra do Ministro Gilmar Mendes. Assim, uma Constituição é, fundamentalmente:
“a ideia de um princípio supremo que determina integralmente o ordenamento estatal e a essência da comunidade constituída por esse ordenamento”.[3: Konrad Hesse, 1995, p. 3; e Elementos de direito constitucional da República Federal da Alemanha, 20. ed. (APUD – MENDES Gilmar Ferreira Curso de direito constitucional / Gilmar Ferreira Mendes, Paulo Gustavo Gonet Branco.– 2012 – PDF- pg.878)]
5. REQUISITOS DO CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 
Conforme dito, a existência do Controle de Constitucionalidade depende da existência de uma Constituição. O Controle de Constitucionalidade tem como requisitos lógicos uma constituição rígida e a existência de um órgão ao qual seja atribuída a competência para tratar das adversidades acerca da constitucionalidade.
O fato de haver uma constituição rígida como requisito do Controle de Constitucionalidade relaciona-se com o princípio da supremacia da constituição. Deve haver, dessa forma, o escalonamento normativo, sob a ideia de que todas as normas infraconstitucionais devem respaldar-se na lei maior como pressuposto de validade de tais normas.
6. TEORIA DA NULIDADE E TEORIA DA ANULABILIDADE
Consoante à obra Direito Constitucional Esquematizado, duas foram as teorias criadas no que diz respeito à aplicação do controle quando da inconstitucionalidade das leis, são elas: teoria da nulidade e teoria da anulabilidade da norma inconstitucional.
Com relação à Teoria da Nulidade, deve-se observar que se trata de uma teoria Norte -Americana, idealizada por Marshall e que é adotada pela doutrina majoritária brasileira. A teoria da nulidade denota um ato declaratório, ou seja, a declaração reconhece o fato que já existia antes de sua provocação, interferindo no plano de validade (escada pontiana – existência, validade e eficácia) da norma que se encontra em dissonância com a constituição. Este fato é o chamado vício congênito da norma, cujo sentido é o de que se determinada norma nasce em desacordo com a Constituição (a norma é inconstitucional) ela já nasce morta, é uma lei natimorta. Por isso, fala-se em teoria da nulidade, aqui o ato normativo nasce morto, nunca existiu, devendo ser, portanto, considerado nulo. Nesse sentido, a lei inconstitucional nunca entrou no plano de eficácia. Como resultado, a anulação produz efeitos retroativos (ex tunc), podendo, todavia, ser modulados (mitigação da teoria da nulidade no Brasil – art. 27 da lei 9.868). 
Por sua vez, a Teoria Da Anulabilidade, que foi preconizada por Hans Kelsen, teve incidência na Áustria. Ao passo que a Teoria da Nulidade denota natureza jurídica de decisão declaratória, a Teoria da Anulabilidade da norma inconstitucional consagra natureza constitutiva, sendo a lei não nula, mas anulável e provisoriamente válida com efeitos prospectivos ex nunc. Nesse raciocínio, Cappelletti, mencionado por Pedro Lenza, preleciona o seguinte:
 “Diferentemente do sistema norte-americano da nulidade, “... a Corte Constitucional não declara uma nulidade, mas anula, cassa (‘aufhebt’) uma lei que, até o momento em que o pronunciamento da Corte não seja publicado, é válida e eficaz, posto que inconstitucional (sic). Não é só: mas — coisa ainda mais notável — a Corte Constitucional austríaca tem, de resto, o poder discricionário de dispor que a anulação da lei opere somente a partir de uma determinada data posterior (‘Kundmachung’) de seu pronunciamento, contanto que este diferimento de eficácia constitutiva do pronunciamento não seja superior a um ano...”.[4: M. Cappelletti, O controle judicial de constitucionalidade das leis no direito comparado, p. 116. (APUD- LENZA, Pedro Direito constitucional esquematizado 15ªed. 2011. Pg 220).]
6.1 TEORIA DA NULIDADE (atenuação de sua aplicação nos controles concentrado e difuso).
Foi dito que a doutrina brasileira segue a teoria da nulidade idealizada por Marshall. Entretanto, Pedro Lenza assevera que a Teoria da Nulidade vem sendo tornada mais flexível pela doutrina e jurisprudência brasileiras em face dos princípios da segurança jurídica e da boa fé. Assim, esse entendimento atenua a teoria da nulidade, afastando, dessa forma, seu caráter absolutório. Com efeito, incide mitigação nos controles concentrado e difuso com relação aos seus efeitos.
O sistema concentrado é mitigado quando se fala em modulação dos efeitos, cujo intuito, de acordo com o pensamento de Pedro Lenza, é assegurar a observância da segurança jurídica, do interesse social e, também, da boa fé. Esse é, inclusive, o teor do art. 27 da lei 9.868/99 (lei que dispõe sobre o processo e julgamento da ação direta de inconstitucionalidade e da ação declaratória de constitucionalidade perante o Supremo Tribunal Federal), vejamos a redação do art. 27:
Art. 27. Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, e tendo em vista razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o Supremo Tribunal Federal, por maioria de dois terços de seus membros, restringir os efeitos daquela declaração ou decidir que ela só tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de outro momento que venha a ser fixado.
Levando em consideração o sistema difuso, a jurisprudência vem demonstrando que, nesta espécie de sistema, também é admissível a modulaçãodos efeitos referentes ao art. 27 da lei 9.868, assegurando, desta mesma forma, a segurança jurídica, o interesse social e a boa fé. 
7. DEFESA E PROTEÇÃO DA CONSTITUIÇÃO (classificação das formas e modos de defesa)
Faz-se necessário classificar as formas e modos de defesa da Constituição. Assim, inseriremos as classificações neste trabalho de acordo com a classificação do Ministro Gilmar Mendes, vejamo-las:
1º) Quanto ao órgão controlador (órgão que poderá exercer o controle), pode ser: Político, Jurisdicional, e Misto (híbrido – político e judiciário) 
a) Político: Esse tipo de controle ocorre quando o Controle de Constitucionalidade é exercido por um órgão político e não por um órgão que possua função jurisdicional. É o caso do que ocorre na França. A Constituição Francesa estabeleceu o Conselho Constitucional, que é um órgão exclusivo para exercer o Controle de Constitucionalidade. 
No Brasil, ocorre controle político, segundo Gilmar Mendes, quando se materializa, na prática, o §1º do art. 66 da Constituição Federal (veto presidencial). Entendemos que aqui trata-se do veto praticado com a finalidade de obstruir o projeto entendido como inconstitucional (veto jurídico), conforme as lições de Barroso, mencionado por Lenza, não se tratando, portanto, do veto relativo ao interesse público (veto político), verbis:[5: Luís Roberto Barroso, O controle de Constitucionalidade no direito brasileiro, 2.ed, p.42-43 (APUD- LENZA, Pedro Direito constitucional esquematizado 15ªed. 2011. Pg 241).]
§ 1º - Se o Presidente da República considerar o projeto, no todo ou em parte, inconstitucional ou contrário ao interesse público, vetá-lo-á total ou parcialmente, no prazo de quinze dias úteis, contados da data do recebimento, e comunicará, dentro de quarenta e oito horas, ao Presidente do Senado Federal os motivos do veto.
Nessa mesma linha de raciocínio, Pedro Lenza, ao citar Barroso, menciona que este autor entende haver controle político, também, quando ocorre a recusa, pela Comissão de Constituição e Justiça, de determinado projeto de lei que se encontra fora dos parâmetros estabelecidos na Carta Constitucional. 
b) Jurisdicional: É o controle que se faz por meios das funções do Poder Judiciário. Pode ocorrer de forma concentrada ou de forma difusa. De maneira concentrada, verifica-se quando o controle é exercido por somente um órgão, no caso brasileiro, pelo Supremo Tribunal Federal. Por outro lado, pode ser que o controle seja exercido pelos Tribunais de Justiça, caso em que será constatado o controle difuso.
O fato de haver controle concentrado e difuso, segundo Pedro Lenza, significa que adotou-se um sistema jurisdicional misto no Brasil.
c) Misto ou Híbrido: Trata-se de uma mistura de controle político e controle jurisdicional em um mesmo Estado.
Levando em consideração a ideia de Barroso e Gilmar Mendes, entede-se que há controle político e jurisdicional no país. Seria político quando o Presidente da República ou a CCJ vetassem determinado projeto considerado inconstitucional. Por sua vez, o ato de exercer o controle concentrado ou difuso trata-se de controle jurisdicional.
2º) Quanto ao modo ou a forma de controle, pode ser: Incidental ou Principal
a) Controle Incidental: Ocorre essa forma de controle quando a propositura da ação não é voltada, finalisticamente, à declaração de inconstitucionalidade de determinado ato normativo. Normalmente, o controle incidental vislumbra-se por meio da via difusa. 
 Neste sentido, Gilmar Ferreira Mendes:
 “No controle incidental, a inconstitucionalidade é arguida no contexto de um processo ou ação judicial, em que a questão da inconstitucionalidade configura um incidente, uma questão prejudicial que deve ser decidida pelo Judiciário. Cogita-se também de inconstitucionalidade pela via da exceção, uma vez que o objeto da ação não é o exame de constitucionalidade da lei.
Em geral, associa-se o controle incidental ao modelo difuso, tendo em vista a forma processual própria desse modelo derivado do sistema americano.(...)”[6: Mendes, Gilmar Ferreira Curso de direito constitucional / Gilmar Ferreira Mendes, Paulo Gustavo Gonet Branco. – 7. ed. rev. e atual. – São Paulo : Saraiva, 2012. (PDF pg. 882).]
b) Controle Principal: Diferentemente do controle incidental, no controle principal é possível, finalisticamente, de forma autônoma, o intuito de declarar a inconstitucionalidade do ato normativo ou lei que esteja em discussão. Nas palavras de Gilmar Mendes:
“O controle principal permite que a questão constitucional seja suscitada autonomamente em um processo ou ação principal, cujo objeto é a própria inconstitucionalidade da lei. Em geral, admite-se a utilização de ações diretas de inconstitucionalidade ou mecanismos de impugnação in abstracto da lei ou ato normativo”.[7: Mendes, Gilmar Ferreira Curso de direito constitucional / Gilmar Ferreira Mendes, Paulo Gustavo Gonet Branco. – 7. ed. rev. e atual. – São Paulo : Saraiva, 2012. – versão eletrônica (PDF – pág 882).]
3º) Quanto ao momento do controle, pode ser: Preventivo (prévio) ou Repressivo (sucessivo)
a) Preventivo: Como o próprio nome sugere, o controle preventivo se perfaz no momento em que o ato normativo está sendo aperfeiçoado, ou seja, durante o decorrer do processo legislativo. 
No âmbito legislativo, esse controle pode e deve ser observado, por exemplo, pelas Comissões de Constituição e Justiça de ambas as casas do Congresso Nacional.
No Poder Executivo, o controle prévio é exercido pelo veto (veto jurídico). 
Com relação ao controle prévio exercido pelo Poder Judiciário, devemos ter ciência de que somente os parlamentares estarão legitimados à provocação. Entendendo haver projeto de emenda constitucional tendente a abolir os direitos previstos no §4º do art. 60 da Constituição Federal, os membros do parlamento poderão, por meio de via de exceção ou defesa, de modo incidental, invocar seu direito público subjetivo de participar do devido processo legislativo. A garantia que se dá ao parlamentar nesses casos é o Mandado de Segurança. Este remédio constitucional servirá para garantir a participação de um membro do Poder Legislativo ao devido processo legislativo e exercer o controle preventivo.
b) Repressivo: O modelo repressivo é a regra, sendo o modelo preventivo a exceção. Neste sentido, vejamos o que diz, em sua obra, o Ministro Gilmar Mendes acerca da ADI 466 e 3367 (DF):
“Somente se admite, em princípio, a instauração do processo de controle após a promulgação da lei ou mesmo de sua entrada em vigor. Na ação direta de inconstitucionalidade exige-se que tenha havido pelo menos promulgação da lei”.[8: ADI 466/DF, Rel. Min. Celso de Mello, DJ de 10-5-1991; ADI 3.367/DF, Rel. Min. Cezar Peluso, DJ de 17-3-2006. (APUD – MENDES Gilmar Ferreira Curso de direito constitucional / Gilmar Ferreira Mendes, Paulo Gustavo Gonet Branco.– 2012 – PDF- pg.882)]
O controle repressivo pode ser realizado pelos Três Poderes no caso brasileiro. Em regra, será exercido pelo Poder Judiciário, por meio dos controles concretos e difusos. 
Todavia, também poderá ser exercido pelo Poder Legislativo e Poder Executivo.
Assim, na esfera legislativa, poderá ocorrer controle repressivo nas hipóteses previstas no artigo 49, V cumulado o art. 84, IV e o art. 68 da CF. Ademais, também poderá ocorrer diante da observação do art. 62, também, da CF. Percebe-se, aqui, que temos duas possibilidades de o Poder Legislativo exercer o Controle repressivo.
Nos casos do artigo 49 teremos um controle de legalidade, segundo Pedro Lenza, pois o que se verificaria, seria o quantum se extrapolou a lei e não a Constituição. Determina o artigo 49, V:
Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:
(...)
V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa;
Conforme se percebe ao fazer a leitura do art. 49, V, o Congresso Nacional poderá exercer controle em duas hipóteses. 
A primeira é quando o Poder Legislativo,por meio do Congresso Nacional, poderá sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar. Dessa forma, é sabido que o Presidente da República tem a competência para editar decretos legislativos (regulamentares) para que esses decretos deem fiel execução às leis produzidas pelo Congresso Nacional, conforme estabelece o inciso IV do artigo 84 da CF. Neste caso, se o Presidente da República exorbitar-se de sua competência, tratando de matérias que exorbitem os limites estabelecidos na lei, o Poder Legislativo, por meio de um decreto legislativo, exercerá tal controle no intuito de afastar o vício. 
A segunda hipótese relacionada ao artigo 49 da C.F consiste na possibilidade de o Poder Legislativo sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem dos limites de delegação legislativa. Nos termos do artigo 68 da Constituição Federal, “as leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da República, que deverá solicitar a delegação ao Congresso Nacional”.
Nesses casos, se o Presidente for além dos limites estabelecidos na resolução (instrumento que especifica o conteúdo de delegação), o Congresso Nacional fará o controle por meio de um decreto legislativo.
A outra forma de o Poder Legislativo exercer o Controle de Constitucionalidade é o controle de outro ato normativo elaborado pelo Presidente da República, ato este que possui força de lei, ou seja, trata-se da medida provisória. Uma vez que o Congresso Nacional entender que a medida provisória seja inconstitucional, o órgão legislativo estará legitimado a exercer o controle de constitucionalidade em face daquele ato normativo. Observação a ser feita é que, conforme se verá adiante, as medidas provisórias também poderão ser objetos de impugnação em via abstrata, no controle concentrado.
Vale ressaltar que o Tribunal de Contas da União, como conseqüência do artigo 71 da constituição (caput), auxiliará o Congresso Nacional em seu controle externo, verbis:
Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete:
(...)
De acordo com Lenza, o TCU :
“ao exercer suas atividades poderá, sempre no caso concreto e de modo incidental, apreciar a constitucionalidade de uma lei e, se for o caso, deixar de aplicá-la.[9: LENZA, Pedro Direito constitucional esquematizado / Pedro Lenza. – 15ª. ed. rev, atual. e ampl. – São Paulo : Saraiva, 2011. Pg 245.]
O Poder Executivo também poderá exercer controle repressivo, para entender tal controle exercido por este poder, citemos dois julgados, um do STF e outro do STJ, julgados estes mencionado por Pedro Lenza em sua obra Direito Constitucional Esquematizado, vejamo-los, respectivamente:
“... O controle de constitucionalidade da lei ou dos atos normativos é da competência exclusiva do Poder Judiciário. Os Poderes Executivo e Legislativo, por sua chefia — e isso mesmo tem sido questionado com o alargamento da legitimação ativa na ação direta de inconstitucionalidade —, podem tão só determinar aos seus órgãos subordinados que deixem de aplicar administrativamente as leis ou atos com força de lei que considerem inconstitucionais” (ADI 221-MC/DF, Rel. Min. Moreira Alves; DJ de 22.10.1993, p. 22251, Ement. v. 01722-01, p. 28).[10: LENZA, Pedro Direito constitucional esquematizado / Pedro Lenza. – 15ª. ed. rev, atual. e ampl. – São Paulo : Saraiva, 2011. Pg 244.]
“Lei inconstitucional — Poder Executivo — Negativa de eficácia. O poder executivo deve negar execução a ato normativo que lhe pareça inconstitucional” (REsp 23121/GO, Rel. Min. Humberto Gomes de Barros; 1.ª Turma, j. 06.10.1993, DJ de 08.11.1993, p. 23521, LEXSTJ 55/152).[11: LENZA, Pedro Direito constitucional esquematizado / Pedro Lenza. – 15ª. ed. rev, atual. e ampl. – São Paulo : Saraiva, 2011. Pg 245.]
Conforme se percebe, o Presidente da República, entendendo que determinada lei seja inconstitucional, poderá, com base no princípio da supremacia da constituição, negar ou ordenar aos seus subordinados que neguem a aplicação da lei entendida como inconstitucional.
8. ESPÉCIES DE INCONSTITUCIONALIDADE 
8.1 INTRODUÇÃO
Basicamente, pode ser que ocorra inconstitucionalidade nas seguintes modalidades: omissão ou por ação. O Ministro Gilmar Mendes menciona, em sua obra, a alusão que a doutrina faz, ainda, das seguintes espécies: Inconstitucionalidade originária e inconstitucionalidade superveniente. Por questões de organização, entende-se que se deve inserir neste tópico os temas inconstitucionalidade circunstancial e inconstitucionalidade chapada ou desvairada. Ademais na obra Direito Constitucional Descomplicado, os professores Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino falam em Inconstitucionalidade direta e inconstitucionalidade indireta. Vejamos:
8.2 INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO
A aceitabilidade da inconstitucionalidade por omissão é novel. Até pouco tempo, admitia-se somente a inconstitucionalidade comissiva, mas a Constituição Federal Brasileira de 1988 buscou inspiração na Constituição Portuguesa, inserindo em nosso ordenamento jurídico a ADO, passando a não mais admitir inconstitucionalidade omissiva na jurisdição pátria.
Pedro Lenza cita Canotilho em sua obra e expõe os pensamentos do jurista português, no que diz respeito ao presente tópico, da seguinte maneira: 
“a inconstitucionalidade por omissão pressupõe a violação da lei constitucional pelo silêncio legislativo (violação por omissão)”.[12: J. J. Gomes Canotilho, Direito constitucional e teoria da Constituição, 7. ed., p. 982. (APUD- LENZA, Pedro Direito constitucional esquematizado 15ªed. 2011. Pg 230).]
Como forma de combater a inconstitucionalidade via omissiva por parte do Estado, a Constituição de 1988 garantiu o mandado de injunção e a Ação Direta de inconstitucionalidade (ADO), cujo estudo será mais aprofundado posteriormente.
8.3 INCONSTITUCIONALIDADE POR AÇÃO (positiva ou por atuação)
A inconstitucionalidade por ação é também chamada de positiva ou por atuação. Conforme dito, através da concepção Kelsiana, a Constituição é a base de todo o ordenamento jurídico e as demais normas (normas infraconstitucionais) deverão resguardar afinidade com a lei maior. Caso contrário, se da norma resultar incompatibilidade, seja formal ou material, estaremos diante de uma inconstitucionalidade. 
Percebe-se, portanto, que, ao invés da inércia legislativa (inconstitucionalidade por omissão), para haver inconstitucionalidade por ação, presume-se que o legislador editou o ato normativo, porém, um ato normativo que vá de encontro aos preceitos constitucionais. 
Pedro Lenza expõe três vertentes da inconstitucionalidade por ação: formal e material ou, ainda, formal e materialmente, quando duplamente inconstitucional. Além dessas, o autor também apresenta uma terceira vertente denominada vício de decoro parlamentar. Entretanto, para não prolongarmos o trabalho, dissertaremos apenas acerca das duas primeiras (formal e material).
8.3.1 ASPECTO FORMAL 
O vício formal caracteriza-se, segundo a doutrina, pela expressão monodinâmica por trazer-nos a ideia de movimento e dinamismo. Isso porque, o defeito está ligado ao processo legislativo ideal, ou seja, à forma com que se deu a elaboração da espécie normativa, ou até mesmo, se a norma foi elaborada por autoridade incompetente segundo Lenza.
Nessa mesma linha de raciocínio, Gilmar Mendes, em sua obra, traz a seguinte lição da doutrina: 
“Os vícios formais traduzem defeito de formação do ato normativo, pela inobservância de princípio de ordem técnica ou procedimental ou pela violação de regras de competência. Nesses casos, viciado é o ato nos seus pressupostos, no seu procedimento de formação, na sua forma final”. [13: José Joaquim Gomes Canotilho, Direito constitucional, cit., p. 738. Cf. Jorge Miranda, Manual de direito constitucional, cit., v. 2, p. 302-303; Gustavo Zagrebelski, La giustizia costituzionale, cit., p. 33-38; Franco Pierandrei, Corte Costituzionale, in Enciclopedia del Diritto, Varese:Giuffrè, 1962, v. 10, p. 904-905. (APUD – MENDES Gilmar Ferreira Curso de direito constitucional / Gilmar Ferreira Mendes, Paulo Gustavo Gonet Branco.– 2012 – PDF- pg.889).]
Feitas essas considerações, deve-se mencionar que o vício formal pode ser subdividido, com base na obra Direito Constitucional Esquematizado, em três aspectos: inconstitucionalidade formal orgânica; inconstitucionalidade formal propriamente dita e; inconstitucionalidade formal por violação a pressupostos objetivos do ato.
8.3.1.1 INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL ORGÂNICA
Esta modalidade de inconstitucionalidade formal ocorre quando um órgão incompetente para a elaboração de uma determinada norma a produz.
Conforme se sabe, a Constituição Federal estabelece as matérias em que somente a União pode legislar (art. 22 – CF – Competência legislativa privativa), assim como as matérias em que os Estados e até mesmo os municípios poderão legislar (competência comum e competência concorrente – Art. 23 e 24 – CF). Nesse contexto, a título de exemplo, imaginemos que determinado Estado da federação resolvesse produzir uma norma que versasse sobre Direito Agrário. Esta norma padeceria de vício de inconstitucionalidade formal orgânica, pois o referido Estado não era competente para produzir norma que dispusesse regulamentações acerca do Direito Agrário. 
 8.3.1.2 INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL PROPRIAMENTE DITA
Quando ocorrer inobservância do devido processo legislativo, ou seja, vício na elaboração da norma (não estamos tratando aqui de incompetência legislativa - vício formal orgânico), restará configurada a inconstitucionalidade formal propriamente dita.
Esta modalidade de inconstitucionalidade admite subdivisões, sendo que para classificá-la como subjetiva ou objetiva, dever-se-á observar o momento em que ocorreu o vício (fase iniciativa ou fases posteriores).
Vício de inconstitucionalidade formal propriamente dita subjetiva: Quando ocorrer vício no momento em que se dá a iniciativa do processo legislativo, estaremos diante do vício formal subjetivo. A constituição determina quem será o responsável para dar o início ao processo legislativo com relação à determinada matéria. A título de exemplo, imagine-se que o Presidente da República decida iniciar o projeto de lei complementar regulamentado no caput do artigo 93 da C.F, cuja iniciativa cabe ao Supremo Tribunal Federal. Nesse caso, estaremos diante de uma inconstitucionalidade formal propriamente dita subjetiva.
Vício de inconstitucionalidade formal propriamente dita objetiva: Ao passo que o vício formal subjetivo se dá no momento dá iniciativa da lei, o vício formal objetivo ocorrerá nas fases posteriores à fase de iniciativa. Normalmente, poderá ser identificado quando ocorrer votação para aprovação de uma lei com quorum diferente do exigido na constituição. Assim, uma lei complementar aprovada por quorum de maioria simples padecerá de vício de inconstitucionalidade, pois o artigo 69 da Constituição Federal determinou, expressamente, que as leis complementares deverão ser aprovadas por maioria absoluta.
8.3.1.3 INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL POR VIOLAÇÃO A PRESSUPOSTOS OBJETIVOS DO ATO.
Os pressupostos objetivos, segundo Canotilho,
 “são constitucionalmente considerados como elementos determinantes de competência dos órgãos legislativos em relação a certas matérias”.[14: J.J Gomes Canotilho, Direito constitucional e teoria da Constituição, 7. Ed., p. 1321 (APUD- LENZA, Pedro Direito constitucional esquematizado, 15ª ed. 2011. Pg 234).]
Na perspectiva brasileira, Clèmerson Melin Clève, citado por Pedro Lenza, diz que ocorre este tipo de inconstitucionalidade, quando, por exemplo, o presidente da república não analisa os pressupostos necessários (relevância e urgência) para a edição de uma Medida Provisória. 
8.3.2 ASPECTO MATERIAL: 
A inconstitucionalidade formal relaciona-se com a expressão nomodinâmica conforme já visto. A inconstitucionalidade material, também chamada de conteúdo, substancial ou doutrinário, por sua vez, interliga-se com a expressão nomoestática, traduzindo a ideia de um vício que está inerte na norma.
Pedro Lenza cita as palavras do ministro Barroso em sua obra com relação à inconstitucionalidade material. Nesse sentido:
“a inconstitucionalidade material expressa uma incompatibilidade de conteúdo, substantiva entre a lei ou ato normativo e a Constituição. Pode traduzir-se no confronto com uma regra constitucional — e.g., a fixação da remuneração de uma categoria de servidores públicos acima do limite constitucional (art. 37, XI) — ou com um princípio constitucional, como no caso de lei que restrinja ilegitimamente a participação de candidatos em concurso público, em razão do sexo ou idade (arts. 5.º, caput, e 3.º, IV), em desarmonia com o mandamento da isonomia. O controle material de constitucionalidade pode ter como parâmetro todas as categorias de normas constitucionais: de organização, definidoras de direito e programáticas.[15: Luís Roberto Barroso, O controle de constitucionalidade no direito brasileiro, 2. ed., p. 29. – (APUD LENZA, Pedro Direito constitucional esquematizado, 15ª Ed. 2011. Pg 234)]
8.4 INCONSTITUCIONALIDADE ORIGINÁRIA E SUPERVENIENTE
Gilmar Mendes, valendo-se dos ensinamentos doutrinários, menciona em sua obra que:
 “Alguns doutrinadores contemplam, também, a distinção entre inconstitucionalidade originária e inconstitucionalidade superveniente, considerando os diversos momentos de edição das normas constitucionais e as eventuais mudanças ocorridas na situação fática imperante quando da edição da lei” [16: Jorge Miranda, Manual de direito constitucional, cit., p. 296-297; Jörn Ipsen, Rechtsfolgen der Verfassungswidrigkeit Von Norm und Einzelakt, cit., p. 133-135; Orlando Bitar, A lei e a Constituição, in bras completas de Orlando Bitar, cit., v. 2, p.173; Biscaretti di Ruffia, Derecho constitucional, 2. ed., Madrid: Technos, 1984, p. 268; Jörn Ipsen, Rechtsfolgen der Verfassungswidrigkeit von Norm und Einzelakt, cit., p. 133-134. (APUD – MENDES Gilmar Ferreira Curso de direito constitucional / Gilmar Ferreira Mendes, Paulo Gustavo Gonet Branco.– 2012 – PDF- pg.888)]
Fala-se em inconstitucionalidade originária e superveniente quando se quer caracterizar o momento em que uma norma infra se torna inconstitucional, levando-se em conta qual é a Constituição que vigora no momento.
Assim, a inconstitucionalidade originária se dá quando a norma é inconstitucional com a Constituição a qual está submetida. Neste sentido, Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino:
“O reconhecimento da inconstitucionalidade originária pressupõe, portanto, o confronto entre a lei e a Constituição vigente no momento da sua produção. Por exemplo, se estivermos nos referindo à inconstitucionalidade de uma lei produzida em 1985, certamente o confronto desta será com a Constituição de 1969., que vigorava quando esse diploma legal foi elaborado”.[17: Direito Constitucional descomplicado / Vicente Paulo, Marcelo Alexandrino. – 8. Ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método: 2012; pg. 770.]
Há, também, a inconstitucionalidade superveniente. Nesses casos, uma norma é constitucional na égide da Constituição ao qual era submetida. Entretanto, devido à manifestação de um novo poder constituinte, seja ele originário ou derivado, a norma não mais se encontra de acordo com os parâmetros da nova ordem.
Não se admite, em nosso ordenamento jurídico, inconstitucionalidade superveniente. O fenômeno que se tem, nesses casos, é o da não recepção. Uma vez que a norma, anterior à manifestação do poder constituinte originário, não esteja de acordo com a nova Constituição, será ela revogada por não recepção.
Neste sentido, Pedro Lenza:
 “(...) deixa claro o STF que vigora o princípio da contemporaneidade, ou seja, uma lei só é constitucional perante o paradigma de confronto ao qual ela foi produzida”[18: LENZA, Pedro Direito constitucional esquematizado / Pedro Lenza. – 15ª. ed. rev, atual. e ampl. – São Paulo : Saraiva, 2011. Pg 187.]8.5 INCONSTITUCIONALIDADE CIRCUNSTANCIAL
A inconstitucionalidade circunstancial irá ocorrer quando determinada norma, a princípio constitucional, devido ao fato de sua formalidade estar de acordo com a lei maior, ser declarada inconstitucional por meio de ADI (Ex: ADI 223) diante de determinadas circunstâncias.
Nos pensamentos de Ana Paula Barcelos, mencionada por Pedro Lenza:
“trata-se da declaração de inconstitucionalidade da norma produzida pela incidência da regra sobre uma determinada situação específica ... É possível cogitar de situações nas quais um enunciado normativo, válido em tese e na maior parte de suas incidências, ao ser confrontado com determinadas circunstâncias concretas, produz uma norma inconstitucional.
(...)”.[19: Ana Paula Barcellos, Ponderação, nacionalidade e atividade jurisdicional, p. 231-232. (APUD- LENZA, Pedro Direito constitucional esquematizado 15ªed. 2011. Pg 287)]
8.6 INCONSTITUCIONALIDADE CAHAPADA OU DESVAIRADA
Trata-se de inconstitucionalidade óbvia e evidente, não há, portanto, dúvida sobre a existência da dissonância entre a Constituição e a norma infraconstitucional.
8.7 INCONSTITUCIONALIDADE DIRETA E INDIRETA (ou reflexa)
Caracteriza-se inconstitucionalidade direta quando as espécies normativas decorrentes diretamente da constituição (art. 59) ou mesmo os decretos autônomos (inova a ordem jurídica) editados pelo Presidente da República contrariarem o texto constitucional. 
A inconstitucionalidade indireta, por sua vez, ocorre quando o parâmetro de constitucionalidade não é a CF, mas uma lei, a exemplo do que ocorre com os decretos regulamentares (regulamentam determinada lei) editados pelo Presidente. Trata-se de controle de legalidade mais especificamente. Esse é o teor dos ensinamentos do Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino:
“A inconstitucionalidade é direta quando a desconformidade verificada dá-se entre lei e atos normativos primários e a Constituição. Enfim, sempre que a invalidade resultar do confronto direto entre norma infraconstitucional e a Constituição estaremos diante da inconstitucionalidade direta.
(...)
Por outro lado, a inconstitucionalidade indireta, como a própria denominação sugere, ocorre naquelas situações em que o vício verificado não decorre de violação direta da Constituição. Assim, se determinado decreto regulamentar, expedido para a fiel execução da lei, extrapola os limites desta, ainda que supostamente essa extrapolação tenha implicado, também, flagrante desrespeito a determinada norma constitucional não será hipótese de inconstitucionalidade direta. Isso porque o fundamento de validade do decreto não é diretamente a Constituição, mas sim a lei regulamentada, em função da qual tenha sido expedido.
(...).[20: Direito Constitucional descomplicado / Vicente Paulo, Marcelo Alexandrino. – 8. Ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método: 2012; pg. 769.]
9. BLOCO DE CONSTITUCIONALIDADE (Parâmetro de Constitucionalidade)
 Fala-se em bloco de Constitucionalidade quando se quer referir a tudo aquilo que se considera como norma de caráter constitucional, superior ao ordenamento jurídico infraconstitucional, e que, portanto, não poderá ser violado por leis ou atos normativos l. Nas palavras de Pedro Lenza, trata-se “do que deverá servir de parâmetro para que se possa realizar a confrontação e aferir a constitucionalidade”. Assim, podem ser considerados parâmetros de constitucionalidade princípios, normas escritas e não escritas, fundamentos relativos à organização do Estado, direitos sociais e econômicos, direitos humanos reconhecidos em tratados e convenções internacionais dos quais o país seja signatário.[21: LENZA, Pedro Direito constitucional esquematizado / Pedro Lenza. – 15ª. ed. rev, atual. e ampl. – São Paulo : Saraiva, 2011. Pg 280.]
Em tópico específico da obra Direito Constitucional Descomplicado, os Professores Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino falam em alargamento do parâmetro do controle de constitucionalidade da seguinte forma:
“Com a promulgação da EC 45/2004, ocorreu um alargamento do parâmetro do Controle de Constitucionalidade. De fato, essa emenda passou a tratar que os ‘tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais’ (CF, art. 5º, §3º). Desse modo, se aprovados mediante esse procedimento especial, tais tratados e convenções internacionais também serão parâmetro de controle de constitucionalidade, com força de emenda constitucional”.[22: Direito Constitucional descomplicado / Vicente Paulo, Marcelo Alexandrino. – 8. Ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método: 2012; pg. 802]
10. SISTEMAS E VIAS DE CONTROLE JUDICIAL 
10.1 INTRODUÇÃO
Na obra Direito Constitucional Esquematizado, o autor subdivide os Sistemas e Vias de Controle Judicial em dois critérios: a) subjetivo ou orgânico; b) formal.
Por meio do critério subjetivo ou orgânico vislumbram-se dois sistemas: difuso e concentrado. O critério formal se parte, também, em dois sistemas: sistema pela via incidental ou de exceção – caso concreto (também chamado de exceção por via de defesa) e; sistema pela via principal – em abstrato ou direto. 
Com relação ao critério subjetivo ou orgânico, vejamos: Quando se diz que o sistema é difuso, quer-se denotar que todo juiz ou tribunal pode e deve concretizar o controle de constitucionalidade. Quando, porém, fala-se em sistema concentrado, Pedro Lenza assevera que: 
“como o próprio nome já diz, o controle se “concentra” em um ou mais de um (porém em número limitado) órgão. Trata-se de competência originária do referido órgão”.[23: LENZA, Pedro Direito constitucional esquematizado / Pedro Lenza. – 15ª. ed. rev, atual. e ampl. – São Paulo : Saraiva, 2012. Pg 246.]
Por outro lado, no que diz respeito ao critério formal, pode-se dizer que: A expressão via incidental, sinônima de via de exceção ou defesa, significa, segundo o autor da obra Direito Constitucional Esquematizado, que:
 “o controle será exercido como questão prejudicial e premissa lógica do pedido principal do autor”.[24: LENZA, Pedro Direito constitucional esquematizado / Pedro Lenza. – 15ª. ed. rev, atual. e ampl. – São Paulo : Saraiva, 2012. Pg 246.]
A expressão via principal, também conhecida como abstrata ou via de ação, por sua vez, significa que o caso em análise, ou seja, a constitucionalidade será julgada, finalisticamente, como o objeto autônomo e exclusivo. 
Os critérios subjetivo ou orgânico e formal podem se apresentar, na prática jurídica, concomitantemente. Dessa forma, Pedro Lenza preconiza o seguinte: 
“Mesclando as duas classificações, verifica-se que, regra geral, o sistema difuso é exercido pela via incidental, destacando-se, aqui, a experiência norte-americana, que, inclusive, influenciou o surgimento do controle difuso no Brasil.
Por sua vez, por regra, o sistema concentrado é exercido pela via principal, como decorre da experiência austríaca e se verifica no sistema brasileiro”.[25: LENZA, Pedro Direito constitucional esquematizado / Pedro Lenza. – 15ª. ed. rev, atual. e ampl. – São Paulo : Saraiva, 2012. Pg 246.]
Porém, o controle concentrado pode apresentar-se na via incidental. Seria, como no exemplo citado por Pedro Lenza, o controle prévio ou preventivo exercido pelo parlamentar para assegurar o devido processo legislativo por meio do mandado de segurança (a legitimidade dos parlamentares no controle prévio já foi vista no tópico 3.2, item 3). Outro exemplo sugerido pelo autor é o art. 102, I alínea “d” da CF. Nesse segundo exemplo, percebe-se que o STF é o órgão de cúpula da amostra e, uma vez legitimado a julgar originariamente o habeas corpus quando a autoridade for uma das elencadas na alínea “c”, estará exercendo controle concentrado incidental, pois, estar-se-á discutindo “questão de constitucionalidade como questão prejudicial ao objeto principal da lide”. [26: LENZA, PedroDireito constitucional esquematizado / Pedro Lenza. – 15ª. ed. rev, atual. e ampl. – São Paulo : Saraiva, 2012. Pg 247.]
10.2 CONTROLE DIFUSO (VIA DE EXCEÇÃO, VIA DE DEFESA OU ABERTO – CASO CONCRETO)
10.2.1. INTRODUÇÃO
Conforme visto, todos os magistrados podem exercer o controle de constitucionalidade difuso por via de exceção. Retomando as palavras de Gilmar Mendes:
 “No controle incidental, a inconstitucionalidade é arguida no contexto de um processo ou ação judicial, em que a questão da inconstitucionalidade configura um incidente, uma questão prejudicial que deve ser decidida pelo Judiciário. Cogita-se também de inconstitucionalidade pela via da exceção, uma vez que o objeto da ação não é o exame de constitucionalidade da lei.
Em geral, associa-se o controle incidental ao modelo difuso, tendo em vista a forma processual própria desse modelo derivado do sistema americano.(...)”[27: Mendes, Gilmar Ferreira Curso de direito constitucional / Gilmar Ferreira Mendes, Paulo Gustavo Gonet Branco. – 7. ed. rev. e atual. – São Paulo : Saraiva, 2012. (PDF pg. 882).]
O controle difuso é exercido em caso concreto e, observadas as regras de competência, quaisquer juízes ou tribunais poderão exercê-lo. Ademais, a declaração de inconstitucionalidade se dará de forma incidental. Isso significa que o intuito de quem busca o judiciário é o desejo de pedir algo com fundamento na inconstitucionalidade de determinada lei ou ato, não visando, em si, que o judiciário, finalisticamente, reconheça a inconstitucionalidade como ocorre no controle concentrado. 
A busca pela causa, quando não provida em primeira instância, poderá ensejar recurso para instância superior (tribunais – juízo ad quem). O artigo 97 da Constituição Federal estabelece que somente por maioria absoluta (metade mais um) de seus membros ou dos membros do respectivo órgão especial poderão os Tribunais (inclusive a corte superior – STF quando interposto recurso extraordinário) declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público. Vale ressaltar que tanto nos tribunais de segunda instância quanto no STF ocorre controle difuso. 
O referido artigo (97 CF) trata da cláusula de reserva de plenário deve ser considerado, de acordo com Lúcio Bitencourt, mencionado na obra Direito Constitucional Esquematizado, como “condição de eficácia jurídica da própria declaração de inconstitucionalidade dos atos do Poder Público”.Corroborando com a ideia da necessariedade da maioria qualificada para declarar a inconstitucionalidade, o STF editou a súmula vinculante 10, cuja redação é a seguinte:[28: Lúcio Bitencourt, O controle jurisdicional de constitucionalidade das leis, p. 43-46. (APUD- LENZA, Pedro Direito constitucional esquematizado 15ªed. 2011. Pg 250)]
“Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, artigo 97) a decisão de órgão fracionário de tribunal que, embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder público, afasta sua incidência, no todo ou em parte”.
Ainda nesta linha de raciocínio, mencionemos o parágrafo único do art. 481 do CPC inserido pela lei 9.756 que, atendendo aos princípios da economia processual e segurança jurídica, determinou o seguinte:
Parágrafo único. Os órgãos fracionários dos tribunais não submeterão ao plenário, ou ao órgão especial, a argüição de inconstitucionalidade, quando já houver pronunciamento destes ou do plenário do Supremo Tribunal Federal sobre a questão.
Concluindo, faz-se importante destacar os ensinamentos expostos na obra do Ministro Gilmar Mendes acerca da discussão entre a possibilidade ou não de um juiz monocrático poder julgar a inconstitucionalidade da lei ante a cláusula de reserva de plenário. Vejamos:
“A exigência de maioria absoluta dos votos para a declaração de inconstitucionalidade de leis pelos tribunais, introduzida pela Carta de 1934 (art. 179) e reproduzida nas subsequentes (CF de 1937, art. 96; CF de 1946, art. 200; CF de 1967/69, art. 116; CF de 1988, art. 97), ensejou polêmica sobre a possibilidade de o juiz singular pronunciar-se sobre a inconstitucionalidade. Prevaleceu, todavia, o entendimento que afirmava a competência do juiz singular para apreciar a controvérsia constitucional. [29: Martins de Oliveira, Inconstitucionalidade das leis — competência privativa dos tribunais colegiados para pronunciá-la — de Miranda, Inconstitucionalidade e incompetência do juiz singular, RF, 92/582; Alcides de Mendonça Lima, Competência para declarar a inconstitucionalidade das leis, RF, 123/347 e 352. (APUD – MENDES Gilmar Ferreira Curso de direito constitucional / Gilmar Ferreira Mendes, Paulo Gustavo Gonet Branco.– 2012 – PDF- pg.941)][30: Carlos Alberto Lúcio Bittencourt, O controle jurisdicional da constitucionalidade das leis, cit., p. 36-38; Oswaldo Aranha Bandeira de Mello, Teoria das Constituições rígidas, cit., p. 161-162. (APUD – MENDES Gilmar Ferreira Curso de direito constitucional / Gilmar Ferreira Mendes, Paulo Gustavo Gonet Branco.– 2012 – PDF- pg.942)]
10.2.2. DOS EFEITOS DA DECISÃO EM SEDE DE CONTROLE DIFUSO
Com relação às partes em litígio, a eficácia da decisão proferida em juízo valerá somente para as partes que discutiram o direito na ocasião, produzindo efeitos ex tunc (retroativos), como regra, atendendo à teoria da nulidade.
Todavia, os efeitos podem transcender a eficácia da sentença para as partes, alcançando, portanto, terceiros quando o STF, ao julgar recurso extraordinário, na realização do controle difuso de modo incidental, dar ciência ao Senado Federal da inconstitucionalidade de determinada lei. O Senado, dessa forma, por meio de uma resolução, entendendo ser cabível (o Senado não é obrigado a suspender – decisão discricionária) a suspensão da lei declarada inconstitucional pela Corte Suprema, atenderá ao inciso X do art. 52 da Constituição Federal, verbis: 
Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:
X - suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal;
A sentença do STF, tomada em sede de controle incidental, que será comunicada ao Senado Federal, poderá ser estendida a terceiros, caso o órgão legislativo, em sua discricionariedade, promova a suspensão da lei. Os efeitos somente alcançarão os terceiros e produzirão eficácia erga omnes a partir do momento em que a resolução for publicada e serão, neste caso, prospectivos (ex nunc), salvo quando a decisão estiver relacionada à Administração Pública Federal, seja direta ou indireta (art.1º, §2º do Decreto Lei 2.346/97). Nesses casos os efeitos serão ex tunc (retroativos).
Se o STF declarar que a lei é totalmente inconstitucional, o Senado Federal não poderá suspender somente parte da referida lei, assim como, entendendo o STF ser a lei parcialmente inconstitucional, não poderá o Senado suspender a lei por completo.
Vale ressaltar que tanto as leis federais, estaduais e municipais poderão ser suspensas pela casa representante dos Estados no Congresso Nacional quando declaradas inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal. Deve-se fazer, entretanto, uma observação importante preconizada por Michel Temer. Segundo o atual Vice Presidente da república, é dever do Tribunal de Justiça que declarar a inconstitucionalidade encaminhar o fato à Assembléia Legislativa do Estado para que aquele órgão legislativo estadual suspenda a execução da lei (entende-se que se trata, aqui, do princípio da simetria).
10.3 CONTROLE CONCENTRADO
Retomemos as palavras do Ministro Gilmar Mendes ao falar do controle principal, já que este, na mesclagem de critério formal e orgânico, liga-se ao controle concentrado.
 
“O controle principal permite que a questão constitucional seja suscitada autonomamente em um processo ou ação principal, cujo objeto é a própria inconstitucionalidade da lei. Em geral, admite-se a utilização de ações diretas de inconstitucionalidade ou mecanismos de impugnação in abstracto da lei ou ato normativo”.[31: Mendes, Gilmar FerreiraCurso de direito constitucional / Gilmar Ferreira Mendes, Paulo Gustavo Gonet Branco. – 7. ed. rev. e atual. – São Paulo : Saraiva, 2012. (PDF pg. 882).]
No controle concentrado, o poder de decisão é concentrado em apenas um tribunal. Pedro Lenza elenca as cinco formas de exercer este controle, quais sejam: ADI Genérica (ação direta de inconstitucionalidade); ADPF (Arguição de descumprimento de preceito fundamental); ADO (Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão); ADI Interventiva; ADC (Ação Declaratória de constitucionalidade).
Passa-se ao estudo de cada uma destas modalidades.
10.3.1 ADI GENÉRICA (AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE)
10.3.1.1 INTRODUÇÃO
De acordo com o glossário jurídico do Supremo Tribunal Federal, a ADI é:
“Ação que tem por finalidade declarar que uma lei ou parte dela é inconstitucional, ou seja, contraria à Constituição Federal. A ADI é um dos instrumentos daquilo que os juristas chamam de “controle concentrado de constitucionalidade das leis”. Em outras palavras, é a contestação direta da própria norma em tese”.[32: http://www.stf.jus.br/portal/glossario/verVerbete.asp?letra=A&id=124]
Trata-se, portanto, de um instrumento processual. Diferentemente do controle incidental, no controle principal é possível, finalisticamente, de forma autônoma, o intuito de declarar a inconstitucionalidade do ato normativo que esteja em discussão (ato normativo em tese). Assim, nas lições de Pedro Lenza, a ADI é dotada de generalidade, impessoalidade e abstração. 
10.3.1.2 OBJETOS DE ATAQUE POR MEIO DE ADI 
Tanto as leis elencadas no artigo 59 da Constituição, quanto os atos normativos (regimentos internos de tribunais, resoluções administrativas, deliberações administrativas, etc.), sejam as leis e os atos estaduais ou federais, estão sujeitos a ADI. 
Leis e atos normativos já revogados ou de eficácia exaurida não são passíveis de ataque por meio de ADI. Para o STF, tratar-se-ia de fato meramente histórico.
No tocante às súmulas (vinculantes ou não) não possuem generalidade e abstração, portanto, não podem ser objeto da Ação direta de Inconstitucionalidade. 
Com relação às emendas constitucionais, estas poderão ser objeto de ADI, uma vez que infrinja a Constituição materialmente ou desrespeite algum procedimento formal imposto pela mesma.
As medidas provisórias (possuidoras de força normativa), antes mesmo de se tornar lei, assim como após a sua transformação em lei, poderão ser objeto de impugnação da Ação Direta de Inconstitucionalidade. Observação importante é a de que a relevância e a urgência, como requisitos para edição da MP, de forma excepcional, entende o STF , poderão ser objeto de controle por meio de ADI.
Sabe-se que há duas espécies de decretos elaborados pelo Presidente da República. Fala-se, então, em decretos regulamentares (art. 84 IV- CF) e em decretos autônomos (art. 84 VI – CF). Os primeiros (regulamentares) não estão sujeitos ao controle de constitucionalidade, isso porque, neste caso, trata-se de controle de legalidade (crise de legalidade), não se admitindo, por fugir das balizas constitucionais, o controle de inconstitucionalidade indireto, reflexo ou oblíquo. Os decretos autônomos, por sua vez, sujeitam-se, excepcionalmente, à ação direta de inconstitucionalidade segundo o STF. De acordo com Alexandre de Moraes, citado por Pedro Lenza, os decretos autônomos deverão ser submetidos a ADI quando da observância do princípio da reserva legal.
Há quatro espécies de Tratados Internacionais, quais sejam: os que versam sobre direitos humanos aprovados antes da reforma produzida pela EC nº 45 (art. 5º §3º); os que versam sobre direitos humanos aprovados depois da reforma (Art. 5º §3º); os tratados sobre direitos humanos envolvidos na tese da supralegalidade (Min. Gilmar Mendes) e; os tratados (ou convenções internacionais) de natureza diversa dos que versam sobre direitos humanos. As quatro espécies de tratados citadas poderão ser objeto de controle através de ADI.
Seguindo, há que se falar que as normas constitucionais originárias (derivadas do poder constituinte originário) não podem ser submetidas a controle de constitucionalidade. Assim decidiu o STF na ADI 4.097).
Também, não se admite, em nosso ordenamento jurídico, inconstitucionalidade superveniente. O fenômeno que se tem, nesses casos, é o da não recepção. Uma vez que a norma, anterior à manifestação do poder constituinte originário, não esteja de acordo com a nova Constituição, será ela revogada por não recepção. Não há que se falar, portanto, em inconstitucionalidade superveniente como já foi analisado no tópico pretérito que tratou dos tipos de inconstitucionalidade.
10.3.1.3 LEGITIMAÇÃO PARA PROPOSITURA DA ADI GENÉRICA
O artigo 123 da CF, assim como o artigo 2º da lei 9.868 estabeleceram os seguintes órgãos e autoridades que estão legitimados a proporem a ADI: O Presidente da República; a Mesa do Senado Federal; a Mesa da Câmara dos Deputados; a Mesa de Assembléia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal;  o Governador de Estado ou do Distrito Federal; o Procurador-Geral da República; o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; partido político com representação no Congresso Nacional; confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.
É sabido que, antes do advento da constituição de 1988, somente o Procurador Geral da República estava legitimado a propor ADI. Atualmente, todos os agentes públicos e órgãos mencionados no rol previsto no artigo 103 da CF ou art. 2º da lei 9.868 poderão deflagrar a ADI, assim como a ADC (tema que será estudado posteriormente) quando da representação de inconstitucionalidade ou constitucionalidade (ADC) de lei ou ato normativo estadual ou federal.
10.3.1.3.1 LEGITIMADOS NEUTROS OU UNIVERSAIS E LEGITIMADOS INTERESSADOS OU ESPECIAIS.
Para o STF, os legitimados interessados ou especiais devem evidenciar a pertinência temática, para, enfim, estarem legitimados a propor a ADI. Por outro lado, os legitimados neutros ou universais gozam, naturalmente, da legitimidade ativa universal, ou seja, não precisam demonstrar pertinência temática para proporem a ação.
E quem são os legitimados neutros ou universais e os interessados ou especiais à luz do pensamento da Suprema Corte? vejamos:
	NEUTROS OU UNIVERSAIS
	INTERESSADOS OU ESPECIAIS
	Presidente da República (art 103, I)
	Mesa de Assembléia Legislativa de Estado ou Mesa da Câmara Legislativa do DF (art. 103, IV)
	Mesa do Senado Federal (art. 103, II)
	Governador do Estado ou do DF (art. 103, V)
	Mesa da Câmara dos Deputados (art. 103 III)
	Confederação Sindical ou Entidade de Classe de âmbito nacional (art. 103, IX)
	Procurador Geral da República (art. 103, VI)
	
	Conselho Federal da OAB (art. 103, VII)
	
	Partido Político com representação no Congresso Nacional (art. 103, VII)
	
10.3.1.4 COMPETÊNCIA PARA PROCESSAR E JULGAR ADI
Nas palavras de Pedro Lenza:
“A competência para processar e julgar as ações diretas de inconstitucionalidade será definida em conformidade com a natureza do objeto da ação, qual seja, lei ou ato normativo: federal, estadual, municipal ou distrital”.[33: LENZA, Pedro Direito constitucional esquematizado / Pedro Lenza. – 15ª. ed. rev, atual. e ampl. – São Paulo : Saraiva, 2012. Pg 295]
Conforme se depreende da citação acima, é preciso, primeiramente, identificar qual o objeto que está sendo questionado em face da Constituição e, também, averiguar qual é a constituição que está sendo contrariada (Federal, Estadual, Distrital). Dessa forma, adotaremos a estrutura prevista na obra Direito Constitucional Esquematizado de forma resumida, vejamos:
Primeira Situação: 
Quando se tratar de lei ou ato normativo estadual ou federal em face da Constituição Federal, competirá, de acordo com o inciso I, a do art. 102 da CF, ao STF julgar a causa originariamente, verbis:
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:
I - processar e julgar,originariamente:
a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual e a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal;
Vale ressaltar que lei ou ato normativo municipal não poderão ser objeto de ataque perante o STF em via principal (controle concentrado por meio de ADI). Isso porque, de acordo com Pedro Lenza, a CF não previu, de forma expressa, tal possibilidade. Neste sentido, houve silêncio proposital do poder constituinte (o chamado silêncio eloqüente) nos artigos 125§ 2º e 102, I, a. [34: NUNES, júnior Araújo; Curso de Direito Constitucional (APUD LENZA, Pedro Direito constitucional esquematizado, 15ª Ed. 2011. Pg 296)]
Em que pese tal fato mencionado acima, quando lei ou ato normativo municipal contrariar a C.F , poderá a discussão ser levada ao judiciário para que este resolva a situação por meio da via difusa e, por meio de recurso extraordinário (art. 102, III, a), chegar ao STF para que a Corte Suprema aprecie a causa em sede de via incidental e não principal, pelo que, como já visto, não há previsão expressa da ADI para estes casos, afastando, portanto, o controle concentrado nesta hipótese.
Seguindo nesse raciocínio de leis ou atos normativos municipais em face da CF, é importante termos em mente que no caso de Constituição Estadual repetir (ipsis litteris) os preceitos de determinado dispositivo da Constituição Federal, embora não enseje a oportunidade de controle concentrado perante o STF (silêncio eloqüente), poderá haver controle concentrado pelo Tribunal Estadual do respectivo Município (entendimento que pode ser extraído do art. 125 §2º - próxima situação deste trabalho). 
Também, há que se falar que, quando a cópia ou reprodução (ipsis litteris) da CF inserida na Constituição Estadual for obrigatória, poderá gerar recurso extraordinário para o STF.
Concluindo, por meio da ação de argüição de descumprimento de preceito fundamental, nesta hipótese sim, é possível analisar lei municipal em face da CF.
Segunda Situação: 
Pode ser que ocorra a hipótese de um ato normativo ou lei estadual ou municipal encontrar-se em dissonância com determinada Constituição Estadual. Nesses casos, competirá, por força do §2º do art 125 da Constituição Federal, ao Tribunal de Justiça do respectivo Estado julgar a causa por meio de controle concentrado.
Art. 125. Os Estados organizarão sua Justiça, observados os princípios estabelecidos nesta Constituição.
(...)
§ 2º - Cabe aos Estados a instituição de representação de inconstitucionalidade de leis ou atos normativos estaduais ou municipais em face da Constituição Estadual, vedada a atribuição da legitimação para agir a um único órgão.
Terceira Situação: 
Também pode ser que ocorra hipótese em que lei ou ato normativo do Distrito Federal encontre-se em desacordo com a Constituição Federal. Nestas situações, à luz do art. 32, §1º da CF / 88 e à luz da ideia de ser o DF um ente anômalo ou híbrido, a competência para julgar dependerá da natureza da lei ou do ato normativo distrital. 
Se a lei ou ato normativo distrital for de natureza Estadual, competirá ao STF o julgamento da ADI. Por outro lado, se possuir natureza municipal, tornar-se-á inviável a controle concentrado devido ao silêncio eloqüente, podendo, todavia ser questionada por meio da via difusa. Nestes casos, Pedro Lenza ressalta a possibilidade de a causa ser questionada por meio da ADPF.
Quarta Situação: 
Sabe-se que o Distrito Federal é regido por lei orgânica (art. 32 caput – CF). Não há, portanto, constituição distrital. Fala-se, então, em um ente anômalo da federação. Assim, diante das regras de competência acerca do controle de constitucionalidade e diante da indagação no sentido de determinada lei ou ato normativo distrital puder ser questionado em face da lei orgânica distrital por meio de controle concentrado, Pedro Lenza:
“Fazendo pesquisa na jurisprudência do TJDF, encontramos julgados permitindo o referido controle, corroborados pelo Regimento Interno do TJDF (arts. 206 a 209). (...)”.[35: LENZA, Pedro Direito constitucional esquematizado / Pedro Lenza. – 15ª. ed. rev, atual. e ampl. – São Paulo : Saraiva, 2012. Pg 298.]
Em consonância com a ideia apresentada, tem-se a lei 8.185 (Dispõe sobre a organização judiciária do Distrito Federal e dos Territórios) que, em seu artigo 8º, estabeleceu o seguinte:
Art. 8o  Compete ao Tribunal de Justiça:
n) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Distrito Federal em face de sua Lei Orgânica;
Quinta Situação: 
Em uma quinta situação, não haverá, necessariamente controle de constitucionalidade, contudo, para fins de distinção, inseriremos esta hipótese neste trabalho. Trata-se de caso em que há questionamento de uma Lei Municipal estar em desacordo com Lei Orgânica Municipal. Em verdade, ocorre controle de legalidade. Isso porque, ao estudarmos poder constituinte derivado decorrente, percebe-se que os municípios encontram-se em um poder de terceiro grau, não sendo, portanto, um poder constituinte decorrente de segundo grau (essencial para caracterizar o poder constituinte decorrente) conforme os ensinamentos doutrinários. 
Não poderá, portanto, haver controle concentrado. Todavia, reconhece-se a possibilidade de, nessas situações, haver controle difuso.
10.3.1.5 TRÂMITE DA ADI (PROCEDIMENTO) 
Uma vez que haja o entendimento de que determinado ato normativo ou lei encontre-se eivado de inconstitucionalidade, deverá ser formulada petição inicial pelos legitimados previstos no rol do artigo 123. O procedimento encontra-se na lei 9.868/99 (capítulo II – seções I e II), assim como nas regras constitucionais decorrentes dos §§ 1º e 3º do art. 103 da CF.
As regras constitucionais decorrentes do art. 103 §§1º e 3º sobre o procedimento são as seguintes: O Procurador-Geral da República deverá ser previamente ouvido nas ações de inconstitucionalidade e em todos os processos de competência do Supremo Tribunal Federal; Quando o Supremo Tribunal Federal apreciar a inconstitucionalidade, em tese, de norma legal ou ato normativo, citará, previamente, o Advogado-Geral da União, que defenderá o ato ou texto impugnado.
Passemos, neste momento, para o estudo acerca do procedimento estabelecido pela lei 9.868/99. 
O caput do art. 3º e seus incisos determinam que “a petição indicará: o dispositivo da lei ou do ato normativo impugnado e os fundamentos jurídicos do pedido em relação a cada uma das impugnações; o pedido, com suas especificações”. 
Ademais, o parágrafo único do art. 3º menciona que “a petição inicial, acompanhada de instrumento de procuração, quando subscrita por advogado, será apresentada em duas vias, devendo conter cópias da lei ou do ato normativo impugnado e dos documentos necessários para comprovar a impugnação”. Ainda com relação ao parágrafo único do art. 3º, vale lembrar que os partidos políticos e as confederações sindicais ou entidades de classe de âmbito nacional necessitarão de advogado para interpor a ADI. Nesses casos (interposição obrigatória por meio de advogado) a petição deve estar junto de instrumento de procuração. Seguindo com a lei 9.868, temos:
O art. 4º determinou que a petição inicial inepta, não fundamentada e a manifestamente improcedente serão liminarmente indeferidas pelo relator, podendo caber agravo desta decisão.
É impossível desistir da ação quando já proposta, conforme estabelece o art. 5º da lei 9.868.
Seguindo, o art. 6º menciona que o relator pedirá aos órgãos ou às autoridades das quais emanou a lei ou o ato normativo impugnado. Tais informações deverão ser prestadas no prazo de 30 dias contado do recebimento do pedido.
Como regra, consoante o caput do art. 7º não é admissível a intervenção de terceiros no processo da ADI. Entretanto, o §2º do mesmo artigo permite a figura do amicus curiae (será visto posteriormente em tópico específico).
De acordo com o art. 8º, “decorrido o prazo das informações, serão ouvidos, sucessivamente, o Advogado-Geral da União e o Procurador-Geralda República, que deverão manifestar-se, cada qual, no prazo de quinze dias”. Ainda com relação ao art. 8º, Pedro Lenza:
“Temos percebido, contudo, algumas situações nas quais o AGU, segundo orientação do STF, “não está obrigado a defender tese jurídica se sobre ela esta Corte já fixou entendimento pela sua inconstitucionalidade” (vide ADI 1.616/PE, ADI 2.101/MS, ADI 3.121/SP e ADI 3.415/AM). Ainda, evoluindo a jurisprudência firmada na ADI 71, a partir da interpretação sistemática, na ADI 3.916,entendeu o STF que a AGU tem o direito de manifestação”.[36: LENZA, Pedro Direito constitucional esquematizado / Pedro Lenza. – 15ª. ed. rev, atual. e ampl. – São Paulo : Saraiva, 2012. Pg 303.]
Prosseguindo com os dispositivos da lei 9.868, o art. 9º e seus §§ determinaram que: “Vencidos os prazos do artigo anterior, o relator lançará o relatório, com cópia a todos os Ministros, e pedirá dia para julgamento. Em caso de necessidade de esclarecimento de matéria ou circunstância de fato ou de notória insuficiência das informações existentes nos autos, poderá o relator requisitar informações adicionais, designar perito ou comissão de peritos para que emita parecer sobre a questão, ou fixar data para, em audiência pública, ouvir depoimentos de pessoas com experiência e autoridade na matéria. O relator poderá, ainda, solicitar informações aos Tribunais Superiores, aos Tribunais federais e aos Tribunais estaduais acerca da aplicação da norma impugnada no âmbito de sua jurisdição. As informações, perícias e audiências a que se referem os parágrafos anteriores serão realizadas no prazo de trinta dias, contado da solicitação do relator”.
Ainda à luz da lei 9.868, no que diz respeito ao procedimento, os artigos 22, 23 e 26 definiram o seguinte:
O art. 22, atendendo ao art. 97 da CF (cláusula de reserva de plenário), asseverou que, para haver julgamento, pelo menos 8 ministros da suprema corte deverão estar presentes. Logo, diante do art. 23, se seis dos Ministros da Suprema Corte (maioria absoluta / primeiro número inteiro depois da metade - 11/2 = 5,5, logo 6 é o primeiro nº inteiro depois da metade) entenderem que determinado ato ou lei está eivado de inconstitucionalidade, poder-se-á declarar a inconstitucionalidade do objeto em questão.
Concluindo este tópico, o controle concentrado por meio da ADI tem algumas peculiaridades relevantes. Pedro Lenza as elenca de modo semelhante ao que se segue:
1) Não há prazo de recurso em dobro ou em quádruplo para recorrer aplicados às ações comuns (art. 188 CPC).
2) O instituto do controle de constitucionalidade é marcado pela imprescritibilidade e a não existência de decadência.
3) Em regra, não pode haver assistência ou intervenção de terceiros, ressalvando o §2º do art. 7º que trata dos amicus curiae.
4) Conforme assevera o art. 5º da lei 9.868, não se pode desistir da ação.
5) A decisão tomada em sede de controle abstrato é irrecorrível. O autor da obra Direito Constitucional esquematizado menciona o artigo 26 que gera a possibilidade de interpor embargos declaratórios. Vale lembrar com base, também, no artigo 26, que não caberá ação recisória.
6) Não se pode rescindir a decisão tomada pela maioria absoluta, ou seja, uma vez proferida a declaração, não se pode suprimi-la.
7) A suprema corte não está adstrita à causa de pedir, podem, os Ministros, fundamentar a decisão por motivações diversas.
10.3.1.6 AMIGOS DA CORTE NA ADI (amicus curiae) 
Com a finalidade de complementar este trabalho acadêmico, trazemos à baila os ensinamentos de Alexandre Câmara para o subsidiarmos, vejamos:
“Como sabido, há alguns processos (que costumam ser chamados de “processos objetivos”) que não versam sobre qualquer interesse subjetivo, individual ou transindividual. Refiro-me, evidentemente, aos processos de controle direto de constitucionalidade das leis e atos normativos. Nestes processos, a discussão sempre fica limitada a matérias de direito. Além deles, há processos (ditos subjetivos) em que surgem questões de direito de extrema relevância (pode-se, mesmo, a fim de usar expressão que já se incorporou ao direito brasileiro, afirmar que são processos em que surgem questões de direito que têm repercussão geral). Nestes processos, admite-se a participação do amicus curiae, sujeito que poderá apresentar razões de direito destinadas a subsidiar a decisão do Estado-juiz acerca da matéria de direito”.[37: CÂMARA, Alexandre Freitas, Lições de direito processual civil, volume I / Alexandre Freitas Câmara. – 21.ed. – Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011. Pág. 216.]
Assim, o instituto amicus curiae, em síntese, é uma mitigação da intervenção de terceiros (sui generes) no controle concentrado. A regra é a não intervenção de terceiros em sede de controle abstrato (lei. 8.868 – art. 7º caput), pelo que, em abstrato, o processo possui caráter objetivo. Porém, o §2º do art. 7º da lei 9.868, viabilizou a participação dos amigos da corte no processo:
Art. 7o Não se admitirá intervenção de terceiros no processo de ação direta de inconstitucionalidade.
§ 1o (VETADO)
§ 2o O relator, considerando a relevância da matéria e a representatividade dos postulantes, poderá, por despacho irrecorrível, admitir, observado o prazo fixado no parágrafo anterior, a manifestação de outros órgãos ou entidades.
O parágrafo 1º que se encontra vetado previa determinado prazo para admissão do amicus curiae no processo. Atualmente, entende-se que este prazo poderá ser flexibilizado pelo relator, desde que até a data em que ele, o relator, liberar o processo para a pauta.
Diante da regra do parágrafo 2º do art. 7º, o STF entende que a participação de pessoas físicas no processo não é possível, eis que o mencionado parágrafo estabelece, de forma expressa, que poderão se manifestar no processo apenas órgãos ou entidades. 
10.3.1.7 EFEITOS DA DECISÃO NA ADI
A lei 9.868/99 traz os parâmetros básicos dos efeitos decididos em sede de controle concentrado. O capítulo IV da referida lei possui a seguinte rubrica: “da decisão na ação direta de inconstitucionalidade e na ação declaratória de constitucionalidade”. Neste capítulo, encontram-se regras inerentes ao procedimento (estudadas em tópico anterior), a exemplo dos artigos 23, 24 e 26, assim como trata dos efeitos da decisão, a exemplo dos artigos 24, 25, 27 e 28. Vejamos:
Art. 24. Proclamada a constitucionalidade, julgar-se-á improcedente a ação direta ou procedente eventual ação declaratória; e, proclamada a inconstitucionalidade, julgar-se-á procedente a ação direta ou improcedente eventual ação declaratória.
A ADI e ADC, consoante às explicações de Lenza, são ações de natureza dúplice ou ambivalente. Conforme positivado no art. 24 da Lei nº 9.868, conclui-se, a partir deste artigo, que quando a ação direta é julgada improcedente e ação declaratória é julgada procedente, declara-se constitucional a norma anteriormente impugnada. Já quando a ação direta é julgada procedente e ação declaratória é julgada improcedente, declara-se inconstitucional a norma. Dito isto, infere-se que uma decisão que julga procedente uma ADI corresponde a uma decisão que julga improcedente uma ADC.
De acordo com o art. 25, julgada a ação, deve-se comunicar a autoridade ou órgão responsável pela expedição do ato.
Acerca do artigo 27, a lei determinou que o STF, por razões de segurança jurídica ou de interesse social, desde que por maioria de 2/3 (qualificada) restringir os efeitos da decisão ou decidir que ela só tenha eficácia a partir do momento em que houver trânsito em julgado ou outro momento estabelecido pelo tribunal. Trata-se, aqui, da modulação dos efeitos, ou, da mitigação da teoria da nulidade (EUA – Marshal) conforme visto nos tópicos 3.3 e 3.3.1. Como regra, a teoria da nulidade preconiza que os objetos inconstitucionais sejam anulados, com efeitos retroativos (ex tunc). Todavia, diante da segurança jurídica e interesse social, poderá haver modulação dos efeitos, tendo-se efeitos prospectivos ou ex nunc.
O caput do artigo 28 determinou o prazode 10 dias para que a Suprema Corte faça valer a publicidade da decisão. 
O parágrafo único do artigo 28 estendeu eficácia erga omnes (contra todos) e deu efeito vinculante (de observância obrigatória para os órgãos do Judiciário e da Administração Pública, não atingindo o Poder Legislativo, caso contrário, ter-se-ia a fossilização da constituição) à decisão tomada por meio de ADC ou ADI. 
Há que se falar no princípio da parcelaridade. Neste sentido, a Suprema Corte poderá declarar que somente uma parcela (uma palavra ou expressão) da norma esteja eivada de inconstitucionalidade. 
10.3.2 AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE (ADC)
10.3.2.1 INTRODUÇÃO
Consoante ao glossário Jurídico disponibilizado pelo site do STF, a ADC é:
“Ação que tem por finalidade confirmar a constitucionalidade de uma lei federal. O objetivo da ADC é garantir que a constitucionalidade da lei não seja questionada por outras ações. A ADC é um dos instrumentos do que os juristas chamam de “controle concentrado de inconstitucionalidade das leis”. A própria norma é colocada à prova. O oposto disso seria o “controle difuso”, em que a constitucionalidade de uma lei é confirmada em ações entre pessoas (e não contra leis), onde a validade da norma é questionada para, se for o caso, aplicada ou não a uma situação de fato”. [38: http://www.stf.jus.br/portal/glossario/verVerbete.asp?letra=A&id=124]
Dissertando acerca da origem (EC nº3) da ADC, o Ministro Gilmar Mendes preleciona que:
“A EC n. 3, de 17-3-1993, disciplinou o instituto, firmando a competência do STF para conhecer e julgar a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal, processo cuja decisão definitiva de mérito possuirá eficácia contra todos e efeito vinculante relativamente aos demais órgãos do Judiciário e ao Poder Executivo”.[39: Mendes, Gilmar Ferreira Curso de direito constitucional / Gilmar Ferreira Mendes, Paulo Gustavo Gonet Branco. – 7. ed. rev. e atual. – São Paulo : Saraiva, 2012. (PDF pg. 1011).]
É sabido que as leis de nosso ordenamento jurídico possuem presunção de legitimidade. Essa presunção, porém, é relativa. Na obra Direito Constitucional Descomplicado, os Professores Vicente e Paulo e Marcelo Alexandrino, ao tratar da presunção de constitucionalidade das normas aduzem que:
 “(...) 
Por esse motivo - elaboração normativa segundo a vontade do povo -, e em prol do postulado da segurança jurídica, tem-se que as leis e os atos normativos editados pelo poder público são protegidos pelo princípio da presunção de constitucionalidade das leis (ou presunção de legitimidade das leis).
Decorrência desse princípio, temos que as leis e os atos normativos estatais deverão ser considerados válidos, legítimos até que venham ser declarados inconstitucionais por um órgão competente para desempenhar esse mister. Enquanto não formalmente reconhecidos como inconstitucionais, deverão ser cumpridos, presumindo-se que o legislador agiu em plena sintonia com a Constituição, e com a vontade do povo que lhe outorgou essa nobre competência”.[40: Direito Constitucional descomplicado / Vicente Paulo, Marcelo Alexandrino. – 8. Ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método: 2012; pg. 759]
Neste sentido, Pedro Lenza assevera que a interposição da ADC é fazer com que se torne absoluta a presunção de legitimidade que antes era relativa. Este mesmo autor, ao dissertar sobre o objetivo da ADC, certifica que:
“Em síntese, a ADC busca afastar o nefasto quadro de insegurança jurídica ou incerteza sobre a validade ou aplicação da lei ou ato normativo federal, preservando a ordem jurídica constitucional”.[41: LENZA, Pedro Direito constitucional esquematizado / Pedro Lenza. – 15ª. ed. rev, atual. e ampl. – São Paulo : Saraiva, 2011. Pg 352.]
10.3.2.2 OBJETO DA AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE 
Com a interposição da ADC, deve-se ter por objeto lei ou ato normativo federal, somente. Ao interpretar o art. 102, I, a da CF, sua literalidade denota que somente a ADI abarca lei e atos normativos Estaduais e Federais, mas a ADC não, esta abarca somente lei ou ato normativo federal. 
10.3.2.3 LEGITIMADOS PARA A PROPOSITURA DA ADC
As mesmas regras de legitimação concernentes à ADI valem para a ADC. Nesse sentido, os legitimados para a propositura da Ação Declaratória de Constitucionalidade são os órgãos e autoridades elencados no art. 103 da CF.
10.3.2.4 COMPETÊNCIA PARA PROCESSAR E JULGAR A ADC
O dispositivo 102, I, “a” da CF estabelece que a competência para processar e julgar a ação é originária do STF.
10.3.2.5 TRÂMITE DA ADC (PROCEDIMENTO)
Como se sabe, o §1º do art. 103 da CF determinou que o PGR deverá ser previamente ouvido nas ações de inconstitucionalidade e em todos os processos cuja competência seja do STF. Discute-se, no caso da ADC, se a presença do AGU faz-se necessária nesses casos, pelo que a Constituição exige sua presença para defender o ato impugnado. Por outro lado, sabe-se que a ADI e ADC são ações ambivalentes e o STF poderá declarar a sua inconstitucionalidade. Assim sendo, pelo fato de a ADC não visar impugnar o ato, existe esta celeuma.
De acordo com o art. 14 da lei 9.868, a petição inicial indicará: o dispositivo da lei ou do ato normativo questionado e os fundamentos jurídicos do pedido; o pedido, com suas especificações e; a existência de controvérsia judicial relevante sobre a aplicação da disposição objeto da ação declaratória. Ademais, o parágrafo único da do art. 14 firma que a inicial, acompanhada de instrumento de procuração, quando subscrita por advogado, será apresentada em duas vias, devendo conter cópias do ato normativo questionado e dos documentos necessários para comprovar a procedência do pedido de declaração de constitucionalidade. Caso a inicial esteja inepta, não fundamentada e manifestamente improcedente serão indeferidas pelo relator de forma liminar (prévia), sendo que caberá agravo da decisão que indeferi-la.
Assim como na ADI, uma vez proposta a ação, é impossível desistir da mesma. Também como na ADI, não cabe a intervenção de terceiros, sendo possível o amicus curiae por analogia.
Depois da manifestação do PGR o relator lançará o relatório, com cópia a todos os Ministros, e pedirá dia para julgamento (art. 19 e 20 cc).
10.3.2.6 AMIGOS DA CORTE NA ADC
 De acordo com o art. 18 da lei 9.868, não se admitirá intervenção de terceiros no processo de ação declaratória de constitucionalidade. Assim como na ADI (art. 7º - lei 9.868), o caput do art. 18 inviabilizou a intervenção de terceiros. 
Embora o §2º do art. 18, que previa a participação do amicus curiae na ADC tenha sido vetado, entende-se, dado o caráter ambivalente da ADI e da ADC e consoante os ensinamentos de Pedro Lenza, que é admissível a figura do amicus curiae na ADC por analogia à ADI. O §2º do art. 18 possuía uma redação similar a do §2º do art. 7º, entretanto foi vetado, mas, frisa-se, o entendimento é de que é cabível amicus curiae na ADC.
10.3.2.7 EFEITOS DA DECISÃO
Da mesma maneira que na ADI, o art. 22, atendendo ao art. 97 da CF (cláusula de reserva de plenário), asseverou que, para haver julgamento, pelo menos 8 ministros da suprema corte deverão estar presentes. Logo, diante do art. 23, se seis dos Ministros da Suprema Corte (maioria absoluta / primeiro número inteiro depois da metade - 11/2 = 5,5, logo 6 é o primeiro nº inteiro depois da metade) entenderem que determinado ato ou lei está eivado de inconstitucionalidade, poder-se-á declarar a inconstitucionalidade do objeto em questão.
Mencionando o art. 102 §2º da CF, Pedro Lenza evidencia que os efeitos serão erga omnes; ex tunc e; vinculante em relação aos órgãos do Poder Judiciário e à Administração Pública Federal, estadual e Municipal.[42: LENZA, Pedro Direito constitucional esquematizado / Pedro Lenza. – 15ª. ed. rev, atual. e ampl. – São Paulo : Saraiva, 2011. Pg 354.]
10.3.3 ADPF (ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL)
10.3.3.1 INTRODUÇÃO
No glossário jurídico constante do site do STF, o conceito