Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Limites e Continuidade Sucessões Sucessões Definição Usamos atrás o conceito de sucessão e alguns factos relacionados, que veremos agora com um pouco mais de detalhe. Uma sucessão de números reais é uma função s : N ∩ [k,+∞[ → R. É habitual designar a imagem de n por sn (dito o termo de ordem n) e representar a sucessão na forma (sn)n≥k ou mesmo (sn)n ou sk , sk+1, sk+2, . . . (quando é clara a intenção subjacente . . . ). Exemplos: ◮ ((−1)n)n≥1 ◮ (n3)n ◮ (cos n)n ◮ 1, 12 , 1 3 , 1 4 , . . . (é clara a intenção de sugerir a sucessão ( 1 n )n≥1) Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 2. 1 Limites e Continuidade Sucessões Sucessões Limite - definição Seja (sn)n uma sucessão e seja L ∈ R. Diremos que L é o limite da sucessão (sn)n, e escreveremos limn→+∞ sn = L (ou sn → L) se, para n suficientemente grande, sn estiver tão próximo de L quanto for requerido. Mais precisamente, diremos que limn→+∞ sn = L se ∀ε > 0 ∃p ∈ N ∀n ∈ N (n > p ⇒ |sn − L| < ε︸ ︷︷ ︸ sn ∈ ]L−ε,L+ε[ ) . ( ( (( L LL-ε L-ε L+ε L+ε | | 1 1 p n > p ...2 2 35p ... gráfico da sucessão termos da sucessão s s s ss Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 2. 2 Limites e Continuidade Sucessões Sucessões Limite - exemplos 1. lim n→+∞ 1 n = 0 pois ε 1/ε | | 1 p2 y=1/x dado qualquer ε > 0, basta tomar p > 1 ε para garantir que : n > p ⇒ |1 n − 0| = 1 n < 1 p < ε. 2. lim n→+∞ 1√ n = 0 pois ∀ε > 0 ∃p ∈ N ∀n ∈ N (n > p ⇒ | 1√ n | < ε). De facto, para um dado ε > 0, basta tomar p ∈ N maior que 1 ε2 . Então n > p implica | 1√ n | = 1√ n < 1√ p < ε. Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 2. 3 Limites e Continuidade Sucessões Sucessões Unicidade do limite O limite de uma sucessão, quando existe, é único. De facto, suponhamos que limn→+∞ sn = L1 e limn→+∞ sn = L2 com L1,L2 ∈ R distintos. Seja ε = |L2−L1|2 (> 0). Como limn→+∞ sn = L1, existe p1 ∈ N tal que n > p1 ⇒ |sn − L1| < ε. Por outro lado, como limn→+∞ sn = L2, também existe p2 ∈ N tal que n > p2 ⇒ |sn − L2| < ε. ( (( ( LL-ε L+ε 2ε | | 1 L21 2 Mas então, para qualquer n > max{p1, p2}, tem-se |sn − L1| < ε e |sn − L2| < ε, o que é absurdo pois os intervalos ]L1 − ε,L1 + ε[ e ]L2 − ε,L2 + ε[ são disjuntos. Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 2. 4 Limites e Continuidade Sucessões Sucessões Existência de limite É fácil verificar que nem toda a sucessão tem limite, por exemplo (n2)n ou ((−1)n)n. Uma sucessão com limite diz-se convergente, caso contrário diz-se divergente. E como é que sabemos se uma sucessão é ou não convergente? Nem sempre é fácil responder, mas há um caso em que podemos garantir a convergência: quando a sucessão é monótona e limitada. Dizemos que (sn)n é: ◮ crescente se m < n⇒ sm ≤ sn para todos m, n ∈ N; ◮ decrescente se m < n⇒ sm ≥ sn para todos m, n ∈ N; ◮ monótona se for crescente ou decrescente; ◮ limitada se {sn | n ∈ N} for um subconjunto limitado de R. Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 2. 5 Limites e Continuidade Sucessões Sucessões Sucessões monótonas e limitadas Toda a sucessão monótona e limitada é convergente. Demonstração: Suponhamos que (sn)n é uma sucessão crescente e limitada (o caso decrescente é análogo). Como (sn)n é limitada, existe L = sup{sn | n ∈ N}. Vejamos que limn→+∞ sn = L. Seja ε > 0. Como L é o supremo de {sn | n ∈ N}, existe algum sp no intervalo ]L− ε,L] (caso contrário, existiria um majorante de {sn | n ∈ N} menor que L...). Mas então, se n > p, e porque (sn)n é crescente, resulta que sn ≥ sp. Como sn ≤ L = sup{sn | n ∈ N}, concluimos que sn ∈ ]L− ε,L] e logo |sn − L| < ε. Logo ∀ε > 0 ∃p ∈ N ∀n ∈ N (n > p ⇒ |sn − L| < ε) e portanto limn→+∞ sn = L. Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 2. 6 Limites e Continuidade Sucessões Sucessões Sucessões monótonas e limitadas Notas: ◮ Basta que a sucessão seja monótona e limitada a partir de um determinado termo sp, pois é fácil ver que limn→+∞ sn = limn→+∞ sn+p. ◮ Toda a sucessão convergente é necessariamente limitada, pois ∀ε > 0 ∃p ∈ N (n > p ⇒ |sn − L| < ε) implica que só um número finito de termos (s1, . . . , sp) podem estar fora do intervalo ]L− ε,L + ε[. Mas não tem que ser monótona! Por exemplo, limn→+∞ (−1)n n = 0. Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 2. 7 Limites e Continuidade Sucessões Sucessões Subsucessões Uma subsucessão da sucessão (sn)n é uma sucessão que se obtém a partir de s1, s2, s3, . . . eliminando alguns termos desta sucessão e mantendo os restantes, na mesma ordem. Por exemplo, s2, s4, s6, . . . = (s2n)n é uma subsucessão de (sn)n. Genericamente, representamos uma subsucessão de (sn)n na forma (sin)n, onde i1 < i2 < i3 < . . . são números naturais. Exemplos: ( 12n )n≥1, ( 1 n3 )n≥1 e ( 1 n! )n≥1 são subsucessões de ( 1 n )n≥1; (1, 14 , 1 2 , . . .) ou (1, 1 2 , 1 3 , 1 3 . . .) nunca poderão ser subsucessões de ( 1 n )n≥1; para qualquer sucessão (sn)n∈N, pode-se considerar a subsucessão dos termos de índice par, (s2n)n∈N, a subsucessão dos termos de índice ímpar, (s2n+1)n∈N, a subsucessão dos termos cujos índices são múltiplos de 3, (s3n)n∈N, ... Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 2. 8 Limites e Continuidade Sucessões Sucessões Limites de subsucessões É claro que a existência de limite de uma subsucessão (sin)n não implica a existência de limite de (sn)n∈N; e podem até existir subsucessões de uma mesma sucessão com diferentes limites. Por exemplo, - a sucessão (sn)n∈N = ((−1)n)n∈N = (1,−1, 1,−1, . . .) não é convergente, mas a subsucessão (s2n)n∈N tem limite 1 (é constante = 1) e a subsucessão (s2n+1)n∈N tem limite −1 (é constante = −1); - para qualquer n ∈ N, a sucessão (0, 0, 1, 0, 1, 2, 0, 1, 2, 3, . . .) tem uma subsucessão convergente para n. Por outro lado, é fácil ver que se (s2n)n∈N → l e (s2n+1)n∈N → l , então também (sn)n∈N → l . Isto verifica-se facilmente a partir da definição de limite e resulta do facto de todos os termos da sucessão serem da forma s2n ou s2n+1, para algum n ∈ N. Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 2. 9 Limites e Continuidade Sucessões Sucessões Limites de subsucessões Além disso: Se limn→+∞ sn = L, então limn→+∞ sin = L para toda a subsucessão (sin)n de (sn)n. De facto, se ∀ε > 0 ∃p ∈ N (n > p ⇒ |sn − L| < ε), então também é válido ∀ε > 0 ∃p ∈ N (n > p ⇒ |sin − L| < ε), pois i1 < i2 < i3 < . . . implica que in ≥ n para todo n, e logo n > p implicará sempre in > p. Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 2. 10 Limites e Continuidade Limites de funções reais de variável real num ponto Limite de uma função num ponto Noção intuitiva Recordamos agora a noção de limite de uma função real de variável real num ponto. Intuitivamente, o limite de uma função f num ponto x0 ∈ R, quando existe, é o valor para o qual evoluem os valores de f (x) quando x se aproxima de x0, ou seja, o valor que esperaríamos para f (x0) tendo em conta apenas os valores que f toma próximo de x0. Claro que nem sempre é possível fazer tais previsões, por isso nem sempre existirá limite... Além disso, para que esta noção tenha sequer sentido, o domínio de f terá de conter pontos arbitrariamente próximos de x0. Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 2. 11 Limites e Continuidade Limites de funções reais de variável real num ponto Limite de uma função num ponto Ponto de acumulação De forma já mais precisa, diremos que limx→x0 f (x) = L ∈ R se f (x) estiver tão próximo de L quanto for requerido, desde que x esteja suficientemente próximo de x0. Para muitos fins, esta descrição não é ainda suficientemente rigorosa. Matemáticos como Bolzano, Cauchy e Weierstrass, no século XIX, contribuírampara a seguinte formulação: Suponhamos que x0 é um ponto de acumulação do domínio de f (Df ), isto é, para qualquer distância arbitrária δ, existem pontos diferentes de x0 em Df que distam de x0 menos do que δ: ∀δ > 0, ∃x ∈ Df : 0 < |x − x0| < δ. (Note-se que não é exigido que x0 ∈ Df .) Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 2. 12 Limites e Continuidade Limites de funções reais de variável real num ponto Limite de uma função Definição Escrevemos lim x→x0 f (x) = L ∈ R se ∀ε > 0 ∃δ > 0 ∀x ∈ Df (0 < |x − x0| < δ ⇒ |f (x)− L| < ε). (( ( ( x +δ L x -δ L-ε L+ε | | x00 0 (Note-se que, mesmo no caso em que f está definida em x0, o valor do limite não depende de f (x0)). Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 2. 13 Limites e Continuidade Limites de funções reais de variável real num ponto Limite de uma função Limites laterais Se considerarmos apenas vizinhanças à esquerda (respectivamente à direita) de x0, obtemos o limite lateral à esquerda (respectivamente à direita) de f em x0. Mais precisamente, suponhamos que x é um ponto de acumulação à esquerda de Df , isto é, para qualquer δ > 0 existe x ∈ Df ∩]x0 − δ, x0[. Diz-se que lim x→x− 0 f (x) = L sse ∀ε > 0 ∃δ > 0 ∀x ∈ R (x0 − δ < x < x0 ⇒ |f (x)− L| < ε). Analogamente se define o limite lateral à direita lim x→x+ 0 f (x) = L. A relação com o limite bilteral é dada por lim x→x0 f (x) = L ⇐⇒ lim x→x− 0 f (x) = lim x→x+ 0 f (x) = L. Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 2. 14 Limites e Continuidade Limites de funções reais de variável real num ponto Limite de uma função Unicidade e exemplos De forma análoga ao caso dos limites de sucessões, o limite de uma função num ponto, caso exista, é único. O mesmo vale para os limites laterais. Exemplos: Seja f (x) = 3 √ x . É claro que 0 é um ponto de acumulação de Df = R. Vejamos que limx→0 f (x) = 0. Seja ε > 0. Temos |f (x)− 0| = | 3 √ x |, logo, tomando δ = ε3, resulta que |x − 0| < δ ⇒ |f (x) − 0| < ε. Analogamente se mostra que limx→0+ √ x = 0. Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 2. 15 Limites e Continuidade Limites de funções reais de variável real num ponto Limite de uma função Aritmética de limites Os limites comutam com as operações aritméticas elementares, quando estas estão definidas em R: Se lim x→x0 f (x) = K e lim x→x0 g(x) = L, então verifica-se que: ◮ lim x→x0 (f (x) + g(x)) = K + L ◮ lim x→x0 (f (x)− g(x)) = K − L ◮ lim x→x0 f (x)g(x) = KL ◮ lim x→x0 f (x) g(x) = K L (se g(x),L 6= 0) ◮ lim x→x0 f (x)g(x) = KL (se f (x),K > 0) Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 2. 16 Limites e Continuidade Limites de funções reais de variável real num ponto Limite de uma função Aritmética de limites Por exemplo, vejamos que limx→x0(f (x) + g(x)) = K + L. Seja ε > 0. Como limx→x0 f (x) = K , existe δ1 > 0 tal que 0 6= |x − x0| < δ1 ⇒ |f (x)− K | < ε2 . Por outro lado, como limx→x0 g(x) = L, também existe δ2 > 0 tal que 0 6= |x − x0| < δ2 ⇒ |g(x)− L| < ε2 . Seja δ = min{δ1, δ2}. Então 0 6= |x − x0| < δ implica simultaneamente |f (x)− K | < ε2 e |g(x) − L| < ε2 . Logo |f (x) + g(x)− (K + L)| = |(f (x)− K ) + (g(x)− L)| ≤ |f (x)− K |+ |g(x)− L| < ε2 + ε2 = ε, portanto limx→x0(f (x) + g(x)) = K + L. Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 2. 17 Limites e Continuidade Limites de funções reais de variável real num ponto Caracterização de Heine de limite Teorema de Heine São já conhecidas do ensino secundário várias técnicas que ajudam a determinar o limite de uma função. E se não houver limite? Como poderemos chegar a uma tal conclusão? A caracterização de Heine de limite de uma função, usando limites de sucessões, é um auxiliar precioso nessa tarefa: Teorema de Heine As condições seguintes são equivalentes para uma função f : D → R e um ponto de acumulação a do domínio de f : ◮ lim x→a f (x) = L. ◮ Para toda a sucessão (xn)n em D \ {a}, lim n→+∞ xn = a ⇒ lim n→+∞ f (xn) = L. Isto é, f transforma sucessões convergentes para a (tomando valores Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 2. 18 Limites e Continuidade Limites de funções reais de variável real num ponto Caracterização de Heine de limite Teorema de Heine Demonstração: Suponhamos que limx→a f (x) = L. Seja (xn)n uma sucessão em D \ {a}, convergente para a. Seja ε > 0. Como limx→a f (x) = L, existe δ > 0 tal que 0 < |x − a| < δ ⇒ |f (x)− L| < ε. Por outro lado, como limn→+∞ xn = a, existe p ∈ N tal que n > p ⇒ |xn − a| < δ. Logo n > p implica |f (xn)− L| < ε e portanto limn→+∞ f (xn) = L. Suponhamos agora que limx→a f (x) 6= L. Então existe algum ε > 0 tal que ∀δ > 0 ∃x ∈ D (0 < |x − a| < δ ∧ |f (x)− L| ≥ ε). Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 2. 19 Limites e Continuidade Limites de funções reais de variável real num ponto Caracterização de Heine de limite Teorema de Heine Em particular, ∀n ∈ N ∃xn ∈ D (0 < |xn − a| < 1 n ∧ |f (xn)− L| ≥ ε). É imediato que limn→+∞ xn = a mas limn→+∞ f (xn) 6= L, o que completa a demonstração do teorema. Nota: O Teorema de Heine admite versões análogas para limites laterais. É válido também para limites de sucessões, considerando-se n→ +∞ em vez de x → a.. Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 2. 20 Limites e Continuidade Limites de funções reais de variável real num ponto Caracterização de Heine de limite Aplicações As aplicações mais importantes do Teorema de Heine são as seguintes: ◮ Para mostrar que limx→a f (x) 6= L, basta encontrar uma sucessão (xn)n em D \ {a} que tenda para a e tal que (f (xn))n não tenda para L. ◮ Para mostrar que não existe limx→a f (x), basta encontrar: uma sucessão (xn)n em D \ {a} que tenda para a e tal que (f (xn))n não tenha limite, ou duas sucessões (xn)n e (yn)n em D \ {a} que tendam para a e tais que limn→+∞ f (xn) 6= limn→+∞ f (yn). Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 2. 21 Limites e Continuidade Limites de funções reais de variável real num ponto Caracterização de Heine de limite Aplicações Exemplo: 1. Não existe limx→0 sen 1 x 1 -1 f(x)=sen(1/x) pois as sucessões (xn)n = ( 1pi 2 +2npi )n e (yn)n = ( 1 −pi 2 +2npi )n tendem ambas para 0, mas enquanto (sen 1 xn )n é a sucessão constante (1)n, (sen 1yn )n é a sucessão constante (−1)n. Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 2. 22 Limites e Continuidade Limites de funções reais de variável real num ponto Teorema do enquadramento de limites O seguinte resultado, a que iremos recorrer com frequência, permite determinar limites de uma função comparando-a com outras das quais conhecemos previamente os limites. Este teorema é conhecido nalguns países como o “teorema dos dois polícias”: se dois polícias segurarem um prisioneiro de cada lado, e se dirigirem ambos para a mesma cela, o prisioneiro entrará também na cela inevitavelmente. Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 2. 23 Limites e Continuidade Limites de funções reais de variável real num ponto Teorema do enquadramento de limites Teorema do enquadramento de limites Se f (x) ≤ g(x) ≤ h(x) numa vizinhança de x0 e limx→x0 f (x) = limx→x0 h(x) = L, então também limx→x0 g(x) = L. De facto, dado ε > 0, existem δ1, δ2 > 0 tais que 0 < |x − x0| < δ1 ⇒ |f (x) − L| < ε⇔ f (x) ∈ ]L− ε,L + ε[, 0 < |x − x0| < δ2 ⇒ |h(x) − L| < ε⇔ h(x) ∈ ]L− ε,L + ε[. Logo, se 0 < |x − x0| < min{δ1, δ2}, obtemos também g(x) ∈ ]L− ε,L + ε[. Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 2. 24 Limites e Continuidade Limites de funções reais de variável real num ponto Teorema do enquadramento de limites Exemplo Podemos usar o Teorema do enquadramento de limites para mostrar facilmente que o limite quando x tende para 0 dafunção y= x y = -xf (x) = { x sen 1 x , se x 6= 0 0 se x = 0 é igual a 0. Como, para todo o x 6= 0, −1 ≤ sen 1 x ≤ 1, então −|x | ≤ x sen 1 x ≤ |x | e, sendo limx→0−|x | = limx→0 |x | = 0, resulta o pretendido deste teorema. Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 2. 25 Limites e Continuidade Limites de funções reais de variável real num ponto Teorema do enquadramento de limites Outro exemplo: um famoso limite O limite da função f (x) = sen x x quando x tende para 0 também não pode ser calculado usando a aritmética de limites, uma vez que limx→0 sen x = 0 e limx→0 x = 0. É um exemplo do que se chama uma indeterminação. Vamos usar o Teorema do enquadramento de limites para mostrar que lim x→0 sen x x = 1. De facto, se x > 0 for suficientemente pequeno, podemos concluir do significado geométrico de seno e tangente, ilustrado na figura, que 1 1 x tg x sen x A BO C 1 2 sen x < 1 2 x < 1 2 tg x , correspondendo a área(△OAB) < área do sector circular(OAB) < área(△OCB). Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 2. 26 Limites e Continuidade Limites de funções reais de variável real num ponto Teorema do enquadramento de limites Um famoso limite Logo 1 < xsen x < 1 cos x . Como limx→0 1 cos x = 1 limx→0 cos h = 1, resulta do enquadramento de limites que limx→0 x sen x = 1 e logo também limh→0 sen x x = 1 pela aritmética de limites. O caso de x < 0 é análogo, substituindo x por −x . Mais tarde voltaremos ao conceito de limite, com as definições de limites no infinito e de limites infinitos, após desenvolvermos ferramentas que darão um precioso auxílio na determinação destes limites e, em particular, na resolução de indeterminações. Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 2. 27 Limites e Continuidade Limites de funções reais de variável real num ponto Funções contínuas Definição Seja f uma função real de variável real e x0 um ponto de Df que é simultâneamente um ponto de acumulação do domínio. Diz-se que f é contínua em x0 sse lim x→x0 f (x) = f (x0). Convenciona-se que f é contínua em todos os pontos isolados do domínio, isto é, em pontos que não são pontos de acumulação. Diz-se ainda que f é contínua se for contínua em todos os pontos do seu domínio. Intuitivamente, uma função contínua é uma função previsível em que o valor num ponto pode ser adivinhado a partir dos valores tomados numa sua vizinhança. Graficamente, para funções cujo domínio é um intervalo, isto corresponde à ideia de um gráfico que pudesse ser traçado “sem levantar a esferográfica do papel”. Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 2. 28 Limites e Continuidade Limites de funções reais de variável real num ponto Funções contínuas Imensos exemplos Para lidar com funções cujo domínio é um intervalo fechado à esquerda ou à direita, também podemos definir continuidade à esquerda (limx→x− 0 f (x) = f (x0)) e à direita (limx→x+ 0 f (x) = f (x0)). Todas as funções elementares com que lidamos habitualmente (constantes, potências, trigonométricas, exponenciais, logarítmicas) são afortunadamente funções contínuas. Além disso: ◮ A soma, diferença, produto e quociente de funções contínuas são funções contínuas. ◮ A composição de funções contínuas é uma função contínua. Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 2. 29 Limites e Continuidade Limites de funções reais de variável real num ponto Teoremas de continuidade Permanência do sinal Princípio da Permanência do Sinal ◮ Se limx→c f (x) = L > 0, então existe δ > 0 tal que f é uma função positiva em ]c − δ, c + δ[\{c}. ◮ Se limx→c f (x) = L < 0, então existe δ > 0 tal que f é uma função negativa em ]c − δ, c + δ[\{c}. Demonstração: Seja ε = |L|2 . Como limx→c f (x) = L, existe δ > 0 tal que 0 6= |x − c| < δ ⇒ |f (x)− L| < ε = |L| 2 . Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 2. 30 Limites e Continuidade Limites de funções reais de variável real num ponto Teoremas de continuidade Permanência do sinal L c+δc-δ L-ε L+ε c Logo f (x) e L têm o mesmo sinal para x ∈ ]c − δ, c + δ[\{c}. Corolário ◮ Se f é contínua em c e f (c) > 0, então existe δ > 0 tal que f é uma função positiva em ]c − δ, c + δ[. ◮ Se f é contínua em c e f (c) < 0, então existe δ < 0 tal que f é uma função negativa em ]c − δ, c + δ[. Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 2. 31 Limites e Continuidade Limites de funções reais de variável real num ponto Teoremas de continuidade Teorema dos Valores Intermédios Podemos agora provar um dos mais importantes teoremas sobre funções contínuas definidas em intervalos, devido a Bolzano: Teorema dos Valores Intermédios Seja f : [a, b] → R contínua e seja u um valor intermédio entre f (a) e f (b). Então u ∈ Im f . a bf(a) f(b) u c Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 2. 32 Limites e Continuidade Limites de funções reais de variável real num ponto Teoremas de continuidade Teorema dos Valores Intermédios Demonstração: Assumimos f (a) < f (b), pois o caso f (b) < f (a) é análogo. Seja S = {x ∈ [a, b] | f (x) ≤ u}. Então S 6= ∅ pois a ∈ S. Seja c = supS. Suponhamos que f (c) < u. Como c < b, o Princípio da Permanência do Sinal aplicado à função g(x) = f (x)− u garante que f (d) < u para algum d ∈]c, b[, contradizendo c = supS. Logo f (c) ≥ u. Suponhamos agora que f (c) > u. O Princípio da Permanência do Sinal aplicado à função g(x) = f (x)− u garante que existe δ > 0 tal que f (x) > u para todo x ∈]c − δ, c + δ[, contradizendo c = supS. Logo f (c) = u. Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 2. 33 Limites e Continuidade Limites de funções reais de variável real num ponto Teoremas de continuidade Teorema dos Valores Intermédios O Teorema dos Valores Intermédios pode ainda ser formulado da seguinte forma: Corolário Se I ⊆ R é um intervalo e f : I → R é contínua, então Im f é um intervalo. Demonstração: Sejam y , z ∈ Im f e seja u um valor intermédio entre y e z . Escrevendo y = f (a) e z = f (b), podemos assumir que a < b em I. Como a restrição f |[a,b] de f a [a, b] é contínua, resulta do Teorema dos Valores Intermédios que u ∈ Im f |[a,b] ⊆ Im f . Logo Im f é um intervalo. Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 2. 34 Limites e Continuidade Limites de funções reais de variável real num ponto Teoremas de continuidade Teorema de Bolzano Um caso particular do Teorema dos Valores Intermédios é o Teorema de Bolzano Se f : [a, b] → R é contínua e f (a)f (b) < 0, então f tem um zero em ]a, b[. De facto, se f (a)f (b) < 0, então f (a) e f (b) têm sinais contrários e logo 0 é um valor intermédio entre f (a) e f (b). Exemplo: Não sabemos resolver exactamente a equação cos x = ln x , mas a função f (x) = cos x − ln x é contínua em ]0,+∞[ e f (pi4 )f (pi2 ) < 0. Logo cos x = ln x para algum x ∈]pi4 , pi2 [. Calculando sucessivamente o valor da função nos pontos médios dos intervalos assim obtidos, podemos reduzir a amplitude do intervalo que contém a solução, obtendo assim uma aproximação da dita. Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 2. 35 Limites e Continuidade Limites de funções reais de variável real num ponto Teoremas de continuidade Compactos Para simplificar, o próximo teorema de continuidade será enunciado para funções definidas num intervalo do tipo [a, b] mas é também válido para domínios mais gerais, não necessariamente intervalos, que satisfazem a propriedade a seguir descrita. Diremos que S ⊆ R é compacto se toda a sucessão em S admitir uma subsucessão convergente para algum elemento de S. Teorema Todo o intervalo da forma [a, b] é compacto. Demonstração (esboço): Seja (x [n])n uma sucessão em [a, b], com x [n] = x [n] 0 , x [n] 1 x [n] 2 x [n] 3 . . . Cálculo InfinitesimalI (M111) - 2015/2016 2. 36 Limites e Continuidade Limites de funções reais de variável real num ponto Teoremas de continuidade A árvore infinita Podemos usar a árvore infinita seguinte para representar as expressões deste tipo dos diversos elementos de [a, b], onde [x ] representa a característica, ou seja, a parte inteira, de um número real x : • xx xx xx xx xx D D D D D D PPP PPP PPP PPP PPP P [a] ss ss ss ss ss ss ss s �� �� �� �� � � � � CC CC CC CC CC [a + 1] [b] �� �� �� �� � � � � ;; ;; ;; ;; x [n] 0 0 �� �� �� �� � � � � � 88 88 88 88 8 1 9 0 }} }} }} }} }} } � � � � ;; ;; ;; ;; ; 9 � � � � x [n] 1 0 � � � 9 � � � 0 � � � 9 � � � x [n] 2 . . .Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 2. 37 Limites e Continuidade Limites de funções reais de variável real num ponto Teoremas de continuidade A árvore infinita É fácil ver por indução que esta árvore possui um ramo x = x0, x1x2x3 . . . em que, para todo k, há uma infinidade de termos x [n] que começam por x0, x1x2 . . . xk . Escolhemos uma subsucessão (x [in])n de modo a que cada x [in] comece por x0, x1x2 . . . xn. É fácil verificar que ◮ lim n→+∞ x [in] = x ; ◮ x ∈ [a, b]. Nota: Esta representação dos reais na árvore infinita permite uma nova perspectiva do supremo e do ínfimo: se desenharmos na árvore todos os elementos de S simultaneamente, o supremo de S (quando S for majorado) é dado pelo ramo infinito mais à direita, e o ínfimo (quando S for minorado) pelo ramo infinito mais à esquerda. Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 2. 38 Limites e Continuidade Limites de funções reais de variável real num ponto Teoremas de continuidade Máximos e mínimos Se f (m) = min(Im f ), dizemos que f (m) é o mínimo da função f , e m um ponto de mínimo de f . Se f (M) = max(Im f ), dizemos que f (M) é o máximo de f , e M um ponto de máximo de f . Teorema de Weierstrass Se f : [a, b] → R for contínua, então tem um máximo e um mínimo. a bMm Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 2. 39 Limites e Continuidade Limites de funções reais de variável real num ponto Teoremas de continuidade Máximos e mínimos Demonstração: Pelo Corolário do Teorema dos Valores Intermédios, Im f é um intervalo. Para mostrar que tem máximo e mínimo, basta mostrar que Im f é um intervalo fechado e limitado. Por um teorema anterior, os intervalos fechados e limitados são compactos, e é fácil ver que estes são os únicos intervalos compactos. Logo basta mostrar que Im f é compacto. Seja (yn)n uma sucessão em Im f . Para cada n ∈ N, seja xn ∈ [a, b] tal que yn = f (xn). Como [a, b] é compacto, existe uma subsucessão (xin)n tal que limn→+∞ xin = c ∈ [a, b]. Vejamos que limn→+∞ f (xin) = f (c) ∈ Im f . Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 2. 40 Limites e Continuidade Limites de funções reais de variável real num ponto Teoremas de continuidade Máximos e mínimos Seja ε > 0. Por continuidade de f , existe δ > 0 tal que |x − c| < δ ⇒ |f (x) − f (c)| < ε. Por outro lado, como limn→+∞ xin = c, existe p ∈ N tal que n > p ⇒ |xin − c| < δ. Logo n > p ⇒ |f (xin)− f (c)| < ε e portanto limn→+∞ yin = limn→+∞ f (xin) = f (c). Como f (c) ∈ Im f , resulta que que Im f é compacto e o teorema está demonstrado. Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 2. 41 Limites e Continuidade Limites de funções reais de variável real num ponto Teoremas de continuidade Máximos e mínimos A determinação de máximos e mínimos de funções é um problema de grande relevância em muitas aplicações. Apesar de a sua existência para funções com domínios compactos ser garantida apenas pela continuidade da função, as técnicas mais eficazes para a sua determinação dependem da existência de derivada. Iremos desenvolver o conceito de derivada no próximo capítulo e voltaremos ao problema da determinação de máximos e mínimos mais tarde. Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 2. 42 Limites e Continuidade Exercícios Exercícios Sucessões 10 Verifique se cada uma das seguintes sucessões é monótona, limitada e / ou convergente. a) ( 2n−3 5n+1 ) n∈N b) ( (−1)n 5n+1 ) n∈N c) (( 11 7 )n) n∈N . 11 Indique os limites das seguintes sucessões e comprove o resultado a partir da definição de limite: a) (e−n)n; b) ( n2 1+n2 ) n ; c) ( ln( n 1+n ) ) n . 12 Dê exemplo de uma subsucessão monótona de cada uma das seguintes sucessões: a) ( (−1)n 5n+1 ) n∈N b) ( sen( npi 4 ) ) n∈N c) ( n + (−1) n n ) n∈N . 13 Seja (an)n∈N a sucessão definida por an = n ∣∣∣sen (n π 2 )∣∣∣, ∀n ∈ N. Diga, justificando, se cada uma das afirmações seguintes é verdadeira ou falsa: a) {an : n ∈ N} tem supremo. b) {an : n ∈ N} tem mínimo. c) (an)n∈N é limitada. d) (an)n∈N é monótona. Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 2. 43 Limites e Continuidade Exercícios Exercícios Sucessões e) (an)n∈N é convergente. f) (an)n∈N admite uma subsucessão constante. g) Toda a subsucessão monótona de (an)n∈N é convergente. h) Toda a subsucessão limitada de (an)n∈N é convergente. 14 Diga, justificando, se cada uma das seguintes afirmações é verdadeira para qualquer sucessão (an)n com limite real L, ou se pode ser falsa. a) (∀n ∈ N, an ≥ 0) ⇒ L ≥ 0. b) (∀n ∈ N, an > 0) ⇒ L > 0. c) L > 0⇒ (∀n ∈ N, an > 0). d) Se L > 0 então todos os termos da sucessão a partir de certa ordem são positivos. e) Se todos os termos da sucessão são racionais, então L é racional. f) Se L é racional então todos os termos da sucessão a partir de certa ordem são racionais. Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 2. 44 Limites e Continuidade Exercícios Exercícios Sucessões 15 (⋆) Seja (an)n a sucessão de números reais definida recursivamente por a1 = 1 e an+1 = 1 + an 2 (n ≥ 1). a) Calcule os cinco primeiros termos da sucessão. b) Prove por indução que (an)n é monótona e limitada. c) Usando a igualdade limn→+∞ an+1 = 1+ limn→+∞ an 2 , calcule o limite da sucessão. 16 (⋆) Diga, justificando, se cada uma das afirmações seguintes é verdadeira ou falsa: a) Seja (sn)n uma sucessão convergente com limite L e seja tn = max{sn, L}. Então, tem-se limn→+∞ tn = L. b) Dadas sucessões (sn)n e (tn)n, seja (un)n a sucessão definida por u2n = sn e u2n+1 = tn. Então, (un)n converge se e só se (sn)n e (tn)n convergem. 17 (⋆) Seja (sn)n uma sucessão limitada. Para cada m ∈ N sejam tm = inf{sn : n ≥ m} e um = sup{sn : n ≥ m}. Mostre que: a) as sucessões (tm)m e (um)m convergem; b) se L é limite de alguma subsucessão de (sn)n, então tem-se limm→+∞ tm ≤ L ≤ limm→+∞ um. Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 2. 45 Limites e Continuidade Exercícios Exercícios Limite de uma função num ponto 18 Determine o conjunto dos pontos de acumulação [à esquerda / à direita] de cada um dos conjuntos: a) Z b) [−1, 1[ c) ]2, 5[\{3, 4} d) R \ Z e) {(−1)n/n : n ∈ N} f) {n/(n + 1) : n ∈ N} 19 a) Seja f : R −→ R a função definida por f (x) = 9x − 5. Encontre δ > 0 tal que |f (x)− 4| < 1 10 para qualquer x tal que |x − 1| < δ. b) Seja f : R −→ R a função definida por f (x) = x2 − x . Encontre δ > 0 tal que |f (x)− f (1)| < 1 5 para qualquer x tal que |x − 1| < δ. 20 Prove, utilizando a definição, que: a) lim x→−1 (2x − 7) = −9 b) lim x→2 (x2 − 1) = 3 c) lim x→1− [x ] = 0 d) ∼ ( lim x→−1 (2x) = 0 ) e) ∼ ( lim x→1+ [x ] = 0 ) Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 2. 46 Limites e Continuidade Exercícios Exercícios Limite de uma função num ponto 21 Sejam A ⊂ R, a um ponto de acumulação de A e f e g funções de A em R. a)Não existindo lim x→a f (x) e lim x→a g(x), poderão existir lim x→a (f (x) + g(x)) ou lim x→a (f (x) · g(x))? b) Existindo lim x→a f (x) e lim x→a (f (x) + g(x)), existirá sempre lim x→a g(x)? c) Existindo lim x→a f (x) e lim x→a (f (x) · g(x)), poderá não existir lim x→a g(x)? d) Mostre que se f (x) ≤ 0, ∀x ∈ X e existir L = lim x→a f (x), então L ≤ 0. e) Mostre que se f (x) ≤ g(x), ∀x ∈ X , então lim x→a f (x) ≤ lim x→a g(x) sempre que estes limites existam. f) Se f (x) < g(x), ∀x ∈ X , ter-se-á necessariamente lim x→a f (x) < lim x→a g(x), no caso de existirem os referidos limites? Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 2. 47 Limites e Continuidade Exercícios Exercícios Limite de uma função num ponto 22 Use o Teorema de Heine para mostrar a inexistência dos seguintes limites: a) lim x−→+∞ cos2 x b) lim x−→+∞ x sin x c) lim x−→0+ sin(1/x) x d) lim x−→+∞ log(|cos x |+ 1 x ). 23 Calcule, usando enquadramento de limites: a) lim x−→+∞ cos2 x 2x b) lim x−→+∞ x sin x (x − π)2 c) lim n−→+∞ n √ |sin n|+ 1. 24 Sejam f , g : R → R e a ∈ R. Supondo que f e g são contínuas e que f (a) < g(a), prove que existe δ > 0 tal que ∀x ∈ R, |x − a| < δ ⇒ f (x) < g(x). 25 (∗) a) Mostre que se f : R → R é contínua, então |f | também é contínua. b) Dê exemplo de f : R → R que não seja contínua em nenhum ponto, mas tal que |f | seja contínua em todos os pontos. 26 As funções f (x) = { 1, se x ≥ 1 −1, se x < 1 e g(x) = 1 x satisfazem f (−1) · f (1) < 0 e no entanto não têm zeros no intervalo [−1, 1]. Porque é que este facto não contradiz o Teorema de Bolzano? Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 2. 48 Limites e Continuidade Exercícios Exercícios Teoremas de continuidade 27 Para cada uma das seguintes funções f de R em R, determine um inteiro n tal que f (x) = 0 para algum x entre n e n + 1. a) f (x) = x3− x + 3; b) f (x) = x5 + 5x4 + 2x + 1; c) f (x) = x5 + x + 1. 28 Mostre que existe algum número real x tal que: a) sen x = x − 1. b) x179 + 163 1 + x2 + sen2 x = 119. 29 Com o auxílio do Teorema de Bolzano e de uma calculadora: a) determine uma solução da equação cos x = ln x com erro inferior a 0, 01; b) determine uma solução da equação ex = −x com erro inferior a 0, 01. 30 (∗) a) Sejam a,b ∈ R tais que a < b e f : [a, b] −→ [a, b] uma função contínua. Mostre que existe algum x0 ∈ [a, b] tal que f (x0) = x0. (Nota: diz-se que um tal x0 é um ponto fixo de f ) b) Dê exemplo duma função contínua g : [0, 1[−→ [0, 1[ que não tenha pontos fixos. Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 2. 49 Limites e Continuidade Sucessões Limites de funções reais de variável real num ponto Exercícios
Compartilhar