Buscar

Górgias Elogio de Helena

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 4 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

..•\ ..
Gorgias
Tratado do nia-cnte
BIagio de Helena
Traduçao e apresentaçao de
Maria Cecilia de Miranda N. Coelho
CADERNOS DE TRADUÇÀO, n. 4, DF/USP, 1999.
modo as coisas pensadas existirâo porque sâo tomadas por um critério prôprio,
mesmo se nâo podern ser vistas pela visâo nem ouvidas pela audiçâo. (82) Se
entâo alguém pensa em carros a correr no mar, e se nâo vê isso, é necessàrio
confiar que carros estâo no mar correndo. Mas isso é absurdo, logo 0 ente nâo
é pensado nern apreendido.
(83) Mas mesmo que possa ser apreendido, é incomunicàvel ao outro.
Se pois os entes sâo vislveis e audfveis e comumente sensiveis, os quais sub-
sistern fora, e desses os vistos sâo obtidos pela visâo e os ouvidos, pela audi-
do e nâo inversamente coma entâo é possfvel eles serem indicados ao ou-, , ,
tro? (84) Pois 0 meio pèle qual indicamos é a palavra, e a palavra nâo é os
subsistentes e os entes. Logo, nâo sâo os entes indic ados ao outro, mas a pa-
lavra, que é diferente dos subsistentes. Entâo, do mesmo modo que o.visfvel
nâo se tornaria audivel e reciprocarnente, da mesma rnaneira, porque 0 ente
subsiste fora, ele nâo setornaria nossa palavra . (85) Nâo sendo palavra nâo
pcderia ser mostrado ao outro. Alias, a palavra, ele diz, é constituida a partir
das coisas exteriores que se apresentam diante de nôs, isto é, a partir das sen-
saçôes: pois do choque corn 0 sabor se produz em nés a palavra .porta~or~
dessa qualidade, e da insinuaçâo da cor, a palavra sobre a cor. E se ISS0, nao e
a palavra evocativa do exterior, mas é 0 exterior que se torna indicador da .pa-
lavra (86) E seguramente nem é possîvel dizer que do modo coma as co1s~s
vistas e ouvidas subsistern, deste modo subsiste também a palavra, de manet-
ra que é possfvel do seu subsistente e do seu ente indicar 0 subsistente e 0
ente. Pois se a palavra subsiste, ele diz, é diferente dos subsistentes restantes,
e diferern em maior grau os corpos visfveis e a palavra: pois por meio de um
orgâo é 0 visivel apreendido e por outra a palavra. Logo, a palavra nâo mos-
tra a pluralidade dos subsistentes, da mesrna forma nem esses podem tornar
evidente a natureza uns dos outros. (87) Entâo, corn Gorgias, por causa de
tais aporias, vai-se, enquanto se apoia nelas, 0 critério de verdade: pois nâo
havendo ente nern possibilidade de conhecer nem de ser indicado ao outro,
nenhum critério poderia existir.
CADERNOS DE TRADUÇÀO, n. 4, DF/USP, 1999.
Elogio de Helena
G6rgias .'
(1) Ordem para a cidade é 0 herofsmo dos homens, para 0 corpo a bele-
za, par~ a al~a a sabedoria, p'1ra a ara a excelência, para 0 discurso a verdade; 0
contrario disso é desordem. E, em relaçao ao homem, à mulher. ao~is.çurs.o,..à.__
açâo, à cidade e ao ato à ·cularé necessario honrar corn louvor 0 digno de
louvor~bre 0 indigno aplicar censura; pois, igual erro e ignorância é censu-.
rar ,ascoisas louvaveis e louvar as censuraveis. (2) E, é dever do mesmo homem
dizer corretamente 0 que é preciso e refutar ***05 que censuram Helena, mu-
lher em torno da qual, unissona e unânirne, é a crença dos que ouviram os poe-
tas e a fama do nome, que se tornou memento de males. E eu quera, tendo dado
uma lôgica ao discurso, tante livrar da acusaçâo aquela que ouve falar mal de si,
quanto, os que censuram, tendo demonstrado que seenganam e tendo rnostra-
do a verdade, livrar da ignorância. .-----.l
(3) Que, seguramente, por natureza e linhagem, 0 primor dos princi-
pais homens e mulheres é a mulher em torno da qual é feito este discurso,
nâo é obscuro sequer para poucos. Pois, é claro que a mâe era Leda e 0 pai, 0
que foi, era um deus e 0 que era dito, um mortal: Tindaro e Zeus. Desses,
um, por ser, pareceu e 0 outra, por dizer, foi refutado; e um era 0 melhor dos
homens e a outro, a senhor de toclos.
(4) E, tendo sido gerada de tais, ela obteve beleza igual à divina, que ten-
do tomado e nâo ocultado, rnanteve. E em muitlssimos, muitfssirnos desejos de
amor ela suscitou, e corn um sé corpo conduziu muitos corpos de homens que
pensavarngrande sobre grandes coisas, dos quais uns tiverarn grandeza de ri-
queza, outros a celebridade de uma antiga raça, outras 0 vigor de uma força
prépria, outras a capacidade de um saber adquirido; e chegavam todos sob 0
dominic do amor que gosta de vitoria e do invencfvel gosto pela honra. (5)
Quem, certamente, por que e coma saciou 0 amor, tendo tomado Helena, nâo
direi; pois, dizer aos que sabem aquelas coisas que ja estâo sabendo tern credi-
bilidade, mas nâo traz satisfaçâo. E 0 tempo de entâo, corn 0 discurso, neste
momento tendo sobrepassado, para 0 inicio do discurso que esta por vir avan-
CADERNOS DE TRADUÇÀO, n. 4, DF/USP, 1999.
çarei e proporei as causas pelas quaisera verossimil ter ocorrido a partida de
Helena para Troia.
rr:": (6) Pois, ou pelos desîgnios da sorte e por deliberaçôes dos deusese por
decretos da necessidade ela agiu coma agiu ou tendo sido raptada à força, ou
; persuadida por palavras < ou presa por arnor > (1). Se, no entanto, foi pela
'--- "primeira, é justo ser acusado 0 que acusa; pois 0 desejo da divindade corn as
precauçôes humanas é impossîvel impedir. Pois é natural nâo 0 superior pelo
inferior ser impedido, mas 0 inferior pelo superior ser comandado e guiado e
tante 0 superior deve governar quanto 0 inferior submeter-se. E a divindade é
superior ao homem em força, sabedoria e noutras cois as . Se, entâo, à sorte eà
divindade a acusaçâo deve-se atribuir, da ma reputaçâo deve-se absolver Helena.
(7) Se corn violência ela foi raptada e ilegalmente coagida e injustamente
ultrajada, é evidente que, de um lado, 0 raptar,porque ultrajou, corneteu in-
justiça, por outro lado, a raptada, porque foi ultrajada, foi infeliz. Digno, en-
tâo, 0 barbaro que empreendeu uma empresa barbara, pelo discurso, pela lei e
pela açâo receber pelo discurso, a acusaçâo; pela lei, a desonra; pelo ato, 0
castigo; mas a que foi coagida, privada da pâtria e feira ôrfâ dos amigos, corno,
justamente, nâo poderia ser ela pranteada mais do que injuriada? Pois, enquan-
to aquele fez coisas terrfveis, aquela sofreu; justo é, entâo, por um lado,
deplora-la e, por outro, odiâ-lo.
1. TaI referência ao amor coma quarta causa foi acrescentada por alguns editores, anteci-
pando a exposiçâo que ocorrerâ a partir do paragrafo 15. UNTERSTEINER, M. Sofisti,
testemonianze e frammenti. Firenze, 1942, vol. II, p.95, nâo a aceita e dispôe as quatro
causas do seguinte modo: a) deliberaçâo dos deuses; b) força; c) persuasâo pela pala-
vra; d) deslgnio da sorte e decrete da necessidade - disposiçâo essa que conduziria a
uma outra interpretaçâo do texto e que é, a nosso ver, incompativel corn 0 final desse
pad.grafo e também corn 0 parâgrafo 20. Jâ CASSIN, B. op. cit., 1995, p. 143, n~o
aceita a adiçâo, oferecendo uma justificativa interessante para isso: a quarta causa fana
parte de um outra momento na argumentaçâo, diferente dos anteriores, que têm ern
comum 0 fato de apresentar Helena coma vftima, passiva, dos deus es, da violência e do
discurso, 0 quarto motiva apresentaria uma Helena que escolhe fugir par amor, mas
mesmo nesse caso, ainda que se passa acusâ-la (0 que nos três outras nâo faria senti-
do), ela seria defensavel, pois foi vitima de seus olhos. Para cornpreender melhor tal
explicaçâo é preciso ter ern mente a importância que Gorgias atribui aos nossos érgâos
sensoriais ern particular à visâo e à audicâo, Para a discussâo desse tema nos remere-
mos aos ~rtigos de KERFERD, G.B., ~p. cit. c DONADI, F. "Considerazioni in
margine all'Enconia di Elena" Sic Gymn XXXVIII, 1-2 (1985) 470-490,
. '.
CADERNOS DE TRADUÇÀO, n. 4, DF/USP, 1999. 17
(8) Se foi 0 discurso 0 que persuadiu e iludiu a alma, nem diante disso é
diflcil fazer a defesa e extinguir por completo a acusaçâo des ta maneira:Eis- ' '
curso é um grande soberano, que corn 0 menor e mais invisivel corpo, executa
as açôes mais divinas, pois ele tem 0 poder de cessar 0 medo, retirar a tristeza, ~-'
inspirar a alegria e aumentar a pieda~ essas coisas, coma elas sâo assim, eu
mostrarei: (9) é preciso mostrar, por uma opiniâo, aos ouvintes: toda a poesia
considera e nomeio um discurso que tem rnétrica; nos ouvintes desta penetram
um tremor aterrorizante, uma piedade lacrimosa e um desejo 'doloroso, e diante
das açôes e dos corpos dos outros, pelos êxitos e reveses, um sofrimento pro-
prio, por meio das palavras,a alma sofre. Mas vamos! Que eu mude Q_s!iscgI~o_
de uma coisa para outra. (JO) Pois os encantamentos inspirados pelos deuses,
por meio das palavras, intr~duzem 0 prazer e afastam a dor; pois, nascendo jun-
ta corn a opiniâo da alma, g,..ppder do encantamento fascina, persuade e altera ...~
essa alma pelo enfeitiçamtnr..0::'E, duas técnicas de.enfeitiçarnento e magia sâo
encontradas, as quais sâo erras da alma e ilusôes da opiniao(2). (Il) E quantos,
a quantos, acerca de quanta persuadiram e ainda persuadem tendo modelado
um falso discurso. Pois, certamente, se todos, acerca de tudo, tivessem a lem-
brança das coisas passadas, a noçâo das presentes e a previsâo das futuras nia
seria igualmente igual a discurso para aqueles aos quais nesse momento nem
lembrar do passado nem investigar 0 presente nem predizer 0 futuro é fàcil; de
maneira que, acerca da maios-parte das coisas, a maioria a opiniâo coma
conselheira apresenta à alma/Mas a opiniâo, sendo vacilante e instàvel, envolve
em sorte vacilante e instavel'os'que se servem dela. (12)(3) Entâo, que causa
impede considerar que também Helena, sernelhanternente, sob 0 dornfnio das
2. A que essas duas técnicas se referem ainda . UNTERSTEINER, M. op. cit., p. 101,
seguindo Reich e Blass, vê aqui uma referência à poesia e à prosa. DUMONT,J.P. Les
Sophistes, Paris, 1969, p. 87, além da possibilidade citada, sugere que se trate aqui da
oratéria e da arre médica (corn base, inclusive, no parâgrafo 14): Uma inrerpretaçâo
interessante é a de CASSIN, B. op. cit., 1995, p. 145, para quem, scmelhanternente
aos dissdi ldgoi) dissai téchnai se referern às "arts doubles", capables de dire et de faire
croire une chose et son contraire, le vrai et le faux ou le mensonger".
3. 0 infcio desse paragrafo esta bastante danificado. Houve varias pcopostas de reconstru-
çâo - pode-se ver uma anâlise de algumas em DIÈS, A. Autour de Platon. Paris, 1927,
p. 110-125. A que nos utilizamos foi proposta por H. Diels, nâo no carpo do seu texto
grego, mas cm nota relativa a tal parâgrafo.
l'
CADERNOS DETRADUÇÀO, n. 4, DF/USP, 1999.
palavras partiu contra vontade do mesmo modo como se raptada pela violência
dos violentos? Pois em relaçâo à persuasâo é possivel parecer que ela domina;
por um lado, da nâo tem a aparência de necessidade, por outro lado, tem a po-
tência desta. Pois, 0 discurso que persuadiu a alma, a quaI persuadiu, força-a a
confiar nas coisas ditas e a estar de acordo corn as coisas feitas. Aquele, entâo,
'que persuade, porque força, é injusto, mas ~~qV-é .r,ersuadida, porque ~orçada
pelo discurso, inutilmente tern ma reputaçâo. 1lliQue a persuasâo, unindo-se
"~o discurso, também molda a alma da manei;a "que quer, é preciso saber, pri-
me ira, pelas palavras dos meteorologistas, os quais, opiniâo contra opiniâoçora
tendo suprimido uma, ora produzido outra, fazem aparecer as coisas obscuras e
inacreditâveis aos o1hos da opiniâo; segundo, pelos debates inevitaveis, por meio
das palavras, nos quais um discurso agrada e persuade numerosa rnultidâo ten-
do sido escrito corn arte, mas nâo dito corn verdade; terceiro, os combates de
:, palavras dos filôsofos, nos quais é mostra~ também a prontidâo da inteligên-
j cia, que faz rnutâvel a crença na opiniao.0) A mesma proporçâo tem 0 poder
Velo discurso perante a ordenaçâo da alma e a ordenaçâo dos remédios perante a
natureza dos corpos. Pois, como dos remédias alguns retiram alguns humores
do corpo, uns cessando a doença, outras a vida, assim, também, dos discursos
alguns atormentam, outros agradam, outros aterrorizam, outras levam os ou-
vintes a uma situaçâo de confiança eoutros, por meio de uma persuasâo rna,
drogam e enfeitiçarn a alm.:;] . ~ ... .
(15) Que, se pelo discurso ela foi persuadida, nao cometeu mjustiça,
mas foi infeliz, esta dito. E a quarta causa vou expor corn a quarto discurso.
Pois, se amor foi 0 que fez todas essas cois as, nâo dificilmente ela escaparâ à
acusaçâo do erra que é dito ter ocorrido. Pois, aquilo que nos vernas tem a
natureza, nâo a que nos querernos, mas a que a cada coisa aconteceu ter; e,
por meio da visâo, a alma também é moldada nos seus modos. (16) Pois, por
exemplo, no memento em que corpos inimigos armam sobre inimigos a or-
dem inimiga de bronze e de ferro de uns defesa, de 'outres ataque - se a vista
conternplar, da se agita e agita a alma de rnaneira que, muitas vezes, havendo
o perigo futuro, fogern aturdidos. Pois, firme, a c~nduta da lei emigra por cau-
sa rio medo, medo que se origina da visâo, e essa tendo ido, faz corn que se
descuide do julgado belo, belo por causa da lei, e do tornado bom, bom por
causa da vitoria. (17) E alguns tendo visto as coisas terriveis do presente, na-
momento presente mudaram 0 pensamento, tal 0 modo como 0 medo
ulsa a reflexâo. E muitos tombaram em penas vas, enfermidades
.nl
CADERNOS DETRADUÇAO, n. 4, DF/USP, 1999. 19-i\~~
terrfveis e manias incurâveis; tal 0 modo coma as imàfens das cois as vistas a
visâo inscreveu no pensamento. E, certamente, quanto às coisas que assustam,
por um lado rnuitas SaD negligenciadas, por outra, sac semelhantes às negligen-
ciadas aquelas ditas. (18) lY1.as,os pintores, quando a partir de muitas cores e
corpos um so cor 0 e fio-ura fabricam corn perfeiçao, agradam a vista; e a fabri- \(1(
caçâo de estatuas humanas e a confecçao de imagens votlvas um agra avd espe-
d.~o apresentam aos o1hos. Assim, nao so 0 atormentar, mas também 0 dese-
ja!, sao naturais à vista. E muitas coisas em muitos produzern amor e desejo de
muitas coisas e corpos. (19) Se, entâo, pelo corpo de Alexandre, 0 olhar de He-
lena, tendo sentido prazer, desejo e cornbate de amor transmitiu ~"*n._a,_~ h.L ... _
de admidvel? Por um lado, se este sendo deus tem 0 poderio divino dos deu-
ses, corno 0 que é inferior seria capaz de expulsa-Io e defender-se? Por outro
lado, se ele é uma enfermidade humana e uma ignorância da alma, nâo deve ser
criticado como erro, mas considerado como infelicidade; pois veio, do modo
que veio, devido às redes dei acaso, nâo por deliberaç6es do jufzo, por necessi-
dades de amor e nâo por preparaçôes de artifïcios. ,
(20) Como, entâo, é preciso julgar justa a censura a Helena que, quer
tendo se apaixonado, quer tendo sido persuadida pelo discurso, quer tende sido
raptada à força, quer tenda sido forçada_pela necessidade divina, agiu corno-
agiu e, em todos os casas, escapa à acusaçâo ? .
(21) Retirei, par meio do discurso, a ma reputaçâo da mulher, perma-
ne ci na norma que coloquei no infcio do discurso; tentei desfazer, par corn-
pleto, a injustiça da censura e a ignorância da opiniâo, quis escrever este dis- r
curso, por um lado, elogio de Helena, por outra, meu brinquedo. ..'

Outros materiais