Buscar

Acidente radiológico de Goiânia

Prévia do material em texto

Acidente radiológico de Goiânia
Desde quando eu fiquei sabendo sobre o trabalho dos acidentes Radioativos comecei a pesquisar coisas na Internet e descobri que em 13 de setembro de 1987, um pozinho azul e iluminado mudava para sempre a historia de uma cidade. Tudo teve inicio com a curiosidade de dois catadores de lixo, que vasculhavam as antigas instalações do Instituto Goiano de Radioterapia (também conhecido como Santa Casa de Misericórdia), no centro de Goiânia.
No local eles acabaram encontrando um aparelho de radioterapia, eles removeram a máquina com a ajuda de um carrinho de mão e levaram o equipamento até a casa de um deles. Eles estavam interessados no que podiam ganhar vendendo as partes de metal e chumbo do aparelho em ferros-velho da cidade, ignoravam de todas as formas o que era aquela máquina e o que continha realmente em seu interior. Tal substância um pó branco parecido com o sal de cozinha, porém no escuro ele brilha com uma coloração azul.
No período da desmontagem da máquina, eles foram expostos ao ambiente 19,26 g de cloreto de césio-137 (CsCl), coloração azul. Após cinco dias, a peça foi vendida a um proprietário de um ferro-velho Sr.Devair, o qual se encantou com o brilho azul emitido pela substância. Crendo estar diante de algo sobrenatural
 E este fato não saiu da minha cabeça. Então eu resolvi conhecer mais sobre o assunto e tentei me colocar no lugar das pessoas que viveram tal fato e confesso, sofri ao perceber que algo tão pequeno e espetacular era capaz de enterrar tanta gente e deixar tantas outras em estado de lazarento 
No dia em que seu o Senhor Devair apresentou para sua família o brilho da morte, como ele mesmo disse segundo relatos dos familiares, (─Me apaixonei pelo brilho da morte. disse Sr.Devair), foram chamados os vizinhos para conhecer o que pensavam ser muito valioso, ou até mesmo de outro planeta, não imaginavam que o valor daquele estranho sal que brilhava no escuro seria suas vidas. Seu irmão Ivo levou um pouco para casa, a fim de também mostrar para sua família o magnífico pó brilhante, não imaginava que sua filha, Leide das Neves Ferreira, se tornaria mais tarde, símbolo do acidente. Leide, ao passar o césio 137 pelo corpo, queria brilhar no escuro e até ingeriu o pó misturado com a comida.
Maria Gabriela, esposa de Devair, foi a primeira vitima fatal da contaminação, ela que foi também a primeira que percebeu uma relação entre os sintomas que estavam sentindo e o pó brilhante que seu marido havia extraído da estranha cápsula dias antes, levou a peça que pesava 22 kg para a sede da vigilância sanitária dentro de um ônibus coletivo. Maria morreu no dia 23 de setembro, decorrente da contaminação pelo césio 137.
Leide, a garotinha que queria brilhar no escuro, morreu apenas duas horas depois de sua tia, diagnosticada como a vitima com maior dose de radiação pelo corpo e gerou polêmica ao ser enterrada em um caixão blindado erguido por um guindaste no cemitério da cidade, mesmo sob protestos de coveiros e da população que não queriam que a menina fosse enterrada no local, por medo da contaminação. No mesmo dia morreram dois funcionários do ferro velho. Devair, dono do ferro velho, passou pelo processo de descontaminação em um hospital no Rio de Janeiro e morreu em 1994 de insuficiência hepática.
Os primeiros sintomas da contaminação (vômitos, náuseas, diarréia e tonturas) surgiram algumas horas após o contato com a substância, o que levou um grande número de pessoas a procura hospitais e farmácias, sendo medicadas apenas como pessoas portadoras de uma doença contagiosa. Mas tarde descobriu-se de que se tratava na verdade de sintomas de uma Síndrome Aguda de Radiação. Somente no dia 29 de setembro de 1987 é que os sintomas foram qualificados como contaminação radioativa, e isso só foram possível devido à esposa do dono do ferro-velho ter levado parte da máquina de radioterapia até a sede da Vigilância Sanitária. 
Os médicos que receberam o equipamento solicitaram a presença de um físico, pois tinham a suspeita de que se tratava de material radioativo. Então o físico nuclear Valter Mendes, de Goiânia, constatou que havia índices de radiação na Rua 57, do St. Aeroporto, bem como nas suas imediações. Por suspeitar ser gravíssimo o acidente, ele acionou a então Comissão Nacional Nuclear (CNEN). 
O então chefe do Departamento de Instalações Nucleares José Júlio Rosenthal, dirigiu-se no mesmo dia para Goiânia. Ao se deparar com um quadro preocupante, ele chamou o médico Alexandre Rodrigues de Oliveira, da Nuclebrás (atualmente, Indústrias Nucleares do Brasil) e também o médico Carlos Brandão da CNEN. Chegaram no dia seguinte, quando a secretaria de saúde do estado já fazia a triagem num estádio de futebol dos acidentados. 
Uma das primeiras medidas foi separar todas as roupas das pessoas expostas ao material radioativo, lavá-las com água e sabão para a descontaminação externa. Após esta medida, as pessoas tomaram um quelante (substancia que elimina os efeitos da radiação, denominado de “azul da Prússia”). Com ele, as partículas de césio saem do organismo através da urina e das fezes. 
O material radioativo contaminou centenas de pessoas, inclusive policiais, bombeiros, profissionais da saúde e as pessoas que trabalharam para ajudar na remoção das 13.500 toneladas de lixo atômico que foram enviados ao Parque Estadual Telma Ortegal, criado em Abadia de Goiânia para esse fim, dando origem ao maior deposito de lixo nuclear do país. O lixo necessitou ser acondicionado em 14 contêineres que foram totalmente lacrados. Dentro destes estão 1.200 caixas e 2.900 tambores, que permanecerão perigosos para o meio ambiente por 180 anos. Para armazenar esse lixo, se encontra uma montanha artificial onde os contêineres foram colocados ao nível do solo, revestida de uma parede de aproximadamente 1 metro de espessura de concreto e chumbo.
As consequências do pozinho que levou muita gente a “brilhar para morte”, ainda é sentido até hoje em Goiânia, tanto pelas enfermidades, principalmente o câncer e pelo descaso do governo, quanto pelo preconceito que os moradores sofrem até hoje quando falam que moram na região.
O césio 137 Foi o maior acidente radioativo do Brasil e o maior do mundo ocorrido fora das usinas nucleares.
A cena que passa pela minha cabeça agora é a de um filme de ficção cientifica, mas que foi real e bem doloroso para quem viveu o aterrorizante brilho da morte.
Aluna: Claudia Lima
Turma: Cleópatra
Prof:Tiago

Continue navegando