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[ONLINE] 946U – ECONOMIA
Origem, conceitos fundamentais, problemas e temas relevantes da economia (módulo 1)
Origem, conceitos fundamentais, problemas e temas relevantes da economia.
 
Indispensável no decorrer do curso de Direito o aprendizado da Economia, uma vez que ela é uma das áreas amplamente responsável  pela geração de inúmeros conflitos sociais com amplo reflexo em nosso ordenamento jurídico da atualidade.
Aliás, assim que o aluno inicia o curso de Direito, ele se depara com várias disciplinas que vão contribuir para a compreensão da temática do direito como ciência e sua complexidade, tal como ocorre com a Economia.  Essas disciplinas compõem o ciclo básico e objetivam fornecer aos alunos uma visão generalista do nosso campo de atuação.
Por seu turno, existem disciplinas com subsídios mais complexos, sendo necessária à compreensão da Economia como base dos conflitos ali existentes, conforme se observa no direito tributário e o próprio direito econômico, onde as questões econômicas se deparam com a problemática do direito em seus mais diversos seguimentos.
Assim, os principais estudiosos desta disciplina definem a Economia como uma ciência social que estuda a produção, a circulação e o consumo dos bens e serviços que são utilizados para satisfazer as necessidades humanas.
Com isto, percebe-se que o objetivo de estudo da Economia é analisar os problemas econômicos e formular soluções para resolvê-los, de forma a melhorar nossa qualidade de vida nos ambientes em que convivemos.
Na formação etimológica da palavra economia, duas palavras gregas estão presentes. Oikos, cuja tradução écasa e Nomos, que significa lei. Dessa forma, economia significa a “lei da casa”, ou seja, a sobrevivência do indivíduo através dos recursos disponíveis.
Essa composição explicita bem o papel do estudo econômico, pois a ciência social econômica sempre vai estudar o indivíduo e a sociedade. Consequentemente esses agentes vão escolher como trabalhar com a escassez de seus recursos, atendendo às necessidades humanas buscadas pela sociedade, em seus mais diversos grupos.
Por seu turno, as necessidades humanas são infinitas e ilimitadas, porque o ser humano, por sua própria natureza nunca está satisfeito com o que possui e sempre deseja possuir mais bens.
Ocorre que os recursos produtivos com que se pode contar para efetuar a fabricação de bens e serviços têm caráter finito e limitado.
Dessa forma, há uma visível contradição, pois os desejos e necessidades humanos são ilimitados e os recursos para efetivar-se a produção de bens e serviços para atender estes desejos e necessidades são finitos.
Os problemas econômicos não existiriam se uma quantidade infinita de cada bem pudesse ser produzida, com a consequente satisfação de todos os desejos humanos.
Porém, na realidade global, com um elevado índice populacional há evidente escassez dos recursos disponíveis, com plena afetação do meio ambiente planetário.
O trabalho, a terra e o capital, este último entendido como máquinas, matérias-primas e demais insumos utilizados pelo homem são efetivamente escassos.   
Surge a questão da escassez de bens econômicos, isto é, de bens em reais condições de atender às necessidades humanas.
Como exemplo clássico pode ser apontado a questão dos automóveis, meio de locomoção amplamente utilizado no atual estágio do desenvolvimento humano, pois embora as jazidas de minério de ferro sejam abundantes em algumas regiões do mundo, esse minério pré-usinável, as chapas de aço e, finalmente, o automóvel são bens econômicos escassos.
Assim, destacam-se duas noções primárias pertinentes à ciência econômica, retiradas da experiência e da própria vivência do cotidiano: as necessidades humanas e a bens produtivos.
A economia tem caráter social, uma vez que se ocupa do comportamento humano e estuda como as pessoas e as organizações na sociedade se empenham na produção, na troca e no consumo de bens e serviços.
Dessa forma são três as questões econômicas básicas que devem ser compreendidas para a plena interpretação da economia.
A doutrina, para fins didáticos, converte em três preguntas que devem ser respondidas em cada análise: O que e quanto produzir ? Como produzir ? Para quem produzir ?
A primeira diz respeito ao “o que e quanto produzir”, que está relacionado a escolha da sociedade dentre o leque de possibilidade de produção, passando inclusive por quais produtos serão produzidos e sua quantidade.
A segunda refere-se ao “como produzir”, ou seja, como se deve considerar o nível tecnológico na combinação dos recursos utilizados para a produção de bens e serviços.
Finalmente, “para quem produzir” diz respeito a quais membros da sociedade vão participar da distribuição dos resultados de sua produção ou seja para qual segmento social ou para quais pessoas a produção será destinada.
Ao responder estas questões o sistema econômico estará alocando ou distribuindo os recursos disponíveis entre milhares de diferentes possíveis linhas de produção.
Outro tema importante diz respeito a necessidade dos bens ao indivíduo.
Comumente, quando se fala de uma necessidade, está implícita a ideia de vontade ou aspiração. Assim, o indivíduo tem necessidade de se alimentar, mas também possui necessidade de cuidar de si, ter respeito dos outros ou criatividade.
A tradicional pirâmide de Maslow ilustra a hierarquia das necessidades humanas: inicialmente, busca-se o mais básico, relacionado à fisiologia humana, mas gradativamente, o ser humano deseja outras necessidades tais como segurança, amor/relacionamento, estima e realização pessoal que vão aparecendo sucessivamente.
 
Realização pessoal: moralidade, criatividade, espontaneidade, solução de problemas, ausência de preconceito, aceitação dos fatos 
Estima: auto-estima, confiança, conquista, respeito dos outros, respeito aos outros
Amor/relacionamento:  amizade, família, intimidade sexual
Segurança: segurança do corpo, do emprego, de recerursos, da moralidade, da família, da saúde, da propriedade
Fisiologia: respiração, comida, água, sono, sexo, homeostase, excreção
 
A maioria das necessidades de que trata a economia se localizam mais na base da pirâmide, relacionando-se principalmente ao material. Ainda que a economia possa ter um papel na realização pessoal, a sua contribuição principal se liga às necessidades mais básicas materiais.
Para a economia, necessidade implica a sensação de falta de alguma coisa, sempre acompanhada do desejo de satisfazê-la. Deste modo, quando alguém deseja um objeto de consumo, como um carro ou uma bolsa de marca, procura uma maneira de obtê-lo, utilizando a moeda como meio de troca. Nesse sentido mais estrito, a necessidade terá implicações econômicas.
Também é importante destacar que as necessidades humanas são ilimitadas, isto é, podem ser vistas como tendentes a se reproduzirem até o infinito.
Depois, não se pode esquecer a divisão dos bens exclusivos e coletivos, pois tal distinção é de suma importância para a economia como para o direito, pois os conflitos podem surgir da equivocada análise desses bens e de quem seriam os beneficiados.
A doutrina ponta os bens exclusivos, com nítido critério patrimonial,  como aqueles aptos a atenderem à necessidade de um único indivíduo. Aqui estão inseridos, por exemplo, vestuários e alimentos.  
Já os bens coletivos, não estão sujeitos a um indivíduo, mas sim que possam atender à necessidade de um grupo amplo de pessoas e até mesmo da totalidade dos indivíduos de um país.  A abrangência é muito maior. O mais clássico exemplo de bem coletivo é a segurança nacional, pois protege a todos os cidadãos de um país.
Mas também existem bens coletivos cuja abrangência é reduzida um menor número coletivo, tal como ocorre com os clubes nas cidades, onde os bens pertencem aos seus sócios, e mesmo estes têm regras claras a cumprir. Ou seja, são bens coletivos, mas com algum tipo de restrição.  
Essas questões econômicas são muito trabalhadas no âmbito do direito quando se estuda as questões patrimoniais dos bens ea questão dos interesses destes, existindo na doutrina desde bens individuais, passando pelos coletivos e agora, desde o final do século passado com proteção nos denominados interesses difusos.
Diferente do que ocorre com as necessidades humanas, os recursos de que dispõe a humanidade para satisfazer as suas necessidades são finitos. Essa limitação dos recursos ocorre, ainda que se considere que, até o momento, as sociedades humanas tenham sido bem sucedidas nos progressos tecnológicos.
Para entender melhor essa situação, é preciso assimilar os conceitos de bens econômicos e recursos produtivos.
Os bens econômicos são tangíveis e se caracterizam, de forma geral, pela utilidade e insuficiência. Eles supõem um esforço humano para serem conseguidos e, exatamente por isso, são comercializados. Além disso, os bens econômicos contrapõem-se aos bens livres, que, apesar de também serem úteis, não são escassos.
Os bens econômicos podem ser classificados segundo vários critérios de duas maneiras:
Quanto à natureza
Bens materiais (com características físicas de peso, forma, dimensão): ex: alimentos, máquinas e terras
 
Bens imateriais (de caráter abstrato): ex: serviços prestados, tais como consulta médica ou consulta jurídica.
 
Quanto ao destino
 
Bens de consumo: atendem de forma direta a uma determinada necessidade (podem ser duráveis ou não duráveis): ex: automóvel
 
Bens de produção: fazem parte da cadeia produtiva cujo objeto final é um bem de consumo: ex. matérias primas, os serviços dos operários  (podem se chamados de bens de capital quando  forem bens de caráter fixo,  ex: máquinas)
 
Na doutrina econômica e jurídica diversas outras classificações surgem, razão pela qual não são absolutas.
 
É importante observar que o conceito de bem econômico se diferencia de qualquer conceito de bem contido em direito, o qual será estudado detalhadamente ao longo do curso de direito civil.
Já os recursos produtivos, também conhecidos como fatores de produção, são os elementos básicos a partir dos quais se obtêm os bens e os serviços.
Os três principais recursos produtivos são a terra (áreas cultiváveis e mineradoras, florestas), o trabalho e o capital (bens de capital).
Logo, percebe-se que à economia interessa observar a existência de necessidades humanas que devem ser satisfeitas com bens econômicos e não a discussão filosófica dessas necessidades.
Alguns exemplos poderão indicar a complexidade desta questão, pois, enquanto para pobres a alimentação básica é uma necessidade, para os ricos a necessidade é uma alimentação requintada; quem vive numa residência media pode sentir necessidade de morar numa mansão em um bairro luxuoso.
Pode-se concluir que o objeto da ciência econômica é o estudo da escassez.
Daí, resumidamente a conhecida definição de que a Economia é uma ciência social que trata da administração dos recursos escassos disponíveis; é o estudo da organização social que possibilita aos homens satisfazerem a suas necessidades de bens e serviços escassos; ou é a ciência que cuida da escolha entre o que, como e para quem produzir.
Dessa forma percebe-se que a escassez é estruturada da seguinte forma:
 
Necessidades humanas ilimitadas  + Recursos produtivos limitados = Escassez
 
Como se observa acima a escassez advém não só da limitação dos recursos produtivos, mas também das amplas necessidades humanas.
Considerando simultaneamente essa demanda infinita e a possibilidade de esgotamento dos recursos usados para atendê-la, temos uma situação crítica com a qual a sociedade deve lidar.
Em outras palavras, a escassez precisa ser administrada, levando em conta a urgência das necessidades humanas e a limitação dos recursos que são usados para atendê-las.
Logo, a economia é uma ciência social que estuda como as pessoas e a sociedade decidem empregar recursos escassos – que poderiam ter utilização alternativa – na produção de bens e serviços, de modo a distribuí-los entre as várias pessoas e grupos da sociedade.
 
Portanto, como pensar a Economia?
 
A ciência econômica é pensada a partir de modelos, concebidos no intuito de explicar e prever diversos fenômenos.
Modelos são representações simplificadas da realidade ou das principais características de uma teoria.
O crescimento econômico, a inflação, o desemprego, o comportamento de consumo de determinada classe social são temas frequentemente abordados pelas construções teóricas econômicas.
Assim cada nação acaba por escolher entre os sistemas econômicos qual aquele modelo que deve seguir.
 
Sistemas econômicos
 
Sistema econômico, rigorosamente, implica um conjunto orgânico de instituições através do qual a sociedade irá enfrentar o problema da escassez. Em outras palavras, é o conjunto de instituições destinado a permitir a qualquer grupo humano administrar seus recursos escassos com um mínimo de proficiência, evitando o quanto possível a dispersão dos mesmos.
De modo geral, para conhecer um sistema econômico, as três perguntas distintas são formuladas, que permitem a compreensão de um sistema econômico: o que produzir, como produzir e para quem produzir.
Como os recursos da sociedade são escassos, cada vez que uma decisão é tomada, exclui-se automaticamente a outra alternativa disponível para a utilização daquele recurso escasso. Logo, o conceito de custo de oportunidade, aplicável a outras áreas do pensamento econômico, pode ser definido como o custo de algo em termos de oportunidade renunciada.
Cada sistema econômico é composto por três elementos básicos:
Estoque de recursos produtivos (recursos humanos, capital, terra, reservas naturais e tecnologias)
Complexo de unidades de produção (empresas)
Conjunto de instituições políticas, jurídicas e econômicas
Assim, há três formas de se organizar a produção num sistema econômico:
Sistema de tradição: possui índole mágico-religiosa. Caracteriza as sociedades arcaicas, como a antiga civilização egípcia.
Sistema de autoridade: baseia-se na crença na capacidade de previsão e execução dos órgãos centrais de direção (o Estado). Não acredita na autonomia como diretriz de solução para as questões econômicas. Um exemplo é o sistema socialista (modelo real).
Sistema de autonomia: fundamenta-se na capacidade coordenadora do mercado (“mão invisível”), bem como no princípio hedonista da “lei do menor esforço”. Seu motor principal é o agente racional. Corresponde ao sistema capitalista.
Atualmente as nações trabalham com os dois últimos sistemas, ou, ainda, alguma forma intermediária de autuação. 
Evidentemente que em face do mundo contemporâneo o sistema capitalista ou economia de mercado (ou de autonomia) é o mais adotado pelas nações.
Outra classificação estuda somente dois sistemas básicos vigentes:
Sistema socialista (ou economia centralizada): conhecida como economia planificada, pois as decisões econômicas são tomadas por um órgão central de planejamento (ex: antiga URSS)
Sistema capitalista (ou economia de mercado): onde as forças do mercado exercem suas atividades e com isto a livre iniciativa e propriedade privada tem destaque (ex: EUA).
 
Sistema econômico de autonomia
Para compreender melhor como se configura o sistema econômico de autonomia atualmente é importante que se assinale alguns importantes marcos históricos.
No século XVIII entrou em curso a primeira Revolução Industrial, baseada na invenção da máquina a vapor. Com esse avanço tecnológico, a indústria passou a substituir aos poucos o artesanato no continente europeu, tendo a Inglaterra como polo irradiador de mudanças. O século XVIII também acompanhou o desenvolvimento da teoria liberal política, que surgiu como contestação ao Absolutismo.
Um de seus grandes expoentes foi o filósofo inglês Adam Smith. A Riqueza das Nações, obra de sua autoria, sintetiza perfeitamente as concepções liberais e progressistas daquele período e foi publicada em 1776 (no mesmo ano em que se proclamou a independência dos Estados Unidos da América). Além disso, A Riqueza das Nações marca o nascimento do pensamento econômico– quando ele finalmente se propõe como ciência social.
Já no século XIX, conforme a ciência econômica se consolidava e ganhava cada vez mais destaque na sociedade, acompanhou-se o surgimento da corrente utilitarista, cujo princípio básico é o de que os atos não devem ser avaliados como moralmente certos ou errados pelas intenções que carregam, mas pelas consequências que trazem (ganhos possíveis).
Essa visão enraizou-se no pensamento econômico, oferecendo-lhe ampla fundamentação até os dias atuais. Entretanto, vale dizer que a concepção utilitarista se opõe – até radicalmente – ao modo pelo qual o direito se estabelece na sociedade. De fato, a grande maioria das regras no direito contêm uma valoração, isto é, um julgamento do que é certo ou errado, deixando afastadas as consequências que implicarão ao serem postas em prática. Por outro lado, as decisões econômicas somente focam em um resultado que deve ser idealmente favorável.
Economia normativa e positiva
Os argumentos positivos explicam como os fenômenos de fato são e, sob essa perspectiva, pretendem compreender e prevê-los no mundo real. Por outro lado, os argumentos normativos tentam encontrar umaalternativa para a constituição dos fenômenos, isto é, estabelecem como eles deveriam ser. Esse julgamento é normalmente feito com base moral. A economia positiva e a economia normativa se relacionam intimamente uma vez que “é preciso entender para prever e prever para entender”.
Quando é necessário tomar uma decisão, o economista tem de recorrer a algum desses dois aspectos. Por exemplo, no combate à inflação, várias políticas podem ser adotadas, algumas das quais podem prejudicar parte da sociedade.
Assim, acaba sendo necessário escolher entre adotar medidas radicais para resolver o problema do aumento dos preços (utilitarismo) ou adotar medidas mais moderadas, de leve impacto tanto na sociedade (por exemplo, evitando o que o desemprego se agrave) quanto no problema a ser solucionado.
Com isto surge a necessidade de se dividir o estudo da economia em dois grandes segmentos: Microeconomia e Macroeconomia
É possível adotar dois campos de estudo na economia, um mais restrito e outro mais abrangente: eles correspondem, nessa ordem, à microeconomia e à macroeconomia.
A microeconomia (ou teoria dos preços) considera o comportamento das unidades econômicas e dos mercados em que operam, por exemplo, sob a perspectiva dos preços de determinado produto (ex: o café, o tomate, os automóveis).  Estuda então a formação do preço no mercado.
A macroeconomia volta-se para agregados mais amplos, como o mercado de uma nação inteira, levantando questões como: por que os produtos estão ficando mais caros? O que fazer para alavancar o crescimento econômico desse país? Por que é tão alto o índice de desemprego? Enfim, em analogia, a macroeconomia seria uma “floresta” da qual pertenceriam várias “árvores”, cada qual um pequeno universo analisado correspondente a cada perspectiva da microeconomia. Portanto estuda o comportamento da economia como um todo.
 
História do pensamento econômico (módulo 2)
2. A Evolução do Pensamento Econômico
 
A economia não é estudada só no mundo moderno-contemporâneo.  Durante muito tempo, a economia constituiu  um conjunto de preceitos ou de soluções adaptadas a problemas particulares.
Na  antiguidade grega, por exemplo, aparecem apenas algumas ideias econômicas, fragmentadas em estudos filosóficos e políticos, mas sem o brilho dos trabalhos nos campos da filosofia, ética, política, mecânica, ou geometria.
Embora o termo "econômico" (de oikos, casa, e nomos, lei) tenha sido utilizado pela primeira vez por Xenofontes, na obra do mesmo nome (no sentido de princípios de gestão dos bens privados), os autores gregos não apresentaram um pensamento econômico independente. De modo geral, trataram apenas de conhecimentos práticos de administração doméstica (dos lares).
Na antiguidade romana, igualmente, não houve um pensamento econômico geral e independente, embora a economia de troca fosse mais intensa em Roma do que na Grécia.
Na idade média, principalmente do século XI ao XIV, surgiu uma atividade econômica regional e inter-regional (com feiras periódicas que se tornaram célebres, como os de Flandres, Champagne, Beaucaire, e outras) organizaram-se corporações de oficio, generalizaram-se as trocas urbanos-rurais, retomou novo impulso o comercio mediterrâneo (Gênova, Piza, Florença e Veneza tornaram-se os grandes centros comerciais da época) etc. A igreja procurou "moralizar" o interesse pessoal, reconheceu a dignidade do trabalho (manual e intelectual), condenou as taxas de juro, buscou o "justo preço", a moderação dos agentes econômicos, e o equilíbrio dos atos econômicos.
 De 1750 a 1870 começou a ser desenhada a economia como ciência, e este período foi marcado por diversos movimentos, entre eles se destacam os seguintes:
 
A Fisiocracia: movimento que não existia em 1750, a fisiocracia empolgou tout Paris e Versalhes de 1760 a 1770, mas por volta de 1780 este movimento já estava esquecido, exceto por alguns economistas.
Considerado por muitos autores, mais uma "seita" de filósofos-economistas do que uma escola econômica, este movimento surgiu e desapareceu como um meteoro. Os fisiocratas conseguiram atento auditório entre os fidalgos da corte e os governantes da época: Catarina(Russia) Estanislau(Polonia) e outros.
A Fisiocracia impôs-se primeiramente  como doutrina da Ordem Natural: O universo é regido por leis naturais, absolutas, imutáveis e universais, desejadas pela Providencia divina para a felicidade dos homens. Estes, por meio da razão, poderão descobrir essa ordem.
 
A Escola Clássica: Embora a grande maioria dos autores tenha feito de Smith o apologista da nascente classe industrial capitalista, a verdade é que sua simpatia voltava-se frequentemente para o operário e o trabalhador da terra, opondo-se aos privilégios e à proteção estatal que apoiavam o "sistema mercantil".
O modelo teórico de desenvolvimento econômico de Smith constituía parte integrante de sua política econômica: ao contestar o padrão mercantilista de regulamentação estatal e o controle, apoiava a suposição de que a concorrência maximiza o desenvolvimento econômico e de que os benefícios do desenvolvimento seriam partilhados por toda a sociedade.
 
O Marxismo: Karl Max opôs-se aos processos analíticos dos clássicos e às suas conclusões, com base no que Lenin considerou a melhor criação da humanidade no século XIX: a filosofia alemã, a economia política inglesa e o socialismo francês.
Criticou a doutrina populacional de Matheus com base nas diferenças características dos diversos estágios da evolução econômica e seus respectivos modos de produção, afirmando que uma mudança no sistema  produtivo poderá converter em excedente demográfico uma aparente escassez   populacional.
Marx modificou a análise de valor, apesar de ter utilizado vários componentes da versão clássica da teoria do valor-trabalho, desenvolveu conceitos que se tornaram muito conhecidos, como por exemplo, o de mais valia, capital variável, capital constante, exercito de reserva industrial e outros.
 
Porém, entre as correntes de pensamento e os teóricos que contribuíram para o desenvolvimento da ciência econômica que acompanha o sistema capitalista importante estudá-las por espaços temporais e seus principais expoentes.
 
O começo: mercantilistas e fisiocratas
 
Ambas as correntes se desenvolveram previamente à consolidação da ciência econômica, nos séculos XVI e XVII. Nessa época, o mundo europeu já passava por várias transformações.
No campo político, o Absolutismo monárquico delineava-se em vários cantos do continente, encerrando um longo período de descentralização do poder (feudalismo), o qual passou a concentrar-se nas mãos de um soberano (monarca). No século XVI, iniciou-se a expansão marítimo-colonial, liderada pelos países da península Ibérica: Portugal e Espanha.
Logo em seguida, outras nações fizeram parte do processo, como a Inglaterra e a França. Foinesse contexto que surgiu a corrente mercantilista, preocupada em explicar a nova realidade que se abria para os europeus.
O mercantilismo propunha-se a determinar precisamente como poderia enriquecer uma nação.
A resposta encontrada foi o comércio, ou seja, o intercâmbio de mercadorias com base em uma unidade de valor (a moeda) seria a prática que conduziria o país que desejasse acumular riquezas ao sucesso.
Para garantir o lucro, os países da época adotaram medidas protecionistas, visando manter sua balança comercial positiva – quando as exportações superam as importações. As relações econômicas entre metrópoles e colônias consagraram-se através do Pacto Colonial, que estabelecia regras de exclusividade.
Por exemplo: no Brasil, somente portugueses poderiam praticar o comércio e, no mesmo sentido, os brasileiros somente poderiam vender sua produção (agrícola, predominantemente) para Portugal. Qualquer atividade comercial que desrespeitasse esses moldes seria considerada contrabando, sujeitando seus praticantes a uma determinada pena. Ao mesmo tempo, estimulava-se que as colônias vendessem o máximo possível para suas respectivas metrópoles, a fim de que estas pudessem revender com lucro para outras nações.
Outra característica importante do mercantilismo foi o metalismo: em tese, o país que detivesse mais ouro, prata e outros metais preciosos seria, na mesma proporção, o mais rico. Portugal e Espanha dedicaram suas economias intensamente à mineração, o que, no entanto, lhes trouxe uma série de prejuízos.
Já a corrente fisiocrata (palavra que se origina do termo grego physis) desenvolveu-se a partir do século XVII na França e estabeleceu, diferentemente da mercantilista, que a riqueza advém da natureza.
Segundo esse raciocínio, a agricultura seria a principal atividade econômica, subordinando a indústria. Por exemplo: ao plantarmos e irrigarmos uma semente, após certo tempo, ela se desenvolve e, quando a nova planta alcança um estágio de amadurecimento, pode-se colher seus frutos para subsistência ou aproveitar sua madeira em alguma técnica.
Essa noção, por mais natural que possa parecer, revela-se um pouco ingênua, por uma série de motivos. Principalmente porque ignora quase que por completo a questão da produtividade agrícola. É fácil perceber que, utilizando recursos tecnológicos como insumos e fertilizantes obtidos da atividade industrial, tal produtividade aumenta consideravelmente. Assim, o papel da indústria é bastante relevante, principalmente nos dias atuais.
 
A Escola Clássica
 
O escocês Adam Smith foi amplamente influenciado pelos fisiocratas, tendo convivido com expoentes desta corrente como os franceses François Quesnay e Turgot (que também exerceram, em períodos distintos, o cargo de ministro das finanças do Estado absolutista francês).
Entretanto, ele já julgava que não só a agricultura teria um importante papel a desempenhar na economia, mas também a indústria e o comércio. A primeira Revolução Industrial foi acompanhada de perto por Adam Smith, que, devido ao fato de perceber as várias mudanças implicadas no sistema econômico capitalista graças a essa nova situação histórica, conseguiu elaborar de forma original uma teoria que abriu os precedentes para a consolidação do estudo econômico como verdadeira ciência, calcada na observação e interpretação da realidade.
Em sua obra mais importante, A Riqueza das Nações, Smith preocupa-se em responder estas três perguntas:
1. Que fatores são responsáveis pelo crescimento humano?
2. Se o homem é egoísta por natureza, por que a sociedade não acaba, isto é, não se desagrega?
3. Para onde caminha a sociedade?
 
Adam Smith, quanto à primeira indagação, entende que o crescimento econômico e a prosperidade dos países advêm do trabalho humano, cujo desempenho estaria condicionado por duas variáveis: a divisão de tarefas e a proporção de trabalhadores produtivos em relação aos improdutivos. O papel da divisão de tarefas é elucidado a partir do clássico exemplo da fabricação de alfinetes, cujo método já possuía uma sistematização no século XVIII.
Tal divisão tem como fundamento o princípio de que, quando etapas separadas de um processo são delegadas a várias pessoas, que as executam com rapidez e destreza, a produtividade final será bem maior, comparando-se ao desempenho de apenas uma pessoa realizando todas as etapas do mesmo processo.
Leia o texto abaixo, extraído de A Riqueza das Nações, para compreender melhor esse conceito:
Tomemos, pois, um exemplo, tirado de uma manufatura muito pequena, mas na qual a divisão do trabalho multas vezes tem sido notada: a fabricação de alfinetes. Um operário não treinado para essa atividade (que a divisão do trabalho transformou em uma indústria específica) nem familiarizado com a utilização das máquinas ali empregadas (cuja invenção provavelmente também se deveu à mesma divisão do trabalho), dificilmente poderia talvez fabricar um único alfinete em um dia, empenhando o máximo de trabalho; de qualquer forma, certamente não conseguirá fabricar vinte. Entretanto, da forma como essa atividade é hoje executada, não somente o trabalho todo constitui uma indústria específica, mas ele está dividido em uma série de setores, dos quais, por sua vez, a maior parte também constitui provavelmente um ofício especial.
Um operário desenrola o arame, um outro o endireita, um terceiro o corta, um quarto faz as pontas, um quinto o afia nas pontas para a colocação da cabeça do alfinete; para fazer uma cabeça de alfinete requerem-se 3 ou 4 operações diferentes; montar a cabeça já é uma atividade diferente, e alvejar os alfinetes é outra; a própria embalagem dos alfinetes também constitui uma atividade independente. Assim, a importante atividade de fabricar um alfinete está dividida em aproximadamente 18 operações distintas, as quais, em algumas manufaturas são executadas por pessoas diferentes, ao passo que, em outras, o mesmo operário às vezes executa 2 ou 3 delas.
Vi uma pequena manufatura desse tipo, com apenas 10 empregados, e na qual alguns desses executavam 2 ou 3 operações diferentes. Mas, embora não fossem muito hábeis, e portanto não estivessem particularmente treinados para o uso das máquinas, conseguiam, quando se esforçavam, fabricar em torno de 12 libras de alfinetes por dia. Ora, 1 libra contém mais do que 4 mil alfinetes de tamanho médio. Por conseguinte, essas 10 pessoas conseguiam produzir entre elas mais do que 48 mil alfinetes por dia. Assim, já que cada pessoa conseguia fazer 1/10 de 48 mil alfinetes por dia, pode-se considerar que cada uma produzia 4 800 alfinetes diariamente.
Se, porém, tivessem trabalhado independentemente um do outro, e sem que nenhum deles tivesse sido treinado para esse ramo de atividade, certamente cada um deles não teria conseguido fabricar 20 alfinetes por dia, e talvez nem mesmo 1, ou seja: com certeza não conseguiria produzir a 240ª parte, e talvez nem mesmo a 4 800ª parte daquilo que hoje são capazes de produzir, em virtude de uma adequada divisão do trabalho e combinação de suas diferentes operações.
 
Adam Smith possui uma visão otimista quanto ao futuro da sociedade, que se justificaria porque, nesse tempo, o sucesso de negócios empresariais acabaria se revertendo em benefícios para os trabalhadores, na forma de salários mais vantajosos. Exemplo atual disso seria a conquista de regulamentação profissional das empregadas domésticas, que veio acompanhada de melhores condições de serviço e remuneração.
Nesta corrente também se destaca David Ricardo (1722-1823).
David Ricardo busca fornecer à teoria econômica uma explicação para a distribuição do excedente entre as diversas classes sociais, importante preocupação que não havia sido abordada por Adam Smith. Além disso, ele formalizará muitos conceitos econômicos, conquistando o papel de maior influente entre os clássicos. Dentre sua vasta produção, é importante estudar as seguintes construções: a teoria do valor e a teoria das vantagens comparativas.
A primeira teoria estabelece que o produto ou a mercadoriavalem exatamente a quantidade de trabalho nestes incorporada, ou seja, a soma de trabalho mediato e imediato.
Sua significação na realidade se estabelece da seguinte maneira: se uma mercadoria for produzida pelo emprego de uma máquina e um trabalhador, entram no cálculo do valor da mercadoria tanto o custo em trabalho do trabalhador (gasto imediato) como o custo do trabalho incorporado à máquina (gasto mediato).
Isto, entretanto, não explica os preços de determinado produto no mercado, uma vez que eles também oscilam de acordo com sua oferta e procura.
Por sua vez, a teoria das vantagens comparativas estabelece que o comércio entre nações que se especializam na produção dos itens para os quais estão mais aparelhadas é benéfico para todas as partes.
Como exemplo pode-se citar o câmbio entre Portugal (vinhos) e Inglaterra (tecidos): a troca de excedentes entre esses países manteria suas economias funcionando e gerando recursos para que se melhorasse a sua especialização.
Esse argumento foi uma poderosa arma nas mãos dos adeptos do livre comércio. Contudo, já no século XX, foi alvo de críticas da CEPAL (Comissão Econômica para a América Latina da ONU) e de Raul Prebisch, uma vez que possibilitaria a deterioração dos termos de troca, favorecendo a parte cujo sistema de produção seria comparativamente mais eficiente.
Outro estudioso foi Thomas Malthus (1766-1824).
Thomas Malthus foi contemporâneo de David Ricardo e sua literatura foi largamente influenciada pelos acontecimentos de seu tempo: a Revolução Industrial, a Revolução Francesa e as guerras napoleônicas.
Seu Ensaio sobre o princípio da população enuncia que a causa de todos os males sociais está na fertilidade humana, sendo a guerra e as epidemias ferramentas de controle do aumento populacional – que tenderia à derrocada da civilização. É necessário dizer que essa concepção, embora supostamente encontrasse amparo na época em que foi elaborada, foi desmentida, dentre outros fatores, pelos recentes avanços tecnológicos na agricultura, cuja produção, a partir da Revolução Verde, nunca foi tão alta e capaz de sustentar as populações humanas.
Malthus também preocupou-se com o problema da superprodução, por não acreditar na concepção liberal dominante na época de que “para cada oferta haveria uma demanda” (lei de Say).
Uma solução sugerida para esse dilema foi o aumento da demanda por bens de consumo, isto é, do papel das camadas consumidoras de produtos úteis e empregados nas mais diversas áreas do dia-a-dia. Essa sugestão foi posteriormente aproveitada por John Keynes, já no século XX.
Destaque merece a denominada “Era Neoclássica” (1870-1930).
Enquanto os clássicos (Adam Smith, David Ricardo, Thomas Malthus e Karl Marx) estudaram as relações de produção que surgiam entre indivíduos, o enfoque da escola neoclássica ou marginalista foi bem outro: as relações que se estabelecem entre a produção material e seres humanos.
A preocupação principal dos teóricos que a desenvolveram (William Jevons, Carl Menger e Léon Walras) foi a alocação ótima de recursos entre fins alternativos (oferta = demanda), que culminou na formulação das ideias de escassez e acréscimos marginais. Além disso, elaboraram-se os conceitos de utilidade total e utilidade marginal, relacionados ao valor possuído por determinado produto. A utilidade total representa uma tendência progressiva, mas tendente a um estado de equilíbrio; por sua vez, a utilidade marginal é concebida como supérflua e, neste sentido, é propensa a decair. Em termos mais concretos: a utilidade total corresponderia à frase “sempre é útil um carro a mais”, enquanto a utilidade marginal satisfaria a seguinte proposição: “o segundo carro é menos útil que o primeiro”.
Com base nas informações sobre utilidade, os agentes de mercado tomam suas decisões sobre a alocação de recursos. Num mercado livre, as flutuações permitiriam que as quantidades e os preços se adaptassem até atingir o equilíbrio.
Dentre os estudos conduzidos, encontra-se o de Vilfredo Paretto (1848-1923), para quem um sistema desfruta satisfação econômica máxima quando ninguém pode ter sua situação melhorada sem piorar a de outrem. Num mercado isolado, isso significa que a venda abaixo do preço de equilíbrio geraria escassez, deixando parcela da demanda não atendida. Do mesmo modo, a venda acima do preço de equilíbrio geraria excesso de oferta, o que significa desperdício.
Veja-se que tais condições somente pode funcionar sob a égide da concorrência perfeita.
Como o próprio nome diz, ela é perfeita e corresponde à situação em que, teoricamente, a geração de riqueza para a sociedade é máxima. Porém, não existe nada perfeito e os cenários a serem estudados se aproximam dele. Logo, a concorrência perfeita é um modelo totalmente livre. As premissas deste modelo dificilmente se encontram na realidade.
Veja-se apenas algumas destas hipóteses:
a) Muitos vendedores e muitos compradores (atomização do mercado ou ausência de poder econômico);
b) Homogeneidade do produto (produto deve ser igual ou muito semelhante);
c) Mobilidade das empresas (empresas podem entrar e sair do mercado a qualquer tempo sem custos irrecuperáveis);
d) Racionalidade: todos os agentes agem com racionalidade, fazendo uma análise custo benefício antes da tomada das decisões;
e) Transparência do mercado: todos os consumidores possuem acesso a todas as informações para tomada de suas decisões;
f) Inexistência de externalidades; e
g) Plena mobilidade de bens, ou seja, não há custo de transporte.
 
O Keynesianismo
 
Finalmente surge no Século XX um grupo de estudiosos baseados no denominado “Keynesianismo”.
Em 1929, a Crise da Bolsa de Valores de Nova Iorque gerou uma crise econômica sem precedentes. Houve uma elevação dramática do desemprego e a maioria das tentativas de remediar os efeitos nefastos se mostraram infrutíferos a princípio. Tais medidas partiam da Lei de Say, a qual afirmava que o processo de produção capitalista é um processo de geração de rendas, de modo que toda a oferta gerava a sua demanda.
Contudo, os fatos não correspondiam à realidade. As medidas do New Deal implementadas nos Estados Unidos a partir de 1932 pelo Presidente Roosevelt começavam a ter resultado, mas ainda assim, careciam de base ou explicação teórica. Os sindicatos começam a romper a lei da oferta e da demanda no mercado de trabalho, na medida em que não permitem mais a queda dos salários em termos nominais. Constatou-se que a concorrência perfeita era, em realidade, um modelo distante da realidade.
Neste contexto, em 1936, John Maynard Keynes (1883-1946) publicou a sua Teoria Geral da Moeda e dos Juros.
Keynes parte do pressuposto de que os problemas do desemprego e da distribuição desigual de renda pode ser eliminados por meio de Estado. Para tanto, rebate a lei de Say, argumentando que a demanda efetiva era composta de bens de consumo (função renda), mas também de bens de investimento (função de juros e expectativa quanto aos lucros).
A função renda é determinada pelos gastos de consumo e investimento. O consumo tende a ser estável e o aumento da aumento de renda aumenta o consumo em proporção menor. Assim, haveria uma relação entre a renda e o investimento: a renda seria determinada em grande parte pelo investimento. Como este se sujeita às expectativas, logo a instabilidade do investimento explica a instabilidade do capitalismo.
Logo, a formulação do “Princípio da Demanda Efetiva” corresponde à negação da lei de Say. Gastos em consumo e investimento fomentariam a demanda, a qual, em seu turno, determinaria a produção. A demanda efetiva corresponderia, também, ao que se espera seja gasto em consumo e investimento.
As propostas do Keynesianismo tiveram um enorme impacto no século XX. Também chamado de neoliberalismo, as políticas keynesianas tiveram um papel fundamental na consolidação do Estado do Bem-Estar Social e amenizaram significativamente as crises até os anos 1970. A intervenção do Estado na economia, antes relegada a um papel meramente secundário e circunstancial,assume destaque na vida econômica dos países e a política econômica sobre ao centro das atenções, explicitando os fins corretivos a serem perseguidos mediante “distorções” impostas ao livre funcionamento do mercado.
 
O conceito de economia e o funcionamento do mercado. (módulo 3)
3. O conceito de economia e o funcionamento do mercado
 
O conceito de economia e o funcionamento do mercado, com a análise da lei da escassez e as necessidades humanas torna interessante o estudo da economia.
A questão da oferta versus procura, preços e equilíbrio de mercado, juntamente com o estudo dos fatores de produção (produção e custos de produção) são essenciais para compreender a adequada análise da ciência como também da sua utilidade na prática diária.
Tudo surge com a denominada expressão “A Lei da Escassez e as Necessidades Humanas”, pois como já visto a ideia de economia pode ser facilmente apreendida a partir de duas constatações básicas, que seriam:
Primeiro: as necessidades humanas
Primeiramente não é possível estabelecer ou mesmo antever um limite para as necessidades humanas, principalmente numa sociedade consumista como a que vivemos.
O homem como um ser que está sempre à busca de coisas novas acaba criando novas necessidades, ou descobrindo maneiras diferentes de atender às antigas necessidades.
A constatação que fazemos hoje, é que diferença em relação aos dias atuais e os tempos mais antigos, encontra-se no ritmo dessas necessidades, que hoje é muito mais frenético, haja vista por exemplo, o numero de novos produtos que são lançados no mercado a cada dia.
Segundo: a lei da escassez
A escassez é uma dura realidade. Os recursos que a humanidade dispõe para satisfazer as suas necessidades são finitos e limitados.
A doutrina aponta que, “Tal limitação é insuperável, malgrado os sucessos da tecnologia em empurrar sempre adiante o ponto de ruptura, quando o exaurimento dos bens disponíveis à espécie humana levaria, senão ao colapso, pelo menos à progressiva estagnação de todo o processo econômico, o qual, em última análise, consiste na administração dos recursos escassos à disposição dos habitantes deste planeta. Sim, porque os recursos são sempre escassos, em maior ou menor grau, não importa”(cf. Fábio Nusdeo, p. 24).
Portanto, à medida que nossa sociedade “evolui” cresce também de forma exponencial a necessidades a serem satisfeitas, o que em muitos casos tem levado ao exaurimento dos recursos naturais, como é o casos, de muitas espécies de madeiras, que anteriormente havia em abundancia, e hoje já não existe mais.
Observando a sociedade consumista em que vivemos atualmente, e as sociedades primitivas que existiram, ou que em alguns casos ainda hoje existem, poderíamos ter a impressão de que o problema da escassez inexiste.
No entanto, se observar mais detidamente, pode-se constatar que a primeira esbarra no problema da saturação do meio-ambiente (extinção de espécies animais, vegetais e minerais) e a segunda sobreviviam (ou sobrevivem) à custa de uma drástica compressão das suas necessidades.
Conclui-se que os bens são escassos porque o seu suprimento não é e nem pode se tornar tão abundante a ponto de satisfazer todas as necessidades humanas. Desta forma, é inevitável que a cada momento o homem busque uma escolha ou opção entre usos alternativos para um mesmo produto.
Como exemplo disto, vemos nos dias atuais o homem buscar combustíveis alternativos ao petróleo, uma vez que a escassez deste e o seu exaurimento já está evidentemente anunciada pela própria construção planetária.
 
– Oferta x Procura, preços e equilíbrio de mercado.
 
Costuma-se definir a demanda ou procura individual como a quantidade de um determinado bem ou serviço que o consumidor deseja adquirir em certo período de tempo.
Cabe ressaltar dois elementos importantes nesta definição.
Em primeiro lugar, a demanda constitui-se em um desejo de adquirir algo, ou seja, é uma aspiração, um plano, e não a sua concretização ou realização. Sendo assim, não é correto afirmar que a demanda é uma compra, assim como a oferta não é uma venda.
Em segundo lugar, a demanda é um fluxo por unidade de tempo, ou seja, a procura é uma dada quantidade em um dado período de tempo. Quando, por exemplo, se afirma que o Mauro tem o desejo de adquirir um carro novo, não se pode dizer, simplesmente, que ele deseja um carro novo e isto é a sua procura. Mas, do que depende esta procura, ou este desejo de adquirir? Quais são os fatores ou variáveis que influenciam a procura?
Por esta teoria, a demanda é derivada de hipóteses sobre a escolha do consumidor entre diversos bens que seu orçamento permite adquirir. O que se deseja portanto, é explicar o processo de escolha do consumidor perante as diversas alternativas existentes.
Em existindo uma limitação no orçamento do consumidor, este procurará distribuir seu orçamento, ou seja, sua renda disponível, entre os diversos bens e serviços de forma a alcançar a melhor combinação possível, e que será aquela que lhe trará o maior nível de satisfação possível.
Para exemplificar utiliza-se o clássico exemplo doutrinário em que um individuo vá almoçar num restaurante, vamos verificar o que influencia sua escolha.
Recebendo o cardápio, a primeira coisa que ele olha são os preços. Assim, a escolha de um determinado prato, digamos um filé, depende não só do preço do filé, mas também do preço das outras carnes, do preço das massas, entre outros.
Pode-se verificar facilmente que quanto maior for o preço do filé, menos desejo terá este consumidor em consumi-lo. Desta mesma forma, quanto menor for o preço dos outros pratos, menor será ainda seu desejo em consumir o filé.
Este fenômeno se dá, porque o filé, as outras carnes e as massas são produtos substitutos entre si.
Percebe-se então, com este exemplo, que a escolha do consumidor é influenciada por algumas variáveis, que em geral serão as mesmas que influenciarão sua escolha em outras ocasiões.
Desta forma a demanda de um determinado bem X depende de uma série de fatores.
Os economistas consideram como mais relevantes os seguintes fatores :
- O preço do bem X (Px) – De fato, esta é a variável mais importante para que o consumidor decida o quanto vai comprar do bem; se o preço for considerado barato, provavelmente ele adquirirá maiores quantidades do que se for considerado caro.
- A renda do consumidor (Y) – Embora muitas vezes o consumidor considere atrativo o preço do bem X, ele pode não ter renda suficiente para comprá-lo como, por exemplo, se o bem X for um carro de luxo; por outro lado, se a renda do consumidor aumentar num período de tempo, provavelmente ele adquirirá maiores quantidades do bem X a um determinado nível de preço do que antes e menores, se a renda diminuir, de forma que esta é uma variável que condiciona a decisão de consumo.
- O preço de outros bens (Pz) – Se o consumidor deseja adquirir manteiga, por exemplo, ele não olhará somente o preço desta mas também o preço de bens substitutos tais como a margarina ou requeijão cremoso; da mesma forma, se ele desejar adquirir arroz, considerará não somente o preço do arroz, mas também o do feijão já que em nosso país, o consumo destes bens está frequentemente associado um ao outro.
- Os hábitos e gostos dos consumidores (H) – Esta é uma das variáveis das mais importantes porque, embora o preço do bem X esteja adequado, inclusive comparado ao de bens substitutos e o consumidor possua renda para adquiri-lo, muitas vezes deixa de fazê-lo por não estar habituado ou condicionado ao seu consumo.
Assim pode-se expressar a demanda do bem X através da seguinte expressão matemática:
Dx = f(Px,P¹, P²...Pn-1, R,G).
Onde:
Dx = demanda do bem X
Px = preço do bem X
Pi = preço dos outros bens, i = 1,2, ... n-1
R = renda
G= preferências
A demanda do bem X é, portanto, o resultante da ação conjunta ou combinada de todas essas variáveis. Entretanto, para que se possa analisar o efeito da demanda de uma mudança no valor de uma variável considerada isoladamente, os economistas recorrem à hipótesedo “coeteris paribus”, expressão latina que significa tudo o mais permanecendo constante.
Os economistas denominam de Lei da Procura que é definida como: a quantidade procurada do bem X varia inversamente ao comportamento do seu preço, ou seja, se o preço do bem X aumentar, a sua quantidade demandada diminuirá e se o preço de X diminuir, a quantidade procurada do bem aumentará.
Px ↑   Dx ↓   e    Px ↓   Dx ↑
Esta é uma hipótese plausível e já testada várias vezes para diversos produtos. Mas há uma limitação: que é “tudo o mais permanecendo constante”. É um efeito isolado. Na realidade, muitos efeitos aparecem conjuntamente, e é difícil fazer a separação de cada um.
Pode-se fazer uma curva mostrando a relação entre a demanda e o preço da mercadoria. Esta curva, chamada curva de procura, mostra a relação entre o preço do bem e a quantidade deste bem que o consumidor está disposto a adquirir num certo período de tempo, tudo o mais permanecendo constante, ou seja, não variando o preço dos outros bens, a renda e o gosto do consumidor.
 
Relação entre a quantidade demandada e o preço do bem
 
Normalmente tem-se uma relação inversa entre o preço do bem e a quantidade demandada, como já dissemos anteriormente, ou seja quando o preço do bem cai, este fica mais barato em relação aos seus concorrentes e, desta forma, os consumidores deverão aumentar seu desejo de comprá-lo.
De outra parte, quando o preço cai, o individuo fica mais “rico” em termos reais, e assim aumenta sua demanda.
 
Relação entre a procura de um bem e o preço dos outros bens
 
Para esta função não se tem uma relação geral: o aumento do preço do bem “i” poderá aumentar ou reduzir a demanda do bem “x”; a reação depende do tipo de relação existente entre os dois bens.
a) Se o aumento do preço do bem i aumentar a demanda do bem “x”, os bens “i” e “x” serão chamados de substitutos ou concorrentes. Como exemplo de bens substitutos temos: manteiga e margarina ; carne e massas, etc.
Desta forma os bens substitutos são aqueles em que o consumo de um deles exclui (mesmo que parcialmente) o consumo do outro.
Se margarina e manteiga são substitutos, o aumento no preço da manteiga tornará seu consumo menos atrativo que a margarina.
Já os bens concorrentes estão na mesma classificação, Ex. margarina A e Margarina B, e o consumidor opta em consumir um ou o outro, em função do preço dos dois bens.
b) Se o aumento do preço do bem i ocasionar uma queda na demanda do bem “x”, os bens serão chamados complementares, é o caso de pão e manteiga, café e leite, e isto ocorre porque o consumidor normalmente consome estes bens de forma simultânea.
 
Relação entre a procura de um bem e a renda do consumidor
 
Em geral existe uma relação crescente e direta entre a renda e a demanda de um bem ou serviço. Quando a renda cresce, a demanda do bem deve aumentar. O individuo, ficando mais rico, vai desejar aumentar seu padrão de consumo e, portanto, demandar maiores quantidades de bens e serviços.
Esta é a regra, e portanto existem as exceções. Primeiramente, pode ser que o individuo esteja totalmente satisfeito com o consumo de determinado bem e, portanto, não altere a quantidade procurada quando sua renda aumentar, que neste caso chamamos de consumo saciado.
Outra exceção encontra-se nos chamados bens inferiores. Estes bens têm sua procura diminuída quando o nível de renda do consumidor aumenta. Já quando a renda do consumidor diminui, o consumo destes bens aumentam. Exemplo: carne de segunda. Se o consumidor tiver sua renda aumentada, ele diminui o consumo desta carne, substituindo seu consumo pela carne de primeira, e se sua renda cai acontece justamente o inverso.
 
Relação entre a procura do bem e o gosto do consumidor
 
Neste caso analisa a influência do gosto do consumidor sobre sua demanda. Esta variável é influenciada principalmente por campanhas publicitárias. Se por exemplo determinada campanha publicitária convencer o consumidor de que o consumo de determinado produto faz bem à saúde, sua demanda por este bem aumentará, independentemente de sua renda.
 
Exceção à Lei da Procura
 
Há duas exceções à lei da procura: os chamados bens de Giffen e bens de Veblen.
Os bens de Giffen são bens de pequeno valor, porém de grande importância no orçamento dos consumidores de baixa renda.  Caso haja uma elevação em seus preços, seu consumo paradoxalmente tende a aumentar, uma vez que, embora seu preço tenha sido majorado, são ainda mais baratos que os demais bens; como ao consumidor após o aumento, sobra menos renda, ele não poderá adquirir outros bens (por serem mais caros) e acabará consumindo maiores quantidades do bem de Giffen.
Os bens de Veblen são bens de consumo ostentatório, tais como obras de arte, jóias, tapeçarias e automóveis de luxo.  Como o objetivo de seu consumidor é mostrar aos outros que é possuidor de grande renda (e não o consumo do bem em si), quanto mais caros, mais são procurados.
Tanto os bens de Giffen como os de Veblen têm curvas de demanda com inclinação positiva, ou seja, ascendentes da esquerda para a direita.
 
 
Valor, moeda e preço
 
Pode-se associar aos bens econômicos dois tipos de valor: o de uso e o de troca.  Não se trata de categorias polares, classificatórias, mas de duas dimensões do fenômeno do valor que se sobrepõem.  O valor de uso tem caráter individual-familiar; o de troca decorre da divisão do trabalho, levando à reiteração das trocas, da qual surge um consenso social quanto à utilidade e grau de escassez do bem.  O valor de uso pode ser visto como um pressuposto do valor de troca.  O valor de troca é o valor econômico de um bem.
A moeda é um instrumento de torça.  Originariamente era uma mercadoria como outra qualquer utilizada no escambo, nos mercados, institucionalizando-se e padronizando-se gradativamente.  Essa evolução tem levado a moeda, também, a uma crescente desmaterialização.
A moeda, além de ser um instrumento de troca, é também um padrão de valor, dando origem ao surgimento do preço que nada mais vem a ser do que o valor econômico expresso em unidades monetárias.
A moeda exerce ainda a importante função de reserva de valor.  O processo inflacionário representa uma disfunção da moeda neste particular.
Deve-se observar a distinção entre “Economia” e “Finanças”.  Quando o objeto de uma operação ou a natureza de uma situação disser respeito diretamente a questões monetárias, ou seja, de dinheiro, estar-se-á no campo das finanças.  Quando tal objeto ou natureza tiverem como escopo principal o acesso a bens econômicos estar-se-á no campo da Economia. As finanças são um aspecto ou parte da economia.
Muito embora o valor econômico não se confunda com o valor no sentido ético-filosófico, os dois conceitos se tocam na medida em que aquele, para se manifestar, exige uma série de pressupostos institucionais e estes implicam a opção entre diferentes valores de natureza ético-filosófica.  Logo, os valores éticos, subjacentes às instituições, levam a um determinado tipo de valor econômico.
Uma outra forma de ver o valor do bem é a do valor trabalho.  Ela parte da ideia de que a natureza oferece todas as suas benesses ao homem de maneira gratuita, sendo unicamente o trabalho humano que as transforma em bens úteis.   Assim, o valor de um bem seria dado pela quantidade de trabalho socialmente útil a ele incorporado.
As duas teorias do valor traem diferentes ideologias sobre a natureza da economia e da sociedade.  Elas dão origem a dois tipos inteiramente diversos de sistemas econômicos.
 
A oferta
 
Vencido o conhecimento básico sobre demanda, importante é estudar a questão da oferta.
Define-se oferta como a quantidade de um bem ou serviço que os produtores desejam vender por unidade de tempo.
A oferta é um desejo, um plano, uma aspiração. Do mesmo modo que a demanda, a oferta de um bem depende de inúmeros fatores que discutiremos a seguir:
 
O preço do bem X – para decidir qual será a quantidade a ser oferecida no mercado, sem duvida em primeiro lugar, os vendedores levarão emconta o nível do preço do bem X.
Preço dos insumos utilizados na produção (Pi) – alterações nos níveis de preço das matérias-primas, dos combustíveis, da energia, etc. terão como consequência alterações na quantidade a ser ofertada no mercado.
Tecnologia (T) – inovações tecnológicas que reduzam o custo de produção do bem X ou propiciem sua produção em maiores quantidades ao mesmo custo tornarão sua oferta mais abundante.
Preço de outros bens (Pz) – o agricultor, por exemplo, ao considerar quanto produzirá de milho levará em conta não apenas o preço do mesmo mas também o preço de uma cultura alternativa tal como a do feijão, e optará por aquela que lhe trará maiores resultados.
Matematicamente pode-se expressar a oferta pela seguinte função:
Ox = f(Px,Pi,T,Pz,etc¹¹).
 
O equilíbrio de mercado
 
Importante também é o denominado equilíbrio de mercado  conseguido hipoteticamente quando a quantidade ofertada é exatamente a mesma que a quantidade procurada, ou seja, não há excesso nem de oferta nem de procura.
Veja o quadro abaixo que demostra essa possibilidade:
	Preço
	Quantidade
	Situação de Mercados
	
	Procurada
	Ofertada
	 
	10,00
	5.000
	2.000
	Excesso de procura( escassez de oferta)
	20,00
	4.000
	3.000
	Excesso de procura (escassez de oferta)
	30,00
	3.000
	4.000
	Equilíbrio entre oferta e procura
	40,00
	2.000
	5.000
	Excesso de oferta (escassez de procura)
 
Desta forma, se a quantidade ofertada se encontrar abaixo da quantidade procurada, teremos uma situação de escassez do produto, e assim haverá entre os consumidores uma competição pelo produto, o que invariavelmente forçará a elevação dos preços, até atingir-se o equilíbrio, quando as filas cessarão.
De outra forma, quando a quantidade ofertada se encontrar acima do ponto de equilíbrio, ou seja, a quantidade ofertada é superior à quantidade procurada, haverá um excesso, ou excedente de produção, provocando um acumulo de estoques para os produtores, o que os obrigará a baixarem os preços, na esperança de venda desses estoques, o que levaria a um equilíbrio.
 
– Fatores de produção, produção e custos de produção.
 
A doutrina aponta a existência da denominada “Teoria da Produção”, importante no cenário econômico.
Pela teoria da produção, temos que, produção é o processo de transformação dos fatores adquiridos pela empresa em produtos para a venda no mercado. É importante ressaltar que o conceito de produção não se refere apenas aos bens físicos e materiais, mas também a serviços, como transportes, atividades financeiras, comércio e outras atividades.
Num processo de produção, os diferentes tipos de insumos que também são chamados de fatores de produção, são empregados para produzir um bem ou serviço.
A quantidade do bem “x” (por exemplo um veículo) que poderá ser fabricada num determinado período de tempo é função direta dos fatores de produção (insumos) utilizados no processo produtivo. A isto se chama de “Função de Produção”.
Vejamos um exemplo :
Supondo-se que a produção de determinado bem dependa apenas dos fatores de produção CAPITAL e TRABALHO, teremos a seguinte função: Y = 2K¹/²  L¹/² 
Lembrando que   K¹/² = √ K e L¹/²= √ L.
 
Onde:
Y= quantidade produzida do bem X por unidade de tempo
K= quantidade do fator de produção CAPITAL
L= quantidade do fator de produção TRABALHO
2= valor do parâmetro que mede o conhecimento tecnológico
 
Se para a função acima tivermos que L= 81 trabalhadores, K= 16 maquinas, Y seria :
Y = 2.√16 .√81
Y = 2.4.9
Y = 72 unidades
 
Se por acaso houvesse uma inovação tecnológica alterando o parâmetro de 2 para 3, e os fatores de produção e trabalho permanecessem iguais, teríamos :
Y = 3. √16 .√81
Y = 108
A função de produção considera sempre que o empresário esteja utilizando a maneira mais eficiente de combinar os fatores e, como consequência, obter a maior quantidade de produtos produzidos.
 
Curto e longo prazo.
Com isto se estuda a questão do prazo na economia, pois é possível dois cenários econômicos, um denominado “curto prazo” e o outro “longo prazo”.
Como curto prazo, se define o período de tempo em que pelo menos um dos fatores de produção é considerado fixo, ou seja, a quantidade utilizada deste fator permanece constante.
Por exemplo: Se a empresa pode alterar a quantidade de trabalhadores, mas não pode alterar a quantidade de máquinas num determinado período de 6 meses, o curto prazo desta empresa corresponde a 6 meses.
Já no longo prazo, todos os fatores são variáveis, ou seja, a empresa tem condições de mudar a quantidade de todos os fatores. Neste exemplo que demos acima, o longo prazo é o período superior a 6 meses.
 
Economia e Direito (módulo 4)
4. Economia e Direito
- Fundamentos jurídicos do mercado.
 
Nos módulos anteriores estudou-se como surgiu a noção de ciência econômica, bem como a sua evolução com os pensadores clássicos, neoclássicos e keynesianos.
Tal estudo seria desprovido de utilidade prática para o estudante de direito se este não souber como tais conhecimentos se relacionam com a matéria que estuda.
Sem dúvida alguma, os importantes conceitos econômicos dependem do quadro de normas jurídicas do Mercado que está se estudando.
De fato, deve-se partir dos fundamentos jurídicos do sistema econômico baseado na autonomia ou liberdade dos indivíduos. Sistematizados a partir do século XVIII, tais características surgiram e se desenvolveram paralelamente ao liberalismo econômico.
Embora o liberalismo político e liberalismo econômico não se confundam, existe uma forte relação entre ambos: toda vez que houver liberalismo político, haverá liberdade econômica. Porém, o inverso nem sempre é verdade: haverá regimes liberais economicamente desprovidos de qualquer liberdade política – vide o caso da ditadura chilena de Pinochet.
Os seguintes fatores caracterizam o sistema econômico de autonomia a partir do século XVIII:
a) Aquisição de direitos fundamentais (vida, liberdade e propriedade), elevados à categoria superior de direitos constitucionais.
b) Movimento de codificação do direito privado, a fim de lidar com os problemas decorrentes com a massificação da produção nascente com a industrialização. Com isso, garante-se o cumprimento dos contratos com maior clareza e facilidade.
c) Evolução do Estado, de modo que este se voltasse exclusivamente para as atividades de provedor de segurança e justiça. Renega-se o papel do Estado na economia. Por outro lado, o poder Judiciário, apoiado na teoria da separação entre os poderes de Montesquieu e nos escritos de John Locke, adquire independência em relação ao Executivo e ao Legislativo.
d) Surgimento lento do poder de polícia e, consequentemente, do direito público. Embora ideologicamente contrário à intervenção estatal, há o reconhecimento de que há necessidade de intervenção estatal sobre a propriedade privada. Por poder de polícia, o art. 78 do Código Tributário Nacional define: “Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.
e) Surgimento da divisão entre o público e o privado. Em outras palavras, os bens do governante passam a se diferenciar dos bens do Estado, os quais estão vinculados ao interesse público. Logo, não pode mais o governante utilizar os bens do Estado a seu bel prazer, como se o Estado fosse sua propriedade privada.
 
É dentro deste contexto que o mercado vai se estruturar.
Embora o mercado existisse antes do sistema econômico de autonomia florescer sob o liberalismo econômico, a ausência destas características o tornavam diferente do mercado de outras épocas.
O mercado pode ser definido comoo local ou contexto em que compradores (que compõem o lado da procura) e vendedores (que compõem o lado da oferta) de bens, serviços ou recursos estabelecem contatos e realizam transações.
No mundo real, as normas jurídicas e a teoria econômica possuem uma relação de reciprocidade. A análise econômica sempre parte dos pressupostos normativos vigentes e, ao mesmo tempo, o surgimento de novas questões econômicas em muito pode contribuir para mudar o arcabouço jurídico do presente.
O direito acaba acomodando os diversos interesses decorrentes da pressão social dos diversos grupos (aposentados, empresários, ecologistas, cristãos, trabalhadores, políticos, entre outros).
A noção de que o Estado deveria ocupar espaços substanciais na economia para promover o desenvolvimento está implícita na política econômica desde os anos 1930: o Estado toma a liderança no processo de industrialização e substituição de importações, criando-se uma grande quantidade de empresas públicas e sociedades de economia mista.
Antes do colapso do socialismo no fim dos anos 1990, havia a noção de constituição dirigente ou diretiva, inspirada nos países lusófonos pelas obras de Canotilho: a Constituição Econômica direcionaria o funcionamento do mercado num determinado sentido.
Veja-se o artigo 170 da Constituição Federal de 1988:
 
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: i) Soberania nacional; ii) Propriedade privada; iii) Função social da propriedade; iv) Livre concorrência; v) Defesa do consumidor; vi) Defesa do meio ambiente; vii) Redução das desigualdades regionais e sociais; viii) Busca do pleno emprego; e ix) tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte.
 
Esta visão gradativamente perdeu força, pois, nas últimas décadas, com a derrocada do socialismo, observou-se simultaneamente a redução da atividade econômica do Estado, ao mesmo tempo em que ocorreu o crescimento da importância de uma regulação para a economia, a fim de defender a concorrência e os interesses dos consumidores.
No Brasil, a Constituição de 1988 foi elaborada neste momento de transição e, como tal, o Capítulo da “Ordem Econômica” continha um intervencionismo excessivo - para alguns, haveria até mesmo uma transição para o socialismo. Na realidade, ela refletia a consolidação do crescente intervencionismo econômico do período militar.
A partir dos anos 1990, a liberalização econômica surge mais fortemente e Constituição de 1988 é objeto de ampla reforma com uma série de emendas constitucionais, modificando diretamente a parte relativa à Constituição Econômica. Abaixo estão listadas as principais mudanças:
Emenda Constitucional n. 5/95: fim do monopólio dos Estados sobre o gás canalizado.
Emenda Constitucional n. 6/95 (art. 171): fim das vantagens das empresas de capital nacional relativamente às estrangeiras. Fim da exclusividade nacional para energia hidráulica.
Emenda Constitucional n. 7/95: fim das restrições à presença estrangeira na navegação brasileira.
Emenda Constitucional n. 8/95: acesso de empresas privadas às telecomunicações.
Emenda Constitucional n. 9/95: flexibilidade do monopólio estatal do petróleo.
Sem mais restrições significativas ao capital estrangeiro em serviços públicos (exceto em radiodifusão).
 
De fato, após essas reformas, ganhou corpo a interpretação do artigo 173 da Constituição Federal, transcrito abaixo:
 
Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei.
 
Como se pode perceber, este artigo sobre o princípio da subsidiariedade já estava presente na redação original da Constituição de 1988, mas era obscurecido em virtude do forte caráter intervencionista de outros princípios. Agora, ele torna mais evidente que a intervenção estatal é subsidiária à iniciativa privada.
Porém, isso não significa que o Estado deve se abster por completo daquilo que se passa no domínio econômico. De forma geral, reconhece-se no sistema econômico de autonomia que o Estado deve possuir certas funções na sociedade:
Função alocativa: alocação de recursos pelo governo para oferecer bens públicos (ex. rodovias, segurança), bens semi-públicos ou meritórios (ex. educação e saúde), desenvolvimento (ex. construção de usinas).
 
Função distributiva: redistribuição de rendas realizada através das transferências, dos impostos e dos subsídios governamentais. Ex.: destinação de parte dos recursos provenientes de tributação ao serviço público de saúde, serviço mais utilizado por indivíduos de menor renda.
 
Função estabilizadora: aplicação das diversas políticas econômicas para promover o emprego, o desenvolvimento e a estabilidade, diante da incapacidade do mercado em assegurar o atingimento de tais objetivos.
 
Permeando estas três funções, há a ideia de falhas de mercado. Quanto maiores as falhas de mercado, maiores seriam as medidas de intervenção do Estado.
Há cinco falhas principais de mercado:
1. Assimetria informacional. Sem a melhor informação, os agentes econômicos não tomam as decisões corretas. Neste sentido, a legislação de defesa do consumidor cria deveres de informar o prazo de validade de produtos e padrões de qualidade. Da mesma forma, a legislação de mercado de capitais impõe certos deveres de disclosure a respeito de informações comercialmente sensíveis para os preços das ações.
2. Concentração econômica. Como se sabe, a concorrência é o regime em que a geração de riquezas é máxima. Fora da concorrência, há medida em que os produtores adquirem poder econômico, sua capacidade de agir unilateralmente aumenta. Isso ocorre se o produtor aumenta unilateralmente os preços (ou diminui a quantidade), se diminui a qualidade ou a variedade de produtos o serviços, ou se reduz o ritmo de inovações para aumentar os lucros.
3. Externalidades. A produção de um bem acarreta efeitos positivos ou negativos sobre outros indivíduos e não há reflexos sobre os preços de mercado. Se os efeitos são bons – por exemplo, uma fábrica trazendo progresso para uma região -, diz-se que há externalidades positivas. Se os efeitos são ruins – por exemplo, a mesma fábrica poluindo -, diz-se que há externalidades negativas.
4. Falta de mobilidade de fatores de produção. Com essa falha de mercado, existe uma limitação à capacidade de autocorreção do mercado, o automatismo da mão invisível de Adam Smith. O cafeicultor não pode simplesmente deixar de produzir café de um momento para outro: o pé de café leva 2 anos para começar a produzir e sua mudança antes de esgotada a vida útil prejudicaria a rentabilidade da lavoura.
5. Bens coletivos. Os bens coletivos são aqueles que não há exclusão ou consumo simultâneo – em outras palavras, quando alguém o usa, outros podem utilizá-lo. Um bom exemplo é uma praça pública. Quando há bens coletivos, existe a tendência ao suprimento deficiente devido à falha de incentivo.
 
Porém, nem sempre a mera identificação da falha de mercado é usada para justificar a intervenção estatal. A resposta também é dada pelo processo político e isso varia de acordo com variadas visões que se possa ter:
Anarquismo: nenhum estado (algo próximo entre a visão extremada do neoliberalismo moderno e o comunismo após o fim do estado)
Estado Gendarme: Garantia de que o mercado funcione e evite o estado de natureza. Segurança Pública, Justiça e Segurança Nacional.
Estado do Bem-Estar Social. Foco na prestação de serviços sociais à população. Geralmente é associado com elevados impostos.
Estado Desenvolvimentista: comprometimento com desenvolvimento econômico.
 
Deve sempre o Estado intervir? Este é um grande dilema.
No Brasil, o século XX foi marcado pela crença de que o Estado resolveria todos os problemas, inclusive os econômicos. As falhas de mercado surgiamcomo a perfeita justificativa para a ação estatal. Não havia qualquer preocupação, acadêmica ou política, com as falhas de governo, uma vez que se presumia que este sempre agia em defesa do interesse público. Ignorava-se o custo desta tentativa de correção das falhas.
Como explicado, as falhas de mercado causam problemas na alocação ótima dos bens – em teoria, o livre mercado deixaria toda sociedade mais próspera, mas isso não acontece sempre e irrestritamente na prática, porque, em graus variados, há falhas de mercado. Por isso, o governo intervém.
Porém, a ação do governo também apresenta falhas. Enquanto no conceito de falha de mercado há a ideia de que o mercado não funciona como deveria, no de falhas de governo aquele que funciona mal é o Estado.
Diante deste dilema, o que fazer? Uma visão liberal extremada repeliria o Estado por completo. Contudo, o próprio Adam Smith julgava que o Estado deveria ter um papel na preservação dos mercados. Logo, uma postura pragmática sugere contrabalançar vantagens e desvantagens das falhas de governo em relação às falhas de mercado.
Isso não significa que a decisão será sempre racional. Os eleitores podem preferir que o governo atue mesmo quando não houver necessidade ou quando o custo da intervenção for alto demais.
As falhas de governos são apontadas como justificativa para a ausência de regulação ou pouca regulação ou pouca intervenção. De fato, por trás da noção de falhas de governo existe o conceito de custo de transação: todo custo para efetuar uma transação financeira.
Assim, para celebrar um contrato de compra e venda, os tributos, os custos de registro, os honorários advocatícios e o papel serão custos de transação. Na visão liberal, o custo de transação é resultante da burocracia e não gera riqueza, devendo ser eliminado. É claro que é impossível acabar com todos os custos de transação, mas os liberais apregoam a redução considerável.
Todas as regras do governo que exijam burocracia podem ser vistas como custo de transação – lembre-se do tempo que você gastou para fazer sua declaração de imposto de renda e certamente entenderá o que se quer dizer por custo de transação.
Dentre as falhas regulatórias mais discutidas, está a captura regulatória. Em poucas palavras, é uma situação em que o ente regulador, responsável pela defesa do interesse público, é convencido a regular (ou não) um determinado aspecto da vida econômica na defesa dos interesses de um grupo privado.
Não se trata necessariamente de corrupção, mas pode haver uma troca de favores: o governo regula de tal forma a beneficiar um determinado grupo de interesse e, em troca, o grupo de interesse financia a campanha política de certo partido político.
Por vezes, o regulador sequer está mal intencionado, mas acaba endossando interesses privados. Os exemplos são vários. Há alguns anos, o CONATRAN (Conselho Nacional de Trânsito) determinou a obrigatoriedade do kit de primeiros socorros em todos os veículos sob pena de multa. Até a revogação da regra, que ficou vigente por algum tempo, os que dispunham dos kits os venderam e faturaram às custas de cidadãos cumpridores da lei.
Portanto, ao se estudar a teoria dos mercados dois enfoques são encontrados:  de um lado, no lado econômico, analisa-se o comportamento dos produtores e dos consumidores, quanto a suas decisões de produzir e consumir; de outro, no jurídico, o foco está nos agentes das relações de consumo, que a relação entre consumidor e fornecedor.
Esta relação inclusive é regulada no Brasil pelo Código Brasileiro de Defesa do Consumidor, que preceitua que os direitos do consumidor colocam-se perante os deveres do fornecedor de bens e serviços.
Desta forma, quando se estuda os estabelecimentos fornecedores de bens e serviços e o papel do empresário, deparamos novamente com as duas visões que emergem dessa análise, ou seja, a econômica e a jurídica.
Depois, sob a ótica da visão econômica é ressaltado o papel do administrador na organização dos fatores de produção - capital, trabalho, terra e tecnologia -, combinando-os de forma a minimizar seus custos ou maximizar seu lucro.
Por outro lado, a visão jurídica, extraída do código comercial, apresenta varia concepções, que enfatizam que o estabelecimento comercial é um sujeito de direito distinto do comerciante, com seu patrimônio elevado à categoria de pessoa jurídica, com a capacidade de adquirir e exercer direitos e obrigações.
Desta forma, os bens do proprietário não se confundem com os da empresa, pois ambos possuem personalidades distintas e separadas.
Os princípios gerais da atividade econômica estão elencados nos artigos 170 a 181 da Constituição Federal.
Nestes artigos vemos que a ordem econômica fundamenta-se em dois grandes pilares, a saber:
 
a) Na Valorização do Trabalho Humano
 
b) Na Livre Iniciativa,
 
Devendo observar os seguintes princípios:
I - Soberania Nacional - por este principio, a ideia que se tem é que o Estado brasileiro não está submisso à ingerência de nenhum outro Estado estrangeiro, por mais poderoso que seja, tanto no campo bélico quanto no campo econômico;
II - Propriedade Privada – todos têm direito ao seu patrimônio;
III- Função Social da Propriedade – os princípios de propriedade privada e de função social da propriedade andam de mãos dadas, uma vez que pela perspectiva desta ordem econômica, o exercício desta propriedade não pode ser feito de forma egoisticamente, nem tão pouco ser utilizada de forma improdutiva de maneira que afronte a dignidade do ser humano, deixando assim de cumprir o seu papel ou sua função social;
IV – Livre Concorrência – a livre concorrência, que é um princípio preconizado pelos países ditos capitalistas, está contemplada em nossa Constituição. Este princípio assegura a todo individuo, independente de sua origem, cor ou padrão social a oportunidade de participar efetivamente da atividade econômica do país, de maneira que lhe possibilite ganhos em função de sua performance nos negócios por ele desenvolvidos, sendo que nada, a não ser o próprio mercado consumidor obstará a sua permanência neste mercado;
V – Defesa do Consumidor – uma das mais recentes conquistas dos consumidores foi a sua defesa diante de qualquer abuso ou ilegalidade. Com isto, o menor dos consumidores pode fazer valer seus direitos, mesmo diante de grande conglomerados econômicos. O avanço neste campo se deu com a criação do código de defesa do consumidor, que de forma direta regula as relações entre consumidores e os fornecedores de produtos ou serviços.
VI – Defesa do Meio Ambiente – a defesa do meio ambiente é um principio estabelecido, e que faz muito sentido no mundo atual, em que se procura barrar aquelas ações de pessoas e empresas que desrespeitando o meio ambiente buscam fazer sues negócios, e sem nenhuma preocupação com os efeitos que poderão advir à humanidade. Desta forma, o Estado brasileiro através de suas agencias reguladoras e até ministério voltado para o meio ambiente tem procurado patrocinar esta defesa, e regular a utilização dos recursos naturais;
VII – Redução de Desigualdades Regionais e Sociais – a redução das desigualdades regionais e sócias é uma responsabilidade de todos, sejam dos governantes, ou de empresas. O governo para fazer sua parte neste quesito, tem instituídos através de renuncias fiscais programas de incentivos às regiões mais carentes do País, com o intuito de fomentar a instalação de empresas nestas regiões, o que contribuirá com o seu desenvolvimento, e trará mais emprego, o que também é um dos princípios estabelecidos;
VIII – Busca do Pleno Emprego;
IX – Tratamento favorecido para as empresas de Pequeno Porte – O incentivo à atividade privada, principalmente as micros e pequenas empresas, tem sido uma forma de inclusão econômica e social de pessoas, pois através destas empresas regiões são desenvolvidas. Recentemente foi criado um Estatuto da Micro e Pequena Empresa, com o intuito de atribuir a estas um tratamento diferenciado por parte dos governos, possibilitando assim acesso a credito, financiamentos,

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