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1 
 
Texto literário com descrição real subjetiva 
 
A Casa Materna (fragmento) 
Vinícius de Morais 
 
Há, desde a entrada, um sentimento de tempo na casa materna. As grades do portão 
têm uma velha ferrugem e o trinco se oculta num lugar que só a mão filial conhece. O 
jardim pequeno parece mais verde e úmido que os demais, com suas palmas, tinhorões 
e samambaias que a mão filial, fiel a um gesto de infância, desfolha ao longo da haste. 
 
É sempre quieta a casa materna, mesmo aos domingos, quando as mãos filiais sobre a 
mesa farta do almoço, repetindo uma antiga imagem. Há um tradicional silêncio em 
suas salas e um dolorido repouso em suas poltronas. (...) 
 
Na escada há o degrau que estala e anuncia aos ouvidos maternos a presença de passos 
filiais. Pois a casa materna se divide em dois mundos: o térreo, onde se processa a vida 
presente, e o de cima, onde vive a memória. 
 
 
Texto não literário com descrição real subjetiva 
 
Meu primo tinha olhos grandes e profundos e neles espelhavam-se as suas mágoas e a 
sua desconfiança. 
 
 
Texto não literário com descrição real objetiva 
 
Trecho de um Manual de Instruções 
 
Com a finalidade de compensar as possíveis irregularidades do piso, o seu freezer 
possui, na parte inferior dianteira, dois pés niveladores para um perfeito apoio no chão. 
 
 
 
2 
 
Texto literário com descrição imaginária subjetiva 
 
Trecho de redação de aluno 
 
Não sei nada dela, apenas penso saber. Na realidade, dela só sei o que parece ser. Ela é 
para mim uma sombra que viajou por dentro de mim, passou, foi embora, 
paradoxalmente, ficou e continua. 
 
Sim, ela é uma sombra. Uma sombra carregada de carinho, de amor, de compreensão, 
de amizade. Uma sombra que não possui: somente é. 
 
 
Descrições segundo o objeto 
 
Ambiente (prosa) 
Ópera dos Mortos (fragmento) 
Autran Dourado 
 
Ali naquela casa de muitas janelas e bandeiras coloridas vivia Rosalina. Casa de gente 
de casta, segundo eles diziam antigamente. Ainda conserva a imponência e o porte 
senhorial, o ar solarengo que o tempo de todo não comeu. As cores das janelas e da 
porta estão lavadas de velhas, o reboco caído em alguns trechos como grandes placas de 
ferida, mostra mesmo as pedras e os tijolos e as taipas de sua carne e ossos, feitos para 
durar toda a vida; vidros quebrados nas vidraças, resultado do ataque da meninada nos 
dias de reinação, quando vinham provocar Rosalina (não de propósito e ruindade, mais 
sem-que-fazer de menino), escondida detrás das cortinas e reposteiros; nos peitoris das 
sacadas de ferro rendilhado formando flores estilizadas, setas, volutas, esses e gregas, 
faltam muitas das pinhas de cristal facetado cor-de-vinho que arrematavam nas 
cantoneiras a leveza daqueles balcões. 
 
 
 
 
 
3 
 
Ambiente (poesia) 
Lua de São Jorge (fragmento) 
Caetano Veloso 
 
Lua de São Jorge 
Lua de São Jorge 
Lua deslumbrante 
Azul verdejante 
Cauda de pavão 
 
Lua de São Jorge 
Cheia branca inteira 
Oh minha bandeira (...) 
 
Tipo 
Ópera dos Mortos (fragmento) 
Autran Dourado 
 
Quando o coronel João Capistrano Honório Cota mandou erguer o sobrado, tinha pouco 
mais de trinta anos. Mas já era homem sério de velho, reservado, cumpridor. Cuidava 
muito dos trajes, da sua aparência medida. O jaquetão de casimira inglesa, o colete de 
linho atravessado pela grossa corrente de ouro do relógio; a calça é que era como a de 
todos na cidade ― brim, a não ser em certas ocasiões (batizado, morte, casamento), 
mas sempre muito bem passada, o vinco perfeito. Dava gosto ver. 
 
O passo vagaroso de quem não tem pressa — o mundo podia esperar por ele, o peito 
magro estufado, os gestos lentos, a voz pausada e grave, descia a rua da Igreja 
cumprimentando cerimoniosamente, nobremente, os que por ele passavam ou os que 
chegavam na janela vezes só para vê-lo passar. 
 
 
 
 
 
4 
 
Objeto (forma, cor, volume, tamanho, brilho, consistência etc.) 
Calculadora 
Trecho de aluno 
 
É um objeto de metal, pequeno, retangular, de pouca espessura. Na parte superior, 
contém um visor de cristal líquido. Na sua parte central, há várias teclas pequenas onde 
estão gravados números e símbolos matemáticos. Quando você vai apertando as teclas, 
vão aparecendo no visor os respectivos números e resultados obtidos. É de muita 
utilidade, pois em poucos segundos você pode fazer complicados cálculos matemáticos, 
operações com ângulos e logaritmos, entre outros. 
 
 
Imagem do objeto (elaboração mental) 
Ocaso 
Trecho de aluna 
 
O sol está descendo atrás do monte. Despede-se em raios lilases e alaranjados. As 
nuvens todas tintas de luz e cor espalham-se no horizonte formando curiosos desenhos. 
A natureza para num fôlego de espera. Os animais vão-se recolhendo aos currais. Numa 
igreja longe os sinos dobram plangentes. São dezoito horas. 
 
 
Imagem-objeto (não existe na realidade) 
O ser 
Trecho de aluna 
 
É vermelhinho e pequeno. Dos seus olhos enormes saem dois focos de luz como os de um 
holofote. Assemelha-se a um lagarto, com rabo e escamas fosforescentes. As mãos, ou 
melhor, as patas têm dedos ligados por uma membrana. 
 
 
 
 
 
5 
 
Descrição estática 
 
Efeitos 
Música ao longe (fragmento) 
Érico Veríssimo 
 
Tudo parado. Os reposteiros de veludo verde-musgo criam sombras mais fundas. Os 
mortos dos retratos de molduras de bronze parecem mais mortos. O grande lustre de 
vidrilhos que pende do centro do teto tem um brilho frio de ossadas. 
 
Descrição Dinâmica 
 
O grande desastre aéreo de ontem (fragmento) 
Jorge de Lima 
 
Vejo sangue no ar, vejo o piloto que levava uma flor para a noiva, abraçado com a 
hélice. E o violinista em que a morte acentuou a palidez despenhar-se com sua cabeleira 
negra e seu estradivárius. Há mãos e pernas de bailarinas arremessadas na explosão. 
Corpos irreconhecíveis identificados pelo Grande Reconhecedor. Vejo sangue no ar, vejo 
chuva de sangue caindo nas nuvens batizadas pelo sangue dos poetas mártires. Vejo a 
nadadora belíssima no seu último salto de banhista, mais rápida porque vem sem vida. 
(...) E o sino que ia para uma capela do oeste, vir dobrando finados pelos pobres mortos.

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