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AVALIAÇÃO DO ESTADO MENTAL E EMOCIONAL DO PACIENTE CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO DO CEARÁ CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM SISTEMATIZAÇÃO DO CUIDAR II FORTALEZA – CE 2016.1 Profa. Dra. Jennara Candido do Nascimento INTRODUÇÃO O estado mental é o funcionamento cognitivo e emocional de uma pessoa. O funcionamento ideal tem como objetivo o alcance simultâneo de satisfação com a vida no trabalho, nas relações afetivas e consigo mesmo. O estado mental não pode ser examinado de maneira direta, como as características da pele ou os sons cardíacos. 2 AVALIANDO AS CONDIÇÕES MENTAIS Consciência: percepção da própria existência, sentimentos, pensamentos e percepção do ambientes; Linguagem verbal (tom e timbre): uso da voz para comunicar pensamentos e sentimentos; Humor e afeto: ambos se referem ao controle de sentimentos; Humor: Exposição prolongada dos sentimentos que dá cor a toda a vida emocional. Afeto: Expressão temporária de sentimentos. 3 Orientação: percepção do mundo objetivo em relação a si próprio; Atenção: poder de concentração, capacidade de se concentrar em algo específico sem se distrair; Memória: habilidade de observar e armazenar experiências e percepções para recordar mais tarde. Recente: Evoca eventos do dia a dia. Remota: Traz muitos anos de experiência. 4 AVALIANDO AS CONDIÇÕES MENTAIS Raciocínio Abstrato: entendimento sobre um significado mais profundo, além do concreto e literal; Processo de pensamento: forma por meio da qual uma pessoa pensa (é o exercício lógico do pensamento); Conteúdo do pensamento: o que uma pessoa pensa (ideias específicas, crenças e uso de palavras); Percepções: percepção de objetos por meio de qualquer um dos cinco sentidos. 5 AVALIANDO AS CONDIÇÕES MENTAIS OBJETIVOS Identificar os problemas emocionais e mentais emergentes e/ou decorrentes da internação e do adoecer; Contribuir com o estabelecimento dos diagnósticos, das intervenções e dos resultados de enfermagem; Possibilitar, juntamente com o exame físico, subsidiar e otimizar a assistência integral ao paciente. 6 REQUISITOS NECESSÁRIOS A AVALIAÇÃO DOS ASPECTOS EMOCIONAIS E MENTAIS DO PACIENTE n 7 Aceitação da pessoa do paciente (sentimentos e valores); Disponibilidade interna; Encorajamento contínuo à expressão espontânea do outro; Empatia (sentir a experiência do outro); Envolvimento emocional (manter o papel profissional e não perder a objetividade); Confiança; Compromisso; Sigilo profissional; Atitude de não- julgamento; Estímulo à auto-estima; 8 Fatores da anamnese que podem influenciar a interpretação dos achados Quaisquer doenças ou problemas de saúde conhecidos, como alcoolismo ou doença renal crônica; Medicamentos atuais cujos efeitos colaterais podem causar confusão ou depressão; Avaliação das condições emocionais e mentais, propriamente dita. Nível educacional e comportamental 9 EXAME DO ESTADO MENTAL É uma verificação sistemática do funcionamento emocional e cognitivo; Em geral, é possível avaliar o estado mental pelo contexto da anamnese; Tenha em mente as quatro categorias principais de avaliação do estado mental: Aparência Comportamento Cognição Processos de pensamento 10 APARÊNCIA Postura e posição: ereta e relaxada; Movimentos corporais: voluntários, deliberados, coordenados, suaves e uniformes; Vestuário: Adequado para situação, estação, idade, sexo, e grupo social; Asseio pessoal e higiene: a pessoa deve está limpa e bem cuidada. Observe que é significativa uma aparência desleixada em uma pessoa anteriormente bem arrumada Cuidado ao interpretar roupas desarrumadas, excêntricas ou em más condições (pode refletir status econômico ou tendência de moda) 11 Postura Vestuário 12 ASSEIO PESSOAL 13 COMPORTAMENTO Nível de consciência: a pessoa apresenta-se alerta, consciente de estímulos ambientais e internos e responde de maneira adequada; Pontos importantes: Orientação têmporo-espacial: verificar se o paciente tem consciência do tempo (data, hora, ano) e de onde ele está; Orientação autopsíquica (identificação de si) e alopsíquica (identificação dos outros). 14 NÍVEL DE CONSCIÊNCIA ALERTA: Acordado ou facilmente estimulável, orientado, totalmente consciente dos estímulos externos e internos e com respostas apropriadas. LETÁRGICO (SONOLENTO): Não está totalmente alerta, cai no sono quando não estimulado, acorda ao ser chamado em voz normal, mas parece sonolento, responde de forma apropriada às perguntas ou comandos, mas o pensamento é lento e confuso. 15 NÍVEL DE CONSCIÊNCIA OBNUBILADO: Estado transicional entre a letargia e o estupor. Dorme a maior parte do tempo, acorda com dificuldade – precisa de um grito ou de uma sacudida vigorosa do corpo, respostas monossilábicas, fala arrastada e incoerente. ESTUPOR OU SEMICOMA: Inconsciente, responde à agitação vigorosas ou à dor, tem resposta motora apropriada (retira o membro para evitar a dor), pode gemer ou murmurar, existe a atividade reflexa. 16 NÍVEL DE CONSCIÊNCIA COMA: Completamente inconsciente, sem resposta a estímulos álgicos ou externos; no coma leve há alguma atividade reflexa, mas não há movimentos intencionais; coma profundo não tem resposta motora. ESTADO CONFUSIONAL AGUDO (Delirium): Diminuição da cognição, redução da vigilância, desatenção, discurso incoerente, dificuldade na memória recente, agitado e com alucinações visuais, desorientado, com confusão que piore a noite. 17 COMPORTAMENTO Expressão facial: O olhar é apropriado para a situação e muda de maneira adequada com o assunto; O modo de olhar: baixo, direto ou fugidio, expressivo ou triste; Existe um contato visual confortável, a menos que impedido por uma norma cultural. 18 19 Raiva Nojo Medo Tristeza Surpresa Alegria COMPORTAMENTO Fala: avaliar a qualidade (conversa de maneira adequada), o ritmo (fluente), a articulação (capacidade de formar palavras) e conteúdo; Observar a presença de: Mutismo (silêncio absoluto); Fala logorréica; Verbigeração (repetição de palavras ou frases sem sentido); Afasia (deficiência ou perda da capacidade de exprimir a linguagem por palavras escritas ou sinais) 20 COMPORTAMENTO Humor e afeto: Pode ser determinado por meio da linguagem corporal e expressão facial e indagando: Como você se sente hoje? Como você geralmente se sente? O humor deve ser adequado ao local e à condição da pessoa e deve mudar de maneira adequada ao assunto. 21 22 TRANSTORNOS DO HUMOR E AFETO DEPRESSÃO Cinco ou mais sintomas durante um mesmo período de 2 semanas: 1- Humor deprimido 2- Acentuada diminuição do prazer 3- Perda de peso 4- Insônia 5- Agitação ou retardo psicomotor 6- Fadiga 7- Sensação de falta de valor ou culpa 8- Diminuição da capacidade de pensar 9- Pensamentos de morte recorrente 23 TRANSTORNO DE ANSIEDADE ATAQUE DE PÂNICO Quatro ou mais sintomas desenvolvem-se bruscamente e atingem um pico em 10 minutos: 24 1- Palpitações 2- Sudorese 3- Tremor 4- Sensação de falta de ar 5- Sensação de asfixia 6- Dor ou desconforto torácico 7- Náuseas ou desconfortoabdominal 8- Sensação de tonteira 9- Sentimentos de falta de realidade 10- Medo de perder o controle 11- Medo de morrer 12- Parestesias 13- Ondas de frio ou calor FUNÇÃO COGNITIVA Orientação: determine ao longo da entrevista 25 Achados Normais Achados Anormais Orientação Tempo, local Desorientada Atenção Concentra-se Distraída Memória recente Ultimas 24h Síndrome da amnésia Memória Remota Acontecimentos passados Perdida Capacidade de adquirir novos conhecimentos * Teste das 4 palavras > 60 anos – lembrar 3 ou 4 palavras após 5, 10 e 30 minutos PROCESSOS DE PENSAMENTO E PERCEPÇÃO 26 ELEMENTOS FUNDAMENTAIS 27 Processos de pensamento; Percepções; Conteúdo de pensamento; PROCESSOS DE PENSAMENTO 28 Achados Normais Achados Anormais Processo de pensamento Pensamento lógico, orientada por objetivos, coerente e relevante Idéias atropeladas Evidência de bloqueio ANORMALIDADES DO PROCESSO DE PENSAMENTO 29 TIPO DEFINIÇÃO EXEMPLO Bloqueio Incapacidade para concluir frases “Esqueci o que ia dizer” Confabulação Inventa acontecimentos para preencher lacunas de memória Fornece descrição detalhada de um longo passeio pelo hospital, embora tenha passado o dia no quarto Neologismo Invenção de palavras novas “Já liguei meu pensamento” Circunlocução Substitui o nome do objeto por uma frase explicativa “A coisa que abre a porta” em lugar de “chave” ANORMALIDADES DO PROCESSO DE PENSAMENTO 30 TIPO DEFINIÇÃO EXEMPLO Circunstancialidade Fala com detalhamento excessivo e desnecessário Associações frouxas Desviar-se de um assunto para outro não relacionado “meu patrão ficou furioso. O filme que assistir era legal” Fuga de idéia Mudança brusca de assunto “tomar esse comprimido? O comprimido é azul. Vesti azul e a sorte não mudou” (cantando) Salada de palavras Mistura incoerente de palavras “beleza, cinco vermelhos, pombo” CONTEÚDO DO PENSAMENTO 31 Achados Normais Achados Anormais Conteúdo do Pensamento Consciente e lógico Obsessões, compulsões ANORMALIDADES DO CONTEÚDO DO PENSAMENTO 32 TIPO DEFINIÇÃO EXEMPLO Fobia Medo intenso, persistente com compulsão de evitá-lo Medo de cachorro, gato, altura, barata Hipocondria Preocupação mórbida com a saúde Medo de ter câncer Obsessão Impulsos de pensamentos indesejados e persistentes Pai que tem o impulso de matar o filho Medo de contaminação Compulsão Ato repetitivo e voluntário indesejado Lavar as mãos, contar, verificar, retornar Delírios Crenças falsas, firmes e fixas Mania de grandiosidade, de perseguição PERCEPÇÕES 33 Achados Normais Achados Anormais Percepções Consciência da realidade Pergunte: As pessoas falam de você? Tem alguém te seguindo? Ilusões, alucinações ANORMALIDADES DA PERCEPÇÃO TIPO DEFINIÇÃO EXEMPLO Alucinação Percepções sensitivas sem estimulo externo correspondente. Pode acometer: visão, audição, tato, olfativo e gustativos Ver fantasmas Ouvir vozes Ilusão Percepção equivocada de um estimulo efetivamente existente, por qualquer órgão As dobras do lençol parecem ter vida INVESTIGAÇÃO DE PENSAMENTO SUICIDA Achados Normais Achados Anormais Investigação de pensamento suicida Sentimentos de: tristeza, desespero, desesperança ou luto. Pergunte: Em algum momento pensou em se machucar? O que aconteceria se você morresse? Tentativas anteriores de suicídio Depressão Hipersonia, insônia Anorexia TRANSTORNOS RELACIONADOS AO USO DE SUBSTÂNCIAS SUBSTÂNCIA INTOXICAÇÃO ABSTINÊNCIA ÁLCOOL SEDATIVOS HIPNÓTICOS (BARBITÚRICOS) Aspecto: Marcha desequilibrada, falta de coordenação, nistagmo Não-complicada: Logo após a suspensão da bebida, dura de 5 a 7 dias. Tremor grosseiro das mãos, língua e pálpebras; náusea; anorexia; taquicardia; cefaleia;sudorese; elevação da PA; Comportamento: Sedação, alivio da ansiedade, comportamento expansivo e desinibido, disfunção da memória e labilidade emocional Delirium tremens: Após 7 dias da interrupção. Tremor grosseiro e irregular; taquicardia; sudorese; alucinações; agitação; febre TRANSTORNOS RELACIONADOS AO USO DE SUBSTÂNCIAS SUBSTÂNCIA INTOXICAÇÃO ABSTINÊNCIA NICOTINA Aparência: Alerta, aumento da PA e FC, vasoconstrição Vasodilatação; cefaleia; irritabilidade; ansiedade, fome; nervosismo; dificuldade de concentração; depressão; Comportamento: Náuseas e vômitos, perda de apetite, tonteira, agitação TRANSTORNOS RELACIONADOS AO USO DE SUBSTÂNCIAS SUBSTÂNCIA INTOXICAÇÃO MACONHA Aparência: Conjuntivas hiperemiadas; taquicardia, boca seca, aumento de apetite Comportamento: Euforia, ansiedade, aguçamento das percepções, retraimento social, suspeição de ideia paranoide TRANSTORNOS RELACIONADOS AO USO DE SUBSTÂNCIAS SUBSTÂNCIA INTOXICAÇÃO ABSTINÊNCIA COCAÍNA ANFETAMINAS Aparência: Dilatação pupilar, taquicardia ou bradicardia, elevação ou redução da PA, sudorese, calafrios Ansiedade, depressão, irritabilidade, fadiga, insônia ou Hipersonia, agitação psicomotora. Comportamento: Euforia, hipervigilância, agitação psicomotora, alucinações TRANSTORNOS RELACIONADOS AO USO DE SUBSTÂNCIAS SUBSTÂNCIA INTOXICAÇÃO ABSTINÊNCIA OPIÁCEOS (Morfina, heroína, meperidina) Aparência: Pupilas em cabeça de alfinete; redução da PA, pulso, respiração e temperatura Semelhante ao quadro de gripe. Pupilas dilatadas, lacrimejamento, coriza, taquicardia, febre, elevação da PA, sudorese, diarréia, dor muscular e articulares. Comportamento: Letargia, sonolência, euforia inicial e apatia, retardo psicomotor, desatenção, REFERÊNCIAS 1. BARROS, A. L. B. L. Anamnese e exame físico: avaliação diagnóstica. 2ªed. Porto Alegre: Artmed, 2010; 2. CHAVES, L. C.; POSSO, M. B. S (Org.). Avaliação física em enfermagem. Barueri, SP: Manole, 2012. 3. JARVIS, C. Guia de exame físico para enfermagem. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012. 4. POTTER, P. A.; PERRY, A. G. Fundamentos de enfermagem. 8ª.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. 41 42
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