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Direito Constitucional - Anvisa Aula Demonstrativa – Teoria dos Direitos Fundamentais Prof. Frederico Dias www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Frederico Dias 1 Aula Demonstrativa Direito Constitucional Teoria dos Direitos Fundamentais Professor: Frederico Dias Direito Constitucional - Anvisa Aula Demonstrativa – Teoria dos Direitos Fundamentais Prof. Frederico Dias www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Frederico Dias 2 Olá! Vamos estudar para o concurso da Anvisa? Meu nome é Frederico Dias e sou Auditor Federal de Controle Externo do Tribunal de Contas da União. Passei em 9° lugar no concurso de 2008. Antes, trabalhei por um curto período como Analista de Finanças e Controle da Controladoria Geral da União - AFC-CGU (tendo alcançado o 1° lugar nacional em 2008). Já publiquei os seguintes livros: 1) Questões Discursivas de Direito Constitucional; 2) Questões de Direito constitucional do Cespe comentadas; 3) Questões de Direito constitucional da Esaf comentadas. Por fim, após lançar esses três livros, lancei um livro de teoria e questões juntamente com o Vicente e o Marcelo: Aulas de Direito Constitucional para concursos. Minha ideia com este curso é apresentar a teoria de Direito Constitucional. Mas não de qualquer forma, mas voltado para o concurso da Anvisa. Portanto, meu foco é a sua aprovação na prova e não as discussões e debates sobre direito constitucional (que adoro, mas não neste momento!). E, como não poderia deixar de ser, a teoria apresentada será complementada com questões de concursos comentadas. Vejamos o nosso conteúdo: Aula Conteúdo Programático 01 Princípios Fundamentais 02 Direitos e Garantias Fundamentais – Parte 1 03 Direitos e Garantias Fundamentais – Parte 2 04 Organização do Estado 05 Poder Executivo. Fiscalização Contábil e Financeira. 06 Administração Pública Aula Demonstrativa – Teoria dos Direitos Fundamentais Direito Constitucional - Anvisa Aula Demonstrativa – Teoria dos Direitos Fundamentais Prof. Frederico Dias www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Frederico Dias 3 07 Tributação e Orçamento. Saúde. Pois bem, minha ideia é oferecer este curso em sete aulas (sem contar esta aula demo). Minha metodologia consiste em apresentar a essência da teoria e comentar, logo em seguida, algumas questões sobre o tema, para que você possa testar, de imediato, o seu aprendizado. Vamos iniciar nosso curso já hoje com um assunto muito interessante: a Teoria Geral dos Direitos Fundamentais. Observe como está sucinto o nosso conteúdo de hoje. Tópicos da Aula 1 – Teoria Geral dos Direitos Fundamentais ............................................................................................. 3 2 - Lista das Questões Comentadas .......................................................................................................... 9 3- Gabarito ............................................................................................................................................ 10 Bem, vamos à aula, então! 1 – Teoria Geral dos Direitos Fundamentais Imagine uma situação em que o Estado exerce seu poder sem limites. Quem estiver “de fora” desse Estado, estará sofrendo interferências não só na sua atividade econômica como também em sua vida particular. Então, foi necessário que, com o desenvolvimento das Constituições escritas, também evoluísse o estabelecimento de direitos para o indivíduo que o protegessem dessa atuação do Estado. Observe como funciona o sistema democrático: os cidadãos delegam o poder a seus representantes, entretanto, esse poder não é absoluto. Ele conhece limitações (como é o caso da previsão de direitos e garantias fundamentais). Por decorrência, junto à noção de democracia, o governo pelo povo deve estar associado à limitação do poder estatal. Na época do surgimento dos primeiros direitos fundamentais, o que o cidadão queria era que o governo estivesse bem longe dele, que aquele Estado não o atrapalhasse. Podemos dizer: ele exigia uma abstenção, um não-fazer por parte do Estado. Direito Constitucional - Anvisa Aula Demonstrativa – Teoria dos Direitos Fundamentais Prof. Frederico Dias www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Frederico Dias 4 Assim, você deve ter em mente que os direitos fundamentais originaram-se a partir da necessidade de se garantir uma esfera irredutível de liberdades aos indivíduos em geral frente ao Poder estatal. Ok. Mas, nesse momento, você já deve ter pensado que os direitos vão além da mera defesa do indivíduo contra o Estado, não é mesmo? Afinal, os direitos sociais e econômicos refletem uma atuação do Estado para melhorar a vida da população. Se você abrir sua Constituição no art. 6°, isso ficará bem claro: “São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.” E é isso mesmo. Inicialmente, os direitos fundamentais funcionavam apenas como limites ao poder do Estado (a chamada natureza negativa). Mas, modernamente, é também exigida uma atuação comissiva do Estado, a fim de corrigir as desigualdades criadas pelo sistema econômico vigente. Daí se falar em diferentes gerações ou dimensões de direitos. Nesse sentido, os direitos fundamentais surgem como direitos negativos (de abstenção), a exemplo do direito à vida, à liberdade, à propriedade, à liberdade de expressão dentre outros. Somente no século XX, com o crescimento do Estado Social, passa-se a exigir uma atitude comissiva do Estado, uma atuação estatal em favor do bem-estar do indivíduo. Com isso, podemos classificar os direitos fundamentais em três dimensões (ou gerações). Na primeira geração, consolidada no final do séc. XVIII, temos os direitos ligados aos ideais do Estado liberal, de natureza negativa (exigindo um não fazer), com foco na liberdade individual frente ao Estado (direitos civis e políticos). Na segunda dimensão, surgida no início do séc. XX, temos os direitos ligados aos ideais do Estado social, de natureza positiva, com foco na igualdadeentre os homens (direitos sociais, culturais e econômicos). Há ainda a terceira dimensão, também reconhecida no séc. XX, em que temos os direitos de índole coletiva e difusa (pertencentes a um grupo indeterminável de pessoas), com foco na fraternidade entre os povos (direito ao meio ambiente, à paz, ao progresso etc.). Outros aspectos importantes a serem mencionados: Direito Constitucional - Anvisa Aula Demonstrativa – Teoria dos Direitos Fundamentais Prof. Frederico Dias www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Frederico Dias 5 1 – As expressões direitos e garantias não se confundem. Enquanto os direitos são os bens em si mesmo considerados (principal), as garantias são instrumentos de preservação desses bens (acessório). Por exemplo, para proteger o direito de locomoção, a Constituição prevê a garantia do habeas corpus. 2 – Se inicialmente os direitos fundamentais surgiram tendo como titulares as pessoas naturais, hoje já se reconhece direitos fundamentais em favor das pessoas jurídicas ou mesmo em favor do estado. Por exemplo, o direito de requisição administrativa previsto do art. 5°, XXV da CF/88, é um direito fundamental que tem como destinatário o Estado. 3 – Embora originalmente visassem regular a relação indivíduo-estado (relações verticais), atualmente os direitos fundamentais devem ser respeitados mesmo nas relações privadas,entre os próprios indivíduos (relações horizontais). Por exemplo, o direito de resposta proporcional ao agravo, no caso de dano material, moral ou à imagem (CF, art. 5°, V). 4 – Os direitos fundamentais não dispõem de caráter absoluto, já que encontram limite nos demais direitos previstos na Constituição (Princípio da relatividade ou da convivência das liberdades públicas). Assim, esses direitos não podem ser utilizados como escudo protetivo da prática de atividades ilícitas. A título de exemplo: (i) a garantia da inviolabilidade das correspondências não será oponível ante a prática de atividades ilícitas; (ii) a liberdade de pensamento não pode conduzir ao racismo – e assim por diante. 5 – No caso concreto poderá haver colisão entre diversos direitos (por exemplo, liberdade de comunicações x inviolabilidade da intimidade). O intérprete deverá então realizar uma harmonização entre esses direitos em conflito, tendo em vista a inexistência de hierarquia e subordinação entre eles, evitando o sacrifício total de um perante o outro. Assim, conforme as peculiaridades da ocasião, prevalecerá um direito, prevalecendo o outro numa nova situação. 6 – Não se admite a renúncia total por parte do indivíduo de um direito fundamental. Ou seja, é característica deles serem irrenunciáveis. Todavia, modernamente, admite-se que deixem de ser exercidos pelos seus titulares temporariamente em determinadas situações. Vejamos algumas questões. 1. (IADES/ANALISTA/PG/DF/2011) Os direitos fundamentais foram projetados para serem limites de atuação do Estado, não irradiando, portanto, seus efeitos sobre as relações jurídico-privadas. Direito Constitucional - Anvisa Aula Demonstrativa – Teoria dos Direitos Fundamentais Prof. Frederico Dias www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Frederico Dias 6 Os direitos fundamentais nascem para regular as relações verticais, entre o cidadão e o Estado, protegendo o primeiro da atuação forçada deste último. Isso evoluiu desde então, de modo que, atualmente, considera-se que os direitos fundamentais devem ser respeitados também nas relações privadas. Item errado. 2. (IADES/ANALISTA/PG/DF/2011) A colisão de direitos e garantias fundamentais não pode ser solucionada pelos critérios abstratos e clássicos do conflito de normas, ou seja, pelos critérios hierárquico, temporal ou da especialidade. Somente de maneira condicionada, caso a caso, podem ser descobertas hipóteses de prevalência de um ou de outro direito em colisão. De fato, diante de um conflito entre direitos fundamentais, caberá ao intérprete realizar uma harmonização entre esses direitos em conflito, tendo em vista a inexistência de hierarquia e subordinação entre eles. Então, numa determinada situação, prevalecerá um direito. Noutro caso concreto, prevalecerá o outro. Item certo. 3. (FGV/ANALISTA/TJ/RJ/2014) A respeito dos direitos fundamentais, é correto afirmar que possuem caráter absoluto, sendo inadmissível que venham a ser restringidos em qualquer situação concreta Não existem direitos e garantias fundamentais de natureza absoluta. Portanto, os direitos fundamentais podem ser restringidos, desde que na imposição das restrições seja preservado o núcleo essencial daquele direito e observado o postulado da razoabilidade. Item errado. 4. (FGV/AUDITOR FISCAL/SEFAZ/MT/2014) Os direitos e garantais fundamentais não se aplicam às relações privadas. Modernamente, considera-se que os direitos fundamentais devem ser respeitados também nas relações privadas. Item errado. 5. (FGV/FISCAL DE ANGRA DOS REIS/2010) Apenas o direito à vida é absoluto e ilimitado; logo, todos os outros direitos humanos podem sofrer limitações e condicionamentos por interesses individuais ou coletivos. Direito Constitucional - Anvisa Aula Demonstrativa – Teoria dos Direitos Fundamentais Prof. Frederico Dias www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Frederico Dias 7 A assertiva está errada, pois não há direitos absolutos, nem mesmo o direito à vida. Item errado. 6. (CESPE/FUB/2015) O respeito aos direitos fundamentais deve subordinar tanto o Estado quanto os particulares, igualmente titulares e destinatários desses direitos. De fato,os direitos fundamentais surgem dirigidos à proteção dos particulares em face do Estado. Atualmente, todavia, eles vinculam também os particulares (nas relações entre si) e podem ter como titulares o próprio Estado (por exemplo, o direito de requisição administrativa previsto do art. 5°, XXV, da CF/88, é um direito fundamental que tem como destinatário o Estado). Item certo. 7. (CESPE/TÉCNICO JUDICIÁRIO/TRIBUNAL DE JUSTIÇA – SE/2014) Os direitos fundamentais têm o condão de restringir a atuação estatal e impõem um dever de abstenção, mas não de prestação. Os direitos e garantias fundamentais surgem como uma restrição ao Poder estatal (restrição à atuação do Estado, impondo-lhe o dever de se abster). Todavia, com a segunda dimensão, os direitos fundamentais passaram a impor, ao contrário, uma prestação positiva por parte do Estado, passaram a exigir uma atuação estatal. Item errado. 8. (CESPE/ANALISTA/TRE/ES/2011) Os direitos fundamentais considerados de primeira geração compreendem as liberdades clássicas, negativas ou formais. Os direitos fundamentais de primeira geração enfocam as liberdades clássicas ou formais do indivíduo, de natureza negativa. Ou seja, exige-se um não-fazer do Estado, com vistas a garantir a liberdade do indivíduo. Item certo. 9. (CESPE/ANALISTA JURÍDICO/MPU/2013) Os direitos fundamentais de primeira dimensão são aqueles que outorgam ao indivíduo direitos a prestações sociais estatais, caracterizando-se, na maioria das vezes, como normas constitucionais programáticas. Direito Constitucional - Anvisa Aula Demonstrativa – Teoria dos Direitos Fundamentais Prof. Frederico Dias www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Frederico Dias 8 Veja como não foi difícil essa questão também. São os direitos sociais, de segunda dimensão, que outorgam ao sujeito direito à prestação estatal e, muitas vezes, apresentam natureza de norma programática. Item errado. Segue, agora, a lista das questões comentadas. Evidentemente, por ser apenas uma aula demonstrativa, tivemos muito menos páginas e muito menos questões. Um grande abraço e bons estudos! Frederico Dias Direito Constitucional - Anvisa Aula Demonstrativa – Teoria dos Direitos Fundamentais Prof. Frederico Dias www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Frederico Dias 9 2 - Lista das Questões Comentadas 1 (IADES/ANALISTA/PG/DF/2011) Os direitos fundamentais foram projetados para serem limites de atuação do Estado, não irradiando, portanto, seus efeitos sobre as relações jurídico-privadas. 2 (IADES/ANALISTA/PG/DF/2011) A colisão de direitos e garantias fundamentais não pode ser solucionada pelos critérios abstratos e clássicos do conflito de normas, ou seja, pelos critérios hierárquico, temporal ou da especialidade. Somente de maneira condicionada, caso a caso, podem ser descobertas hipóteses de prevalência de um ou de outro direito em colisão. 3 (FGV/ANALISTA/TJ/RJ/2014) A respeito dos direitos fundamentais, é correto afirmar que possuem caráter absoluto, sendo inadmissível que venham a ser restringidos em qualquer situação concreta" 4 (FGV/AUDITOR FISCAL/SEFAZ/MT/2014) Os direitos e garantais fundamentais não se aplicam às relações privadas" 5 (FGV/FISCAL DE ANGRA DOS REIS/2010) Apenas o direito à vida é absoluto e ilimitado; logo, todos os outros direitos humanos podem sofrer limitações e condicionamentos por interesses individuais ou coletivos" 6 (CESPE/FUB/2015) O respeito aos direitos fundamentaisdeve subordinar tanto o Estado quanto os particulares, igualmente titulares e destinatários desses direitos" 7 (CESPE/TÉCNICO JUDICIÁRIO/TRIBUNAL DE JUSTIÇA – SE/2014) Os direitos fundamentais têm o condão de restringir a atuação estatal e impõem um dever de abstenção, mas não de prestação" 8 (CESPE/ANALISTA/TRE/ES/2011) Os direitos fundamentais considerados de primeira geração compreendem as liberdades clássicas, negativas ou formais" 9 (CESPE/ANALISTA JURÍDICO/MPU/2013) Os direitos fundamentais de primeira dimensão são aqueles que outorgam ao indivíduo direitos a prestações sociais estatais, caracterizando-se, na maioria das vezes, como normas constitucionais programáticas" Direito Constitucional - Anvisa Aula Demonstrativa – Teoria dos Direitos Fundamentais Prof. Frederico Dias www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Frederico Dias 10 3- Gabarito 1. E 2. C 3. E 4. E 5. E 6. C 7. E 8. C 9. E