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Revestimentos de superfícies com materiais não-metálicos e orgânicos I-TINTAS: 1. CONCEITO DE PINTURA: o termo pintura é comumente associado ao processo de revestimento de uma superfície realizado com tintas. Pode ser estendido a três ramos: pintura artística; pintura arquitetônica e a pintura industrial, a ênfase para o nosso curso será esta última, pois nesse ramo uma das propriedades mais importantes é a proteção anticorrosiva. Para fins de proteção anticorrosiva de estruturas metálicas ou de equipamentos, um esquema de pintura é composto, na maioria dos casos, por três tipos de tinta: tinta de fundo ou primária (primers), tinta intermediária e tinta de acabamento. a) Tinta de fundo ou primárias (primers): - são as que contém pigmentos anticorrosivos; - em geral, são foscas ou semifoscas, já que são formuladas com uma maior concentração volumétrica de pigmento em relação às tintas de acabamento brilhantes. Isto, de certa forma, torna a película mais rugosa, o que contribui para melhorara a aderência da demão de tinta subsequente; - são as tintas responsáveis pela aderência dos esquemas de pintura aos substratos, pois são elas que estão em contato direto com os mesmos. b) Tintas intermediárias: são tintas normalmente utilizadas nos esquemas de pintura com a função de aumentar a espessura do revestimento, com um menor número de demãos, com o objetivo de melhorar as características de proteção por barreira do mesmo. Para tal, estas tintas são formuladas com alto teor de sólidos a fim de poderem proporcionar altas espessuras por demão. c) Tinta de acabamento: são tintas que têm a função de conferir a resistência química ao revestimento, pois são elas que estão em contato direto com o meio corrosivo. Além disso, são as tintas que conferem a cor final aos revestimentos por pintura. 2. CONSTIUTINTES DAS TINTAS: As tintas são constituídas basicamente por veículo fixo, pigmentos, solventes (veículo volátil) e aditivos. a) veículo fixo: é o constituinte ligante ou aglomerante das partículas de pigmento e o responsável pela continuidade e formação da película de tinta. Exemplos: óleos vegetais, resinas alquídicas, resinas alquídicas, resinas epóxidicas e resinas poliuretânicas. b) Solventes: os solventes são substâncias puras empregadas tanto para auxiliar na fabricação das tintas, na solubilização da resina e no controle de viscosidade, como em sua aplicação. Exemplos: hidrocarbonetos alifáticos, hidrocarbonetos aromáticos, álcoois, glicóis, cetonas, etc. Tinta de fundo (Primer) Aço Tinta intermediária Tinta de acabamento c) Aditivos: São compostos empregados, em pequenas concentrações, nas formulações das tintas com o objetivo de lhes conferir, ou às películas, determinadas características que sem eles seriam inexistentes, dessa forma tem-se os aditivos: secantes; anti-sedimentantes; antinata ou antipele; plastificantes; nivelantes; antiespumantes; agentes fixotrópicas e antifungos. d) Pigmentos: os pigmentos são partículas sólidas, finamente divididas, insolúveis no veículo fixo, utilizados para se obter, entre outros objetivos, proteção anticorrosiva, cor opacidade, impermeabilidade e melhoria das características físicas da película. Podem ser, em geral, classificados em três grupos: - anticorrosivos: exemplos zarcão (Pb3O4), cromato de zinco, pó de zinco, etc. - opacificantes coloridos: conferem cor e opacidade à tinta. - cargas ou extensores: não conferem cor nem opacidade às tintas. Apontam-se diversas razões para seu emprego na composição das tintas, como reduzir o custo final do produto; melhorar as propriedades mecânicas da película, como abrasão pela incorporação de quartzo (SiO2) ou óxido de alumínio (α-Al2O3), etc. Exemplos: dióxido de titânio (TiO2 fabricação de tintas brancas e claras); Alumínio; óxidos de ferro, pó de zinco, zarcão, fosfato de zinco, etc. II- PROPRIEDADES DAS TINTAS E MECANISMOS DE SECAGEM E FORMAÇÃO DE PELÍCULA: 1. Resinas/Tintas que Formam Película por Evaporação de Solventes a) Vinílicas: são aquelas que contem o agrupamento vinil em sua estrutura, no campo de proteção anticorrosiva as de maior interesse são os copolímeros obtidos a partir dos monômeros cloreto e acetato de vinila. Propriedades: alta resistência química a ácidos, álcalis e sais, muito utilizado em atmosferas agressivas. Desvantagem: baixa resistência térmica (T<70ºC). b) Acrílicas: são resinas obtidas a partir dos ácidos acrílico e metacrílico, através de reações químicas de esterificação. São resinas versáteis, podendo ter elevada elasticidade, ou, então, certos tipos podem ser tão rígidos que admitem usinagem. Devido a sua grande resistência à decomposição pelos raios ultravioleta, bem como resistência a óleos e graxas, quando Tinta líquida Evaporação de solventes líquida Película seca Resina líquida Pigmento Solvente incorporadas em formulações com outras resinas, conferem ao conjunto todas essas propriedades. c) Borracha Clorada: A borracha clorada é uma resina obtida por cloração da borracha natural e é obtida em pó granular branco. É solúvel em hidrocarbonetos aromáticos, ésteres, cetonas e solventes clorados. Como é dotada de alta força de coesão entre as moléculas, há necessidade da incorporação de um plastificante compatível a fim de melhorar a adesão da película. Propriedades: boa resistência a produtos químicos; boa resistência à umidade; baixa permeabilidade ao vapor d’água e são não inflamáveis (película seca). Desvantagem Sob a ação da radiação UV, ela possui a natural tendência de se decompor, com liberação de ácido clorídrico. d) Betume, asfaltos e alcatrão de hulha: Betumes e asfaltos, resíduos da destilação do petróleo, são predominantemente constituídos de hidrocarbonetos alifáticos e os alcatrões de hulha provenientes da destilação seca do carvão mineral são predominantemente constituídos de hidrocarbonetos aromáticos. O asfalto, proveniente da destilação do petróleo, sofre primeiro um processo de oxidação a altas temperatura, que o torna mais solúveis em solventes convencionais, bem como para tornar a película mais elástica. Os asfaltos e alcatrões apresentam como característica principal grande resistência aos agentes químicos e à água. Todavia, para que haja uma melhora não só quanto à adesão, mas também quanto à dureza da película, resinas sintéticas, tais como alquídicas ou fenólicas, são comumente incorporadas nas formulações. Uma das combinações de maior utilização no campo da proteção anticorrosiva envolve a mistura de resinas betuminosas, mais precisamente o alcatrão de hulha, com resinas epoxídicas. Nesses caso, temos as chamadas tintas à base de alcatrão de hulha-epóxi que, além da excelente resistência à umidade, apresentam boas propriedades mecânicas e boa resistência química. São usadas em revestimentos de tubulações enterradas e revestimentos de estacas, de píeres de atracação, na parte sujeita à atmosfera marinha, com ótimos desempenhos. Apesar de suas excelentes propriedades anticorrosivas, as resinas betuminosas, devido à sua elevada toxidade, estão tendo seu uso reduzido, sendo que, em alguns países, vêm sendo evitadas na composição das tintas. 2. Resinas/Tintas que Formam Película por Oxidação : Nesse tipo de mecanismo, a formação da película ocorre através da reação química da resina como o oxigênio do ar. Obviamente que a evaporação do solvente é uma etapa importante no processo. Entretanto, a reação com o oxigênio do ar é fundamental para que a película se consolide e proporcione as propriedades físico-químicas desejadas. - Óleos Vegetais: os óleos vegetaistêm se destacado ao longo de toda a história da indústria de tintas. Nas chamadas tintas a óleo são empregados como veículo fixo único na formulação de tintas. Entretanto, devido a sua secagem lenta e a tendência ao amarelecimento da película, essas tintas estão sendo cada vez menos empregadas. A combinação de óleos vegetais com resinas sintéticas resulta em veículos fixos com melhores propriedades para a fabricação de tintas para os diversos setores da indústria. As tintas a óleo, apesar dos inconvenientes citados, são produtos que conferem uma boa proteção anticorrosiva ao aço em atmosferas não muito agressivas, pois sua resistência química não é elevada. Os óleos de maior uso na indústria de tintas são o óleo de linhaça, óleo de tungue, óleo de soja, óleo de oiticica, óleo de coco e óleo de mamona. 3. Resinas/Tintas que Formam Película através de Reação Química de Polimerização por Condensação à Temperatura Ambiente A maioria das tintas fabricadas com resinas que possuem esse mecanismo é fornecida normalmente em dois ou mais componentes. Estes deverão ser misturados, por ocasião da aplicação da tinta, na proporção recomendada pelo fabricante, sob o risco de sofrer diversos inconvenientes. Ao se misturar os componentes da tinta, inicia-se uma reação química entre eles e a viscosidade ou consistência da tinta irá aumentar gradativamente. Haverá um estágio em que ela não terá mais condições de ser aplicada. Uma vez misturados os componentes, para algumas tintas é recomendável esperar de 15 a 20 minutos antes de iniciar a aplicação das mesmas – este é chamado de tempo de indução. - Resinas epoxídicas ou epóxi: As resinas epoxídicas ou epóxi são um dos mais importantes veículos fixos com que se conta atualmente para um efetivo combate aos problemas de corrosão. Essa importância é derivada de suas boas propriedades de aderência e de resistência química. Além disso, apresentam alta resistência à abrasão e ao impacto. São polímeros obtidos por condensação e podem ser preparados com estrutura e pesos moleculares predeterminados, obtendo-se resinas sólidas (pesos moleculares acima de 900) e líquidas (pesos moleculares da ordem de 380). Elas possuem o característico grupo epoxídico: Uma das resinas epoxídicas de maior interesse para a fabricação de tintas anticorrosivas são aquelas obtidas a partir da reação química de condensação da epicloridrina com bisfenol A (difenil propano). 4. Resinas/Tintas que Formam Película por Polimerização Térmica Neste grupo, estão as resinas/tintas que tem a formação dada por meio do calor. - Silicones: As resinas de silicone são polímeros formados por átomos de silício ligados ao oxigênio e a grupos orgânicos (R) e possuir a seguinte estrutura: R H H R’ O C C R R R – O – Si – O – Si – O – Si – O – – O – Si – O – Si – O – Si – O – O O O R R R R pode ser um radical metil (CH3-) ou fenil (C6H5-). As resinas de silicone com radicais fenil apresentam resistência térmica superiores àquelas com radicais metil. As resinas com radicais metil são superiores àquelas com fenil em termos de dureza, flexibilidade, repelência à água, resistência química, taxa de cura e choque térmico. Muitas vezes há necessidade de se utilizar resinas que tenham ambos os grupos orgânicos citados, para resistir a determinadas condições específicas. Nestes casos, as propriedades finais dos produtos irão depender da quantidade relativa de cada grupo e do grau de substituição. III- POLÍMEROS: Em muitos casos, associados à utilização de equipamentos em meios altamente corrosivos, indicam-se polímeros que são usados sob a forma de revestimentos ou como o próprio material de construção do equipamento. Entre eles, podem ser citados os silicones, os elastômeros, hypalon e ebonite (borracha rígida de estireno-butadieno), plásticos e plásticos reforçados. Os revestimentos com ebonite são bem resistentes à erosão e a meios ácidos, sendo usados como revestimentos internos de tanques. Entre os plásticos mais usados estão o teflon, o policlorotrifluoretileno, o difluoreto de polivinilideno, o polietileno, o poli cloreto de vinila (PVC) e o polipropileno, que podem ser empregados com diferentes finalidades, como para o revestimento de tanques, tubos, válvulas, bombas, cabos telefônicos, etc., Os polímeros apresentam algumas vantagens sobre os materiais metálicos, como peso reduzido, fácil transporte e instalação, resistência a solos e agentes corrosivos, flexibilidade, dispensam pintura e são atóxicos. Entretanto, apresentam limitações como pouca resistência à solventes e à temperatura. - O PVC que é muito utilizado sob a forma de tubos para condução de água potável , também apresenta grande resistência ao ácido clorídrico, daí ser usado para revestimentos em tanques de decapagem ácida, no entanto, é atacado por solventes orgânicos aromáticos, cetonas e solventes clorados. Quanto à temperatura, como muitos dos polímeros usados são termoplásticos, eles têm como fator limitante a elevação de temperatura. Para contornar tal problema tem-se o uso de polímeros inorgânicos ou a esses polímeros podem ser adicionados vidros, materiais cerâmicos, alguns metais, fibra de carbono, etc.
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