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Resumo de Direito Penal

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Resumo de Direito Penal
Roberto Afonso dos Santos
1-Direito penal comum e Direito penal especial
É aquele dirigido a todos os cidadãos, a competência para julgar é da justiça comum. Ex: Roubo praticado por cidadão comum.
É aquele praticado por um cidadão diferenciado, por estar incluso em uma classe diferente. A competência para julgar é de um tribunal especial. Ex: Roubo praticado por policial militar, competência do tribunal militar.
2- Direito Objetivos, e Direito Subjetivo.
O Direito Penal Objetivo é conceituado como sendo um conjunto de normas que são única e exclusivamente outorgadas aos indivíduos, criando assim um padrão de conduta para a sociedade. Dependendo da direção desta conduta (se no caso for uma conduta transgressora), uma sanção será aplicada. O que deve ser fixado é o fato desse direito ser um agrupamento de normas. 
O Direito Penal Subjetivo (Jus Puniendi) é uma esfera onde o poder estatal é enfatizado, assim como sua titularidade e exclusividade de aplicar as penas. Nessa direção, concluímos que o Estado é o único que possui o famoso ius puniendi (direito - punir), ou seja, somente o Estado tem o direito de punir. Simplificando mais o conceito, podemos entender direito penal subjetivo como o poder do Estado de aplicar o direito penal objetivo.
Sintetizando ainda mais:
Direito Penal Objetivo: Todo o rigor que coordena Lei
Direito Penal Subjetivo: Aplicação da lei por parte do Estado. Que tem o direito de punir.
3- Direito Substantivo e Adjetivo.
Direito penal substantivo (ou material) é representado pelas normas que definem as figuras penais, estabelecendo as sanções respectivas, bem como os princípios gerais a elas relativos (Código Penal, Lei das Contravenções penais, etc.). 
Direito penal adjetivo (ou formal) constitui-se de preceitos de aplicação do direito substantivo e de organização judiciária
4- Fontes do direito Penal? 
Sabendo que a única fonte direta e a lei, Indiretas os princípios e costumes do direito.
5- Disciplinas fundamentais?
Sociologia, Filosofia e teoria Geral do Direito.
6- Direito Constitucional, processo civil, direito civil, processo penal, direito administrativo, direito penitenciário.
7- Sentenças/ exposição dos fatos
Sentença, segundo o conceito antigo, é o ato do juiz que implica alguma das situações previstas nos artigos 267 e 269, do Código de Processo Civil, ou seja, é a decisão do juiz que extingue o processo sem exame do mérito, ou que resolve o mérito, ainda que não extinga o processo.
8- Ciências Auxiliares?
Medicina legal, psiquiatria, criminalística.
9- Princípios limitadores.
a) Princípio da legalidade: Neste princípio há a tipificação da conduta e a delimitação do crime. A limitação se dá pela redução da discricionariedade na aplicação da pena, fato que ocorria muitas vezes de forma arbitrária e com total abuso de poder.
b) Princípio  da Culpabilidade ou responsabilidade subjetiva: Nesse princípio se verifica a avaliação subjetiva da prática do crime, e não somente a subsunção formal. Se verificar a culpabilidade quando o infrator tinha total liberdade de realização de determinada conduta, porém realizou outra totalmente ofensiva e ilícita.
c) Princípio da Insignificância ou Bagatela: Apesar de haver a violação a um bem jurídico tutelado, essa violação foi de pequena relevância, ou seja, a lesividade foi de pequena monta e ainda não acarretando prejuízos a sociedade. Nele há exclusão da tipificação penal.
d) Princípio da Ofensividade: Para que ocorra a punição penal é necessário que haja ao menos uma lesão ao bem jurídico descrito na norma penal. Não havendo a tal lesividade não há prejuízo social e consequentemente não há crime.
e) Princípio da Intervenção Mínima:  É aquele que enxerga o Direito Penal como a última ratio (última opção), o que significa que o Direito Penal só deve ser utilizado pelo Estado, quando os outros ramos do direito se mostrarem insuficientes e não servirem para tutelar aquela situação e para proteger aquele bem jurídico. Devo associá-lo a dois elementos imediatos:
A)     Direito Penal como Última Ratio:
O Direito Penal é a última alternativa, a última arma, a última saída que o Estado deve utilizar para proteger um bem jurídico tutelado.
B)      Direito Penal como protetor dos Bens Jurídicos Mais Importantes:
Cabe ressaltar, que nem todos os bens jurídicos tutelados normativamente devem ser protegidos pelo Direito Penal. Somente os bens jurídicos mais relevantes é que devem ser tutelados pelo Direito Penal.
f) Princípio da adequação social: Esse princípio mostra a necessidade de se unir a tipificação formal e a “tipificação social”, não bastando a simples subsunção formal, sendo necessário que este crime seja socialmente aceito como transgressão.
g) Princípio da Fragmentação: Este princípio é consequência da intervenção mínima e adequação social. Nele se busca a fragmentação do direito, ou seja, diante de tantas violações e transgressões seleciona-se aquela considerada mais importante e de maior necessidade.
h) Princípio da Proporcionalidade: Antes de se formar e elaborar a lei penal é necessário analisar o fator ônus e bônus, verificando a proporcionalidade entre a restrição e limitação de um direito, de acordo com as vantagens provenientes. Ex: Se o ônus for superior que a vantagem não há sentido na elaboração e aplicação da lei.
i) Princípio da Transcendentalidade: Com este princípio reafirma-se que não há punição de pensamentos, sentimentos e ideais. Para que ocorra o crime é necessário que se transcenda do pensamento para o ato, e ainda que esse ato venha a lesionar terceiros.
j) Princípio da Confiança: Em todas as condutas humanas é necessário haver a confiança no outro, sendo que tal confiança é baseada na realização de atos comuns e normais.
l) Princípio da Personalidade: A pena não passará da pessoa do condenado.
m) Princípio da Humanidade: No ordenamento jurídico brasileiro é expressamente proibida a aplicação de penas cruéis e desumanas.
Esses são os princípios mais importantes que limitam o poder punitivo do estado, ampliando a visão criminal e ainda valorizando o âmbito social e os verdadeiros anseios da comunidade.
10- Vitimologia?
Vitimologia é o estudo da vítima no que se refere à sua personalidade, quer do ponto de vista biológico, psicológico e social, quer o de sua proteção social e jurídica, bem como dos meios de vitimização, sua inter-relação com o vitimizador e aspectos interdisciplinares e comparativos.
11- Escolas Penais?
Três (3) foram às escolas penais que investigaram o direito de punir.
1ª Escola clássica- Que criou a Teoria absoluta. Para os absolutistas pena e igual a retribuição Ex.: olho por olho dente por dente.
2ª Escola positiva- Que criou a Teoria da relatividade pena tem o caráter de prevenção. Prevenção Geral aplicar pena para prevenir toda sociedade, Prevenção especial verificar o melhor remédio à sanção.
3- Escola Mista- Que criou a Teoria eclesiástica. Pena tem caráter de retribuição e prevenção.
12- Teoria Geral da Lei Penal?
Preceito primário: Consiste na descrição da conduta proibida. Ex: Artigo 121 do CP - "Matar Alguém".
Preceito secundário: Consiste na sanção penal, na medida em que decorre da violação do preceito primário. Ex: pena para o crime de homicídio "de 6(seis) a 20(vinte) anos" - do artigo 121 do CP
Leis penais não incriminadoras:
Código Penal Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: 
I - em estado de necessidade;
II - em legítima defesa;
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.
Excesso punível
Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo.
13- Características da lei penal? 
I imperatividade
G generalidade
I impessoalidade
E exclusividade 
A anterioridade
14- leis penais em Branco? 
São leis de conteúdo incompleto, ex. de Binding “São como corpos errantes a procura de uma alma”. 
Homogenia- Ex. CP. Art. 237 – Contrair casamento, conhecendo a existênciade impedimento que lhe cause a nulidade absoluta.
Tenho que buscar no CC. Art. 1521 VII – o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte.
Heterogenia. Ex. lei 11243/2006 neste caso tenho que buscar no Ministério da Saúde. (para saber o que e considerado droga)
15- Lei penal no tempo?
Teoria da atividade e o tempo de crime e que ocorreu a ação ou omissão. 
CP. Art. 4o Considera‑se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado.
I. NOVATIO LEGIS INCRIMINADORA (nova lei incriminadora)
É a hipótese da lei nova que vem a tornar fato anteriormente não incriminado pelo direito penal como fato incriminado, como fato típico. A lei nova que incrimine o praticante de fato que ao tempo da prática não era típico, não poderá ser aplicada, pois é irretroativa. Ao tempo da prática, determinado fato não era considerado crime pelo Direito. Concluímos que a conduta não era socialmente nem legalmente reprovável. Isso premia o princípio da segurança nas relações jurídicas a nosso ver. 
II. ABOLITIO CRIMINIS 
MIRABETE ensina que se trata de aplicação do princípio da retroatividade da lei mais benigna. O Estado, exclusivo detentor do ius puniendi, se desinteressa na punição de determinado fato. Por isso, a abolitio criminis retroage, alcançando o autor de determinado fato, anteriormente tido como típico. Esse deverá ser posto em liberdade (se preso) e sua folha de antecedentes criminais liberta do fato não mais considerado delituoso. O delito desaparece, juntamente com todos os seus reflexos penais (persistem os cíveis). 
III. NOVATIO LEGIS IN PEJUS 
O fenômeno jurídico da novatio legis in pejus refere-se à lei nova mais severa do que a anterior. Ante o princípio da retroatividade da lei penal benigna, a novatio legis in pejus não tem aplicação na esfera penal brasileira. 
Conforme ensina, mais uma vez, MIRABETE: “nessa situação (novatio legis in pejus) estão às leis posteriores em que se comina pena mais grave em qualidade (reclusão em vez de detenção, por exemplo) ou quantidade (de 02 a 08 anos, em vez de 01 a 04, por exemplo); se acrescentam circunstâncias qualificadoras ou agravantes não previstas anteriormente; se eliminam atenuantes ou causas de extinção da punibilidade; se exigem mais requisitos para a concessão de benefícios, etc.”. (grifos nossos) Dentre esses preceitos, podemos acrescentar que, as medidas de segurança também se encontram abarcadas. Medidas que majorem ou agravem as medidas de segurança também não podem retroagir para alcançar fatos pretéritos. As regras sobre medida de segurança são também leis penais. 
IV. NOVATIO LEGIS IN MELLIUS 
É a lei nova mais favorável que a anterior. Essa tem plena aplicação no Direito Penal Brasileiro, prevista pelo Código Penal, em seu artigo 2º, parágrafo único e pela Magna Carta, em seu artigo 5º, XL. Vale dizer que, não importa o modo pelo qual a lei nova favoreça o agente, ela será aplicada a fatos pretéritos a sua entrada em vigor. É a lex mitior. Deverá ser aplicada tanto ao réu em sentido estrito (aquele que está sendo acusado em processo penal) quanto ao réu em sentido lato (sujeito passivo na ação penal, aqueles submetidos à execução de pena e/ou medidas de segurança). 
V. COMPETÊNCIA PARA A PALICAÇÃO DA LEI PENAL BENÉFICA. Conforme a Súmula 611 do STF e o artigo 66, I da Lei de Execução Penal, a competência para aplicar a lei penal mais benéfica é do Juiz de Execuções Penais.
VI. LEI PENAL BENÉFICA EM VACATIO LEGIS. Majoritariamente, a doutrina acolhe o entendimento de que a lei penal benéfica em vacatio legis não pode retroagir. Na prática, não há conhecimento de casos que se discutiu tal possibilidade, sendo puramente doutrinário. 
VII. LEI INTERMEDIÁRIA. É a lei que não é nem a da data do fato nem a lei da época da sentença. É o caso de vigência de três leis sucessivas, em que se deve aplicar sempre a mais benigna, da seguinte forma: quanto ao fato, ela retroage; quanto à sentença, ela será ultrativa. A posterior será retroativa quanto às anteriores e a antiga será ultrativa em relação às leis que a sucederem.
OBSERVAÇÃO: 
RETROAGIR e alcançar fatos passados.
ULTRATIVIDADE e usar a lei já revogada.
16- Principio da territorialidade: O Brasil tem a territorialidade temperada o que compõe o território. 
Segundo o princípio da territorialidade a lei penal só tem aplicação no território do Estado que a editou, não importando a nacionalidade do sujeito ativo ou passivo. Assim, aplica-se a lei brasileira ao crime cometido no Brasil. Art. 5º - CP: §1 e 2.
TERRITORIALIDADE ABSOLUTA
É aquela que dispõe que só a lei brasileira aplica-se sempre ao crime cometido no território nacional.
TERRITORIALIDADE TEMPERADA
Em regra, aplica-se a lei brasileira ao crime cometido no Brasil, regra que não é absoluta, ressalvado os Tratados e Convenções Internacionais, quando excepcionalmente poderá a lei estrangeira ser aplicada a delitos cometidos total ou parcialmente em território nacional. Denomina-se este princípio de intraterritorialidade, quando a lei estrangeira é aplicada no território nacional, de fora para dentro do país.
OBS: O Brasil adotou o Princípio da Territorialidade Temperada (art. 5 - CP).
TERRITÓRIO NACIONAL
Aspecto material – compreende o espaço delimitado pelas fronteiras geográficas;
Aspecto jurídico – abrange todo o espaço em que o Estado exerce a sua soberania.
COMPONENTES DO TERRITÓRIO
i)  Solo – ocupado pela corporação política.
ii)  Rios, lagos, mares interiores, golfos, baías e portos.
iii) Marte territorial (12 milhas marítimas) – onde o Brasil exerce plena soberania. Navios mercantes e militares estrangeiros podem passar livremente (direito de passagem inocente), embora sujeitos ao poder de polícia do Estado costeiro.
iv)  Zona contígua (12 as 24 milhas marítimas) – zona de fiscalização a fim de evitar ou reprimir infrações às leis e aos regulamentos aduaneiros, fiscais, de imigração ou sanitários, no território ou mar territorial.
v)  Zona econômica exclusiva (12 as 200 milhas) – contada a partir do mar territorial, onde o Brasil tem direitos de soberania para fins de exploração e aproveitamento, conservação e gestão dos recursos vivos ou não vivos, águas sobrejacentes ao leito do mar, deste e seu subsolo, além de outras atividades visando ao aproveitamento da zona para finalidade econômica. Para efeito da aplicação penal, não é considerado território nacional.
vi) Espaço aéreo (dimensão estatal de altitude) – É a camada atmosférica referente ao espaço aéreo acima do território nacional e mar territorial (art. 11 – Lei 7.565/1986), onde o Brasil exerce completa e exclusiva soberania ditada por imperativos de segurança nacional.
vii)  Espaço cósmico – o espaço cósmico pode ser explorado e utilizado por todos os Estados, em condição de igualdade e sem discriminação. Não é objeto de apropriação estatal.
viii) Navios e aeronaves – os navios e aeronaves públicos são considerados extensão do território nacional. Quando privados, também, desde que estejam em mar territorial ou em espaço aéreo correspondente. 
17- Lugar do crime
Art. 6º Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir‑se o resultado.
1) Teoria da Atividade (ou da Ação): lugar do crime é aquele em que foi praticada a conduta (ação ou omissão);
2) Teoria do Resultado (ou do Evento): para essa teoria não importa o local da prática da conduta, mas sim, o lugar onde se produziu ou deveria ter se produzido o resultado do crime (adotada pelo CPP);
3) Teoria da Ubiquidade (ou Mista): é a fusão das duas anteriores. Lugar do crime é tanto aquele em que se produziu (ou deveria ter se produzido) o resultado,bem como onde foi praticada a ação ou omissão.
Observação: Sempre que a pena não superar dois anos e usado a Teoria da Atividade.
18- Extraterritorialidade
Art. 7o Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: Sabendo que se uma pessoa for presa hoje e for julgada daqui um ano faz o abatimento da data que foi preso
Legislação especial
 As leis especiais diz uma coisa o código diz outra quem responde? O (art. 12 CP.) responde, sendo que as leis especiais prevalecem.
Art. 12. As regras gerais deste Código aplicam‑se aos fatos incriminados por lei especial, se esta não dispuser de modo diverso.
Art. 7º Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:
Espécie: extraterritorialidade incondicionada
§ 1º Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro.
I– Os crimes: Extraterritorialidade incondicional
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente de República; 
b) contra o patrimônio ou a fé publica da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa de pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; 
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço. Princípio Real, da defesa ou proteção.
§ 2º Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes condições:
II – Os crimes: Extraterritorialidade Condicional
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir;
b) praticados por brasileiro;
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não venham a ser julgados.

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