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Estatística descritiva e indutiva e conceitos básicos Édina Domingues e José Tadeu de Almeida Introdução Você sabia que a Estatística vai muito além das representações de tabelas e gráficos? Nesta aula, você ampliará seus conhecimentos sobre o tema. Para isso, estudaremos a definição de Estatística, seus aspectos históricos e conceitos fundamentais. Objetivos de aprendizagem Ao final desta aula, você será capaz de: • conhecer os conceitos básicos de Estatística; • diferenciar a Estatística Descritiva da Indutiva. 1 Introdução à Estatística A Estatística é uma ciência que se utiliza de metodologias para explicar fenômenos. Por meio dela, dados pesquisados e coletados permitem a comparação, analise e interpretação de diferen- tes situações, que contribuem para a compreensão de um determinado evento. Segundo Crespo (2011, p. 03), “a Estatística é uma parte da Matemática Aplicada que fornece métodos para a coleta, organização, descrição, análise e interpretação de dados e para a utilização dos mesmos para tomada de decisões”. Figura 1 – Estatística Fonte: TaLaNoVa/Shutterstock.com EXEMPLO Ao pesquisar preços, condições de pagamento e taxas de juros para a compra de um bem, você coleta dados, analisa, compara e, assim, toma sua decisão, certo? Estas ações fazem parte das técnicas da Estatística. 2 Aspectos históricos A história da Estatística acompanha a evolução do homem. No Império Romano, por exemplo, eram realizados levantamentos sobre a população. Porém, apenas no século XVIII a Estatística passou a ser considerada como ciência, quando o matemático Godofredo Achenwall (1710-1772) sistematizou processos para organizar os bens e cidadãos de um Estado, e organizou-os para criar um novo ramo científico, com o nome Staatenkunde, que mais tarde passou a ser conhecida por Statistic (em portu- guês, Estatística), determinando seus objetivos e suas relações com as ciências (MEMÓRIA, 2004). FIQUE ATENTO! Note que o termo Estatística tem uma raiz no latim status, ou seja, Estado. Neste sentido, temos que sua vocação inicial em termos de uma disciplina analítica pos- sui raízes na coleta e sistematização de dados para a organização do Estado e seu controle, por meio dos sistemas de governo. Figura 2 – Censos Demográficos Fonte: Festa/Shutterstock.com FIQUE ATENTO! Em países e locais onde o registro dos habitantes não era feito por meio civil, como nos cartórios, o número era calculado a partir do registro de batismos das igrejas (FERREIRA & OLIVEIRA, 2013). Atualmente, a Estatística desempenha um papel fundamental para tomada de decisões e estudo de fenômenos, tanto no âmbito empresarial quanto político, social, entre outros, sobretudo na administração pública. No Brasil, a contagem da população, por meio do Censo, é feita desde o Século XIX (BOTELHO, 2005). SAIBA MAIS! Para aprofundar seus conhecimentos sobre o Censo no Brasil, com informações históricas e dados sobre o último Censo, de 2010, acesse: <http://7a12.ibge.gov.br/ sobre-o-ibge/o-que-e-censo.html>. 3 Conceitos A Estatística faz parte do nosso cotidiano. Assim, os estatísticos utilizam conceitos e termos específicos, apresentados no quadro a seguir, com importantes temas discutidos pela Estatística moderna. Tabela 1 – Conceitos fundamentais de Estatística Termo Conceito Exemplo Universo ou população estatística Conjunto formado por todos os elementos que possuem uma determinada caraterística a ser catalogada e analisada. Ao realizarmos uma pesquisa em uma escola, o universo será todos os alunos que estudam na escola, pois possuem a caraterística ou condi- ção de serem alunos da escola. Amostra É um subconjunto do conjunto universo, ou seja, é uma fração da população estatística, que ser- ve como parâmetro para deduzir o comporta- mento de toda a população. Em uma pesquisa envolvendo alu- nos do Ensino Médio brasileiro, como trata-se de um número muito vasto de alunos, opta-se por pesqui- sar grupos representativos de estu- dantes, ou seja, por uma amostra. Fenômeno estatístico É qualquer evento que se pretenda analisar, cujo estudo seja passível da aplicação de uma técnica estatística, como médias gerais e por população. O número total de presidiários e o número de presidiários por grupo de cem mil habitantes no Brasil. Dados estatísticos São as informações coletadas durante a realiza- ção de uma pesquisa. Para o exemplo anterior, calcula-se o número total de presidiários e o número total de habitantes do Brasil. Termo Conceito Exemplo Variável Dados coletados que podem ser classificados de acordo com seus atributos, isto é, podem ser clas- sificados em variáveis qualitativas (que não são expressas numericamente, baseando-se em ca- racterísticas da amostra) e quantitativas (que po- dem ser descritas numericamente pela amostra). Qualitativas: gênero; cor de cabelo; religião etc. Quantitativas: quantidade de filhos; quantidade de geladeiras que pos- sui cada família; idade; peso etc. Censo É o levantamento e análise de dados estatísti- cos relacionados a uma determinada popula- ção (não necessariamente humana). Censo demográfico; Censo escolar; Censo Agropecuário. Fonte: adaptado de BUSSAB & MORETTIN (2010). Como podemos observar, há diferentes categorias e elementos que compõem uma análise estatística. No quadro, vimos apenas alguns conceitos e técnicas aplicadas pela Estatística para observação, análise e avaliação de um fenômeno estatístico e da evolução das populações. 4 Estatística Descritiva A Estatística pode ser classificada em dois blocos de pesquisa, no que diz respeito à obser- vação dos fenômenos estatísticos, da avaliação das amostras e deduções gerais: a Estatística Descritiva e a Estatística Indutiva. Esta divisão nos permite realizar análises de diferentes tipos de populações e amostras, visando obter referências sobre o fenômeno estatístico a ser discutido. A Estatística Descritiva permite a realização da descrição dos fenômenos de forma resumida. Ela é considerada como a etapa inicial de uma pesquisa, tendo como meta observar e descrever fenômenos da mesma natureza, coletando, organizando e classificando dados numéricos, apresentado gráficos e tabelas dos dados observáveis e realizando cálculos de coeficientes (BUSSAB & MORETTIN, 2010). Segundo Crespo (2011), a Estatística Descritiva é composta das seguintes fases: • definição do problema: o pesquisador definirá o problema a ser estudado e analisará outros estudos realizados sobre o tema. Caso não existam, o pesquisador deverá for- mular o problema com base em seu conhecimento; EXEMPLO Uma empresa que produz cerâmicas percebe que a cada 10 mil peças produzidas, 10% apresentam falhas. Assim, para analisar todas as etapas da produção e en- contrar as possíveis causas dos erros, a empresa contratou um pesquisador. Neste caso, o erro na produção das cerâmicas é o problema a ser identificado. andréramos Realce andréramos Realce • planejamento: nesta fase, determina-se o procedimento necessário para resolver o pro- blema, obtendo-se informações sobre o objeto de estudo e verificando quais os cami- nhos a seguir para obter informações sobre o objeto de estudo. Aqui, organiza-se o cronograma de atividades, estipulando prazos e selecionando as fontes bibliográficas; • coleta de dados: este passo é considerado como operacional, pois envolve a coleta das informações e o registro sistemático dos dados primários (informações obtidas pelo próprio pesquisador) ou secundários (dados provenientes de outras fontes ou pesquisadores). A coleta de dados pode ocorrer de duas maneiras diferentes: direta ou indireta. A coleta direta é gerada a partir de uma fonte direta de pesquisa,como no caso do Censo (entrevistas rea- lizadas junto aos indivíduos). Já a coleta indireta é realizada por dados de outras pesquisas; • apuração de dados: nesta etapa, o pesquisador realiza a tabulação dos dados brutos, ou seja, conta e organiza os dados coletados; • apresentação de dados: os dados deverão ser organizados em tabelas e gráficos: • apresentação tabular: os dados são organizados em linhas e colunas, de forma orde- nada, de acordo com normas fixadas pelo Conselho Federal de Estatísticas (CONFE); FIQUE ATENTO! O Conselho Nacional de Estatística (CONFE) regulamenta a profissão de estatístico. • Apresentação gráfica: os dados são sistematizados de forma a gerarem diferentes cate- gorias de análise (para o caso da população, por exemplo, categorias como habitantes de zero a cinco anos, de cinco a dez anos etc.), possibilitando, assim, serem descritos de maneira ilustrativa, por meio de diferentes tipos de gráficos (barras, colunas, linhas etc.); Figura 3 – Gráficos Fonte: Scanrail1/Shutterstock.com andréramos Realce andréramos Realce andréramos Realce andréramos Realce andréramos Realce andréramos Realce andréramos Realce andréramos Realce andréramos Realce SAIBA MAIS! As técnicas da Estatística são aplicadas em outras áreas do conhecimento. Confira o trabalho de Carlos Augusto de Medeiros, do Ministério da Educação (MEC), acesse: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/profunc/estatistica.pdf>. Portanto, a Estatística Descritiva representa a etapa inicial da análise, objetivando a descrição dos dados coletados e utilizando tabelas e gráficos para apresentar os resultados analisados. 5 Estatística Indutiva A Estatística Indutiva refere-se ao processo de generalização das conclusões que o pesquisa- dor faz a partir dos resultados obtidos, ou seja, ele infere as propriedades da parte para o todo, da amostra à população (BUSSAB & MORETTIN, 2010). O processo da indução não é exato, pois o pesquisador pode cometer erros ao selecionar uma amostra. Para a Estatística Indutiva, recomenda-se que o pesquisador use técnicas de amostragem, para que as amostras garantam a representatividade da população estudada. Estas técnicas são: • amostragem não probabilística: a seleção de amostra baseia-se nas decisões do pesquisador; • amostragem probabilística: a seleção de amostra não depende do pesquisador e é aleató- ria. Por exemplo, quando um pesquisador decide investigar quantas vezes o valor “quatro” é obtido em uma série de lançamentos de dados, cujos resultados serão catalogados. 6 Diferenças entre a Estatística Descritiva e a Indutiva A Estatística Descritiva opera com dados e observações bem determinadas, visando estabe- lecer relações e aplicações de técnicas de pesquisa sobre estes dados, como médias, distribuição por classes, entre outros. Para a Estatística Indutiva, o foco reside sobre o tipo e a qualidade da amostra, para que se possa fazer um esforço de análise desta amostra para a população geral, que não pode ser visualizada naquele momento. Por exemplo, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) realiza Censos de toda a população a cada dez anos. Porém, este órgão acompanha, anualmente, a evolução da população e outras características (emprego, renda, padrões de consumo), por meio da PNAD (Pesquisa Nacio- nal por Amostra de Domicílios), que coleta informações sobre uma fração da população geral. andréramos Realce andréramos Realce andréramos Realce andréramos Realce Fechamento Nesta aula, você teve a oportunidade de: • conhecer o termo Estatística; • conhecer os principais conceitos utilizados na Estatística; • compreender o que é a Estatística Descritiva e Indutiva. Referências BOTELHO, Tarcísio. Censos e construção nacional no Brasil Imperial. Tempo Social, v. 17, n. 1, p. 321- 341, 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ts/v17n1/v17n1a13.pdf>. Acesso em: 10 jan 2017. BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O que é Censo. Disponível em <http://7a12.ibge.gov.br/sobre-o-ibge/o-que-e-censo.html>. Acesso em: 10 jan 2017. BUSSAB, Wilton de Oliveira; MORETTIN, Pedro Alberto. Estatística Básica. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. CHAER, Galdino; DINIZ, Rafael Rosa Pereira; RIBEIRO, Elisa Antônia. A técnica do questionário na pesquisa Educacional. Evidência. v. 7, n. 7, Araxá, 2011. p.251-266. Disponível em:<http://www. uniaraxa.edu.br/ojs/index.php/evidencia/article/view/201/187>. Acesso em 10 jan 2017. COSTA NETO, Pedro Luiz. Estatística. 3.ed. São Paulo: Blucher, 2002. CRESPO, Antônio Arnot. Estatística Fácil. São Paulo. Saraiva: 2011. LARSON, Ron. Estatística aplicada. 2. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2007. MEDEIROS, Carlos Augusto de. Estatística Aplicada à Educação. Brasília: Universidade de Bra- sília, 2007. Disponível em <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/profunc/estatistica.pdf>. Acesso em 10 jan 2017. MEMÓRIA, José Maria Pompeu. Breve História da Estatística (Texto para Discussão 21). Brasília: Embrapa Informação Tecnológica, 2004. Disponível em: <https://www.ime.usp.br/~rvicente/JMP- Memoria_Historia_Estatistica.pdf>. Acesso em: 10 jan 2017. FERREIRA FILHO, Aurelino José; OLIVEIRA FILHO, Pedro Affonso. Registros eclesiásticos e car- toriais, fontes e documentação: possibilidades, perspectivas e desafios para as pesquisas em escravidão no Brasil – Triângulo Mineiro – MG. Anais do XXVII Simpósio Nacional de História da ANPUH (Associação Nacional de Pós-Graduação em História), Natal, 2013. Disponível em: <http://www.snh2013.anpuh.org/resources/anais/27/1370111961_ARQUIVO_REGISTROSECLE- SIASTICOSECARTORIAIS.pdf>. Acesso em: 10 jan 2017. TOLEDO, Geraldo; OVALLE, Ivo Izidro. Estatística Básica. São Paulo: Atlas, 2014.
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