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Dialeto gaúcho Dialeto Gaúcho (Gaúchês) Falado em: Rio Grande do Sul ( Brasil) Região: Estado do Rio Grande do Sul e em partes de Santa Catarina e Paraná Total de falantes: aprox. 12 milhões de pessoas Posição: Não se encontra entre os 100 primeiros Família: Indo-europeia 14 - Brasiliense 15 - Serra amazônica 16 - Recifense O dialeto gaúcho (também conhecido como "dialeto guasca") é um dialeto do português falado no Rio Grande do Sul, e em parte do Paraná e de Santa Catarina. Fortemente influenciado pelo espanhol, por força da colonização espanhola, e com influência mais reservada do guarani e de outras línguas indígenas, possui diferenças léxicas e semânticas muito numerosas em relação ao português padrão - o que causa, às vezes, dificuldade de compreensão do diálogo informal entre dois gaúchos por parte de pessoas de outras regiões brasileiras, muito embora eles se façam entender perfeitamente quando falam com brasileiros de outras regiões. Na fronteira com o Uruguai e Argentina a influência castelhana se acentua, enquanto que regiões colonizadas por alemães e italianos mantém as respectivas influências. Algumas palavras de origem africana e até mesmo da língua inca também podem ser encontradas. Foi publicado um dicionário "gaúcho-brasileiro" pelo filólogo Batista Bossle, listando as expressões regionais e seus equivalentes na norma culta. Fonologia[editar | editar código-fonte] A fonologia é bastante próxima do espanhol rioplatense, sendo algumas de suas características o ritmo silábico de fala, a ausência de vocalização do "l" em "u" no final de sílabas, e a menor importância das vogais nasais, praticamente restrita à vogal "ã" e aos ditongos "ão" e "õe". Gramaticalmente, uma das características mais notáveis é o uso do pronome "tu" em vez de "você" (diferente do usado em São Paulo), mas com o verbo na terceira pessoa ("tu ama", "tu vende", "tu parte") porém não é raro ouvir a conjugação do "tu" correta. E no interior do Rio Grande do Sul, outra característica é a ausência de redução da última vogal nas palavras terminadas em "e" (por exemplo "leite", "frente"), diferentemente de outras regiões do país (e da capital Porto Alegre) que trocam o "e" por "i" ("leiti", "frenti"). Vocábulos locais[editar | editar código-fonte] ancinho = rastilho, rastelo, ciscador, catador de folhas apanhar = surra, espancar aprochegar = aproximar-se, chegar perto aspa = chifre aspaço / aspada = chifrada atucanado ou tuquiado = atrapalhado, cheio de problemas ou irritado avio = isqueiro azulzinho = guarda de trânsito baita = grande, crescido; (Se usa em outras partes do Brasil) bagual = excelente, bom, ótimo ou cavalo xucro bergamota = tangerina bochincho = festa informal bodoque / funda = estilingue bolicho = boteco, botequim borracho = bêbado branquinho = beijinho (doce), porém sem coco brigadiano = policial da Brigada Militar (corporação equivalente à Polícia Militar) cacetinho = pão francês campear = procurar, ir em busca de algo cancheiro = pessoa que tem experiência e/ou habilidade em alguma coisa capaz = de jeito nenhum, não, de forma alguma. carpim = meia casamata = banco de reservas (futebol) chapa = radiografia ou dentadura chavear = trancar com a chave chimia = geleia de frutas china = à-toa, mulher chinoca = guria que se pilcha de bota e bombacha ao invés do vestido de prenda, prenda que passou dos 30 anos. chinaredo = bordel; onde fica o chinaredo chinchado = cheio, satisfeito, farto chinelagem = expressão para comportamento despojado, decadente, brega ou desajeitado, ou ainda ato ou objeto de gosto duvidoso ou popular (no sentido de brega). No Nordeste a expressão "fuleragem" tem o mesmo significado. chinelão = pessoa que pratica a chinelagem colorado = torcedor do Sport Club Internacional cuecão = ceroula cuia (para mate) = suporte para a erva-mate cupincha = camarada, companheiro, amigo (Em outras regiões essa expressão também é usada no mundo do crime, sendo sinônimo nesse caso a comparsa, capacho ou jagunço) cusco = cachorro, cão pequeno entrevero = mistura, desordem, confusão de pessoas, briga faceiro = alegre, contente fatiota = terno folhinha = calendário gaudério = homem do campo (gaudério não é sinônimo de gaúcho, como erroneamente dizem) goleira = baliza (campo de futebol) gremista = torcedor do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense guaipeca / guadéra = cachorro vira-lata guaiaca = espécie de pochete de couro guampa = chifre guri = menino, garoto (Se usa em outras partes do Brasil) guria = menina, moça (Se usa em outras partes do Brasil) inticar = provocar lancheria = lanchonete laço = apanhar, surra lomba = ladeira macanudo = forte, encorpado, usado tanto para pessoas quanto para objetos matear = tomar erva-mate melena = cabelo minuano = vento vindo do sul que traz as massas gélidas do Polo Sul negrinho = brigadeiro (doce) pandorga = papagaio, pipa parelho = liso, homogêneo, igual patente = vaso sanitário pebolim = totó, fla-flu pechada = batida (entre automóveis), trombada pedro e paulo = dupla de policiais militares peleia = briga piá = guri, menino pila = palavra regional que dá nome a moeda nacional, no caso o Real (ex: 10 pila, 25 pila - usa-se sempre no singular) pingo ou matungo = cavalo pousar = dormir na casa de outrem prenda = mulher do gaúcho quebra-molas = lombada rabicó = gominha de cabelo remolacha = beterraba roleta = catraca rótula = rotatória, redondo sestear = dormir depois do almoço sinaleira = semáforo talagaço = golpe taura = o mesmo que macanudo (valente) tchê = interjeição que se encaixa em praticamente qualquer frase ou situação (ver "Interjeições típicas") terneiro = bezerro topinho = lacinho; laço trava = freio, breque tri = prefixo que significa "muito" (ex.: tri legal, tri bonita), ou simplesmente "legal" (ex.: é tri) veranear = passar o verão vivente = criatura viva, pessoa, indivíduo xavante = torcedor do Brasil de Pelotas xiru = índio ou caboclo. Na língua tupi quer dizer "meu companheiro" xis = hambúrguer Expressões locais[editar | editar código-fonte] aguentar o tirão = suportar as consequências ou uma situação difícil andar pelas caronas = andar mal, estar em dificuldade arrastar a asa = enamorar-se bem capaz = ênfase na negação. botar os cachorros = xingar, ofender alguém dar com os burros n'água = dar-se mal, ser mal sucedido deitar nas cordas = fazer corpo mole de rédeas no chão = entregue, submisso, apaixonado de valde = de balde, em vão de vereda = imediatamente, já é tiro dado e bugio deitado = acertar de primeira; ter certeza do que faz entregar as fichas = ceder, concordar estar com o diabo no corpo = estar furioso, insuportável faceiro que nem gurí de calça nova = muito contente, alegre faceiro que nem gordo de camisa nova = o mesmo do item anterior faceiro que nem égua de dois potrios = o mesmo do item anterior frio de renguear cusco = frio tão intenso que pode deixar um cachorro mancando índio velho = camarada ir aos pés = fazer as necessidades na patente juntar os trapos = casar, viver junto lamber a cria = mimar o filho lagartear = ficar sem fazer nada, ao sol matar cachorro a grito = estar sem dinheiro, estar na miséria, viver com dificuldade me caiu os butiá dos bolso = ficar de queixo caído, espantado meter a viola no saco = calar-se, desistir, acovardar-se morar para fora = morar no campo (fazenda, sítio ou vila pequena) na ponta dos cascos = pisando em ovos/ preparado, pronto - na ponta dos cascos - refere-se a cavalo que está pronto para corrida (favorito) no mato sem cachorro = em dificuldade, em apuros olhar de cobra choca = olhar dissimulado se aprochegar = chegar mais próximo, se acomodar sentar o braço = surrar, espancar, esbofetetar, bater terneiro guacho = tomador de leite tunda de laço = apanhar Interjeições típicas[editar | editar código-fonte] Bah! = Puxa!, Nossa!, Que coisa! - é primariamente, uma interjeição de espanto, mas pode ter outros usos, como, por exemplo, mostrar hesitação ao iniciaruma frase. Tchê! = Expressão utilizada para enfatizar a oração. Assim como Bah pode ser utilizado para muitas coisas, como por exemplo, Tchê, ganhei na loteria!. Mas que barbaridade! = Que coisa! - é uma interjeição que indica indignação. Capaz? = É mesmo?, Imagina! - indica espanto e dúvida ao mesmo tempo quanto ao que a pessoa acabou de ouvir. Bem Capaz! = Com uma entonação típica, significa "De jeito nenhum". Que tri! = Que legal! A la pucha! = Interjeição de surpresa que enaltece o que se escutou, como por exemplo, Mas a la pucha que pala bela! Algumas comparações[editar | editar código-fonte] Na Cidade de São Paulo: Você pegou algumas frutas? No Rio Grande do Sul: Tu pegou algumas frutas? Na Cidade de São Paulo: Que "moleque" rápido! No Rio Grande do Sul: Mas que "guri" ligeiro esse! Há diferenças também nas próprias regiões do Rio Grande do Sul, por influência da colonização: Na cidade de Porto Alegre: Bah! Tu viu que o cara cuspiu no chão? Na cidade de Pelotas: Bah! Tu viste que o cara pulou a cerca? Outras variações[editar | editar código-fonte] No Rio Grande do Sul, além deste dialeto, fala-se também o Riograndenser Hunsrückisch, outro dialeto falado entre os colonos alemães e também o Talian, falado pelos colonos italianos. São considerados dialetos nativos, uma vez que, embora provenientes de idiomas exóctones (alemão e italiano), se desenvolveram no Rio Grande do Sul. Regionalismos O Brasil é um país com um território amplo e mesmo assim ainda possui uma língua única. Além de contribuir para uma grande diversidade nos hábitos culturais, religiosos, políticos e artísticos, a influência de várias culturas deixou na língua portuguesa marcas que acentuam a riqueza de vocabulário e de pronúncia. É importante destacar que as diferenças na nossa língua não constituem erro, mas são consequências das marcas deixadas por outros idiomas que entraram na formação do português brasileiro. Entre esses idiomas estão os indígenas e africanos, além dos europeus, como o francês e o italiano. A influência desses elementos presentes em cada região do país, aliada ao desenvolvimento histórico de cada lugar, fez com que surgissem regionalismos, isto é, expressões típicas de determinada região. Essa variedade linguística pode se manifestar na construção sintática – por exemplo, em algumas regiões se diz "sei não", em outras "não sei", mas a grande maioria dos regionalismos ocorre no vocabulário. Assim, um mesmo objeto pode ser nomeado por palavras, diversas, conforme a região. Por exemplo: no Rio Grande do Sul, a pipa ou papagaio se chama pandorga; o semáforo pode ser designado por farol em São Paulo, e sinal ou sinaleiro no Rio de Janeiro.
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