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Oquee editora Wolfgang Knapp Pam Paqwi/aタque /em 。 Pa融o dos /ivros. Introdu辞o O que 6 uma editora? A resposta, Certamente, Varia de acordo com a pessoa consultada. Um JOVem POeta, Ou um Cientista, nO inicio de ● sua carreira, PrOCura uma editora. E a prlmeira porta para a g16ria, a fama, a Celebridade. A editora recusa o manuscri- to. Enfurecido, O autOr aCu§a-a de ser administrada por bu- rocratas retr6grados. Esta fadada a perecer. Perdeu a chance de renovar o mundo atrav6s de sua obra! Um dia, O JOVem POeta Publica seu prlmeiro livro. Mas a§ Vendas nao correspondem a sua expectativa. Ele passa en- t奮o a suspeitar da capacidade de comunicacao da editora com os leitores. Pior: aS Vendas foram excelentes, ele e§ta CertO disso. Mas a editora lhe sonega os direitos autorais. Finalmente, O eSCritor faz suce§SO. Seu livro esta em to- dos os postos, Publicam artigos a seu respeito, eSCreVem-1he cartas de incentivo e agradecimento, COnVidam-nO Para COn- ferencias. Sua conta bancalia engorda um pouquinho. A edi- tora 6, agOra, em Sua OPlnlaO, uma quadrilha de expIoradores q半retem para si noventa por cento de seu trabalho. Quanto nao estaria perdendo? Essas diferentes vis6es sobre a editora s肴o extremas e par- ciais. Tanto sabem os editores que eles n肴o vivem sem os au- tores, COmO eSteS deveriam saber que precisam das.editoras. Mas ha vis6es parciais tamb6m do outro lado: daqueles que s昌o a segunda razao de ser das editoras - OS leitores, OS uSua- rios, OS intermedidrios. Os compradores consideram o livro caro - POrque O edi- tor quer lucrar demais. Os educadores acham que o livro de que necessitam para鋤as aulas nunca e publicado. Entao, Xe- rocam pagmaS daqul, CaPitulo§ dali, e OS COmPlementam com apostilas extraidas de um livro com citac6es de outros. As- 63 Sim, aCabam por encarecer o queja est各publicado. N肴o usan- do estes livros, OS educadores reduzem as tiragens. Rouban- do textos alheios, desestimulam autores e editores e acabam POr n肴O ter de onde coplar. Os pais de alunos se queixam dos precos e das peri6di- CaS mudancas de conte心do, Sem COmPara-los, e Claro, COm 64 ???ー?? ???ー?? ?? ????????? ? ???? OS COnCOmitantes aumentos da mensalidade escolar, do ma- terial "do did各tico e do novo modelo de uniforme. Os politicos fazem campanha contra o alto preco dos li- VrOS (n“nca do e平no); advogam a estatizac負o do livro di- datico (nao do en§lnO), talvez por que seus鮒hos freq心entem escolas particulares. Os jomalistas se calam. Raramente falam deste ramo que e um pouco inddstria, um POuCO COm6rcio, que faz parte da Cultura e, Obviamente, influi na educac肴o. O resultado do trabalho do editor intervem e influi em quase todas as atividades da vida: atraVeS do livro de lazer e infantil; do livro didatico e do tecnico; do livro de arte e da cartilha; do livro religioso e do livro de polftica. Parece importante, POIS, Saber de onde vem, COmO e quem faz este produto; que emPreSa e eSSa que re心ne pensa- mentos, ideias e projetos e os transforma em livros, divul- gando-OS e Oferecendo-OS aO mundo. Sim, O editor tem algo de banqueiro: eSt各bancando um empreendimento, S6 que sua garantia nao e real, maS ideal. Tem algo de prestador de servICO, m6dico, advogado, PSICO一 logo: POrem, Se O Seu SerVICO nfo presta, e ele quem se preJu- dica e n肴o o paciente ou o cliente. Tem algo de industrial: ele transforma a materia-Prima (PenSamentOS) em produtos acabados (livros); PrOduz ou faz produzir em quantidades in- dustriais. Mas o valor material do seu produto e determina- do pelo conte心do intelectual. Tem algo de comerciante tamb6m: PrOCura Obter lucro de sua atividade. Mas muitas VeZeS ele vive do que南o vende, daqueles livros que lhe d肴o fama, que traZem nOVOS autOreS e PreStigiam o programa edi- torial. Esquematicamente, a func肴o do editor pode ser apresen- tada assim (Vide esquema a pagina 64): Editar livros e um千 atividade quase malS maluca que escreve-los. O editor precl- Sa de uma vasta bagagem cultural. Mas dificilmente serまum academico. Muito menos um especialista, a n肴O Ser COmO hobケy. Ser editor e sempre gratificante: Se um livro vende bem, ha a satisfac各o do reconhecimento e da recompensa fi- nanceira; e quando nao, ha sempre a satisfac肴o de ter feito um bom livro. O editor participa intensamente da vida cultural e inte- lectual. Incentiva a elaboracao de manuscritos, a Sistemati- ZaCaO de ideias, a tranSformacao de palpites em projetos. E um mensagelrO entre PrOdutos e consumidores de bens cul- 65 turais. Mas raramente ele mesmo produz estes bens. Este li- VrO aPreSenta uma brevissima hist6ria da edicao. Da uma ideia do caminho que um manuscrito percorre, desde o momento em que chega as m負os do editor e deste, Jq em forma de li- VrO, aS maOS do leitor. E o que est各ocorrendo agora. 66 Editora e sociedade Toda pessoa alfabetizada teve in心meros contatos com O reSultado do trabalho das editoras: - Cartilhas e outros livros didaticos auxiliaram sua alfabeti_ ZaCaO e aCOmPanharam sua forma辞o escolar no prlmeiro e Segundo graus; - durante sua formac各o profissional e nos cursos universi- tatios, O livro foi o veiculo dos conte心dos assimilados e a ba- Se de toda aprendizagem; - rOmanCeS, nOVelas, biografias, relatos nos distrairam, am- Pliaram nossos horizontes, aPrOfundaram nossa vivencia es- Piritual; - nOSSOS COnhecimentos do pa§Sado sao guardados em li- VrOS, PrOdutos de editores, SeJa na area da Hsica e da litera- ● tura, da qulmlCa e da hist6ria, medicina ou filosofia. At6 as informac6es de apostilas, de xerox, de radio e TV, educati- VOS Ou naO, S肴O PrOduto indireto, POrque COPiados, eXtraト dos ou inspirados em livros tomados p心blicos e acessIVelS POr editoras; - tOda informac肴o que pretende ser duradoura, reCuPera- Vel e reconsultかel passa pela palまvra impressa ou e guarda- da de outra forma por um intermedidrio que se chama editor. As editoras sao, POrtantO, instituic6es que influem no que sabemos ou podemos saber. Os editores praticamente for- mam nossa op宣nlaO, POrque filtram, POr gOStO PeSSOal, juizo PrOPrlO Ou formacao e por forca de seu programa editorial, as informac6es que recebem, tranSmitindo aquelas que jul- gam importantes. Para garantir variedade de informacao, diversidade de OPlnlaO, multiplicidade de orientacao; Para que, desta for- 67 ma, tOdo tipo de mensagem e conte心do possa ser publicado e divulgado, 6 necessalio que muitas editoras trabalhem: edi- toras de poderes p心blicos c de universidades c particulares c de partidos polfticos c de organizas6es. Editoras grandes, m6- dias e pequenas. Quando alguin quer limitar o n心mero de edi- toras・ lnVentar um regulamento e平Cffico da atividade, reduzir COnCOrr台nCia, Privilegiar algum tlPO de editora, Cuidado! Serま que nfo quer filtrar sistematicamente as oplmOeS que COnSidera indesejまveis? Os que sabem do poder do pensamento divulgado, OS que COnhecem a influ錠cia da palavra lida e observada, desde os tem- POS dos prlmeiros livros, tratam de mant糾os a seu servISO. Ba- julam os escritores e editores ou proibem a publica車O de obras. Promulgam indices de livros proibidos (como o h庇* /ibro- rz‘m prOhibitorum), queimam livr?S em fogueiras・ etC. Tam- b6m neste sentido n肴o h各muita coISa nOVa SObre a terra. ‥ Para avaliar o papel e a importancia sociocultural das editoras, imagmemOS que OS livros sagrados, COmO a Biblia, nunca tivessem alcancado a forma escrita. Ao contrdrio, ti- VeSSem Sido transmitidos somente oralmente. ImaglnemOS que hoje existissem apenas fragmentos deles armazenados em COmPutador, fugazes, reCuPeraVeis, maS naO disponiveis co- mo cabedal de ideias sobre as quais se pode pensar, meditar, especular, Sentir, rePetir, aPrOfundar; Ou que OS livros sagra- dos tivessem chegado a forma escrita,maS naO tivessem sido divulgados em milh6es de exemplares, maS aCOrrentados - 1iteralmente - COmO O era a Biblia nos mosteiros medievais: COmO Seria estatica nossa sociedade! Imagme-Se O Obscurantismo e as possibilidades de ma- nlPular as ideias e as massas, quando o saber e privilegio de POuCOS que O POdem transformar, dosar, lnVerter, uSar aO arbitrio. Nao e necessalio imaglnar. Lembremo-nOS aPenaS: antes da vulgarizacao da informacao - POSSivel gracas a im- PreSSaO - e da divulga(誇O em maSSa desta informacao, aS ideias do te6logo tcheco Jan Hus podiam ser suprimidas. O homem foi queimado sem maiores problemas para os pode- rosos do seu tempo. Pouco mais de cem anos mais tarde, aS id6ias de Lutero divulgavam-Se Pela palavra escrita, interme- diada por impressores-editores. E nem imperador, nem Igre- ja tiveram poder de parar a emancIPa辞O das massas pelo Saber. Galileu Galilei teve de abjurar e Giordano Bruno foi queimado, nfb porque diziam que a Terra glraVa aO redor do Sol - isto os astr6nomos sabiam desde CopernlCO quaSe 68 Cem anOS anteS -, maS POrque eles divulgavam seus conhe- Cimentos em lfngua vern各cula, inteligivel ao povo e imprlml- Vel. Mas esta informac肴o nao era mais controlかel - COmO O foi a de CopernlCO. E, COmO Ja Se Sabia, anteS de Galileu, que a Terra nao e o centro do universo, tambem antes da di- Vulgacao dos conhecimentos era sabido que os livros sagra- dos podiam ter diferentes interpretac6es. No mundo ocidental este saber n肴o teve efeito dramatico, COntrOlado que era pe- los concilios, ate que editores puderam difundir as oplnlOeS diferentes. O saber escapava ao controle de poucos. A Revolucao Francesa e inimaging高el sem os encicIope- distas, CuJaS ideias se divulgaram em livros escritos por eles e editados e distribuidos por seus editores. A funcao cultural, SOCial e econ6mica do editor 6 a de Ser intermedialio entre o escritor com uma ideia e um p心bli- CO que POSSa aPrOVeita-la. Mas “ser editor tambem e impor ao p心blico id6ias e valores aos quais este p心blico resiste’’, CO- mo disse Samuel Fischer, editor de grandes escritores, COmO Ibsen e Thomas Mann, J. B. Shaw e Arthur Schnitzler, Franz Kafka e Gabriele D,Annunzio. 69 Uma profiss肴o de dois mil anos EtimoIogicamente, editar vem de parir, dar a luz, tOr- nar p心blico. E neste sentido que hoje o termo 6 usado para aquelas empresas que tomam p心blicos pensamentos, COnhe- Cimentos, id6ias, t6cnicas, etC., em forma impressa (Ou gra- Vada), em Varias c6pias. Por isso, radio, TV, CurSOS, eSCOlas nao entram neste conceito, aPeSar de tamb6m tomarem p血 blicos id6ias e conhecimentos. Os prlmeiros editores de livros foram as “editoras cleri- Cais’’da Sum6ria, da Babi16nia e do Egito. No terceiro mile- hio antes da nossa era, Publicavam-Se tabletes de argila (Placas finas de tijoIos) em s6rie, COm reZaS e elogios mortudrio§. Es- tas reproduc6es eram vendidas aos fieis. Eram edic6es que hoje se situariam entre o /めrmw雄rio 。 Ser preenChido pelo WS"drio (POrque naS reZaS/elogios havia lugares reservados Para “PerSOnalizar’’o “livro’’) e o livro, COmO O entende- mos hoje. Como se ve, a ideia das firmas de personalizar as agendas de brinde n肴o e nem muito original nem muito recente. Sabemos de formas organizadas de fabricar livros, Ou Seja, de editar textos (e nao formuldrios), em alguns tempIos da Babi16nia. La ja existiam escrit6rios de copistas. Sabemos que os livros existiam antes - a Palavra latina /ibro e a gre- ga bib/os querem dizer cortica de arvore. Isto slgnifica que este material era usado primitivamente como suporte de le- tras, Silabas, Palavras a serem publicadas. Mas nao sabemos Se eram生c6pias血icas’’, Ou Se foram feitas tiragens maio- res com a intervencao de um intermediatio (editor). Editores - na aCePCaO mOderna da palavra - eXistem no mundo ocidental desde o tempo do Imperio Romano. Ci- CerO (104-43 a.C.) menciona vdrias vezes sua satisfac肴o por Saber que seus textos podiam ser lidos e encontrados em to- 70 do o mundo (romano, eVidentemente). A outras tantas, agra- dece a seu editor a fama que adqulrlra nO mundo conhecido da 6poca. Ovidio (43 a.C. - 17 d.C.), meSmO desterrado no mar Negro, COnSOla-Se Sabendo que era o escritor mais lido no universo /`セt ;n /OtO p/書証mws orbe teor’与 Para que isto fosse possivel, era neCeSSdrio que os livros tive§Sem tiragens relativamente grandes e que houvesse um Sistema de distribui辞o adequado. Hordeio (64-8 a.C.) conta que, graCaS a9S eSforcos de SeuS editores, SeuS livros foram vendidos na Africa e na Es- Panha, na G各lia e na Grecia. Esta distribuic肴o era comercia- 1izada sistematicamente, COmO Se POde deduzir das obser- VaC6es do autor que diz que seus editores ganham dinheiro COm eStaS Publicac6es. Naquela 6poca, a forma de publicac各o eram rolos de pa- Piro - uma maSSa PrOduzida da planta de mesmo nome (ar- busto de pαryrO亘). S6 entre os §6culos I e IV de nossa era esses roIos foram pouco a pouco substitufdos pelos負c6di一 CeS,’; eSteS C6dices tinham Ja a meSma forma de apresenta- 辞O do livro de hoje. Antes dos roIo§ de paplrO e das “folhas’’ de pergaminho, ja havia um precursor da forma exterior do nosso livro: desenho sobre argila. Na epoca dos romanos, a edicao de um livro, Ou SeJa, ● a multiplica辞o de wm texto em valias coplaS, era feita por escravos letrados. Eles escreviam os textos conforme lhes eram ditados. E esta a raz肴o dos precursores dos erros “tipogran- COS’, em muita§ destas edic6es. Alias, O Pr6prio Cicero queixava-Se destas deturpac6es de seus textos, ate enCOntrar o grande editor e amlgO Tito Pomp6nio Åtico que sabia evi- tar os erros do白malditado" ou負mal-entendido". Depois dos editores da Antiguidade, a PrOfiss肴o sumiu durante seculos. Os livros continuaram sendo copiados, SO- bretudo nos mosteiros. Mas raramente, e S6 excepcIOnalmen- te, eram COmerCializados. Eram coplaS Para uSO PrOPrlO. Entramos na 6poca do obscurantismo da Idade Media, COm a elitizacao do conhecimento. Somente no seculo XII, COm O SurglmentO das universi- dades, reaPareCeu uma eSP6cie de editor. Os estudantes pre- Cisavam de textos. O responsg高el pelo provimento desse§ textos era o statわna万ws. (Ainda hoje, em ingles, `擁otわnaル’’ Significa loja de papeis, impressos, etC.) Mandava copiar os livros e os emprestava ou vendia aos estudantes. Era respon- Sg高el tambem pela exatid肴o dos texto§. 71 Um precursor do editor de livro sob encomenda foi Ves- PaSiano da Bisticci. Ao n肴o encontrar白no mercado,, os li- VrOS que PreCisava para formar a grande biblioteca do Mosteiro de Sao Lourenco, ele consegulu reuni-la em menos de dois anos, atraVeS do trabalho de mais de quarenta co- PIStaS. Mas os editores em escala白industrial’,, COmO OS COnhe- CemOS hoje, S6 comecaram a desenvoIver-Se aP6s a invencao POr Gutemberg do tipo m6vel e reutilizivel. Gutemberg (1400 (?) a 1468) era ourives de profiss奮o. Nao deixa de ser Curioso que海o tenha sido um impressor quem teve esta ideia, POrque desde quase um seculo imprlmlam-Se COPlaS inteiras, gravadas em negativo em chapas de madeira. Outro fator que permitiu a edicao de livros em escala empresarial foi a introducao do papel, nO Ocidente, a Partir do seculo XIV. O processo de fabricacao do papel foi inven- tado na China, nO SeCulo I da nossa era. Na China imprlmla- Se desde muito tempo. Mas a quantidade inumer短el de pIC- togramas da escrita chinesa impossibilitariam o uso de letras Gutemberg teve a ideia genial de fundir (e n急o mais ta- 1har em madeira) as letras individualmente, em quantidades ilimitadas, Permitindo assim a combinacao de palavras, fra- SeS e PagmaS, Simultaneamente. Mas nao existe nenhum livro com o impresso de Gutem- berg. Para poder desenvoIver sua ideia, ele teve de se asso- Ciar a um capitalista (Fust). E ap6s um pr?CeS!O em 1455 (que ele perdeu), teVe de entregar toda amaqulnarla aO S6cio. Es- te, POr Sua VeZ, aSSOCiou-Se a Peter Sch6ffer, ajudante de Gu- temberg. Durante muito tempo Sch6ffer foi considerado - e se fazia passar por - inventor dos tipos m6veis. A associa- CaO Fust e Gutemberg, e mais tarde Fust e Sch6ffer, POde Ser COnSiderada o berco da edicao moderna. Durante seculos, quaSe tOdos os editores eram editores- impressores, ainda que, Ja em 149l, houve um editor em Augsburgo que publicou quase duzentas obras em gr鉦icas alheias. Os editores-impressores publicavam principalmente au- tores classicos e tratados de teologia, tratados juridicos, tra- tados de medicina, etC., maS tambem livros didaticos. 72 O papel hist6rico da edi鈎O A import盆ncia dos editores-impressores e o uso que fa- Ziam da nova tecnologia disponfvel (PaPel e tipos m6¥′eis) nao POdem se「 exagerados: a Reforma de Lutero nao teria sido POSSfvel sem a imprensa. John Wycliffe e Jan Hus que o di- gam・ John Wycliffe (1320-1384) foi um sacerdote ingles que advogava a reforma da IgreJa e um Carater mais nacional e SOCial da pratica da fe. Jan Hus, Seu discipulo e seguidor, foi reitor da Univer- Sidade de Praga. Como sacerdote e te61ogo, denunciava os abusos e o materialismo do clero da epoca. Suas propostas Para uma reforma da Igreja - inicialmente escritas em la- tim - foram mais tarde formuladas em tcheco. Hus e consi- derado o criador do tcheco escrito. Para defender suas OPlnlOeS foi convidado ao ConcfIio de Constanca. Apesar do Salvo-COnduto do imperador, f‘oi detido. Quando se negou a abjurar, foi condenado a fogueira e queimado. Suas ideias, transformadas em instruc6es para a acao, foram a justifica- tiva de dois discfpulos seしIS Para aS guerraS hussitas. Mas alem de suas id6ias serem deformadas por seus §eguidores - POIS ndo跨tavaIn documentadas e di腸佃a融s em milhares de exemplares -, elas det庇胴'm加movero mundo: Com o fim das guerras hussitas, Sua influencia, Ja reStrita aしIma reduzi- da regi肴o da Europa Central, aCabou. Cem anos mais tarde, M観由nho Lutero, retOmando as ideias de Wycliffe e Hus, e uSando a tecnoIogia da imprensa e os editores da 6poca, reVOlucionou a hist6ria da humani- dade, POrque a Reforma era (e e) muito mais que um assun- to meramente religioso. Da Reforma nasceram as guerras CamPOneSaS, Verdadeiras tentativas de revoluc6es sociais. A 73 Partir dela desenvoIvem-Se O eSPirito critico, a abertura para O mundo, a Curiosidade vital‥. Lutero, COm Sua tradugao da Biblia, do hebraico e do grego para o vern各culo, tOrnOu OS teXtOS aCeSSfveis a toda pes- SOa alfabetizada; Criou com isto um idioma alem肴o心nico, lan?ando as premissas culturais para uma literatura alema e a unificacao da Alemanha. Sua traducao do Novo Testamento Vendeu tres mil exemplares em poucas semanas e teve quase Cem edic6es em doze anos. Seu panfleto負Å nobreza crist肴 da nacao alem肴,, esgotou uma tiragem de quatro mil exem- Plares em cinco dias. A traducao da Bfblia por Lutero foi di- fundida em mais de cem mil exemplares, ainda durante sua vida. ・ ・ Os editores-impressores da epoca eram pessoas de vasta Cultura, muita erudi尊o e grande consciencia profissional. Coordenadores e conselheiros editoriais, que garantiam a qua- 1idade dos textos sまbios, eram do calibre do renascentista Erasmo de Roterda. Livros ainda eram mercadoria cara, aPe- Sar de seu preco ter-Se reduzido muitfssimo gracas a multi- Plicacao dos gr轟icos-editores. Assim, em 1469, O PreCO de um dicionalio de latim, impresso em papel, equivalia ao sa- 1drio anualde um m6dico de uma corte. Poucos anos depoIS O PreCO de livros equivalentes tinha caido em setenta por CentO. O “marketing’’da epoca ′ Os editores-impressores comercializavam seus livros nas grandes feiras ;nd#Str諦お. A mais importante destas feiras era a de Frankfurt, SObretudo por sua localizacao estrategica no fentrO geOgr猫CO da Europa Central・ (Alias, aS editoras- 1mPreSSOraS eStaVam Centradas nas cidades de import含ncia a PrlnCIPIO COmerCial e, mais tarde, industrial. Se estas cida- des tinham tambem universidades, foi porque tanto as uni- VerSidades como os impressores-editores eram atraidos pela inddstria. Sozinhas, aS universidades nao sustentariam os editores-impressores.) Nestas feiras, OS editores-impressores trocavam seus li- VrOS. Inicialmente, eram trOCados com base em quantidade, 74 n心mero de paglnaS e formatos equivalentes. Mais tarde - e certamente quando as vendas de alguns livros no “varejo’, nao correspondiam as do livro trocado -, aS bases da troca Se SOfi§ticaram. As trocas eram feita§ em folhas plana§. Estas eram en- tregues em troca de servICO Ou Vendidas a encademadores que as convertiam em livros. E da mesma forma como os impressores-editores precederam os editores de hoje, OS encademadores-1ivreiros s肴o os precursores dos atuais li- S6 a partir da metade do seculo XVIII a troca comecou a ser §ubstitufda pela venda,鱒xando-Se, desde entao, OS Pre- COS de venda ao p心blico. Os descontos sobre estes precos va- riavam entre vinte e叶co por cento (a vista) e dezesseis por CentO (a prazo de selS meSeS - Sem infla辞o!!). A feira de Frankfurt (Cidade imperial e cat61ica) mante- Ve Sua importancia predominante como feira do livro, ate fins do s6culo XVII, quando a feira de Leipzig comecou a ganhar terreno. A causa principal parece ter sido a obstina辞o com que a Comiss肴o Imperial de Livros, formada por JeSuitas, exercia a censura em Frankfurt. Em 1730, O Catalogo de li- VrOS da feira de Frankfurt tinha cafdo para cem titulos/se- mestre, enquantO O de Leipzig tinha aumentado para mais de setecentos titulos. Ma§ aS feiras de livro de Frankfurt (e tambem a de Leip- Zig) continuaram importantes, n都o somente para o interc急m- bio de livros, maS tambem para a elaboracao de bibliografias. O§ enCademadores /ivre話os informavam a seus clientes OS Hvros que tinham visto e/ou comprado na feira atrav6s de catalogos, eXtenSOS e Subjetivos, dependendo da clientela do livreiro, da reglaO Cat61ica ou protestante a quem se que- ria vender, etC. O mais velho destes catalogos data de 1564. Por outro lado; O COnCelho da cidade de Frankfurt te- mia a censura imperial. Para antecipar-Se, POr um lado, a in- tervencao da Comissao Imperial e, POr OutrO lado, a Subjetividade dos catalogos individuais, a PrOPrla Cidade de Frankfurt, a Partir de /597 assumiu a edicao de catalogos COmPletos de /Odds os fルros negociados na feira. Em 1600, OS Catalogos de Frankfurt e Leipzig’editados JuntOS Pela prl一 meira vez, incluiam mai§ de mil novo§ titulos. E a partir do mesmo ano comeearam a §er Publicados catalogos que acu- mulavam os novos tItulos de cinco em cinco anos. 同園 Origem do direito autoral A pr6xima grande evolucao na vida das editoras se deu a partir da metade do seculo passado. Os grandes paises do Ocidente comecaram a introduzir a prote辞o ao direito do autor e do tradutor. Baseadas nesta prote蜜o, aS editoras po- diam realmente “investir’’na producao de um autor e na qua- 1idade de traduc6es, Sem medo de perder o investimento para O Prlmeiro plagiador ou retradutor nao-qualificado. Foi esta legislacao que permitiu o nascimento das grandes literaturas nacionais do seculo passado e o surglmentO das inddstrias edi- toriais fortes nos pafses da Europa Ocidental. (A Uniao So- Vietica s6 recentemente aderiu aos acordos de prote辞o dos direitos autorais.) O proxlmO PaSSO foi dado com a democratizacao do li- VrO, atraVeS dos livros de boIso e dos clubes de livro. Estes dois fen6menos de divulga辞o em massa, de informacao du- radoura e repetivel, COnSegulram tirar do livro um pouco do estigma de instrumento ou artigo para a elite; eStigma que O livro carrega desde quando saber ler era privilegio de pou- COS. O preco do livro, COIocando-O fora do alcance de gran- de parte da populacao, muito contribuiu para proIongarsua fama de inatingivel. No Brasil, a inddstria editorial repetiu, COm a natural defasagem de tempo, OS PaSSOS da hist6ria da editoracao na Europa. Ap6s a Independencia, havia alguns impressores- editores at6 o infcio deste seculo. Foram lmlgranteS, PrlnCl- Palmente franceses como Garnier e alem肴es como L為mmert, que publicaram os prlmeiros classicos da literatura nacional e os prlmeiros livros didaticos. Mas a expIosao das grandes editoras do pafs comecou a partir dos anos 20, COm Monteiro Lobato, que naO S6 se lancou como editor, maS COmO emPreSdrio, PreCurSOr de m6- todos de producao, marketing e distribuic肴o pIOneiros no mundo, maS SerVindo de modelo a outros editores. O esfor- CO foi frutifero: em Cmquenta anos consegulu-Se SuPerar uma dependencia secular. AIcancamos, neSte CurtO eSPaCO de tempo, uma PrOdu- C急O editorial compar短el, quantitativa e qualitativamente (SO- fisticacao grがica, de comercializacao em massa, etC.), a das nac6es com grande tradi辞o editorial. 76 O que o editor nao e Antes de entrar em maiores detalhes sobre o trabalho dos editores, talvez seJa OPOrtunO lembrar o que um editor nao e: gr在fico - aPeSar de haver editores que tambem sao grがicos; ;′7印reSSOr - meSmO que SeJam muitos os editores que nasceram de impressores e mesmo que haja editores que tambdn sao impressores; n高sor, adytador ou coor加nador くね/exto - meSmO que eSta SeJa uma das tarefas de um edi- tor (e a tarefa do cditor ingles - COlaborador do pub/isher, que corresponde ao nosso editor). Tambem sera oportuno delimitar o tipo de editor de que se falar各neste texto. Ser各o editor de livros. N肴o falaremos das tarefas do editor de revistas ou do de jornais. Tambem nessas empresas se trabalha com informa辞o, COm ideias transformadas em textos impressos em papel e distribufdos fisicamente. Mas, geralmente, O tipo de notfcia, informacao Ou ideia a ser transmitida e mais fugaz. O que exlge, POr um lado, uma maior rapidez na transformacao da noticia em tex- to e, POr OutrO, Permite maior tolerancia quanto a forma ex- terior, a eXatidao do conte心do, aO tipo de apresentac肴o (extens肴o do livro, eStrutura, etC.). Essas caracterfsticas tor- nam a editora de revistas uma categoria proprla, dificilmen- te comparavel e definitivamente n肴o enquadrivel na mesma CategOria da editora de livros. O editor de revistas, dependendo do tipo, POderia se co- locar entre a editora de jornais e a editora de livros. Tratando-Se de um texto curto e panoramico, naO Sub- dividiremos as editoras entre as valias especializac6es, ainda que isto seJa um POuCO temeratio. Mas trataremos de men- Cionar aquilo que e comum a todos os editores de livros - Seja de literatura para adultos (romance, nOVela, POeSia); Se- ja de livros didaticos de prlmeiro e segundo graus e de livros 77 Para universitatios; Seja de livros t6cnicos e de livros de arte; Seja de literatura infanto-juvenil. Ali各s, eSte COnCeito e algo duvidoso, POrque uma literatura para crianca tem caracte- risticas pr6pria§ de producfb, linguagem, merCadoIogia, ”a手 keting, enquantO a literatura JuVenil, editorialmente, eSta bem PertO da literatura para adultos. Falaremos, entaO, das caracteristicas comuns destes edi- tores. S6 mencionaremos caracteristicas especiais quando ne- CeSSarlO. 78 Da ideia ao livro Nas editoras iniciantes, O PrOPrlO editor cuida das dife一 rentes fases pelas quais o manuscrito passa ate chegar ao lei- tor. Quando a editora cresce, diferentes tarefas s訊o atribuidas a vatias pessoas. Nas grandes editoras, muitas pessoas cui- dam das determinadas fases do manuscrito, nO Seu Caminho do escritor ate o leitor. Mas em todas elas, O Prlmeiro passo e o exame do conte心do, da ideia, do texto; aP6s esta fase, trata-Se de dar forma exterior a este conte心do e se passa a PrOduc肴o do livro. Uma vez produzido, Vem a Parte COmerCial: O livro re- Cebe um preco que permite uma remunerac肴o adequada pa- ra o autor, Para Pagar O PaPel, a impress肴o e o acabamento, Para garantir os saldrios dos colaboradores e cobrir os riscos do investimento. O livro produzido e com um preeo de ven- da fixado dever各abrir caminho ate o leitor: tem de ser divul- gado, PrOmOVido e distribuido. O conte心do Para que uma id6ia possa ser transformada em livro, ela PreCisa ser fixada anteriormente em manuscrito. E sob esta forma que os textos entram no circuito das editoras. A apresentac肴o do manuscrito facilita sua aceitac負o pe- la editora e garante que o pensamento do autor ser各repro- duzido fielmente. Por falta de clareza nos manuscritos, ha textos antigos e modernos onde, ate hoje, naO Sabemos ao certo o que o 79 autor escreveu. As edic6es criticas tratam de estabelecer o tex- to autentico. Quando os originais dos livros eram literalmente escri- tos a m肴o, um errO de leitura do tip6grafo podia alterar um PenSamentO. Com os manuscritos datilografados nao deve- ria haver problemas. Mas hなDom Carlos Carmelo de Vas- COnCelos Mota, na ePOCa arCebispo de S各o Paulo, Citou num Prefatio que a “fe faz remover montanhas,,. A dati16grafa SeParOu a Palavra化mo-Ver e eSqueCeu O rgmO; a fe ficou ven- do montanhas. Uma apresenta蜜o clara e legfvel do manuscrito aumen- ta as chances de o editor ler o manuscrito. E eventualmente PublicかIo. Fazem parte de uma boa apresentacao: margenS laterais e espacos entre as linhas, Para que Se POSSam incluir comen- tdrios, COrreC6es, aCr6scimos; numera商O das paglnaS, Para que nao haja problemas de sequencla; numera辞O dos textos Para aS nOtaS de rodape (POr CaPftulo); nurleraCaO das ilus- trac6es, gr鉦icos, tabelas com seus respectlVOS teXtOS e indi- CaCaO do lugar onde entram no texto; alguma forma de manter JuntOS PaglnaS, ilustrac6es e outros materiais que fa- 印m parte do manuscrito (PaSta/colagem, arquivador, furos, barbante, etC.) Escolha/selecao/filtragem Um manuscrito recebido passa por valios est各gios antes de ser inclufdo no programa editorial. O prlmeiro passo e ve- rificar se o conte心do do manuscrito corresponde a linha edi- torial. Este exame geralmente e feito pelo proprlO editor ou co- laboradores fixos da editora - COOrdenador editorial, reda- tor editorial, leitor, Ou SeJa, PeSSOaS que mant合m COntatO COm ● OS autOreS e que, JuntO COm O editor, reSPOndem pela “linha editorial’’/programa editorial. Os titulos dados a quem exerce esta funcao variam, POrque nO Brasil nあha uma tradicao editorial estruturada. Grandes intelectuais franceses, COmO Andr6 Gide, Al- bert Camus, Andre Malraux, faziam parte da comiss急o de 80 leitura pela qual passaram todos os manu§Critos que entra- ram na editora francesa Gallimard - a CaSa que, entre Ou- tros, Publicou Sartre e Emst J竜nger, D. H・ Lawrence e Simone de Beauvoir, Georges Simenon e Celine, Raymond Aron e Paul Claudel. Esta linha editorial estabelece-Se intencionalmente (um editor-engenheiro tem mais afinidade e conhecimentos para Publicar livro∵aS dreas de ciencias exatas) ou acidentalmente (um autor.amlgO do editor publica uma obra que tem suces- SO; OS amlgOS deste autor comecam a trazer suas obras); O Perfil das editoras muitas vezes tem vatias facetas: a Brasi- 1iense nao e s6 a editora dos Primeirospassosl, ela tambem Publica ensaios na atea de ciencias sociais, literatura moder- na, livros infanto-juvenlS, POeSla, etC. Esses diferentes perfis muitas vezes s負o agrupados em series como 7l/do G hおt6ria, Encanto mdica4 etc. Mas nem sempre e fatil para a editora definir o tipo de manuscrito que tem em m肴os. Ela poderareceber um que o PrOPrlO autOr declara ser um texto de psicologia para nivel universitdrio, maS que e, na Verdade, um livro popular de aconselhamento (Ou Vice-VerSa). Oswald Spengler (1880-1936) procurava uma editora de textos de filosofia. As editoras de filosofia recusavam seu ma- nuscrito. Finalmente, a editora C.H. Beck (Munique), de li- VrOS juridicos e de cultura geral, Publicou o texto: O ocaso do Oci加nte, um dos grandes be9t Se侮鳩dos anos 20/30. Recentemente, Michael Ende, autOr de livros JuVenis, eS- CreVeu um rOmanCe de #nt側y・ Grandes editoras como. a Klett-Cotta (Stuttgart) examinquam este romance sob o prlS- ma de livro JuVenil. Nao o qulSeram Publicar. Finalmente, a editora Thienemann (Stuttgart), que Publica os livros juve- nis deste autor, menOS POr COnfianca nele como autor para adultos e mais por um compromisso moral, Publicou o ro- mance. Virou bes't Sellかno mundo inteiro, mudando a his- t6ria e as dimens6es desta editora. Doris Lesslng, que e famosa e tem grande sucesso no mundo inteiro, eSCreVeu em 1984 um livro sob pseud6nimo. Mandou o manuscrito para seu agente literdrio e para todas as editoras que estavam publicando as traduc6es de suas Obras. 7bdas as editoras recusaram este “primeiro livro de /嵐ta edi[ora pwb/ico〃 OriginaImen/e a co佃do qz/e Ora O CI7.c!//o do Livro 化ediIa.件. do E.) 81 uma autora iniciante’’. A血ica excecao foi a mesma Klett- Cotta, que n肴O aCertOu COm Michael Ende e que publica Do- ris Lesslng em alem肴o. Obviamente, eSSeS白furos’, nao s各o a regra. E, PrOVa- Velmente, ha autores que, aP6s oferecerem seus manuscritos a dez ou qumZe editores e receberem respostas negativas, naO tem a paclenCla, nem a PerSistencia de um Arthur Schnitzler: ele continuou escrevendo e procurando editora ate se tornar famoso. A editora Fischer, que anteS tinha recusado seus ma- nuscritos, qulS ent負O fazer um contrato exclusivo com ele. Mas, Certamente, ha mais livros estranhos a um programa editorial que viraram encalhe, do que =corpos estranhos,, que Se o conte心do de um manuscrito parece adequado a li- nha editorial, iniciam-Se eXameS mais detalhados: COlabora- dores intemos ou assessores extemos examinam a consistencia do texto; Criticos literalios sao consultados; a editora verifi- Ca aS Obras concorrentes no mercado. No caso de livros di- daticos pesqulSa-Se a COerenCia com os curriculos escolares Ou universitdrios. Procura-Se Saber da originalidade do tex- to. Estuda-Se a Viabilidade econ6mica da publica辞o. Eviden- temente, a rOtina de trabalho 6 diferente para cada tipo de livro. Assim, livros de ficc肴o, ficcao cientifica, livros JuVenis e infantis, biografias, autObiografias s肴o pesquisados (Ou in- tuidos) de forma diferente dos livros de arte, Cientificos, Ou didaticos. Genericamente falando, POde-Se dizer que quanto mais subjetivo o conte心do, menOr O grau de pesqulSa de mer- Cado e maior a intuicao editorial e/ou do editor. Nesta fase, a editora normalmente tambem pede pare- CereS eXtemOS anteS de formar seu pr6prio julgamento. Desta segunda triagem, SObram tres grupos de manus- Critos: Um grupo composto de livros que nao resistem ao exa- me - POr qualidade, enfoque, eXtenSaO - e S蚤O reCuSados. Por qualidade inadequada para um mercado determina- do: O At/俺A加n虎r, da editora Klett, POr eXemPIo, COm- bina informac6es topogrがicas, geOgraticas e s6cio-eCO- n∂micas com uma apresentac肴o gratica esmerada. A editora Abril, que na ePOCa PrOCuraVa CartOgrafia, naO qulS OS ma- PaS deste atlas porque eram “bons, informativos, ricos’’de- mais. Ela tinha bons motivos para isso devido ao mercado e preco que queria atingir. 82 Tambem o eIぴbq"e de uma obra pode n肴o se encaixar na linha editorial de uma empresa. Um livro de filosofia do direito as vezes nao e publicg高el numa editora de filosofia. Um professor, que domina as duas dreas, aChou certa vez que a E. P. U. tinha a obrigac肴o de publicar um texto de filoso- fia matematica aplicada ao direito. Uma serie como esta, P万- meiros pa簿OS, naO POderia incluir textos extensos ou excessivamente didaticos. O segundo grupo inclui os textos aceitos para publica- CaO Sem grandes modificac6es. E ha, finalmente, OS teXtOS COnSiderados publicかveis em PrlnCIPIO, maS que na OPini肴o da editora preci§am de modi- ficac6es, tranSformac6es, COrteS, amPliac6es, eStudos mer- Cado16gicos mais detalhados, etC. Antes de decidir sobre a publica辞o dos textos deste ter- Ceiro grupo, definem-Se aS mOdificac6es que a editora julga necessまrias. Estas s肴o, ent肴O, PrOPO§taS aO(s) autor(es) e dis- cutidas. Eventualmente, Chega-Se a um aCOrdo. O dialogo edi- tor/autor 6 uma das tarefas mais grat揃cantes do editor. O autor participa com seus conhecimentos especificos, Seu ta- lento, Sua insplraC各O. O editor colabora com sua experien- Cia, Seu COnhecimento de outros autores, da literatura espe- Cffica, do mercado, da distribuic肴o, da producao do livro, dos custos, etC. O editor pode propor desde um simples reordenamento da seq蒔ncia do texto ate uma reestruturacao do conte心do, O que Significa ds vezes quase a elabora辞o de um novo ma- nuscrito. As propostas de mod揃cacao mais freqdentes se referem a livros de nao-ficcao: mOdifica辞o de linguagem de uma te- Se (de mestrado, doutorado, etC.), POr eXemPIo, em lingua- gem de texto geral, incorporando informac6es de rodap6 no texto, Simplificando a indicac肴o de fontes, desespecializan- do o vocabulatio; Ou a PaSSagem de uma linguagem coIoquial (Palestras, aPOStilas, anOtaC6es de aula) para linguagem es- Crita, aCreSCentando sumalio§, bibliografia, eStruturando o texto em partes, CaPitulos, etC., incluindo indices de nomes, de assuntos, e aSSim por diante. Ou se prop6e a inclusao, eX- Clus肴o, mOdificacao ou complementac肴o da parte ilustrativa (tabelas, quadros, desenhos, eSquemaS, rePrOduc6es). Nos livros de ficcao, aS SugeSt6es da editora podem ir da simples verifica晦o de coerencia extema (POr eXemPIo, da- tas, aCOnteCimentos, horatios, lugares) ou intema (PSico16- 83 gica・ idades’P?rSOnagenS)・ ate O aCOmPanhamento detalha- do do manuscrltO’indicacao de cortes, discuss都o da possibi- 1idade ou viabilidade de se dividir manuscritos em vatios livros, eXClusao de partes do texto. Um caso famoso e o bestse椎r de Thomas Wolfe, Look Ht)meWard, Ange/. Eram dezenas de milhares de paglnaS ma- nuscritas (賞iteralmente escritas a m肴o), eruPC6es de vitalida- de desorganizada. S6 se transformaram em livro publicg高el gracas as modificac6es sugeridas por Perkins, O editor da Scribner. Perkins, alias, Cuidou de toda uma geracao de fic- Cionistas norte-americanos como HemlngWay e Scott Fitzge- rald・ Tambem organizou antoIoglaS e livros de nao-ficcao. Sugeriu as linhas de acao contfnua, a tranSferencia para ou- tros livros de hist6rias paralelas, a uniformizacあde perso- nagens: Wolfe, nO decorrer do manuscrito, tinha lhes dado Vatios nomes, idades, ParenteSCOS. A critica literalia achou que o livro era quase o resulta- do de uma co-autOria (alguns criticos viram o livro nascer nos encontros di証ios de Wolfe e Perkins, num Ca掩de literatos de Nova York). O pr6prio Perkins nupca pretendeu algo co- mo “co-autOria’’, ghost-Writer ou coISa PareCida. Simples- mente tinha cumprido seu papel - tal como o entendia. Tanto assim que nunca publicou um livro proprlO. Wolfe, de qual- quer forma, ficou sensibilizado e mudou de editora. Nunca mais consegulu eSCreVer livro lgual ou parecido. Tinha ge- nialidade, maS lhe faltava disciplina. Quando Thomas Mann, Premio Nobel de literatura, en- Viou o manuscrito do seu prlmeiro grande romance - Os B〃視たnbrooks - a Seu editor, S. Fischer, eSte COnCOrdou de inicio em publicdrlo. Mas pediu que as mais de mil paginas fossem reduzidas para, nO maXimo, treZentaS e Clnqdenta a quatrocentas pagmaS. Era a extens肴o que, ele achava, Seria aceita pelo p止blico. Thomas Mann - Cu」aS Prlmeiras nove- las curtas tinham vendido bem - insistiu e prop6s uma letra menor, um aumentO da parte impressa da pagma e PaPel mais fino. Finalmente, COnVenCeu Fischer a publicar o livro com- Pleto. Vendeu - nO inicio do seculo - de cara, mais de tre- ZentOS mil exemplares; O SuCeSSO ajudou a consolidara editora Fischer e permitiu a Thomas Mann dedicar-Se eXClusivamen- te a literatura. Thomas Wolfe, HemmgWay, Arthur Schnitzler, Andr6 Gide tinham publicado artigos, eSt6rias breves, COntOS em re- Vistas, anteS de serem convidados a publicar livros ou anto- 84 logias dos proprlOS COntOS・ Aqui ha um outro campo de atua一 CaO do editor: ele insplra nOVelas, PrOP6e temas, Sugere a transformac肴o de colunas de jomais, reVistas, PrOgramaS de r缶dio e de TV em livros, PrOP6e biografias, Oferece ghost- writeIS (escritores profissionais ql農e eSCreVem anOnimamente e coIocam o resultado do seu trabalho a disposicao do “au- tor,,) a personalidades cuja vida pode interessar, maS que n肴O tcriam tempo nem capacidade de escreverem elas理esmas. O重neSmO S. Fischer enviou Hermann Hesse a India pa- ra escrever artigos sobre aquele pafs. Hesse conhecia a India Pelos relatos de seus p糾s, que tinham sido missionatios la. Mas como resultado imediato s6 escreveu um artigo. Muito mais tarde, PrOduziu a novela Si仇iharta, fruto de seu conta- to com a cultura hindu. A viagem ainda influiu na trama e no espfrito do hgo das conta買ねvidro. Arthur Hailey conta que seu editor lhe prop6e temas e fontes de informaやaO Para SuaS nOVelas 44eraporto, Banqwei- ros). Ele cria as personagens e desenvoIve a trama. Se na atea de ficcao o editor d各palpites, COlaboracao, insplraCaO aOS autOreS, nO CamPO de nao-fic辞o e muito mais freqdente que a iniciativa parta de uma editora. Em termos gerais pode-Se dizer que, quantO mais poeti- CO Ou literatio o texto, menOr a intervencao do editor no con- te心do do livro e vice-VerSa: quantO mais tecnico o texto, maior a colaborac各o do editor. Certamente a maioria das biogra鯖as e autobiografias nao Seria escrita sem uma editora que a sugerisse ou enco- mendasse. O autor de De〃S縞, /諦棚/os e sdbios (Ceram) era o coor- denador editorial do grande editor alemao Ernst Rowohlt, que passou a epoca de 40-45 como refugiado do nazismo no Brasil. Ceram se chamava, na Vida civil, Marek e escreveu O livro sob medida para um p心blico que ele vislumbrava. Baseada no sucesso de Dez/SeS, /ま;m〃los e sdbios, a edi- tora Econ encomendou livros analogos /E a bjb/ia /inha m- Zdq). O relativo sucesso provocou a onda D肴niken /Emm os dduses astronaま/taS? - nO Original alem肴o publicado pela Pr6pria Econ) que, POr Seu lado, inspirou editores a enco- mendarem e financiarem livros com tema e estilo semelhantes. Na drea de ciencias puras, OS editores procuram contato COnStante COm institutos de pesqしIISa, Organizadores de con- gressos cientificos, JOrnadas, aSSOClaCOeS PrOfissiona量S, SO- Ciedades especializadas, Para Publicar em forma de livro os 85 鋤hc柵p鴎職II細一 隊農Id●叩- しM鳩車u鵬1●購i章暮れl臆臆 _ しiⅥ鷹書簡d農場∞._寓 Graw de coIdborafdo加editora "O COn/eddo do /ivro COnhecimentos consolidados e, em forma de artigos de revis- tas #0〃rnal功investigac6es em andamento ou descobri- mentos. Nestes casos, a decisao do editor de publicar um texto geralmente antecede a proprla Criacao do texto. Um procedimento analogo se da na publica尊o de livros didaticos, SObretudo de prlmeiro e segundo grau. O conte血 do destes livros 6 predeterminado pelas autoridades educa- Cionais atrav6s de gulaS Curriculares. Os livros se distinguem pela forma de apresentacao: mais Ou menOS discursivos, mais ou menos ilustrados, mais ou me- nos completos, mais ou menos complexos. A predetermina- (誇O do conteddo e a obriga(話O das editoras de concorrerem nas ateas acima levam-naS a Organizar grupos de autores/ilus- tradores/desenhistas/pedagogos, Para que elaborem manus- Critos; Ou meSmO a PrOPOr que um autOr Organize um grupo de colaboradores com determinadas caracteristicas. Estas, muitas vezes, SaO definidas pela editora, que Se baseia em es- tudos dos gulaS Curriculares, dos anseios de professores, das horas/aulas disponiveis, do tipo de alunado, das exlgenClaS dos pais. Evidentemente, quantO mais os conteddos e apre- SentaCaO dos livros se basearem em pesqulSa, menOS eles se ● 86 co爪陣場ゆめ ∞rr持寄o detさI ha mento p心blieo - a置vo 陣oゆO m斬れie種○ ○pa Ja〆o ルst調eき○ ○menくねsく器言古± i岬的 sum轟rio o lndiees くく警‾m ..∠ promoc iohさI ¥種∞鴫調のht。 ヽanga鵬nto ala dirota臆臆 二二Promく咋さO diwI98cさo 0 `taminho cr諏co”くねprod#fGoくねwm /ivro distingulraO um do outro. Haverまmais adequacao a oplnlaO da grande maioria dos interessados. Mas tambem menos es- colha e menor variedade de pontos de vista. E o preco a ser PagO Pela democratizacao do ensino e dos livros didaticos. Ao sugerir modificae6es ao(S) autor(es), a editora - eSPe- cialmente nos livros de nao-ficeao - ter各em COnta qual a exten§aO minima e m各xima de um livro, Ou que tipo de livro O merCado aceita. Verificara o custo, Para decidir se e como ilustra-lo, e aS Chances de o mercado aceitar o preco resul- tante. Estimara o possivel mercado - eSta eStimativa tera ba- SeS mais concretas nos livros de n負o-ficc肴o (e sera pal- Pit6metro nos casos de fic辞o). Ver班cara as chances de atin- glr eSte merCado, eStudarまos meios disponiveis para atingi- lo e o custo da utiliza辞o destes meios. Mas tamb6m ha ra- Ciocinios inversos - e S肴O eSteS que traZem Ou trOuXeram aS grandes revoluc6es como os livros de boIso, OS Clubes de li- VrO, etC.: tOma-Se um PreCO e aO redor deste preco se “faz’’ O livro ou, ainda, eSCOlhe-Se anteS um P心blico. Decidida, enfim, a Publicac肴o de um manuscrito - re- Cebido espontaneamente e aceito para publica辞o ou enco- mendado e entregue a editora - COmeCa a Sua PrePara辞O: uniformizac肴o de grafia, reVisao ortogr純ca e estilistica; mar- Ca辞O de titulos, divis6es e subdivis6es; marCaCaO do lugar das ilu§traC6es, tabelas, grがicos. S肴o os trabalhos que, u§ando um termo emprestado do ingles americano, Se Chamam editora辞o. Tamb6m nesta fa- Se Se retOmam, intens抗cam e concretizam os contatos com as pessoas responsaveis pelas proxlmaS etaPaS do livro: a fa- Se de producfo, a fase de promo辞o de vendas. E鯖xado um CrOnOgrama de publicacao e - eXPreSSa Ou implicitamente - um Caminho critico, tendo em conta as fases seguintes: 87 distribuゆき○ ○のhd種 depois de preparado, marCado e pronto para ser composto, O manuSCrito e entregue a producao. C6pias das provas tipogrがicas sfb entregues a promo- CaO e aO departamento de vendas, JuntO COm um teXtO Ca- racte正zando a obra. S6 ap6s a publicacao do livro, O editor VOltara a ter contato com o resultado do seu trabalho, inter- mediando entre autor e promocao. O proxlmO PaSSO nO Caminho da transformacao de um manuscrito em livro e a Produc奮o Neste departamento a editora cuida do aspecto exterior do livro: rOuPa que VeSte O COnte心do. Claro que esta roupa muda de acordo com o tipo de conte心do. Um livro de poe- Sias, POr eXemPIo, eXlge aPreSenta辞O diversa da de um pan- fleto; um livro de arte, VeStimenta diferenciada da de um romance. Um livro de tecnologia tera tratamento diferente de um livro infantil, e um livro didatico para o prlmeiro grau distingue-Se bastante, tamb6m no aspecto externo, de um li- VrO Para O terCeiro ano do segundo grau. Ao preparar o manuscrito para ser transformado em livro, O PrOdutor leva em conta - e Para isto se entende com a redacao, COm O autOr e COm O editor - O P心blico a quem Se destina o livro. Que tamanho e que tipo de letra sera usa- da: menOr Para um P心blico mais habituado a leitura; Pre- Cisara ser maior se o livro se destina a leitores iniciantes. As linhas podem ser mais largas se a letra for maior, Ou Se Se tratar de leitura leve; terfo de ser mais estreitas (CurtaS), quan- do o texto for massudo ou a letra for menor. As notas ex- Plicativas poder肴o (Ou deverao) figurar no rodap6 se nao fo- rem muito extensas ou indispensかeis para a compreens肴o. Poder肴o ser desIocadas para o fim do capftulo ou do livro, quando indicarem fontes usadas ou quando contiverem,Sim- Plesmente, informa商o complementar. A composICaO Para livros de arte ter各de se adaptar a iconografia; devera ter Seqtiencia 16gica e perceptivel para o leitor atraves de todo O重ivro. 88 A subdivis肴o da obra podera ser marcada por titulos em diferentes corpos de letra (tamanho), Se houver muitas sub- divis6es. Se houver poucas, Cada capitulo podera iniciar uma paglna. Cada parte podera ate iniciar-Se numa Pagma impar, O que e desejg高el, maS nem SemPre eCOnOmicamente possト vel. Nos livros t6cnicos, aS ilustrac6es, aS tabelas, OS dese- nhos dever肴o ter escalas uniformes. As legendas deverao ser Padronizadas. Nos livros didaticos, OS autOreS - e OS COnSumidores in- termediatios (PrOfessores) - tratarfo de apresentar c叫un- tos didaticos em correspondentes conjuntos vISuais de paglnaS duplas, etC. O editor tem de estar a par dos processos industriais dis- POnfveis. Tem de saber distingulr e eSCOlher o processo mais adequado para cada livro, a COmeCar Pela composicao. Des- de o invento das letras m6veis por Gutemberg, ate O fim do SeCulo passado, um eXCelente tip6grafo podia compor apro- ximadamente mi=etras por hora (e depois redistribuir as le- tras nas caixas). No fim do decenio passado uma m各quina de composicao Linotron eletr6nica Ja COmPunha mil carac一 ● ′ teres por segwndo. Hoje a velocidade das maqumaS COmPO- nedoras e ainda maior. Com estes recursos a disposICaO, O editor tera de esco- 1her entre a rapidez de um processo, a eXatidao de uma com- POSicao mais tradicional, a neCeSSidade de sinais especiais, etc. Qual o processo mais adequado para um livro cientffi- CP, COm f6rmulas・ desenhos・ Citac6es em outros idiomas. Que tlPO de letra, que largura de linha, que altura da paglna eS- COlher para um romance curto, que naO POde ter menos de X PagmaS, nem CuStar mais quey CruZados novos ou BTNS. Ou uma obra de referencia, Onde a informacao tem de caber num volume e a letra tem de ser pequena, maS legivel. A editora Herder, da Alemanha, nOS anOS 50, enCOmen- dou uma白famflia’’de tipos a um desenhista especificamen- te para suas obras lit血gicas. A “Adamas’’tinha de cor一 responder ao conte心do das obras e as exlgenClaS de legibili- dade - desde o missal para os fieis em letra pequena, ate O missal de altar em letras capitais; naO POderia ser nem grossa demais para as partes impressas em preto dos livros lit血gi- COS, nem fina demais para as partes impressas em vermelho dos tftu宣os e do texto. Os tipos escolhidos para determinados livros, naO rara- mente, SaO decisivos para o sucesso comercial de grandes Obras. 89 ⊥立方 鶴 菓駆 ′ ‡ 墓園圏園 義博叶い旧人騨議皿嘉ing卿▼録小鴨h・ ふ▲蘭II続け`●暮寄I○○e Wh●持ll鴫l鼠の章短調.鑓持直. ! ○○● 臆1し.__ ○○○ ○__○○__ l○○1___tヽ 地_小雪_〆鉦 W●r` yOO ∞bbihまくhe岬が鴫裏. J∝ )種) l i S場種l Or調y b調“・.曽)・り∝・ Tヽ心I庇が山●競れ`筒賀,種▼書の` lト● 葛巾e●軍. ⊥ I農場hi同山観● l面責購you.鱒サ章I, ●I『青嶋●loUl置トI調II ○○`書記 G能車軸購読Ih hi暮`〇㌔● `)c `Ou●高ng uき州I青年調〆章鴫亀h∴ Wめ`山賀鯖(h調uah購読…●書bhJ,鴫書けI in鱒bI●基調OO重) ○則∞l賀. 1嶋 r Rory : i=l hc. lmperYiou$ ‘o fo' i. Rory’●簾m : h‘ OJlbe p'whnI東山. 田富lトdd 、?〇億n〆P売h`●●筆筒帽購,義持I轟く緬帥, l置場鵬di録i 巾pl`dg●的uh」い母心農具鋤調証l競I・○○郵・ A蘭I“青書-心も 読I賀I′訪誰かI高●心血句境観白山11I ●山血r○○書山l騰 蛭田 疲㌃′ 窒第市霊言霊語継豊富犠牲霊盤串乙ヱ 圏四囲 山繭河調。種こ 年一二 蒜蒜㌫㌫’轟く調; i d一億叩隊裏l吋, ‰l卓能事触乙 高嶋●i嶋〆W臨調T.原d調書yne, d●持寄.櫨o場●● l鴫l. ●b) W叩く 諾密誓書イ,豊島だ群書‡霊豊話語器購. Ⅵ●lml ●hd ci鳩Ilの京億I博物alion心u巾l`重d京○魅^l寄ed Cれktt I7● ChDh'm Ro●J. S'o`教wdしmr●∝購( 書I W中・甲I書能,叫:ロ巾S饗審議【心機審イ些 書l (能職種l競地検●, q接種鴫o●... 加賀与. ● 〃 ● lh章的b▼. ト調心臓調職y.ふん〆 調ルr,鴨 録後置in榊相中 機種録機中鴫●・ 山鴫工賃Iト` ■ )! q●●i重章 昨玉里高 血調, a高鶴`轟h甘くY` : W●Iれ ル軸●嶋. ′事剛具で) ● o●寄o●●l 重ou蘭I能心o職.請●賀lOG轟くhq -〇二.一書」l hl. `滝表れ. 鵬か調・ ●u d心細動くl鵜飼職能. =場葛農物議のOu購r請書露富農鶴l〆thl中書 書く裏中京調,能動鴬賀青む● d握・ 謹惹空費 .確釜二親 〇〇〇 叢窺窒磐緒’雛 Prova dyogrくびca do /ivro Ulisses, de hme5 Jqyce A Companhia Melhoramentos adqulrlu uma tipoIogia e equlPamentOS eSPeCiais para atender a Encic/qp細ia britみ nica, quando comecou a produzir a Ehcidqp6dia Mfmdor, a prlmeira grande encicIop6dia genuinamente brasileira. Mas ao decidir-Se POr um determinado processo de com一 POSICaO O editor deve pensar tambem no autor. N肴o s6 no autor esteta. Arthur Schnitzler fazia questao de escolher o tipo de letra a ser usado em seus livros. Mas tamb6m no au- 90 ??ィ?? ? ? ? 」 tor que ao receber as provas tipograticas comeca a reescre- Ver O livro. Uma paglna da “ultima prova tipogratica’’do Ul癌跨 de James Joyce da uma id6ia deste tipo de autor (Vide p各gi- na90). E ter各de comparar n肴o s6 os custos dos diferentes pro- CeSSOS de composicao (linotipo, mOnOfoto, fotocomposic肴o, etc.), maS OS CuStOS indiretos decorrentes da escolha do tipo de letra. Quando me iniciei no departamento de produ辞o da Her- der Barcelona, enCOmendei a composi辞o de uma obra de tes- tes psico16gicos. O manuscrito tinha cerca de seiscentas laudas: S6 um tipo menor permitiria manter a extens肴o do livro em dimens6es que pareciam razoiveis. Quase a metade do livro estava composta, quando o autor, um PrOfe§SOr nO inicio de carreira, PrOteStOu JuntO aO diretor da firma. Joga- mos fora a composi蜜o j各feita e recompusemos o livro no COrPO maior. N肴o levei bronca mas aprendi a lic各o. O autor, Cerda, 6 hoje uma autoridade em testes psICO一 16gicos, Vendeu " edic6es de muitos titulos, tOdos publica- dos pela Herder Barcelona. Na mesma Herder Barcelona decidiu-Se Publicar uma no- Va traducao do Novo Testamento. N肴o podia custar mais de dezoito pe記t伽(na epoca) e tinha de acompanhar ou supe- rar o padr肴o de qualidade granca das edic6es existentes. Fo- ram feitas mais de cmq廿enta experiencias. Finalmente, foi encontrado um tipo de letra, na 6poca mais usado para JOr- nais e raramente para livros. Era o白Times new roman,,, de- Senhado especialmente para o JOrna1 7%e 77me?, de Londres. Resultou num texto muito legivel e compacto. ConsegulmOS reduzir a extensao e, COm isso, O PreCO do livro, a16m de ob- ter a apresenta辞o pretendida. Os dois fatores, dois anos mais tarde, decidiram em favor da Herder uma edic肴o especial do Novo Testamento que foi distribuido em centena§ de milha- res de exemplares na America Latina. Mais tarde, SerViu de modelo n肴o s6 para a edic肴o da Biblia completa em caste- 1hano, maS de outras edic6es do Novo Testamento. O tipo de letra, O tipo de composICaO que eSCOlhemos foram importantes. Mas tamb6m o fato de termos compagl- nado a obra ate o limite do買risco". 91 A compagmaCaO E a segunda fase no processo de produc肴o de uma obra. Compaglnar Significa ordenar texto e ilustracao - de forma tecnicamente vig高el, logicamente exata, eSteticamente convin- Cente e eCOnOmicamente realiz短el. Exemplificando: 7t?C扉camente vidvel: uma ilustracao, idealmente, deve estar proxlma do texto a que se refere. Se isto tecnicamente nao e viavel (POr CauSa do tamanho da ilustracao, Ou POrque ela exlge mais cores ou outro tipo de papel que o texto cor- respondente)’O desIoc竺mentO PreCisa ter 16gica. Podem-Se Juntar /Odds as ilustracoes num apendice ou numa separata; POde haver esquemas no lugar certo e uma referencia remis- Siva no lugar da ilustracao. Logi伽mente c糊ta: geralmente n肴o faz sentido uma ilus- tracao ou desenho anteceder o texto explicativo que se quer esclarecer. O produtor procurara manter a seq心encia 16gica, reduzindo a ilustra辞o, tranSPOndo textos, intercalando es- PaCOS, invertendo sequenclaS e, aS VeZeS, em aCOrdo com o autor, ate mOdificando texto e/ou ilustracao. As notas de ro- dape, Se naO S肴O COlocadas no fim do capitulo ou do livro (e esta decis肴o tambem e parcialmente da producao), devem estar na mesma paglna da chamada. Textos equivalentes de置 vem ter caracteristicas tipograticas equivalentes, e aSSim por diante. 且steticamente aceitdvel: O PrOdutor devera formar pな glnaS Onde o branco e o texto harmonizem; Onde as margens sirvam de contrapeso da mancha para a vista;Onde ilustra- cao e texto se complementem; Onde titulos e texto se distin- gam, Sem interromperem o fluxo da leitura・ Uma pagma naO comecaratom uma palavra solta (fim de paragrafo), nem Sera fechada com uma linha curta (inicio de par去grafo). Estes aspectos esteticos ”do sfb um fim em si: PrOCu- ram tornar a leitura fatil, descomplicada, Para que O leitor possa se concentrar no contendo e nfb seja distrafdo pela for- ma. Especialmente no livro didatico, O teXtO e aS ilustrac6es das duas pagmaS de um livro aberto dever肴o formar um con- JuntO didatico. Isso exlge entrOSamentO intenso entre autor, redagao e producao. Economicamente rea/izdvel: livros publicam-Se Para Se- rem lidos; Para tantO PreCisam ser comprados; Para Serem 92 comprados precisam ser economicamente acessiveis a clien- tela visada. O meio mais fatil de resoIver, POr eXemPIo, for- mas tecnicamente viaveis, logicamente exatas e esteticamente deseJaVelS Seria somar os tres elementos e apresentar um tex一 to com ilustrac6es grandes e fartas; uSar freq心entemente qua- tro ou mais cores; Partir para um formato grande e imprlmlr todo o livro a vdrias cores em papel co"Chタdistribuir gene一 rosamente espacos e paglnaS brancas. Isso pode ate acontecer, Se a Clientela vi§ada for um p血 blico rico. E se texto, ilustrac肴o, aPreSentaC肴O e PreCO desti- narem o livro a este p心blico. Mas se o leitor visado for o estudante de segundo grau ou universitalio, um teCnico, um operario ou um p同lico indefinido, naO havera a relacao ade- quada custo/bene鯖cio. E o livro ficaria no dep6sito do edi- tor ou nas prateleiras do livreiro. 亘claro que estes quatro elementos e sua interligac肴o mu- dam com o tempo, a eVOlucao tecno16gica’a amPliacao do mercado. N肴o faz muitos anos, ate OS livros didaticos do prl- meiro grau eram pouco ilustrados e impressos em uma s6 cor (PretO-e-branco). Os professores, POr raZ6es didaticas, eXi- g亨am cores nas cartilhas (logicamente necess誼o); a teCnOIo- gla.aVanCOu (tecnicamente vigivel)’a eStetica aceitou e as malOreS tiragens e a economia de escala tornaram estes livros economicamente viaveis. Fritz Landshoff, ate O anOS 30, era COlaborador da edi- tora alem負Kiepenheuer. DepoIS, eXilado na Holanda, Orga- nizou e publicou a literatura alema de exilio na editora Querido - foi o primeiro a organizar sistematicamente, aP6s a Segunda Guerra Mundial, CO-edic6es de livros de arte. Uma ideia que aposteriori 6 tao 6bvia como o ovo de Colombo. A parte mais cara dos livros de arte s肴o os orlglnais’OS foto一 1itos e o acerto das cores na m各qulna de imprimir. Se estes custos pudessem ser divididos entre editores de vatios pai- ses, Cada pais se beneficiaria・ O livro poderia ser vendido a um preco menor e em quantidades maiores. A parte coIorida dos livros de arte seria impressa num sd lugar. Cada editor local s6 acrescentaria o texto em vern各culo. A ideia vlngOu e surglram aSSim as colec6es de livros de arte incrivelmente baratos, COmO a COlecao de arte Phaidon. Depois de pouco tempo, muitas editoras segulram O meSmO PrlnCIPIO, aS Ve- zes ate em detrimento da qualidade. Para editar um livro em co-PrOducao, a PaglnaCaO tem 93 de ser planejada, desde o lnlCIO, COmO CO-PrOducao: nOS eS一 PaCOS reSerVados para o texto tem de caber o texto em qual- quer idioma; aS folhas ilustradas tem de ser imprimfveis nas maqulnaS de qualquer pais co-editor. Hoje, a16m dos livros de arte com um grande n心mero de ilustrac6es coIoridas, OutraS Obras como atlas, livros de medicina e de tecnoIogia, Sfb planejadas, PrOjetadas, COm- Paginadas ja tendo em vista um mercado plurilfngde. Mas nao termina aqul a import含ncia do conhecimento tecnico do editor. Ele precisa ter conhecimentos basicos tam- b6m sobre os papelS eXistentes e suas prlnCIPalS CaraCteristicas. Geralmente o papel e escolhido e fornecido pela edito- ra. O formato, a qualidade, a gramagem, O aCabamento do PaPel, O tipo e a direcao da fibra dependem do livro a ser impresso, do tipo de m約ulna a Ser uSada pelo impressor, da extensfo e do formato do livro, das exlgenClaS de qualidade, da tiragem prevista, etC. O papel para uma cartilha de prlmeiro grau devera ser forte e suficientemente encorpado para resistir as m負os de Criancas ainda nao habituadas a manipulacfo de livros; Sufi- Cientemente opaco, Para POder aceitar e reproduzir adequa- damente as cores. Um livro com desenhos de tracos finos exlge PaPel de superficie lisa. Ja um livro de poucas paglnaS Pede um papel mais espesso. Um livro volumoso, um PaPel com gramagens inferiores. Um livro s6 de textos aceita papel poroso. Um livro de arte com reproduc6es a cores geralmente exlge PaPel co#Ch〆. A escolha do papel adequado e decisiva e pode ser crftica pa- ra livros m6dicos, COm radiografias e desenhos cuJa rePrO- ducao pode ser literalmente買vital,,. Os formatos de papel se adaptam aos formatos das mal qumaS de imprlmlr e aS tiragens previstas: tiragens grandes de livros didaticos e de bestse枕竹permitem o uso de m如uト nas rotativas, Ou SeJa, O uSO de papel em bobinas. Para li- VrOS universitdrios, de tiragens geralmente mais reduzidas, usam-Se formatos menores e maqulnaS Planas. Livros de boト SO, reVistas de grandes tiragens (a partir de cem mil exempla- res) cpm ilustrac6es coIoridas・ POdem ISar aS Velocfssimas maqulnaS de rotogravura a vdrias cores slmult急neas, COm aCO- Plamento para dobragem, COStura, emPaCOtamentO. 94 Impress肴o Poucos editores tem grafica proprla. As excec6es que COnfirmam a regra s肴o algumas editoras com publicac6es pe- ri6dicas e que n肴o podem depender da disponibilidade de gra- ficas de terceiros. Mas mesmo estas trabalham muita§ VeZeS COm grがicas alheias, atraVeS de contratos de longo prazo. Geralmente uma editora trabalha com valias grがicas, COm tipos de maqumaS diferentes e adequadas para os diver- SOS tipos de livros. Atualmente, S肴O POuCOS OS livros impres- SOS em maqumaS tipograticas. Seu uso reduz-Se a uma PrObabilidade de reimpress肴o muito remota, Ou quando ha freqdentes tiragens com pequenas modificac6es (livro§ tipo Catalogo, livros com precos marcados, etC.), quando o 白chumbo,, da composICaO e guardado em pe, um investimen- to bastante caro. Na atualidade a maioria dos livros sao im- PreS§OS em m各quinas切崩互planas ou rotativas. Dependendo do formato do livro, numa f6rma (tipogra鱒a) ou chapa ar Se功Cabem oito, dezesseis, trinta e duas e mais paginas. Ca一 da船rma/chapa corresponde a uma entrada de maqulna. Cada給rma/chapa tem de ser “acertada’’na m各qulna quantO ao registro, brancos, intensidade de impress肴o, PreSS肴O do Cilindro, etC. Este trabalho tem de ser realizado, tantO Se a tiragem POSterior 6 de cem como de cem mil exemplares. Esta parte da impress肴o entra no custo fixo (Vide calculo editorial, Pa- gina 98). Este trabalho 6 menor para um acerto de oito p各gi- nas, Ou Para um formato pequeno de m各quma, do que para um formato maior onde cabem, na m各qulna, dezessei§, trin一 ta e duas, quarenta e Oito ou sessenta e quatro pagmaS POr entrada. Por esta razao, livros com tiragens menores geral- mente sao impressos mais economicamente em maqulnaS me- nores, de velocidades mais lentas, Para que haja certa PrOPOrCあentre tempo de preparacao e tempo de impressao. MaqulnaS m6dias e grandes permitem ou a impressao si- mult含nea a duas e a quatro cores de um lado, Ou a impressao Simultanea a uma ou duas cores em ambos os lados do papel. E existem as grandes rotativas, que POSSibilitam a im- PreSSaO Simultanea a quatro ou cinco core§ de ambos os la- dos, a Velocidades que, COm a eVOlucao dos modelos, au- mentam quase de ano para ano. Em func肴o dos equlPamentOS de que uma granca dis- 95 POe, O editor opta por ela para um determinado livro. Trata- Se de uma pre-Selecao determinada, POr um lado, Pelo t】PO do livro, POr OutrO, Pelo tlPO de equlPamentO disponivel.Evidentemente, a eSPeCializacao tambem influi na sele- CaO da gr鉦ica: quem eSt各acostumado a imprimir formula- rios, impressos, listas, dificilmente sabera imprimir de forma econ∂mica e qua擁ativamente adequada um livro (e vice- VerSa)・ Uma gr猫ca especializada em papel de embala畢n nfro terゑ初ow-how (e as vezes nem maquinalio) para a lmPreS- SaO de livros. Por outro lado ha graticas pequenas e artesa- nais que imprlmem Cart6es de visita, COnVites, Circulares, etC., que teoricamente poderiam imprimir livros. Na pra高ca, elas nao tem escala para faz台-lo economicamente. Tambem as neccssidades de qualidade de imp「essao in- fluem na escolha de uma gr轟ica por uma editora. Um livro de texto corrido, de vida possivelmente curta, admite uma impressao em papel inferior e de qualidade menos exlgente que um livro de arte, COm ilustrac6es a quatro cores e im- PreSSO em PaPel co書/Ch6. Um livro de matematica ou de en- genharia em duas cores exige mais qualidade gr轟ica (inclusive POrque ajわ/ta de registro da segunda cor pode mudar o con- te房do do livro) que um texto de socioIogia. Num livro de me- dicina, a qualidade de impressao pode ser vital. Num romance ela e somente opcIOnal. Conhecer os prlnCIPalS PrOCeSSOS de impressao disponf- Veis, Saber como usar este recursos, muitas vezes e essencial Para a Viabilizacao de um projeto. Quando a editora Reclaril lancou, em 1867 (O meSmO anO em que foi publicado O cqp手 taんde Karl Marx), aquele que pode ser considerado o pre- CurSOr do livro de boIso, O fez e calculou /amb〆n porque usou todos os recursos tecnicos e de impressao disponfveis na 6po- Ca. Essa負Biblioteca Universal Reclam" continua existindo e sendo vendida com grande sucesso pela mesma editora ÷ que pertence e e gerida pela mesma familia. Est各com malS de nove mil volumes publicados e mais de quinhentos milh6es de livros vendidos. Tiragens e vendas de duzentos, treZentOS, quinhentos mil Ou um milhao de exemplares de livros de boIso, nOS Estados Unidos, S6 sao possiveis em curtos prazos, indispens短eis para estes sucessos, POrque hoje existem maqulnaS COmO a Came- ron onde, em um PrOCeSSO ininterrupto, entra POr um lado um rolo depapel e sal Pelo outro um livro pronto, de at6 mil PaglnaS ! ′ ● 96 O acabamento Encerra o processo de produc各o. Geralmente e a pr6- Pria gratica que dobra, alceia, COStura (Ou COla) e encapa o liv「o. O n肴o-COnhecimento de um processo de acabamento cus- tou a E. P. U. muito dinheiro, alem de um preJulZO indireto ● ′ ainda n各o avali短el: a Impress imprlmla Para a E. P. U. um livro de qulmlCa Para O Segundo grau. A Impress garantia′ ● que a qualidade do acabamento colado era lgual ao costura- do e sairia mais barato. A E. P. U. consegulu a ado辞o do livro em v誼os grandes colegios de renome. Mas, na metade do ano didatico, O livro comecava a se desmanchar em peda- C6es. Alunos e professores ficaram justificadamente furibun- dos. A E. P. U. jogou fora alguns milhares de livros, reimprlmlu a Obra e substituiu os defeituosos. E teve de re一 COmeCar COm a PrOmO辞O da obra, naO da estaca zero mas de menos dez. A Impress lavava as maos. A E. P. U pagava um preco caro pela falta de conhecimento de tecnoIogia avancada. A16m de responder pela qualidade extema dos livros e Pelos custos industriais, a PrOdu蜜O tambem responde pelos PraZOS de entrega. A necessidade de dispor do livro didatico na epoca certa e 6bvia. N肴o ter o livro em tempo habil no inicio das aulas slgn抗ca nao s6 perder a adocao, maS tam- bem a credibilidade da editora. No entanto, O PraZO CertO Para a publica蜜o tambem pode ser vital em livros nao didaticos. Livros sobre JOgOS OlfmpICOS, CamPeOnatOS mundiais de fu- tebol exlgem Verdadeiros estratagemas para chegar ao mer- Cado em tempo e antes dos concorrentes. Quando eu era o PrOdutor da Herber Barcelona tfnhamos seis biografias de 白Papg高eis’’prontas, bem antes de o papa reinante morrer. Logo ap6s a morte do papa e a elei辞o do novo pont王fice, a biografia podia ser publicada em tempo recorde. A venda em quantidade, POuCOS dias ap6s a eleicao do novo papa, COmPenSa O eSquema mantido. 97 O preco do livro - Os calculos editoriais - A economia do editor Um autor de um livro de engenharia abordou o editor Edgard Blucher. Era seu primeiro livro. Quando jまestava quase decidida a publicacao do texto, O editor submeteu ao autor o contrato de cessao de direitos autorais, Para que eXa- minasse as clfusulas, OS COmPrOmissos que assumia a edito- ra’OS direitos que o autor cedia e sua remuneracao. Ap6s O eXame do contrato o autor protestou violentamente.白Co- mo?, eu que eSCreVi o texto, reuni o material, tive a ideia do livro’fico s6 com dez por cento, e VOCe, que Vai apenas pu- blicar o meu trabalho, fica com noventa?,, N肴o sei se esse livro chegou a ser publicado. Mas esta reacao do autor parece indicar quao pouco se sabe - fora dos que “fazem’, o preco dos livros - SObre os elementos que entram neste preco∴ Os custos que influem na formacao do preap de um li- VrO dividem-Se - COmO em qualquer produto - em CuStOS diretos e custos indiretos, POr um lado; em CuStOS fixos e cus- tos variaveis, POr OutrO lado. Custos ?iretos ?ndiretos Fixos ?edacao(revisortec正co,reVisor ?luguel deestilo,reVisordeprovas.No ?alまrios CaSOdetraduc6es,freqむente- ?uz/telefone mente,a16mdotradutor,deve ?uedac肴o SerPagOaindaumrevisortec- nicoeumrevisorgramatical.) COmPOSicaol?folhaimpressa Variaveis ??uS章Odo lmPreSSaO papel ?aPital acabamento ?OmerCializac5o,etC. 98 Os custos diretos s肴o todos aqueles atribuiveis a um dケ terminadb Iivro. S肴o despesas incorridas em funcao direta de um determinado livro, tais como revis肴o ou preparac肴o de um manuscrito; ilustrac6es, desenhos, COmPOSic肴o e todo o resto do processo de produ辞o. Incluem tamb6m a promo- CaO eSPeCifica - folhetos ou cartazes, presS-者e佃a枇s ou co- quetel de lancamento para uma obra・ Os custos indiretos s肴o as despesas didrias da editora, mas que n肴o se podem atribuir diretamente a determinadas Obras. S肴o os custos redacionais ou de producao internos. N肴o e economicamente sensato anotar quantas horas se negociou Ou Se falou com wm autor, #m reVisor, quantOS minutos se gastaram na revis乞o de uma prova, quantOS JurOS de capital de glrO aPlicado na empresa correspondem a uma determi- nada obra, etC. Custosj訪os s肴o aqueles gastos que independem da tira- gem da obra, Ou Seja, que Sfb fixos em termos absolutos (e Variam por誓emplar・ de acordo com a tiragem). Custos fi- XOS tipicos sao o trabalho redacional, a COmPOSICaO, OS fo- tolitos duma obra. O custo de composic奮o de dez mil cruzados novos para um livro n肴o varia, meSmO que Se imprlmam, depoIS, mil, dez ou cem mil exemplares. O mesmo vale para as ilustra- C6es, a rePrOducao, etC. Mas esta composicao (ilustracao, filme) cwstapor c朋m- plar (e pesa na formacao do preco de venda, COm dez cruza- dos novos ou um・ Ou um CentaVO)・ dependendo da tiragen? Analogamente, O CuStO de acertar a m各qulna de imprl- mir e xタindependente do n竜mero de exemplares que serfb impressos a partir desse acerto (こy). Assim, em PequenaS tiragens, eSta PreParaCaO PeSa nO Calculo (CuStO PrePara- cao 」二十10Qy = CuStO de =impressatD folha・・) e vira lOO quantidade negligenciivel quando a tiragem for grande X + 10000助. 100000 Sao considerados custos varidve応aqueles que mudam de acordo com a tiragem da obra (mas s各o fixos por exe誓 Plar, independentemente da tiragem). Tipicos custos varla- Veis s肴o: O PaPel (Para uma tiragem de dez mil exemplares 99 SaO neCeSSdrios dez vezes mais papel do que para mil exem- Plares, Ou SeJa, O CuStO do papel varia de acordo com a tira- gem. Contudo, O CuStO POr livro 6 o correspondente a x kg de papel por cL准Inp細r, SeJam impressos mil ou dez mil exem- plares); a impressao(ap6s o acerto da m各quina) e o acaba- mento (tambem ap6s o acerto das m各quinas de dobrar, fazer CaPa, enCaPar, etC.) Alem dos custos fixos e vari各veis, diretos e indiretos, Ou- tros fatores influem na formacao do preco de venda ao pu- blico. Os mais importantes entre eles sao a margem de COmerCializacao e os direitos autorais. No comercio editorial do mundo todo (Ou Pelo menos do mundo ocidental), a edi- tora fixa um preco de venda ao p心blico. Sobre este preco ela COnCede descontos aos livreiros e distribuidores, Para que POS- Sam arCar COm O CuStO de comercializacao e auferir o lucro COrreSPOndente ao risco (POr eXemPIo, uma Parte dos livros ficar各encalhada). Se a editora tambem comercializa junto ao p心blico os seus proprlOS livros, ela assume um papel - e gastos e riscos - dupIo. Para efeito de formacao do preco, naO ha grande dife- renca nos dois casos. Em quase todos os palSeS do mundo, O PreCO de venda do livro "a /ivr#ria (Ou nO POntO final da cadeia de comer- Cializagao) e fixado pelo editor. Em muitos paises este preco de venda ao consumidor n肴o pode, POr lei, Ser alterado pelo livreiro ou ponto de venda. Algumas das raz6es para se fixar O PreCO de capa diretamente na editora sao: - O autor recebe direitos autorais percentuais sobre o PreCO de venda de cada livro vendido. Se nao houver preco de venda estabelecido, SObre que base ele receberia? S肴o os autores os interessados em que os editores fixem o preco de Venda.ao p心blico. Somente assim podem participar do resu上 tado da venda de seu待produto’’. Esta pratica generalizou- Se a Partir da metade do seculo passado. A pratica anterior era pagar uma quantidade fixa para todas as edic6es, Ou POr uma tiragem determinada. Entretanto, muitas vezes os auto- respagavam para que suas obras fossem publicadas (no caso de ficcao). Ou ainda coIocavam o texto a disposicao do edi- tor (e p心blico), Se O teXtO tivesse sido resultado de outro tra- balho remunerado (POr eXemPIo, O de professor, engenheiro, POlitico, administrador). A primeira edi(誇O de Em bz/SCa do lOO te〃岬O Perdiめ, de Marcel Proust’POr eXemPIo・ foi finan- ciada pelo autor e publicada pela Grasset. _ Os livreiros trabalham com livros de velocidade de circulacao variada. Halivros que glram raPidamente. Outros 買dormem,, nas prateleiras e demoram para ser repostos ou nfめ. Nfb havendo um preco de venda estabelecido pelo edi- tor para as obras de venda r細ida, pOderiam ser comerciali- zados por grandes empresas, quaSe ataCadistas, Ou dire- tamente pelas editoras, a PreCOS inferiores. Estas empresas comecariam a comercializar somente livros de circula辞o rfr pida. As pequenas e medias livrarias nfb consegu獲rlam aCOm- panhar a reducao de precos e fechariam. Ou, inversamente’ reduziriam o preco e n心mero de titulos disponiveis’reduzin- do ou eliminando assim a oferta global. Isto impossibilitaria fatalmente a publicacao de titulos n肴o b跨t se侮桔E claro que esta fixac肴o de um preco de venda心nico ao p心blico e uma especie de cartelizacao do comercio do livro. Por isso, vatios pafses socialistas europeus (Suecia primeiro, e Franca depois) eliminaram ou ate proibiram o preco de venda ao p血 blico. Mas depois de curtos intervalos (em media dois anos) voltaram atras. Tornou-Se dramatica n肴o somente a mortan- dade de livrarias medias, maS inbretudo a diminuicゑo do n血 mero de tftulos publicados. Cairam as edic6es de livros academicos, de arte, enSaios, enfim, livros de tiragens me- dias, de escoamento lento, maS que S肴O a COluna vertebral de qualquer cultura. - A editora, na PrOmOCaO do livro, POderatndicar um preap para o p心blico, V鍋do para um territ6rio com a mes- ma moeda, eVitando diferencas IocalS que - nO CaSO do Brasil - POderiam levar a precos diferentes em Porto Alegre, S肴o Paulo/Rio de Janeiro/Belo Horizonte, Salvador, Belem, etC. Na formac肴o do preco de venda de um livro, entram qua- tro grupos de custos: dois em valores percentuais; dois gru- pos em importancias absolutas (CuStOS diretos - fixos ou Varigiveis; e indiretos’Sejam igualmente fixos qu variiveis)・ Nbs /ivros加力cfdo, OS direitos autorais glram em tOr- no de dez por cento sobre o preco de capa. O custo de co- mercializacao oscila entre quarenta e cinco e clnqbenta e cinco POr CentO, COmO media sobre o preco de venda ao p心blico, indo de um mfnimo bem inferior para compras avulsas, ate descontos maiores para compras de milhares de exemplares. Tomemos o exempIo de um livro, Pelo qual o leitor pa- 101 ga cem BTNs na livraria. Dos cem BTNs que o leitor paga na livraria por um livro, em media 30 por cento = 30 BTNs vfo Para OS CuStOS e O lucro do livreiro; 20 por cento (20 BTNS) Vfo para os custos e o lucro do distribuidor (atacadista); 10 POr CentO (10 BTNs) v都o para o intor; dos 40 BTNS (40 por CentO) restantes o editor paga seus funcionatios, SuaS despe- SaS gerais・ O CuStO, a fabricacao do livro (PaPel・ imp丁eSSaO・ CaPa e aCabamento), e SOmente aP6s amortizar estes lnVeSti- mentos aparece o lucro da editora, e isto somente se ele con- Segue ultrapassar com as vendas o ponto de equilfbrio. レ匂lores ?ireitosdeautore rqyalties percentuais ?OmerCializacao=descontos ーdistribuidor(nacional) ーataCadista(regional) -1ivreiro(local) 掬Iores ?uStOSdiretos absoIutos ?uStOSindiretos Partindo destes percentuais, Chegamos ao calculo m紺io de preco de venda de um livro de fic辞o em sua prlmeira edi碕0. Preco de venda ao p心blico 100 Desconto medio Receita do editor (45十55) direitos autorais CuStOS diretos CuStOS indiretos (adminis- trativos) 50 = CuStO de comercializacao 50 = mediado precode Venda ao distribuidor lO 重5 20 - taXa de risco do editor 5 Como se ve, "a PrJmeir。 cdifdo, a Participacao do edi- tor e inferior a do autor, COmO Parte do prefO dとvemね. E a participacao do autor no resultado da venda do livro (Cin- qむenta por cento do preco de capa) corresponde a vinte por CentO da receita brま/ta do editor. Este 6 um cd/culo mo(ね/o de uma primeira edifdo. Evidentemente, aS editoras, COmO emPreSaS COmerCiais, nao poderiam sobreviver das prlmeiras edic6es. A nao ser que 102 tivessem a garantia de que todas as tiragens de todas as prl- meiras edic6es fossem vendidas (e pagas) logo ap6§ STa Pu- blicacfめ. Este calculo modelo admite, e Claro, VarlaCOeS bastante significativas quando aplicado aos diferentes livros com tiragens de custo§ fixos muito diferentes em valores ab- solutos e relativos. Um livro com as meミmaS duzentas e quarenta paglnaS devera ter preco de venda ao p止blico bem diferente, depen- dendo dos custos fixos. E tambem das diferentes tiragens, variando do texto corrido (romances) ao livro juvenil (COm ilustrac6es a quatro cores), do livro de engenharia (COm for- mulas matematicas, desenhos, eSquemaS), ate um livro dida- tico de segundo grau a duas cores (matematica). O I克blico, muitas vezes, Ve SOmente a diferenca do pre- CO. Acha que alguns livros sao caros・ Comparam apenas o preco por paglna, aO Ver um livro fininho relativamente ca- ro, Ou um livro didatico volumoso relativamente barato. Por esta raz各o, OS editores muitas vezes n肴o fixam os PreCOS de suas publicac6es baseado§ nOS Calculos exatos. Fixam-Se OS PreeOS que O editor acha psicoIogicamente acei- tかeis, COmPativeis com os precos dos livros concorrentes, COmPetitivos com as c6pias xerox (quando usamos o nome 生xerox,, referimo-nOS aO uSO POPular generico e n各o a for- ma especifica), SObretudo para os livros universitdriosl. l馬n6meno que q佃ta com maior gn。V胸庇ねautor跨e cdi/Or跨くねfルros "扉- ve篤i/drios,柄高osくねpds-gm《れafdo佃やec細面oen/e餌d捗みeas缶nj壇s, maS /ambg加仇鳩d料やIinas初manady 6 a Jbtocapiagem ;ndおcriminadr. Aq諦 ndo g o /ugar pam d∫scw/ir o pI匂W々0 ;〃te佃ch/a/ do estuくね〃te卵e Sejbrma 肋ma C"/tw仰/unive鳩胸dくね方fGncid 4pOSt施くね:臓m Chance加rever wma ma- t〆ia, Sem POsSibiIi加くね加cons"/tar
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