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Direito Penal 1 (Material de apoio) Prof. Me. Euripedes Clementino Ribeiro Junior APLICAÇÃO DA LEI PENAL � ���� PRINCÍPIO DA LEGALIDADE (Art. 1º CP e Art 5º, XXXIX, CF) � • Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal (cláusula pétrea da Constituição Federal de 1988 - art. 5°, XXXIX c/c o inciso IV do § 4º do art. 60). • É uma limitação imposta ao Estado para não interferir nas liberdades individuais. • É uma segurança jurídica do cidadão de não ser punido se não houver uma previsão legal criando o tipo incriminador, ou seja, definindo as condutas proibidas (comissivas ou omissivas), sob ameaça de sanção. • No DP o princípio da legalidade se desdobra em outros dois: 1)princípio da anterioridade da lei penal � não se pode impor uma pena a um fato praticado antes da edição da lei, exceto se for em benefício do réu. 2)princípio da reserva legal � estabelece que não existe delito fora da definição da norma. - Fundamentos do P. da Legalidade � 1)Político � Impede o poder punitivo com base no livre arbítrio 2)Democrático � Respeito ao princípio da divisão de poderes; o parlamento é o responsável pela criação de crimes 3)Jurídico �Uma lei prévia e clara produz importante efeito intimidativo. - Desdobramentos do Princ. da Legalidade � • Não há crime sem lei (lei ordinária, lei complementar) • Não há crime sem lei anterior (nullum crimen nulla poena sine lege praevia) • O Princ. da anterioridade proíbe apenas a retroatividade maléfica: Direito Penal 1 (Material de apoio) Prof. Me. Euripedes Clementino Ribeiro Junior � Art. 5º, XL, CF: A lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu. � A certeza da proibição somente decorre de lei. � Não há crime sem lei escrita (nullum crimen nulla poena sine lege scripta) • veda o costume incriminador, mas não o interpretativo. � Não há crime sem lei certa (nullum crimen nulla poena sine lege certa) • P. da taxatividade: proíbe a edição de leis penais indeterminadas ou do emprego de normas muito gerais ou tipos incriminadores genéricos, vazios, imprecisos, dubios. � Não há crime sem lei necessária. • Desdobramento do P. da Intervenção Mínima. • O princípio da Legalidade é o pilar do garantismo • Garantismo é o poder punitivo mínimo em face do máximo de garantias do cidadão. ���� LEI PENAL NO TEMPO � Quando (no tempo) o delito se considera praticado? Regra: � Teoria da Atividade (art. 4º, CP) - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado. • A lei aplicável para repreender a prática do crime é aquela vigente no tempo da conduta – (Princípio tempus regit actum). Exceções à regra: Retroatividade e Ultratividade da lei mais benigna. Direito Penal 1 (Material de apoio) Prof. Me. Euripedes Clementino Ribeiro Junior • Irretroatividade da Lei Penal (regra geral) � A lei de hoje não volta para dizer que o fato de ontem é crime. P. da Legalidade + P. da anterioridade: nullum crimen nulla poena sine lege praevia (Art. 1º,CP e art. 5º, XXXIX CF). “Art. 2º, CP - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória”. • Retroatividade da lei mais benigna � Lei posterior mais benéfica retroage para alcançar fatos cometidos antes de sua vigência. Art. 5º, XL CF: a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu. OBS: Lei benigna é aquela que diminui ou torna a pena mais branda ou a comuta em outra de menor severidade, podendo até abolir tipos penais. Art. 2º, Parágrafo único - “A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado”. • Ultratividade da lei mais benigna � Quando lei anterior for mais favorável, terá ultratividade (continua a regular os fatos ocorridos em sua vigência), mesmo que revogada. Art. 3º, CP - “A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência”. Direito Penal 1 (Material de apoio) Prof. Me. Euripedes Clementino Ribeiro Junior ���� Leis exepcionais e temporárias � Lei excepcional � é a lei editada em situações excepcionais/emergenciais; sua vigência é limitada pela própria duração da situação que levou à edição da lei. Lei temporária � é a lei que já traz expresso em seu texto o seu prazo de validade, ou seja, a data do início e do término de sua vigência, razão pela qual é considerada autorrevogável. OBS 1: Essas leis têm ultratividade, ou seja, continuam valendo para os fatos que ocorreram em sua vigência mesmo que a lei habitual seja mais benéfica. OBS 2: Existe exceção ao P. da retroatividade da lei mais benéfica, quando a lei anterior é temporária ou excepcional. Ex.: Pena maior ao crime de furto quando o objeto for alimentos doados aos sobreviventes de uma enchente. ���� Crimes continuado e permanentes � Crime continuado (art. 71, CP) � é integrado por diversas ações, cada uma em si mesma criminosa, que a lei considera como um único crime. Ex.: O ato de furtar um charuto por dia e ao final de 20 dias haver roubado 01 caixa de charutos. A pena será uma só, acrescida de 1/6 a 2/3 (previsão legal). Crime permanente � a execução do crime se prolonga no tempo conforme a vontade do criminoso; o criminoso tem o domínio sobre o momento de consumação do crime. Ex.: Condutas que permitem uma constância/permanência no tempo: portar, manter, privar, ocultar, como o sequestro (privar a liberdade de alguém), o tráfico de drogas, na modalidade manter em depósito, a receptação na modalidade ocultar. Direito Penal 1 (Material de apoio) Prof. Me. Euripedes Clementino Ribeiro Junior Observações acerca do crime continuado e permanente � • Aplica-se a lei nova durante a atividade executória do crime permanente e continuado, ainda que prejudicial ao réu. • Se uma lei penal nova tiver vigência durante a permanência ou continuidade, deverá ser aplicada ao caso, prejudicando ou beneficiando. Ou seja, aplica-se de imediato a norma prejudicial ao agente, pois o delito está em plena consumação. • Súmula 711 STF: A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência. ���� Hipóteses de conflitos de leis penais no tempo � Abolitio criminis � quando uma nova lei deixa de considerar crime fato anteriormente tipificado como ilícito penal. A lei nova é mais adequada e o Estado não tem mais interesse na punição dos autores. Assim, ela retroage para afastar as consequências jurídico-penais a que estariam sujeitos os autores. A abolitio criminis é caso de lei mais benigna que atinge, inclusive, fatos definitivamente julgados, mesmo em fase de execução. OBS: Só não desaparece os efeitos civis da sentença condenatória. Novatio legis incriminadora � é a lei nova que considera crime fato anteriormente não incriminado. OBS: Não retroage e não se aplica a fatos praticados antes de sua vigência. Novatio legis in pejus � lei posterior que de qualquer modo agravar a situação do sujeito não retroagirá. OBS: A lei menos favorável, seja anterior ou posterior, denomina-se lex gravior. Novatio legis in mellius � lei posterior que de qualquer modobeneficie a situação acusado. Direito Penal 1 (Material de apoio) Prof. Me. Euripedes Clementino Ribeiro Junior Observações: • A lei mais favorável denomina-se lex mitior. • A lex mitior (seja abolitio criminis ou alteração in mellius) retroage e se aplica imediatamente aos processos em andamento, que não foram iniciados e aos findos. ���� LEI PENAL NO ESPAÇO � • Territorialidade da Lei Penal Brasileira (Princípio da Soberania Nacional). Art. 5º: Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional. - Princípio da Territorialidade: aplica-se a LEI DO LUGAR DO CRIME (REGRA) OBS: Excepcionalmente pode ser aplicada lei estrangeira em crimes cometidos total ou parcialmente em território nacional, desde que haja previsão em tratados ou convenções internacionais nos quais o Brasil seja signatário. - Território brasileiro � compreende o espaço delimitado por fronteiras. - Território jurídico � abrange todo o espaço em que o Estado exerce a sua soberania. - São componentes do território brasileiro: 1. Solo ocupado pela Nação; 2. Rios, lagos, mares interiores, golfos, baías e portos; 3. Mar Territorial � faixa de mar exterior ao longo da costa; estende- se por 12 milhas marítimas de largura, medidas a partir da baixa- mar do litoral continental e insular brasileiro. OBS: aqui, o Brasil Direito Penal 1 (Material de apoio) Prof. Me. Euripedes Clementino Ribeiro Junior exerce sua soberania plena, excepcionada apenas pelo chamado “direito de passagem inocente”. 4. Espaço Aéreo � a camada atmosférica que cobre todo o território nacional, inclusive do mar territorial. 5. Navios e aeronaves (território nacional por equiparação). 5.1 públicos ou a serviço do governo brasileiro, ainda que em porto ou mar territorial estrangeiro. 5.2 privados � se estão navegando em alto mar ou sobrevoando águas internacionais prevalece a lei da bandeira que ostentam. PERGUNTA: O quê o Código Penal entende como lugar do crime? “Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado”. • Teoria Mista OU da Ubiquidade Destina-se exclusivamente ao Direito Penal Internacional, ou seja, à aplicação da lei penal no espaço, quando um crime tiver início no Brasil e terminar no exterior, ou vice versa. OBS: O juízo competente será firmado pela prevenção (art.71 CPP). • Extraterritorialidade São casos excepcionais em que a Lei Penal brasileira extrapola os limites do território nacional. OBS: Os casos elencados no inciso I desse artigo são denominados pela doutrina de Extraterritorialidade Incondicionada. “Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: I - os crimes: Direito Penal 1 (Material de apoio) Prof. Me. Euripedes Clementino Ribeiro Junior a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil; § 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro.” OBS: Os casos elencados no inciso II são denominados pela doutrina de Extraterritorialidade Condicionada. II - os crimes: a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; b) praticados por brasileiro; c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados. § 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes condições: a) entrar o agente no território nacional; b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável. OBS: São casos de Extraterritorialidade Condicionada
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