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LET 190-AULA 2-2014

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LINGUÍSTICA: DEFINIÇÃO
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	A Linguística é o estudo científico da linguagem.
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A linguística como estudo científico
	a) deve ter um objeto de estudo próprio: a capacidade da linguagem verbal, que é observada a partir de enunciados falados e escritos.
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	b) depende de princípios teóricos e de uma terminologia específica para se descrever o modo como a linguagem se estrutura e/ou funciona.
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	c) é empírica, e não especulativa ou intuitiva, ou seja, baseia suas descobertas em métodos rígidos de observação. Ou seja, trabalha com dados verificáveis por meio de observações e experiências.
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d) adota uma atitude não preconceituosa em relação aos diferentes usos da língua. Não há língua melhor ou pior do que outra, uma vez que todo sistema linguístico é capaz de expressar adequadamente a cultura do povo que a fala. 
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Todas as línguas possuem o mesmo grau de desenvolvimento.
 Ex.: línguas indígenas x português/francês/inglês
Todas as variedades linguísticas possuem o mesmo grau de complexidade
Ex.: bicicleta x bicicreta; casa de Paulo x casa do Paulo; aipim x macaxeira; nós fomos x nós vai.
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Pressupostos:
1. Todas as línguas e todas as variedades de uma mesma língua são igualmente apropriadas ao estudo. Cabe ao linguista estudar com objetividade a língua tal como ela é usada: A Linguísitca é descritiva e explicativa, não prescritiva.
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2. A língua falada tem características próprias que a distinguem da escrita. Ambas constituem foco de interesse dos estudos linguísticos.
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A distinção entre Linguística e outras disciplinas relacionadas
Linguística e Semiologia/Semiótica:
A Semiologia é o estudo dos sistemas de signos naturais ou culturais. A Linguística se interessa por um tipo específico de signo: o verbal (falado ou escrito)
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Linguística e Filologia
A Filologia é uma ciência histórica, centrada em textos escritos, que se ocupa do estudo das civilizações passadas através da observação dos textos escritos que elas nos deixaram, a fim de interpretá-los e comentá-los. Permite o estudo da evolução das línguas através da verificação de documentos cronologicamente sucessivos. Ex.: Filologia Românica. 
A Linguística não se interessa exclusivamente pelo texto escrito, mas também pelo falado. E, ao abordar o fenômeno da mudança, não se restringe aos aspectos estruturas da língua, mas procura entender os fatores sociais que interferiram nesse processo. 
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Linguística e Gramática Tradicional
A Gramática Tradicional foi criada na Antiguidade Grega, por filósofos. É uma tentativa de estabelecer uma relação entre linguagem e lógica, buscando sistematizar, através da observação das formas linguísticas, as leis de elaboração do raciocínio. Essa tradição predominou até o século XIX. Além disso, essa tradição possuía uma orientação normativa, tentando impor um dialeto como ideal e instituindo uma maneira correta de usar a língua.
A Linguística descreve a língua em todos os seus aspectos, mas não prescreve regras de correção. 
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 Algumas questões centrais da Linguística 
1. Como falamos?
Linguística teórica descritiva em seus vários níveis: Fonologia, Morfologia, Sintaxe, Semântica.
2. Como as línguas se constituíram?
. Linguística Histórica.
3. Por que as línguas são diferentes? Quais são as diferenças entre as línguas?
. Linguística Comparatista.
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4. Como tornar mais eficientes os processos de: 
-leitura/ escrita
-tradução
-alfabetização Linguística Aplicada
-ensino de língua materna
-ensino de língua estrangeira 
5. Por que/ para que falamos? Pragmática
 AD
6. Qual é a relação entre linguagem e Sociolinguística/AD Sociedade? 
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Outras questões pertinentes...
1. As diferenças entre línguas e entre dialetos podem ser barreiras para a compreensão mútua? Como superá-las?
2. É possível/desejável uma língua universal? 
3. Os autores de dicionários devem se render ao uso popular?
4. A maneira de falar pode ser uma barreira para a ascensão social?
5. O conhecimento da língua é importante em outras áreas?
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			O que é linguagem?
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Concepções de linguagem 
		A linguagem humana, ao longo da história, tem sido concebida de diferentes maneiras. Definir uma concepção de linguagem é importante, porque ela vai orientar nossas pesquisas e a forma como vamos ensinar. 	As principais concepções de linguagem são:
linguagem como expressão do pensamento;
linguagem como instrumento de comunicação;
linguagem como forma de interação.
 
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Linguagem como expressão do pensamento:
é a mais antiga dessas três concepções, embora ainda tenha defensores;
o homem pensa através da linguagem e depois o homem expressa o seu pensamento através da linguagem.
A expressão se constrói no interior da mente, sendo sua exteriorização apenas uma tradução.
A enunciação é, então, um ato individual, que não é afetado nem pelos outros nem pelas circunstâncias em que a enunciação ocorre.
A capacidade de falar de forma articulada e organizada depende da capacidade de o homem organizar seu pensamento de foram lógica.
Consequentemente, as pessoas que não se expressam bem é porque não pensam de forma organizada.
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Linguagem como instrumento de comunicação:
a língua é vista como um código composto de signos que combinados servem para transmitir uma mensagem (informações) de um emissor a um receptor;
Esse código deve ser dominado pelos falantes para que a comunicação ocorra.
Ao contrário da concepção anterior, nesse caso a língua é vista como um fato externo, independente da consciência individual.
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Linguagem como forma de interação:
quando o falante usa a língua, não o faz só para traduzir um pensamento, nem só para transmitir informações para o outro.
O falante usa a língua para realizar ações, para agir sobre o interlocutor (ouvinte/leitor). Para influenciá-lo.
Esse falante deve ser inserido numa situação de comunicação e num contexto sócio-histórico e ideológico.
O que caracteriza a linguagem é o diálogo.
Correntes que estudam a linguagem sob esse ponto de vista: Linguística Textual, Análise do Discurso, Análise da Conversação, Pragmática.
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 A FORÇA DA LINGUAGEM 
 
Acredita-se que a linguagem tem um poder encantatório, isto é a linguagem teria uma capacidade para reunir o sagrado e o profano, o humano e o divino. Por isso, em todas as religiões, há alguém responsável em transmitir a imagem sagrada aos humanos.
 
Um bom exemplo do poder atribuído à palavra na tradição judaico-cristã está na Bíblia.
E Deus disse: Haja luz. E houve luz. (Gên. 1,3)
 
Atribui-se à palavra uma função criadora.
 
Na missa cristã, o celebrante pronunciando as palavras: “Este é o meu corpo” e “Este é o meu sangue” tem o poder de realizar o mistério da Eucaristia.
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Magia: Atribui-se a linguagem um poder mágico
feiticeiras: ao pronunciar certas palavras, produzem coisas.
Contos infantis: Abre-te, Sésamo!
Shazam!
Pirlimpimpim! 
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Direito: o direito sempre foi uma linguagem solene de fórmulas conhecidas pelo árbitro e reconhecido pelas partes envolvidas.
 Daí se originam expressões como “Dou minha palavra” ou “Juro dizer a verdade, somente a verdade...”.
Razão pela qual dizer o falso é crime gravíssimo.
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Em alguns lugares: dar a palavra é assumir um compromisso de honra, que só poderá ser desfeito com a morte.
Dou minha palavra de honra que estarei de volta amanhã.
Prometo me casar com sua filha.
Juro que vou quitar essa dívida até o final da semana.
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Casamento: Algumas fórmulas funcionam como atos.
Aceito.
Eu vos declaro marido e mulher.
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Tabus verbais: Há palavras que támbém criam tabus, ou seja, há palavras que, por razões diversas (por exemplo, trazer azar)
não podem ser ditas.
Religião: Demônio, diabo o cão, o demo, o tinhoso.
 
Sociedade: Refletem a repressão dos costumes, sobretudo os que se referem a práticas sexuais.
 Até anos 60, puta, homossexual, aborto, amante, masturbação. Tais palavras eram impronunciáveis por mulheres e usados só em locais privados ou íntimos.
 
Política: terrorista, comunista, guerrilheiro.
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Definições de linguagem
 
Sapir (1929): A linguagem é um método puramente humano e não instintivo de se comunicarem idéias, emoções e desejos por meio de símbolos voluntariamente produzidos.
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Bloch e Trager (1942): A linguagem é um sistema de símbolos vocais arbitrários por meio dos quais um grupo social co-opera.
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Hall (1968): a linguagem é a instituição pela qual os humanos comunicam e interagem uns com os outros por meio de símbolos arbitrários orais-auditivos habitualmente utilizados.
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Rousseau (1712-1778): A palavra distingue os homens e os animais; a linguagem distingue as nações entre si. Não se sabe de onde é um homem antes que ele tenha falado.
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Platão: a linguagem é um pharmakon (gr. Poção). Pode significar: remédio, veneno e cosmético.
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Chauí (1997): a linguagem é um sistema de signos ou sinais usados para indicar coisas, para a comunicação entre pessoas e para a expressão de idéias, valores e sentimentos.
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Saussure (início do século XX): A linguagem tem um lado individual e um lado social, sendo impossível conceber um sem o outro.
(...) a linguagem implica, ao mesmo tempo um sistema estabelecido e uma evolução: a cada instante, ela é uma instituição atual e um produto do passado.
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Dubois: (1973): Linguagem é a capacidade específica à espécie humana de comunicar por meio de um sistema de signos vocais (ou língua) que coloca em jogo uma técnica corporal complexa e supõe a existência de uma função simbólica e de centros nervosos geneticamente especializados. Esse sistema de signos vocais utilizado por um grupo social (ou comunidade lingüística) determinado constitui uma língua particular.
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Brandão (1993): Linguagem é interação, um modo de ação social. Nesse sentido, é lugar de conflito, de confronto ideológico em que a significação se apresenta em sua complexidade.

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