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APOSTILA - INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS LINGUÍSTICOS - UniFaveni

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CENTRO UNIVERSITÁRIO FAVENI 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS 
LINGUÍSTICOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
GUARULHOS – SP 
 
2 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 4 
2 HISTÓRIA DO ESTUDO DA LINGUAGEM ............................................................ 5 
2.1 Linguística moderna .............................................................................................. 8 
2.2 Surgimento da Linguística Geral e seus precursores ............................................ 8 
3 INTRODUÇÃO A LINGUÍSTICA .......................................................................... 11 
3.1 O que significa linguística .................................................................................... 13 
3.2 Linguística Moderna ............................................................................................ 14 
3.3 Linguagem ........................................................................................................... 15 
3.4 A Fala .................................................................................................................. 16 
3.5 Linguagem verbal ................................................................................................ 17 
3.6 Linguagem não verbal ......................................................................................... 18 
4 FUNDAMENTOS E PRINCIPAIS TENDÊNCIAS TEÓRICAS .............................. 19 
4.1 Abordagens estruturalista, gerativista, funcionalista e interacional da linguagem
 22 
4.1.1 Estruturalismo: língua e estrutura ..................................................................... 22 
4.1.2 Gerativismo: linguagem e mente ...................................................................... 23 
4.1.3 Funcionalismo: língua e função ........................................................................ 25 
4.1.4 Interacional: língua e interação ......................................................................... 25 
5 PRINCÍPIOS FONÉTICOS.................................................................................... 26 
5.1 Fonética e Fonologia ........................................................................................... 29 
5.2 Fonética ............................................................................................................... 31 
5.2.1 Fonética articulatória ......................................................................................... 31 
5.2.2 Fonética auditiva ............................................................................................... 32 
5.2.3 Fonética acústica .............................................................................................. 32 
5.2.4 Fonética instrumental ........................................................................................ 32 
5.2.5 Fonema 33 
6 CARACTERÍSTICAS DAS MUDANÇAS LINGUÍSTICAS ................................... 35 
 
3 
 
6.1 Modalidade linguísticas e variações .................................................................... 37 
6.1.1 Diatópica: variações regionais ou geográfica ................................................. 38 
6.1.2 Diacrônica: variações de linguística histórica ................................................... 39 
6.1.3 Diastrática: variações de linguística social ...................................................... 40 
6.2 Variação de registro, estilística ou diafásica ........................................................ 40 
6.3 Diferentes níveis de linguagem ........................................................................... 40 
6.3.1 Linguagem Informal ........................................................................................ 41 
6.3.2 Linguagem Formal ........................................................................................... 42 
6.4 Preconceito linguístico ......................................................................................... 42 
7 LINGUÍSTICA GERAL E LINGUÍSTICA APLICADA ........................................... 43 
7.1 O ensino da segunda língua ................................................................................ 46 
7.2 Abordagens norteadoras para o ensino da segunda língua ................................ 47 
8 A LÍNGUA INGLESA AO LONGO DA HISTÓRIA ............................................... 50 
8.1 Língua global ....................................................................................................... 53 
8.2 Ascensão do inglês.............................................................................................. 55 
9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 58 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Prezado aluno! 
 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um 
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é 
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a 
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as 
perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão 
respondidas em tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da 
nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à 
execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da 
semana e a hora que lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
2 HISTÓRIA DO ESTUDO DA LINGUAGEM 
De acordo com Fiorin (2010), o interesse pela linguagem é muito antigo e se 
expressa por meio de mitos, lendas, canções, rituais ou trabalhos eruditos que 
buscam reconhecer essa capacidade humana. Ela remonta ao século IV a.C., 
quando os primeiros estudos ocorreram por questões religiosas que levaram os 
hindus a estudarem sua língua, para que os textos sagrados reunidos no Veda não 
sofressem modificações no momento de serem declamados. Gramáticos hindus, 
incluindo Panini (século IV a.C.), se dedicaram a descrever e criar meticulosamente 
modelos analíticos de sua língua, estes descobertos pelo ocidente no final do século 
XVIII. 
Os gregos atentaram-se em definir as relações entre o conceito e a palavra 
que o designa, ou seja, tentaram responder a pergunta: haverá uma relação 
necessária entre a palavra e o seu significado? Platão argumenta muito bem essa 
questão no Crátilo de Platão (437 a.C), já Aristóteles avançou os estudos noutra 
direção, tentando produzir uma análise precisa da estrutura linguística, principiou a 
elaborar uma teoria da frase, a distinguir as partes do discurso e a enumerar as 
categorias gramaticais. Dentre os latinos, destaca-se Varrão que, na esteira dos 
gregos, dedicou-se à gramática, esforçando-se por defini-la como ciência e arte 
(LYONS, 1987). 
Os modistas na Idade Média, consideraram que a estrutura gramatical das 
línguas é una e universal, em consequência, as regras da gramática são 
independentes das línguas em que se realizam. 
A religiosidade no século XVI, acionada pela Reforma, provoca a tradução 
dos livros sagrados em numerosas línguas, apesar de manter-se a predominância 
do latim como língua universal. O conhecimento de outras línguas até então 
desconhecidas são trazidas por viajantes, comerciantes e diplomatas, sendo que 
em 1502 surge o mais antigo dicionário poliglota, do italiano Ambrósio Calepino. 
Em 1660, a linguagem se funda na razão, é a imagem do pensamento, e, 
partindodos princípios de análise estabelecidos, não se prendem a uma língua 
particular, mas servem a toda e qualquer língua, surgindo, assim, o modelo para 
grande número de gramáticas do século XVII, como a “Grammaire générale et 
raisonnée de Port Royal”, ou Gramática de Port Royal, de Lancelot e Arnaud. 
 
6 
 
O conhecimento de um número maior de línguas vai provocar, no século XIX, 
o interesse pelas línguas vivas, pelo estudo comparativo dos falares, em detrimento 
de um raciocínio mais abstrato sobre a linguagem, observado no século anterior. É 
nesse período que se desenvolve um método histórico, instrumento importante para 
o crescimento das gramáticas comparadas e da Linguística Histórica (FIORIN, 
2010). 
O pensamento linguístico contemporâneo, formou-se a partir dos princípios 
metodológicos elaborados naquela época e que preconizavam a análise dos fatos 
observados. No estudo comparado das línguas, comprova-se que as línguas se 
transformam com o tempo, independentemente da vontade dos homens, seguindo 
uma necessidade própria e manifestando-se de forma regular. 
 
1.1 Surgimento da Linguística Histórica 
A Linguística Histórica como área do conhecimento nasceu a partir da 
publicação de Franz Boop em 1816. Esse grande estudioso da época, publicou sua 
obra sobre o sistema de conjugação do sânscrito comparado ao grego, ao latim, ao 
persa e ao germânico, sendo assim considerado o marco do surgimento da 
Linguística Histórica. A descoberta de semelhanças entre essas línguas e de grande 
parte das línguas europeias, demonstrou que existe entre elas uma relação de 
parentesco, constituindo, portanto, uma família, a indo-europeia. Por meio da língua 
indo-europeia que se pode chegar ao meio do método histórico-comparativo 
(WHITNEY, 2010). 
 No seculo XIX ocorreu um grande progresso na investigação do 
desenvolvimento histórico das línguas, o qual foi acompanhado por uma descoberta 
fundamental e alterou, modernamente, o próprio objeto de análise dos estudos 
sobre a linguagem, a língua literária até aquele momento. 
Segundo Whitney (2010), a partir da publicação do livro intitulado “Do sistema 
de conjunção do sânscrito comparado com o sistema de conjunção das línguas 
gregas, latina, persa e germânica” de Franz Bopp, a comparação das línguas 
permitiu determinar o parentesco de uma nação com outra e remontar de forma 
segura às tradições mais antigas, razão pela qual ela interessava, sobretudo, ao 
historiador e ao etnólogo. A partir daí Bopp nos faz prever este fenômeno cuja 
aparente regularidade parecia permitir a fundação de uma ciência inteiramente à 
 
7 
 
parte. Esse fenômeno é a mudança linguística. À nova ciência cabia, então, mostrar 
a ação das leis que fizeram com que idiomas saídos de um mesmo berço 
evoluíssem em direções tão diversas. Esse estudo se referia, sobretudo, à fonética. 
No século XIX, a referência à biologia no tratamento dos fatos humanos é 
geral, e a teorização do novo objeto se dá a partir do modelo fornecido por essa 
ciência. A linguagem é, então, entendida ao modo de um organismo vivo. Isso que 
parecia uma metáfora inicialmente, termina mais tarde por ser tornar literal. Em 
1863, August Schleicher, principal representante dessa tradição, afirma: "as línguas 
são organismos naturais que, independentemente da vontade humana, crescem, se 
desenvolvem, envelhecem e morrem. [...] A glótica ou ciência da linguagem é, 
consequentemente, uma ciência natural". Nesse mesmo texto, Schleicher explica 
seu famoso esquema da evolução das línguas indo-europeias, concebido sob a 
forma de uma árvore genealógica: 
A uma época remota da vida da espécie humana, houve uma língua primitiva 
[...] a língua indo-germânica. Após ter sido falada por uma série de gerações, 
série durante a qual o povo que a falava cresceu provavelmente e se 
estendeu, ela adquiriu pouco a pouco em diferentes partes de seu domínio 
um caráter diferente, de modo que, no final, duas línguas daí saíram. É 
possível mesmo que muitas línguas tenham se formado e somente duas 
sobrevivido e se desenvolvido; a mesma observação se aplica às divisões 
ulteriores. 
Essa inclusão dos estudos linguísticos no domínio das ciências naturais, 
colocava um problema: a assimilação da língua comparada a organismos vivos, a 
crença na existência de princípios e leis naturais que regem a história das línguas. A 
ideia de árvore genealógica, conduziu a um apagamento total da dimensão humana 
da linguagem e reduziu os estudos a um ramo da fisiologia. Essa visão da dimensão 
humana manteve-se até o último quarto do século XIX e iria fazer parte dos estudos 
da linguagem do ponto de vista da linguística naturalista (WHITNEY, 2010). 
A linguística moderna nasce precisamente nesse momento, quando o sujeito, 
sentido e sociedade são resgatados. A semântica, a geografia linguística, a 
crioulística, a pragmática, mas também aquilo que seria chamado de fonologia e 
todas as disciplinas vêm reintroduzindo aquilo que havia sido excluído dos estudos 
da linguagem. 
Para Whitney (2010), a linguagem não é um organismo natural, mas um 
produto humano, e a linguística deve, por extensão, ser situada no interior das 
ciências homem. 
 
8 
 
2.1 Linguística moderna 
A Linguística moderna, embora também se ocupe da expressão escrita, 
considera a prioridade do estudo da língua falada como um de seus princípios 
fundamentais. Com a divulgação dos trabalhos de Ferdinand de Saussure (1857-
1913), professor da Universidade de Genebra, no início do século XX, investigou-se 
sobre a linguagem e a Linguística que, a partir desses estudos, passaram a ser 
reconhecida como estudo científico. Dois alunos de Saussure, em 1916, publicam o 
Curso de Linguística Geral, a partir de anotações de feitas em aula, numa obra que 
se tornou fundadora da nova ciência (LYONS, 1987). 
Considerado o pai da linguística moderna, Saussure foi o primeiro a mostrar 
que a língua está presente na cultura humana desde os seus primórdios. Com ele, 
a linguística ganhou autonomia como ciência. Ele entendia a linguística como um 
ramo da ciência mais geral dos signos, e propôs que fosse chamada de Semiologia. 
No passado, a linguística não era autônoma, mas sujeita às demandas de 
outros estudos, como lógica, filosofia, retórica, história e crítica literária. O século XX 
trouxe uma mudança central e completa nessa atitude, expressa na nova natureza 
científica da linguística, centrada na observação dos fatos linguísticos (FIORIN, 
2013). 
O método científico pressupõe que a observação dos fatos precede o 
estabelecimento de hipóteses, e que os fatos observados são sistematicamente 
investigados por meio da experimentação e teoria apropriada. Um trabalho científico 
consiste em observar e descrever fatos com base em certos pressupostos teóricos 
formulados pela linguística, ou seja, os linguistas abordam os fatos guiados por um 
referencial teórico particular, sendo assim, diferentes descrições e explicações 
podem existir para o mesmo fenômeno, dependendo do referencial teórico escolhido 
pelos pesquisadores (FIORIN, 2013; SAUSSURE, 1969). 
2.2 Surgimento da Linguística Geral e seus precursores 
O suíço Ferdinand Saussure foi o primeiro linguista a desenvolver estudos na 
área. Os temas principais trabalhados em suas obras foram: língua, fala, signo 
linguístico, significante, significado, sintagma, sincronia e diacronia. Seus estudos 
foram essenciais para a linguística se tornar uma ciência autônoma. Saussure é 
 
9 
 
considerado o pai da linguística moderna, ele reorganizou o estudo sistemático da 
linguagem e das línguas de maneira a tornar possíveis as realizações da linguística 
do século XX. O marco do nascimento do estruturalismo foi a publicação do Cours 
de linguistique générale (Curso de linguística geral), em 1916 (LYONS, 1987), obra 
sobre a qual se construiu toda a linguística moderna, resultado de anotações de 
aulas reunidas e publicadaspor dois dos alunos de Saussure: Ch. Bally e A. 
Sechehaye. 
Na linguística, há vertentes que correspondem a diferentes níveis de análise: 
a fonologia (estudo das unidades sonoras); a sintaxe (estudo da estrutura das 
frases) e a morfologia (estudo das formas das palavras) que, juntas, constituem a 
gramática e a semântica (FIORIN, 2013). 
Para Saussure a linguística ganha seu objeto específico: a língua. A língua é 
um “sistema de signos”, um conjunto de unidades que estão organizadas formando 
um todo. É ele que considera o signo como a associação entre significante (imagem 
acústica) e significado (conceito). É fundamental mencionar que não se pode 
confundir a imagem acústica com o som; ela é psíquica e não física. Ela é a imagem 
que fazemos do som no nosso cérebro. Saussure define língua como sendo parte da 
linguagem: 
Mas o que é a língua? Para nós, ela não se confunde com a linguagem; é 
somente uma parte determinada, essencial dela, indubitavelmente. É, 
simultaneamente, um produto social da faculdade de linguagem e um 
conjunto de convenções necessárias, adotadas pelo corpo social para 
permitir o exercício dessa faculdade nos indivíduos (SAUSSURE, 1969, p. 
17). 
 
De acordo com Fiorin (2013), Saussure define a linguagem como sendo geral, 
que pode estar presente em diferentes domínios e que é, simultaneamente, 
individual e social, não se restringindo por uma unidade ou sistema. Saussure fez 
distinções importantes, a primeira diz respeito à língua vs. fala. Para ele, a língua é 
um sistema abstrato, um fato social, geral, virtual. A fala, ao contrário, é a realização 
concreta da língua pelo sujeito falante, sendo circunstancial e variável. 
Ele excluiu a fala do campo da linguística, relatando que ela depende do 
indivíduo e não é sistemática. A outra distinção é a que separa a sincronia (o estado 
atual do sistema da língua) e diacronia (sucessão, no tempo, de diferentes estados 
da língua em evolução). Ele não considera a diacronia nos estudos da linguística, 
pois segundo ele, é incompatível a noção de sistema e evolução. Reside aí a 
 
10 
 
importância dos conceitos de língua, valor e diacronia. É com eles que Saussure 
institui a base da linguística como ciência (FIORIN,2010). 
Segundo Martelotta (2009), Saussure concebe significado da fala como sendo 
um ato individual de vontade e inteligência, no qual convém distinguir as 
combinações pelas quais o falante realiza o código da língua no propósito de 
exprimir seu pensamento pessoal, e um mecanismo psicofísico que lhe permite 
exteriorizar essas combinações. 
No século XX, quase que simultaneamente surgem distintas correntes de 
estudo de semiótica. Nos Estados Unidos, numa tradição ligada ao empirismo, os 
estudos foram propostos pelo filósofo e lógico Charles Sanders Peirce (1839-1914). 
Além de filósofo, Peirce foi pedagogista, cientista, linguista e matemático, e deixou 
sua contribuição para os avanços em diversas áreas do conhecimento. Seus 
estudos foram essenciais para o progresso da semiótica e da filosofia. 
A semiótica peirciana estuda os signos associados à lógica. Considera-se que 
tudo no mundo é signo, como o ser humano, as suas ações, suas ideias e seus 
objetos. Tudo isso por possuir uma visão pragmática, considerando válido somente o 
conhecimento com aplicabilidade social. 
Com viés racionalista, Saussure iniciou uma corrente pensando a partir das 
estruturas da linguagem. Na União Soviética, os filólogos Potebnia (1835-1891) e 
Viesselovski propuseram uma perspectiva mais culturalista. Essas são as matrizes 
que desencadearam as principais vertentes de estudo contemporâneas (GREIMAS, 
2016). 
O russo Roman Jakobson (1896-1982) foi um importante estudioso da área, 
considerado um dos maiores linguistas do século XX. Jakobson dedicou seus 
estudos à comunicação e análise da estrutura da linguagem. Identificou seis funções 
da linguagem correspondentes a cada um dos seis elementos: emotiva, poética, 
fática, metalinguística, referencial e conativa. Em cada uma delas, predomina um 
dos elementos da comunicação (WINCH, 2012). 
Avram Noam Chomsky (1928), linguista, filósofo, sociólogo, cientista e ativista 
político norte-americano, desenvolveu estudos sobre a cognição. Considerado o pai 
da linguística moderna (Linguística e Gramatica Gerativa), seus estudos foram de 
suma importância para o desenvolvimento da área da psicologia cognitiva. O modelo 
de Chomsky foi reconhecido como dominante na época e, ainda hoje, tem respaldo 
 
11 
 
entre os círculos de linguistas. Os estudos de Chomsky nos indicam que os seres 
humanos apresentam uma predisposição genética que permite a aquisição da 
linguagem. Assim, ele utiliza o termo “estado inicial” para caracterizar o que seria um 
dispositivo de aquisição da língua. 
Considerado um dos maiores defensores da linguagem como instinto 
humano, Chomsky, em meados da década de 50, criou a Teoria Gerativa, que 
afirma que a aquisição da língua é provinda de um órgão mental, como se fosse uma 
faculdade psicológica presente em cada indivíduo. A faculdade de linguagem pode 
ser razoavelmente considerada "um órgão linguístico" no mesmo sentido em que na 
ciência se fala, como órgãos do corpo, em sistema visual ou sistema imunológico, ou 
sistema circulatório. Compreendendo deste modo, que um órgão não é alguma coisa 
que possa ser removida do corpo, deixando intacto o resto, um órgão é um 
subsistema que é parte de uma estrutura mais complexa. Chomsky fala que a 
"linguagem é um instinto humano instalado em nosso cérebro, ou seja, existe um 
dispositivo ativado na mente quando a criança alcança certa idade, e por isso 
lembramos apenas de certo momento de nossa infância" (apud PINKER, 2002). 
 Em sua teoria, Chomsky defende que todo ser humano possui uma 
gramática internalizada. Com isso, ele quis dizer que em nossa mente possuímos 
mecanismos que comportam estruturas de todas as línguas e os fonemas também, 
cabendo ao indivíduo, ao adquirir a linguagem, selecionar o que será usado e excluir 
o que não lhe servirá. Ou seja, para uma criança falar, ninguém precisa lhe ensinar, 
pois ela já possui todas as estruturas essenciais para a aquisição da linguagem, e 
ela consegue adquirir uma língua apenas observando algum falante dessa língua. 
Portanto, quando uma criança observa a fala de um adulto, ela está observando as 
regras que este utiliza na sua comunicação, logo, então, ela assimila e internaliza 
esses dados e cria as próprias regras ao falar em repetição ao que foi observado. 
Mas essa internalização simultânea só lhe é possível durante o seu período crítico, 
ou seja, antes da puberdade, período em que nosso cérebro está propício para 
aprender (PINKER, 2002). 
3 INTRODUÇÃO A LINGUÍSTICA 
Fiorin (2010), discorre um pouco sobre a história da língua e como ela foi 
 
12 
 
construída ao longo do tempo. Dos mitos às mais elaboradas especulações 
filosóficas, Fiorin sempre ressaltou o problema da origem da linguagem, seu 
surgimento, seus primeiros passos. As crenças e as religiões atribuem para essa 
fonte poderes divinos, animais e criaturas místicas imitadas pelo homem. Lendas, 
mitos, canções e até antigos rituais atestam para esse interesse. 
No que diz respeito à linguística comparativa, podemos reconstruir o passado 
distante das línguas e derivar leis linguísticas específicas que nos permitem traçar a 
vida das palavras, seus movimentos e transformações em diferentes línguas. Além 
dessas investigações, a decifração do material arqueológico também revelou as 
seguintes descobertas: inscrições em línguas passadas, nomes de deuses, nomes 
de lugares, grupos étnicos, etc. (WHITNNEY, 2010). 
Com contribuições significativas de arqueólogos e paleontólogos, a linguística 
procura determinar como as línguas surgiram e desde quando os humanos falam. 
Poderemos considerar que a linguagem teve um tempo de desenvolvimento com 
progressão lentae laboriosa, se transformando no sistema complexo de significação 
e de comunicação que é hoje. 
Ainda na antiguidade, os hindus eram conhecidos pela sua agudeza no 
tratamento da linguagem verbal. Com a redescoberta do sânscrito (língua sagrada 
da Índia antiga), no século XIX, apareceram os sofisticados estudos de linguagem 
que os hindus tinham feito em épocas remotas. Os motivos pelos quais eles se 
interessavam pela linguagem eram de caráter religioso, e estabeleceram pela 
palavra uma relação íntima com as divindades, mas nem por isso seus estudos eram 
menos rigorosos (PETTER, 2002). 
Na Grécia antiga, os pensadores debateram por muito tempo se as palavras 
imitavam as coisas ou se os nomes eram dados apenas por convenção. Estes 
pensadores tinham discussões acaloradas sobre a própria organização da 
linguagem. Perguntavam se as palavras se organizavam conforme a ordem 
existente no mundo, seguindo princípios que têm como referência as semelhanças 
ou as diferenças (FIORIN, 2013). 
Conforme Fiorin (2013), em Roma, a preservação dos textos religiosos no 
judaísmo, a difusão das novas religiões para os elitistas - como o cristianismo e o 
islamismo - e o estabelecimento de tradições literárias vernáculas nos Estados-
nações da Europa renascentista, são exemplos do contexto em que a língua, a 
 
13 
 
princípio, era uma ferramenta e que, a partir disso, tornou-se um objeto de estudo. 
Os reflexos linguísticos medievais buscavam desenvolver uma teoria geral da 
linguagem, baseada na autonomia da gramática sobre a lógica. Consideraram, 
então, três modalidades (modus) manifestados pela linguagem natural: o modus 
essendi (de ser), o intellingendi (de pensar) e o significandi (de significar). 
Portanto, há uma enorme quantidade de evidências de que pessoas de 
diferentes faixas etárias sempre prestaram atenção à linguagem. Mas foi somente 
após a criação da linguística que esse surgimento da curiosidade humana tomou a 
forma de uma ciência com seus próprios assuntos e métodos. 
Na história da constituição da Linguística, há dois momentos chave: o século 
XVII, sendo o século das gramáticas gerais, e o século XIX, com suas gramáticas 
comparadas. No século XVII, os estudos da linguagem são fortemente marcados 
pelo racionalismo. Os pensadores desta época concentram-se em estudar a 
linguagem enquanto representação do pensamento e procuram mostrar que as 
línguas obedecem a princípios racionais e lógicos. 
3.1 O que significa linguística 
Como o termo linguagem pode ter um uso muito pouco especializado, 
podendo referir-se desde a linguagem dos animais até outras manifestações como 
música, dança, pintura, pantomima, etc. Deve-se enfatizar que a linguística se 
concentra apenas no estudo científico da linguagem humana. Nesse sentido, nota-
se que todas as línguas (verbais ou não verbais) possuem uma importante 
característica em comum, o sistema de língua de signos utilizado para a 
comunicação. Essa semelhança possibilitou pensar em uma ciência que estuda 
todos os sistemas de signos. Saussure chamou isso de Semiologia e Peirce de 
Semiótica (FIORIN, 2010). 
 Conforme citado por Fiorin (2010), a linguística é, portanto, parte dessa 
ciência geral; estuda as modalidades de sistemas de signos, as línguas naturais, 
como a forma de comunicação mais desenvolvida e difundida. Uma pintura, uma 
dança ou um gesto, podem expressar de formas diversas um mesmo conteúdo 
básico, mas só a linguagem verbal consegue traduzir com maior eficiência qualquer 
um desses sistemas semióticos. As línguas naturais situam-se numa posição de 
 
14 
 
destaque entre os sistemas sígnicos pois possuem propriedades de flexibilidade e 
adaptabilidade, que permitem expressar conteúdos bastante diversificados, como 
emoções, sentimentos, ordens, perguntas, afirmações, e também possibilitam falar 
do presente, do passado ou do futuro (PETTER, 2012). 
Não confunda linguística com aprender muitos idiomas. Um linguista deve ser 
capaz de “falar” uma ou mais línguas, saber como funcionam as línguas, suas 
semelhanças e diferenças. A linguística é incomparável com os estudos gramaticais 
tradicionais. Ao observar a linguagem em uso, os linguistas tentam descrever e 
explicar os fatos, os padrões fonéticos, padrões gramaticais e vocabulários usados. 
Não se avalia esse uso em relação a outros padrões, como o moral, estético ou 
crítico. Esses julgamentos não são considerados pelo linguista, pois sua função é 
estudar toda e qualquer expressão linguística como um fato merecedor de descrição 
e explicação em um quadro científico adequado (MARTELLOTA, 2008). 
3.2 Linguística Moderna 
De acordo com Martelotta (2008), a linguística é definida na maioria dos 
manuais especializados, como a disciplina que estuda cientificamente a linguagem. 
Segundo o autor, essa definição pouco elucidativa por sua simplicidade, nos obriga 
a fazer algumas considerações importantes. Primeiramente é necessário entender o 
termo "linguagem", que nem sempre é empregado com o mesmo sentido, e também 
delimitar o que significa estudar cientificamente a linguagem. Além disso, não 
podemos esquecer que existem outras áreas do conhecimento interessadas em 
estudar a linguagem à sua maneira. Isso permite contrastar a linguística com várias 
ciências ou disciplinas relacionadas para esclarecer seus campos de atividade. 
Segundo Fiorin (2013), a linguística moderna é estruturada como a ciência da 
linguagem. Ao contrário da gramática, a linguística não pretende ser prescritiva (não 
pretende prescrever modos de falar), mas descritiva e explicativa (o que é linguagem 
e por que ela é?). Assim como os químicos não dizem que uma reação é certa ou 
errada, ou os biólogos que uma determinada espécie não deveria existir ou que é 
feia, ou os astrônomos que não classificam os corpos celestes como bons ou maus, 
os linguistas não condenam uma forma particular de falar, mas procuram descrever 
e explicar as construções, as formas. Por exemplo, explicar por que aparece o 
 
15 
 
chamado gerundismo, por que se usa o pronome ‘lhe’ em função de objeto direto em 
lugar dos pronomes que serviriam para expressar essa função sintática: o, a, os, as. 
3.3 Linguagem 
Linguagem é o sistema através do qual o ser humano comunica suas ideias 
e sentimentos, seja através da fala, da escrita ou de outros signos convencionais. 
Fiorin (2010) compreende as línguas naturais, notadamente diversas, como 
manifestações de algo mais geral: a linguagem. Tal constatação fica mais patente se 
pensarmos em traduzi-la para o inglês, que possui um único termo language, usado 
para os dois conceitos língua e linguagem. 
É necessário, então, que se procure distinguir essas duas noções. O 
desenvolvimento dos estudos linguísticos levou muitos estudiosos a proporem 
definições da linguagem, próximas em muitos pontos e diversas na ênfase atribuída 
a diferentes aspectos considerados centrais pelo seu autor. São apresentadas duas 
propostas de texto: a de Saussure e a de Chomsky, que pressupõem uma teoria 
geral da linguagem e da análise linguística (FIORIN, 2010). 
Fiorin (2010), salienta o conceito de Saussure que considerou a linguagem 
"heteróclita e multifacetada", pois abrange vários domínios e é, simultaneamente, 
física, fisiológica e psíquica, que pertence ao domínio individual e social. Saussure 
ainda destaca que a linguagem não se deixa classificar em nenhuma categoria de 
fator humano, pois não se sabe como inferir sua unidade. 
A linguagem envolve uma complexidade e uma diversidade de problemas que 
suscitam a análise de outras ciências, como a Psicologia, a Antropologia, etc., além 
da investigação linguística, não se prestando, portanto, para objeto de estudo dessa 
ciência. Para tanto, Saussure separou uma parte de todas as línguas, a linguagem, 
um objeto classificável unificado. A linguagem é o produto social da capacidade de 
falar, o conjunto necessário de convenções adotadaspelos corpos sociais para 
permitir que os indivíduos exerçam essa capacidade. (SAUSSURE,1969). 
A língua é, para Saussure, "um sistema de signos", isto é, um conjunto de 
unidades que se relacionam organizadamente em um todo. É "a parte social da 
linguagem", exterior ao indivíduo, não podendo ser modificada pelo falante que 
 
16 
 
obedece às leis do contrato social estabelecido pelos membros da comunidade, 
(FIORIN, 2010). 
3.4 A Fala 
O conjunto linguagem-língua contém outro elemento: a fala. Neste contexto a 
fala é um ato individual, nela resulta das combinações feitas pelo sujeito falante 
utilizando o código da língua, expressando-se pelos mecanismos psicofísicos (atos 
de fonação) necessários à produção dessas combinações (SAUSSURE,1969). 
A distinção linguagem/língua/fala se situa como o objeto de estudo da 
Linguística para Saussure. Dela decorre a divisão do estudo da linguagem em duas 
partes: uma, que investiga a língua, e outra, que analisa a fala. As duas partes são 
inseparáveis, visto que são interdependentes, pois a língua é condição para se 
produzir a fala, mas não há língua sem o exercício da fala. Há necessidade, 
portanto, de duas linguísticas: a da língua e a da fala. Saussure focou em seu 
trabalho a linguística da língua, produto social depositado no cérebro de cada um e 
sistema supraindividual que a sociedade impõe ao falante (LYONS,1987). Os 
adeptos do princípio de Saussure, procuraram explicar a própria linguagem 
examinando as relações que unem os elementos do discurso e, assim, conseguir 
determinar o valor funcional desses diferentes tipos de relações. 
A língua é considerada uma estrutura constituída por uma rede de elementos, 
em que cada um tem um valor funcional determinado. A teoria de análise linguística 
que se desenvolveu, herdeira das ideias de Saussure, foi denominada 
estruturalismo. 
Todas as línguas naturais são, seja na forma falada, ou na forma escrita, 
linguagens. Neste sentido, sua definição é que toda língua natural possui um 
número finito de sons (e um número finito de sinais gráficos que os representam, se 
for escrita). Mesmo que as sentenças distintas da língua sejam em número infinito, 
cada sentença só pode ser representada como uma sequência finita desses sons 
(ou letras) (PETTER, 2002). 
Um linguista que descreve qualquer uma das línguas naturais determina quais 
dessas sequências finitas de elementos são sentenças e quais não são, ou seja, o 
que é dito e o que não é, naquela língua. A análise das línguas naturais deve 
 
17 
 
permitir determinar as propriedades estruturais que distinguem a língua natural de 
outras linguagens. Chomsky acredita que tais propriedades são tão abstratas, 
complexas e específicas que não poderiam ser aprendidas a partir do nada por uma 
criança em fase de aquisição da linguagem. Essas propriedades já devem ser 
"conhecidas" da criança antes de seu contato com qualquer língua natural e devem 
ser acionadas durante o processo de aquisição da linguagem. Para Chomsky, 
portanto, a linguagem é uma capacidade inata e específica da espécie, isto é, 
transmitida geneticamente e própria da espécie humana (PETTER, 2002). Assim, a 
linguagem tem propriedades universais e, para construir uma teoria geral da 
linguagem baseada nesses princípios, esses pesquisadores se propuseram a 
encontrar essas propriedades. Essa teoria é conhecida como generativismo. 
3.5 Linguagem verbal 
A língua como forma de expressão é composta por um conjunto de signos 
criados voluntariamente a partir de uma convenção e que são aceitos como corretos 
pelos falantes. São essas convenções da linguagem que diferenciam um grupo do 
outro. Com isso, confirma a língua como um instrumento coletivo, de norma social. 
Dessa forma, pode-se afirmar que a linguagem verbal é “[...] objetiva, definidora, 
cerebral, lógica e analítica, voltada para a razão e a ciência, a interpretação e a 
explicação [...]” (AGUIAR, 2004, p. 28). A linguagem verbal apresenta-se por duas 
formas de linguagem, uma falada e outra escrita, que manifesta variações na forma 
de se expressar. 
Na linguagem oral, os recursos utilizados são diferentes da linguagem escrita, 
começando pelo espaço. Na escrita, a presença física do interlocutor é inexistente. 
Enquanto na oral ocorre um diálogo com o interlocutor, onde ambos muitas vezes 
ocupam o mesmo ambiente. A fala, sendo o principal recurso da linguagem oral, 
utiliza-se da altura e tom da voz e de outras características para a clareza do diálogo 
e da comunicação. 
As palavras são decifradas por partes, a partir da fala e da escrita, primeiro 
um signo e depois o outro, formando assim unidades maiores. É ao final da uma 
leitura ou da audição que temos o texto completo, a mensagem que se quer passar. 
Na linguagem escrita, a forma de comunicação se dá por palavras que, 
 
18 
 
através de frases e textos, têm a intenção de informar a mensagem de maneira clara 
e coerente para que o interlocutor compreenda. Assim, o sistema de sinais ‘alfabeto’ 
é o recurso principal da linguagem escrita no Ocidente, a partir dos fonemas, 
representados pelos sons da fala (AGUAIR, 2004). 
Para utilizarmos a linguagem verbal e necessário conhecer os vocábulos, 
considerando ser um meio de comunicação em sociedade. A exemplo disso, um 
bebê, antes de apreender a falar, vai se apropriando do código verbal a partir de 
sons interpretados pelos adultos em um arremedo de fala infantil. É dessa forma que 
surge, nesse caso, um sentimento de naturalidade da linguagem infantil. 
Conforme Aguiar (2004), a linguagem verbal tem influência também no 
aspecto psicoemocional do ser humano, pois afeta o estado de ânimo e as 
emoções. Por exemplo, quando recebemos um elogio ou dizemos algo que valoriza 
o outro, isso mexe com a autoestima e com o estado de espírito para um lado 
positivo, alegre. Ao contrário, se criticamos ou discutirmos, ficamos tristes, 
aborrecidos. Essas situações mostram o quanto a área intelectual e a afetiva estão 
relacionadas. No entanto, são duas as linguagens que estão conectadas: a verbal e 
não verbal. 
3.6 Linguagem não verbal 
A linguagem não verbal pode ser definida como sendo a linguagem “[...] das 
imagens, das metáforas e dos símbolos, expressa sempre em totalidades que não 
se decompõem analiticamente” (AGUIAR, 2004, p. 28). Na linguagem não verbal 
não há presença de palavras, por isso ela segue outro tipo de código. Apesar da 
ausência da palavra, existe uma linguagem que constrói a mensagem que se 
pretende passar. Utiliza-se para isso outros instrumentos, como imagens, gestos e 
sinais. Considera-se, também, como linguagem não verbal, a manifestação da 
pessoa que recebe a mensagem, pois essa geralmente expressa corporalmente 
diversas reações, como de atenção, agrado ou desagrado. Tanto o emissor quanto o 
receptor da mensagem passada através de linguagem não verbal apresentam os 
indícios de significados que devem ser compartilhados por quem passa ou recebe a 
mensagem. 
Cada tipo de linguagem não verbal tem sua própria forma de expressão, seus 
 
19 
 
códigos e suas finalidades, como o exemplo da Libras, que é normativa como a 
escrita. As tecnologias digitais são um novo gênero de linguagem verbal e não 
verbal, como o e-mail, os chats (bate-papo), os fóruns on-line (espaços de opinião e 
debate), as redes sociais (Facebook, Instagram, Twitter, YouTube, WhatsApp...) e os 
elementos comunicativos utilizados nessas tecnologias, como, por exemplo, os 
emojis (ícones representados com carinhas que tem nome, ou significado oficial e é 
utilizado em aplicativos e sistemas diferentes, principalmente no Facebook e no 
WhatsApp), os links de hipertexto, entre outros (CASTRO, 2013). 
4 FUNDAMENTOS E PRINCIPAIS TENDÊNCIAS TEÓRICAS 
Os celtas são historicamente o primeiro povo registrado nas Ilhas Britânicas. 
Estudos anteriores mostram vestígios da migração de outros povos que viveram na 
regiãomuito antes dos celtas, que influenciaram os dialetos das línguas indo-
europeias, mas, com os celtas, conhecemos a história como ela é. Eles se 
estabeleceram na Grã-Bretanha por volta de 1.000 a.C. até 100 d.C., até a chegada 
dos romanos nas Ilhas Britânicas (MOREIRA; GOMES; RESGALA, 2015). 
A primeira invasão romana foi por volta do ano 5 a.C. Depois de muitas 
invasões, aquele antigo grande império tomou conta da região e outras influências 
começaram a aparecer na economia, na política, na sociedade em geral e, claro, na 
língua. No entanto, o poder romano diminuiu com a ascensão de outras nações 
europeias que também invadiram as Ilhas Britânicas. Povos do norte da Europa, 
como os saxões, ali se estabeleceram após ataques violentos e sangrentos que 
mataram parte da população local. Essa destruição dos saxões causou o fim da 
cultura celta, das sobreposições e do dialeto germânico que deu origem ao inglês. 
Desde então, a história da língua inglesa mostrou que havia Old English (inglês 
Antigo), Middle English (inglês Médio) e Modern English (inglês Moderno). Este 
último ainda é falado, assim como as mudanças dinâmicas pelas quais toda língua 
natural deve passar. (MOREIRA; GOMES; RESGALA, 2015). A linha do tempo para 
tais fenômenos é aproximadamente a seguinte: 
• Old English (500-1100) — com forte influência celta e latina; 
• Middle English (1100-1500) — com forte influência francesa; 
 
20 
 
• Modern English (de 1500 até agora) — padronização da língua inglesa. 
Não devemos esquecer que o Cristianismo foi trazido para as Ilhas Britânicas 
pela invasão romana, e São Patrício foi o missionário responsável pela conversão 
dos celtas à religião cristã. Claro que esse processo deixou sua marca na língua 
inglesa, nas línguas latina, romana e cristã, provocando a repetição do vocabulário 
religioso e dos textos bíblicos. 
Durante o período do inglês antigo, os conquistadores vikings também 
influenciaram a língua inglesa, pois sua presença no território da Grã-Bretanha durou 
mais de 200 anos. Como a língua viking era de origem germânica, essa influência 
estava presente no inglês. Para os falantes de hoje, o inglês antigo é irreconhecível 
na pronúncia e na escrita em comparação com o inglês moderno. No entanto, sua 
pronúncia era próxima da grafia, que era diferente do inglês atual. Gramaticalmente, 
os substantivos também eram masculinos e femininos – influenciados por línguas 
como o latim, que tinha substantivos neutros, o inglês antigo também usava 
substantivos neutros. Mesmo os verbos são conjugados e flexionados, o que o 
inglês moderno não faz. Hoje, o inglês é conjugado no presente e no passado, e 
outros tempos são formados com modais ou verbos auxiliares (CELCE-MURCIA; 
LARSEN-FREEMAN, 1999). 
A influência da língua inglesa não parou por aí. Após mil anos de invasão e 
turbulência, os normandos franceses invadiram a Inglaterra e lá se estabeleceram 
por mais de 200 anos. Mais uma vez, depois de muitas batalhas sangrentas e 
mortes tanto do lado inglês quanto do francês, os normandos assumiram o controle 
da Inglaterra. Por causa dessa conquista e de outras batalhas que venceu, 
Guilherme, duque da Normandia, que liderou o massacre na famosa Batalha de 
Hastings em 1066, ficou conhecido como Guilherme, o Conquistador. 
Os acontecimentos levaram ao fortalecimento do cristianismo na região e à 
adoção da língua dos conquistadores. Naquela época, a língua valorizada pelas 
famílias reais inglesas era o francês, porque os próprios conquistadores e 
seguidores não falavam inglês na época. O resultado foi aprender francês em busca 
de ascensão social. Com a presença e o fortalecimento da língua francesa, teve 
início o Middle English. No entanto, como aconteceu na época romana, os franceses 
também perderam o poder após quase três séculos de domínio. O nacionalismo 
inglês dominou e, por volta do século 15, quando o vocabulário se tornou mais rico, 
 
21 
 
o inglês se tornou a língua dominante e mais influente da região. Também 
concorreram documentos escritos em inglês, deixando para trás o latim e o francês, 
colaborando com o surgimento da literatura e lançando conceitos nas esferas 
administrativa, política e social da organização inglesa (MOREIRA; GOMES; 
RESGALA, 2015) 
O inglês agora retém palavras de origem latina e as usa de maneira mais 
formal. No entanto, devido à influência do francês, o inglês médio perdeu suas 
inflexões mencionadas no inglês antigo. A pronúncia das vogais inglesas também 
ocorreu nos séculos XV e XVI, o que mudou significativamente foi a pronúncia 
dessas vogais e ditongos. 
The Great Vowel Shift refere-se à mudança vocálica mais importante da 
época, que causou a atual falta de correlação entre palavras escritas e faladas em 
inglês, observada principalmente nas vogais. Por exemplo, nas palavras fine, mine e 
shine, a vogal /i/ é pronunciada como /ai/, então o som /i/ representa um som ditongo 
nesses casos. As palavras fit, istuda e rippida têm uma pronúncia curta de /I/, o que 
difere das palavras carno, grade e meri, que, embora escritas com duas vogais, não 
pronunciam o ditongo. Esta combinação sonora / ea / é pronunciada mais longa / i: /, 
cuja duração é indicada foneticamente por dois pontos (:). O período do inglês 
moderno foi uma época de padronização e unificação da língua inglesa, possibilitada 
pela imprensa, o sistema postal, por volta de 1500, a concentração do centro 
administrativo, político, social e econômico da Inglaterra e a educação média de 
notas altas e distribuição ortográfica padronizada. Por exemplo, os verbos auxiliares 
em inglês foram indubitavelmente introduzidos nos séculos XVI e XVII e ainda são 
usados em negativas e perguntas em inglês. No século XVIII, outra desordem afetou 
o inglês: a dupla negação, como a frase portuguesa “Eu não conheço ninguém aqui”, 
em inglês "I don't know nobody here", foi considerada gramaticalmente incorreta 
(MOREIRA; GOMES; RESGALA, 2015). 
Quando chegou o século XIX, o colonialismo britânico começou a se firmar. 
Desde então, os povos das Ilhas Britânicas deixaram seus territórios e continuaram 
a conquistar outros territórios. Assim, eles retomaram não só sua cultura, mas 
também sua língua, que passou a influenciar cada vez mais o mundo (MOREIRA; 
GOMES; RESGALA, 2015). Não podemos negar que houve diversidade ao longo de 
seus dois mil anos de história, o que pode tê-la tornado menos regular do que, por 
 
22 
 
exemplo, as línguas latinas. De qualquer forma, a posição do inglês como língua 
global cresceria ainda mais com a ascensão dos Estados Unidos no século XX. Os 
laços entre a Inglaterra e os Estados Unidos, que perduram até hoje, estendem-se 
aos negócios e à política, mantendo até mesmo o idioma entre as duas nações 
próximo ao entendimento, embora sotaques diferentes tenham dado aos seus 
falantes nativos uma identidade distinta (CRYSTAL, 2003). 
4.1 Abordagens estruturalista, gerativista, funcionalista e interacional da 
linguagem 
4.1.1 Estruturalismo: língua e estrutura 
Desde Saussure, temos uma compreensão da linguagem como um sistema 
de signos, um código que serve à comunicação e à troca de informações. Observe 
que, nessa formulação, a presença do interlocutor é um componente da fala. O 
entendimento de Saussure rompe com o entendimento oitocentista da linguística 
comparada, onde a linguagem seria a expressão do pensamento, e assim abre uma 
nova forma de trabalhar, pois a vê como um sistema em que apenas o signo adquire 
sentido ou valor e se relaciona com outros signos ao seu redor. 
No curso de Linguística Geral (SAUSSURE, 2012), temos algumas 
características da linguagem: é a parte social da linguagem porque pertence à 
comunidade, sendo externa ao indivíduo que não pode formá-la. Esses argumentos 
apontam para a inclusão da linguagem em um campo de estudo que considera sua 
relação com o mundo exterior, e mesmo a interdependência internados 
componentes desse sistema. 
É importante notar que para os estruturalistas a realidade e seus objetos 
concretos não são importantes, não são considerados, pois a estrutura da linguagem 
é considerada abstrata. Nesse ponto, pode-se afirmar que o estruturalismo não pode 
pensar a referência entre linguagem e realidade, pois o referente está sempre dentro 
do sistema dado. Outras coisas que revelam o retorno da linguagem sobre si mesma 
e a determinação das combinações, onde todas as possibilidades já estão dadas, 
fecham o conceito de linguagem, portanto, o conceito de interpretação, e não 
permitem chegar ao nível das situações orais ou a natureza subjetiva de sua 
construção de significado. 
 
23 
 
Saussure optou por não se debruçar sobre essas questões, mas considerou 
suas possibilidades ao distinguir entre linguagem e fala, isto é, uso coletivo e uso 
individual; entre sincronia e diacronia. Em síntese, ao propor a dicotomia, Saussure 
não negava a possibilidade de trabalhar com as coisas que deixou, tanto quanto 
propunha a criação de um campo de estudo denominado semiologia que analisaria 
diversos tipos de coisas não linguísticas. 
Os formalistas sempre tentam se opor a esse pressuposto saussuriano (de 
que para lidar com as relações internas de um sistema abstrato - a linguagem - é 
preciso distanciar-se de tudo que lhe é próprio). Principalmente, Saussure tentou 
evitar um retorno ao conceito de linguagem como referência, o que reduziria a 
complexidade do sistema à ideia de que as palavras existem para representar 
objetos da realidade, ou seja, relacionar-se com eles, o que também requer 
percepção de que as palavras têm um significado predefinido. Então devemos 
entender que a inovação de Saussure foi tratar a língua como um sistema abstrato a 
ser estudado segundo suas estruturas internas, de modo que a fonologia, a 
morfologia e a sintaxe avançaram muito a partir da análise. 
Além de Saussure, o linguista Roman Jakobson também deixou importantes 
obras da fonologia à gramática, da aquisição da linguagem aos estudos das afasias. 
4.1.2 Gerativismo: linguagem e mente 
Na efervescência dos estudos estruturalistas, surgem estudos generativos 
que enfatizam a relação entre linguagem e mente, pois se acredita que as regras e 
princípios linguísticos estão enraizados na mente humana. O formalismo se situa no 
campo de pesquisa da tradição empírica porque acredita em sua existência “[...] um 
mecanismo mental inato de aquisição [...]” (RAPOSO, 1992, p. 36) de língua, 
colocando a questão da ordem biológica da faculdade de linguagem. Também 
ocorre a volta da noção de língua como expressão do pensamento, ou seja, de 
simetria entre referente e mundo. Dessa forma, a interpretação seria, simplesmente, 
a compreensão do dizer, tal como ele fora proferido, isto é, literalmente. 
Segundo Chomsky, apenas os membros da espécie humana adquirem e 
falam línguas naturais espontaneamente, o que é uma das razões do sucesso 
evolutivo de nossa espécie. É importante notar que ele, como todos os teóricos 
dessa linha, não está interessado no significado social da linguagem, mas na 
 
24 
 
aquisição da linguagem, na capacidade humana de produzir linguagem, focando 
seus estudos na competência natural do falante, e não subestimar a importância do 
uso da linguagem desse orador ideal. 
Como esta teoria olha para a linguagem do ponto de vista biológico, sua 
aquisição é uma questão de amadurecimento e desenvolvimento do "órgão" mental 
e não de aprendizagem. Portanto, cada falante teria em sua mente um conjunto de 
princípios inerentes, que seriam uma gramática universal, e por meio dos quais ele 
poderia desenvolver o mecanismo da linguagem. Definindo melhor o conceito de 
gramática universal, descobrimos que ela é a soma dos princípios linguísticos 
característicos da espécie humana. O objetivo central da pesquisa generativa é 
conhecer a natureza exata e as propriedades dessa gramática. 
Segundo essas ideias, o ensino da língua materna baseado em regras fora da 
gramática interna do falante seria desnecessário e prejudicial ao aprendizado 
natural. Como a criança já conhece a estrutura da língua quando a usa, não seria 
necessário introduzi-la na gramática. 
Chomsky observa o problema com o modelo de dados primários (gramática 
geral) e gramática final (adulto), dizendo que esse modelo é idealista porque ignora 
a lacuna quantitativa e qualitativa que existe entre os dados primários e o sistema 
final: o conhecimento de um adulto, sua gramática embutida. Assim, o curso do 
processo de maturação dos órgãos da linguagem não é idêntico para todas as 
pessoas, ainda mais porque depende de aspectos que não são apenas mentais. 
Podemos pensar que o autor está pensando em externalizar o desenvolvimento da 
linguagem. 
No entanto, isso não é verdade, pois Chomsky também defende a 
independência dos princípios formais da gramática, semântica e pragmática 
internalizada. A questão importante aqui é a possibilidade de criar significado sem 
considerar aspectos fora da estrutura mental da linguagem. Outro aspecto 
importante dos estudos formalísticos de Chomsky é sua aplicação ao estudo da 
inteligência artificial, possibilitada pelos avanços científicos que permitiram que os 
estudos da aquisição da linguagem humana fossem utilizados para desenvolver 
outras formas de linguagem. 
 
25 
 
4.1.3 Funcionalismo: língua e função 
O funcionalismo é um ramo da linguística que vê a linguagem relacionada ao 
seu uso, segundo essa teoria, o significado das palavras estaria relacionado às suas 
condições de funcionamento. Maria Helena de Moura Neves (1997) iniciou essa 
pesquisa linguística no Brasil com sua obra A Gramática Funcional. No entanto, os 
pontos de partida do pensamento funcionalista estão no estudo da pragmática: atos 
de fala, intencionalidade, relação entre falantes. A seguir, você conhecerá 
brevemente os principais autores desse campo de pesquisa, que levou ao 
desenvolvimento da linguística textual, por exemplo (ou teoria do texto). 
Segundo Rodolfo Ilari (2003), outro propósito dos funcionários é explicar as 
características formais da linguagem por meio das funções que desempenham. Na 
segunda metade do século XX, o linguista inglês M.A.K. Halliday entende que cada 
frase cumpre simultaneamente três funções, que ele chamou de ideacional, 
interpessoal e textual, consistindo em (ILARI, 2003): 
✓ Ideacional: fornecer representações do mundo. 
✓ Interpessoal: instaurar diferentes formas de interlocução como perguntar, 
afirmar, ordenar, assumir graus diferentes de comprometimento em relação 
àquilo que se diz. 
✓ Textual: monitorar o fluxo de informação nova em um determinado contexto. 
Outro conceito-chave de funcionamento é o conceito de escolha. De acordo 
com esse conceito, o falante constrói seu enunciado escolhendo entre várias 
possibilidades oferecidas pelo sistema linguístico (após produzir qualquer frase, 
escolhemos simultaneamente palavras, estruturas gramaticais, contornos 
entoacionais, etc.). Compreender o significado de uma frase é, portanto, equivalente 
a entender por que certas opções foram escolhidas e outras rejeitadas. Pelo seu 
valor de seleção, a funcionalidade eleva o papel do locutor e as características da 
mensagem que ele produz, e cria uma abertura importante no estudo do texto e do 
estilo. 
4.1.4 Interacional: língua e interação 
De acordo com Richter (2000), a aprendizagem de línguas com uma 
abordagem interativa é o resultado da interação entre o programa nativo do aprendiz 
e a linguagem produzida na conversa do aprendiz com um interlocutor fluente. 
 
26 
 
Embora o interacionismo considere a programação inata da linguagem, ele difere da 
teoria inata principalmente porque diz que memória, percepção, pensamento, 
significado e afetividade devem estar interligados para possibilitar o aprendizado da 
língua. Para pesquisadores interacionistas,a linguagem é uma das manifestações 
da cognição humana. 
A maneira como uma criança adquire a linguagem verbal, por exemplo, é por 
meio de estruturas semânticas subjacentes, não por meio da assimilação de 
estruturas sintáticas superficiais, que, segundo Richter, são justificadas pelas 
relações de objetos específicos. A aprendizagem semântica da qual estamos 
falando depende da cognição do aluno e, com base nessa abordagem teórica, o 
desenvolvimento cognitivo da linguagem se deve mais à complexidade das 
estruturas sintáticas. Assim, acreditamos que o desenvolvimento cognitivo se baseia 
em dois fatores: I) sistemas cognitivos inatos ou existentes (adquiridos e estruturais) 
responsáveis pelo aumento gradual das habilidades de interpretação e 
comunicação; II) sistemas nativos de aprendizagem gramatical, que seriam o ponto 
de contato entre a interação e a natividade relacionada ao crescimento da 
capacidade de perceber, processar e organizar informações. 
Ressalte-se que, do ponto de vista do desenvolvimento cognitivo, o 
significado refere-se à forma, que deve ser considerada na prática docente de 
línguas e o ensino das funções da língua deve estar direcionado para suas formas 
possíveis. 
5 PRINCÍPIOS FONÉTICOS 
De início, vale ressaltar que existem diferenças entre aprender a ler e 
escrever. Antes de ir para a escola, as crianças já preparam suas hipóteses de 
escrita. À medida que crescem, começam a decodificar símbolos gráficos e a 
reconhecer palavras. No entanto, essa decodificação não garante que eles tenham 
habilidades de leitura e escrita competentes, pois a alfabetização implica um 
processo mais complexo: diz respeito à capacidade de uma pessoa ler e escrever 
em diferentes contextos comunicativos. 
Nesse sentido, os alfabetizadores costumam estar mais interessados em 
classificar a leitura e a escrita de seus alunos como corretas ou incorretas conforme 
 
27 
 
a gramática tradicional. Um professor em busca de um processo de alfabetização 
entende que o aluno ainda não conhece todo o sistema gráfico e está atento aos 
diversos contextos que fazem a criança escrever de acordo com seu dialeto regional 
e social. Isso significa que o processo de alfabetização considera os textos 
espontâneos dos alunos e observa as conexões que eles fazem entre a realidade 
fonética e o uso ortográfico. É assim que se considera o esforço da criança em 
combinar ortografia e fonologia, ou seja, letra e fonema. Como nem sempre há uma 
conexão direta entre o som e a ortografia, a conexão não é totalmente previsível - no 
entanto, não é aleatória. Conforme as palavras de Magda Soares (2003, p. 18 
documento on-line): 
[...] escrever é registrar sons e não coisas. Então, a criança vai viver um 
processo de descoberta: escrevemos em nossa língua portuguesa e em 
outras línguas de alfabeto fonético, registrando o som das palavras, e não 
aquilo a que as palavras se referem. A partir daí a criança vai passar a 
escrever abstratamente, colocando no papel as letras que ela conhece, 
numa tentativa de, realmente, escrever “casa”, sem o recurso de utilizar 
desenhos para dizer aquilo que quer. Então, depois que a criança passa 
pela fase silábica para registrar o som (o som que ela percebe primeiro é a 
sílaba), ela vai perceber o som do fonema e chega o momento em que ela 
se torna alfabética. 
No entanto, quando uma criança se torna alfabetizada, ela deve aprender a 
ler e escrever segundo as regras ortográficas. Afinal, ela começa com a necessidade 
de adotar um sistema alfabético, bem como sistemas de ortografia e escrita. Como 
esses sistemas não possuem base lógica, a criança deve passar por um processo 
de aprendizagem, ou seja, trabalhar sistematicamente as relações entre fonemas e 
grafemas. Essa relação indica que as primeiras hipóteses de escrita das crianças 
estão intimamente relacionadas à oralidade. Assim, em seus escritos, as semivogais 
de alguns ditongos geralmente não aparecem (em palavras como louco, a semivogal 
‘u’ é suprimida porque não é pronunciada fortemente); a palavra muito aparece 
nasalizada (muinto); a vogal ‘o’ no final da palavra é substituída por ‘u’, por exemplo 
(bolo se torna bolu). 
Essas estruturas ilustram a necessidade de vincular a alfabetização com o 
reconhecimento da variedade linguística. Se um professor não prestar atenção em 
como os alunos falam, eles podem aumentar sua dificuldade em aprender as 
relações entre letras e sons. Também existe o risco de apenas codificadores e 
decodificadores de sinal serem ensinados. Para promover a leitura e a escrita 
complexas, é necessário atentar para as representações gráficas e alfabéticas da 
 
28 
 
língua portuguesa. 
Segundo Cagliari (1997), tudo o que é ensinado na escola está diretamente 
relacionado à leitura. Portanto, é essencial para o desenvolvimento e manutenção 
da aprendizagem, e assim o aluno deve estar pronto para ler o mundo. Nesse 
sentido, a ortografia deve ser tratada pela leitura e a pronúncia correta não deve ser 
uma prioridade - embora o ensino também seja importante. 
Faraco e Moura (2006) defendem que o sistema gráfico português é 
constituído por letras que representam maioritariamente unidades fonéticas, mas 
não são o único critério para reconhecer a grafia de uma palavra. Afinal, a história 
etimológica pode determinar a ortografia. No entanto, o maior obstáculo para 
combinar ortografia e fonemas é a pronúncia diferente das palavras, que surge em 
função de mudanças de tempo, regiões, faixa etária do falante, etc. Nesse sentido, 
esse panorama complexo afeta o processo de alfabetização da criança. 
 Como a mudança da língua é contínua e dinâmica, sua regularidade é 
aleatória, o que afeta o processo de aprender a soletrar conforme o chamado padrão 
civilizado. A linguagem falada é muito mais utilizada, oferece acesso mais fácil e 
rápido e atinge as mais diversas situações; linguagem escrita requer algum tipo de 
ensino. Portanto, as duas variedades linguísticas que mais se chocam no processo 
de alfabetização são a chamada língua vernácula e a língua cultural. A linguagem 
cultural tem prestígio social e segue as regras estabelecidas pela gramática 
tradicional, e a linguagem popular é usada em situações informais e não segue as 
normas comuns. 
Um aluno que passa pelo processo de alfabetização aprende a reconhecer 
essas diferenças e passa a considerá-las como aspectos definidores na 
interpretação do texto, do discurso, da informação. Além disso, ele pode se 
comunicar em diferentes contextos e entender diferentes referências de mensagens. 
Sendo assim, é possível trabalhar com o conceito de letramento porque a gramática 
normativa organiza diretrizes para a representação escrita da língua. Essa opção 
tem prestígio social e, cabe à escola garantir o acesso a esse conhecimento. Dessa 
forma, é possível criar uma base para os alunos que os farão desfrutar dos 
benefícios da educação formal. 
Mas ensinar a variedade padrão não é apenas isso. Uma razão para tal é a 
importância do mito do declínio da língua, porque o conceito de fracasso escolar 
 
29 
 
anda de mãos dadas com o conceito de proficiência linguística. Nesse sentido, a 
escola deve considerar a língua principal como segunda opção e como parâmetro de 
comparação com outras. Portanto, não reforça as diferenças criadas socialmente e 
oferece igualdade de condições a todos os alunos de acordo com suas dificuldades 
individuais. É claro que todas as crianças que passam pelo processo de 
alfabetização terão dificuldades inerentes àquelas que ingressam no sistema escrito 
da língua. No entanto, sabe-se que uma criança que ouve e pronuncia as palavras 
de maneira diferente da pronúncia normal pode soletrar as palavras corretamente. 
É por isso que a alfabetização é determinada pela proximidade da fala e da 
escrita: um aluno que interage em uma comunidade que fala uma língua escrita tem 
maiores chances de sucessona aplicação das regras ortográficas. Basicamente, 
pode ser difícil para todos os usuários de português saber com quais letras a palavra 
‘exceção’ é escrita já que o fonema /s/ é representado por grafias diferentes. No 
entanto, todos os falantes pronunciam esta palavra da mesma forma. No entanto, 
alguns falantes pronunciam palavras com mudança fonêmica, e tal diversidade cria 
dificuldades em identificar um padrão de escrita para o idioma. Observe alguns 
exemplos: 
Buginganga: bugiganga – Abóbra: abóbora – Flauda: fralda – Dible: drible – 
Estrupo: estupro – Boeiro: bueiro – Carangueijo: caranguejo – Prazeirosamente: 
prazerosamente – Salchicha: salsicha – Supertição: superstição. 
 Em conclusão, quanto mais as crianças se envolverem em práticas 
interativas que lhes permitam ler o mundo, mais preparadas estarão para os 
desafios da aquisição da ortografia. Além disso, é necessário estabelecer 
inicialmente uma hipótese sobre a correspondência direta de letras e sons. 
Consequentemente, falantes de versões linguísticas menos valorizadas têm as 
mesmas habilidades de alfabetização e numeramento. 
5.1 Fonética e Fonologia 
A linguagem é a ferramenta mais perfeita para a comunicação humana. No 
uso diário, é uma parte tão natural e necessária da vida humana, que sua 
característica complexa não é percebida. Falantes de uma língua transmitem 
 
30 
 
significados (pensamentos, sentimentos, emoções) por meio dos sons da fala e se 
comunicam socialmente sem compreender sua organização interna, o sistema que a 
constitui. 
Cada língua determina de uma maneira sistemática os sons, tornando-se 
objeto de estudo da fonologia. Contudo, na fonética, o objeto de estudo é a realidade 
física dos sons produzidos pelos falantes de uma língua. A fonética e a fonologia 
são, portanto, os ramos da linguística responsáveis pelo estudo dos sons da fala. 
Por compartilharem o mesmo fenômeno que seus objetos de estudo, são 
consideradas ciências relacionadas. No entanto, esse mesmo objeto é visto de 
diferentes perspectivas (MASSINI-CLAGLIARI; CAGLIARI, 2012). 
A fonética como ciência trabalha com os próprios sons, como eles são 
produzidos, percebidos e quais aspectos físicos estão envolvidos em sua realização. 
A fonologia, por outro lado, lida com a função e a organização desses sons em 
sistemas. Em geral, a fonética analisa a formação de sons como "s", "m" e "r" de 
acordo com suas correlações articulatórias, acústicas e perceptivas, enquanto a 
fonologia se concentra em analisar as possibilidades de combinação desses sons. A 
estrutura interna da língua impede combinações (SOUZA; SANTOS, 2016). 
Assim, enquanto a fonética como ciência é principalmente de natureza 
descritiva, a fonologia é uma ciência explicativa e interpretativa orientada para a 
análise da função linguística dos sons nos sistemas (MASSINI-CLAGLIARI; 
CAGLIARI, 2012). Por constituírem duas abordagens diferentes de um mesmo 
objeto de pesquisa (os sons da fala), a forma de ver, analisar e transcrever os fatos 
linguísticos do foneticista difere da do fonólogo. É por isso que a transcrição fonética 
dos segmentos é apresentada entre colchetes [ ] e a transcrição fonológica 
(fonêmica) com barras simples // (MASSINI-CLAGLIARI; CAGLIARI, 2012). Em vista 
disso, podemos classificar em dois níveis de reprodução sonora: nível fonético e 
nível fonológico. 
Ainda que os sons estejam presentes no curso da fala, eles são abordados 
como entidades separadas para fins de análise. Isso porque, ao reconhecer as 
mensagens, os falantes as interpretam como entidades que operam com base em 
um sistema fonológico. Como os sons são meios de transmitir significado, os 
falantes de uma língua não os utilizam ou percebem com base em todas as suas 
sonoridades, mas com base na função que cumprem na língua. 
 
31 
 
A fonética compreende os sons produzidos pelos falantes de línguas em toda 
a sua diferença, enquanto a fonologia desconsidera essa diferença para perceber o 
sistema característico da língua. A fonética pode auxiliar a fonologia referindo-se aos 
sons como uma realidade perceptível. 
5.2 Fonética 
A fonética é a ciência que fornece métodos para descrever, classificar e 
transcrever os sons da fala, principalmente os sons utilizados na linguagem humana 
(SILVA, 2003). Portanto, podemos pensá-la como a ciência do aspecto material dos 
sons, independentemente da função que possam ter em uma determinada língua. 
Portanto, os métodos de pesquisa fonética estão mais próximos das ciências 
naturais (MORI, 2012). As principais áreas de pesquisa da fonética são (SILVA, 
2003): 
✓ Fonética articulatória; 
✓ Fonética auditiva; 
✓ Fonética acústica; 
✓ Fonética instrumental. 
Como a fonética articulatória é o campo de estudo mais antigo e, portanto, o 
mais firmemente enraizado na tradição da fonética linguística enraizada na pesquisa 
clássica (MASSINI-CLAGLIARI E CAGLIARI, 2012), a maioria dos livros existentes é 
dedicada a uma descrição detalhada deste subcampo em detrimento de outros. Aqui 
descrevemos todos os aspectos desta ciência em geral. 
5.2.1 Fonética articulatória 
Inclui o estudo da produção da fala do ponto de vista fisiológico e articulatório 
(SILVA, 2003). Segundo Souza e Santos (2016), a dimensão articulatória é aquela 
que considera o que acontece no trato vocal ao fazer chamadas. Nesse sentido, 
compreender o mecanismo de produção da fala (órgãos e estruturas) é essencial 
para uma adequada descrição articulada do fone. 
Considerando os limites fisiológicos impostos ao trato vocal, podemos dizer 
que a gama de sons que podem ser encontrados nas línguas naturais é limitada. De 
fato, um conjunto de cerca de 120 símbolos é suficiente para classificar consoantes 
 
32 
 
e vogais em línguas naturais. Todas as línguas naturais têm consoantes e vogais - 
então a fonética articulatória está interessada em explicar como esses sons são 
produzidos com a maior precisão possível. (SILVA, 2003). 
5.2.2 Fonética auditiva 
A pesquisa de percepção da fala é na maioria das vezes uma tentativa de 
identificar as pistas acústicas que os falantes usam para fazer julgamentos fonéticos. 
Por exemplo, quais são os sinais acústicos que permitem a um falante identificar que 
a consoante [b] ocorreu na palavra "bye" (ou, por exemplo, na palavra "barco")? A 
compreensão da percepção da fala avançou significativamente com melhorias na 
análise acústica da fala e na síntese de fala da máquina. 
A capacidade de analisar um sinal acústico e a capacidade de produzir 
amostras de fala sintetizadas se complementam na compreensão atual de como as 
pessoas percebem a fala. Aprendendo a perceber a fala humana, podemos 
desenvolver melhor máquinas capazes de interpretar e tomar decisões linguísticas 
com base em sinais acústicos (KENT; READ, 2015). 
5.2.3 Fonética acústica 
Inclui o estudo das características físicas dos sons da fala e sua transmissão 
do falante ao ouvinte (SILVA, 2003). A acústica da fala é difícil de entender, apesar 
da fisiologia e das observações. O completo entendimento da acústica da fala requer 
que os parâmetros acústicos sejam relacionados a modelos fisiológicos 
(mecanismos envolvidos na produção do trato vocal de vogais e consoantes) e 
julgamentos perceptivos baseados no sinal acústico (KENT; READ, 2015). 
5.2.4 Fonética instrumental 
Isso inclui o estudo das características físicas da fala, considerando o apoio 
de instrumentos de laboratório (SILVA, 2003). Este ramo da fonética dá suporte ao 
anterior e fornece suporte técnico para sua implementação. O software de análise 
acústica é um exemplo de instrumento desenvolvido para auxiliar o fonético na 
realização da análise. Por exemplo, o uso do ultrassom tem sido útil para descrever 
configurações de articulação mais precisas. Aparelhos de monitoramento da fala e 
eletroencefalografia para testes de processamento da fala e eletroglotógrafos têm 
 
33 
 
sidoamplamente utilizados para estudar as funções oscilatórias das cordas vocais 
durante a produção da fala. 
 
5.4 Fonologia 
A organização da cadeia sonora da fala é guiada por alguns princípios. Tais 
princípios agrupam segmentos consonantais e vocálicos em cadeias e determinam a 
ordem das sequências sonoras possíveis em uma determinada língua. Os falantes 
têm intuições sobre os conjuntos de sons permitidos e excluídos em sua língua 
(SILVA, 2003). Nesse sentido, a fonologia estuda diferenças sonoras que se 
correlacionam com diferenças de significado (por exemplo, [p]ato/[m]ato), ou seja, 
estuda relacionados à função que desempenham em um determinado idioma, às 
diferenças de significado e sua importante relação na formação de sílabas, 
morfemas e palavras. A fonologia também se refere à parte da teoria geral da 
linguagem humana que trata das propriedades universais do sistema de sons das 
línguas naturais (para os sons que podem ocorrer nas línguas naturais) (MORI, 
2012). 
5.2.5 Fonema 
Cada língua tem um certo número de unidades sonoras, cuja tarefa é 
determinar a diferença de significado de uma palavra em relação a outra. Por 
exemplo, a palavra ['kasa] "caça" se distingue de ['kaza] "casa" por dois fonemas 
diferentes [s] e [z]. Esses tipos de segmentos que permitem distinguir o significado 
em uma língua são chamados de fonemas. Assim, /s/ e /z/ são dois fonemas em 
português, pois quando usados no mesmo contexto fonológico (mesmo lugar na 
sílaba) distinguem itens lexicais em português (MORI, 2012). 
Esses segmentos, chamados de fonemas, são partes constituintes da 
linguagem humana, caracterizados pelo fato de serem as menores partes discretas 
do sistema linguístico e serem linearmente organizados em diferentes línguas. O fato 
de os segmentos serem as menores unidades de análise não significa que não 
possam ser decompostos em unidades menores. Os fonemas são compostos de 
funções que vêm juntas. Se tomarmos como exemplo o fone [p], este fonema possui 
as seguintes propriedades, entre outras (SOUZA; SANTOS, 2016): 
✓ [p]: 
 
34 
 
✓ + Consonantal 
✓ − Vocálico 
✓ − Nasal 
✓ − Sonoro 
Não é possível produzir uma batida após a outra (ou seja, produzi-las de 
forma linear e contínua, o que permitiria a segmentação) - todas as batidas juntas 
são necessárias para formar o som [p]. Mas é possível substituir o valor da linha. Se 
a palavra [−sonoro] for substituída pela palavra [+sonoro], o som resultante é o 
fonema [b] (SOUZA; SANTOS, 2016). 
Sendo a linguagem um sistema de signos, podemos basicamente estudar 
apenas os significados (por exemplo, focando apenas em suas propriedades físicas 
ou materialidade), estudar as conexões existentes entre o significante e o 
significado, ou o nível de expressão e conteúdo, é natureza mais claramente 
linguística, porque diz respeito à relação básica dos sistemas de linguagem: a 
função semiótica. Assim, os sons não são vistos simplesmente como sons em si 
mesmos, mas como relações entre eles e relações que os conectam no nível do 
conteúdo (SOUZA; SANTOS, 2016). Assim, um dos objetivos da fonologia é criar 
sistemas fonológicos de línguas, ou seja, um conjunto de elementos abstratos 
interconectados que os falantes usam para distinguir e delimitar as unidades 
funcionais de sua língua (MORI, 2012). 
O procedimento usual para identificar fonemas é procurar por duas palavras 
significativas diferentes que compartilhem uma cadeia de som idêntica. Assim, 
definimos /f/ e /v/ como fonemas separados em português (observe o uso de cruzes 
na transcrição de fonemas) porque as palavras "faca" e "vaca" representam uma 
oposição fonêmica. Dizemos que o par mínimo "faca/vaca" caracteriza os fonemas 
/f, v/, por outro lado, em um ambiente idêntico. Algumas palavras são suficientes 
para caracterizar dois fonemas (SILVA, 2003). 
Em geral, dois sons diferentes, mas fisicamente semelhantes, podem agir 
como se fossem elementos iguais ou diferentes. É a isso que Saussure se referia 
quando desenvolveu o conceito de valor, que está relacionado a todo sistema 
linguístico. O mesmo som encontrado em diferentes sistemas linguísticos pode 
representar diferentes valores dependendo de sua relação com outros elementos 
existentes. Assim, o valor de um elemento não é apenas o que ele é, mas também o 
 
35 
 
que ele não é, ou seja, de quais outros elementos ele é e de quais ele difere 
(SOUZA; SANTOS, 2016). 
Em conclusão, pode-se dizer que toda língua tem um número limitado de 
sons cuja tarefa é distinguir o significado de uma palavra em relação a outra. Os 
sons que desempenham esse papel são chamados de fonemas e ocorrem em séries 
sintagmáticas que se combinam de acordo com as regras fonológicas de cada língua 
(MORI, 2012). 
6 CARACTERÍSTICAS DAS MUDANÇAS LINGUÍSTICAS 
São chamadas de variações linguísticas as diferentes formas de falar o 
idioma de uma nação, visto que a língua padrão de um país não é homogênea. O 
sistema de línguas é formado por um conjunto de variantes que podem ser 
socioculturais, estilísticos, regionais, etários e ocupacionais. Isso faz com que cada 
grupo social, de diferentes ocupações, faixas etárias e regiões, criem o seu próprio 
dialeto, que é a sua forma de comunicação coloquial. Desta maneira, é possível 
perceber que as variações linguísticas estão presentes nas comunicações verbais 
das pessoas, em diferentes partes do mundo. Elas ocorrem sob influências dos 
contextos social, regional e histórico, em que tais processos de construção da fala 
ajudam a caracterizar como o sujeito vai se comunicar com o seu grupo. 
Segundo Faraco, (2008) uma língua viva sempre apresenta variações, isso 
significa que, enquanto uma língua tiver falantes nativos, ela será dinâmica e 
heterogênea. De acordo com Cecato (2017), descreve que a língua muda para se 
conservar e é exatamente isso que acontece. Para entender de maneira mais 
concreta essa afirmação, é possível comparar a língua a uma construção: sem 
revisões periódicas, ela desmorona. Pode parecer paradoxal afirmar que a língua 
muda para se conservar, mas é exatamente o que acontece. 
Esse é um cenário que nos ajuda a entender o processo de mudança de 
maneira geral. No âmbito das mudanças linguísticas, é importante exemplificar as 
causas mais evidentes e como a mudança pode ser percebida no cotidiano. Para 
tornar a compreensão desses aspectos mais clara, podemos empregar como 
exemplo as hipóteses para descrever as mudanças ocorridas no português brasileiro 
(PB): a hipótese evolucionista, que trabalha com a pressuposição de que a língua se 
 
36 
 
comporta como um ser biológico, obedecendo a um determinismo linguístico (o meio 
determinaria a mudança); a hipótese crioulista, que fundamenta o contato entre a 
língua do colonizador (português) e as línguas dos colonizados (africanos e 
ameríndios) como criador de certas particularidades da nossa língua; e a internalista 
(mais difundida que as outras), que propõe uma explicação interna ao sistema da 
língua para as mudanças ocorridas (CECATO, 2017). 
Cecato (2017), afirma que os estudiosos desses aspectos da língua 
costumam dividir as mudanças em dois grupos: mudança linguística e mudança 
gramatical ou lexical. O importante, nesse caso, é estar atento ao fato de que, 
dependendo do estágio dos estudos linguísticos, uma ou outra explicação receberá 
maior crédito. Também é interessante compreender que as leis que explicam as 
mudanças sonoras são um resumo do que aconteceu em determinada área e em 
determinado grupo de falantes, assim como a explicação com base em analogia e 
empréstimo recobre apenas determinado conjunto de mudanças. 
Outro conceito importante a ser abordado em relação às mudanças na língua 
é a variação linguística, condicionada por: mudança gramatical ou lexical. Essa 
mudança se dá quando um item lexical (palavra) ganha ou perde valor de uso na 
própria língua. Afirma-se, por exemplo,

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