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DRENAGEM URBANA: UM ESTUDO SOBRE AS ENCHENTES E INUNDAÇÕES

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Drenagem Urbana: Um Estudo Sobre as Enchentes e Inundações na Região da Bacia do Vilarinho em Venda Nova, MG
Ana Beatriz Cardoso e Oliveira1; Brianna Maklanne de Souza2; Daniela Ribeiro de Farias3; Iara Carmelita da Fonseca4; Júlia Abreu Campos Vecchia5; Matheus Araújo Ourique6
Janaína Aparecida Barbosa7 (Orientadora)
Centro Universitário de Belo Horizonte, Belo Horizonte, MG
1anabeatriz.cardoso@outlook.com; 2bri.souza@hotmail.com; 3eng.dany@bol.com.br; 4iarafonseca25@hotmail.com; 5juliavecchia@hotmail.com; 6matheus.ourique@hotmail.com; 7janaina.barbosa@prof.unibh.br
Resumo: Os fenômenos naturais de origem meteorológica e geológica são a causa frequente de desastres naturais no Brasil, principalmente os ligados às chuvas, tem impactos fortes sobre as regiões de todo o país. Devido à topografia sinuosa, à alta taxa de impermeabilização do solo e às chuvas intensas, os canais dos córregos das cidades muitas vezes não comportam a ascensão rápida do volume de água transportado, vindo a transbordar e alagando suas respectivas planícies de inundação, geralmente ocupadas pelo homem. Este artigo trata-se de um trabalho focado nas inundações constantes que ocorrem na Bacia do Vilarinho em Belo Horizonte, na região de Venda Nova. Em face dos transtornos e prejuízos causados por inundações, esta pesquisa propõe uma adequação dos planos de contingência para tratar especificamente do assunto. 
Palavras-chave: Enchentes. Inundações. Bacia do Vilarinho. Planos de Continguência.
Abstract: Natural phenomena of meteorological and geological origin are a frequent occurrence of natural disasters in Brazil, especially those related to rainfall, which has strong impacts on the regions of the whole country. Due to the winding topography, the high rate of waterproofing of the soil and the intense rains, the channels of the streams of the cities in several times do not entail the rapid rise of the volume of water transported, overflowing and flooding their respective flood plains. This article is about a work focused on the constant floods that occur in the Vilarinho’s Basin in Belo Horizonte, in the Venda Nova region. In the face of the disasters and damages caused by floods, this research proposes an adequacy of contingency plans to deal specifically with this subject.
Keywords: Floods. Vilarinho’s Basin. Contingency Plans.
____________________________________________________________________________
1 Introdução 
Ao longo das últimas décadas, a população urbana do Brasil apresentou um crescimento significativo, chegando a 76% do total de habitantes do país. O processo de urbanização acelerado ocorreu depois da década de 60, sem que se desenvolvesse uma infraestrutura adequada. E os efeitos desse processo, fazem-se sentir sobre todo o aparelhamento urbano relativo a recursos hídricos: abastecimento de água, transporte e tratamento de esgotos cloacal e pluvial (TUCCI, 1998). 
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE (2002), no Brasil, os desastres naturais de maior ocorrência são inundação, deslizamentos de encostas, secas e erosão.
O desenvolvimento urbano brasileiro tem produzido aumento significativo na frequência das inundações, na produção de sedimentos e na deterioração da qualidade da água (TUCCI, 1998).
 À medida que a cidade se urbaniza, em geral, ocorre: (i) o aumento das vazões máximas em até sete vezes (LEOPOLD, 1968) devido ao aumento da capacidade de escoamento através de condutos e impermeabilização das superfícies; (ii) aumento da produção de sedimentos devido à desproteção das superfícies e à produção de resíduos sólidos (lixo); e (iii) a deterioração da qualidade da água, devido à lavagem das ruas, ao transporte de material sólido e às ligações clandestinas de esgoto cloacal e pluvial (TUCCI, 1998).
A Pesquisa Nacional de Saneamento Básico de 2008, PNSB, realizada pelo Governo Federal, por meio do Ministério das Cidades e do IBGE verificou que 1933 municípios brasileiros (34,4% do total) possuem áreas urbanas em situação de risco, seja por se localizarem próximo a encostas ou em planícies de inundação. Destes, 56,8% informaram que áreas sujeitas a inundação são as mais comuns, suscetíveis a riscos no perímetro urbano.
Dos municípios que informaram ter manejo de aguas pluviais, 48,7% declararam não ter tido problemas com inundações nos últimos cinco anos, nem pontos de estrangulamento no sistema de drenagem. Já 27,4% informaram condição oposta. Deles, 60,7% disseram haver ocupação urbana em áreas inundáveis naturalmente por cursos d’agua e 48,1 % informaram que havia áreas urbanas irregulares em planícies de inundação. A ocupação irregular e o principal fator agravante de inundações e alagamentos nas regiões Norte e Nordeste. Nas regiões Sul e Sudeste, a obstrução de cursos d’agua e a principal causa das inundações, segundo PSNB (2008). E importante citar que a PNSB baseia-se em declarações de entrevistados através de questionários, em cada município.
Segundo Tucci (1998), na maioria das cidades tais situações são decorrentes de: (i) falta de considerar o planejamento de rede cloacal e pluvial e a ocupação das áreas de risco quando se formulam os Planos Diretores de Desenvolvimento Urbano; e (ii) o gerenciamento inadequado da implantação das obras públicas e privadas no ambiente urbano.
De uma forma geral, as enchentes são fenômenos naturais que ocorrem periodicamente nos cursos d’água devido as chuvas de magnitude elevada. As enchentes em áreas urbanas podem ser decorrentes destas chuvas intensas de largo período de retorno; ou dividas a transbordamentos de cursos d’água provocados por mudanças no equilíbrio no ciclo hidrológico em regiões a montante das áreas urbanas; ou ainda, devidas à própria urbanização (POMPÊO, 2000).
2 Objetivos
2.1 Objetivo geral
Este artigo teve como objetivo analisar o histórico de enchentes na região da bacia do Vilarinho em Venda Nova e analisar a viabilidade de implantação de um reservatório de contenção de enchentes no local.
2.1 Objetivos específicos 
Realizar um levantamento bibliográfico a respeito do tema;
Obter dados da região junto à Defesa Civil de Belo Horizonte;
Realizar visita técnica ao local estudado;
Propor soluções e recomendações para diminuir os problemas na região.
3 Metodologia
Este trabalho é classificado como estudo de caso, conforme Gil (2002, pg. 54), porque o objetivo de estudo será profundamente investigado, elucidando os conhecimentos de modo amplo e detalhado.
Para a elaboração e cumprimento dos objetivos, serão cumpridas as seguintes etapas:
1ª Etapa: Análise de artigos científicos e referências bibliográficas
Foram utilizadas como embasamento para o trabalho a ser apresentado. Referências as principais causas de enchentes nas cidades e como evitá-las.
2ª Etapa: Tratamento dos dados
Constituiu em analisar o histórico de enchentes na região da bacia do Vilarinho em Venda Nova e os danos causados aos moradores e comerciantes do local.
3ª Etapa: Visita técnica
Foi realizada uma visita técnica junto à Defesa Civil de Belo Horizonte com o objetivo de conhecer a região a ser estudada bem como a realização de entrevista com os moradores e comerciantes da região.
3.1 Visita Técnica
3.1.1 Defesa Civil
No dia dez de outubro de dois mil e dezesseis foi realizada uma visita técnica à Defesa Civil com o objetivo de conhecer as regiões com maior histórico de inundações em Belo Horizonte. A partir dessa visita o grupo optou pelo estudo da região da Bacia do Vilarinho em Venda Nova. Após a escolha da bacia a ser estudada, a Defesa Civil nos forneceu todos os dados e mapas necessários para a realização das análises feitas neste artigo.
3.1.2 Bacia do Vilarinho
No dia dezesseis de novembro de dois mil e dezesseis, o grupo se reuniu na área da bacia a ser estudada com o objetivo de reconhecer a região e conversar com os moradores e comerciantes locais.
Segundo Sérgio de Freitas, um dos trabalhadores da região, há cerca de um ano atrás o lava-jato onde ele trabalha foi invadido pela água causandograndes prejuízos ao proprietário, sendo até o portão levado pela água, que foi encontrado alguns quilômetros a frente, na Avenida Cristiano Machado, além de vários carros terem sido arrastados pela Avenida Vilarinho.
De acordo com outro morador, que não quis se identificar, a Prefeitura de Belo Horizonte há anos não toma nenhuma providência para melhorar a situação da região, que só piora com o tempo, e que, após a construção do viaduto próximo ao Shopping Estação, as ocorrências de inundações aumentaram.
Ao andar alguns metros pela avenida pôde-se perceber que, devido ao descaso da prefeitura os comerciantes tiveram que tomar medidas para que suas lojas não fossem mais invadidas pela água, como o caso desse comércio, onde foi instalado um portão de metal para conter a água que vem do córrego e não trazer mais prejuízos para o dono do imóvel (FIG. 1).
Figura 1- Portão construído por comerciante para conter a água das chuvas (OS AUTORES, 2016)
Além disso também foi notado o estado no asfalto nas ruas da região que, devido ao início do período de chuvas já começou a apresentar rachaduras e buracos, o que só piora a situação do trânsito no local (FIG. 2).
Figura 2 – Situação do asfalto nas ruas ao redor da Avenida Vilarinho (OS AUTORES, 2016) 
Hugo, um dos trabalhadores da região, cedeu ao grupo fotos de enchentes que ocorreram anteriormente no local, onde é possível constatar o completo caos que a Avenida Vilarinho se torna durante grandes picos de chuva. As imagens mostram a força das águas do córrego Vilarinho arrastando carros (FIG. 3), entrando nos comércios e casas da região (FIG. 4) e deixando o trânsito caótico (FIG. 5), comprovando o que foi dito pelas pessoas entrevistadas.
Figura 4 – Enchente arrastando carros na Avenida Vilarinho (HUGO, 2013)
Figura 5 – Água da chuva entrando nos comércios da região (HUGO, 2014)
Figura 6 – Trânsito parado devido a enchentes na Avenida Vilarinho (HUGO, 2014)
4 Revisão Bibliográfica
4.1 Drenagem Urbana Pluvial
Segundo a SUDERHSA (2002), drenagem pluvial deve ser um elemento essencial de um projeto arquitetônico ou urbanístico porque ela condiciona o funcionamento urbano e exige espaço, justamente a matéria prima da arquitetura. Como hoje não é mais admissível o livrar-se da chuva o mais rapidamente possível, sob pena de provocar inundações a jusante, o leque de obras de engenharia de controle pluvial se amplia com a incorporação de dispositivos de infiltração e armazenamento. 
Estes dispositivos atuam muitas vezes em conjunto e a sua conveniente locação no espaço são fatores que maximizam sua eficiência, o que só será atingido com a engenharia e arquitetura caminhando juntas. E isto é válido em todas as escalas espaciais, do lote à bacia hidrográfica, passando pelos loteamentos individuais (SUDERHSA, 2002). 
O divórcio entre o urbanismo e a drenagem pluvial levou muitas cidades a terem problemas críticos de inundações internas e agravamento de enchentes e níveis de poluição nos corpos receptores. É interessante notar que as soluções alternativas de drenagem, que fogem do receituário tradicional de transporte rápido por condutos enterrados, são geralmente vistas nos países em desenvolvimento, de forma equivocada, como soluções custosas e complexas, dificultando o desenvolvimento da moderna drenagem urbana.
 O ideal é que a integração do urbanismo e sistema pluvial para controle da drenagem urbana seja feita de modo preventivo, isto é, na hora do projeto, mas o passivo do passado conduz a muitas situações de remediação, ou seja, muitas vezes, são necessárias intervenções de natureza corretiva (SUDERHSA, 2002). 
4.1.1 Drenagem urbana preventiva 
Segundo a SUDERHSA (2002), Corresponde à situação em que há oportunidade de o projeto urbanístico ser realizado em conjunto com a planificação da gestão das águas pluviais. Esta planificação não constitui uma lista de obras e suas especificações, mas basicamente um conjunto de princípios que devem dar prioridade maior à avaliação o mais cedo possível de cada impacto de cada alternativa de layout sobre a drenagem. Isto inclui a não modificação, na medida do possível, da drenagem natural, a conservação de faixas vegetadas ribeirinhas e a minimização das superfícies impermeáveis. 
Isto é importante em países em desenvolvimento, pois o descontrole da expansão urbana é uma realidade. Os princípios acima infelizmente são constantemente violados, havendo ocupação ao limite de áreas ribeirinhas, sendo os cursos d’água frequentemente retificados a céu aberto ou canalizados em galerias fechadas. Esta situação é visível tanto nos bairros de classe média quanto nas zonas faveladas, pois as taxas de impermeabilização, a modificação dos córregos e a ocupação das áreas ribeirinhas acontecem para as duas ocupações (SUDERHSA, 2002). 
Ainda segundo a SUDERHSA (2002), deve-se evitar tolher a criatividade inerente do exercício da arquitetura por razões econômicas, algo que é emblemático da distribuição de lotes em um loteamento: via de regra, torna-se um jogo de maximização da área por lotes retangulares, ignorando completamente a drenagem natural e dificultando, por exiguidade de espaço a concepção de uma drenagem moderna. Estas violações à lógica de uma boa drenagem pluvial não devem constituir, entretanto, empecilhos reais à compatibilização dos projetos urbanísticos a uma melhor gestão das águas pluviais. É muitas vezes surpreendente, por exemplo, o desperdício de depressões naturais em muitos loteamentos sem que haja seu aproveitamento para controle pluvial e assim aliviar a rede de drenagem e corpos receptores de jusante de excessos pluviais e poluição. Para realizar um layout preventivo não há soluções prontas: é uma arte de composição de soluções a ser exercida por arquitetos, engenheiros e outros profissionais, com o objetivo comum de otimizar a ocupação do solo com um mínimo de alterações ambientais, onde a drenagem pluvial e controle de poluição são relevantes. 
Os objetivos de projetos deste tipo englobam aspectos de manutenção do balanço hídrico, de conservação de quantidade e qualidade da água e de ecologia. Para isto Hedgcock & Mouritz (1995) apontam seis classes de atividades de melhor planejamento (Best Planning Practices, BPP), ou seja, a sensibilidade para o problema da drenagem urbana deve ser incorporada nos projetos de: 
Sistema pluvial propriamente dito;
Desenvolvimento urbano intra-muros; 
Espaços públicos integrados ao sistema pluvial; 
Estradas municipais;
Desenvolvimento de loteamentos; 
Sistema viário urbano.
As técnicas usadas devem ser as que se agrupam em medidas que: 
Promovam infiltração e detenção;
Controlem erosão e sedimentação;
Controlem a poluição pelo escoamento pluvial;
Minimizem a poluição pelo esgoto sanitário e promovam sua reciclagem;
Promovam conservação da água;
4.1.2 Drenagem urbana corretiva 
Em regiões urbanas com alta densidade demográfica a dificuldade da gestão das águas pluviais é maior na medida em que a situação tende para aquela que é a realidade de muitos países em desenvolvimento: 
Rede pluvial exclusivamente para condução rápida dos escoamentos;
Cursos d’água, entendidos com papel exclusivo de drenagem pluvial (muitos são retificados e outros enterrados);
Vias urbanas e edificações ocupando áreas ribeirinhas;
Taxas de ocupação do solo e impermeabilização elevadas. Em consequência, há frequentemente, pouco espaço físico para soluções alternativas.
De acordo com a SUDERHSA (2002), os problemas agravam-se pelas condições socioeconômicas e culturais brasileiras que fazem com que os cursos d’água urbanos sejam vistos pela população como locais de destino de esgotos e lixo. As movimentações de solo são descontroladas e acabam assoreando também os rios. Em resumo, esgotos sanitários, sedimentos e lixo, além da falta de espaço, contribuem para dificultar mais ainda a aplicação de medidas de controle corretivos da drenagem urbana. Frequentemente, a pseudo-solução preferida do problema é canalizar os ribeirões em galerias, apenas para erradicarda paisagem cenários degradados (mesmo que se justifique muitas vezes por exigências urbanísticas, como por exemplo, do sistema viário lateral). Apesar destes problemas típicos de países em desenvolvimento, muitas soluções corretivas propostas pelas técnicas modernas de projeto de drenagem urbana são aplicáveis. Sobretudo na macrodrenagem, várias cidades brasileiras ainda exibem espaços físicos para estruturas de detenção. São Paulo e seus piscinões e em menor escala Porto Alegre, são exemplos de cidades que estão projetando e executando estruturas de detenção em espaços viáveis. Curitiba enfatiza a importância da implantação de parques lineares laterais ao longo dos rios urbanos para reserva de espaço para inundações frequentes e formação de uma barreira verde à urbanização (SUDERHSA, 2002).
4.2 Inundações 
Inundações e enchentes são eventos naturais que ocorrem com periodicidade nos cursos d’água, frequentemente deflagrados por chuvas fortes e rápidas ou chuvas de longa duração.
Segundo UN-ISDR 2002, as inundações e enchentes são problemas geoambientais derivados de fenômenos ou perigos naturais de caráter hidrometeorológico ou hidrológico, ou seja, aqueles de natureza atmosférica, hidrológica ou oceanográfica. Sabe-se hoje que as inundações estão relacionadas com a quantidade e intensidade da precipitação atmosférica (SOUZA, 1998). A magnitude e frequência das inundações ocorrem em função da intensidade e distribuição da precipitação, da taxa de infiltração de água no solo, do grau de saturação do solo e das características morfométricas e morfológicas da bacia de drenagem. A FIG. 7 ilustra a diferença entre uma situação normal do volume de água no canal de um curso d’água e nos eventos de enchente e inundação. 
Figura 7 – Perfil esquemático do processo de enchente e inundação (MIN. CIDADES/IPT, 2007)
Em condições naturais, as planícies e fundos de vales estreitos apresentam lento escoamento superficial das águas das chuvas, e nas áreas urbanas estes fenômenos têm sido intensificados por alterações antrópicas, como a impermeabilização do solo, retificação e assoreamento de cursos d’água. Este modelo de urbanização, com a ocupação das planícies de inundação e impermeabilizações ao longo das vertentes, o uso do espaço afronta a natureza, e, mesmo em cidades de topografia relativamente plana, onde, teoricamente, a infiltração seria favorecida, os resultados são catastróficos (TAVARES & SILVA, 2008). 
Yevjevich (1994) define como sendo três os principais tipos de inundação:
Inundações naturais: toda inundação que ocorre indiferentemente da ocupação humana. Áreas passíveis de inundação serão inundadas naturalmente, sem que o homem tenha contribuído para isso;
Inundações naturais modificadas: semelhante a primeira, estas inundações, porem, são afetadas pela ação do homem no ambiente, como, por exemplo, a impermeabilização do solo e a canalização de cursos d’agua urbanos. Estas ações resultam em atenuações ou ampliações de enchentes naturais. Normalmente, este é o tipo de inundação mais comum nos centros urbanos, devido ao grande numero de intervenções nas características naturais das bacias urbanas; 
Desastres totalmente gerados pelos homens: incluem o grupo de inundações causado pela falência de estruturas construídas pela sociedade, como rompimento de barragens.
Além de inundação e enchente, existem também os conceitos de alagamento e enxurrada, usualmente empregados em áreas urbanas. De acordo com Min. Cidades/IPT (2007), o alagamento pode ser definido como o “acúmulo momentâneo de águas em uma dada área por problemas no sistema de drenagem, podendo ter ou não relação com processos de natureza fluvial”.
A enxurrada é definida como o “escoamento superficial concentrado e com alta energia de transporte, que pode ou não estar associado a áreas de domínio dos processos fluviais. É comum a ocorrência de enxurradas ao longo de vias implantadas sobre antigos cursos d’água com alto gradiente hidráulico e em terrenos com alta declividade natural”.
4.2.1 Causas das inundações
4.2.1.1 Chuvas que provocam inundações
As inundações naturais ou naturais modificadas têm normalmente como causa, em regiões equatoriais e tropicais, as chuvas. As chuvas ocorrem de maneira distinta, com intensidade, duração e localização espacial distintas. Esta particularidade e refletida nas características da inundação.
As chuvas apresentam variação quanto as suas características, destacando-se as variações de volume, de distribuição temporal (regimes sazonais ou diários), de distribuição espacial (a área atingida diretamente pela chuva) e de intensidade (relação entre volume e duração). São essas variáveis, associadas aos fatores temperatura e correntes de ar, que permitem a definição dos tipos de precipitação, que podem ser convectiva, orográfica e frontal (DELGADO, 2000).
Chuvas intensas e localizadas, como as de origem convectiva, geralmente causam um escoamento rápido, principalmente quando ocorrem em áreas com alta taxa de impermeabilização e em terrenos de alta declividade. Podem bloquear bueiros e tubulações ao carregar lixo durante o escoamento. Estas chuvas podem provocar inundações localizadas em áreas urbanas e alagamento de vias. As inundações que geralmente ocorrem em Belo Horizonte são causadas por este tipo de precipitação. 
4.2.1.2 Urbanização
Com a urbanização, o ciclo hidrológico sofre alterações. O balanço hídrico e modificado nas bacias hidrográficas urbanas. Dos efeitos, pode-se citar: aumento do volume de escoamento superficial, redução da recarga dos aquíferos, da evapotranspiração e da intercepção (FIG. 8).
O Brasil apresentou, ao longo das ultimas décadas, um crescimento significativo da população urbana. Segundo Tucci & Bertoni (2003), com o desenvolvimento urbano, ocorre a impermeabilização do solo através de telhados, ruas calcadas e pátios, entre outros. Dessa forma, a parcela da água que infiltrava passa a escoar pelos condutos, aumentando o escoamento superficial. O volume que escoava lentamente pela superfície do solo e ficava retido pelas plantas, com a urbanização, passa a escoar no canal, exigindo maior capacidade de escoamento das seções dos canais. Os efeitos principais da urbanização, sob os aspectos de inundações, são o aumento da vazão máxima, a antecipação do pico e o aumento do volume do escoamento superficial.
Figura 8 – Hidrogramas de áreas urbanizadas e não urbanizadas (TUCCI & BERTONI, 2003)
Ainda segundo Tucci & Bertoni (2003), modificações das características naturais das bacias hidrográficas podem se refletir na ocorrência de inundações, tanto na frequência das ocorrências, quanto na intensidade das inundações. Quando se diminui a taxa de permeabilidade do solo através da urbanização, diminui-se também sua capacidade de armazenamento, como também sua rugosidade. A soma destes fatores faz com que um maior volume de agua escoe em um tempo menor. A canalização dos córregos e a ocupação de suas margens por empreendimentos e vias públicas são fatores que potencializam os efeitos das inundações em meio urbano.
Além da urbanização, ha outros fatores que podem contribuir com o agravamento dos efeitos de uma inundação. Entre eles, podem ser citados como de maior importância o acumulo de lixo em locais inapropriados, erosões urbanas de canais em leito natural e dimensionamento inadequado de obras de drenagem.
4.2.2 Consequências das inundações 
Para que a inundação cause impactos ao homem e a sociedade e necessário que a agua extravasada do curso d’agua atinja uma área ocupada. 
Os danos de inundação são, usualmente, divididos, em um primeiro nível de classificação, em tangíveis e intangíveis, e, em um segundo nível, em diretos e indiretos. Danos tangíveis são aqueles relacionados aos prejuízos monetários. Já os definidos como intangíveis estão associados às perturbações causadas pelas inundações de difícil implicação monetária, ou seja, são aqueles danos que são dificilmente traduzidos em valor. Os danos diretos são aqueles provenientes do contato propriamentedito com a inundação. Danos indiretos são causados pelos problemas gerados pelas inundações, onde não é preciso haver um contato direto com a inundação para ser afetado por ela, como redução da atividade econômica, desvalorização de propriedades e perda da produtividade devido ao stress (TAB. 1) (MACHADO, 2005).
Tabela 1
Exemplo de danos causados por inundações a diversos setores da sociedade
	
	Danos Diretos
	Danos Indiretos
	
Danos
Tangíveis
	
Danos físicos às construções (domiciliares, comerciais e de serviços) e ao conteúdo destas;
Danos físicos a equipamentos de plantas industriais;
Danos físicos à agricultura. Perdas totais ou parciais de culturas. Perdas totais ou parciais de semeaduras.
	Custos com limpeza, alojamento e medicamentos. Perda de renda. Diminuição dos lucros, perda de informações e de base de dados;
Interrupção da produção. Impossibilidade de fechar novos contratos;
Perturbações, paralisações e congestionamento de serviços como fornecimento de água, gás e energia elétrica, telefonia e transporte;
Perda das características do solo. Impossibilidade de realizar novos plantios. Dificuldade de obtenção de empréstimos ou financiamentos;
	
Danos
Intangíveis
	
Ferimentos e perda de vida humana;
Doenças e infecções veiculadas pelo contato direto com água;
Danos ao patrimônio histórico, cultural e natural;
Perdas de animais domésticos como bovinos, equinos, suínos e galináceos. Perda de animais de estimação. Perda de animais silvestres, enclausurados ou não.
	
Surgimento de estados psíquicos de depressão e estresse;
Danos em longo prazo à saúde. Impossibilidade de realizar atividades de costume;
Diminuição significativa de atividades ligadas ao turismo e ao lazer;
Perda de produção de leite, carne, ovos, etc. perturbações no cotidiano devido a perdas de animais de estimação. Diminuição da fauna silvestre, podendo acarretar riscos de extinção.
FONTE: CANÇADO, 2009 (adaptado)
4.2.3 Mapeamento de inundações
Com o objetivo de delimitar as áreas sujeitas a inundação, torna-se indispensável a realização de simulações da enchente sobreposta ao mapeamento cadastral da cidade. Como resultado, têm-se mapas de risco de inundação, onde são fornecidos dados para que os órgãos de administração pública possam direcionar suas politicas de planejamento urbano e de planejamento de contingencia. 
O mapeamento das áreas de risco de inundação e uma ferramenta auxiliar muito poderosa no controle e prevenção de inundações. O processo de mapeamento deve ser realizado sob uma base cartográfica confiável, prezando a localização precisa de elementos das bacias hidrográficas. E conveniente que os mapas de risco sejam elaborados com o auxilio de informações de inundações anteriores, pois os valores empíricos das inundações são de grande importância.
A construção de mapas de inundação envolve a coleta de diversos tipos de informações.
Dentre estas informações, Tucci e Bertoni (2003) destacam como sendo as principais:
Topografia do local;
Estudo de probabilidade de inundação para o local;
Níveis de inundação;
Seções batimétricas ao longo do rio;
Cadastramento de obstruções ao longo do trecho.
Em geral, os dados de vazão utilizados correspondem a estimativas obtidas por simulação hidrológica, de acordo com a intensidade e com a duração da precipitação modelada. Os dados de níveis de inundação, geralmente, são obtidos a partir de modelos hidráulicos que, a partir de dados de escoamento permanente ou não permanente e dados topográficos da área estudada, definem quais são os níveis de inundação para um hidrograma de cheia ou uma vazão de referencia. 
4.2.4 Condicionantes dos processos
A probabilidade e a ocorrência de inundação, enchente e de alagamento são analisadas pela combinação entre os condicionantes naturais e antrópicos. Entre os condicionantes naturais destacam-se: 
Formas do relevo; 
Características da rede de drenagem da bacia hidrográfica; 
Intensidade, quantidade, distribuição e frequência das chuvas; 
Características do solo e o teor de umidade; 
Presença ou ausência da cobertura vegetal. 
O estudo desses condicionantes naturais permite compreender a dinâmica do escoamento da água nas bacias hidrográficas (vazão), de acordo com o regime de chuvas conhecido.
Chuvas intensas e/ou de longa duração favorecem a saturação dos solos, o que aumenta o escoamento superficial e a concentração de água nessas regiões. A cobertura vegetal também é um fator relevante, visto que a presença de vegetação auxilia na retenção de água no solo e diminui a velocidade do escoamento superficial, minimizando as taxas de erosão. 
Entre os condicionantes antrópicos citam-se: 
Uso e ocupação irregular nas planícies e margens de cursos d’água; 
Disposição irregular de lixo nas proximidades dos cursos d’água; 
Alterações nas características da bacia hidrográfica e dos cursos d’água (vazão, retificação e canalização de cursos d’água, impermeabilização do solo, entre outras);
Intenso processo de erosão dos solos e de assoreamento dos cursos d´água.
4.2.5 Ações e medidas preventivas
As medidas preventivas são essenciais e devem considerar as fases sequenciais, que são pré-evento, evento e pós-evento, bem como as ações que incluem prontidão, ação emergencial e recuperação (KOBIYAMA et. al. 2004). As medidas preventivas que visam minimizar os danos físicos e riscos de contrair doenças, para todas as etapas da inundação, se dão em três momentos (KOBIYAMA et. al. 2006): antes, durante e depois (FIG. 9).
Figura 9 – Sequência lógica na implantação de medidas para a redução de perdas 
A prevenção de inundações pode ser tratada como um conjunto de ações implementadas pelos órgãos administrativos responsáveis, como a PBH e a BHTrans. A prevenção irá enfocar medidas de mitigação dos impactos das inundações. As medidas de prevenção são tomadas sem que seja necessária a previsão da ocorrência iminente de algum evento crítico.
Em Belo Horizonte, algumas medidas neste sentido já foram implantadas, como a sinalização de áreas de risco de inundação por placas indicativas, as placas indicativas devem trazer informações sobre como deixar as vias em situação de risco, isto é, informar as rotas de fuga destas vias. Além destas informações, também é útil informar os contatos das equipes de emergência, como a Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros (FIG. 10).
Figura 10 – Sinalização de área de risco de inundação na Avenida Vilarinho (OS AUTORES, 2016)
Dentre outras medidas de prevenção de inundações, podem-se citar:
Limpeza urbana focada em remoção de detritos nas calhas dos cursos d’água e em áreas adjacentes, antes do início do período de chuvas. Este procedimento reduz a ocorrência de insuficiência no sistema de macrodrenagem por obstrução por depósitos de sedimentos e de lixo;
Limpeza contínua de bueiros e bocas-de-lobo. Em algumas ocasiões, há formação de alagamentos antes mesmo que o curso d’água venha a transbordar. Isto ocorre principalmente devido ao mau funcionamento do sistema de microdrenagem das águas pluviais, o que pode ocorrer em razão de problemas de projeto (insuficiência do sistema), obstrução por resíduos sólidos ou, naturalmente, quando o evento supera a capacidade do sistema estabelecida em projeto;
Controle da vegetação, como poda sistemática da vegetação nas margens dos córregos em leito natural, facilitando o escoamento das águas; 
Manutenção das margens dos córregos em leito natural, evitando erosões e prevenindo assoreamentos; 
Criação de parques nas planícies de inundação, evitando assim a ocupação ilegal em áreas de risco. Alguns córregos afluentes do Córrego Vilarinho possuem áreas onde tais parques poderiam ser criados; 
Acesso à informação e educação da população envolvida, promovendo uma melhor resposta quanto à conservação, manutenção e monitoramento do sistema urbano de drenagem.
5 Caracterização da Área de Estudo
A Região Metropolitana de Belo Horizonte, RMBH, vem apresentando um desenvolvimento acentuadodas áreas urbanas nos últimos 25 anos.
O regime de chuvas na RMBH caracteriza-se por verões chuvosos e invernos secos. Os meses de novembro, dezembro e janeiro são os mais chuvosos, podendo este período chuvoso se estender até marco. 
A Bacia do Córrego Vilarinho, na Região de Venda Nova apresenta vários pontos com risco elevado de inundação. A bacia apresenta as características necessárias para pesquisa, como topografia e regimes pluviométricos peculiares a Região Metropolitana de Belo Horizonte, podendo assim servir de base para estudos semelhantes em outras bacias hidrográficas da região (FIG. 11).
A Avenida Vilarinho é o principal eixo da região de Venda Nova, com extensão superior a 4 km. Serve de ligação entre Avenida Civilização e a Avenida Cristiano Machado. Sob a avenida escoa o córrego de mesmo nome em um canal fechado e revestido de concreto. A bacia do Vilarinho tem um total de 29 km2 de área de drenagem e se integra à bacia do Isidoro, que, por sua vez, pertence à bacia do Ribeirão da Onça (SUDECAP, 2005).
Figura 11 – Bacia do Córrego Vilarinho (SUDECAP, 2005) 
A Bacia do Vilarinho é densamente povoada, ocupada principalmente pelos setores residencial e comercial. A ocorrência de inundações é regular e tais inundações são provocadas principalmente por chuvas intensas e localizadas, de curto período de duração. A FIG. 12 mostra as manchas de inundação da região para uma chuva de projeto de 25 anos de tempo de retorno e 90 minutos de duração.
Figura 12 – Manchas de inundação na Região de Venda Nova, para chuvas de 25 anos de tempo de retorno (PBH, 2010)
Por ser uma bacia urbana, a Bacia do Vilarinho possui uma taxa de impermeabilização média de 60% (PBH, 2008). A impermeabilização do solo, conforme mencionado anteriormente, aumenta o escoamento superficial na região, uma vez que diminui a taxa de infiltração da bacia. Como a bacia possui declividades elevadas, a água de escoamento superficial chega rapidamente aos canais, fazendo-os transbordar. Esta e uma característica das inundações rápidas.
Conforme dados extraídos dos relatórios do estudo de modelagem matemática, hidráulica e hidrológica do Sistema de Macrodrenagem das bacias do Córrego Vilarinho e Córrego 12 de Outubro (PBH, 2008), a Bacia Elementar do Córrego Vilarinho possui uma área de drenagem de 16,021 km2. O comprimento do curso d’agua principal, o Córrego Vilarinho, é de 5.771 metros. A cota de montante da bacia localiza-se a 873 metros de altitude em relação ao nível do mar, enquanto a cota de jusante está a 750 metros. A Bacia do Vilarinho e composta pelos córregos do Capão (ou córrego da Avenida dos Navegantes), Piratininga, Lagoinha, Brejo do Quaresma, Bezerra, Joaquim Nogueira (ou córrego da Avenida Liége), Baleares, Candelária e Córrego Vilarinho, sendo este o curso d’agua principal.
As Cartas de Inundação de Belo Horizonte (FIG. 13 e 14) foram desenvolvidas considerando-se, como evento crítico para a Bacia do Vilarinho, chuvas de uma hora e meia de duração e tempo de retorno de 25 anos (PBH, 2008). Os resultados mostraram ineficiência no sistema de drenagem dos córregos Vilarinho e Joaquim Pereira, modelados segundo os eventos supracitados, considerando as características urbanas atuais do local.
Conforme elucidado por Pinheiro e Naghettini (1998), as vazões das enchentes podem ser tratadas como variáveis aleatórias e sujeitas a análise pela teoria de probabilidades e estatística matemática. Quando são consideradas bacias urbanas, normalmente de pequeno porte, há certa dificuldade em encontrar registros fluviométricos que possibilitem a estimativa adequada das vazões de pico características destas bacias, através da análise de frequência tradicional.
Figura 13 – Manchas de inundação – Córrego Bezerra e Córrego Brejo do Quaresma (Cartas de Inundação de Belo Horizonte – Prefeitura de Belo Horizonte – PBH – 2010)
Figura 14 – Manchas de inundação – Córrego Vilarinho (Cartas de Inundação de Belo
Horizonte – Prefeitura de Belo Horizonte – PBH – 2010)
A Bacia do Vilarinho e composta por sub-bacias referentes aos córregos afluentes do Córrego Vilarinho. A sua divisão em sub-bacias e suas respectivas áreas de drenagem são mostradas na FIG. 15 (PBH, 2008). As características morfológicas destas sub-bacias estão apresentadas na TAB. 2.
Figura 15 - Sub-bacias componentes da Bacia do Vilarinho (Adaptado de PBH, 2008)
Tabela 2
Divisão da Bacia do Vilarinho em pequenas sub-bacias
	Sub-bacias
	Área de Drenagem (ha)
	Composição – principais córregos
	Tipo de Canal Predominante
	1
	280,9
	Córrego do Capão (Córrego da Avenida Navegantes) e Córrego Ribeirão Vermelho
	Natural
	2
	191,4
	Córrego do Capão (Córrego da Avenida Navegantes) e Córrego Piratininga
	Natural
	3
	61,7
	Córrego Lagoinha
	Natural
	4
	131,4
	Córrego Brejo do Quaresma
	Natural
	5
	14108
	Córrego Candelária
	Canalizado fechado
	6
	216,3
	Córregos Vilarinho, do Capão, Lagoinha, Brejo do Quaresma e Bezerra
	Canalizado fechado
	7
	272,3
	Córrego Joaquim Pereira (Córrego Avenida Liege) e Córrego Baleares
	Parcialmente canalizado
	8
	307,9
	Córrego Vilarinho
	Canalizado fechado
FONTE: PBH, 2008 (adaptado)
5.1 Histórico de Inundações na Região 
A FIG. 16 mostra os pontos onde normalmente ocorrem inundações na Região de Venda Nova. É possível notar que o Córrego Vilarinho e o mais problemático. Este córrego possui vários pontos vulneráveis a inundações. Também é margeando o córrego que passa a principal rota de trafego da região, a Avenida Vilarinho. Os pontos na Figura indicam os locais onde já foi reportada pelo menos uma inundação, entre os anos de 1980 e 2000.
Figura 16 – Registro histórico de inundações na Região de Venda Nova, entre os anos de 1980 e 2000 (PBH, 2010)
De acordo com dados obtidos através da modelagem realizada por Bonatti (2011), onde foram modeladas chuvas projetadas de 5, 10, 25, 50 e 100 anos de tempo de retorno com duração variando de 30 minutos a 10 horas, foi verificado que as chuvas a partir de 25 anos de tempo de retorno e de duração igual ou superior a 30 minutos provocam inundações na região. 
As chuvas de menor duração oferecem maior risco, uma vez que provocam alturas de inundação maiores. Confirmou-se que a duração dos eventos que conduzem às maiores vazões de pico para os diferentes tempos de retorno simulados situa-se entre 60 e 90 minutos. As chuvas de projeto de duração igual ou superior a 10 horas não causaram inundações no Córrego Vilarinho.
A título ilustrativo, as FIG. 17 e 18 representam hietogramas acumulados de precipitação para durações respectivas de 90 minutos e 5 horas. Os gráficos foram obtidos a partir do modelo SWMM da Bacia do Vilarinho. Ambas são chuvas de projeto, de 25 anos de tempo de retorno.
Figura 17 - Gráfico da precipitação acumulada (mm) para um hietograma de projeto com duração de 90 minutos e Tempo de Retorno de 25 anos (BONATTI, 2011)
Figura 18 - Gráfico da precipitação acumulada (mm) para um hietograma de projeto com duração de 5 horas e Tempo de Retorno de 25 anos (BONATTI, 2011)
A topografia característica da Região de Venda Nova apresenta declividades elevadas, fazendo com que os canais tenham alta velocidade de escoamento. Como a região é bastante impermeabilizada, o tempo de concentração da bacia é pequeno, assim a região sofre com inundações rápidas. 
Para os eventos cujas simulações indicaram a ocorrência de inundações, há grande semelhança entre as manchas de inundação resultantes, em termos de localização e área inundada. Isso decorre das características topográficas da área, com vales estreitos e declividade longitudinal elevada. As maiores diferenças entre os eventos de inundação, segundo sua duração e tempo de retorno, são notadas nas cotas de inundação e nas velocidades de escoamento.
Na Figura 19 é mostrada a mancha de inundação para a chuva projetada de 25 anos de tempo de retorno e de 90 minutos de duração. 
Figura 19 - Mancha de inundação provocada por uma chuvade projeto de 25 anos de tempo de retorno e 90 minutos de duração (BONATTI, 2011)
Para os eventos cujas simulações indicaram a ocorrência de inundações, há grande semelhança entre as manchas de inundação resultantes, em termos de localização e área inundada. Isso decorre das características topográficas da área, com vales estreitos e declividade longitudinal elevada. As maiores diferenças entre os eventos de inundação, segundo sua duração e tempo de retorno, são notadas nas cotas de inundação e nas velocidades de escoamento.
É importante ressaltar que se notou, igualmente, uma variação significativa no tempo de duração das inundações. A duração da inundação aumentou para chuvas de tempo de retorno maiores, de mesma duração, como esperado. Com isso, conforme discutido nos próximos parágrafos, para efeito de bloqueio de trânsito, a variável determinante foi a duração das inundações. A localização dos trechos bloqueados não sofreu alteração para os distintos eventos causadores de inundação, segundo os cenários simulados.
6 Conclusões
O Córrego Vilarinho se mostra bastante suscetível a inundações rápidas, causadas por chuvas convectivas. O trecho a jusante da bacia é bastante vulnerável e, através da modelagem hidráulica e hidrológica, apresentou inundação para chuvas de até três horas de duração. Este trecho localiza-se na confluência entre os córregos Vilarinho e 12 de Outubro.
A calha do Córrego Vilarinho não possui suficiência hidráulica para escoar cheias resultantes de eventos mais intensos. Houve uma forte urbanização da região nos últimos 20 anos, acarretando uma maior taxa de impermeabilização do solo. Esta impermeabilização, além de não permitir que uma parte da chuva infiltre no solo, aumenta a velocidade de escoamento das águas. Isto faz com que os escoamentos atinjam os cursos d’água em curto tempo, reduzindo sobremaneira o tempo de resposta da bacia.
Medidas estruturais, como o alargamento da calha do córrego, são onerosas e de difícil execução. Além destes fatores, tais medidas afetariam substancialmente o trânsito da região, já que a Avenida Vilarinho, responsável pela maior parte do fluxo de veículos da região, seria fortemente impactada durante as obras. Medidas não estruturais são cabíveis para fazer face ao problema de inundação, porém, tais medidas não têm como objetivo diminuir a ocorrência das inundações, mas sim mitigar os efeitos decorrentes a elas. A participação da população envolvida é importante, como também dos órgãos administrativos responsáveis como a Prefeitura e a Defesa Civil.
A Avenida Vilarinho sofre constantemente com problemas oriundos de inundações. Veículos são surpreendidos pelo rápido transbordamento do córrego, colocando vidas humanas em risco. A formação de congestionamentos devido a bloqueios impostos por inundações foi averiguada através da modelagem de trânsito. A rota alternativa à Avenida Vilarinho é a Rua Padre Pedro Pinto. Os desvios propostos foram satisfatórios quando observado o número de veículos atingidos diretamente por uma inundação.
Em Belo Horizonte, alguns desvios são sugeridos aos condutores através de avisos, por meio de placas. Há uma variação significativa na mensagem dos avisos implantados pela prefeitura. Alguns ressaltam o perigo de manter veículos estacionados. Outros sugerem rotas seguras, ao invés de rotas sob risco de inundação. Todos os avisos trazem telefones de emergência do corpo de Bombeiros e da Defesa Civil.
Os avisos de área de risco são importantes, porém não são suficientes. Avisos luminosos podem ser utilizados juntamente com as placas. Estes avisos podem transmitir informações em tempo real do estado das vias de trânsito, como rotas que estão inundadas ou aquelas que estão sob o risco de inundação. As pessoas que estão em movimento são então capazes de tomar decisões importantes, como mudança de rota ou adiamento da viagem. Belo Horizonte possui alguns painéis de mensagem variável. Porém, o número de painéis não é suficiente para cobrir todas as áreas de risco. Por enquanto, estes painéis não são utilizados para alertar sobre áreas inundadas ou sob risco de inundação. Estes painéis não foram concebidos para tal finalidade. Uma nova rede de painéis deve ser criada para este fim, e eles devem ser dispostos em pontos estratégicos para que se tenham melhores respostas no trânsito.
Esta pesquisa, portanto, é o ponto de partida para um trabalho a ser aprofundado. Dois problemas atuais, o trânsito e as inundações, estão se intensificando a cada dia no cotidiano da cidade. A abordagem conjunta destes assuntos é importante para que haja uma melhoria contínua da administração e do planejamento das cidades.
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