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15. ANEMIA UFMG

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1 
 
 
 
Simpósio internacional na UFMG 
discute tratamento da anemia falciforme 
Expectativa é que a cura da doença seja alcançada nos próximos dez 
anos 
 
Equipe de Gana foi treinada por técnicos do Nupad 
Ana Rita Araújo 
A indicação de dosagens de ferro profilático para portadores da anemia falciforme, 
estudo sobre a taxa de letalidade da doença e até a possibilidade de tratamento 
representada pelo transplante de células-tronco estão entre os temas que serão 
discutidos esta semana durante o V Simpósio Brasileiro de Doença Falciforme e 
outras Hemoglobinopatias, que acontece em Belo Horizonte simultaneamente ao 
Encontro Pan-Americano para Doença Falciforme. 
Os dois eventos, que serão realizados até 7 de outubro, deverão traçar um 
panorama animador da evolução dos tratamentos na área. “Em dez anos, a terapia 
gênica poderá oferecer cura para a anemia falciforme”, avalia o professor Marcos 
Borato, coordenador científico do Simpósio. Otimista em relação ao que a ciência 
reserva aos portadores da doença, Marcos Borato vê com entusiasmo o grande 
número de trabalhos científicos inscritos. “Há dois anos, em encontro como este, 
foram apresentadas 52 pesquisas. Hoje são 168”, compara. Segundo ele, os dados 
refletem o crescente esforço e a maior aplicação de recursos em pesquisas sobre a 
doença. 
 BOLETIM 
Nº 1670 - Ano 36 
5.10.2009 
 
 
2 
 
Também serão abordados no evento o quadro internacional da anemia e 
perspectivas de cooperação, a exemplo do recente acordo entre o Ministério das 
Relações Exteriores do Brasil e Gana. Pelo acordo, equipe do país africano recebeu 
treinamento no Núcleo de Ações e Pesquisa em Apoio Diagnóstico (Nupad) da 
Faculdade de Medicina da UFMG sobre procedimentos laboratoriais em triagem 
neonatal para o diagnóstico precoce das hemoglobinopatias. “Temos observado no 
Brasil uma grande integração entre o trabalho médico, técnico e social. 
Especialistas do mundo inteiro vão ficar surpresos ao ver como essa área é 
desenvolvida aqui”, antecipa o médico ganês Kwaku Ohene-Frempong. Pediatra e 
pesquisador radicado nos Estados Unidos, Frempong é presidente da Fundação de 
Doença Falciforme de Gana. 
Ferro profilático 
Em resposta a uma antiga dúvida no tratamento, pesquisa concluída recentemente 
na UFMG confirma que crianças portadoras da doença podem receber dosagens de 
ferro profilático, recomendadas para todos os bebês de seis meses a dois anos. 
“Chegamos à conclusão de que os portadores da anemia falciforme (leia mais nesta 
página) na forma SC devem receber a dosagem profilática, enquanto os que têm a 
forma SS devem interromper essa profilaxia quando tomam transfusão de sangue”, 
informa Marcos Borato. 
Outro assunto importante e que merece destaque será o transplante de medula, 
técnica internacionalmente aceita, mas que ainda não é reconhecida no Brasil pelo 
Ministério da Saúde para tratamento da anemia falciforme. O tema será abordado 
no simpósio pelo brasileiro Vanderson Rocha, ex-residente do Hospital das Clínicas 
da UFMG e diretor-científico do Projeto Eurocord, na França. Marcos Borato explica 
que já há formas de identificar crianças que vão desenvolver acidente vascular 
cerebral (AVC), candidatas ao transplante. Trabalho desenvolvido na UFMG com 
financiamento da Fundação Hemominas mede, por meio da técnica de Doppler 
Transcraniano, a velocidade do fluxo arterial no cérebro. “Quando ele é muito alto, 
há um estreitamento dos vasos, e mais de 50% desses indivíduos vão desenvolver 
AVC, o que torna necessária a transfusão de sangue.” Nesses casos, a indicação é o 
transplante de medula, para que o paciente não precise fazer transfusão pelo resto 
da vida. 
Na área epidemiológica, será apresentado estudo realizado na UFMG sobre 
mortalidade da doença falciforme no Brasil. Com base em dados obtidos pelo 
Nupad, 1.378 pacientes foram acompanhados, de 1998 a 2005. O estudo revelou 
que a taxa de letalidade das crianças que são tratadas de anemia falciforme é de 
3,5% no primeiro ano de vida. Entre as crianças que têm a forma SS da doença, 
considerada mais grave, o índice chega a 10% até os dez anos de idade. “É uma 
taxa alta”, analisa Marcos Borato. Ele acredita na redução desse percentual, 
sobretudo com o auxílio da pesquisa epidemiológica e de educação continuada dos 
médicos e das famílias. 
 
3 
 
Sintomatologia diversificada desafia ciência 
Doença falciforme é um termo genérico que designa um grupo de desordens 
genéticas cuja característica principal é a presença do gene da hemoglobina 
variante S nas hemácias. Esta hemoglobina faz com que, em determinadas 
circunstâncias, as hemácias adquiram a forma de foice (daí o nome falciforme). 
Quando se tornam rígidas, aderem à parede dos vasos sanguíneos, obstruindo-os e 
dificultando a circulação do sangue. Apresenta-se em duas formas – SS e SC –, de 
acordo com a combinação de hemoglobinas variantes. Além da hemoglobina S, 
ligada à doença falciforme, são conhecidas atualmente 1.020 hemoglobinas 
variantes. Uma das linhas da pesquisa básica na área busca entender a grande 
variação da sintomatologia da anemia falciforme. “Dentro da forma SS, por 
exemplo, que é a mais comum, algumas crianças apresentam quadro 
extremamente grave, necessitam ser internadas com frequência, têm AVC e outros 
sintomas, enquanto outras diagnosticadas com a mesma forma quase não têm 
sintomas”, compara o professor Marcos Borato.

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