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13 Movimentos oculares

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MOVIMENTOS
OCULARES
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Os olhos se movem de um lado para outro quase sem esforço pela ação dos músculos oculo-motores.
Os movimentos oculares são biologicamente adaptados à orientação e à busca de alvos situados em direções diferentes e a distâncias diferentes. 
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Os olhos são capazes de mirar um alvo, bem como de se moverem continuamente, de modo que as imagens dos estímulos móveis continuem a incidir diretamente na pequena região central de visão mais clara e aguda - a fóvea. 
Já foram identificados muitos tipos diferentes de movimentos oculares.
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SACADA
É a forma mais comum dos movimento oculares. 
O termo sacada (do verbo francês saccader, que, significa "mover subitamente" ou “mover rapidamente, sacudir"), um salto rápido e abruto feito pelos olhos quando passam de um ponto de fixação para outro. 
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As sacadas são movimentos do tipo balística, no que e refere ao fato de serem guiadas e terem destino predeterminado. Ou seja, a direção e a distância de seus movimentos são planejadas pelo sistema nervoso antes de serem executadas.
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Como a visão se reduz durante os movimentos oculares esses movimentos são extremamente rápidos. 
Normalmente ocorrem de um a três movimentos sacádicos por segundo, mas tão rápidos que ocupam apenas cerca de 10% do tempo total da visão. 
Os movimentos sacádicos são geralmente voluntários, pois podem ser feitos com olhos fechados ou em completa escuridão, podendo ser direcionados ou suprimidos. 
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Também apresentam uma natureza de reflexo. 
Um estímulo que apareça subitamente ou que se mexa visto com o canto dos olhos, pode resultar em um movimento sacádico involuntário que dirige o olhar diretamente para o estímulo. Isso tem um significado adaptativo "pois no mundo primitivo um movimento ligeiro visto de relance com o canto dos olhos ... poderia ser o primeiro aviso de um ataque" 
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Os movimentos sacádicos oculares são usados principalmente para sondar e explorar o campo visual e colocar na fóvea as imagens de detalhes visuais selecionados, onde a, acuidade visual é máxima. 
Assim, esses movimentos são especialmente funcionais em tarefas como leitura e exame de cenas estacionárias.
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Lendo sem espaços Intervocabulares
Leia o parágrafo excepcionalmente compacto a seguir
Ao fazê-lo, ele parecerá difícil, exigindo uma fixação quase letra por letra. À medida que prosseguir na leitura (garantindo que o texto seja observado com boa iluminação e esteja bem visível) ele se tornará surpreendentemente fácil.
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Os achados discutidos nessa demonstração não negam que a visão periférica exerça um papel na eficiência da leitura, nem indicam que os espaços entre as palavras sejam insignificantes para facilitar o reconhecimento de palavras em uma tarefa típica de leitura. 
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O que sugerem, no entanto, é que as palavras, e não os espaços intervocabulares, são as unidades perceptuais que guiam a linha de visão através do texto. 
Assim, os espaços intervocabulares podem desempenhar um papel perceptual secundário ao facilitarem a visibilidade e o reconhecimento das palavras. 
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Epelboim et al. (1994) observam que os espaços intervocabulares foram introduzidos no final do século VIII para tornar a leitura possível em condições de iluminação deficiente e para compensar a presbiopia (ou seja, a redução, com a idade, da acomodação necessária para se ver de perto). Isso sublinha a idéia de que a função principal dos espaços intervocabulares é aumentar a visibilidade, e não de conduzir os movimentos sacádicos. 
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MOVIMENTO DE PERSEGUIÇÃO
São quase completamente automáticos e geralmente exigem um estímulo fisicamente móvel. 
Em contraste com os movimentos sacádicos, os movimentos de perseguição são executados de forma suave e comparativamente lenta.
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De modo geral, são usados para acompanhar um objeto móvel em um ambiente estacionário. 
O estímulo apropriado é a velocidade do alvo, e não sua localização. Nesse caso, a velocidade do movimento de perseguição dos olhos corresponde à velocidade do estímulo móvel. Isso serve para, de certa forma, dispor e preservar na retina uma imagem estacionária do alvo.
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Movimentar os olhos em concordância com o movimento de um estímulo pode também melhorar a percepção da forma do estímulo. 
Isso acontece porque é mais fácil para o sistema visual perceber na retina a forma de uma imagem se ela estiver estável do que se ela estiver em movimento.
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Os movimentos sacádicos e de perseguição são apenas duas partes de um mecanismo geral de planejamento que envolve movimentos controlados da cabeça e de certos músculos corporais no direcionamento dos olhos para um alvo (Mack et ai., 1985). 
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Além disso, são iniciados movimentos oculares especializados (movimentos vestíbulo-oculares) para estabilizar a posição dos olhos quando houver qualquer movimento da cabeça ou do corpo no espaço. Nesse caso, os movimentos oculares compensam o movimento corporal. 
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MOVIMENTOS VESTÍBULO-OCULARES 
A movimentação de um lado para o outro no espaço é uma atividade comum, porém apesar da mudança que resulta na posição da cabeça e do corpo estamos sempre percebendo um ambiente estável.
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A razão disso é que toda vez que a cabeça ou o corpo se movimentam no espaço, inicia-se um padrão de movimentos vestibulo-oculares reflexos (também chamado reflexo vestibulo-ocular, ou VOR, em inglês) para estabilizar a posição dos olhos com relação ao ambiente. (Os movimentos oculares são dirigidos pelos estímulos provenientes do sistema vestibular do ouvido interno, sistema sensorial envolvido com o movimento corporal.) 
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MOVIMENTOS DE VERGÊNCIA 
Os tipos de movimentos oculares de evolução mais recente.
São os que envolvem movimentos coordenados de ambos os olhos. Os movimentos de vergência movem os olhos em direções opostas no plano horizontal, um em direção ao outro ou em sentido oposto, de modo que ambos focalizem o mesmo alvo.
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MOVIMENTOS OCULARES MINIATURA 
Podem ser identificados e medidos enquanto se mantém a fixação. 
Quando uma pessoa mantém uma fixação deliberada em um alvo pode-se observar, um padrão de movimentos oculares extremamente pequenos, involuntários, como um tremor. Embora os olhos estejam em movimento contínuo durante a fixação, não se afastam muito da posição focal média. 
Se os movimentos oculares miniatura fossem inteiramente eliminados a imagem na retina se enfraqueceria,desaparecendo. 
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MOVIMENTOS OCULARES MISTOS 
A maioria das atividades naturais que envolvem a interação visual com o ambiente emprega uma combinação de diversos movimentos oculares - uma categoria denominada por Hallett (1986) como movimentos oculares mistos. 
Por exemplo, acompanhar um objeto movente em profundidade envolve movimentos sacádicos, movimentos suaves de- perseguição e movimentos de vergência. 
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DESENVOLVIMENTO DE MOVIMENTOS 
OCULARES EFICIENTES 
Os movimentos oculares são atividades motoras essenciais para o processamento da cena visual. 
Os movimentos oculares eficientes envolvem movimentos musculares especializados que parecem melhorar com a prática. 
Kowler e Martins
(1982) observaram que os movimentos oculares de crianças pré-escolares de quatro e cinco anos diferem dos movimentos dos adultos em diversas maneiras que afetam a visão eficiente.
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As crianças não conseguiam manter uma fixação constante com facilidade. Quando orientadas a fixar o olhar em um alvo pequeno, brilhante e estacionário em um cômodo que, a não ser por aquele ponto: achava-se escurecido, sua linha de visão mostrava-se extremamente instável. Os olhos se moviam rápidos de um lado para outro, vasculhando uma área 100 vezes maior do que o faria um adulto típico na mesma condição. 
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Além disso, ao acompanharem um alvo móvel, as crianças tinham dificuldade de controlar o tempo certo dos movimentos sacádicos e, diferentemente dos adultos, não eram capazes de antecipar qualquer mudança na direção do movimento do alvo, mesmo quando essa mudança era previsível.
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As crianças na pré-escola não executam tarefas oculomotoras simples com a mesma eficiência dos adultos. 
Algumas das diferenças de desempenho entre os dois grupos podem ser atribuídas ao desenvolvimento oculomotor das crianças, que ainda é imaturo e incompleto.
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Também é possível que, como ocorre na aquisição dos hábitos motores adestrados em geral, as crianças na pré-escola não tenham ainda aprendido um controle oculomotor eficiente e, conseqüentemente, não tenham adquirido as habilidades motoras específicas necessárias a um desempenho eficaz. 
É razoável supor que o desenvolvimento dos movimentos oculares eficientes seja uma habilidade que se adquire aos poucos, com a prática e a experiência estendendo-se bem além dos anos pré-escolares. 
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FATORES TEMPORAIS NA PERCEPÇÃO 
Embora a percepção pareça ocorrer como reação imediata a uma estimulacão ambiental, na verdade ela leva tempo. 
A percepção é afetada em um grau significativo por fatores temporais. 
Discutiremos dois fenômenos em que os fatores temporais atuam de maneiras diferentes afetando a percepção: mascaramento e pós-efeitos. 
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MASCARAMENTO
Sempre que os estímulos ocorrem bem próximos no tempo (ou no espaço) eles podem interferir uns nos outros, ou mascarar a percepção uns dos outros. 
No mascaramento visual, a percepção de um estímulo-alvo é obscurecida pela apresentação de um estímulo de máscara ao mesmo tempo ou quase.
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O prejuízo resultante na percepção do estímulo-alvo com a apresentação do estímulo de máscara imediatamente antes chama-se mascaramento proativo. 
No mascaramento retroativo o estímulo de máscara surge imediatamente depois do estímulo-alvo, interferindo em sua percepção. 
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Uma das influências que contribuem para produzir o mascaramento é alguma forma de persistência visual, que se refere a uma continuação da atividade neural seguida à estimulação, de modo que a impressão de um estímulo possa estar presente mesmo depois da sua retirada física. Como resultado, eventos de estímulos breves que não se sobrepõem fisicamente no espaço nem no tempo podem ser percebidos como simultâneos ou podem, de algum modo, interagir e prejudicar a percepção uns dos outros.
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Em geral, não somos observadores passivos de estímulos de mascaramento e, na maioria dos casos, nem mesmo tomamos conhecimento da ocorrência dos efeitos do mascaramento. 
Existe uma condição comum na qual esses efeitos têm um papel importante na preservação da aparência de um mundo visual estável, claro e contínuo. De modo específico, referimo-nos a efeitos de mascaramento durante a execução de movimentos sacádicos oculares: um fenômeno chamado omissão sacádica. 
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PÓS-EFEITOS 
O pós-efeito mais familiar, e um tanto desagradável, resulta da visão involuntária breve, mas intensa, de um flash. Nesse caso, o pós-efeito é transitório por causa da persistência visual. 
Em outros casos, não somente a observação prolongada de um estímulo causa realmente a persistência visual, mas também a região retiniana estimulada se adapta ou se fatiga temporariamente, o que a deixa menos responsiva. 
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O mascaramento e os pós-efeitos, juntamente com o comportamento visualmente orientado, tal como os movimentos oculares controlados, influem na nossa capacidade de localizar e identificar objetos e eventos no espaço, Contudo, a identificação e a localização de objetos parecem envolver mais do que as informações fornecidas por essas atividades e fenômenos. 
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IDENTIFICAÇÃO E LOCALIZAÇÃO DE OBJETOS: SISTEMA FOCAL E 
SISTEMA AMBIENTAL 
O sistema focal primário, relaciona-se à identificação e ao reconhecimento de objetos. Nos seres humanos isso é mediado por um sistema que inclui a retina central (inclusive a fóvea), o NGL (Núcleo geniculado lateral- transmitem impulsos visuais) e o córtex visual primário.
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O outro sistema, que é secundário, o sistema ambiental, está envolvido na localização de objetos. É mediado por um sistema que consiste nas regiões central e periférica da retina e no colículo superior (o qual projeta-se para uma região do córtex extra-estriado do lobo occipital do córtex). 
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O sistema focal, controlado pelo córtex, ajuda a identificar que tipo de objeto está presente, ao passo que o sistema ambiental, mediado pelo colículo superior, indica onde ele está localizado. 
Os mecanismos neurais que fornecem as informações “o que” e "onde", mediados pelos sistemas focal e ambiental, respectivamente, muitas vezes têm sido denominados "caminho que“ e "caminho onde", [Contudo, como observam Stein e Meredith, 1993, os caminhos neurais "o que" (focal) e "onde" (ambiental) têm ligações anatômicas e funcionais importantes. Seria exagero concluir que são inteiramente separados um do outro.] 
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A distinção funcional entre os caminhos "o que" (focal) e "onde" (ambiental) é representada no nível cortical.
Áreas do córtex visual primário, do córtex extra-estriado, inclusive as regiões do lobo temporal e do lobo parietal, interagem para formar canais ou vias um tanto independentes, mas paralelos, para representar aspectos complexos de nossa experiência visual como forma, cor e movimento. 
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O caminho cortical (denominado via ventral), importante para a identificação de objetos, relaciona-se com o caminho "o que", ou focal. 
O segundo caminho cortical (denominado via dorsal) é importante para a localização espacial, sendo a representação cortical do caminho “onde” ou ambiental.

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