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Unidade 2: Tópico 2
O conhecimento como ascensão do domínio ilusório
A Escola de Atenas (Raphael) - Fonte:
 http://bit.ly/1As3v7S
Nesse tópico, veremos como Platão, o discípulo maior de Sócrates, introduziu, a partir de elementos de aspiração socrática, a inovação de sua Filosofia: esse grande mestre do pensamento ocidental localiza o fim dos temas de Sócrates em um domínio apartado de toda a contingência humana e de toda a corrupção e parcialidade a ela associado – o mundo das Ideias.
Atenção!
Para isso, é crucial, para que esse tópico não te pareça muito estranho, que você releia o anexo da Unidade I de Filosofia Básica.
O mundo das Ideias, como esclarecido no anexo da unidade anterior, abriga a verdade e, exatamente como no mundo da matemática, seu conhecimento independe de objetos concretos. Sua existência é puramente abstrata, formal.
É a própria ideia do triângulo que se encontra nele, e não as ocorrências particulares da ideia que podemos ver representadas espacialmente. Essas ocorrências particulares podem ser vistas por nossos olhos sensíveis. A Ideia de Platão, por sua vez, só pode ser contemplada pelo intelecto, por aquilo que Platão metaforicamente chamou de “o olho da alma”.
Deve-se deixar mais uma vez claro que o termo Ideia, para Platão, não tem nenhuma relação com a noção que atualmente temos de Representação. A teoria das Ideais (ou Formas) pretende resolver o antigo problema do mundo grego da substância primordial, isto é, o que cria a realidade, que Platão formula desse modo: “O que é o Ser? ” – e: “Qual é, de maneira geral, a causa da geração (criação) e da corrupção (destruição)?” (é uma nova leitura da questão dos pré-socráticos da arché) – Ora, as Formas são “o ser verdadeiramente real”; e são as Formas/Ideias que se deve atribuir a causalidade de tudo aquilo que surge ao mundo do devir/sensível (ou seja, a mudança de todas as coisas).
As Formas/Ideias são incorporais e invisíveis, pois apenas podem ser alcançadas (isto é, contempladas, compreendidas) por nosso pensamento. Com isso, a separação do material (daquilo que é corpo, apreendido/percebido por nossos sentidos) e do espiritual (logos, pensamento) é consumada. Não se trata de encontrar para a mudança das coisas sensíveis um fundamento material/corporal. Toda a ordem material é desacreditada em bloco, uma vez que não tem importância para Platão. A matéria não possui realidade. A realidade passa inteiramente para as Formas inteligíveis.
Nenhuma matéria “cria” ou “destrói” as coisas, mas unicamente as Formas/Ideias, na medida em que se deixam “imitar” ou “participar”. A única causalidade compreensível (inteligível) não reside na matéria, mas somente nas Formas, que são, ao mesmo tempo, modelos e causas de todo devir.
Para Platão, a alma deveria se purificar das ilusões que a acorrentam à opinião particular e ascender, pela dialética, em direção ao conhecimento universal e eterno. A dialética platônica é o método de se alcançar as Ideias por meio de um esclarecimento conceitual e exercício de iniciação filosófica.
A dialética platônica é o método que consiste em distinguir as diferenças e contradições para descobrir a essência (Forma) das coisas. O ensino somente pode ser inscrito numa alma que tenha consciência de sua ignorância, e é por esse motivo que Platão antes nos ensina a duvidar das coisas sensíveis que conhecer as Formas. A dialética, que é essencialmente diálogo, eleva-se através das Formas até ao Bem.
O conhecimento do Bem é “o objetivo mais alto do conhecimento”.
Se corretamente conduzida, a alma reconheceria na contemplação (compreensão) e no convívio com o Bem, o Belo e o Justo a condição de sua própria imortalidade. Já se comentou sobre essas ideias principais no Unidade I. Cabe, mais uma vez, você reler o trecho para relembrar esses conceitos.
Em linhas gerais, o Bem, para Platão, é, em primeiro lugar, a finalidade ou alvo da vida. Em segundo lugar, é a condição do conhecimento, o que torna o mundo inteligível. E em terceiro lugar, é a causa criadora do mundo e tudo o que ele contém.
SAIBA MAIS
Não se deve entender alma com quaisquer sentidos cristãos. Platão é grego, e até mesmo na Bíblia se entende os gregos como pagãos. Alma, no contexto da Filosofia grega, se refere, de modo geral, à reflexão humana, ao pensamento. Platão, assim, fala de uma alma intelectiva, que compreende as ideias, e não está em comunhão com quaisquer divindades.
O processo de conhecimento segundo Platão e a alegoria da caverna
A alegoria da Caverna - Conta alegoricamente o que os homens teriam dificuldades para entenderem. Não se pode confundir alegoria com mito. O mito é um discurso estritamente religioso, como já estudamos na Unidade I. A alegoria, por sua vez, é uma forma indireta de representar alguma coisa ou ideia sob a aparência de outra. Platão escrevia muito a partir de alegorias.
Alegoria da Caverna - Fonte:
 http://bit.ly/1LNibis
A alegoria da caverna é uma das passagens mais clássicas da história da Filosofia, sendo parte do livro VI de A República onde Platão discute sobre a teoria do conhecimento, a linguagem e a educação na formação do Estado (governo e leis) ideal que formula.
A narrativa expressa dramaticamente a imagem de prisioneiros que desde o nascimento são acorrentados no interior de uma caverna de modo que olhem somente para uma parede iluminada por uma fogueira. Essa fogueira ilumina um palco onde estátuas de seres como homem, plantas e animais são manipulados, como que representando o cotidiano desses seres. No entanto, as sombras das estátuas são projetadas na parede, sendo a única imagem que aqueles prisioneiros conseguem enxergar. Com o correr do tempo, os homens dão nomes a essas sombras (tal como nós damos às coisas) e também à regularidade de aparições destas. Os prisioneiros fazem, inclusive, torneios para enaltecer aqueles capazes de acertar as denominações e regularidades.
Imaginemos agora que um desses prisioneiros é forçado a sair das amarras e vasculhar o interior da caverna. Ele veria que o que permitia a visão das sombras no interior da caverna era a fogueira e que na verdade, os seres reais eram as estátuas e não as sombras. Perceberia que passou a vida inteira julgando apenas sombras e ilusões, desconhecendo a verdade, isto é, estando afastado da verdadeira realidade.
Mas imaginemos ainda que esse mesmo prisioneiro fosse arrastado para fora da caverna. Ao sair, a luz do sol ofuscaria sua visão imediatamente e só depois de muito habituar-se com a nova realidade, poderia voltar a enxergar as maravilhas dos seres fora da caverna.
Não demoraria a perceber que aqueles seres tinham mais qualidades do que as sombras e as estátuas, sendo, portanto, mais reais. Significa dizer que ele poderia contemplar a verdadeira realidade, os seres como são em si mesmos. Não teria dificuldades em perceber que o Sol é a fonte da luz que o faz ver o real, bem como é desta fonte que provém toda existência (os ciclos de nascimento, do tempo, o calor que aquece, por exemplo).
Maravilhado com esse novo mundo e com o conhecimento que então passara a ter da realidade, esse ex-prisioneiro se lembraria de seus antigos amigos no interior da caverna e da vida que lá levavam. Imediatamente, sentiria a necessidade de retornar à caverna para tentar libertá-los.
No entanto, como os ainda prisioneiros não conseguem vislumbrar senão a realidade que presenciam, vão debochar do seu colega liberto, dizendo-lhe que está louco e que se não parasse com suas maluquices acabariam por matá-lo.
Este modo de contar as coisas tem o seu significado:
Fonte: http://bit.ly/1Hyy0Gh
Os prisioneiros somos nós que, segundo nossas tradições, ainda que diferentes, hábitos diferentes, culturas diferentes, estamosacostumados com as noções sem que delas reflitamos para fazer juízos corretos, mas apenas acreditamos e usamos como nos foi transmitido.
A caverna é o mundo ao nosso redor, o mundo físico, sensível em que as imagens prevalecem sobre os conceitos, formando em nós opiniões por vezeserrôneas e equivocadas (pré-conceitos, pré-juízos).
Quando começamos a descobrir a verdade, temos dificuldade para entender e assimilar o real(que na alegoria de Platão funciona como o ofuscamento da visão ao sair da caverna) e para isso, precisamos nos esforçar, estudar, aprender, querer saber, destruir barreiras formadas pela nossa ignorância.
O mundo fora da caverna representa o mundo real, que para Platão é o mundo compreensível por possuir Formas ou Ideias que guardam consigo uma identidade indestrutível e imóvel, garantindo o conhecimento dos seres sensíveis. O compreensível é o reino das matemáticas que são o modo como apreendemos o mundo e construímos o saber humano.
A descida de volta a caverna é a vontade ou a obrigação moral que o homem esclarecido tem de ajudar os seus semelhantes a saírem do mundo da ignorância e do mal para construírem um mundo (Estado) mais justo, com sabedoria. O Sol representa a ideia suprema de Bem, ente supremo que governa o inteligível, permite ao homem conhecer e de onde deriva toda a realidade.
Portanto, a alegoria da caverna é um modo de contar de outra forma o que conceitualmente os homens teriam dificuldade para entender, já que, pela própria narrativa, o sábio nem sempre se faz ouvir pela maioria ignorante.

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