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ÊXODO RURAL

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ÊXODO RURAL
 Antonia Nirvana
Carmicélia Ferreira
 Josiel Vidal
 Kelly Campelo
 Lorena Araujo
 Nathyla Morgana
 Romero Oliveira
 Sarah Cristina
 Wind Morais
Palmas To 16 de Março 2013
1. INTRODUÇÃO
 Êxodo rural é o termo pelo qual se designa o abandono do campo por seus habitantes, que, em busca de melhores condições de vida, se transferem de regiões consideradas de menos condições de sustentabilidade a outras, podendo ocorrer de áreas rurais para centros urbanos. O Brasil presenciou o seu período de maior êxodo rural entre as décadas de 60 e 80 quando aproximadamente 13 milhões de pessoas abandonaram o campo e foram em direção aos centros urbanos. Isso equivale a 33% da população rural do início da década de 60. Como em qualquer modalidade de migração por motivos econômicos, é o resultado lógico de decisões políticas ditadas pelo capital, e principalmente pelos interesses de seus detentores. Ao longo de todo o trabalho,iremos abordar a agricultura familiar.
 Essa modalidade de migração é conseqüência das dificuldades de manutenção da agricultura de subsistência e a concentração fundiária, visto que o modelo econômico vigente privilegia os grandes latifundiários através de empréstimos para a mecanização das atividades rurais, fato que também agrava o êxodo rural, pois a mão de obra é substituída pelo intenso processo de mecanização das atividades agrícolas.
 No entanto, esse processo gera vários problemas sociais, pois parte desses imigrantes não possui qualificação profissional exigida pelo mercado cada vez mais competitivo, conseqüentemente há um aumento populacional desordenado, além do desemprego e do subemprego nessas cidades, atividades como vendedores ambulantes, catadores de materiais recicláveis, flanelinhas, entre outros, são a cada dia mais comuns, os transtornos causados por esse processo atingem toda a sociedade, principalmente as pessoas que deixaram o campo com o intuito de obter melhores condições de vida nas cidades.
Na América Latina pode-se constatar que a polarização regional e social crescente continua a incentivar grandes processos migratórios internos. Pobreza, miséria, opressão e ausência de condições mínimas de se ter uma vida decente no campo induzem as pessoas a procurarem cidades nas quais a situação econômica possibilite uma vida melhor, mesmo que as chances disso se concretizar sejam cada vez menores. Apesar do ritmo de migração para as cidades ser cada vez menor em relação aos índices observados no século XX, ela continua a acontecer porque as condições de vida no campo continuam péssimas. Assim, a miséria concentra-se nas periferias das cidades, cuja infra-estrutura não acompanha o crescimento demográfico (TRENKLE, 1999).
2. ÊXODO RURAL NO BRASIL
 
 	 No Brasil (década de 1960): durante o governo de JK (Juscelino Kubitschek) houve um grande investimento no desenvolvimento industrial nas grandes cidades da região Sudeste. Com a abertura da economia para o capital internacional, diversas multinacionais, principalmente montadoras de veículos, construíram grandes fábricas em cidades como São Paulo, São Bernardo do Campo, Guarulhos, Santo André, Diadema, Belo Horizonte e Rio de Janeiro. O resultado disso foi um grande êxodo rural do Nordeste para o Sudeste do país. Os migrantes nordestinos fugitivos da seca do Nordeste e do desemprego foram em busca de trabalho e melhores condições de vida nas grandes cidades do Sudeste. Este processo estendeu-se com força durante as décadas de 70 e 80. Como estas cidades não ofereceram condições sociais aos migrantes, houve o esperado: aumento das favelas e cortiços, desemprego (muitos migrantes não tinham qualificação profissional para os empregos) aumento da violência, principalmente nos bairros de periferia.
 	Outro fato relacionado ao êxodo rural ocorreu com a construção de Brasília, no final da década de 1950. Muitos migrantes do Norte e Nordeste do país foram em busca de empregos na região central do país, principalmente na construção civil. As cidades satélites de Brasília cresceram desordenadamente, causando vários problemas sociais, que persistem até os dias de hoje.
 	O êxodo rural provoca, na maioria das vezes, problemas sociais. Cidades que recebem grande quantidade de migrantes, muitas vezes, não estão preparadas para tal fenômeno. Os empregos não são suficientes e muitos migrantes partem para o mercado de trabalho informal e passam a residir em habitações sem boas condições (favelas, cortiços, etc). 
 	Além do desemprego, o êxodo rural descontrolado causa outros problemas nas grandes cidades. Ele aumenta em grandes proporções a população nos bairros de periferia das grandes cidades. Como são bairros carentes em hospitais e escolas, a população destes locais acaba sofrendo com o atendimento destes serviços. Escolas com excesso de alunos por sala de aula e hospitais superlotados são as conseqüências deste fato.
 	Os municípios rurais também acabam sendo afetados pelo êxodo rural. Com a diminuição da população local, diminui a arrecadação de impostos, a produção agrícola decresce e muitos municípios acabam entrando em crise. Há casos de municípios que deixam de existir quando todos os habitantes deixam a região.
No caso do Brasil, podemos citar vários períodos de migração ao longo de sua história que se caracterizam pelo abandono do campo em busca de melhores condições de vida nas cidades.
Na história do Brasil, por exemplo, podemos citar a migração das regiões do nordeste onde predominava a agricultura da cana, para o sudeste onde floresciam as culturas de café ou mesmo para o norte, para os seringais. E, mais tarde, em tempos mais recentes, lá pela década de 50, se inicia uma nova migração, desta vez para a nova capital do país, Brasília. A migração para Brasília fez surgir inúmeras cidadelas que não estavam nos planos de infra-estrutura e que, por terem se instalado nos arredores da grande capital, foram chamadas de “cidades-satélite”.
O Brasil presenciou o seu período de maior êxodo rural entre as décadas de 60 e 80 quando aproximadamente 13 milhões de pessoas abandonaram o campo e rumaram em direção aos centros urbanos. Isso equivale a 33% da população rural do início da década de 60.
Os principais motivos dessa migração em massa foram a expansão da fronteira agrícola, o modelo de urbanização que incentivava o crescimento das médias e grandes cidades criando oportunidades de empregos que atraíam os moradores do campo, e, a estratégia de modernização da agricultura que incentivava as culturas de exportação e os sistemas modernos de agricultura, práticas que, por sua vez, utilizam menos mão-de-obra que a agricultura tradicional, forçando os trabalhadores excedentes a procurarem outra forma de sustento.
Tanto no Brasil, quanto em outras regiões do mundo, o êxodo rural ocasiona o crescimento desordenado dos centros urbanos, gerando um verdadeiro caos social. Sem planejamento as cidades não conseguem fornecer as condições sanitárias e de infra-estrutura básicas aos novos moradores gerando miséria, doenças e mais bagunça.
Mas o êxodo rural também traz prejuízos para o campo podendo, inclusive, transformar algumas cidades em verdadeiras “cidades fantasma”. Isso ocorre quando toda a população deixa a cidade em buscade melhores oportunidades ou por causa de alguma tragédia natural (como uma grande seca ou um furacão, por exemplo).
Os países "emergentes"ou subdesenvolvidos industrializados não apresentam infra-estrutura urbana para receber a população rural que migra incessantemente para as grandes cidades.É preciso uma eficiente política pública para estruturar as cidades para o processo de urbanização(crescimento da população urbana), para uma boa condição de vida urbana.
3. CAUSAS
 	Os principais motivos que fazem com que grandes quantidades de habitantes saiam da zona rural para as grandes cidades são: busca de empregos com boa remuneração, mecanização da produção rural, fuga de desastres naturais (secas, enchentes, etc.), qualidade de ensino e necessidade de infra-estrutura e serviços (hospitais, transportes, educação, etc.)
Geralmente o êxodo rural ocorre devido à perda da capacidade produtiva, ou à falta de condições de subsistência, em determinado local que acarretarão no êxodo rural para outra localidade rural, ou, o êxodo rural para localidades urbanas.
O mais comum, o êxodo rural para localidades urbanas, acarreta uma série de problemas sociais, estruturais e econômicos para os lugares para onde os “retirantes” se deslocam, legando ao “êxodo” um significado bastante pejorativo.
Fatores:
FATORES FÍSICOS: (ÁGUA, TERRA, CLIMA, MECANIZAÇÃO, INSUMOS AGRÍCOLAS, DEGRADAÇÃO DOS RECURSOS NATURAIS, MANEJO PREDATÓRIO...)
FATORES ECONÔMICOS: (PREÇOS, CRÉDITO, OPURTUNIDADE DE EMPREGO, INSEGURANÇA, DÍVIDAS, MONOCULTURA...)
FATORES DE CONHECIMENTOS (DIFUSÃO DE CONHECIMENTOS...)
FATORES SOCIAIS (POBREZA E DESEMPREGO E AS OPURTUNIDADES DE EMPREGOS NAS CIDADES, PREVIDÊNCIA SOCIAL, EDUCAÇÃO, POSIÇÃO SOCIAL, ASSOCIATIVISMO, COMUNICAÇÃO, RODOVIAS...)
FATORES POLÍTICOS E INSTITUCIONAIS (MODELO DE DESENVOLVIMENTO, TAMANHO DA PROPRIEDADE E HERANÇA, MÁ QUALIDADE DOS PROJETOS E SERVIÇOS INSTITUCIONAIS, APLICAÇÃO DOS RECURÇOS FINANCEIROS, LEGISLAÇÃO RURAL, SISTEMAS DE POSSE E USO DA TERRA, REFORMA AGRÁRIA E A COLONIZAÇÃO, PATRIARCALISMO)
4. CONSEQUÊNCIAS 
 	O êxodo rural provoca, na maioria das vezes, problemas sociais. Cidades que recebem grande quantidade de migrantes, muitas vezes, não estão preparadas para tal fenômeno. Os empregos não são suficientes e muitos migrantes partem para o mercado de trabalho informal e passam a residir em habitações sem boas condições (favelas, cortiços, etc.). 
 	 Além do desemprego, o êxodo rural descontrolado causa outros problemas nas grandes cidades. Ele aumenta em grandes proporções a população nos bairros de periferia das grandes cidades. Como são bairros carentes em hospitais e escolas, as populações destes locais acabam sofrendo com o atendimento destes serviços. Escolas com excesso de alunos por sala de aula e hospitais superlotados são as conseqüências deste fato.
 	 Os municípios rurais também acabam sendo afetados pelo êxodo rural. Com a diminuição da população local, diminui a arrecadação de impostos, a produção agrícola decresce e muitos municípios acabam entrando em crise. Há casos de municípios que deixam de existir quando todos os habitantes deixam a região.
O desencadeamento do êxodo rural é consequência, entre outros fatores, da implantação de relações capitalistas modernas na produção agropecuária, onde o modelo econômico privilegia os grandes latifundiários e a intensa mecanização das atividades rurais expulsa os pequenos produtores do campo. O intenso processo de mecanização das atividades agrícolas tem substituído a mão de obra humana. Os pequenos produtores que não conseguem mecanizar sua produção têm baixo rendimento de produtividade, o que os coloca em desvantagem no mercado.
No entanto, esse processo gera vários problemas sociais, pois parte desses imigrantes não possui qualificação profissional exigida pelo mercado cada vez mais competitivo, consequentemente há um aumento populacional desordenado, além do desemprego e do subemprego nessas cidades, atividades como vendedores ambulantes, catadores de materiais recicláveis, flanelinhas, entre outros, são a cada dia mais comuns, os transtornos causados por esse processo atingem toda a sociedade, principalmente as pessoas que deixaram o campo com o intuito de obter melhores condições de vida nas cidades.
Outro fator negativo que pode ser citado é o inchaço das cidades, que na ausência de um planejamento urbano há o superpovoamento de bairros pobres, moradias em locais sem estrutura, aumento de favelas, entre outros fatores. 
Anexo 1: superpovoamento devido o êxodo rural.(ilustração)
 
Concentração de terra e mecanização
Crescimento da Indústria e Comércio
Modernização de Agricultura 
Extinção da pequena propriedade familiar.
Envelhecimento da população do campo 
Troca da propriedade rural pelo barraco.
Aumento do desemprego nas cidades, nem todos que chegam nas cidades conseguem emprego.
Aumento de ativos (trabalhadores) na atividade informal (trabalho de rua, sem registro, sem carteira assinada).
Aumento de ativos no subemprego, atividade sem qualificação.
Violência urbana, ligada ao tráfico de drogas e prostituição infantil.
Aumento do processo de favelização nas grandes cidades.
5. POLÍTICAS PÚBLICAS PARA O CAMPO: A AGRICULTURA FAMILIAR 
Políticas públicas podem ser definidas como “o conjunto de ações coletivas voltadas para a garantia dos direitos sociais, configurando um compromisso público que visa dar conta de determinada demanda, em diversas áreas”. Elas expressam “a transformação daquilo que é do âmbito privado em ações coletivas no espaço público”. (GUARESCHI et al, 2004, p. 180). 
 	Assim, as políticas públicas têm um papel fundamental para reduzir as desigualdades regionais no Brasil. São necessárias, pois conforme Castro O espaço brasileiro é marcado por fortes disparidades de povoamento, de atividades produtivas, de distribuição de renda, de educação, de equipamentos sociais etc., além de ser recortado em unidades federativas – estados e municípios – de tamanhos muito variados. 
Essa diferenciação existe também em relação à disponibilidade de equipamentos e às características dos espaços políticos que reúnem as condições essenciais para que a cidadania seja exercida (CASTRO, 2005, p.201). 
A agricultura familiar é uma instituição de reprodução da família cujo núcleo está na relação direta com a terra e com a produção agrícola. O fortalecimento da agricultura familiar, através do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF), é considerado o alicerce das políticas públicas orientadas para o desenvolvimento rural, apesar de todos os retrocessos das ações governamentais. É um indicativo de mudanças na orientação governamental em relação à agricultura e aos pequenos agricultores, principalmente quando se pretende associar desenvolvimento com sustentabilidade e levar as camadas mais necessitadas da sociedade, educação, saúde, proteção ambiental etc. (BRASIL, 1996). 
Há muito tempo esquecida pelo Estado, à agricultura familiar e a sua base fundiária – a pequena propriedade – têm sobrevivido em meio às políticas que favoreceram a grande produção e a grande propriedade – setores privilegiados no processo de modernização da agricultura brasileira. O aumento da produtividade associado à utilização de novas tecnologias no campo tem fundamentado a ação e os discursos modernizadores. Contudo, nesse processo, o meio ambiente sofre diversos impactos. Contrapondo-se a isso, Giddens nos mostra que a modernização ecologicamente sensível já não diz respeito a “mais e mais modernidade”, porém é consciente dos problemas e limitações dos processos modernizantes. É atenta à necessidade de restabelecer continuidade e desenvolver coesão social num mundo de transformações erráticas, em que as energias intrinsecamente imprevisíveis da inovação científica e tecnológica desempenham um papel tão importante. (GIDDENS, 2001, p. 77). 
Assim, como o Pronaf é voltado para as demandas dos trabalhadores rurais e sustentadoem um modelo de gestão social em parceria com os agricultores familiares e suas organizações, representa um grande avanço comparado às políticas anteriores. Esse programa destaca o desafio de construir um novo paradigma de desenvolvimento rural para o Brasil, sem os vícios do passado (Pronaf, 1996). 
Nesse aspecto, a agricultura familiar é considerada como um “segmento gerador de emprego e renda de modo a estabelecer um padrão de desenvolvimento sustentável” (PRONAF, 1996, p.5), o que resultaria na fixação da população no campo. Assim, ao “atacar grande parte dos problemas sociais urbanos derivados do desemprego rural e da migração descontrolada na direção campo-cidade” (idem, p.11), pode ser considerada como uma alternativa “economicamente produtiva” e “politicamente correta”. 
Conforme o Núcleo de Estudos Agrários e Desenvolvimento Rural de 2006 (NEAD – 2006), a agricultora familiar representa 85,2% do total de estabelecimentos, ocupa 30,5% da área total (tabela2) e é responsável por 37,9% do valor bruto da produção agropecuária nacional. Considerando-se o valor da Renda Total 
Agropecuária (RT) do país, responde por 50,9% de um total de R$ 22 bilhões. Essas informações revelam que a importância da agricultura familiar, que utiliza os recursos produtivos de forma mais eficiente que os patronais, pois, mesmo detendo menor proporção das terras e de financiamentos disponíveis, produzem e empregam mais do que os patronais.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O processo de modernização na agricultura brasileira teve como conseqüências o êxodo rural e o empobrecimento de uma massa de trabalhadores e pequenos proprietários rurais, fazendo surgir os movimentos sociais no campo na luta pela terra. Sob esse aspecto, deve-se procurar estabelecer um equilíbrio entre a penetração capitalista no campo, que de certa forma é inevitável, e a implantação de políticas públicas que assegurem às populações rurais um mínimo de qualidade de vida. 
Para tanto, o processo de desenvolvimento da política agrícola e agrária necessita de uma reorientação. É urgente a implantação de uma reforma agrária aliada a diversas políticas públicas, ou seja, uma alteração na estrutura fundiária que transforme as relações sociais atualmente existentes no campo e ainda melhore as condições dos assentamentos rurais já existentes, pois o Estado ao não garantir uma assistência mínima e infra-estrutura básica às populações rurais, transfere os miseráveis do campo para as favelas urbanas. 
Em suma, é importante considerar a importância de programas de governo como o PRONAF como uma condição para manter a população rural em suas localidades e também para viabilizar as pequenas unidades produtivas que não conseguem, por motivos diversos, alguns já relacionados neste artigo, responder integralmente às demandas do mercado, sustentando-se exclusivamente na atividade agrícola. 
Desse modo, o apoio à agricultura familiar tem que ser pensado no âmbito do desenvolvimento local no qual os aspectos econômicos, sociais, ecológicos e culturais devam ser igualmente levados em conta na busca de soluções não excludentes.

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