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A CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988

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A CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
1.1 A Constituição Federal de 1988 é o sétimo documento brasileiro dessa natureza. A primeira, elaborada por ocasião de nossa independência, no dia 7 de setembro de 1822, foi publicada em 1824, tendo na sequência: Constituição de 1891; Constituição de 1934; Constituição de 1937; Constituição de 1946; Constituição de 1961; Constituição de 1967. Em seu título VIII – Da Ordem Social, do Capítulo III – Da Educação, da Cultura e do Desporto, Seção I – Da Educação, que traz o propósito da educação: exercício da cidadania e qualificação para o trabalho.
Nos artigos 205 e 206, a Constituição Federal estabelece o dever do Estado e a obrigação de todos quanto ao direito dos brasileiros à educação. Entretanto, dados do IBGE de 2009 denunciam 9,7% de analfabetos da população com 15 anos de idade ou mais, ou seja, 14,1 milhões de pessoas que não tiveram seu direito à educação atendida. É necessário estabelecer políticas públicas eficientes e eficazes para diminuir e mesmo zerar esses números.
O artigo 207 delibera sobre autonomia universitária: autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, a facultatividade às universidades admitir professores, técnicos e cientistas estrangeiros, e instituições de pesquisa científica e tecnológica.
O artigo 208 da CF se refere ao acesso e à universalização do ensino. Também, de acordo com o IBGE de 2009, até esse período a proporção de crianças de 6 a 14 anos de idade que frequentava escola foi superior a 96% e a escolarização das crianças de 4 ou 5 anos de idade foi de mais de 74%. Números positivos no aspecto quantitativo, porém não acompanham qualidade, o que se pode confirmar com a presença de alunos que atingem os anos finais do Ensino Fundamental, e mesmo do Ensino Médio, sem ter adquirido os conhecimentos básicos de português e matemática. 
O artigo 209 assenta a respeito do ensino universitário privado: O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas as seguintes condições: cumprimento das normas gerais da educação nacional; autorização e avaliação de qualidade pelo Poder Público.
O artigo 210 dispõe sobre a organização do Ensino Fundamental, no que diz respeito ao ensino religioso e às comunidades indígenas:
Art. 210. Serão fixados conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de maneira a assegurar formação básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais.
Em seu artigo 211, a CF delibera sobre a colaboração dos poderes nas três esferas regionais, atribuindo a cada um sua responsabilidade nesse processo, organização em regime de colaboração seus sistemas de ensino. 
 O artigo 212 decide a aplicação de recursos públicos de cada poder.
O artigo 213 da CF delibera sobre a responsabilidade do Poder Público quanto à distribuição dos recursos públicos:
 O artigo 214 refere-se ao planejamento nacional em longo prazo, visando universalizar a educação. Erradicação do analfabetismo; universalização do atendimento escolar; melhoria da qualidade do ensino; formação para o trabalho; promoção humanística, científica e tecnológica do País. Vale ressaltar a necessidade de cuidar da qualidade do ensino, visto ainda existir no Brasil número significativo de analfabetos funcionais, correspondendo em 2009 a 20,3% da população de 15 anos ou mais de idade.
1.2 Leis de diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB nº 9.394/96)
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB 9.394/96) regulamenta o sistema educacional do Brasil, estabelecendo os princípios da educação e os deveres do Estado em relação à educação escolar pública, no sentido de definir as responsabilidades, em regime de colaboração entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. 
Essa lei regulamenta o sistema educacional do Brasil, estabelecendo os princípios da educação e os deveres do Estado em relação à educação escolar pública, no sentido de definir as responsabilidades, em regime de colaboração entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios.Antes desta, a educação brasileira teve outras duas Leis de Diretrizes e Bases: 
Lei nº 4.024, de 20 de dezembro de 1961, e Lei nº 5.692, de 11 de agosto de 1971.
Ao tratar da organização do ensino, a LDB/96 estabelece no art. 22 que a “educação básica tem por finalidades desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores” (BRASIL, 1996). 
De acordo com a Lei nº 9.394/96, a educação básica está dividida em três níveis: 
• Educação Infantil – gratuita e não obrigatória, compete aos municípios. As creches são destinadas às crianças de idade entre 0 e 3 anos e a pré-escola oferece ensino aos alunos entre 4 e 5 anos. 
• Ensino Fundamental – é subdividido em anos iniciais (1º ao 5º ano) e anos finais (6º ao 9º ano). Também obrigatório e gratuito, a LDB estabelece que, gradativamente, os municípios serão os responsáveis por todo o Ensino Fundamental. 
• Ensino Médio – compreende a frequência de alunos do 1º ao 3º ano. De responsabilidade dos estados, é oferecido em cursos técnicos, profissionalizantes ou não.
Já o Ensino Superior compete à União, cabendo-lhe, ainda, autorizar e fiscalizar as instituições privadas de Ensino Superior. Além dessas determinações, a LDB 9.394/96 aborda temas como os recursos financeiros e a formação dos profissionais da educação.
Parágrafo único. A formação dos profissionais da educação, de modo a atender às especificidades do exercício de suas atividades, bem como aos objetivos das diferentes etapas e modalidades da educação básica, terá como fundamentos:a presença de sólida formação básica, que propicie o conhecimento dos fundamentos científicos e sociais de suas competências de trabalho; a associação entre teorias e práticas, mediante estágios supervisionados e capacitação em serviço; o aproveitamento da formação e experiências anteriores, em instituições de ensino e em outras atividades.
Os artigos 62 e 63 abordam a formação de docentes para a Educação Básica e têm gerado polêmica entre pesquisadores e estudiosos, visto a criação dos Institutos Superiores de Educação:Art. 62. A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação, admitida, como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nas quatro primeiras séries do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade Normal. Art. 63. Os institutos superiores de educação manterão: cursos formadores de profissionais para a educação básica, inclusive o curso normal superior, destinado à formação de docentes para a educação infantil e para as primeiras séries do ensino fundamental; programas de formação pedagógica para portadores de diplomas de educação superior que queiram se dedicar à educação básica;programas de educação continuada para os profissionais de educação dos diversos níveis.
O artigo 64 da LDB n° 9.394/96 abre possibilidade para formação pedagógica e técnico-prática em cursos de pós-graduação, sendo um meio para melhorar a qualidade do Ensino Superior:A LDB rege ainda a prática de ensino de, no mínimo 
 Art. 65. A formação docente, exceto para a educação superior, incluirá prática de ensino de, no mínimo, trezentas horas.
No artigo 66, que também se refere ao docente no ensino, diz o seguinte: Art. 66. A preparação para o exercício do magistério superior far-se-áem nível de pós-graduação, prioritariamente em programas de mestrado e doutorado. 
Parágrafo único. O notório saber, reconhecido por universidade com curso de doutorado em área afim, poderá suprir a exigência de título acadêmico.
O artigo 67 da LDB estabelece critérios de ingresso e de plano de carreira nas instituições: Os sistemas de ensino promoverão a valorização dos profissionais da educação, assegurando-lhes, inclusive nos termos dos estatutos e dos planos de carreira do magistério público:
Em 2006, com a aprovação da Lei nº 11.274, é alterada a duração do Ensino Fundamental de oito para nove anos, transformando o último ano da Educação Infantil no primeiro ano do Ensino Fundamental. Assim, o aluno iniciará o 1º ano (antiga primeira série) com 6 anos de idade. A Lei nº 11.114, de 2005, que alterou a LDB 9.394/96, já adotava a matrícula de alunos com 6 anos de idade no Ensino Fundamental. 
Em relação às universidades, embora sujeitas à avaliação e até passíveis de descredenciamento pela União, elas podem deliberar sobre critérios e normas de seleção e admissão de estudantes a seus cursos (art. 51); criar, organizar e extinguir cursos e programas de educação superior; fixar os currículos de seus programas, dentro das diretrizes gerais; elaborar e reformar seus próprios estatutos e regimentos; administrar os rendimentos (art. 53); decidir sobre ampliação e diminuição de vagas (art. 53, § único); propor o seu quadro de pessoal docente e seu plano de cargos e salários (art. 54, § 1º), entre outras atribuições que lhes são conferidas. 
Nesses termos, a tendência para o MEC deve ser de não atuar mais como um regulador, mas sim como coordenador ou articulador do grande projeto nacional, concedendo a autonomia imprescindível a um espaço que se propõe desenvolver trabalhos de pesquisa e investigação científica. Ao mesmo tempo, o crescimento da autonomia se transforma em exigência de inovação para as universidades: não há sentido na repetição de velhas práticas se, a partir de agora, é possível começar a empreender mudanças (RAMAL, 1997, p. 9).
No que se refere à urgência da revalorização do profissional do magistério, a LDB é promulgada num momento decisivo para o professor, considerada a introdução das ferramentas tecnológicas na escola. 
Há muitos docentes que veem essa nova realidade como uma ameaça: o computador seria seu substituto definitivo. Nesse âmbito, o texto é muito feliz, pois reconhece e estimula as possibilidades de um ensino a distância e de um ensino presencial moderno e renovado, que supõem evidentemente o emprego das tecnologias; e, ao mesmo tempo, destaca o amplo papel do professor, caracterizando-o não como mero docente, mas como zelador da aprendizagem (art. 13, III), colaborador na articulação entre escola e comunidade (art. 13, VI) (RAMAL, 1997, p. 11).
Ao apontar alguns problemas relativos à LDB, a autora afirma que, quanto ao Conceito de Educação Básica, a lei considera a formação que engloba o Ensino Fundamental e o Ensino Médio. Para a autora, 
Isso é positivo idealmente falando, mas preocupa quando confrontado com a realidade de nosso país, em que poucos têm acesso às séries superiores. Esperemos que esse conceito não acentue a já grande discriminação dos saberes dos não escolarizados (RAMAL, 1997, p. 13).
Outro ponto preocupante se refere às funções dos profissionais da Educação Básica, restringidas a: administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional. 
Não está prevista, portanto, a categoria de pesquisador. Isso mantém a distância dos centros de ensino básico da pesquisa universitária, limita o registro e a troca das experiências pedagógicas bem-sucedidas, e não abre ao profissional da escola a possibilidade de se debruçar sobre sua própria prática como objeto de estudo, pesquisa e transformação (RAMAL, 1997, p. 14).
Brzezinsky (2010) também traça suas considerações a respeito da LDB 9.394/96, na qual aponta avanços e lacunas. Em sua análise, pressupõe a existência de dois mundos bem definidos: um mundo do sistema (o oficial) e o mundo real (o mundo vivido). O mundo real é o construído na luta dos educadores brasileiros para resistir e tentar modificar as práticas autoritárias dos detentores do poder econômico e político. Sua prática se baseia na defesa da cidadania e se torna mais vigorosa cada vez que aparenta ter sido desmobilizado pelos golpes desferidos pelo mundo oficial. Este, por sua vez, apoiado nos princípios, nas políticas e nas práticas neoliberais, faz parceria com elites dominadoras e com o capital estrangeiro, que determinam o Estado Mínimo Nacional.
Como existe um acentuado distanciamento entre esses dois mundos, existe também um forte distanciamento entre a letra da lei nº 9.394/1996 e o real revelado nos sistemas educacionais federal, estadual e municipal e, particularmente, mostrado pela ponta do sistema educacional brasileiro: a escola da Educação Básica e as instituições da Educação Superior (BRZEZINSKY, 2010, p. 187). 
Para a aprovação do projeto de LDB atual (1988-1996), a tramitação da LDB/1996 revelou a disputa ideológica entre o público e o privado, entre a defesa da escola pública, laica, gratuita para todos e de qualidade, e o ensino privado, administrado pelos empresários que transformam em mercadoria o direito à educação.
Assim, após sua promulgação, nas palavras de Brzezinsky (2010, p. 195): 
É lícito afirmar que os diversos desdobramentos da LDB e as mudanças deles decorrentes se realizaram como parte do processo de hegemonia do Estado avaliador e regulador, condição bastante presente nas entrelinhas da lei nº 9.394, entretanto, nos discursos do MEC o Estado, contraditoriamente, é entendido como provedor da educação.
Prosseguindo a síntese dos desdobramentos da LDB/1996, a autora realça algumas mudanças provocadas nessa lei. A Lei nº 10.861/2004 instituiu o Sinais e estabeleceu o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) como componente obrigatório curricular. A Lei nº 11.096/2005 instituiu o Programa Universidade para Todos (Prouni), tentando combater o perverso distanciamento entre as classes sociais do Brasil e a disputa de vagas entre estudantes na universidade brasileira. Porém, o setor privado cresceu, decorrente das bolsas concedidas às instituições particulares.
O decreto nº 5.773/2006 dispôs sobre a regulação, supervisão e avaliação de instituições de educação superior e cursos superiores de graduação e sequenciais do sistema federal de ensino, que, em decorrência da demonstração de poder do Estado de “dividir para governar”, levou à implementação da reforma em partes desconexas.
O Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes) analisa as instituições, os cursos e o desempenho dos estudantes. O processo de avaliação leva em consideração aspectos como ensino, pesquisa, extensão, responsabilidade social, gestão da instituição e corpo docente. 
O decreto nº 5.800/2006, também responsável pela reforma universitária, instituiu o sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB), voltado para o desenvolvimento da modalidade de educação a distância, com a finalidade de expandir e interiorizar a oferta de cursos e programas de educação superior no país.
Em relação aos decretos nº 6.095 e nº 6.096, ambos de 2007, o primeiro estabeleceu diretrizes para o processo de integração das instituições federais tecnológicas para fins de constituição dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia (Ifets) e o segundo instituiu o Programa de Apoio aos Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni). 
No que tange ao decreto nº 6.755/2009, instituiu a Política Nacional de Formação de Profissionais do Magistério da Educação Básica e atribuiu à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) da Educação Básica o dever de fomentar programas de formação inicial e continuada.
Concluindo, Brzezinsky (2010) lamenta que a maioria da população brasileira continue, ainda no século XXI, desprovida da educação pública, gratuita e de qualidade,em todos os níveis e modalidades de ensino, como direito fundamental de garantia de cidadania. E acrescenta:Ao longo do transcurso de mais de uma década da LDB/1996, assevero com a autoridade de quem milita no movimento de educadores que não foram abrandadas as contradições e as disputas entre o ensino público e o ensino privado em nosso país (BRZEZINSKY, 2010, p. 20
Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, LDB 9.394/96, “a educação básica tem por finalidade desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores”. 
1.3 RESOLUÇÃO CNE/CP nº 1/2006
 Resolução CNE/CP nº 1/2006 instituiu as Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de Pedagogia em licenciatura. 
Também foram apresentadas as considerações de Ramal (1997), Brzezinsky (2010) e Aguiar et al . (2006) sobre a legislação brasileira e seus pontos positivos e negativos em relação à realidade da escola pública, à formação docente e a sua profissionalidade.
A Resolução CNE/CP nº 1, de 15 de maio de 2006, institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de Pedagogia em licenciatura. Decorre de dez anos de amplas discussões nacionais que reivindicam uma base comum nacional para a formação dos profissionais da educação em uma política global que contemple desde a sua formação básica até as condições de trabalho e formação continuada. 
As Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) são normas obrigatórias para a Educação Básica. Seu objetivo é orientar o planejamento curricular das escolas e dos sistemas de ensino fixados pelo Conselho Nacional de Educação (CNE), e são compostas por quinze artigos de lei.
Segundo o Relatório do Parecer CNE/CP nº 5 (BRASIL, 2005, p. 5): 
Estas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Pedagogia ancoram- se na história do conhecimento em Pedagogia, na historia da formação de profissionais e de pesquisadores para a área de Educação, em que se incluem, entre outras empenhadas em equidade, as experiências de formação de professores indígenas. Ancoram-se também no avanço do conhecimento e da tecnologia na área, assim como nas demandas de democratização e de exigências de qualidade do ensino pelos diferentes segmentos da sociedade brasileira.
Tal resolução define “princípios, condições de ensino e de aprendizagem, procedimentos a serem observados em seu planejamento e avaliação, pelos órgãos dos sistemas de ensino e pelas instituições de educação superior do país, nos termos explicitados nos Pareceres CNE/CP n. 5/2005 e 3/2006” (Res. CNE/CP nº 1/2006, art.1º).
No artigo 2º, as funções estabelecidas para os formados em Pedagogia sinalizam superação da dicotomia entre licenciatura e bacharelado, indicando uma formação mais abrangente que a oferecida no Curso Normal Superior: As Diretrizes Curriculares para o curso de Pedagogia aplicam-se à formação inicial para o exercício da docência na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental, nos cursos de Ensino Médio, na modalidade Normal, e em cursos de Educação Profissional, na área de serviços e apoio escolar, bem como em outras áreas nas quais sejam previstos conhecimentos pedagógicos.
O artigo 3º abrange a pluralidade de conhecimentos teóricos e práticos que consolida o exercício da profissão: Parágrafo único. Para a formação do licenciado em Pedagogia é central: o conhecimento da escola como organização complexa que tem a função de promover a educação para e na cidadania; a pesquisa, a análise e a aplicação dos resultados de investigações de interesse da área educacional;a participação na gestão de processos educativos e na organização e funcionamento de sistemas e instituições de ensino.
O artigo 4° da Resolução CNE/CP nº 01/2006 delibera sobre a finalidade do curso de Pedagogia:Parágrafo único. As atividades docentes também compreendem participação na organização e gestão de sistemas e instituições de ensino, englobando: planejamento, execução, coordenação, acompanhamento e avaliação de tarefas próprias do setor da Educação; planejamento, execução, coordenação, acompanhamento e avaliação de projetos e experiências educativas não escolares; produção e difusão do conhecimento científico-tecnológico do campo educacional, em contextos escolares e não escolares.
O artigo 5º define as aptidões requeridas do profissional desse curso, como apresentado em alguns itens a seguir: compreender, cuidar e educar crianças de zero a cinco anos, de forma a contribuir para o seu desenvolvimento nas dimensões, entre outras, física, psicológica, intelectual e social; fortalecer o desenvolvimento e as aprendizagens de crianças do Ensino Fundamental, [...]; trabalhar, em espaços escolares e não escolares [...]; reconhecer e respeitar as manifestações e necessidades físicas, cognitivas, emocionais, afetivas dos educados nas suas relações individuais e coletivas;ensinar Língua Portuguesa, Matemática, Ciências, História, Geografia, Artes, Educação Física [...]; participar da gestão das instituições contribuindo para elaboração, implementação, coordenação, acompanhamento e avaliação do projeto pedagógico; realizar pesquisas que proporcionem conhecimentos, [...]; utilizar, com propriedade, instrumentos próprios para construção de conhecimentos pedagógicos e científicos.
Ao mesmo tempo que o futuro pedagogo estuda o conteúdo básico, a este se agrega um grupo de disciplinas para o aprofundamento das áreas em que atuará, assim como um núcleo de estudos integradores. 
O objetivo é a formação global dos pedagogos para que, além dos conhecimentos diretamente relacionados à profissão, possam trazer o que é esperado desse profissional para sua prática, ou seja, relacionar a vida na escola com a vida fora dela.
Em seu artigo 6º, as DCNs estruturam o curso de Pedagogia, respeitando a diversidade nacional e a autonomia pedagógica das instituições, assim constituídas:
I - um núcleo de estudos básicos que, sem perder de vista a diversidade e a multiculturalidade da sociedade brasileira, por meio do estudo acurado da literatura pertinente e de realidades educacionais, assim como por meio de reflexão e ações críticas, articulará:
II - um núcleo de aprofundamento e diversificação de estudos voltados às áreas de atuação profissional priorizadas pelo projeto pedagógico das instituições e que, atendendo a diferentes demandas sociais, oportunizará, entre outras possibilidades:
III - um núcleo de estudos integradores que proporcionará enriquecimento curricular [...]
As DCNs apresentam no seu artigo 7º a carga horária para o curso de Pedagogia, que deverá ser de, no mínimo, 3.200 horas de efetivo trabalho acadêmico. Está composta da seguinte forma:
I - 2.800 horas dedicadas às atividades formativas como assistência a aulas, realização de seminários, participação na realização de pesquisas, consultas a bibliotecas e centros de documentação, visitas a instituições educacionais e culturais, atividades práticas de diferente natureza, participação em grupos cooperativos de estudos;
II - 300 horas dedicadas ao Estágio Supervisionado prioritariamente em Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental, contemplando também outras áreas específicas, se for o caso, conforme o projeto pedagógico da instituição;
III - 100 horas de atividades teóricas-práticas de aprofundamento em áreas específicas de interesse dos alunos, por meio da iniciação científica, da extensão e da monitoria.
Assim, as 2.800 horas ocorrerão em forma de aulas, visitas, palestras, seminários, apresentação de trabalhos, em companhia de professor orientador. Já as 300 horas de estágio darão oportunidade de o universitário conhecer as instituições de Educação Infantil e dos anos iniciais do Ensino Fundamental e vivenciar seu contexto, acompanhando, observando e participando das atividades de sala de aula. Ainda, as 100 horas desenvolvidas de atividades teórico-práticas são integradas às atividades complementares e fazem a ligação entre o mundo da cultura e da escola.Os artigos 9º e 10º definem a extinção das habilitações no curso de Pedagogia, tendo o pedagogo a formação integral para o conjunto das funções a ele atribuídas:
Art. 9º - Os cursos a serem criados em instituições de educação superior, com ou sem autonomia universitária e que visem à Licenciatura para a docência na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental, nos cursos de Ensino Médio, na modalidade Normal, de Educação Profissional na área de serviços e apoio escolar e em outras áreas nas quais sejam previstos conhecimentos pedagógicos, deverão ser estruturados com base nesta Resolução.
Art. 10. As habilitações em cursos de Pedagogia atualmente existentes entrarão em regime de extinção, a partir do período letivo seguinte à publicação desta Resolução.
E o artigo 14º assegura a formação de profissionais da educação prevista no artigo 64 da Lei nº 9.394/96, nos seguintes termos: 
 1º Esta formação profissional também poderá ser realizada em cursos de pós-graduação, especialmente estruturados para este fim e abertos a todos os licenciados.
 2º Os cursos de pós-graduação indicados no § 1º deste artigo poderão ser complementarmente disciplinados pelos respectivos sistemas de ensino, nos termos do parágrafo único do art. 67 da Lei nº 9.394/96 (BRASIL, 1996).
Aguiar et al. (2006) manifestam sua reflexão a respeito das Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Pedagogia, consubstanciadas nos Pareceres CNE/CP nº 05/2005, 01/2006 e na Resolução CNE/CP nº 01/2006, os quais, segundo os autores, demarcam novo tempo no campo da formação do profissional da educação. 
Tal formação traz novos horizontes à profissão do pedagogo que, em formação integrada, poderá atuar na docência, na gestão e na avaliação de sistemas e instituições de ensino, na elaboração, na execução e no acompanhamento de programas e das atividades educativas (Parecer CNE/CP nº 05/2005).
Essa perspectiva se expressa, também, nos artigos 4° e 5° da Resolução CNE/CP n° 01/2006, os quais definem a finalidade do curso de Pedagogia e as aptidões requeridas do profissional desse curso, assegurando a articulação entre a docência, a gestão educacional e a produção do conhecimento na área da Educação. Além de ministrar aulas, nas DCN-Pedagogia, o profissional poderá desempenhar variadas atividades pedagógicas em espaços escolares e não escolares.
Nesse sentido, os autores compreendem que, a partir desse novo olhar, a formação do pedagogo exigirá nova concepção de educação, de escola, da pedagogia, de docência e de licenciatura.
A compreensão da licenciatura nos termos das DCN-Pedagogia implicará, pois, uma sólida formação teórica, alicerçada no estudo das práticas educativas escolares e não escolares e no desenvolvimento do pensamento crítico, reflexivo fundamentado na contribuição das diferentes ciências e dos campos de saberes que atravessam o campo da pedagogia.
Essa sólida formação teórica, por sua vez, exigirá novas formas de se pensar o currículo e sua organização, para além daquelas concepções fragmentadas, parcelares, restritas a um elenco de disciplinas fechadas em seus campos de conhecimento (AGUIAR et al ., 2006, p. 832-833).
Outra questão importante, na opinião dos autores, é a reforma do Ensino Superior, no que se refere ao papel da universidade e das faculdades, aos centros de educação e departamentos de educação e à formação dos educadores, professores e profissionais para a Educação Básica. Acredita-se que, por meio de reflexão crítica e visão democrática sobre educação, no sentido de vislumbrar um país que realmente ofereça a todos educação de qualidade, sem nenhum tipo de exclusão. Sabemos que, para isso se tornar realidade, ainda há muito que avançar.

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