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Revolução Comercial

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Revolução Comercial
A Revolução Comercial foi um período de grande expansão econômica da Europa, movido pelo colonialismo e mercantilismo, que durou aproximadamente do século XII ao século XVIII. Este desenvolvimento comercial resultou em transformações profundas na economia europeia. A moeda tornou-se fator primordial da riqueza e as transações comerciais foram monetarizadas. A produção e a troca deixaram de ter caráter de mera subsistência e passaram a atender aos mercados das cidades, em outras palavras, o mundo estava começando a se integrar. As companhias mercantis passaram a aplicar técnicas contábeis e a adotar novas formas de comercializar, como as cartas de crédito e de pagamento. As minerações de ouro e prata conheceram o auge.
Intensificou-se a busca frenética por novas minas em África e nas Índias. A navegação e o comércio de alto-mar ganharam impulso com a construção de novos tipos de embarcação e o aperfeiçoamento da cartografia e de instrumentos como a bússola. Ao longo da Revolução Comercial, o eixo comercial do Mediterrâneo foi transferido para o Atlântico, rompendo o monopólio das cidades italianas no comércio com o Oriente e iniciando o mercantilismo. Seus principais fatores foram o metalismo, saldo positivo na balança comercial, colonialismo, industrialismo, protecionismo, dentre outros.
Causas 
A Revolução Comercial, com a mudança do eixo comercial do Mediterrâneo para o Atlântico e rompimento do monopólio das cidades italianas no comércio com o Oriente, resultou de três grandes fatores:
1. Europa em transição: comércio e crise. O renascimento comercial e urbano surgiu junto com uma nova classe social: a burguesia - que completou o quadro de transformações do feudalismo. As maiores transformações foram tanto no setor agrícola como nas relações sociais: novas técnicas, maior produtividade, crescimento demográfico etc.
Pode se definir que existiram três importantes fatores para a crise e comércio:
político: Guerra dos 100 anos - afetou as rotas comerciais terrestres que cruzavam a França, importante rota na articulação do comércio;
econômico: Monopólio da Itália sobre o Mediterrâneo - comércio de especiarias (açúcar, cravo, canela, gengibre etc.) dominado pelos italianos;
natural: Peste Negra (1347-1350) - matou um terço da população europeia e, consequentemente, um terço do mercado consumidor europeu.
2. Expansão Ultramarina: devido a vários problemas, a solução encontrada seria com a expansão marítimo comercial, na qual inaugurou o "capitalismo comercial". Seria a quebra do monopólio comercial do Mediterrâneo, estabelecendo, desta forma, contato direto com as especiarias. O primeiro Estado a inaugurar as Grandes Navegações foi Portugal, com a tomada de Ceuta em 1415. Logo após, outros Estados europeus também partiram para abrir "novos caminhos" às fontes das especiarias, mudando o eixo comercial do Mediterrâneo para o Atlântico.
3. Mercantilismo: o mercantilismo não é um sistema econômico, mas sim uma doutrina, um conjunto de ideias aplicadas no setor econômico. É baseado no "metalismo", que corresponde à ideia de que "quanto mais metal, mais rico será o país". Suas características são: metalismo, balança comercial favorável, industrialismo e colonialismo.
Consequências
As consequências da Revolução Comercial foram: o afluxo de metais para a Europa; alta nos preços europeus; ascensão da burguesia; retomada da escravidão e a mudança do eixo comercial do Mediterrâneo para o Atlântico.
Primeira Guerra Mundial
A Primeira Guerra Mundial (também conhecida como Grande Guerra ou Guerra das Guerras até o início da Segunda Guerra Mundial) foi uma guerra global centrada na Europa, que começou em 28 de julho de 1914 e durou até 11 de novembro de 1918. O conflito envolveu as grandes potências de todo o mundo,[2] que organizaram-se em duas alianças opostas: os aliados (com base na Tríplice Entente entre Reino Unido, França e Império Russo) e os Impérios Centrais(originalmente Tríplice Aliança entre Império Alemão, Áustria-Hungria e Itália; mas como a Áustria-Hungria tinha tomado a ofensiva contra o acordo, a Itália não entrou em guerra).[3] Estas alianças reorganizaram-se (a Itália lutou pelos Aliados) e expandiram-se em mais nações que entraram na guerra. Em última análise, mais de 70 milhões de militares, incluindo 60 milhões de europeus, foram mobilizados em uma das maiores guerras da história.[4][5] Mais de 9 milhões de combatentes foram mortos, em grande parte por causa de avanços tecnológicos que determinaram um crescimento enorme na letalidade de armas, mas sem melhorias correspondentes em proteção ou mobilidade. Foi o sexto conflito mais mortal na história da humanidade e que posteriormente abriu caminho para várias mudanças políticas, como revoluções em muitas das nações envolvidas.[6]
Entre as causas da guerra inclui-se as políticas imperialistas estrangeiras das grandes potências da Europa, como o Império Alemão, o Império Austro-Húngaro, o Império Otomano, o Império Russo, o Império Britânico, a Terceira República Francesa e a Itália. Em 28 de junho de 1914, o assassinato do arquiduque Francisco Fernando da Áustria, o herdeiro do trono da Áustria-Hungria, pelo nacionalista iugoslavo Gavrilo Princip, em Sarajevo, na Bósnia, foi o gatilho imediato da guerra, o que resultou em um ultimato Habsburgo contra o Reino da Sérvia.[7][8] Diversas alianças formadas ao longo das décadas anteriores foram invocadas, assim, dentro de algumas semanas, as grandes potências estavam em guerra; através de suas colônias, o conflito logo se espalhou ao redor do planeta.
Em 28 de julho, o conflito iniciou-se com a invasão austro-húngara da Sérvia,[9][10] seguida pela invasão alemã da Bélgica, Luxemburgo e França, e um ataque russo contra a Alemanha. Depois da marcha alemã em Paris ter levado a um impasse, a Frente Ocidental estabeleceu-se em uma batalha de atrito estático com uma linha de trincheiras que pouco mudou até 1917. Na Frente Oriental, o exército russo lutou com sucesso contra as forças austro-húngaras, mas foi forçado a recuar da Prússia Oriental e da Polônia pelo exército alemão. Frentes de batalha adicionais abriram-se depois que o Império Otomano entrou na guerra em 1914, Itália e Bulgária em 1915 e a Romênia em 1916. Em decorrência do fechamento das rotas comerciais do Mar Negro, em decorrência da entrada do Império Otomano na guerra, o Império Russo entrou em colapso em março de 1917 e a Rússia deixou a guerra após a Revolução de Outubro, mais tarde naquele ano[11]. Depois de uma ofensiva alemã em 1918 ao longo da Frente Ocidental, os Aliados forçaram o recuo dos exércitos alemães em uma série de ofensivas de sucesso e as forças dos Estados Unidoscomeçaram a entrar nas trincheiras. A Alemanha, que teve o seu próprio problema com os revolucionários, neste ponto, concordou com um cessar-fogo em 11 de novembro de 1918, episódio mais tarde conhecido como Dia do Armistício. A guerra terminou com a vitória dos Aliados.
Eventos nos conflitos locais eram tão tumultuados quanto nas grandes frentes de batalha, e os participantes tentaram mobilizar a sua mão de obra e recursos econômicos para lutar uma guerra total. Até o final da guerra, quatro grandes potências imperiais — os impérios Alemão, Russo, Austro-Húngaro e Otomano — deixaram de existir. Os Estados sucessores dos dois primeiros perderam uma grande quantidade de seu território, enquanto os dois últimos foram completamente desmontados. O mapa da Europa central foi redesenhado em vários países menores.[12] A Liga das Nações (organização precursora das Nações Unidas) foi formada na esperança de evitar outro conflito dessa magnitude. Há consenso de que o nacionalismo europeu provocado pela guerra, a separação dos impérios, as repercussões da derrota da Alemanha e os problemas com o Tratado de Versalhes foram fatores que contribuíram para o início da Segunda Guerra Mundial.[13]
Antecedentes
Causas da Primeira Guerra Mundial
No século XIX, as grandes potências europeias tinham percorrido um longo caminho para manter oequilíbrio de poderem toda a Europa, resultando na existência de uma complexa rede de alianças políticas e militares em todo o continente por volta de 1900.[3] Estes começaram em 1815, com a Santa Aliança entre Reino da Prússia, Império Russo e Império Austríaco. Então, em outubro de 1873, o chanceler alemão Otto von Bismarck negociou a Liga dos Três Imperadores(em alemão: Dreikaiserbund) entre os monarcas da Áustria-Hungria, Rússia e Alemanha. Este acordo falhou porque a Áustria-Hungria e a Rússia tinham interesses conflitantes nos Bálcãs, o que fez com que a Alemanha e Áustria-Hungria formassem uma aliança em 1879, chamada de Aliança Dua. Isto foi visto como uma forma de combater a influência russa nos Bálcãs, enquanto o Império Otomano continuava a se enfraquecer.[3] Em 1882, esta aliança foi ampliada para incluir a Itália no que se tornou a Tríplice Aliança.[14]
Depois de 1870, um conflito europeu foi evitado em grande parte através de uma rede de tratados cuidadosamente planejada entre o Império Alemão e o resto da Europa e orquestrada por Bismarck. Ele trabalhou especialmente para manter a Rússia ao lado da Alemanha, para evitar uma guerra de duas frentes com a França e a Rússia. Quando Guilherme II subiu ao trono como imperador alemão (kaiser), Bismarck foi obrigado a se aposentar e seu sistema de alianças foi gradualmente deteriorado. Por exemplo, o kaiser se recusou a renovar o Tratado de Resseguro com a Rússia em 1890. Dois anos mais tarde, a Aliança Franco-Russa foi assinada para contrabalançar a força da Tríplice Aliança. Em 1904, o Reino Unido assinou uma série de acordos com a França, a Entente Cordiale, e em 1907, o Reino Unido e a Rússia assinaram a Convenção Anglo-Russa. Embora estes acordos não tenham aliado o Reino Unido com a França ou a Rússia formalmente, eles fizeram a entrada britânica em qualquer conflito futuro envolvendo a França ou a Rússia e o sistema de intertravamento dos acordos bilaterais se tornou conhecido como a Tríplice Entente.
O poder industrial e econômico dos alemães havia crescido muito depois da unificação e da fundação do império em 1871. Desde meados da metade dos anos 1890, o governo de Guilherme II usou essa base para dedicar significativos recursos econômicos para a edificação do Kaiserliche Marine (em português: Marinha Imperial alemã), criada pelo almirante Alfred von Tirpitz, em rivalidade com a Marinha Real Britânica na supremacia naval mundial.[15] Como resultado, cada nação se esforçou construir o outro em termos de navios importantes. Com o lançamento do HMS Dreadnought em 1906, o Império Britânico expandiu a sua vantagem sobre seu rival alemão.[15] A corrida armamentista entre Reino Unido e Alemanha, eventualmente ampliada ao resto da Europa, com todas as grandes potências dedicando a sua base industrial para produzir o equipamento e as armas necessárias para um conflito pan-europeu.[16] Entre 1908 e 1913, os gastos militares das potências europeias aumentou em 50%.[17]
A Áustria-Hungria precipitou a crise bósnia de 1908-1909 por anexar oficialmente o antigo território otomano da Bósnia e Herzegovina, que ocupava desde 1878. Isto irritou o Reino da Sérvia e seu patrono, o pan-eslavo e ortodoxo Império Russo.[18] A manobra política russa na região desestabilizou os acordos de paz, que já estavam enfraquecidos, no que ficou conhecido como "o barril de pólvora da Europa".[18]
Em 1912 e 1913, a Primeira Guerra Balcânica foi travada entre a Liga Balcânica e o fragmentado Império Otomano. O Tratado de Londres resultante ainda encolheu o Império Otomano, com a criação de um Estado independente albanês, enquanto ampliou as explorações territoriais da Bulgária, Sérvia, Montenegro e Grécia. Quando a Bulgária atacou a Sérvia e a Grécia em 16 de junho de 1913, ela perdeu a maior parte da Macedônia à Sérvia e Grécia e Dobruja do Sul para a Romênia durante a Segunda Guerra Balcânica, desestabilizando ainda mais a região.[19]
Crise de julho
Em 28 de junho de 1914, Gavrilo Princip, um estudante sérvio-bósnio e membro da Jovem Bósnia, assassinou o herdeiro do tronoaustro-húngaro, o arquiduque Francisco Fernando da Áustria, em Sarajevo, na Bósnia.[20] Isto iniciou um mês de manobras diplomáticas entre Áustria-Hungria, Alemanha, Rússia, França e Reino Unido, no que ficou conhecido como a Crise de Julho. Querendo finalmente acabar com a interferência sérvia na Bósnia — a Mão Negra tinha fornecido bombas e pistolas, treinamento e ajuda a Princip e seu grupo para atravessar a fronteira e os austríacos estavam corretos para acreditar que os oficiais e funcionários sérvios estavam envolvidos[21] — a Áustria-Hungria entregou o Ultimato de Julho para a Sérvia, uma série de dez reivindicações criadas, intencionalmente, para serem inaceitáveis, com a intenção de provocar uma guerra com a Sérvia.[22] Quando a Sérvia concordou com apenas oito das dez reivindicações, a Áustria-Hungria declarou guerra ao país em 28 julho de 1914. Hew Strachan argumenta que "se uma resposta equivocada e precipitada da Sérvia teria feito alguma diferença para o comportamento da Áustria-Hungria é algo duvidoso. Francisco Fernando não era o tipo de personalidade que comandava a popularidade e sua morte não lançou o império em profundo luto".[23]
O Império Russo, disposto a permitir que a Áustria-Hungria eliminasse a sua influência nos Balcãs e em apoio aos seus sérvios protegidos de longa data, ordenou uma mobilização parcial um dia depois.[14] O Império Alemão mobilizou-se em 30 de julho de 1914, pronto para aplicar o "Plano Schlieffen", que planejava uma invasão rápida e massiva à França para eliminar o exército francês e, em seguida, virar a leste contra a Rússia. O gabinete francês resistiu à pressão militar para iniciar a mobilização imediata e ordenou que suas tropas recuassem 10 km da fronteira, para evitar qualquer incidente. A França só se mobilizou na noite de 2 de agosto, quando a Alemanha invadiu a Bélgica e atacou tropas francesas. O Império Alemão declarou guerra à Rússia no mesmo dia.[24] O Reino Unido declarou guerra à Alemanha em 4 de agosto de 1914, após uma "resposta insatisfatória" para o ultimato britânico de que a Bélgica deveria ser mantida neutra.
A guerra
A crise de julho e as declarações de guerra
Participantes da Primeira Guerra Mundial:
  Tríplice Entente e os Aliados (alguns entraram na guerra e a abandonaram mais tarde)
  Colônias, domínios ou territórios ocupados pelos Aliados
  Impérios Centrais (Tríplice Aliança)
  Colônias ou territórios ocupados pelos Impérios Centrais
  Países neutros
Após o assassinato do arquiduque Francisco Fernando, ocorrido em 28 de junho, o Império Austro-Húngaro esperou três semanas antes de decidir tomar um curso de ação. Essa espera deveu-se ao fato de que boa parte do efetivo militar estava a ajudar a colheita, o que impossibilitava a ação militar naquele período. Em 23 de julho, graças ao apoio incondicional alemão (carta branca) ao Império Austro-Húngaro se a guerra eclodisse, foi enviado um ultimato à Sérvia. O documento continha várias exigências, dentre as quais a de que agentes austríacos fariam parte das investigações sobre o assassinato do arquiduque. O governo sérvio aceitou todos os termos do ultimato, exceto a presença de investigadores austríacos em território sérvio, por entender que isto seria um desrespeito à soberania do país.
Após a resposta da Sérvia, em 26 de julho, o Império Austro-Húngaro rompeu as relações diplomáticas entre os dois países e declarou guerra à Sérvia em 28 de Julho, começando o bombardeio à capital sérvia, Belgrado, em 29 de julho. No dia seguinte, o Império Russo, que sempre tinha sido aliado da Sérvia, deu a ordem de locomoção a suas tropas.
O Império Alemão, que tinha prometido apoio ao Império Austro-Húngaro no caso de uma eventual guerra, mandou um ultimato ao governo do Império Russo, exigindo que parasse a mobilização de tropas dentro de 12 horas, no dia 31. No primeiro dia de agosto, o ultimato tinha expirado sem qualquer reação russa. A Alemanha então declarou guerraà Rússia e enviou um outro ultimato, desta vez à Bélgica, requisitando a livre passagem do exército alemão rumo à França. Como tal pedido foi recusado, foi declarada guerra à Bélgica. Em 2 de agosto, a Alemanha ocupou Luxemburgo, como o passo inicial para a invasão da Bélgica e do Plano Schlieffen (estratégia de defesa alemã que previa a invasão da França, Inglaterra e Rússia).
Em 3 de agosto, a Alemanha declarou guerra à França e, no dia seguinte, invadiu a Bélgica. Tal ato, violando a soberania belga - que Grã-Bretanha, França e a própria Alemanha estavam comprometidos a garantir - fez com que o Império Britânico saísse da sua posição neutra e declarasse guerra à Alemanha, em 4 de Agosto.
O início dos confrontos
Ver também: Lista de batalhas da Primeira Guerra Mundial
Algumas das primeiras hostilidades de guerra ocorreram no continente africano e no oceano Pacífico, nas colônias e territórios das nações europeias. Em Agosto de 1914, um combinado da França e do Império Britânico invadiu o protetorado alemão da Togoland, no Togo. Pouco depois, em 10 de agosto, as forças alemãs baseadas na Namíbiaatacaram a África do Sul, que pertencia ao Império Britânico. Em 30 de agosto, a Nova Zelândia invadiu a Samoa, colônia alemã. Em 11 de setembro, a Força Naval e Expedicionária Australiana desembarcou na ilha de Neu Pommern (mais tarde renomeada Nova Bretanha), que fazia parte da chamada Nova Guiné Alemã. O Japão invadiu as colônias micronésias e o porto alemão de abastecimento de carvão de Qingdao na península chinesa de Shandong. Com isso, em poucos meses, a Tríplice Entente tinha dominado todos os territórios alemães no Pacífico. Batalhas esporádicas, porém, ainda ocorriam na África.
Na Europa, o Império Alemão e o Império Austro-Húngaro sofriam de uma mútua falta de comunicação e desconhecimento dos planos de cada exército. A Alemanha tinha garantido o apoio à invasão austro-húngara à Sérvia, mas a interpretação prática para cada um dos lados tinha sido diferente. Os líderes austro-húngaros acreditavam que a Alemanha daria cobertura ao flanco setentrional contra a Rússia. A Alemanha, porém, tinha planejado que o Império Austro-Húngaro focasse a maioria de suas tropas na luta contra a Rússia enquanto combatia a França na Frente Ocidental. Tal confusão forçou o exército Austro-Húngaro a dividir suas tropas. Mais da metade das tropas foi combater os russos na fronteira, enquanto um pequeno grupo foi deslocado para invadir e conquistar a Sérvia.
A batalha da Sérvia
Tropas austríacas executando prisioneiros sérvios.
O exército sérvio submeteu-se a uma estratégia defensiva para conter os invasores austro-húngaros, o que culminou na Batalha de Cer. Os sérvios ocuparam posições defensivas no lado sul do rio Drina. Nas duas primeiras semanas os ataques austro-húngaros foram repelidos causando grandes perdas ao exército das Potências Centrais. Essa foi a primeira grande vitória da Tríplice Entente na guerra. As expectativas austro-húngaras de uma vitória fácil e rápida não foram realizadas e como resultado o Império Austro-Húngaro foi obrigado a manter uma grande força na fronteira sérvia, enfraquecendo as tropas que batalhavam contra a Rússia na Frente Oriental.
Exército alemão na Bélgica e França
Assalto francês às posições alemãs em Champagne, França, 1917.
Após invadir o território belga, o exército alemão logo encontrou resistência na fortificada cidade de Liège. Apesar do exército ter continuado a rápida marcha rumo à França, a invasão germânica tinha provocado a decisão britânica de intervir em ajuda a Tríplice Entente. Como signatário do Tratado de Londres, o Império Britânico estava comprometido a preservar a soberania belga. Para a Grã-Bretanha os portos de Antuérpia e Oostende eram importantes demais para cair nas mãos de uma potência continental hostil ao país.[26]Para tanto, enviou um exército para a Bélgica, atrasando o avanço alemão.
Inicialmente os mesmos tiveram uma grande vitória na Batalha das Fronteiras (14 de agosto a 24 de agosto de 1914). A Rússia, porém, atacou a Prússia Oriental, o que obrigou o deslocamento das tropas alemãs que estavam planejadas para ir a Frente Ocidental. A Alemanha derrotou a Rússia em uma série de confrontos chamados da Segunda Batalha de Tannenberg (17 de agosto a 2 de setembrode 1914). O deslocamento imprevisto para combater os russos, porém, acabou permitindo uma contra-ofensiva em conjunto das forças francesas e inglesas, que conseguiram parar os alemães em seu caminho para Paris, na Primeira Batalha do Marne (Setembro de 1914), forçando o exército alemão a lutar em duas frentes. O mesmo se postou numa posição defensiva dentro da França e conseguiu incapacitar permanentemente 230.000 franceses e britânicos.
A guerra das trincheiras
Ver artigo principal: Guerra de trincheiras
Nas trincheiras: Infantaria com mascáras de gás, Ypres, 1917.
Os avanços na tecnologia militar significaram na prática um poder de fogo defensivo mais poderoso que as capacidades ofensivas, tornando a guerra extremamente mortífera. O arame farpado era um constante obstáculo para os avanços da infantaria; a artilharia, muito mais letal que no século XIX, armada com poderosas metralhadoras. Os alemães começaram a usar gás cloro em 1915, no que foi a primeira utilização de armas químicas[27], e logo depois ambos os lados usavam da mesma estratégia. Nenhum dos lados ganhou a guerra pelo uso de tal artifício e apenas 1% das vítimas da guerra foram em decorrência do uso de tal armamento[28].
Numa nota curiosa, temos que no início da guerra, chegando a primeira época natalícia, se encontram relatos de os soldados de ambos os lados cessarem as hostilidades e mesmo saírem das trincheiras e cumprimentarem-se (trégua de Natal). Isto ocorreu sem o consentimento do comando, no entanto, foi um evento único. Não se repetiu posteriormente por diversas razões: o número demasiado elevado de baixas aumentou os sentimentos de ódio dos soldados e o comando, dados os acontecimentos do primeiro ano, tentou usar esta altura para fazer propaganda, o que levou os soldados a desconfiar ainda mais uns dos outros.
A alimentação era sobretudo à base de carne, vegetais enlatados e biscoitos, sendo os alimentos frescos uma raridade.
Fim da guerra
A partir de 1917, a situação começou a alterar-se, quer com a entrada em cena de novos meios, como o carro de combate e a aviação militar[29], quer com a chegada ao teatro de operações europeu das forças estadunidenses ou a substituição de comandantes por outros com nova visão da guerra e das tácticas e estratégias mais adequadas; lançam-se, de um lado e de outro, grandes ofensivas, que causam profundas alterações no desenho da frente, acabando por colocar as tropas alemãs na defensiva e levando por fim à sua derrota. É verdade que a Alemanha adquire ainda algum fôlego quando a revolução estala no Império Russo e o governo bolchevista, chefiado por Lênin, prontamente assina a paz sem condições, (Tratado de Brest-Litovski) assim anulando a frente leste, mas essa circunstância não será suficiente para evitar a derrota. O armistício que pôs fim à guerra foi assinado a 11 de novembro de 1918.
Participação de países lusófonos
Brasil
Ver artigo principal: Brasil na Primeira Guerra Mundial
O nono presidente do Brasil, Venceslau Brás, declara guerra aos Poderes Centrais. Ao seu lado, o ministro interino das Relações Exteriores Nilo Peçanha (em pé) e o presidente de Minas Gerais, Delfim Moreira (sentado).
No Brasil, o confronto foi conhecido popularmente, até a Segunda Guerra Mundial, como a "Guerra de 14", em alusão a 1914. No dia 5 de abril de 1917, o vapor brasileiro "Paraná", que navegava de acordo com as exigências feitas a países neutros, foi torpedeado, supostamente por um submarino alemão. No dia 11 de abril o Brasil rompeu relações diplomáticas com os países do bloco liderado pela Alemanha. Em 20 de maio, o navio "Tijuca" foi torpedeado perto da costa francesa. Nos meses seguintes, o governo brasileiro confiscou 42 navios alemães, austro-húngarose turco-otomanos que estavam em portos brasileiros, como uma indenização de guerra.
No dia 23 de outubro de 1917, o cargueiro nacional "Macau", um dos navios arrestados, foi torpedeado por um submarino alemão, perto da costa da Espanha, e seu comandante feito prisioneiro. Com a pressão popular contra a Alemanha, no dia 26 de outubro de 1917, o país declarou guerra aos Poderes Centrais.
A partir deste momento, por um lado, sob a liderança de políticos como Ruy Barbosa, recrudesceram agitações de caráter nacionalista, com comícios exigindo a "imperiosa necessidade de se apoiar os Aliados com ações" para por fim ao conflito. Por outro lado, sindicalistas, anarquistas e intelectuais como Monteiro Lobato criticavam essa postura e a possibilidade de grande convocação militar, pois segundo estes, entre outros efeitos negativos isto desviava a atenção do país em relação a seus problemas internos.
Assim, devido a várias razões, de conflitos internos à falta de uma estrutura militar adequada, a participação militar do Brasil no conflito foi muito pequena; resumindo-se no envio ao front ocidental em 1918 de um grupo de aviadores (do Exército e da Marinha) que foram integrados à Força Aérea Real Britânica, e de um corpo médico-militar composto por oficiais e sargentos do exército, que foram integrados ao exército francês, tendo seus membros tanto prestado serviços na retaguarda, como participado de combates no front. À Marinha coube a maior participação militar brasileira no conflito, com o envio de uma esquadra naval com a incumbência de patrulhar a costa noroeste da África a partir de Dakar, e o Mediterrâneo desde o estreito de Gibraltar, evitando a ação de submarinos inimigos.[30]
Portugal
Ver artigo principal: Portugal na Primeira Guerra Mundial
Monumento aos mortos da Primeira Guerra Mundial no Porto, Portugal.
Portugal participou no primeiro conflito mundial ao lado dos Aliados, o que estava de acordo com as orientações da república ainda recentemente instaurada.
Na primeira etapa do conflito, Portugal participou, militarmente, na guerra com o envio de tropas para a defesa das colónias africanas ameaçadas pela Alemanha. Face a este perigo e sem declaração de guerra, o governo português enviou contingentes militares para Angola e Moçambique.
Em março de 1916, apesar das tentativas da Inglaterra para que Portugal não se envolvesse no conflito, o antigo aliado decidiu pedir ao estado português o apresamento de todos os navios germânicos na costa lusitana. Esta atitude justificou a declaração oficial de guerra a Portugal pela Alemanha, a 9 de março de 1916 (apesar dos combates em África desde 1914).
Em 1917, as primeiras tropas portuguesas, do Corpo Expedicionário Português, seguiam para a guerra na Europa, em direcção a Flandres. Portugal envolveu-se, depois, em combates em França.
Neste esforço de guerra, chegaram a estar mobilizados quase 200 mil homens. As perdas atingiram quase 10 mil mortos e milhares de feridos, além de custos económicos e sociais gravemente superiores à capacidade nacional. Os objectivos que levaram os responsáveis políticos portugueses a entrar na guerra saíram gorados na sua totalidade. A unidade nacional não seria conseguida por este meio e a instabilidade política acentuar-se-ia até à queda do regime democrático em 1926.
Consequências
 Mais informações: Causas da Segunda Guerra Mundial, Dolchstoßlegende e Período entre-guerras
Efeitos socioeconômicos
Cemitério e ossário de Douaumont, na França, onde estão os restos mortais de mais de 130 mil soldados desconhecidos.
Nenhuma outra guerra mudou o mapa da Europa de forma tão dramática. Quatro impérios desapareceram após o fim do conflito: o Alemão, o Austro-Húngaro, o Otomano e o Russo.
Quatro dinastias, juntamente com as aristocracias que as apoiavam, caíram após a guerra: os Hohenzollern, os Habsburgos, os Romanov e os Otomanos. Países como a Bélgica e a Sérvia passaram por destruições severas, assim como a França, que perdeu 1,4 milhão de soldados,[31] sem contar as vítimas civis. A Alemanha e Rússia foram igualmente afetadas.[32]
A guerra teve consequências econômicas profundas. Dos 60 milhões de soldados europeus que foram mobilizados entre os anos de 1914 e 1918, 8 milhões foram mortos, 7 milhões foram incapacitados de maneira permanente e 15 milhões ficaram gravemente feridos. Morreram 6 milhões de civis durante a guerra.[33][34] A Alemanha perdeu 15,1% de sua população masculina ativa, a Áustria-Hungria perdeu 17,1% e a França perdeu 10,5%.[35]
Na Alemanha, as mortes de civis foram 474 mil superiores do que em tempo de paz, em grande parte devido à escassez de alimentos e desnutrição que enfraqueceu a resistência à doenças.[36] As cláusulas da rendição do Império Alemão também impuseram um acréscimo na dívida do páís como indenização de guerra.[37] Até o final da guerra, a fome matou cerca de 100 mil pessoas no Líbano.[38] As estimativas mais confiáveis sobre o número de vítimas da fome russa de 1921, apontam a morte de entre 5 e 10 milhões de pessoas.[39] Por volta de 1922, havia entre 4,5 milhões e 7 milhões de crianças de rua na Rússia, como resultado de quase uma década de devastações causadas pela Primeira Guerra Mundial, pela Guerra Civil Russa e pela crise de fome subsequente, entre 1920 e 1922.[40] Muitos russos antissoviéticos fugiram do país após a Revolução Russa de 1917; na década 1930, a cidade chinesa de Harbin, no norte do país, recebeu 100 mil russos.[41] Outros milhares emigraram para a França, Reino Unido e Estados Unidos. Os Estados Unidos da América enfrentaram um surto de inflação causado pelo aumento de gastos públicos que começaram com a entrada na guerra e se encerrou apenas em 1919[42]
Hospital militar de emergência durante a pandemia de gripe espanhola, que matou cerca de 675 mil pessoas apenas nos Estados Unidos. (Acampamento Funston, Kansas, 1918)
Na Austrália, os efeitos da guerra sobre a economia não foram menos graves. O então primeiro-ministro australiano, Billy Hughes, escreveu ao primeiro-ministro britânico da época, Lloyd George, dizendo: "Você tem nos assegurar que não pode obter melhores condições. Eu muito me arrependo e espero, mesmo agora, que de alguma forma possa ser encontrada para garantir um acordo para exigir uma reparação compatível com os tremendos sacrifícios feitos pelo Império Britânico e por seus aliados."[43] A Austrália recebeu 5.571.720 de libras esterlinas como forma de reparar os danos causados pela guerra, mas o custo direto da guerra para os australianos tinha sido de 376.993.052 libras esterlinas e, em meados da década de 1930, as pensões de repatriação, gratificações de guerra, juros e encargos de naufrágio eram de 831.280.947 libras.[43] Dos cerca de 416 mil australianos que lutaram na guerra, cerca de 60 mil foram mortos e outros 152 mil ficaram feridos.[44]
Doenças floresceram nas condições caóticas da guerra. Apenas em 1914, piolhos infectados pelo tifo epidêmico matou 200 mil pessoas na Sérvia.[45] Entre 1918 e 1922, a Rússia tinha cerca de 25 milhões de infecções e 3 milhões de mortes por tifo.[46] Considerando que antes da Primeira Guerra Mundial a Rússia registrava cerca 3,5 milhão de casos da malária, após o conflito seu povo sofreu com mais de 13 milhões de casos em 1923.[47] Além disso, a grande epidemia de gripe em 1918 se espalhou pelo mundo. No geral, a pandemiade gripe espanhola matou ao menos 50 milhões de pessoas.[48][49]
O lobby feito por Chaim Weizmann e o medo de que os judeus estadunidenses incentivassem os Estados Unidos a apoiar a Alemanha culminaram na Declaração Balfour de 1917, feita pelo governo britânico e que endossava a criação de uma pátria judaica na Palestina.[50] Um total de mais de 1.172.000 soldados judeus serviram nas forças Aliadas e nas forças dos Impérios Centrais na Primeira Guerra Mundial, incluindo 275 mil na Áustria-Hungria e 450 mil na Rússia czarista.[51]
A desorganização social e a violência generalizada da Revolução Russa de 1917 e da Guerra Civil Russa que se seguiu provocou mais de 2.000pogroms no antigo Império Russo, principalmente na Ucrânia.[52] Estima-se que entre 60 mil e 200 mil judeus civis foram mortos nas atrocidades.[53]
No rescaldo da Primeira Guerra Mundial, a Grécia lutou contra nacionalistas turcos liderados por Mustafa Kemal, uma guerra que resultou em uma enorme troca populacional entre os dois países no âmbito do Tratado de Lausanne.[54] De acordo com várias fontes,[55] várias centenas de milhares de gregos pônticos morreram durante este período (ver genocídio grego).[56]
Tratados de paz e fronteiras nacionais
Ver artigos principais: Dissolução da Áustria-Hungria, Partilha do Império Otomano, Tratado de Versailles e Revolução Russa de 1917
Após a guerra, a Conferência de Paz de Paris, em 1919, impôs uma série de tratados de paz às Potências Centrais, terminando oficialmente com a guerra. O Tratado de Versalhes de 1919 lidou com a Alemanha e, com base nos Quatorze Pontos do então presidente estadunidense, Woodrow Wilson, trouxe à existência a Liga das Nações em 28 de junho de 1919.[57][58]
Ao assinar o tratado, a Alemanha reconheceu "toda a perda e danos a que os Aliados, os governos associados e seus nacionais foram submetidos como consequência da guerra imposta sobre eles pelas agressões da Alemanha e de seus aliados". Esta cláusula também foi inserido mutatis mutandis para os tratados assinados pelos outros membros das Potências Centrais. Esta cláusula mais tarde se tornou conhecido, para os alemães, como a cláusula de culpa da guerra. Os tratados da Conferência de Paz de Paris também impôs às nações derrotadas que pagassem reparações aos vencedores. O Tratado de Versalhes causou um enorme sentimento de amargura no povo alemão, que os movimentos nacionalistas, especialmente os nazistas, exploraram com uma teoria de conspiração que chamaram de Dolchstoßlegende (a "Lenda da Punhalada pelas Costas"). A inflação galopante na década de 1920 que foi causada pela frustração nos gastos militares[59] contribuiu para o colapso econômico da República de Weimar e o pagamento de indenizações foi suspenso em 1931, após a Quebra do Mercado de Ações de 1929 e o início do período que posteriormente conhecido como Grande Depressão em todo o mundo.
Refugiados gregos de Esmirna, Turquia, em 1922.
A Áustria-Hungria foi dividida em vários Estados sucessores (como a Áustria, a Hungria, a Tchecoslováquia e a Iugoslávia), que foram em grande parte, mas não totalmente, definidos por grupos étnicos. A Transilvânia foi transferida da Hungria para a Romênia Maior. Os detalhes foram contidos no Tratado de Saint-Germain-en-Laye e no Tratado de Trianon. Como resultado do Tratado de Trianon, 3,3 milhões de húngaros ficaram sob domínio estrangeiro. Apesar de 54% da população do Reino da Hungria ter sido composta por húngaros no período pré-guerra, apenas 32% de seu território foi deixado para a Hungria. Entre 1920 e 1924, 354 mil húngaros fugiram de antigos territórios húngaros ligados à Romênia, Tchecoslováquia e Iugoslávia.
O Império Russo, que havia se retirado da guerra em 1917, após a Revolução de Outubro, perdeu grande parte de sua fronteira ocidental e as nações recém-independentes da Estônia, Finlândia, Letônia, Lituânia e Polônia foram esculpidos a partir dela. A Bessarábia foi re-anexada à Romênia Maior, uma vez que tinha sido um território romeno por mais de mil anos.[60]
O Império Otomano se desintegrou e muito do seu território fora da Anatólia foi tomado por várias potências aliadas como protetorados. O núcleo turco foi reorganizada como a República da Turquia. O Império Otomano deveria ter sido dividido pelo Tratado de Sèvres, em 1920, mas este tratado nunca foi ratificado pelo sultão e foi rejeitado pelo Movimento Nacional Turco, levando à guerra de independência turca e, finalmente, ao Tratado de Lausanne, em 1923.
 Nazismo
Nacional-Socialismo (em alemão: Nationalsozialismus), mais comumente conhecido como nazismo, é a ideologia de extrema-direita[1] associada ao Partido Nazista, ao Estado nazista, bem como a outros grupos ultradireitistas. Normalmente caracterizado como uma forma de fascismo que incorpora o racismo científico e o antissemitismo, o nazismo se desenvolveu a partir das influências de ideias pangermânicas, do movimento nacionalista alemão Völkisch e de grupos paramilitares anticomunistas chamados Freikorps, que surgiram durante a República de Weimar após a derrota alemã na Primeira Guerra Mundial. O termo "nacional-socialismo" surgiu a partir da tentativa de redefinição nacionalista do conceito de "socialismo", para criar uma alternativa tanto ao socialismo internacionalista marxista quanto ao capitalismo de livre mercado. A ideologia rejeitava o conceito de luta de classes, assim como defendia a propriedade privada e as empresas de alemães.
O nazismo apoiava teorias como a hierarquia racial e o darwinismo social, sendo que os povos germânicos (chamados de raça nórdica) eram descritos como os mais puros da raça ariana e eram, portanto, vistos como a "raça superior". O movimento tinha como objetivo superar as divisões sociais para criar uma sociedade homogênea, ao mesmo tempo em que buscava unidade nacional e tradicionalismo. Os nazistas tentaram conseguir isto através de uma "comunidade do povo" (Volksgemeinschaft) que iria unir todos os alemães e excluir aqueles considerados como "povos estrangeiros" (Fremdvölkische). O nazismo também reivindicava com determinação o que entendia ser territórios historicamente alemães sob a doutrina pangermânica (ou Heim ins Reich), bem como áreas adicionais para colonização alemã sob a doutrina de Lebensraum.
O Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães (Nationalsozialistische Deutsche Arbeiterpartei, NSDAP) foi fundado em 5 de janeiro de 1919. No início dos anos 1920, Adolf Hitler assume o controle da organização e rebatiza-a para Partido Nazista. O Programa Nacional Socialista, aprovado em 1920, apelava por uma Grande Alemanha unida e que negaria cidadania aos judeus ou aos seus descendentes, além de apoiar a reforma agrária e a nacionalização de algumas indústrias. Em Mein Kampf, escrito em 1924, Hitler delineou o antissemitismo e o anticomunismo no cerne de sua filosofia política, bem como o seu desdém pela democraciaparlamentar e sua crença no direito da Alemanha expandir seu território.
Em 1933, com o apoio das elites alemãs, Hitler tornou-se chanceler e os nazistas gradualmente estabeleceram um regime unipartidário e totalitário, onde judeus, opositores políticos e outros elementos vistos como "indesejáveis" eram marginalizados, escravizados, presos e assassinados. Hitler expurgou as facções sociais e econômicas mais radicais do partido em meados de 1934, durante a chamada Noite das Facas Longas. Após a morte do presidente Paul von Hindenburg, o poder político foi concentrado nas mãos do Führer (ou "líder"). No entanto, após o Holocausto e a derrota alemã na Segunda Guerra Mundial, apenas alguns grupos radicais racistas, geralmente referidos como neonazistas, ainda descrevem-se como "nacional-socialistas".
Posição no espectro político
A grande maioria dos estudiosos identificam o nazismo, na prática, como uma expressão da extrema-direita.[1] Entre os temas tipicamente defendidos pela extrema-direita incluídos no nazismo está o argumento de que pessoas "superiores" têm o direito de dominar outros indivíduos e que a sociedade deve expurgar elementos supostamente "inferiores" (vide darwinismo social, antissemitismo e racismo científico).[2] Adolf Hitler e outros membros do partido descreviam oficialmente o movimento nazista como não sendo nem de esquerda e nem de direita, mas sincrético.[3][4] Em Mein Kampf, Hitler atacava diretamente tanto os políticos de esquerda quanto os da direita na Alemanha, dizendo:
Hoje nossos políticos de esquerda, em particular, estão constantemente a insistir que sua política externa covarde e obsequiosa resulta necessariamente no desarmamento da Alemanha, ao passo que a verdade é que esta é a política de traidores [...] Mas os políticos de direita merecem exatamentea mesma reprovação. Foi através de sua miserável covardia que esses rufiões de judeus que chegaram ao poder em 1918 foram capazes de roubar a nação de nossos braços.[5]
Hitler, quando questionado sobre se apoiava a "burguesia de direita", afirmou que o nazismo não era exclusivamente voltado para qualquer classe social e indicou que não favorecia nem a esquerda nem a direita, mas elementos preservados considerados "puros" de ambos os "campos", ao dizer: "a partir do campo da tradição burguesa, é preciso a determinação nacional, e do materialismo do dogma marxista, o socialismo criativo".[6]
Os nazistas foram fortemente influenciados pela extrema-direita alemã pós-Primeira Guerra Mundial, que tinha crenças comuns, tais como antimarxismo, antiliberalismo e antissemitismo, além do nacionalismo, do desprezo pelo Tratado de Versalhes e da condenação da República de Weimar por conta da assinatura do armistício em novembro de 1918, que mais tarde levou culminou na assinatura do Tratado de Versalhes.[7] A grande inspiração para os nazistas foram os nacionalistas Freikorps, organizações paramilitares de extrema-direita que praticavam atos de violência política após a Primeira Guerra Mundial.[7]
O termo National Sozialistische, que em alemão dá origem a "nazismo", era utilizado como forma de se contrapor ao termo comunismo, ou socialismo internacional, no sentido utilizado pelo marxismo. O nazismo pode ser considerado uma forma extrema de fascismo, muitas vezes chamado de nazifascismo. Os vários tipos de fascismos se identificam como antissocialistas.[8]
O sistema totalitário com um partido único e com um único líder foi definitivamente implantado no verão de 1934, quando Hitler, através de expurgos sangrentos dentro do partido (ver: Noite dos Longos Punhais) e das organizações militares do partido, as SA (Sturmabteilung), conseguiu o apoio total do exército e se nomeou, após a morte do presidente Hindenburg, chefe do Estado, Reichskanzler (chanceler da Alemanha), líder do partido e da nação, ditador único da Alemanha.[9]
História
Adolf Hitler chegou ao poder enquanto líder de um partido político, o Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães(Nationalsozialistische Deutsche Arbeiterpartei ou NSDAP). Os termos nazi ou nazista são acrônimos do nome do partido (vem de NationalSozialist). A Alemanha desse período é também conhecida como "Alemanha Nazista" ("Alemanha Nazi" PE) e os partidários do nazismo eram (e são) chamados nazistas (nazis PE). O nazismo foi proibido na Alemanha moderna, muito embora pequenos grupos de simpatizantes, chamados neonazistas (neonazis PE), continuem a existir na Alemanha e noutros países. Alguns revisionistas históricos disseminam propaganda que nega ou minimiza o Holocausto (ver: Negacionismo do Holocausto).
Origens
Nacionalismo (Völkisch)
Johann Gottlieb Fichte, considerado um dos pais do nacionalismo alemão
Uma das influências ideológicas mais significativas sobre os nazistas foi o nacionalista alemão Johann Gottlieb Fichte, cujas obras serviram de inspiração para Hitler e outros membros nazistas, incluindo Dietrich Eckart e Arnold Fanck.[10] Em sua obra Discursos à nação alemã (1808), escrita em meio à ocupação napoleônica de Berlim pela França, Fichte invocou uma revolução nacional alemã contra os ocupantes franceses, fazendo discursos públicos, armando seus alunos para a batalha contra os franceses, e salientando a necessidade da ação para expulsar os franceses.[10] O nacionalismo de Fichte era populista e em oposição às elites tradicionais, insistindo na necessidade de uma "Guerra do Povo" (Volkskrieg), conceito este semelhante ao adotado posteriormente pelos nazistas.[10] Fichte promoveu o excepcionalismo alemão e salientou a necessidade da nação alemã ser purificada, incluindo purgar a língua alemã de palavras francesas, uma política que os nazistas empreenderam ao assumir o poder.[10]
Ele denunciou o materialismo, o individualismo e sociedade industrial urbana secularizada, ao defender uma sociedade "superior" com base na cultura "popular" alemã e no "sangue" alemão.[11] Denunciou os estrangeiros, as idéias estrangeiras e declarou que os judeus, as nacionais minorias, católicos e maçons eram "traidores da nação" e indignos da inclusão na nação alemã.[12] ele descreveu o mundo em termos da lei natural e romantismo, exaltando as virtudes da vida rural, condenando a negligência da tradição e da decadência da moral, denunciou a destruição do meio ambiente, e condenou as culturas "cosmopolitas", como as dos judeus e ciganos.[13]
Durante a era da Alemanha Imperial, o nacionalismo foi ofuscado tanto pelo patriotismo prussiano e pela tradição federalista dos vários estados que compunham o império.[14]O evento da Primeira Guerra Mundial, incluindo o fim da monarquia prussiana na Alemanha, resultou em uma onda de nacionalismo revolucionário (ver: Revoluções de 1917-23).[15] Os nazistas apoiaram tais políticas nacionalistas revolucionárias,[15] e alegaram que a sua ideologia era influenciada pela liderança e políticas do chanceler alemão, Otto von Bismarck, o fundador do império alemão.[16] Os nazistas declararam que eles se dedicariam a continuar o processo da criação de um sistema unificado alemão, o Estado-nação, que Bismarck tinha iniciado.[17] Apesar de Hitler ser favorável à criação do Império Alemão, ele era crítico da política interna moderada de Bismarck.[18] Sobre a questão do apoio de Bismarck de aceitar uma "Alemanha Menor", excluindo a Áustria, ao contrario da "Grande Alemanha" dos nazistas, Hitler declarou que a realização de Bismarck foi o "maior conquista" que ele poderia ter alcançado "dentro dos limites possíveis da época".[19] Em Mein Kampf (Minha Luta), Hitler apresentou-se como um "segundo Bismarck".[19]
Georg Ritter von Schönerer
Durante sua juventude, na Áustria, Hitler foi politicamente influenciado pelo austríaco pangermanismo de Georg Ritter von Schonerer, que defendia o radical nacionalismo alemão, o antissemitismo, o anticatolicismo, o anti-eslavismo e visões anti-Habsburgo.[20] Copiando Schonerer e seus seguidores, Hitler adotou para o movimento nazista a saudação do Heil (ver: Saudação nazista e Sieg Heil), o título de Führer, e o modelo de liderança absoluta do partido.[20] Hitler também ficou impressionado com o anti-semitismo populista e agitação anti-liberal burguesa de Karl Lueger, que como prefeito de Viena na época de Hitler, usou na cidade um estilo oratório demagógico, apelando para as massas populares.[21]Lueger, ao contrário de Schonerer, não era um nacionalista alemão mas um defensor pró-católico dos Habsburgos.[21]
Derrota da Alemanha na Primeira Guerra Mundial e consequências
Nas palavras de Karl Dietrich Bracher: "o nazismo, como Hitler, foi o produto da Primeira Guerra Mundial, porém, recebeu sua forma e sua força daqueles problemas básicos da história alemã moderna que caracterizaram a difícil caminhada do movimento democrático".[9] Em 1917, a Alemanha havia derrotado a Rússia, que se retirou da guerra em meio à Revolução Bolchevique. Entretanto, o povo alemão também estava insatisfeito com a guerra que já durava tempo demais e havia consumido vidas demais. Em 1918, tem início na Alemanha uma série de rebeliões populares, de trabalhadores e soldados, que, inspirados na Revolução Russa de 1917, pretendiam derrubar o governo e acabar com a guerra (ver: Revoluções de 1917-23). Os movimentos mais fortes eram justamente os socialistas, organizados pelo grupo chamado de Liga Espartaquista, liderados por Rosa Luxemburgo, que havia convivido com Lenin quando este morou na Alemanha.
Quase simultaneamente, estouravam rebeliões de camponeses famintos no sul da Alemanha e na região da Baviera. Os comunistas quase tomaram o poder em janeiro de 1919. Entretanto, durante todo o período 1917-1919, a ameaça da insurreição era constante e a elite temia que uma revolução popular pudesse acontecer a qualquer momento. Apesar de a guerra no front ocidental estar tecnicamente empatada, a entrada dos Estados Unidos em favor daInglaterra e da França, em 1917, começava a mudar a guerra contra a Alemanha. A elite alemã toma uma decisão desesperada: aceita um acordo de paz desfavorável para não correr o risco de ver uma revolução comunista na Alemanha.
Na década de 1920, os nazistas se levantam como novo bastião contra os socialistas e se utilizam do discurso anticomunista para conseguir doações dos banqueiros e industriais alemães para suas campanhas eleitorais. O Partido Nazista tinha assim dois grandes desafios político-ideológicos: explicar a derrota de um povo teoricamente superior e, ao mesmo tempo, conseguir encontrar um culpado que não fossem os banqueiros alemães, que agora financiavam as campanhas eleitorais do partido Nazista. Hitler construiu a solução na obra "Minha Luta", que refinou posteriormente em outros escritos do Partido Nazi. A solução era simples: Hitler argumentou que a Alemanha havia sido derrotada por uma grande conspiração internacional de judeus (ver: Conspiração judaico-maçônico-comunista internacional). Ele criou uma maléfica e terrível conspiração de judeus de diferentes países (banqueiros judeus na Inglaterra e na França, associados com judeus comunistas na Rússia), que se uniram para derrotar a Alemanha. Hitler conseguiu, com uma só teoria, explicar a derrota na Primeira Guerra Mundial.
A maior parte dos judeus que tinha condições econômicas suficientes deixou a Alemanha quando Hitler tomou o poder em 1933-1934. Logo são iniciadas as primeiras perseguições generalizadas de judeus, mas a maior parte deles se sentiam mais alemães do que judeus e acreditavam que podiam convencer o restante da Alemanha disso. E a perseguição começou aos poucos, em 1933-1934, com a caça aos "judeus comunistas", acusados de provocar o incêndio do Reichstag. Isso permitiu a Hitler eliminar o principal partido de oposição (o Partido Comunista Alemão), prender e mandar matar os líderes sindicais e impor sua ditadura. Na sequência, a "depuração" da sociedade alemã (como os nazistas denominavam esse processo de limpeza étnica), continuou com a prisão dos judeus nos campos de trabalho forçado.
Somando-se os judeus residentes na Alemanha, os que residiam nos países que foram ocupados pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial (Polônia, Tchecoslováquia, Áustria), ciganos, homossexuais (ver: Homossexuais na Alemanha Nazista) e um número incontável de presos políticos, comunistas, anarquistas e sindicalistas em geral, foram mortos entre 5 e 6 milhões de pessoas, apenas nos campos de concentração.
O Programa de 25 pontos do NSDAP
O "Programa de 25 Pontos", oficialmente "Programa de 25 Pontos do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães" (em alemão: Das 25-Punkte-Programm der Nationalsozialistischen Deutschen Arbeiterpartei) é o nome dado ao programa político do Partido dos Trabalhadores Alemães (DAP), tal como foi proclamado em 24 de fevereiro de 1920, em Munique, por Adolf Hitler. O programa foi aprovado por uma audiência de duas mil pessoas (segundo a descrição de Hitler em Mein Kampf), na Hofbräuhaus, uma das maiores cervejarias da cidade.
Em 8 de agosto do mesmo ano, o DAP passou a se chamar Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, mantendo o mesmo programa, cujo conteúdo é o seguinte.[22]
Nós pedimos a constituição de uma Grande Alemanha, que reúna todos os alemães, baseados no direito à autodeterminação dos povos.
Pedimos igualdade de direitos para o povo alemão em relação às outras nações e a revogação do Tratado de Versalhes e do Tratado de Saint Germain.
Pedimos terras e colônias para nutrir o nosso povo e reabsorver a nossa população.
Só os cidadãos gozam de direitos cívicos. Para ser cidadão, é necessário ser de sangue alemão. A confissão religiosa pouco importa. Nenhum judeu, porém, pode ser cidadão.
Os não cidadãos só podem viver na Alemanha como hóspedes, e terão de submeter-se à legislação sobre os estrangeiros.
O direito de fixar a orientação e as leis do Estado é reservado unicamente aos cidadãos. Por isso, pedimos que todas as funções públicas, seja qual for a sua natureza, não possam ser exercidas senão por cidadãos. Nós combatemos a prática parlamentar, origem da corrupção, de atribuição de lugares por relações de partido, sem importar o caráter ou a capacidade.
Pedimos que o Estado se comprometa a proporcionar meios de vida a todos os cidadãos. Se o país não puder alimentar toda a população, os não cidadãos devem ser expulsos do Reich.
É necessário impedir novas imigrações de não alemães. Pedimos que todos os não alemães estabelecidos no Reich, depois de 2 de agosto de 1914, sejam imediatamente obrigados a deixar o Reich.
Todos os cidadãos têm os mesmos direitos e os mesmos deveres.
O primeiro dever do cidadão é trabalhar, física ou intelectualmente. A atividade do indivíduo não deve prejudicar os interesses do coletivo, mas integrar-se dentro desta e para o bem de todos. É por isso que pedimos:
A supressão do rendimento dos ociosos e dos que levam uma vida fácil, a supressão da escravidão do juro.
Considerando os enormes sacrifícios de vidas e de dinheiro que qualquer guerra exige do povo, o enriquecimento pessoal com a guerra deve ser estigmatizado como um crime contra o povo. Pedimos por isso o confisco de todos os lucros de guerra, sem exceção.
Pedimos a nacionalização de todas as empresas que atualmente pertencem a trusts.
Pedimos uma participação nos lucros das grandes empresas.
Pedimos um aumento substancial das pensões de reforma.
Pedimos a criação e proteção de uma classe média sã, a entrega imediata das grandes lojas à administração comunal e o seu aluguel aos pequenos comerciantes, a baixo preço. Deve ser dado prioridade aos pequenos comerciantes e industriais nos fornecimentos ao Estado, aos Länder ou aos municípios.
Pedimos uma reforma agrária adaptada às nossas necessidades nacionais, a promulgação de uma lei que permite a expropriação, sem indenização, de terrenos para fins de utilidade pública, a supressão de impostos sobre os terrenos e a extinção da especulação fundiária.
Pedimos uma luta sem tréguas contra todos os que, pelas suas atividades, prejudicam o interesse nacional. Criminosos de direito comum, traficantes, agiotas etc. devem ser punidos com a pena de morte, sem consideração de credo religioso ou raça.
Pedimos que o direito romano seja substituído por um direito público alemão, pois o primeiro é servidor de uma concepção materialista do mundo.
A extensão da nossa infraestrutura escolar deve permitir a todos os alemães bem dotados e trabalhadores o acesso a uma educação superior e, através dela, aos lugares de direção (ver: Educação na Alemanha Nazista). Os programas de todos os estabelecimentos de ensino devem ser adaptados às necessidades da vida prática. O espírito nacional deve ser incutido na escola a partir da idade da razão. Pedimos que o Estado suporte os encargos da instituição superior dos filhos excepcionalmente dotados de pais pobres, qualquer que seja a sua profissão ou classe social.
O Estado deve preocupar-se em melhorar a saúde pública mediante a proteção da mãe e dos filhos, a introdução de meios idôneos para desenvolver as aptidões físicas, pela obrigação legal de praticar desporto e ginástica, e um apoio poderoso a todas as associações que tenham por objetivo a educação física da juventude.
Pedimos a supressão do exército de mercenários e a criação de um exército nacional.
Pedimos a luta pela lei contra a mentira política consciente e a sua propagação por meio da imprensa. Para que se torne possível a criação de uma imprensa alemã, pedimos que:
todos os diretores e colaboradores de jornais em língua alemã sejam cidadãos alemães;
a difusão dos jornais não alemães seja submetida a autorização expressa. Estes jornais não podem ser impressos em língua alemã;
seja proibida por lei qualquer participação financeira ou de qualquer influência de não alemães em jornais alemães. Pedimos que qualquer infração dessas medidas seja sancionada com o encerramento das empresas de impressão culpadas, bem como pelaexpulsão imediata, para fora do Reich, dos não alemães responsáveis. Os jornais que forem contra o interesse público devem ser proibidos. Pedimos que se combata pela lei um ensino literário e artístico gerador da desagregação da nossa vida nacional; e o encerramento das organizações que contrariem as medidas anteriores.
Pedimos a liberdade no seio do Estado para todas as confissões religiosas, na medida em que não ponham em perigo a existência do Estado ou não ofendam o sentimento moral da raça germânica. O partido, como tal, defende o ponto de vista de um cristianismo positivo, sem todavia se ligar a uma confissão precisa. Combate o espírito judaico-materialista no interior e no exterior e está convencido de que a restauração duradoura do nosso povo não se pode conseguir senão partindo do interior e com base no princípio: o interesse geral sobrepõe-se ao interesse particular.
Para levar tudo isso a bom termo, pedimos a criação de um poder central forte, a autoridade absoluta do gabinete político sobre a totalidade do Reich e as suas organizações, a criação de câmaras profissionais e de organismos municipais encarregados da realização dos diferentes Länder, de leis e bases promulgadas pelo Reich.
Os dirigentes do partido prometem envidar todos os seus esforços para a realização dos pontos antes enumerados, sacrificando, se for preciso, a sua própria vida.
Munique, 24 de Fevereiro de 1920.
Motivos da ascensão do nacional-socialismo
Uma questão importante sobre o nacional-socialismo tem a ver com os fatores que promoveram a sua ascensão, não só na Alemanha mas também noutros países europeus e do continente americano (podiam encontrar-se movimentos nacional-socialistas na Suécia, Grã-Bretanha, Itália, Espanha, Checoslováquia, Estados Unidos, Argentina e Chilenos anos 1920 e 30).
Esses fatores podem ter sido:
a devastação econômica em toda a Europa, depois da Primeira Guerra Mundial;
a falta de orientação em muitas pessoas depois da queda da monarquia em muitos países europeus;
a fama de envolvimento judaico em aproveitamentos ilegítimos com a Primeira Guerra Mundial;
a rejeição do comunismo;
a influência das comunidades de língua alemã;
a dificuldades das classes trabalhadores e a crise econômica.
Efeitos
As teorias nazistas foram utilizadas para justificar uma agenda política totalitária de ódio racial e de supressão da dissidência com o uso de todos os meios do Estado. Como outros regimes fascistas, o regime nazista punha ênfase no anticomunismo e no chamado princípio do líder (Führerprinzip). Esse é um princípio-chave na ideologia fascista, segundo o qual se considera o líder como a corporização do movimento e da nação. Ao contrário de outras ideologias fascistas, o nazismo era virulentamente racista. Algumas das manifestações do racismo nazista foram:
anti-semitismo/antijudaísmo, que culminou no Holocausto;
nacionalismo étnico, incluindo a noção dos alemães como o Herrenvolk ("raça-mestra") e o Übermensch ("super-homem");
Uma crença na necessidade de purificar a "raça alemã" através da eugenia, que culminou na eutanásia não voluntária de pessoas deficientes (ver: Aktion T4).
O anticlericalismo faz parte da ideologia nazista, o que é mais um ponto de divergência com outros fascismos. Talvez o efeito intelectual mais importante do nazismo tenha sido o descrédito, durante pelo menos duas gerações, das tentativas de utilizar a sociobiologia para explicar ou influenciar assuntos sociais.[carece de fontes]
Líderes
O nazista mais importante foi Adolf Hitler, que governou a Alemanha Nazi de 30 de Janeiro de 1933 até o seu suicídio a 30 de Abril de 1945 (ver: Morte de Adolf Hitler). Ele levou o Reich alemão à Segunda Guerra Mundial. Com Hitler, o nacionalismo étnico e o racismo juntaram-se numa ideologia militarista. Depois da guerra, muitos nazis de primeiro plano foram condenados por crimes de guerra e crimes contra a humanidade no Julgamento de Nuremberg. O símbolo nazista é a suástica orientada no sentido dos ponteiros do relógio, sendo desenhada em um plano 5x5.
Base filosófica
Se bem que a raça fosse um fator crucial na visão do mundo dos nazistas, as raízes ideológicas do nazismo iam um pouco mais fundo. Os nazistas procuraram legitimação em obras anteriores, particularmente numa leitura, por muitos considerada discutível, da tradição romântica do século XIX, em especial do pensamento de Friedrich Nietzschesobre o desenvolvimento do homem em direção ao Übermensch (ver: Novo Homem).
No seu livro de 1939, Alemanha: Jekyll & Hyde, o escritor Sebastian Haffner chama o nazismo de "uma primeira (autónoma e nova) forma de niilismo radical, que nega simultaneamente todos os valores, sejam eles valores capitalistas e burgueses, sejam eles proletários". É bem verdade que esse ponto de vista acaba por desconsiderar o projeto de crescimento industrial e de manutenção da ordem social estabelecida, como se percebe na Alemanha sob poder nazista, e um repúdio seletivo a elementos da "cultura burguesa tipicamente inglesa" e não apenas burguesa (visto o repúdio aos judeus, parte visível da burguesia na época).
A essência do nazismo: totalitarismo e racismo
A essência do fascismo e do nazismo está no totalitarismo,[23] especificamente na noção de controle totalitário, ou seja, na ideia de que o Estado e, em última instância, o chefe de Estado (no caso da Alemanha, o Führer), deveria controlar tudo e todos. Para isso, a homogeneização da sociedade é fundamental (ver: Gleichschaltung). As formas de controle social em regimes totalitários geralmente envolvem o uso e a exacerbação do medo a um grau extremo.[24] Todos passam a vigiar a todos e todos se sentem vigiados e intimidados. Cada indivíduo passa a ser "os olhos e ouvidos" do Führer no processo de construção de uma sociedade totalitária.[23]Nesse processo de homogeneização totalitária, os inúmeros festivais, atividades cívicas, como as mobilização das massas nas ruas, foram determinantes [25]
Para controlar tudo e todos, o nazismo instigava e exacerbava ao extremo o nacionalismo, geralmente associado às rivalidades com outros países suposta ou realmente ameaçadores. A ideia de um inimigo externo extremamente poderoso é funcional para unir a sociedade contra o "inimigo comum". O medo[26] de um inimigo externo é funcional para aglutinar socialmente povos que até há pouco tempo não se identificavam como uma só nação, como foram os casos de países unificados apenas no século XIX (Alemanha e Itália). Como Sigmund Freud havia demonstrado, a necessidade da criação artificial da identidade em grupos sociais pode levar à homogeneização forçada destes, e a existência de membros diferentes no grupo é desestabilizadora, o que leva o grupo a tentar eliminá-lo.[27] Tão relevante é essa explicação para entender o fenômeno do fascismo e do nazismo, que as obras de Freud estiveram entre as primeiras a serem queimadas nas famosas queimas de livros organizadas pelo Partido Nazista, em 1933 e 1934.
Entretanto, era necessário algo mais, além do medo de um inimigo externo, para conseguir atingir o ultranacionalismo e o totalitarismo. Era funcional criar inimigos internos, sorrateiros, subterrâneos, conspiratórios. No fascismo, o papel de 'inimigo sorrateiro' é destinado ao comunismo e aos comunistas como um todo. Já o nazismo acrescenta ao rol de inimigos - em que já estava incluído o comunismo - algumas minorias étnico-religiosas: os judeus, em um primeiro momento, e depois os ciganos e os povos eslavos (já durante a Segunda Guerra Mundial). A partir disso é que se torna central o segundo pilar do nazismo - a ideologia da superioridade racial ariana.
O papel da ideologia da superioridade racial no Nazismo
Selo que engrandece o trabalhador nazista.
Hitler e a obra Mein Kampf
De acordo com o livro Mein Kampf ("Minha Luta"), Hitler desenvolveu as suas teorias políticas pela observação cuidadosa das políticas do Império Austro-Húngaro. Ele nasceu como cidadão do Império e acreditava que a sua diversidade étnica e linguística o enfraquecera. Também via ademocracia como uma força desestabilizadora, porque colocava o poder nas mãos das minorias étnicas, que tinham incentivo para enfraquecer e desestabilizar mais o Império, diferentemente da ditadura, que colocava o poder nas mãos de indivíduos restritos e intelectualmente favoráveis.
O nazismo defende que uma nação é a máxima criação de uma raça. Consequentemente, as grandes nações (literalmente, nações grandes) seriam a criação de grandes raças. A teoria diz que as grandes nações alcançam tal nível devido aos seus poderios militar e intelectual e que estes, por sua vez, se originam em culturas racionais e civilizadas, que, por sua vez ainda, são criadas por raças com boa saúde natural e traços agressivos, inteligentes e corajosos.
As nações mais fracas seriam então aquelas criadas por raças impuras, isto é, que não apresentam a totalidade de indivíduos de origem única. De acordo com os nazistas, um erro óbvio desse tipo é permitir ou encorajar múltiplas línguas dentro de uma nação. Essa crença é o motivo pelo qual os nazistas alemães estavam tão preocupados com a unificação dos territórios dos povos de língua alemã.
Nações incapazes de defender as suas fronteiras, diziam, seriam a criação de raças fracas ou escravas. Defendiam eles que as raças escravas eram menos dignas de existir do que as raças-mestras. Em particular, se uma raça-mestra necessitasse de um espaço vital(Lebensraum) para viver, teria ela o direito de tomar o território das raças fracas para si.
Trata-se de uma teoria originalmente concebida pelo geógrafo alemão Friedrich Ratzel, que propôs uma "antropogeografia" como um ramo da geografia humana, como o espaço de vida dos grupamento humanos. Ao sistematizar os conhecimentos políticos aplicados pela geografia, Ratzel contribuiu decisivamente para o surgimento da geografia política, que, no início do século XX, foi acrescida do termo geopolítica (este cunhado por Rudolf Kjellèn).
Friedrich Ratzel visitou a América do Norte no início de 1873[28] e se impressionou com a doutrina do Destino Manifesto nos EUA[29]. Ratzel simpatizava com os resultados do Destino Manifesto, mas ele nunca usou o termo. Em vez disso, ele contou com a Tese da Fronteira de Frederick Jackson Turner[30]. Ratzel defendeu colônias ultramarinas para a Alemanha, na Ásia e África (ver: Império colonial alemão), mas não uma expansão em terras eslavas[31]. Alguns alemães reinterpretaram Ratzel para defender o direito da raça alemã de se expandir na Europa e essa noção foi mais tarde incorporada na ideologia nazista[29]. Harriet Wanklyn argumenta que os políticos distorceram a teoria de Ratzel para objetivos políticos[32].
Raças sem pátria eram, portanto, consideradas "raças parasíticas". Quanto mais ricos fossem os membros da "raça parasítica", mais virulento seria o parasitismo. Uma raça-mestra podia, portanto, de acordo com a doutrina nazista, endireitar-se facilmente pela eliminação das "raças parasíticas" da sua pátria. Foi essa a justificativa teórica para a opressão e eliminação dos judeus, ciganos, eslavos e homossexuais, um dever que muitos nazis consideravam repugnante, tendo eles como prioridade a consolidação do estado ariano.
As religiões que reconhecessem e ensinassem essas verdades eram as religiões "verdadeiras" ou "mestras" porque criavam liderança ao evitarem as "mentiras reconfortantes". As que pregassem o amor e a tolerância, "em contradição com os fatos", eram chamadas religiões "escravas" ou "falsas". Os homens que aceitassem essas "verdades" eram chamados "líderes naturais"; os que as rejeitassem eram chamados "escravos naturais". Dizia-se dos escravos, especialmente dos inteligentes, que embaraçavam os mestres pela promoção de falsas doutrinas religiosas e políticas.
Teoria econômica
O nazismo também defendia um forte intervencionismo do Estado na economia para manter o capitalismo e evitar uma crise mais profunda que permitisse a ascensão dos comunistas como havia acontecido na Rússia em 1917 e quase aconteceu na Alemanha em 1918. Dessa forma, o nazismo pode ser considerado uma ideologia contrária ao livre mercado e ao liberalismo econômico.[33] O próprio socialista George Orwell reconheceu que o nazismo era uma forma de capitalismo que utilizava o modelo econômico socialista. [34]
É relevante ressaltar que, após a Primeira Guerra Mundial, mas especialmente após a Crise de 1929, a maior parte dos novos movimentos políticos assumiram um discurso antiliberal, tanto no plano político como no econômico, e isso inclui desde grupos conservadores, passando por grupos moderados e defensores da democracia e da intervenção do Estado na economia, como keynesianos e sociais-democratas, até movimentos revolucionários anticapitalistas socialistas ou comunistas.[carece de fontes]
Alguns economistas reconhecem que tanto a Alemanha de Hitler como os Estados Unidos e a Inglaterra só se recuperaram economicamente da Crise de 1929 quando implementaram políticas fortemente intervencionistas, associadas a uma acelerada militarização da sociedade e da economia. Essa militarização da economia se traduziu no direcionamento de vários setores da indústria para atender às enormes encomendas militares, além do fim do desemprego pelo recrutamento de soldados.
Por outro lado, um estudo no âmbito da Universidade de Barcelona mostra que maior parte das empresas que tinha sido colocada sob controle estatal durante nos últimos anos da República de Weimar, no contexto da crise econômica decorrente da Grande Depressão (Crise de 1929), foi reprivatizada por meio de várias vendas de ações ao público entre 1935 e 1937.[35]
Além da transferência para o setor privado da propriedade pública nas empresas, o governo nazista também privatizou muitos serviços públicos transferindo estes para o partido nazista.[35] A privatização destes serviços tinham objetivos políticos. Várias organizações nazistas foram encarregadas do fornecimento desses serviços, que sem dúvida, promoveu o apoio ao partido nazista entre os beneficiários. Finalmente, as motivações financeiras desempenharam um papel central na reprivatização nazista, como forma de sanear as finanças públicas e angariar fundos para a militarização do país.[35] Estas privatizações contrariavam uma tendência da época nos países capitalistas ocidentais.[35].
A política econômica
A teoria econômica nazista preocupou-se com os assuntos domésticos imediatos e, em separado, com as concepções ideológicas da economia internacional. A política econômica doméstica concentrou-se em três objetivos principais:
eliminação do desemprego;
eliminação da hiperinflação;
expansão da produção de bens de consumo para melhorar o nível de vida das classes média e baixa
Todos esses objetivos pretendiam contrariar aquilo que era visto como os defeitos da República de Weimar e solidificar o apoio doméstico ao partido. Nisso, os nazistas foram bastante bem sucedidos. Entre 1933 e 1936, o PIB alemão cresceu a uma taxa média anual de 9,5% e a taxa de crescimento da indústria foi de 17,2%. Alguns economistas defendem que a expansão da economia alemã nesse período não foi resultado da ação do partido nazista, mas sim uma consequência das políticas econômicas dos últimos anos da República de Weimar, que começaram então a ter efeito. Tal ponto de vista é contestado visto que pouquíssimo se fez para a manutenção da economia, chegando Hugenberg a afirmar que a política ao seu alcance era uma política que não pretende lutar contra a miséria, mas aprender a conviver lado a lado com ela.
Cabe ainda ressaltar que não existem dúvidas sobre se a economia realmente cresceu ou se só se recuperou da depressão, visto que apesar de os salários na Alemanha nazista de 1939 serem um pouco menores do que os salários na Alemanha de 1929, a inflação controlada proporcionou um aumento incrível no valor da moeda, o que significa que um Marco (Reichsmark) de 1929 valia muito menos do que um marco de 1939.
Essa expansão empurrou a economia alemã para fora de uma profunda depressão e para o pleno emprego em menos de quatroanos. O consumo público durante o mesmo período aumentou 18,7%, enquanto que o consumo privado aumentou 3,6% anualmente. No entanto, e uma vez que a produção era mais consumidora do que produtora (a elaboração de projetos de trabalho, a expansão da máquina de guerra, a iniciação do recrutamento para tirar homens em idade produtiva do mercado de trabalho), as pressões inflacionárias reapareceram, se bem que não chegassem a um nível comparável ao da República de Weimar.
Essas pressões econômicas, combinadas com a máquina de guerra azeitada durante a expansão (e as concomitantes pressões para o seu uso), levou alguns comentadores à conclusão de que bastavam essas razões para tornar uma guerra europeia inevitável. Dito de outra forma, sem uma nova guerra europeia, que suportasse essa política econômica consumista e inflacionária, o programa econômico doméstico nazista era insustentável. "Isto não significa que as considerações políticas não tivessem tido maior peso no desencadear da Segunda Guerra Mundial. Significa apenas que a economia foi e continua a ser um dos principais fatores de motivação para que qualquer sociedadevá para a guerra."
O partido nazista acreditava que uma cabala da banca internacional tinha estado por trás da depressão global dos anos 1930. O controle dessa cabala foi identificado com os judeus, o que forneceu outra ligação à sua motivação ideológica para o Holocausto. De uma maneira geral, a existência de grandes organizações internacionais da banca e de banca mercantil era bem conhecida ao seu tempo. Muitas dessas instituições bancárias eram capazes de exercer pressões sobre os estados-nações através da extensão ou da retenção de créditos.
Essa influência não se limita aos pequenos estados que precederam a criação do Império Alemão enquanto estado-nação na década de 1870, mas surge nas histórias de todas as potências europeias desde 1500. Na realidade, algumas corporações transnacionais do período entre 1500 e 1800 (a Companhia Holandesa das Índias Orientais é um bom exemplo) foram criadas especificamente para entrar em guerras no lugar dos governos e não o inverso.
Usando mais nomenclatura moderna, ainda que fazê-lo possa ser algo discutível, é possível dizer que o partido nazista estava contra o poder das corporações transnacionais, que considerava excessivo em relação ao dos estados-nação. Embora por motivos por vezes opostos, essa posição anticorporativa é partilhada por muitas forças políticas, desde a esquerda e centro-esquerda até a extrema-direita.
É importante fazer notar que a concepção nazista da economia internacional era muito limitada. A principal motivação do partido era incorporar no Reich recursos que anteriormente não faziam parte dele pela força e não através do comércio (ver: Nova Ordem). Isso fez da teoria econômica internacional um fator de suporte da ideologia política em vez de uma trave mestra da plataforma política, como acontece na maioria dos partidos políticos modernos.
Do ponto de vista econômico, o nazismo e o fascismo estão relacionados. O nazismo pode ser encarado como um subconjunto do fascismo - todos os nazistas são fascistas, mas nem todos os fascistas são nazistas. O nazismo partilha muitas características econômicas com o fascismo, como o controle governamental da finança e do investimento(através da atribuição de créditos) da indústria e da agricultura, ao mesmo tempo que o poder corporativo e os sistemas baseados no mercado para criar os preços se mantinham. Citando Benito Mussolini: "O fascismo devia ser chamado corporativismo, porque é uma fusão do Estado e do poder corporativo."
Em vez de ser o estado a requerer bens das empresas industriais e a colocar nelas as matérias-primas necessárias à produção (como em sistemas socialistas/comunistas), o estado pagava por esses bens. Isso permitia que o preço desempenhasse um papel essencial no fornecimento de informação sobre a escassez dos materiais ou nas principais necessidades em tecnologia e mão de obra (incluindo a educação de mão de obra qualificada) para a produção de bens. Além disso, o papel que os sindicatos deviam desempenhar nas relações de trabalho nas empresas era outro ponto de contato entre fascismo e nazismo. Tanto o partido nazista alemão como o partido fascista italianotiveram inícios ligados ao sindicalismo e encaravam o controle estatal como forma de eliminar o conflito nas relações laborais.
Similaridades econômicas entre o nazismo e socialismo
O socialismo moderno se originou, a partir do século XVIII, de um movimento intelectual e político da classe trabalhadora que criticou os efeitos da industrialização e da propriedade privada na sociedade.[36] O renascimento do republicanismo na Revolução Americana de 1776 e os valores igualitários introduzidos pela Revolução Francesa de 1789 deram origem ao socialismo como um movimento político distinto.[37]
No início do século XIX, o termo socialismo se referia a qualquer preocupação com os problemas sociais do capitalismo, independentemente das soluções para esses problemas. No entanto, no final do século XIX, o socialismo tinha chegado a significar oposição ao capitalismo e defesa de uma alternativa pós-capitalista ao sistema com base em alguma forma de propriedade social.[38]
Há muitas variedades do socialismo e não há uma única definição abrangendo todos elas.[39] Os modos socialistas diferem no tipo de propriedade social que defendem, no grau em que eles dependem de mercados e no planejamento (como a gestão deve ser organizada dentro das instituições produtivas), bem como no papel do Estado na construção do sistema.[40] O socialismo marxista, portanto, não é a única forma de socialismo a ter existido na história, mas é sem dúvida a principal.[41]
A relação exata entre o sistema económico nazista e o socialismo é controversa. Alguns autores, como os liberais Friedrich Hayek[42] e George Reisman[43] e os conservadoresLeonard Peikoff, no seu livro The Ominous Parallels,[44] e Jonah Goldberg, no seu best-seller Liberal Fascism,[45] referiram-se ao nazismo como uma forma de socialismo, apontando para a designação do partido, para a retórica nazista e para a estatização da sociedade. Segundo eles, o governo intervinha na economia de modo típico de uma sociedade socialista, controlando totalmente a atividade produtiva.[46][47][48][49]
Ludwig von Mises cita: "O governo diz a estes supostos empreendedores o que e como produzir, a quais preços e de quem comprar, a quais preços e a quem vender... A autoridade, não os consumidores, direciona a produção, todos os cidadãos não são nada mais que funcionários públicos. Isto é socialismo com a aparência externa de capitalismo".[50]
O próprio Hitler e Joseph Goebbels chegaram a afirmar, em alguns de seus discursos, que o nacional-socialismo era uma vertente do socialismo, não na forma tradicional do socialismo marxista, mas sim interpretando o socialismo como "exaltação do social".[51] Já o socialismo histórico e marxista sempre defendeu o fim da propriedade privada dos meios de produção através da luta de classes como forma para se chegar ao socialismo científico marxismo-leninismo.[52]
O anticapitalismo nazista
Os nazistas acreditavam que o capitalismo causava danos às nações pelo controle das finanças internacionais, pelo domínio econômico das grandes empresas e pela influência dos judeus.[53] Cartazes de propaganda nazista, nos bairros de classe populares, exaltavam o anticapitalismo. Em um deles, estava escrito: "Manter um sistema industrial podre não tem nada a ver com nacionalismo. Eu posso amar a Alemanha e odiar o capitalismo".[54]
Hitler expressava, tanto em público como em privado, um profundo desprezo pelo capitalismo, acusando-o de tomar como reféns as nações para beneficiar os interesses de uma classe rentista de "parasitas cosmopolitas".[55] Ele era contra a economia de mercado e a busca desenfreada do lucro e queria uma economia que respeitasse o interesse público.[56] Não confiava no capitalismo por causa de sua natureza egoísta e preferiu uma economia planificada,

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