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Conteúdo Online Completo - Direito Ambiental - Estácio

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Contexto histórico e a preocupação mundial com a questão ambiental
Tomaremos como base para o estudo desta aula, a Revolução Industrial que se iniciou no século XVIII, na Inglaterra.
Naquela época, sem que houvesse a consciência da sociedade de que o processo de industrialização poluía a natureza, esta já vinha sofrendo com sua degradação.
Os recursos naturais, que são finitos, são utilizados como matéria-prima neste processo de industrialização. Infelizmente, a retirada pelo homem desses recursos é superior à capacidade da natureza de repô-los.
Com o crescimento da preocupação mundial com o uso saudável e sustentável do planeta e de seus recursos naturais, em 05 de junho de 1972, na cidade de Estocolmo, capital da Suécia, a Organização das Nações Unidas (ONU), realizou a primeira Conferência Global das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano.
Após a Segunda Guerra Mundial, que durou de 1939 a 1945, a era nuclear fez surgir temores de um novo tipo de poluição por radiação.
Em 1983, o Secretário-Geral da ONU convidou Gro Harlem Brundtland, ex-primeira Ministra da Noruega, para estabelecer e presidir a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento.
Esta comissão tinha por objetivos:
Em abril de 1987, estava pronto o Relatório Brundtland, com o título de Nosso Futuro Comum, em que a Comissão Mundial recomendou a criação de uma nova declaração universal sobre a proteção ambiental e o desenvolvimento sustentável.
Passados quase cinco anos do documento intitulado Nosso Futuro Comum, em junho de 1992, na cidade do Rio de Janeiro, houve a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), conhecida como Rio-92, Eco-92 ou Cúpula da Terra.
Nessa Conferência firmaram-se acordos internacionais como a Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, que estabeleceu 27 princípios, e a Agenda 21 que adotou como meta, a ser respeitada por todos os países signatários, o desenvolvimento sustentável.
Vinte anos após a Rio-92, precisamente em junho de 2012, entre os dias 13 a 22 de junho, ocorreu, também na cidade do Rio de Janeiro, a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, conhecida como Rio+20.
O encontro reuniu 188 países e renovou o compromisso com o desenvolvimento sustentável, prometendo promover um futuro econômico, social e ambientalmente sustentável para o nosso planeta e para as gerações do presente e do futuro, focou na economia verde e na erradicação da pobreza.
O texto final dessa conferência foi denominado:
O futuro que queremos.
O documento, entre outras iniciativas:
Estabeleceu a criação de um fórum político para o desenvolvimento sustentável dentro das Nações Unidas;
Reafirmou que os países ricos devem investir mais no desenvolvimento sustentável por terem degradado mais o meio ambiente durante séculos;
Aprovou o fortalecimento do Programa das Nações Unidas sobre Meio Ambiente (PNUMA);
A constituição de um mecanismo jurídico dentro da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (UNCLOS), que estabelece regras para conservação e uso sustentável dos oceanos, a erradicação da pobreza como o maior desafio global do planeta.
O Brasil e a questão ambiental
Desde o início do século XX, o Brasil editou normas tutelando o meio ambiente e as principais são:
Decreto n. 23.793, de 1934, Código Florestal;
Decreto n. 24.643, de 1934, que institui o Código das Águas;
Decreto-lei n. 25, de 1937, que organiza a proteção do patrimônio histórico e artístico nacional;
Decreto lei n. 794, de 1938, Código da Pesca;
Decreto-lei n. 1.985, de 1940, Código de Minas.
Na década de 1960 do século XX, com os movimentos ecológicos, são sancionadas as seguintes normas:
Lei n. 4.504, de 1964, Estatuto da Terra;
Lei n. 4.771, de 1965, Código Florestal;
Lei n. 5.197, de 1967, Proteção à Fauna;
Decreto-lei n. 221, de 1967, Código da Pesca;
Decreto-lei n. 227, de 1967, Código da Mineração;
Decreto-lei n. 303, de 1967, criação do Conselho Nacional de Controle de Poluição Ambiental;
Lei n. 5.318, de 1967, Política Nacional de Saneamento.
Somente a partir da década de 1980 é que a legislação ambiental passou a desenvolver-se com maior consistência e celeridade, pois, antes não havia a percepção da importância em preservar o meio ambiente.
Nesse sentido, em 31 de agosto de1981, o Brasil sancionou a Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), primeira grande norma nacional a consagrar a questão ambiental.
A Política Nacional do Meio Ambiente instituiu princípios, diretrizes e instrumentos em prol da preservação ambiental, assim como o Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA) e o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA).
 Somente com a Constituição da República Federativa do Brasil (CRFB), sancionada em outubro de 1988, é que o meio ambiente ganhou status constitucional, com a edição de um capítulo próprio disposto no artigo 225 e seus parágrafos.
Ecologia e meio ambiente
Você conhece a origem do termo Ecologia?
A palavra ecologia foi datada em 1866, e é fruto da obra Morfologia geral dos seres vivos, do biólogo e médico alemão Ernst Heinrich Haeckel. O termo ecologia era utilizado no passado quando se queria se referir à natureza e aos recursos naturais, sem o contexto de proteção e preservação que vem vinculado ao “meio ambiente”.
Segundo Milaré (2014), Ecologia:
A Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), Lei 6.938/81, em seu artigo 3°, inciso, I, veio a conceituar meio ambiente.
Dispõe o artigo:
Artigo 3°. Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:
I. meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas.
Resolução CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente n° 306/02:
“Meio Ambiente é o conjunto de condições, leis, influencia e interações de ordem física, química, biológica, social, cultural e urbanística, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”.
Características do Meio ambiente
Correntes Ambientalistas
O estudo do meio ambiente deve ser analisado de forma interdisciplinar, pois há ligação com os outros ramos do saber como a biologia, geografia, antropologia, sociologia, entre outros.
No estudo do meio ambiente temos três Correntes Ambientalistas, são elas:
Direito Ambiental
O Direito Ambiental surgiu da necessidade de criar normas jurídicas de proteção e preservação do meio ambiente e seus recursos naturais para as presentes e futuras gerações do planeta.
É um Direito que tem como objetivo restaurar, conservar e preservar o bem ambiental, e para tanto, é:
Preventivo (esfera administrativa);
Reparador (esfera civil);
Repressivo (esfera penal).
Doutrinariamente, existem diferentes conceituações sobre Direito Ambiental, em que cada autor aborda aspectos, diferentes ou semelhantes, de forma mais detalhada ou mais objetiva, sobre os conteúdos.
Para Paulo de Bessa Antunes (2011), o Direito Ambiental:
“[...] é o ramo do direito positivo que regula as relações entre os indivíduos, os governos e as empresas com o meio ambiente [...]”.
Princípios Norteadores do Direito Ambiental
Você conhece a origem do termo princípio?
Ele vem do latim principium e significa a ideia de começo, início, origem, ponto de partida, ou, ainda, a ideia de verdade primeira, que serve de fundamento ou de base para algo. Etimologicamente, princípio origina-se de principal, primeiro, demonstrando origem de algo, de uma ação ou de um conhecimento.
No Direito, os princípios são vetores, considerados os mandamentos, o alicerce de determinado sistema jurídico, influenciando todas as normas que o compõem, criando um sentido lógico, harmônico, racional e coerente. Deles se extraem as diretrizes básicas que permitem compreender a forma pela qual a proteção do meio ambiente é vista na sociedade.
Na conceituação de Celso Antônio Bandeira de Melo:
“é o mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce dele”. Constituem, as proposições primáriasdo direito, estão vinculados àqueles valores fundamentais de uma sociedade.
Para Luis Cláudio Martins de Araújo:
“princípios são normas jurídicas impositivas que traduzem os valores ou os conceitos básicos materiais da sociedade, superada a concepção que via nos Princípios simples diretivas teóricas”.
Princípios do Direito Ambiental
Por ser uma ciência autônoma, o Direito Ambiental é fundamentado por princípios próprios que regulam seus objetivos e diretrizes e que auxiliam no entendimento e na identificação da unidade e coerência existentes entre todas as normas jurídicas que compõem o sistema legislativo ambiental. 
Pelos princípios, se extraem as diretrizes básicas que permitem compreender a maneira pela qual a proteção do meio ambiente é vista na sociedade.
Marcelo Abelha Rodrigues esclarece que os princípios encontram-se enraizados na Constituição Federal, e deles decorrem outros que lhe são derivados, mas não são expressos pelo legislador, por isso, a enumeração dos princípios do Direito Ambiental não é uniforme na doutrina.
Principais princípios do Direito Ambiental
Princípio do meio ambiente ecologicamente equilibrado como direito fundamental da pessoa humana;
Princípio do Desenvolvimento sustentável;
Princípio da Ubiquidade ou Princípio da Cooperação;
Princípio da Participação ou Democrático;
Princípio da Educação Ambiental;
Princípio do Poluidor–Pagador;
Princípio da Prevenção;
Princípio da Precaução;
Princípio da Precaução;
Princípio do Usuário–Pagador;
Princípio da Responsabilidade ou da Responsabilização;
Princípio da Obrigatoriedade da Intervenção Estatal na Defesa do Meio Ambiente;
Princípio do Equilíbrio Resultado global;
Princípio do Limite;
Princípio da função socioambiental da propriedade.
Princípio do meio ambiente ecologicamente equilibrado como direito fundamental da pessoa humana
Esse princípio é considerado uma extensão do direito à vida, portanto um direito humano.
A Constituição da República Federativa do Brasil (CRFB) de 1988 estabelece, em seu art. 1º, que entre os fundamentos do Estado Democrático de Direito, está o da dignidade da pessoa humana, art. 1º, inciso III, o fundamento precípuo de todo o sistema constitucional.
O princípio Fundamental do Direito Humano está vinculado ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, como direito fundamental à sadia qualidade de vida, que deve ser protegido para as gerações presentes e futuras, conforme dispõe o artigo 225, caput da CRFB.
Esse princípio também está previsto na Declaração de Estocolmo como princípio comum para inspirar e guiar os povos do mundo na preservação e na melhoria do meio ambiente.
Dentro da Declaração de Estocolmo esse princípio encontra-se consagrado nos princípios n. 1 e 8.
Princípio do Desenvolvimento Sustentável
É um dos mais importantes princípios do Direito Ambiental, sabe por quê? 
Ele procura coadunar a proteção ao meio ambiente com o desenvolvimento socioeconômico com o objetivo de gerar melhoria na qualidade de vida do homem.
A Constituição Federal de 1988, expressa esse princípio ao referenciar o dever de defender e preservar o meio ambiente para as presentes e futuras gerações, no caput do artigo 225 ao afirmar que, “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.
Ainda na Constituição, no capítulo da Ordem Econômica, também se faz menção à defesa do meio ambiente ao afirmar que a ordem econômica que é fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observado, dentre outros princípios, a proteção ambiental, art. 170, VI da CRFB. 
Princípio da Ubiquidade ou Princípio da Cooperação
Qual o objetivo desse princípio?
Ele vem evidenciar que o objeto de proteção do meio ambiente, deve ser levado em consideração sempre que uma política, atuação, legislação sobre qualquer tema, atividade ou obra tiver que ser criada e desenvolvida.
Isso ocorre porque o Direito Ambiental tutela a vida e a qualidade de vida, assim, tudo que se pretende fazer, criar ou desenvolver, deve antes passar por uma consulta ambiental para saber se há ou não possibilidade de degradação ambiental.  
É indispensável cooperar para controlar, evitar, reduzir e eliminar eficazmente os efeitos prejudiciais que determinadas atividades venham a produzir no meio ambiente.
Está presente na Conferência de Estocolmo:
Princípio 22
Os Estados devem cooperar para continuar desenvolvendo o direito internacional, no que se refere à responsabilidade e à indenização das vítimas da poluição e outros danos ambientais, que as atividades realizadas dentro da jurisdição ou sob controle de tais Estados, causem às zonas situadas fora de sua jurisdição.
Princípio 24
Todos os países, grandes e pequenos, devem ocupar-se com espírito e cooperação e em pé de igualdade das questões internacionais relativas à proteção e melhoramento do meio ambiente.
Princípio da Participação ou Democrático
Esse princípio assegura a todos os cidadãos o direito pleno de participar na elaboração de políticas públicas ambientais.
São mecanismos de participação popular na elaboração de políticas públicas ambientais:
	
A participação de iniciativa popular nos procedimentos legislativos, a realização de referendos sobre leis e a atuação de representantes da sociedade civil em órgãos colegiados dotados de poderes normativos.
	
	
A sociedade também pode atuar diretamente na defesa do meio ambiente, participando na formulação e na execução de políticas ambientais, por intermédio da atuação de representantes da sociedade civil em órgãos colegiados responsáveis pela formulação de diretrizes e pelo acompanhamento da execução de políticas públicas.
	
	
A utilização de instrumentos processuais que permitem a obtenção da prestação jurisdicional na área ambiental e que estão à disposição do cidadão e da coletividade brasileira na tutela do meio ambiente, como a Ação Popular, a Ação Civil Pública e o Mandado de Segurança Coletivo
A participação popular e o acesso à informação são elementos básicos para garantir a proteção do meio ambiente e um permanente envolvimento nas questões ambientais.
Este princípio está previsto no Princípio n. 10 da Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, estabelecida na Rio-92. 
Princípio da Educação Ambiental
Educação ambiental está outorgada como um direito do cidadão desde 1988, através da Lei nº 9.795/99 que instituiu a Política Nacional de Educação Ambiental.
A Lei 9.795/99, que dispõe sobre a Educação Ambiental e institui a Política Nacional de Educação Ambiental, em seu artigo 1° conceitua a educação ambiental como sendo:
“os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade”.
A norma continua em seu artigo 2° esclarecendo que:
“a educação ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não formal”.
Você sabe qual é o objetivo fundamental da educação ambiental?
O objetivo fundamental da educação ambiental é fazer com que os indivíduos e a coletividade compreendam a natureza complexa do meio ambiente natural e do meio ambiente criado pelo homem, resultante da interação de seus aspectos biológicos, sociais, econômicos e culturais.
O princípio da educação ambiental está expressamente previsto no art. 225, § 1º, inciso VI da Constituição Federal de 1988 e na Política Nacional do Meio Ambiente, Lei 6.938/81, em seu art. 2º, inciso X.Esse princípio está ainda previsto na Declaração de Estocolmo, princípio n. 19.
Princípio do Poluidor-Pagador
Impõe ao poluidor o dever de arcarcom as despesas de evitar a ocorrência de danos ambientais (caráter preventivo) e, ocorrido o dano, em razão da atividade desenvolvida, ser responsável por sua reparação (caráter repressivo).
Objetiva evitar o dano e ser responsabilizado quando o dano houver sido causado.
Como escreve Romeu Thomé, o princípio é “considerado como fundamental na política ambiental, pode ser entendido como um instrumento econômico que exige do poluidor, uma vez identificado, suportar as despesas de prevenção, reparação e repressão dos danos ambientais. Para sua aplicação, os custos sociais externos que acompanham o processo de produção (v.g. valor econômico decorrentes de danos ambientais) devem ser internalizados, ou seja, o custo resultante da poluição deve ser assumido pelos empreendedores de atividades potencialmente poluidoras, nos custos da produção. Assim, o causador da poluição arcará com os custos necessários à diminuição, eliminação ou neutralização do dano ambiental.”
Tem como fundamento legal o artigo 14, § 1º da PNMA, Lei 6.938/81 e o artigo art.225,§ 3º da CRFB.
O princípio do Poluidor Pagador tem como fundamento o princípio n. 16 da Declaração da Rio-92.
Sobre o tema também escreveu o Ministro Relator Herman Benjamin, no Recurso Especial nº 1.165.284 - MG (2009/0217030-6) de 12/04/2012.
“[...] Com efeito, vigora em nosso sistema jurídico o princípio da reparação integral do dano ambiental, do qual é corolário o princípio do poluidor-pagador, a impor a responsabilização por todos os efeitos decorrentes da conduta lesiva, incluindo o prejuízo suportado pela sociedade, até que haja a fundamental e absoluta recuperação in natura do bem lesado. Se a recuperação é imediata e plena, não há, como regra, falar em indenização. Contudo, casos existem em que ela é lenta, podendo haver um remanescente de prejuízo coletivo (e também individual) até o completo retorno ao status quo ante ecológico [...]”.
Princípio da Prevenção
A prevenção refere-se ao dano conhecido.
É possível que você esteja se perguntando... Quando ele ocorre?
Ocorre quando o perigo é certo e se tem elementos seguros para afirmar que uma atividade específica é efetivamente perigosa.
Neste caso, existe o conhecimento dos efeitos de determinadas atividades e das medidas que se impõem ações no sentido de evitá-las ou, pelo menos, minimizá-las.
Este princípio tem o objetivo de impedir a ocorrência de danos ao meio ambiente, adotando-se medidas acautelatórias prévias à instalação, obra ou implantação de determinado empreendimento ou atividade consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras.
O princípio da prevenção, está previsto no caput do artigo 225 da Constituição Federal de 1988, ao narrar que é dever do Poder Público e à coletividade defender e preservar o meio ambiente para as presentes e futuras gerações.
Um exemplo de aplicação do princípio da prevenção é o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) para a instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente.
Romeu Thomé disciplina que este princípio é:
“orientador no Direito Ambiental, enfatizando a prioridade que deve ser dada às medidas que previnam (e não simplesmente reparem) a degradação ambiental. A finalidade ou o objetivo principal do princípio da prevenção é evitar que o dano possa chegar a produzir-se. Para tanto, necessário se faz adotar medidas preventivas”.
Princípio da Precaução
Por este princípio, não existe prova definitiva de que o dano ao meio ambiente ocorrerá, trata-se de mera possibilidade, ameaça de que o dano ambiental se materializará.
Como escreve Romeu Thomé, “o princípio da precaução é considerado uma garantia contra os riscos potenciais que, de acordo com o estado atual do conhecimento, não podem ser ainda identificados.”
Explica Édis Milaré que “a invocação do princípio da precaução é uma decisão a ser tomada quando a informação científica é insuficiente, inconclusiva ou incerta e haja indicações de que os possíveis efeitos sobre o meio ambiente, a saúde das pessoas ou dos animais ou a proteção vegetal possam ser potencialmente perigosos e incompatíveis com o nível de proteção escolhido”.
IMPORTANTE: Este princípio não deve ser confundido com o princípio da prevenção, muito embora possa ser entendido, para alguns autores, como um desdobramento deste. O princípio da prevenção pressupõe uma razoável previsibilidade dos danos que poderão ocorrer a partir de um determinado impacto, já o princípio da precaução pressupõe, ao contrário, uma razoável imprevisibilidade dos danos que poderão ocorrer, dada a incerteza científica dos processos ecológicos envolvidos.
O Princípio da Precaução decorre do princípio n. 15 da Declaração do Rio-92.
Princípio do Usuário Pagador
Consiste na cobrança de um valor econômico pela utilização de um bem ambiental. Este princípio estabelece que quem utiliza o recurso ambiental deve suportar seus custos. Este valor não se deve constituir em uma taxa abusiva ou um enriquecimento sem causa.
Não tem a natureza reparatória e punitiva prevista no princípio do poluidor pagador, pois não está associado à infração ou ilicitude.
A Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), Lei 6.938/81, em seu art. 4º, inciso VII, dispõe que a Política Nacional do Meio Ambiente visará “à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos”.
Princípio da Responsabilidade ou da Responsabilização
Engloba a responsabilidade Civil, Penal e Administrativa da Pessoa Física e da Pessoa Jurídica que causa dano ao meio ambiente. Tem sua origem na responsabilidade objetiva e está previsto no art. 14, § 1º da Lei nº 6.938/81 (Política Nacional do Meio Ambiente), e no § 3º do art. 225 da Constituição Federal de 1988.
Por este princípio, o poluidor, pessoa física ou jurídica, responde por suas ações ou omissões que causaram dano ao meio ambiente, ficando sujeito a sanções cíveis, penais ou administrativas.
Parte do relatório proferido pelo Ministro relator Herman Benjamin, no Recurso Especial nº 1.328.753 - MG (2012/0122623-1). 03.02.2015.
“[...] Álvaro Luiz Valery Mirra, magistrado em São Paulo, leciona que o princípio da reparação integral "deve conduzir o meio ambiente e a sociedade a uma situação na medida do possível equivalente à de que seriam beneficiários se o dano não tivesse sido causado" (Ação Civil Pública e a Reparação do Dano Ambiental , 2ª ed., São Paulo, Editora Juarez de Oliveira, 2004, fl. 314). Prossegue o autor (p. 315, grifos no original):
Nesse sentido, a reparação integral do dano ao meio ambiente deve compreender não apenas o prejuízo causado ao bem ou recurso ambiental atingido, como também, na lição de Helita Barreira Custódio, toda a extensão dos danos produzidos em consequência do fato danoso, o que inclui os efeitos ecológicos e ambientais da agressão inicial a um bem ambiental corpóreo que estiverem no mesmo encadeamento causal, como, por exemplo, a destruição de espécimes, habitats, e ecossistemas inter-relacionados com o meio afetado; os denominados danos interinos, vale dizer, as perdas de qualidade ambiental havidas no interregno entre a ocorrência do prejuízo e a efetiva recomposição do meio degradado; os danos futuros que se apresentarem como certos, os danos irreversíveis à qualidade ambiental e os danos morais coletivos resultantes da agressão a determinado bem ambiental.”
Princípio da Obrigatoriedade da Intervenção Estatal na Defesa do Meio Ambiente
Dispõe o artigo 225, caput da Constituição Federal que cabe ao poder público o dever de defender e preservar o meio ambiente ecologicamente equilibrado para as presentes e futuras gerações, nesse sentido este princípio decorre da natureza indisponível do direito ao meio ambiente saudável.
Esse princípio tem por base a atuação obrigatória do Estado na proteção ambiental em decorrência da natureza indisponível do meio ambiente, “cuja a proteção é reconhecida hojecomo indispensável à dignidade e à vida de toda pessoa – núcleo essencial dos direitos fundamentais” (Thomé, 2016).
Está disciplinado no artigo 174, da Constituição Federal de 1988, ao consagrar que “como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para o setor público e indicativo para o setor privado”.
Também consta no item 17 da Declaração de Estocolmo de 1972 (Conferência da ONU sobre meio ambiente).
Dispõe a declaração que:
“Deve ser confiada, às instituições nacionais competentes, a tarefa de planificar, administrar e controlar a utilização dos recursos ambientais dos Estados, com o fim de melhorar a qualidade do meio ambiente”.
Princípio do Equilíbrio Resultado global
É o princípio pelo qual devem ser pesadas todas as implicações de uma intervenção no meio ambiente, buscando-se adotar a solução que melhor concilie um resultado globalmente positivo. Esse princípio é voltado para a Administração Pública, a qual deve sopesar todas as implicações que podem ser desencadeadas por determinada intervenção no meio ambiente, devendo adotar a solução que busque alcançar o desenvolvimento sustentável. Ele possui como característica básica a ponderação de valores.
Princípio do Limite
É o princípio pelo qual a administração pública tem o dever de fixar parâmetros para as emissões de partículas, de ruídos e de presença a corpos estranhos no meio ambiente, levando em conta a proteção da vida e do próprio meio ambiente. Está diretamente ligado ao exercício do Poder de Polícia do Estado, pois cabe a este fiscalizar e orientar a sociedade quanto aos limites em usar e aproveitar o bem ambiental.
Édis Milaré escreve que este princípio:
“resulta de intervenções necessárias à manutenção, preservação e restauração dos recursos ambientais com vista á sua utilização racional e disponibilidade permanente.”
Princípio da função socioambiental da propriedade
Este princípio consagra a sobreposição do interesse público ao interesse privado. O poder estatal, que é em tese ilimitado, será limitado todas as vezes que atingir direitos e garantias individuais, contudo, o interesse na proteção do meio ambiente, por ser de natureza pública, deve prevalecer sempre sobre os interesses individuais privados, ainda que legítimos.
A Constituição Federal de 1988, ao mesmo tempo em que garante o Direito de Propriedade em seu art. 5º, inciso XXII, deixa claro que este tem uma função social a cumprir, prevista no:
ARTIGO 5º, INCISO XXIII
ARTIGO 170, INCISO III
ARTIGO 182, §2º(FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE URBANA)
ARTIGO186, INCISO II (FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE RURAL)
O Direito Ambiental e sua proteção constitucional
A Constituição da República Federativa do Brasil (CRFB), promulgada em 1988, elevou o meio ambiente a status constitucional, criando capítulo próprio para o mesmo no artigo 225 (Capítulo VI – Do Meio Ambiente, dentro do Título VIII - Da Ordem Social).
	
A norma constitucional deixa claro que:
“todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.
	
	
Desse modo, o bem ambiental é um direito de todos, bem de uso comum do povo e dever do Poder Público e da coletividade defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
A Constituição Federal é a principal fonte formal do Direito Ambiental. A norma trata a questão ambiental de forma abrangente, apresenta uma série de preceitos quanto à tutela ambiental em seu texto ou de forma fragmentada ou em diversos capítulos, além, é claro, do art. 225 e seus parágrafos.
Antes de continuar seus estudos, veja alguns exemplos de artigos da CRFB que tratam, de alguma maneira, do bem ambiental.
Para possibilitar a ampla proteção, a Constituição Federal de 1988 previu diversas regras, divisíveis em quatro grandes grupos, que são:
	
Regras Gerais
As Regras Gerais são aquelas previstas, de forma direta ou indireta, em vários textos da Constituição Federal.
	
	
Regras de Competência
As Regras de Competência são divididas em legislativas e administrativas; a primeira diz respeito ao poder de legislar dos Entes Federativos, e a segunda atribui ao Poder Público, a prática de atos administrativos em prol da preservação e proteção ambiental.
	
Regras Específicas
São Regras Específicas as previstas no capítulo do Meio Ambiente, isto é, no artigo 225 e seus parágrafos da Constituição Federal.
	
	
Regras de Garantia
As Regras de Garantia são as tutelas processuais ambientais, como a ação popular, a ação civil pública, entre outras.
Neste momento, faremos uma análise detalhada do artigo 225, caput e seus parágrafos da Constituição Federal.
	CRFB, art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
	
	Para Paulo de Bessa Antunes, a palavra todos, existente no caput do artigo 225, “tem o sentido de qualquer indivíduo que se encontre em território nacional, independentemente de sua condição jurídica perante o nosso ordenamento jurídico”. São todos os seres humanos, não havendo a exigência da condição de cidadão.
	
	Por este entendimento, até o estrangeiro não residente no país e aqueles que, por qualquer motivo, tenham suspensos seus direitos de cidadania, ainda que parcialmente, se encaixam como destinatários da norma contida no caput do artigo 225 da CRFB.
A Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), Lei n. 6.938, sancionada em 1981, em seu artigo 2°, inciso I, consagra que o meio ambiente como um patrimônio público deve ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo. Bom destacar que esta norma consagra o conceito de meio ambiente natural, em seu artigo 3°, inciso I que dispõe que meio ambiente é o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas.
Art. 225, §1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
No artigo 225, §1º e seus incisos, estão contidos os comandos, de natureza obrigatória, que deve o Poder Público dispor para a defesa do meio ambiente.
O Poder Público para assegurar a proteção do meio ambiente deve:
I - PRESERVAR E RESTAURAR OS PROCESSOS ECOLÓGICOS ESSENCIAIS E PROVER O MANEJO ECOLÓGICO DAS ESPÉCIES E ECOSSISTEMAS
II - PRESERVAR A DIVERSIDADE E A INTEGRIDADE DO PATRIMÔNIO GENÉTICO DO PAÍS E FISCALIZAR AS ENTIDADES DEDICADAS À PESQUISA E MANIPULAÇÃO DE MATERIAL GENÉTICO
III - DEFINIR, EM TODAS AS UNIDADES DA FEDERAÇÃO, ESPAÇOS TERRITORIAIS E SEUS COMPONENTES A SEREM ESPECIALMENTE PROTEGIDOS, SENDO A ALTERAÇÃO E A SUPRESSÃO PERMITIDAS SOMENTE ATRAVÉS DE LEI, VEDADA QUALQUER UTILIZAÇÃO QUE COMPROMETA A INTEGRIDADE DOS ATRIBUTOS QUE JUSTIFIQUEM SUA PROTEÇÃO
IV - EXIGIR, NA FORMA DA LEI, PARA INSTALAÇÃO DE OBRA OU ATIVIDADE POTENCIALMENTE CAUSADORA DE SIGNIFICATIVA DEGRADAÇÃO DO MEIO AMBIENTE, ESTUDO PRÉVIO DE IMPACTO AMBIENTAL, A QUE SE DARÁ PUBLICIDADE
V - CONTROLAR A PRODUÇÃO, A COMERCIALIZAÇÃO E O EMPREGO DE TÉCNICAS, MÉTODOS E SUBSTÂNCIAS QUE COMPORTEM RISCO PARA A VIDA, A QUALIDADE DE VIDA E O MEIO AMBIENTE
VI - PROMOVER A EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM TODOS OS NÍVEIS DE ENSINO E A CONSCIENTIZAÇÃO PÚBLICA PARA A PRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE
VII - PROTEGER A FAUNA E A FLORA, VEDADAS, NA FORMA DA LEI, AS PRÁTICAS QUE COLOQUEM EM RISCO SUA FUNÇÃO ECOLÓGICA, PROVOQUEM A EXTINÇÃO DE ESPÉCIES OU SUBMETAM OS ANIMAIS A CRUELDADE
Art. 225, §2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma dalei.
O §2º do artigo 225 da Constituição Federal destaca que aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei.
Essa norma deixa cristalina a presença dos princípios ambientais do poluidor-pagador e da responsabilidade para aquele que explorar recursos minerais sendo este obrigado a recuperar o bem ambiental que veio a degradar fruto da atividade extrativista.
Art. 225, §3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.
O §3º do artigo 225 da CRFB, deixa claro a responsabilidade por aquele que causar dano ao meio ambiente. Esta responsabilidade pode ser tanto na esfera administrativa, quanto na criminal, sem esquecer da responsabilidade civil de reparar os danos causados.
A PNMA, em seu artigo 14, §1º, já consagrava a responsabilidade do agente que causa dano ambiental, dispõe a norma que:
“sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade”.
Art. 225, §4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais.
Quanto ao §4° do texto legal, merece destaque observar que a Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são considerados patrimônios nacionais, não se confundindo com propriedade pública. Essas áreas não são bens da União, destaca José Afonso da Silva que:
“declara a Constituição que os complexos ecossistemas referidos no art. 225, §4°, são patrimônio nacional. Isso não significa transferir para a União o domínio sobre as áreas particulares, estaduais e municipais situadas nas regiões mencionadas”.
Estando a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira em terras particulares, nada obsta a sua utilização por estes dos recursos naturais existentes nessas áreas, desde que observadas as prescrições legais e respeitadas as condições necessárias à preservação ambiental.
A Lei n. 13.123/2015 que disciplina sobre o acesso ao patrimônio genético, a proteção e o acesso ao conhecimento tradicional associado e a repartição de benefícios para conservação e uso sustentável da biodiversidade, também surgiu com o fim de regulamentar o §4°do artigo 225 da Carta Magna.
Art. 225, §5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais.
Neste parágrafo, importante destacar o conceito de terras devolutas. Terras devolutas podem ser conceituadas como:
“sendo todas as terras existentes no território brasileiro, que não se incorporaram legitimamente ao domínio particular, bem como as já incorporadas ao patrimônio público, porém não afetadas a qualquer uso público”. (Di Pietro, 2010).
Elas integram a categoria de bens públicos dominicais pois não há destinação pública.
Escreve Thomé que “há uma importante exceção constitucional às regras tradicionalmente adotadas para as terras devolutas, prevista no artigo 225, §5º da CRFB/1988.
Art. 225, §6º As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas.
Esse parágrafo do artigo 225 da Constituição Federal trata das usinas nucleares. Como se verá a seguir, a competência para legislar sobre as atividades nucleares é privativa da União, artigo 22, inciso XXXVI da CRFB. Da mesma forma, os recursos minerais são bens da União, conforme determina o artigo 20, inciso IX do texto legal.
Competência Constitucional Ambiental
A Constituição da República Federativa do Brasil, sancionada em 1988, reparte as competências entre todos os entes da federação brasileira, isto é, entre a União, Estados, Distrito Federal e Municípios, segundo destaca o artigo 18, caput da Constituição Federal.
A principal característica da Federação é a autonomia das unidades federadas, que caracteriza-se pela capacidade das unidades federativas de se auto-organizar, observando os princípios do pacto federal.
A doutrina divide a competência dos entes públicos em:
Competência Administrativa ou material e Competência Legislativa.
Vejamos cada uma, com mais detalhes.
Competência Administrativa ou material
A Competência Administrativa atribui ao Poder Público a prática de atos administrativos e de atividades ambientais. Romeu Thomé destaca que esta competência:
“cuida da atuação concreta do ente, através do exercício do poder de polícia.”
A competência administrativa ou material se divide em:
Competência administrativa (ou material) exclusiva; e Competência administrativa (ou material) comum.
Competência Legislativa. A Competência legislativa é atribuída aos entes federativos o ato de legislar. A Competência Legislativa é dividida em:
1 - COMPETÊNCIA LEGISLATIVA PRIVATIVA
2. COMPETÊNCIA LEGISLATIVA EXCLUSIVA
3 - COMPETÊNCIA LEGISLATIVA RESIDUAL
4 - COMPETÊNCIA LEGISLATIVA CONCORRENTE
5 - COMPETÊNCIA LEGISLATIVA SUPLEMENTAR
6 - COMPETÊNCIA LEGISLATIVA SUPLETIVA
Política Nacional do Meio Ambiente - Lei n. 6.938/81
De acordo com a Declaração de Estocolmo 1972, em razão da necessidade de se estabelecer uma visão global e princípios comuns para a preservação e melhoria do ambiente humano, através de políticas e ações ambientais, foi instituída, no Brasil, em 1981, a Lei 6.938/81, conhecida como:
Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA).
A PNMA foi a principal Lei Federal ambiental sancionada antes da Constituição Federal de 1988 e amplamente recepcionada por esta. A norma visa dar efetividade ao princípio matriz contido no artigo 225, caput, da Constituição consubstanciado no direito de todos ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, sendo um conjunto de instrumentos legais, técnicos, científicos, políticos e econômicos destinados à promoção do desenvolvimento sustentável.
Fonte: kotoffei / Shutterstock
Trata-se de uma norma de Gestão Ambiental que organiza e orienta o Poder Público sobre o poder de polícia ambiental, através do Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA), e estabelece objetivos, princípios, diretrizes, conceitos básicos sobre meio ambiente e poluição e instrumentos administrativos, penais, civis e econômicos de proteção ao meio ambiente, hábeis à sua realização.
PNMA, art 1º - Esta lei, com fundamento nos incisos VI e VII do art. 23 e no art. 235 da Constituição, estabelece a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, constitui o Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama) e institui o Cadastro de Defesa Ambiental.
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	A norma em seu artigo 2º, caput consagra seu objetivo geral como sendo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana.
	
	PNMA, art 2º - A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana [...].
O que é qualidade ambiental?
A qualidade ambiental é o estado do meio ambiente ecologicamente equilibrado, conforme preceitua o art. 225, caput da Constituição Federal. É pelo estudo da qualidade ambiental que o Direito Ambiental vai traçar sua política nas diversas esferasda Federação.
Assim:
	Preservar é impedir a intervenção humana;
	
	Melhorar é permitir a intervenção humana no meio ambiente, com o objetivo de aprimorar a qualidade dos recursos ambientais, realizando o manejo adequado desses bens;
	
	Recuperar é permitir a intervenção humana, buscando a reconstituição dos bens degradados, fazendo com que eles voltem a ter as mesmas características.
Princípios
Os princípios da Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA) são os orientadores da ação governamental, conforme o disposto no art. 2º, inciso I a X da norma, tendo em vista o Objetivo Geral, de preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental que assegurem ao país as condições de desenvolvimento sustentável, os interesses da segurança nacional e a proteção da dignidade da pessoa humana. 
Os princípios da PNMA não se confundem com os princípios do direito ambiental, pois são específicos e instrumentais da política ambiental, alguns como mera orientação da ação governamental.
Conforme disciplinado no art 2º, são princípios da Política Nacional do Meio Ambiente:
I. ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o meio ambiente como um patrimônio público a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo;
II. racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar;
III. planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais;
IV. proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas;
V. controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente poluidoras;
VI. incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o uso racional e a proteção dos recursos ambientais;
VII. Acompanhamento do estado da qualidade ambiental;
VIII. recuperação de áreas degradadas;
IIX. proteção de áreas ameaçadas de degradação;
X. educação ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive a educação da comunidade, objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio ambiente.
Conceitos
O artigo 3° da Política Nacional do Meio Ambiente, Lei 6938/81, disciplina importantes conceitos para o estudo do Direito Ambiental, são eles:
Meio ambiente:
É “o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”.
A doutrina já estabeleceu que este artigo trata apenas do conceito de meio ambiente natural, constituído pela água, solo, ar, flora e fauna. Verá nas próximas aulas que o meio ambiente se divide ainda em meio ambiente cultural, previsto no artigo 215 e 216 da Constituição Federal, que trata da proteção do patrimônio histórico, artístico, paisagístico, turístico e arqueológico, meio ambiente artificial, artigos 182 e 183 da Carta Magna, que é o meio ambiente construído, o conjunto de edificações e equipamentos públicos como praças e rua e meio ambiente do trabalho, artigo 7°, inciso XXII e artigo 200, inciso VIII do mesmo diploma legal que consiste na qualidade de vida no meio ambiente do trabalho, nas relações laborais.
	Degradação da qualidade ambiental:
É “a alteração adversa das características do meio ambiente”.
	
	Poluição:
É a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente venham a prejudicar a saúde, a segurança e o bem-estar da população, ou que criem condições adversas às atividades sociais e econômicas, ou venham a afetar a forma desfavorável o biota, afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente ou, ainda, que lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos.
	Poluidor:
É a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, de forma direta ou indireta, por atividade causadora de degradação ambiental.
	
	Recursos ambientais:
São a atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora.
Objetivos
O artigo 4° da Política Nacional do Meio Ambiente elenca os objetivos específicos que devem ser perseguidos e alcançados, visando à harmonização do meio ambiente com o desenvolvimento sustentável e a dignidade da pessoa humana, conforme o estabelecido no art. 2º da Lei.
Esses objetivos gerais serão agora analisados: 
Art. 4º - A Política Nacional do Meio Ambiente visará:
	I - À compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico.
	
	A compatibilização do desenvolvimento econômio-social está previsto também na Constituição Federal no capítulo que trata da Ordem Econômica, artigo 170, inciso VI: “defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação”.
	II - À definição de áreas prioritárias de ação governamental relativa à qualidade e ao equilíbrio ecológico, atendendo aos interesses da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios.
	
	O Poder Público, por meio do Poder Executivo nas três esferas da Federação deve editar políticas públicas que tenham por finalidade a preservação da qualidade ambiental e do equilíbrio ecológico, conforme afirma Antonio Beltrão.
As áreas prioritárias de ação governamental relativa à qualidade e ao equilíbrio ecológico estão previstas também em nossa Constituição Federal, artigo 225, §1º, inciso III, quando dispõe: “espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, e criados, nas três esferas da Federação”. 
Entre as áreas prioritárias têm-se as áreas de preservação permanente (APP), que estão previstas no Código Florestal, Lei 12.651/12 e as unidades de conservação (UCs) dispostas no Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), Lei 9.985/00.
	III - Ao estabelecimento de critérios e padrões de qualidade ambiental e de normas relativas ao uso e manejo de recursos ambientais.
	
	A Política Nacional do Meio Ambiente deve fixar os critérios e padrões de qualidade a serem observados para a utilização dos recursos ambientais.
	IV - Ao desenvolvimento de pesquisas e de tecnologias nacionais orientadas para o uso racional de recursos ambientais.
	
	O uso de tecnologia é essencial para se alcançar o desenvolvimento sustentável. Assim, o Poder Público tem importante papel como fomentador de pesquisas e de novas tecnologias, com o objetivo de melhorar o processo produtivo.
	V - À difusão de tecnologias de manejo do meio ambiente, à divulgação de dados e informações ambientais e à formação de uma consciência pública sobre a necessidade de preservação da qualidade ambiental e do equilíbrio ecológico.
	
	A Lei 10.650/2003, dispõe sobre o acesso público aos dados e informações existentes nos órgãos e entidades integrantes do SISNAMA.
	VI - À preservação e restauração dos recursos ambientais com vistas à sua utilização racional e disponibilidade permanente, concorrendo para a manutenção do equilíbrio ecológico propício à vida.
	
	Conforme orienta Beltrão, uma das características comuns dos recursos naturais é a sua escassez, por serem bens finitos. Daí a necessidade da intervenção governamental para regulá-los, evitando os conflitos, em sua utilização, através de planejamento racional por parte das autoridades, de modo a propiciar a disponibilidade dos recursos assegurando o interesse da coletividade e o equilíbrio ambiental.
	VII - À imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos.
	
	Tem como base o princípio do poluidor pagador, que decorre da teoria econômica segundo a qual devem-se internalizar os custos externos, impondo-se ao poluidor a responsabilidade pelo custo social da degradação ambiental por ele produzida. Em continuidade, o princípio do usuário pagador, do qual se impõe a cobrança de um valoreconômico pela utilização de um bem ambiental, de natureza meramente remunerativa – e não punitiva.
Diretrizes
O que é diretriz?
Para Aurélio Buarque de Holanda, diretriz é:
“a linha reguladora de um caminho, o conjunto de instruções ou indicações para se tratar e levar a termo um plano, uma ação”.
	Para que os objetivos específicos elencados na Política Nacional do Meio Ambiente, Lei 6.938/81, no artigo 4º não fiquem somente no papel, o artigo 5º estabelece que as diretrizes serão formuladas em normas e planos de orientação às ações governamentais, sempre em observância aos princípios apresentados no artigo 2º.
	
	PNMA, art 5º - As diretrizes da Política Nacional do Meio Ambiente serão formuladas em normas e planos, destinados a orientar a ação dos Governos da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios no que se relaciona com a preservação da qualidade ambiental e manutenção do equilíbrio ecológico, observados os princípios estabelecidos no art. 2º desta Lei.
Parágrafo único - As atividades empresariais públicas ou privadas serão exercidas em consonância com as diretrizes da Política Nacional do Meio Ambiente.
Instrumentos
A Política Nacional do Meio Ambiente destaca 13 instrumentos para execução de sua política. Tratam-se de instrumentos administrativos de gestão ambiental, podem ser conceituados como mecanismos estatais, legalmente instituídos na visão de Milaré (2014).
São instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente, instituídos no artigo 9° da norma:
I - O ESTABELECIMENTO DE PADRÕES DE QUALIDADE AMBIENTAL.
II - O ZONEAMENTO AMBIENTAL.
III - A AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS (AIA).
IV - O LICENCIAMENTO E A REVISÃO DE ATIVIDADES EFETIVA OU POTENCIALMENTE POLUIDORAS.
V - OS INCENTIVOS À PRODUÇÃO E INSTALAÇÃO DE EQUIPAMENTOS E A CRIAÇÃO OU ABSORÇÃO DE TECNOLOGIA, VOLTADOS PARA A MELHORIA DA QUALIDADE AMBIENTAL.
VI - A CRIAÇÃO DE ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS PELO PODER PÚBLICO FEDERAL, ESTADUAL E MUNICIPAL, TAIS COMO ÁREAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL, DE RELEVANTE INTERESSE ECOLÓGICO E RESERVAS EXTRATIVISTAS.
VII - O SISTEMA NACIONAL DE INFORMAÇÕES SOBRE O MEIO AMBIENTE (SINIMA).
VIII - O CADASTRO TÉCNICO FEDERAL DE ATIVIDADES E INSTRUMENTOS DE DEFESA AMBIENTAL.
IX - AS PENALIDADES DISCIPLINARES OU COMPENSATÓRIAS AO NÃO CUMPRIMENTO DAS MEDIDAS NECESSÁRIAS À PRESERVAÇÃO OU CORREÇÃO DA DEGRADAÇÃO AMBIENTAL.
X - A INSTITUIÇÃO DO RELATÓRIO DE QUALIDADE DO MEIO AMBIENTE, A SER DIVULGADO ANUALMENTE PELO INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS – IBAMA.
XI - A GARANTIA DA PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES RELATIVAS AO MEIO AMBIENTE, OBRIGANDO-SE O PODER PÚBLICO A PRODUZI-LAS, QUANDO INEXISTENTES.
XII - O CADASTRO TÉCNICO FEDERAL DE ATIVIDADES POTENCIALMENTE POLUIDORAS E/OU UTILIZADORAS DOS RECURSOS AMBIENTAIS.
XIII - INSTRUMENTOS ECONÔMICOS, COMO CONCESSÃO FLORESTAL, SERVIDÃO AMBIENTAL, SEGURO AMBIENTAL E OUTROS.
Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA
O Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA) foi instituído pela PNMA, artigo 6° e regulamentado pelo Decreto 99.274/90, de 06 de Junho de 1990.
Esse sistema é constituído por entidades e órgãos da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e pelas Fundações instituídas pelo Poder Público, investidos do poder de polícia ambiental com suas competências (material/administrativa).
É possível que você esteja se perguntando...Qual a sua finalidade?
Dar cumprimento ao princípio matriz previsto no artigo 225 da Constituição Federal de 1988, isto é, proteção e melhoria da qualidade ambiental e ainda estabelecer uma rede de agências governamentais, nos diversos níveis da Federação, visando assegurar os mecanismos capazes de implantar a Política Nacional do Meio Ambiente.
Fonte: Levent Konuk / Shutterstock
Sua estrutura é formada por:
	Órgão Superior
É o Conselho de Governo.
	
	Órgão Consultivo e Deliberativo
É o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA).
	Órgão Central
É o Ministério do Meio Ambiente(MMA).
	
	Órgãos Executores
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade.
	Órgão Seccionais
São os órgãos ou entidades estaduais responsáveis pela execução de programas, projetos e pelo controle e fiscalização de atividades capazes de provocar a degradação ambiental.
	
	Órgãos Locais
São os órgãos ou entidades municipais responsáveis pelo controle e fiscalização dessas atividades, nas suas respectivas jurisdições.
Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA
O Conselho Nacional do Meio Ambiente foi criado pela PNMA, em seu artigo 7°.
Qual o seu objetivo?
Tem por objetivo “assessorar, estudar e propor ao Conselho de Governo diretrizes de políticas governamentais para o meio ambiente e os recursos naturais e deliberar, no âmbito de sua competência, sobre normas e padrões compatíveis com o meio ambiente ecologicamente equilibrado e essencial à sadia qualidade de vida”, artigo 6°, inciso II da PNMA.
O Conselho é um colegiado representativo de cinco setores: órgãos federais, estaduais e municipais, setor empresarial e sociedade civil.
Atualmente, a estrutura do CONAMA se compõe da seguinte forma: Plenário, Comitê de Integração de Políticas Ambientais (CIPAM), Câmaras Técnicas, Grupos de Trabalho, Grupos Assessores, Câmara Especial Recursal.
Poder de Polícia
O poder de polícia administrativo é a atividade da Administração Pública, expressa em atos normativos ou concretos, de condicionar, com fundamento em sua supremacia geral e na forma da lei, a liberdade e a propriedade dos indivíduos, mediante ação ora fiscalizadora, ora preventiva, ora repressiva.
Sob o ponto de vista legal, o único conceito encontrado no ordenamento jurídico brasileiro é o expresso no art. 78 do Código Tributário Nacional, da Lei Federal 5.172/66.
CTN, artigo 78:
“Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou a abstenção de fato, em razão do interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.
Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de polícia quando desempenhado pelo órgão competente nos limites da lei aplicável, com observância do processo legal e, tratando-se de atividade que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou desvio de poder”.
O poder de polícia aplicado ao plano ambiental advém da polícia administrativa, ou seja, aquela que incide sobre bens, direitos e atividades, inerente a toda Administração Pública. Está definido no artigo 225 da Constituição Federal, é prerrogativa do Poder Público no âmbito do executivo, “dotado dos atributos da discricionariedade, da autoexecutoriedade e da coercitividade, inerentes aos atos administrativos” (Milaré; 2014).
Assim, é através do poder de polícia ambiental que o Estado, cumprindo uma disposição constitucional, protege o meio ambiente, elevado à condição jurídica de bem de uso comum do povo.
Para Paulo Affonso Leme Machado:
“o poder de polícia ambiental é a atividade da Administração Pública que limita ou disciplina direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou a obtenção de fato em razão de interesse público concernente à saúde da população, à conservação dos ecossistemas, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas ou de outras atividades dependentes de concessão, autorização/permissão ou licença do Poder Público de cujas atividades possam decorrer poluição ou agressão à natureza”.
Ele é exercido pelas autoridades integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA), conforme dispõe a Lei nº 6.938, PNMA. 
As sanções no campo ambiental devem observar umagradação das penalidades, de modo a evitar que sejam desnecessárias, inadequadas ou desproporcionais. Podem ser:
✔ Advertência;
✔ Multa simples;
✔ Multa diária; 
✔ Apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna e flora, instrumentos, petrechos, equipamentos ou veículos de qualquer natureza utilizados na infração; 
✔ Destruição ou inutilização do produto; 
✔ Suspensão de venda e fabricação do produto; 
✔ Embargo de obra ou atividade; demolição de obra; 
✔ Suspensão parcial ou total de atividades e restritiva de direitos.
Licenciamento Ambiental
A qualidade da vida humana e de todos os seres depende do meio ambiente ecologicamente equilibrado, conforme previsto no artigo 225, caput da Constituição da República Federativa do Brasil (CRFB).
CRFB, art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
A defesa do meio ambiente está prevista também no artigo constitucional norteador da atividade econômica, artigo 170, inciso VI da CRFB. Entretanto, na maioria das vezes, as pressões e interesses de mercado sobrepujam a proteção ambiental, privilegiando o crescimento econômico em detrimento do meio ambiente sadio como um direito fundamental de todos. Neste contexto, o licenciamento ambiental torna-se o instrumento fundamental na busca do desenvolvimento sustentável.
O Licenciamento Ambiental torna-se, portanto, um instrumento de caráter preventivo, essencial à atuação do Estado na proteção e preservação do meio ambiente. As atividades utilizadoras de recursos ambientais, e quaisquer outras, efetiva ou potencialmente poluidoras, ou capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental, serão submetidas ao controle do poder da polícia ambiental dos entes federados, que irá estabelecer condições e limites para o exercício dessas atividades, por meio do licenciamento ambiental.
A contribuição desse instrumento, estabelecido no artigo 9°, inciso IV, da Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA) é fundamental para compatibilizar o desenvolvimento econômico e a preservação do meio ambiente, visando o necessário equilíbrio entre eles, isto é, desenvolvimento sustentável.
Fonte: Shutterstock
Conceito de Licenciamento Ambiental
Política Nacional de Meio Ambiente
A Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA), Lei n. 6.938/81, em seu artigo 10 determina que o Licenciamento Ambiental é necessário para construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental dependerão de prévio licenciamento ambiental. A redação atual do artigo foi estabelecida pela Lei Complementar n. 140/2011.
Resolução do CONAMA
A Resolução do CONAMA n. 237/97, em seu artigo 1°, inciso I conceituou licenciamento ambiental como sendo o procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso.
Lei Complementar
Posteriormente, em 2011, a Lei Complementar n. 140, o artigo 2°, inciso I, estabeleceu que o licenciamento ambiental é o procedimento administrativo destinado a licenciar atividades ou empreendimentos utilizadores de recursos ambientais efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental.
Licenças ambientais
Conforme preceitua o artigo 2°, caput e §1º da Resolução CONAMA n. 237/97:
O licenciamento ambiental está apoiado também em outros instrumentos de gestão, como:
• O zoneamento ecológico econômico (ZEE);
• Planos de bacia (Política Nacional de Recursos Hídricos, Lei 9.433/1997);
• Planos de manejo de unidades de conservação (Sistema de Unidades de Conservação - SNUC, Lei 9.60519/98);
• Identificação ou não de Áreas de Proteção Permanente (APP), (Código Florestal - Lei 12.651/2012).
A Resolução do CONAMA n. 237/97, regulamenta os aspectos de licenciamento ambiental estabelecidos na Política Nacional de Meio Ambiente e conceitua, em seu artigo 1º, inciso II a licença ambiental, dispõe a norma que a Licença Ambiental é o...
A licença ambiental é uma autorização emitida pelo órgão ambiental competente ao empreendedor para exercer seu direito à livre iniciativa, atendidas as solicitações previstas pelo órgão competente para o licenciamento. Tem caráter preventivo e também precário, pois a licença ambiental pode ser cassada, caso as condições estabelecidas não sejam cumpridas. O interessado é obrigado a se reportar ao Estado para solicitar os procedimentos necessários para a obtenção da licença ambiental, ao pretender desenvolver uma atividade considerada potencialmente causadora de significativa degradação ambiental.
Como observa a Resolução do CONAMA n. 237/97, em seus artigos 8º e 18, o licenciamento ambiental é composto por três tipos de licença, são elas:
LICENÇA PRÉVIA (LP)
LICENÇA DE INSTALAÇÃO (LI)
LICENÇA DE OPERAÇÃO (LO)
Cada uma dessas licenças são distintas umas das outras e poderão ser expedidas isolada ou sucessivamente, de acordo com a natureza, características e fase do empreendimento ou atividade, parágrafo único, artigo 8º.
Para cada etapa do licenciamento ambiental é necessária a licença adequada. Para o planejamento de um empreendimento ou de uma atividade tem-se a Licença Prévia (LP), na construção da obra há a Licença de Instalação (LI) e na operação ou funcionamento, a Licença de Operação.
Etapas do Licenciamento Ambiental
Segundo estabelece a Resolução do CONAMA n. 237/97, as etapas do licenciamento ambiental estão disciplinadas em seu artigo 10.
A norma ainda deixa claro que “os estudos necessários ao processo de licenciamento deverão ser realizados por profissionais legalmente habilitados, a expensas do empreendedor.
Parágrafo único. O empreendedor e os profissionais que subscrevem os estudos previstos no caput deste artigo serão responsáveis pelas informações apresentadas, sujeitando-se às sanções administrativas, civis e penais”. Resolução CONAMA n. 237/97, Art. 11.
Competência para o Licenciamento Ambiental
A Lei Complementar n. 140, de 08 de dezembro de 2011, estabelece a competência para o licenciamento ambiental, destacando as atribuições de cada ente federativo no exercício da competência comum, além de prever as atribuições de cada ente quanto ao licenciamento e fiscalização de empreendimentos potencialmente poluidores, prevê outras ações de gestão ambiental sob a responsabilidade de cada ente.
A norma disciplina a competência federal, estadual e municipal para o licenciamento, tendo como base a localização em que será instalado o empreendimento ou efetivada a obra. Manteve-se assim o critério da abrangência do impacto, conforme previsto na Resolução CONAMA n. 237/97. Assim, significa dizer que a competência para o licenciamento ambiental será municipal se o empreendimento ou obra forem de âmbito local; se extrapola mais de um município dentro de um mesmo estado, caberá ao Estado o licenciamento; agora, se a atividade ultrapassar as fronteiras do estado ou do país cabe à União, através de seu órgão federal específico, isto é, ao IBAMA, o procedimento administrativo.
Observe, abaixo o que diz os artigos da Lei Complementar n. 140/2011.
ARTIGO 7
ARTIGO 8
ARTIGO 9
ARTIGO 10
Avaliação de Impacto Ambiental (AIA)
A Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) é um instrumento disciplinado na Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), Lei n. 6.938/81, artigo 9°, inciso III. É o conjunto de procedimentos capazes de assegurar que, desde o início do processo, se faça um exame sistemático dos impactosambientais de um determinado projeto, programa, plano ou política e das alternativas viáveis. Os resultados da AIA devem ser apresentados de forma adequada e clara ao público e aos responsáveis pela tomada da decisão.
São instrumentos legais de implementação da Avaliação de Impacto Ambiental, que é gênero que abarca algumas espécies, entre elas:
• Estudo de Impacto Ambiental (EIA)
• Relatório de Impacto Ambiental (RIMA)
• Plano de Controle Ambiental (PCA)
• Relatório de Controle Ambiental (RCA)
• Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD)
• Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV)
O Estudo de Impacto de Vizinhança merece destaque, pois permite a avaliação dos impactos causados por empreendimentos e atividades urbanas. Depende de regulamentação Municipal.
A partir da análise dos impactos é possível avaliar a pertinência da implantação do empreendimento ou atividade no local indicado. O EIV é um instrumento de gestão previsto para avaliação de impactos urbanos previsto no Estatuto da Cidade, Lei. 10.257/2001, artigo 36, artigo 37 e artigo 38.
Impacto Ambiental
O impacto ambiental tem seu conceito determinado pelo art. 1º da Resolução do CONAMA nº 001, de 23 de janeiro de 1986:
Resolução do CONAMA nº 001/86, art. 1º - Considera-se impacto ambiental qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que direta ou indiretamente afetam:
I. a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
II. as atividades sociais e econômicas;
III. a biota;
IV. as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;
V. a qualidade dos recursos ambientais.
Estudo Prévio de Impacto Ambiental (EIA ou EPIA)
O Estudo Prévio de Impacto Ambiental ou Estudo de Impacto Ambiental (EIA) é uma modalidade de Avaliação de Impacto Ambiental (AIA). O estudo de impacto ambiental pressupõe o controle preventivo de danos ambientais. Uma vez constatado o perigo ao meio ambiente, deve-se ponderar sobre os meios de evitar ou minimizar o prejuízo.
A existência do EIA é de natureza preventiva ao dano ambiental. Ele tem abrangência mais restritiva entre as outras formas de avaliação ambiental, e é exigido nos licenciamentos de qualquer obra ou atividade que possa causar significativa degradação ao meio ambiente, conforme previsão no artigo 225, § 1º, inciso IV da Constituição Federal, in verbis:
CRFB, art. 225, § 1º, IV. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
[...]
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade.
Fonte: Shutterstock
Thomé (2016) destaca que...
A Resolução do CONAMA n. 237/97 introduziu a definição sobre o estudo do impacto ambiental:
	Resolução do CONAMA n. 237/97, art. 3º
	
	A Licença Ambiental para empreendimentos e atividades consideradas efetiva ou potencialmente causadoras de significativa degradação do meio dependerá de prévio estudo de impacto ambiental e respectivo relatório de impacto sobre o meio ambiente (EIA/RIMA), ao qual dar-se-á publicidade, garantida a realização de audiências públicas, quando couber, de acordo com a regulamentação.
	Resolução do CONAMA n. 01/86, artigo 8º
	
	Correrão por conta do proponente do projeto todas as despesas e custos referentes à realização do estudo de impacto ambiental, tais como: coleta e aquisição dos dados e informações, trabalhos e inspeções de campo, análises de laboratório, estudos técnicos e científicos e acompanhamento e monitoramento dos impactos, elaboração do RIMA e fornecimento de pelo menos 5 (cinco) cópias.
	Resolução do CONAMA n. 237/97, art. 11º
	
	Os estudos necessários ao processo de licenciamento deverão ser realizados por profissionais legalmente habilitados, às expensas do empreendedor.
Parágrafo único - O empreendedor e os profissionais que subscrevem os estudos previstos no caput deste artigo serão responsáveis pelas informações apresentadas, sujeitando-se às sanções administrativas, civis e penais.
Relatório de Impacto Ambiental
Você já ouviu falar do RIMA?
O Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) é o documento público que reflete as informações e conclusões do Estudo de Impacto Ambiental (EIA). É apresentado de forma clara, objetiva e acessível para toda a população e interessados.
Determina o artigo 2° da Resolução do CONAMA n. 01/86, que o licenciamento ambiental de atividades modificadoras do meio ambiente, “dependerá de elaboração de estudo de impacto ambiental e respectivo relatório que serão submetidos à aprovação do órgão estadual competente, e do IBAMA em caráter supletivo”.
O relatório de impacto ambiental (RIMA) deve refletir as conclusões do estudo de impacto ambiental, conter os objetivos e justificativas do projeto e “cujas informações destinam-se a possibilitar a avaliação do potencial impactante do EIA (que normalmente é complexo, redigido em linguagem técnica). Através da utilização de linguagem simples, mapas, quadros e gráficos o RIMA busca explicar as vantagens e desvantagens do projeto, bem como todas as consequências ambientais de sua implementação” (Thomé, 2016).
Nessa etapa do licenciamento ambiental são realizadas Audiências Públicas para que a comunidade interessada e/ou afetada pelo empreendimento seja consultada.
Trata-se do único mecanismo de participação social previsto na legislação ambiental brasileira para o processo de Avaliação de Impacto Ambiental.
Segundo Aurélio Buarque de Holanda,
bioma é o conjunto de seres vivos de uma área.
Milaré esclarece que “a extensão territorial do Brasil e a diversidade de sua formação contribuem para duas características dos grandes biomas brasileiros: a notória diferenciação entre si e a grande dimensão espacial de cada um”.
O Brasil possui uma grande diversidade vegetal (plantas, árvores etc.), representado por cerca de 34 mil espécies. Essa variedade de espécies ocorre devido à vasta extensão territorial do país, de aproximadamente 8,5 milhões de quilômetros quadrados e, também por causa do clima, solo e geomorfologia, gerando diferentes tipos de vegetação. A maior parte da flora brasileira, conjunto de espécies vegetais que compõe a cobertura do país, encontra-se na Floresta Amazônica e na Mata Atlântica.
Fonte: Edelwipix / Shutterstock
A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 225, §4º, estabelece que “a Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense, a Zona Costeira são parte do patrimônio nacional, bens de uso comum do povo, a serem preservadas e defendidas para as presentes e futuras gerações”.
Imagem: FCG / Shutterstock
Embora não incluídos no artigo 225, §4º da CRFB, a Caatinga, o Cerrado, os Pampas (Campos Sulinos) são considerados biomas brasileiros e patrimônios nacionais, bens de uso comum do povo, a serem defendidos e preservados, como todos os demais recursos naturais. Proteger a flora é também proteger a biodiversidade do planeta.
Imagem: Kleber Cordeiro / Shutterstock
Os benefícios decorrentes desta proteção estão na manutenção do clima, a proteção dos recursos hídricos, a fertilidade e proteção dos solos entre outros.
Imagem: bluedog studio / Shutterstock
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Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012, que institui o Código Florestal em vigor;
Lei nº 11.284, de 2 de março de 2006, que dispõe sobre a Gestão de Florestas Públicas, institui o Serviço Florestal Brasileiro (SFB) e cria o Fundo Nacional de Desenvolvimento Florestal (FNDF);
Lei n. 11.428, de 22 de dezembro de 2006, que disciplina sobre a utilização e proteção da vegetação nativa do Bioma Mata Atlântica.
Código FlorestalA Lei n. 12.651, de 25 de maio de 2012, dispõe sobre a proteção da nossa vegetação nativa dentre outras providências, trata-se da norma conhecida como Novo Código Florestal que revogou o Código Florestal de 1965, Lei n. 4.771, e diversas outras normas que dispunham sobre a proteção das florestas e outras formas de vegetação.
A repartição de Competências Administrativa dos entes públicos para a proteção da flora tem incidência na Lei Complementar n. 140/2011. Leia aqui.
O Código Florestal (conforme dispõe o seu artigo 1º-A) visa disciplinar normas gerais sobre a proteção da vegetação; as áreas de Preservação Permanente e as áreas de Reserva Legal; a exploração florestal; o suprimento de matéria-prima florestal; o controle da origem dos produtos florestais; o controle e prevenção dos incêndios florestais e prevê instrumentos econômicos e financeiros para o alcance do desenvolvimento sustentável.
O Desenvolvimento Sustentável é o objetivo precípuo no qual se funda o Código Florestal.
Os princípios instituídos pelo Código Florestal estão elencados no artigo 1º–A, parágrafo único e incisos.
As florestas existentes no território nacional e as outras formas de vegetação nativa em que as terras são de reconhecida utilidade são consideradas bens de interesse comum a todos os habitantes do País, exercendo-se os direitos de propriedade com as limitações que esta Lei estabelece.
Leia aqui as definições importantes que o Código Florestal apresenta, em seu artigo 3º e incisos.
A partir dos anos 2000, começou a existir o mercado de Crédito de Carbono, que é um mercado voltado para a criação de projetos de redução da emissão dos gases que aceleram o processo de aquecimento do planeta.
O mercado de crédito de carbono surgiu fruto do Protocolo de Quioto, que foi um acordo internacional que estabeleceu que os países desenvolvidos deveriam reduzir, entre 2008 e 2012, suas emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) 5,2% em média, em relação aos níveis medidos em 1990.
O Protocolo de Quioto criou o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), que prevê a redução certificada das emissões. Uma vez conquistada essa certificação, quem promove a redução da emissão de gases poluentes, que aceleram o processo de aquecimento do planeta, tem direito a créditos de carbono e pode comercializá-los com os países que possuem metas a cumprir.
Área de Preservação Permanente
Segundo a redação do artigo 3º, inciso II do Código Florestal, Área de Preservação Permanente é uma área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas.
Constituídas por florestas e demais formas de vegetação natural, as Áreas de Preservação Permanente estão situadas ao longo de rios, cursos d’água, lagoas, lagos, reservatórios naturais ou artificiais, nascentes e restingas, entre outras. Essas áreas têm a função ambiental de preservar recursos hídricos, paisagens, estabilidade geológica, biodiversidade e fluxo gênico (transferência de genes de uma população para outra) de fauna e flora, além de proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas que vivem no local.
Veja aqui tipos de APPs
O artigo 4° da Lei nº 12.651 esclarece quais são as Áreas de Preservação Permanente em zonas rurais ou urbanas.
Não será exigida Área de Preservação Permanente no entorno de reservatórios artificiais de água que não decorram de barramento ou represamento de cursos d’água naturais (artigo 4°, §1° da Lei n. 12.651).
O artigo 6º, Lei nº 12.651, institui também como Área de Preservação Permanente as áreas cobertas com florestas ou outras formas de vegetação, quando por ato do Chefe do Poder Executivo são declaradas de interesse social, de acordo com as seguintes finalidades:
Conter a erosão do solo e mitigar riscos de enchentes e deslizamentos de terra e de rocha; proteger as restingas ou veredas;
Proteger várzeas;
Abrigar exemplares da fauna ou da flora ameaçados de extinção;
Proteger sítios de excepcional beleza ou de valor científico, cultural ou histórico;
Formar faixas de proteção ao longo de rodovias e ferrovias;
Assegurar condições de bem-estar público;
Auxiliar a defesa do território nacional, a critério das autoridades militares;
Proteger áreas úmidas, especialmente as de importância internacional.
A vegetação situada em Área de Preservação Permanente deverá ser mantida pelo proprietário da área, possuidor ou ocupante a qualquer título, pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado. Deve-se observar que tendo ocorrido supressão de vegetação situada em Área de Preservação Permanente, o proprietário da área, possuidor ou ocupante a qualquer título é obrigado a promover a recomposição da vegetação, ressalvados os usos autorizados previstos nesta Lei, esta obrigação tem natureza real e é transmitida ao sucessor no caso de transferência de domínio ou posse do imóvel rural, tudo conforme disciplinado no art. 7º , § 1o e § 2o do Código Florestal.
A intervenção ou a supressão de vegetação nativa em Área de Preservação Permanente somente ocorrerá nas hipóteses de utilidade pública, de interesse social ou de baixo impacto ambiental (art. 8º).
É permitido (artigo 9º, Lei n. 12.651) o acesso de pessoas e animais às Áreas de Preservação Permanente para obtenção de água e para realização de atividades de baixo impacto ambiental.
Reserva Legal
É a área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, delimitada de acordo com os seguintes percentuais mínimos em relação à área do imóvel:
Quando o imóvel estiver localizado na Amazônia Legal:
80% (oitenta por cento), no imóvel situado em área de florestas;
35% (trinta e cinco por cento), no imóvel situado em área de cerrado;
20% (vinte por cento), no imóvel situado em área de campos gerais.
Quando o imóvel estiver localizado nas demais regiões do País:
20% (vinte por cento).
A Reserva Legal tem a função de assegurar o uso econômico de modo sustentável dos recursos naturais do imóvel rural, auxiliar a conservação e a reabilitação dos processos ecológicos e promover a conservação da biodiversidade, bem como o abrigo e a proteção de fauna silvestre e da flora nativa (artigo 3º , Lei n. 12.651).
O tamanho da reserva varia de acordo com a região e o bioma.
Todo imóvel rural deve manter uma área com cobertura de vegetação nativa, a título de Reserva Legal, sem prejuízo da aplicação das normas sobre as Áreas de Preservação Permanente, devendo observar os percentuais mínimos em relação à área do imóvel, contida na redação do artigo 12 do Código Florestal.
Essa regra comporta exceção, que são os casos dos proprietários ou possuidores de imóveis rurais que realizaram supressão de vegetação nativa respeitando os percentuais de Reserva Legal previstos pela legislação em vigor à época em que ocorreu tal supressão.
A localização da área de Reserva Legal no imóvel rural deverá levar em consideração os seguintes estudos e critérios (art. 14, Lei nº 12.651):
	
	
O plano de bacia hidrográfica;
	
	
O Zoneamento Ecológico-Econômico;
	
	
A formação de corredores ecológicos com outra Reserva Legal, com Área de Preservação Permanente, com Unidade de Conservação ou com outra área legalmente protegida;
	
	
As áreas de maior importância para a conservação da biodiversidade;
	
	
As áreas de maior fragilidade ambiental.
	
	O órgão estadual integrante do Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA) ou instituição por ele habilitada deverá aprovar a localização da Reserva Legal após a inclusão do imóvel no Cadastro Ambiental Rural (CAR).
	
	A Reserva Legal deve ser conservada com cobertura de vegetação nativa pelo proprietário do imóvel rural, possuidor ou ocupante a qualquer título, pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado (art. 17, Lei n. 12.651). Pode haver a exploração econômica da Reserva Legal mediante

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