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LICENCIATURA EM HISTÓRIA PRÁTICA DE ENSINO: VIVÊNCIA NO AMBIENTE EDUCATIVO (PE:VAE) POSTAGEM 2: ATIVIDADE 2 SEQUÊNCIA DIDÁTICA JOÃO BATISTA RODRIGUES FRAGA – RA: 1638763 Polo Vila Ré - São Paulo 2017 ROTEIRO PARA A SEQUÊNCIA DIDÁTICA IDENTIFICAÇÃO Nível de Ensino/ Turma: Ensino Fundamental II, 9º ano. Disciplina: História do Brasil. Tema: Revolta da Vacina. Quantidade de aulas: 2 aulas. Introdução ao tema A Revolta da Vacina foi um movimento de origem popular, ocorrido nos inícios da República Brasileira, especificamente em 1904, cujo governo era presidido por Rodrigues Alves. Deu-se na capital da República, Rio de janeiro, onde a população em número significativo se opôs à vacinação obrigatória contra a varíola, medida esta tida como de extrema importância para a população e para a cidade do Rio de Janeiro, levada a efeito pelo prefeito de então, Pereira Passos, e pelo médico sanitarista, Oswaldo Cruz. AULA 1 a) Conteúdos A abordagem da Revolta da Vacina, nesta primeira aula, conduz a análises diversas sobre dificuldades vivenciadas pela população brasileira residente no Rio de Janeiro. Será possível identificar aspectos sobre a política higienista levada a efeito pelas três esferas de governo da época, que motivou intensa participação popular, já que a população, principalmente constituída por pessoas pertencentes às camadas mais baixas, social e economicamente considerando, demonstrou um entendimento diferente daqueles objetivos propostos pelo governo. b) Objetivos 1. Compreender a realidade brasileira após a Proclamação da República até seus primeiros anos, enfocando a dinâmica das relações entre o Estado e os diversos grupos internos. 2. Identificar, especificamente em relação à revolta da vacina, os fatores que a propiciaram. 3. Apontar aspectos relacionados à Cidadania que estariam sendo afetados pela política higienista e de renovação urbana. 4. Estimular nos estudantes avaliação crítica acerca do papel do Estado, das instituições e da própria população na construção da Cidadania. c) Recursos 1. Aula expositiva entremeada por diálogos e inquirições dirigidas aos estudantes; 2. Leitura de textos dos livros referenciados ou de publicações da época; 3. Utilização de projeção de slides; 4. Utilização do quadro-negro. d) Etapas da Aula Introdução ao tema: 10 minutos 1. Inicialmente, deverá ser perguntado aos alunos o que eles entendem por cidadania. Solicitar exemplos relacionados ao seu cotidiano. 2. Perguntar se a participação da população na condução de uma nação é um ato de cidadania ou é exclusividade de um governo. 3. Indagar se, historicamente, sempre houve cidadãos brasileiros e como essa cidadania foi exercida e, se foi, se há relação com o que se entende hoje. 4. Em seguida, começar a falar sobre a Revolta da Vacina, sugerindo que teria sido uma revolta de iniciativa popular. Perguntar o eles entendem por revolta popular. 5. Perguntar se eles percebem alguma relação entre a Revolta da Vacina, exercício da cidadania e liberdade. 6. Como são perguntas que podem despertar discussões, deve-se considerar com cuidado o tempo dispendido nesta fase inicial. Desenvolvimento da aula: 30 minutos 1. Após esse elemento inicial da aula, comentar com os alunos que a Revolta da Vacina, embora seja considerada um evento ocorrido na sociedade brasileira, em 1904, foi consequência de um distanciamento muito grande entre o povo e o governo, desde antes da Proclamação da República. 2. Rever que a estruturação da Primeira República se deu em torno de grupos oligárquicos econômicos e políticos, que disputavam a hegemonia do poder entre si, deixando a população à margem desse processo. 3. Rever que as decisões econômicas de natureza liberal foram fatores fundamentais para maior empobrecimento da população, relegando-as a condições sub-humanas de sobrevivência, principalmente na cidade do Rio de Janeiro. 4. Comentar que esse empobrecimento da população teve repercussão no nível de higiene das casas, no aumento expressivo do desemprego e da violência urbana na cidade do Rio de Janeiro. 5. Destacar algumas características do governo de Rodrigues Alves, dentre as quais a perseguição de um objetivo que era o de realizar, na cidade do Rio de Janeiro, o que foi feito em Paris, que passou por uma grande reforma urbana. Para tanto, implantou um projeto de reformulação urbana, modernização do porto e saneamento básico da cidade. 6. Comentar sobre as várias epidemias que a cidade sofreu, destacando a violência utilizada pelo Estado contra a população em geral para liquidá-las. 7. Neste momento, já há possibilidade de se destacar sujeição da população à força do Estado, em que diversos aspectos da cidadania foram esquecidos: autonomia da população, invasão de domicílios, imposição de normas, condutas etc. 8. Comentar sobre a epidemia de varíola que tomou conta da cidade, obrigando o governo, por meio do prefeito Francisco Pereira Passos a tomar medidas saneadoras, juntamente com o médico sanitarista Oswaldo Cruz. 9. Informar que, na próxima aula, será discutido como se deu a implantação desse saneamento e o porquê do nome Revolta da Vacina. Atividades para os estudantes: 5 minutos 1. Pedir para os alunos se reunirem em grupos de cinco, para fazer pesquisas sobre o tema, trazendo cópias de textos jornalísticos da época, de preferência em sua linguagem original. 2. Pedir para que façam uma análise prévia, tentando identificar as posições assumidas nesses textos, relativamente ao movimento. 3. Dividir a sala em dois grupos, um contra e outro a favor das medidas tomadas pelo Estado para sanear a cidade do Rio de Janeiro. 4. Propor o seguinte questionamento a ser respondido na próxima aula: Todas as medidas de governo que afetam a população como um todo deve ser precedidas de ampla discussão ou a população deve aceitá-las, por considerar que os governantes foram eleitos por essa mesma população? e) Avaliação 1. Provas de múltipla escolha e/ou dissertativas; 2. Produção de textos desenvolvendo algum aspecto do tema proposto; 3. Diálogo dirigido com alguns dos estudantes, propondo questões para avaliar o nível de compreensão dos assuntos tratados e sua possível relação com o contexto atual. AULA 2 a) Conteúdos Nesta segunda aula, aborda-se a revolta em si, identificando-se as características da movimentação popular, a infiltração de elementos outros com objetivos diversos dos da população, a reação do governo e o encerramento da própria revolta. Destacar-se-á o confronto dos interesses populares com os do governo, discutindo-se a questão da pertinência da hegemonia da vontade governamental em relação às reais demandas da população. Um paralelo com situações atuais de necessidade de vacinação em massa com a situação daquela época enseja discussão acerca da participação popular nas decisões que afetem a população, o que permitirá estabelecer alguns passos iniciais para a discussão da própria Cidadania, em seus aspectos civis, políticos e sociais. b) Objetivos 1. Compreender o momento da própria revolta, destacando seus principais atores imediatamente interessados na causa e aqueles que dela se utilizaram para atingir outras finalidades. 2. Identificar e apresentar os modos de operação da população que fortaleceram a revolta. 3. Estimular e aprofundar com os alunos uma avaliação crítica, já agora com mais elementos de análise, acerca do papel do Estado, das instituições e da própria população naconstrução da Cidadania. c) Recursos 1. Aula expositiva entremeada por diálogos e inquirições dirigidas aos estudantes; 2. Leitura de textos dos livros referenciados ou de publicações da época; 3. Utilização de projeção de slides; 4. Utilização do quadro-negro. d) Etapas da Aula Introdução ao tema: 10 minutos 1. Retomar a atividade proposta na aula anterior, buscando destacar, em cada resposta dada pelos alunos (aqui, é importante não descuidar do tempo), aspectos relacionados à importância das iniciativas, tanto de um lado quanto de outro, instigando a reflexão do aluno quanto importância da participação da população nas decisões do governo, algo próprio dos regimes democráticos. 2. Diante do que foi desenvolvido até agora, perguntar se entendem que é pertinente qualquer tipo de reação do governo às demandas populares. 3. Indagar se, historicamente, já teria havido alguma revolta ou movimentos reivindicatórios acatados ou reprimidos pelos governos da época. 4. Estimular reflexão sobre se todo movimento de iniciativa da população deve ser organizado, espontâneo ou se há necessidades de líderes. 5. Novamente, destacar e inquirir a respeito do que se já sabe a respeito do que é Cidadania. Desenvolvimento da aula: 30 minutos 1. Num primeiro momento, identificar se houve ou não preparação psicológica da população ou se se exigiu dela submissão incondicional, para acatar as exigências constantes na regulamentação da lei da vacina, publicada no início de novembro de 1904. 2. Destacar a iniciativa unilateral do governo ao impor, sem consulta, tal medida sem deixar nenhuma possibilidade de opção ou não por ser vacinado. Apontar que a recusa da vacinação traria empecilhos ao exercício de várias atividades comuns da população. 3. Apresentar qual foi a linguagem da ação adotada pela população, que expressava sua total rebeldia por meio de movimentos concretos de enfrentamento. 4. Em seguida, apresentar e discutir com os alunos como se deu a contrarreação violenta e desproporcional do governo, com utilização de meios significativamente superiores. 5. Esclarecer os papeis da Liga Contra a Vacina Obrigatória, único órgão coordenado que tentava dirigir a turbulência da população revoltada e do Centro das Classes Operárias, núcleo do trabalhismo carioca, constituído basicamente por operários marítimos, identificando preocupação de natureza política desses dois participantes. 6. Propor reflexão a partir da comparação entre os objetivos da população e os desses dois atores, que pretendiam usufruir dos tumultos para a realização de projetos políticos específicos. Indagar se é passível de analogias com alguns fatos da atualidade. 7. Na sequência, identificar situações e comportamentos de ambos os lados do confronto, considerando os seguintes aspectos: necessidade ou não de lideranças; condição de alienação do Estado relativamente às carências, dificuldades e desconfianças da população; desrespeito a pressupostos mínimos relativamente à Cidadania. 8. Qual teria sido a reação da imprensa, dos militares, dos intelectuais na ocasião? Comparações possíveis com a atualidade? Havia influência ideológica no conflito? 9. Apresentar o significado e consequência da instauração do estado sítio no Distrito Federal e na Comarca de Niterói e da revogação da obrigatoriedade da vacina antivariólica: reação furiosa do governo com perseguições implacáveis, prisões, exílios etc. 10. Discutir a questão quanto à contagem dos mortos, prisões e degredos sem o devido processo legal, retirando qualquer possibilidade de defesa: impacto nos conceitos de Cidadania. Atividades para os estudantes: 5 minutos 1. Pedir para os alunos se reunirem em grupos de cinco, para fazer pesquisas sobre o tema, trazendo cópias de textos jornalísticos da época, de preferência em sua linguagem original. 2. Pedir para que façam uma análise prévia, tentando identificar as posições assumidas nesses textos, relativamente à descrição do movimento, atores participantes e respectivos interesses. 3. Dividir a sala em dois grupos, um contra e outro a favor das reações do governo para controlar e reprimir a revolta e punir seus participantes. 4. Propor uma reflexão, que poderá ser feita em grupo, sobre como garantir um equilíbrio, entre as necessidades da população e as iniciativas governamentais de amplitude geral, que garanta um atendimento às exigências de uma Cidadania plena, garanta a conquista de direitos (civis, políticos e sociais), um regime democrático de ampla participação da população. e) Avaliação 1. Provas de múltipla escolha e/ou dissertativas; 2. Produção de textos desenvolvendo algum aspecto do tema proposto; 3. Diálogo dirigido com alguns dos estudantes, propondo questões para avaliar o nível de compreensão dos assuntos tratados e sua possível relação com o contexto atual. f) Fontes/Referências CARVALHO, J. M. Os bestializados: o Rio de Janeiro e a República que não foi. São Paulo: Companhia das Letras, 1987. SEVCENKO, Nicolau. A Revolta da Vacina: Mentes insanas em corpos rebeldes. São Paulo: Scipione, 2003.
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