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46
Neisseria gonorrhoeae
PEDRO JUAN CABALLERO
2017
Neisseria gonorrhoeae
										
Trabalho apresentado a disciplina de Microbiologia I como requisito parcial para aprovação na cátedra. 
Orientação: Prof. Dr. Hugo L. P. Matsuchita
PEDRO JUAN CABALLERO
	
UNIVERSIDAD AUTÓNOMA SAN SEBASTIÁN
 FACULTAD DE CIENCIAS DE LA SALUD
 PEDRO JUAN CABALLERO
	2017
Agradecimentos
Agradecemos ao nosso professor Dr. Hugo Matsuchita, que nos orientou em todo o momento para a conclusão com êxito este trabalho.
Dedicatória
Dedicamos primeiramente a Deus, a Isadora, nossa filha, a qual nos motiva para essa nova etapa, aos nossos pais, por promoverem a oportunidade de realizar esse grande sonho.
MATSUCHITA, H. L. P. Neisseria Gonorrhoeae. 2017. Monografia (Graduação em Medicina) – Facultad de Ciencias de la Salud, Universidad Autónoma San Sebastián, Pedro Juan Caballero, 2017.
RESUMO
A gonorreia é uma doença sexualmente transmissível (DST), definida como um processo infeccioso causado pela Neisseria gonorrhoeae. A descrição do agente etiológico da gonorreia foi feita por Albert Neisser em 1879 e sua transmissão dá-se por meio do contato sexual. A transmissão vertical causa a oftalmia gonocócica do recém-nascido. O risco de contágio para o sexo masculino, após contato sexual com parceira infectada, é de 20% e, no caso de reexposição, este índice poderá elevar-se a 90%. Nos homens e em cerca de 20% das mulheres, os sintomas surgem cerca de 2 a 8 dias após o contágio. Para o sexo feminino, o risco de infecção é em torno de 80%. Quando as mulheres são reexpostas, esse número aumenta para mais de 90%. Dentre as mulheres infectadas, cerca de 60% a 80% não apresentam sintomas.
Epidemiologicamente, o fato de 60% a 80% das mulheres não apresentarem sintomas ressalta a importância do controle da população infectada para interrupção da cadeia de transmissão. A gonorreia, no homem, quando não tratada, evolui para complicações do tipo epididimite, prostatite e outras, culminando com o quadro de esterilidade. Já na mulher, as complicações são mais severas, evoluindo para Doença Inflamatória Pélvica (DIP) e esterilidade, chegando, em alguns casos, a óbito. Os principais métodos de diagnóstico da gonorreia são a bacterioscopia e a cultura. A Organização Mundial da Saúde (OMS) indica a bacterioscopia como método de escolha para o diagnóstico da gonorreia no homem, em função de sua sensibilidade e especificidade. Já para as mulheres, em função do número de casos assintomáticos e da presença de um ecossistema vaginal, é indicada a cultura de amostras do canal endocervical.
Palavras-chave: Gonorreia. Neisseria Gonorrhoeae. Transmissão.
SUMARIO
INTRODUÇÃO	9
JUSTIFICATIVA	11
OBJETIVO GERAL	12
AGENTE ETIOLÓGICO	13
CRESCIMENTO E CULTIVO	15
ESTRUTURAS DE SUPERFÍCIE	16
Pili ou Fimbrias	16
Membrana Externa	17
EPIDEMIOLOGIA	20
PATOLOGIA	22
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS	24
Infecções genitais no homem	24
Infecção não complicada	24
Complicações Localizadas	24
Infecção Urogenital Não Complicada Em Mulheres	25
Infecção Gonocócica Retal	26
Infecção Da Faringe	27
Outras Manifestações Locais	27
Perihepatite	28
Gonorreia Na Gravidez	30
Infecções Neonatais e Pediátricas.	30
Diagnóstico	32
Tinção de Gram	32
Outros métodos de diagnósticos	33
TRATAMENTO	34
Gonorreia no complicada em adultos	34
Tratamento inicial da dose única	34
RESUMO DAS OPÇÕES DE TRATAMENTO	37
Seguimento de pacientes tratados por uma gonorreia não complicada	38
Epididimite aguda	38
Infecção Gonocócica Disseminada	38
Gonorreia em crianças	39
Tratamento de parceiros sexuais	40
PREVENÇÃO E CONTROLE	41
Estratégias de saúde de pública	41
Preservativos e microbicidas	42
Outras estratégias de prevenção	43
CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS	45
REFERÊNCIAS	46
3
INTRODUÇÃO
A gonorreia é doença infecciosa do trato urogenital, bacteriana, transmitida quase que exclusivamente por contato sexual ou perinatal. Acomete primariamente as membranas mucosas do trato genital inferior e menos frequentemente aquelas do reto, orofaringe e conjuntiva. Trata-se de afecção de manifestações clínicas pleomórficas, variando desde a ausência total de sintomas até a ocorrência de salpingite aguda, uma das causas mais comuns de infertilidade feminina no mundo. Além disso, são consequências adicionais importantes as infecções bacteriêmicas, a conjuntivite neonatal e a epididimite aguda. A gonorreia encontra-se entre as mais antigas doenças humanas conhecidas, havendo referências da uretrite venérea nos escritos chineses, no Velho Testamento bíblico e em outras literaturas da antiguidade. O nome gonorreia origina-se do grego e foi Galeno (130- 200 d.C.) que assim a denominou – gonorreia (gonos = espermatozoide + rhoia = corrimento), pela confusão do exsudato purulento com sêmen.
Neisser em 1879 descreveu o organismo e Leistikow e Loeffler o cultivaram em 1982, quando recebeu a denominação de Neisseria gonorrhoeae. Embora se observasse que infecções não tratadas curavam-se espontaneamente em dias ou em algumas semanas, reinfecções mostravam-se comuns, embora não se dispusesse de métodos capazes de diferenciar entre gonorreia recorrente e uretrite não-gonocócica. Muitas terapias foram tentadas, mas somente com o advento das sulfonamidas na década de 30 e da penicilina em 1943, houve a disponibilização de terapêutica eficaz. Durante 80 anos, o conhecimento a respeito do agente causal e da patogenia da gonorreia permaneceu escasso, porém no início dos anos 70 tem início uma nova era na informação a respeito da doença, e nos anos 90 uma revolução considerável ocorre no conhecimento da biologia molecular dos gonococos, que nos permite com mais detalhes entender os mecanismos de interação entre este agente e o homem.
A gonorreia tem-se demonstrado de difícil controle na maioria das populações e permanece um exemplo primário da influência que os fatores demográficos, sociais e comportamentais exercem na epidemiologia de uma doença infecciosa, apesar da disponibilidade de uma terapêutica antimicrobiana eficaz. Considerando a mudança de conhecimentos a respeito da gonorreia, ocorrida nos anos 90, podemos dividir essa doença em duas fases: a gonorreia antes dos anos 90 e a dos anos 90, essa última caracterizada pelo desvendar das interações patógeno-hospedeiro, dos mecanismos de doença próprios do gonococos, de seus tipos de resistência e da associação entre gonorreia e infecção pelo HIV, sendo essa última capaz de provocar uma mudança na história natural da gonorreia e de tornar a terapêutica mais difícil.
Os autores registram a importância da abordagem sindrômica das Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST), pois se de um lado essa abordagem perde um pouco em especificidade, de outro, ganha enormemente em termos do aumento da sensibilidade no diagnóstico e na abordagem terapêutica dos pacientes com DST, e dentre essas, das doenças com corrimento, destacadamente a gonorreia. Do ponto de vista do ensino médico impõe-se que os profissionais de saúde em formação, pelo menos os alunos de graduação de medicina e enfermagem e os médicos residentes de doenças infecciosas e da dermatologia tenham acesso e sejam treinados tanto na abordagem clássica do paciente com gonorreia como na abordagem sindrômica. Diante da transição epidemiológica que vivemos, da situação de saúde de nossa população e da assistência médica ofertada em nossa rede de serviços de saúde, o fator mais importante da abordagem das DST encontra-se no controle das fontes de infecção, o que só será possível aumentando a cobertura com a abordagem sindrômica, incluindo, o manejo e orientaçãocorretos dos parceiros (as) dos (as) pacientes.
JUSTIFICATIVA 
Nosso objetivo foi descrever a bactéria Neisseria gonorrhoeae e identificar os tipos de cultivos para estudos de antibacterianos eficaz contra a N. gonorrhoeae, fatores comportamentais e clínicos correlacionados a essas infecções em homens atendidos em clínicas de doenças sexualmente transmissíveis
Demostrar as principais manifestações clinicas e locais, diagnóstico e alguns tipos de tratamentos relacionados com a bactéria.
OBJETIVO GERAL
O presente trabalho teve como objetivo realizar uma pesquisa bibliográfica elucidando o comportamento, fatores de crescimento, manifestações clinicas da bactéria N. gonorrhoeae, como também os principais meios de transmissão, diagnósticos e tratamentos para os principais sintomas das doenças causadas pela bactéria 
12
AGENTE ETIOLÓGICO 
A Neisseria gonorrhoeae é um diplococo Gram-negativo, não flagelado, não formador de esporos, encapsulado, anaeróbio facultativo, com diâmetro entre 0,6 a 1,06µ. Na bacterioscopia corada pelo método de Gram, apresenta-se como duas estruturas reniformes justapostas, espelhadas pela concavidade e aproximadas pela extremidade, quase sempre agrupadas em massa no espaço extracelular e/ou no citoplasma dos polimorfonucleares abundantes. O gênero Neisseria apresenta cerca de 10 espécies patogênicas ao homem, sendo a Neisseria gonorrhoeae, N. meningitidis, N. pharyngis e a N. catarrhalis as mais importantes. A diferenciação das espécies pode ser feita através da oxidação dos açúcares. A N. gonorroheae oxida a glicose, mas não a maltose ou lactose.
O gonococo não tolera redução da umidade e as amostras devem ser inoculadas imediatamente em meio apropriado. Obtém-se crescimento melhor em temperaturas de 35 a 37o C, e muitas amostras requerem uma certa quantidade de dióxido de carbono ou de bicarbonato. Colônias típicas surgem em 24 a 48 horas, porém sua viabilidade no meio perde-se rapidamente por autólise.
A N. gonorrhoeae só cresce em meios enriquecidos (ágar-ascite, ágar-sangue, ágar-chocolate, Thayer-Martin modificado e New York City), em atmosfera de 5 a 10% de CO2 e temperatura de 36,5°C, formando após 24 ou 48 horas de incubação, colônias mucoides, convexas, transparentes e brilhantes com cerca de 1 mm de diâmetro. De 2 a 4 dias as colônias aumentam de tamanho e tornam-se semiopacas, com centro granuloso e margem periférica radiada. A combinação de uma reação de oxidase positiva das colônias, com o crescimento de diplococos gram-negativos em qualquer dos meios, fornece critério suficiente para o diagnóstico da gonorreia. As cepas de N. gonorrhoeae são caracterizadas por auxotipagem e fenotipagem, o que tem permitido traçar as cepas endêmicas e suas migrações geográficas e populacionais, além da resistência aos antibióticos. O gonococo penetra no epitélio colunar uretral primariamente, mediado pelas fímbrias e pela proteína Opa, entre e através das células epiteliais até alcançar o tecido submucoso. Ocorre intensa reação de polimorfonucleares, com descamação do epitélio, desenvolvimento de microascessos submucosos e formação de exsudato. Nas infecções não tratadas, ocorre substituição gradual dos polimorfonucleares por macrófagos e linfócitos. Infiltrações mononuclear e linfocítica anormal podem persistir nos tecidos por várias semanas após a negativação das culturas. Como todas as bactérias Gram-negativas, o gonococo possui envelope celular composto de três camadas distintas: uma membrana citoplasmática interna, a parede celular de peptideoglicanos e membrana externa.	A camada de peptideoglicanos da N. gonorroheae pode também contribuir para a resposta inflamatória, porque os fragmentos de peptideoglicanos gonocócicos mostram-se tóxicos às trompas de Falópio e causam consumo de complemento. Estudos da patogênese e da epidemiologia da gonorreia têm sido grandemente enriquecidos pelo desenvolvimento de métodos reproduzíveis de tipagem da N. gonorroheae. A caracterização das cepas dos gonococos tem sido baseada em auxotipagem e fenotipagem, que têm permitido mapear a ocorrência temporal e geográfica da gonorreia em comunidades, analisar os padrões de resistência antimicrobiana e estudar a transmissão da doença.
Muitos gonococos possuem plasmídeo de conjugação e, portanto, podem transferir outros plasmídeos não-próprios com alta eficiência. Muitos outros possuem plasmídeo Pcr que codifica a produção de um tipo TEM-1 de beta-lactamase. Os dois tipos mais comuns desse plasmídeo são semelhantes aos encontrados em certos Haemophilus spp, incluindo o H. ducreyi. Há ainda o determinante tetM, que ocorre em gonococos com alto índice de resistência às tetraciclinas e que confere resistência a uma variedade de outras bactérias, incluindo Mycoplasma spp, Streptococcus spp, Gardnerella vaginalis e Ureaplasma urealyticum
CRESCIMENTO E CULTIVO
Os gonococos não toleram a dissecação e as amostras dos pacientes devem ser inseridas imediatamente em um meio de crescimento ou para transporte de amostras apropriados. Para a maioria das cepas, o crescimento é ideal a 35-37 ° C, e muitas cepas recentemente isoladas são caracterizadas por uma necessidade relativa ou absoluta de uma atmosfera de CO2 em concentrações de 5%. Todas as cepas são estritamente aeróbicas sob as condições habituais de crescimento, embora o microrganismo cresça anaerobiamente quando o nitrito é fornecido como um receptor de elétrons. As colônias aparecem às 24-48 horas, mas, a viabilidade é rapidamente perdida após 48 horas devido à autólise. Numerosos ácidos gordurosos inibem os gonococos e, na maioria dos meios de crescimento, é necessário incorporar amido ou outras substâncias que os absorvem. Todas as cepas possuem necessidades de crescimento complexas, como requisitos para várias vitaminas, aminoácidos, ferro e outros fatores. Para fins clínicos, um meio satisfatório é ágar-chocolate enriquecido com glicose e outros suplementos definidos. O isolamento de gonococos de locais que normalmente contêm altas concentrações de microrganismos saprófitos, especialmente a faringe, reto e colo uterino, pode ser difícil devido à proliferação da flora normalmente mais resistente, um problema que é resolvido em boa parte com o uso de meios contendo antimicrobianos que inibem a maioria das espécies de Neisseria não-patogênicas e outras espécies, mas permitem o crescimento da maioria das cepas de N. gonorrhoeae e N. meningitidis. Nos Estados Unidos, é utilizado amplamente o ágar-chocolate contendo, à vancomicina, a colistina, a nistatina e o trimetoprima (meio modificado de Thayer-Martin); um meio seletivo translúcido de constituição similar (o meio da New York City) também é comumente usados. As amostras de lugares que geralmente não abrigam flora endógena (por exemplo, sangue, líquido sinovial e líquido cefalorraquidiano [LCR]) requerem cultura com um meio sem antibióticos.
ESTRUTURAS DE SUPERFÍCIE 
 A estrutura básica da envoltura de N. gonorrhoeae é parecida com outras bactérias gram-negativas. O lugar de contato entre o gonococo e o hóspede é estudado com detalhe a superfície da célula e os componentes específicos de superfície são relacionados com a adesão, penetração tissular e celular, a citotoxidade e a evasão das defesas do hospede tanto a nível sistêmico quanto a nível de mucosas.
 Pili ou Fimbrias
Quando N. gonorrhoeae cresce em ágar translúcido, várias formas de colônias podem ser distinguidas. Em primeiro lugar, em isolados clínicos recentes, formam-se colônias de tipo P + e P ++ (anteriormente denominadas T1 e T2), e microrganismos apresentam pili ou fimbriae numerosos que se estendem a partir da superfície da célula; as colônias P (anteriormente denominadas T3 e T4) não possuem pilis. Os gonococos com pili se ligam maior facilidade do que os microrganismos de colônia P às superfícies da mucosa humana e são mais virulentos em modelos de cultivo de animais e órgãos e em experiências de inoculação humana do que asvariantes não piladas. A expressão do pili depende do complexo do pil. Ocorrendo uma mudança espontânea ocorre entre as colônias P + ou P ++ pelos tipos de colônia P, conhecida como variação de fase, após 20-24 horas de crescimento in vitro que é mediada principalmente pela recombinação entre cópias contendo loci incompletas (inativas) ligeiramente variantes do DNA de pil e loci com o gene estrutural completo, pilE6. Pili atravessa a membrana externa do gonococo através de uma proteína integral de membrana externa conhecida como PilQ7. Pili maduras são constituídas por subunidades proteicas repetidas (pilinas). A pilina possui regiões de similaridade antigênica considerável entre as cepas, especialmente perto do terminal amino, mas também estão presentes áreas de extrema variabilidade antigênica. Uma única cepa de N. gonorrhoeae é capaz de produzir pili com diferentes composições antigênicas, comprometendo a utilidade das vacinas de gonorreia baseadas em pili. Além de mediar a adesão, o pili contribui para a resistência à destruição por neutrófilos. No modelo da mucosa da trompa de Falópio, o pili facilita a adesão às 2 células epiteliais não ciliadas, que iniciam um processo de entrada e transporte através dessas células nos espaços intercelulares perto da membrana basal ou diretamente em o espaço subepitelial ao mesmo tempo em que as células da mucosa ciliar próxima perdem seus cílios e se separam. Considerou-se que o CD46 foi o principal receptor de pilina, mas atualmente este problema não é claro e a identidade do receptor de pili é um alvo de estudo ativo. Certas outras proteínas associadas com pili são, sem dúvida, importantes para a adesão às células hospedeiras, em particular PilC. Outros fatores também regulam a adesão, especialmente as proteínas de opacidade (Opa), descritas abaixo.
Membrana Externa
Como todas as bactérias gram-negativas, o gonococo possui um envelope celular formado por três camadas diferentes: uma membrana citoplasmática interna, uma parede intermediária de células de peptidoglicano e uma membrana externa contendo lipo-oligossacarídeos (LOS), fosfolipídios e várias proteínas. A porina constitui de canais que permitem que os solutos aquosos passem através da membrana externa, que por natureza é hidrofóbica (considerado um papel importante na patogênese). A porina é o produto de um gene chamado porB. As proteínas porinas são divididas em duas principais classes antigênicas, chamadas PorB1A e PorB1B, cada uma das quais é constituída por muitas variantes genéticas diferentes. As variações em sequência POR ou tipos antigênicos são a base dos sistemas de tipificação mais comumente usados para gonococos. As cepas que expressam PorB1A e, por vezes, PorB1B estão associadas à resistência genotípica de N. gonorrhoeae ao efeito bactericida do soro humano normal (não imunizado) e talvez como uma consequência direta com maior propensão para provocar bacteremia. A resistência do soro relacionada com porina é devido à forte ligação química entre a proteína porina e os componentes do complemento regulador C4bp ou fator H. PorB1A também parece favorecer diretamente a invasão de células epiteliais, o que também contribui para explicar a propensão à disseminação bacteriémica. A porina é objeto de pesquisas intensas voltadas para o desenvolvimento de uma vacina contra o gonococo. Eles são membros de uma família de proteínas, cada uma das quais é produzida a partir de seu próprio gene Opa. A sequência de aminoácidos das proteínas Opa varia até um certo grau, principalmente devido a diferenças em duas regiões hipervariáveis de cada proteína. A expressão de Opa varia devido a variações de alta frequência de DNA Opa resultando em uma mudança de estrutura de tradução. Uma cepa individual de N. gonorrhoeae pode não expressar nenhuma variação ou até 11 variações de Opa, mas, em geral, não são mais de três ao mesmo tempo. Os gonococos isolados de locais mucosos geralmente expressam Opa e suas colônias são opacas, mas a maioria dos isolamentos obtidos do colo uterino durante as menstruações e isolados em locais normalmente estéril como a trompa de Falópio, sangue e líquido sinovial, geralmente carecem de Opa e formam colónias translúcidas. Muitas proteínas Opa aumentam a adesão entre gonococos e várias células eucarióticas, incluindo fagócitos. Certas variantes de Opa parecem favorecer a invasão de células epiteliais. Duas classes de receptores de Opa foram identificadas em células eucarióticas: substâncias relacionadas à heparina e CD66, ou moléculas de adesão celular relacionadas ao antígeno carcinoembrionário (CEACAM). Algumas proteínas Opa podem se ligar aos receptores CEACAM nos linfócitos B e T, o que leva à baixa regulação das respostas imunes. Isso pode ajudar a explicar a falta de resposta imune à infecção natural.
A proteína de redução modificável (Rmp) está presente em todos os gonococos em associação direta com a porina e LOS, apenas mostra variação antigênica. O Rmp pode estimular o bloqueio de anticorpos que reduzem a atividade bacteriana do soro contra N. gonorrhoeae, o que pode aumentar a infecção após exposição com um parceiro infectado. Várias outras proteínas da membrana externa, incluindo múltiplas proteínas reprimidas por ferro, algumas das quais compartilhadas com N. meningitidis, foram identificadas. Duas dessas proteínas constituem um receptor específico de transferrina, e outras duas formam um receptor de lactoferrina humana. Para a infecção experimental efetiva da uretra, é necessário um receptor da transferrina, mas o papel do receptor da lactoferrina não é claro; não influencia na infecciosidade. Duas outras proteínas constituem um receptor de hemoglobina. Outras proteínas surgem apenas durante o crescimento anaeróbico. A capacidade de N. gonorrhoeae para crescer anaerobiamente após a remoção do oxigênio disponível do microambiente pode contribuir para a invasão secundária das trompas de Falópio por anaeróbios estritos e, portanto, com a patogênese da salpingite. As proteases IgA1, presentes em N. gonorrhoeae e N. meningitidis, mas não em Neisseria não patogênica, parecem proteger o microrganismo contra anticorpos secretores de IgA em superfícies mucosas, embora ainda não tenha sido demonstrado.
O LOS gonocócico é formado por um lípido A e um oligossacarídeo central que, em comparação com o polissacarídeo da maioria das bactérias gram negativas, carece de cadeias laterais ou antigênicas. O LOS gonocócico é formado por um lípido A e um oligossacarídeo central que, em comparação com o polissacarídeo da maioria das bactérias gram-negativas, carece de cadeias laterais ou antigênicas. A sililação dos açúcares centrais de LOS in vitro mascara os epítopos tanto de LOS como a da porina e contribui para a resistência contra anticorpos bactericidas. A LOS possui atividade endotóxica e contribui para a perda ciliar e morte de células mucosas no modelo da trompa de Falópio. Os açúcares centrais de LOS sofrem variação tanto de fase de alta frequência antigênica in vitro e in vivo que podem contribuir para a patogênese da infecção, incluindo a resistência a anticorpos bacterianos anti-LOS presentes no soro normal e invasão de as células epiteliais.
A camada de peptidoglicano de N. gonorrhoeae também pode contribuir para a resposta inflamatória. Fragmentos de peptidoglucano são tóxicos no sistema de do tubo de Falópio e causam o consumo de complemento in vitro. Além disso, fragmentos de peptidoglicano foram detectados em um líquido sinovial aparentemente estéril de pacientes com síndrome de artrite-dermatite gonocócica. Os gonococos produzem um polifosfato de superfície que pode desempenhar funções semelhantes às da cápsula, como a criação de uma superfície celular hidrófila de carga negativa. No entanto, não é produzida uma cápsula de hidrocarbonetos semelhante à de N. meningitidis ou Streptococcus pneumoniae.
EPIDEMIOLOGIA 
Como paradigma das doenças venéreas clássicas por muitos anos, a gonorreia esteve entre as mais frequentes doenças infectocontagiosas e a de maiorocorrência entre todas as DST, mantendo-se ainda hoje como a segunda mais comum doença sexualmente transmissível de origem bacteriana, perdendo nas últimas décadas para a infecção pela Chlamydia trachomatis. Sua prevalência varia sobremaneira entre os diversos países, pois poucos possuem sistemas de notificação confiáveis. Entre as nações em desenvolvimento, encontram-se as maiores taxas de incidência e complicações dessa doença. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) representa 88 milhões dos 448 milhões de novos casos entre as DST curáveis (gonorreia, infecção por clamídia, sífilis e tricomoníase) que ocorrem globalmente a cada ano.
Uma pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde onde foram realizados exames de laboratório para o diagnóstico de infecção gonocócica encontrou-se uma taxa de prevalência de 1,5% entre as gestantes, 0,9% entre trabalhadores de indústrias, e entre homens (18,5%) e mulheres (3,3%) que procuraram atendimento em clínicas de DST. Entre os grupos etários, ocorre uma incidência variável, acometendo principalmente as pessoas entre os 15 e 30 anos. Predomina em não brancos numa proporção de até 40:1. A gonorreia é mais frequente no sexo masculino, provavelmente por maior facilidade diagnóstica, já que 70% das mulheres infectadas permanecem assintomáticas. A proporção homem/mulher caiu de 1,5 em 1981 para 1,3 em 1992., no entanto dados epidemiológicos demonstram que 70 a 80% das mulheres portadoras são assintomáticas ou oligossintomáticas. Quadros clínicos discretos e infecções anorretais e faríngeas também têm aumentado entre os homens, sobretudo naqueles que fazem sexo com outros homens (HSH), tornando compulsória a identificação de todos os parceiros sexuais. Outros fatores de risco para a infecção pela N. gonorrhoeae incluem: baixo nível socioeconômico, início precoce da atividade sexual, residência urbana, além daqueles que permeiam todas as DST, como número de parceiros sexuais, o não uso de preservativos, ingestão de bebida alcoólica, uso de drogas ilícitas etc. Se considerarmos um único intercurso sexual, o risco de aquisição pela mulher é de 50% e maior de 87,5% com mais relações; no homem o risco com uma única relação sexual aproxima-se de 80%.
A oftalmia gonocócica neonatal apresenta distinta incidência entre os países desenvolvidos e os em desenvolvimento, com taxas de 0,1 a 0,6/1.000 e 5 a 50/1.000 neonatos, respectivamente. Como ocorre em todas as outras doenças de transmissão sexual, há um aumento do risco relativo de infecção pelo HIV, entre os portadores de gonorreia este aumento é da ordem de 8,9 vezes. O HIV está presente na secreção cervicovaginal em concentração duplicada entre as mulheres com gonorreia. Recentes pesquisas genéticas identificaram cepas de N. gonorrhoeae relacionadas com pacientes de características epidemiológicas específicas (heterossexuais, HSH, HIV-positivo), refletindo redes de transmissão distinta nestes grupos.
No Brasil, o Programa Nacional de Doenças Sexualmente Transmissíveis e AIDS do Ministério da Saúde estimou para 1994, 860.265 casos de gonorreia, equivalendo a 56% do total de doenças sexualmente transmissíveis registradas e 1.315 casos de oftalmia gonocócica neonatal. Porém, oficialmente notificaram-se apenas 119.470 casos de 1987 a 1995.
PATOLOGIA 
A N. gonorroheae primariamente infecta o epitélio colunar. A ligação ao epitélio mucoso, mediada em parte pelos pilli e pela proteína Opa, é seguida em 24-48 horas pela penetração do organismo entre e através das células epiteliais para chegar ao tecido submucoso. Há resposta vigorosa de polimorfonucleares, com descamação do epitélio, desenvolvimento de microascessos submucosos e formação de exsudato. Lâminas coradas revelam grande número de gonococos dentro de poucos neutrófilos, enquanto a maioria das células não contêm organismos. A explicação para esse fenômeno pode envolver a estimulação ou a produção de receptores celulares do organismo para o gonococo após o contato inicial com este agente, que parece suficiente para estimular a fagocitose eficaz dos organismos adicionais. Além disso, alguns gonococos podem apresentar mecanismos de evasão contra a morte intracelular e continuam a multiplicar-se no interior das células do hospedeiro. Em infecções não tratadas, os macrófagos e linfócitos substituem gradualmente os polimorfonucleares. A infiltração mononuclear e linfocítica anormal persiste em tecidos por várias semanas após a negativação das culturas e a não identificação da N. gonorroheae na histologia
Até a década de 70, a sensibilidade do gonococo à penicilina mantinha-se elevada, entretanto em 1976, surgiram simultaneamente nos Estados Unidos e Inglaterra cepas produtoras de penicilinase. No início dos anos 80, houve aumento significativo das cepas resistentes, sendo considerada endêmica em algumas áreas norte-americanas e epidêmica nos continentes africano e asiático.
No Brasil, identificaram-se as primeiras cepas resistentes à penicilina a partir de 1984, e mais recentemente observou-se resistência à tetraciclina, com 39,7% de resistência cromossomial e 1,7% de resistência plasmidial. Permanecem escassos os estudos referentes à gonorreia no Brasil e seus padrões de resistência, não causando surpresa se estes números na realidade alcançarem proporções ainda maiores. Os dados relativos aos padrões de transmissão e à sua distribuição na população, que utilizamos no Brasil, refletem as realidades de outros países onde realizaram-se estudos epidemiológicos. A faixa etária mais comprometida situa-se entre 15 e 30 anos, com o maior número de casos entre 20 e 24 anos. A gonorreia mostra-se mais frequente em não brancos que em brancos, alcançando proporções de até 40:1. Fatores associadas com risco aumentado de gonorreia incluem baixo nível socioeconômico, nível inferior de educação e residência urbana.
A infecção gonocócica apresenta alta contagiosidade, sendo o homem o reservatório natural do gonococo. O homem doente constitui a fonte de infecção, tendo essa, papel de grande veículo disseminador. Atualmente, vem se juntar à prostituição feminina, e à prostituição masculina, o homossexualismo e o bissexualismo. As mucosas genital e anal representam a porta de entrada e saída do agente etiológico.
O risco de aquisição da gonorreia em um único intercurso na mulher gira em torno de 50%, em duas exposições de 87,5%, e em mais de duas exposições de 100%. No homem, em um único intercurso, aproxima-se de 80%. A gonorreia e outras doenças sexualmente transmissíveis geralmente são transmitidas por pessoas com infecções assintomáticas ou que têm sintomas ignorados ou não percebidos. A resposta comportamental aos sintomas parece ser determinada pela educação e por vários fatores demográficos e socioculturais, mas exceto onde a atividade sexual se mantém por necessidade econômica ou outros fatores como o uso de drogas, a maioria das pessoas com sintomatologia genital cessa a atividade sexual e procura assistência médica. Muitos transmissores da doença pertencem a um subgrupo de pessoas infectadas que não possuem ou não valorizam sintomas e não cessam espontaneamente a atividade sexual. Esse conceito sustenta a importância da busca ativa para promover tratamento aos parceiros sexuais das pessoas infectadas.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
Infecções genitais no homem
Infecção não complicada
A uretrite aguda é a manifestação predominante da gonorreia em homens. Normalmente o período de incubação é de 2-5 dias, porém pode variar de 1 a10 dias. O exsudato uretral e a disúria são os principais sintomas de doenças urinarias. A princípio o exsudato pode ser escasso e mucoso, porém, em torno de 1 ou 2 dias torna-se purulento. Estas observações confirmam-se com estudos sobre a uretrites gonocócica experimental efetuada em seres humanos. Em comparação com a uretrites no gonocócica, o período de incubação da gonorreia é mais curto, a disúria pode ser mais branda e em geral o exsudato é mais profuso e purulento. São habituais as exceções e uma ligeiraproporção de homens que permanecem assintomáticos e não tem sinais de uretrites. Em parte, a sintomatologia da gonorreia uretral depende do microrganismo infectante. Algum soro variantes por IA e a AHU e o alótipos relacionados ao patógeno se associam com amis frequência a infecção assintomáticos e os alótipos relacionados com o patógeno se associam com mais frequência a infecção assintomático do que outros tipos. É provável que a América do Norte já obteve uma diminuição da frequência da gonorreia assintomática em homens associado a declinação da prevalência destas cepas. A maioria dos casos não tratados se resolveram espontaneamente ao passar de várias semanas 
Complicações Localizadas
A epididimite aguda é a complicação mais comum da gonorreia uretral, mas atualmente nos países industrializados é excepcional; a maioria dos casos de epididimite em homens jovens são devidos a C. trachomatis. Ocasionalmente, a uretrite gonocócica ou não gonocócica mostra edema peniano sem outros sinais inflamatórios óbvios. A linfangite do pénis, o abscesso periuretral, a prostatite aguda, a vesiculite seminal e as infecções das glândulas de Tyson e Cowper são complicações pouco frequentes. A estenose uretral também não é frequente como resultado da infecção. Embora uma vez considerada uma consequência comum da uretrite gonocócica, muitas estenoses observadas na era pré-antibiótica podem ter resultado de um tratamento que consiste em irrigação uretral com soluções cáusticas, como nitrato de prata ou permanganato de potássio, em vez de da própria infecção.
Infecção Urogenital Não Complicada Em Mulheres
Os principais locais de infecção genital em mulheres são as células epiteliais colunares que revestem o endocervix. N. gonorrhoeae geralmente é obtido a partir de amostras da uretra ou do reto e às vezes das glândulas periuretrais (de Skene) e dos dutos das glândulas de Bartholin, mas raramente são os únicos lugares infectados, exceto em mulheres submetidas histerectomia. A própria vagina não está infectada em mulheres sexualmente maduras porque, sob a influência do estrogênio, o epitélio escamoso da mucosa vaginal não é vulnerável a infecção. O curso natural da gonorreia é menos conhecido nas mulheres. A maioria é susceptível para demonstrar sintomas, mas muitos permanecem assintomáticos ou têm apenas sintomas menores e não buscam atendimento médico. Assim, as mulheres com uma infecção subclínica se acumulam na população e em contextos em que as mulheres sexualmente ativas são sistematicamente examinadas para infecção subclínica, até 80% das mulheres com gonorreia são assintomáticas. Pelo contrário, em contextos que atraem pacientes sintomáticos, como os serviços de emergência de clínicas e hospitais, a maioria deles experimenta uma infecção sintomática absoluta. Como os homens, os pacientes infectados com AHU e auxiliares relacionados são mais propensos a ter infecção assintomática e sinais inflamatórios mais sutis. Na maioria das mulheres infectadas, os sintomas permanecem cerca de 10 dias. O predominante é o aumento do exsudato vaginal, juntamente com a disúria e hemorragia intermenstrual, às vezes desencadeada pelo coito. A presença de dor abdominal ou pélvica geralmente indica uma infecção ascendente, mas algumas mulheres com esses sintomas não apresentam evidência de salpingite na laparoscopia. O exame físico pode mostrar exsudato cervical purulento ou mucopurulento e outros sinais de cervicite mucopurulosa, como edema em uma área de ectopia cervical ou hemorragia endocervical induzida por esfregaço; na maioria das mulheres infectadas, esses sinais cervicais não estão presentes. Ocasionalmente, o exsudato purulento pode sair da uretra ou dutos das glândulas de Bartholin.
Infecção Gonocócica Retal
N. gonorrhoeae pode ser encontrado no reto em até 40% das mulheres e em uma proporção similar de homens homossexuais com gonorreia. Muitas vezes, o reto é o único local infectado, enquanto, cerca de 5% das mulheres detecta uma infecção retal isolada. A infecção retal é adquirida ambos através da relação sexual anal, que representa quase todos os casos nos homens, como contaminação perineal por secreções cervicovaginais, que é considerado responsável por muitas infecções em mulheres. A infecção por gonococos retais geralmente é assintomática, mas alguns pacientes podem manifestar proctite aguda com prurido anal, tenesmo, exsudato purulento ou hemorragia retal. Entre 101 homens visto em uma clínica de doença venérea em San Francisco (2001 e 2002), a gonorreia foi a etiologia identificada mais comum da proctite; representou 30% dos casos. A taxa aparentemente maior de proctite sexual clinicamente evidente em homens com respeito a mulheres sugere que o tamanho do inóculo ou um trauma durante a relação sexual anal pode influenciar o aparecimento dos sintomas. Às vezes, a anuscopia revela exsudato mucopurulento e alterações inflamatórios da mucosa retal, embora a infecção por C. trachomatis, o vírus da herpes simples e outros patógenos de transição sexual pode produzir os mesmos descobertas.
Infecção Da Faringe
A infecção gonocócica da faringe é adquirida através do sexo oral e, excepcionalmente, através do beijo, se isso ocorrer. Adquirido de forma mais eficiente por felação do que pela estimulação vulvobucal, essa infecção pode ser detectada de10 a 20% das mulheres heterossexuais com gonorreia e de 10 a 25% de homens homossexuais infectado e somente apenas em 3 a 7% dos homens heterossexuais. Quase todas as infecções são assintomáticas, mas alguns casos podem causar faringite. A maioria dos casos são assintomáticos e se resolvem espontaneamente, a infecção faríngea é menos transmissível do que a gonorreia retal ou genital e a faringe raramente é o único lugar infectado. Por outro lado, a infecção pode ser sintomática e às vezes é a fonte de transmissão ao casal, particularmente entre homens homossexuais ou a disseminação sistêmica do patógeno. Além disso, algumas diretrizes recomendadas para o tratamento da gonorreia genital ou retal é menos eficaz na erradicação da infecção faríngea embora a ceftriaxona e a cefixima sejam efetivamente efetivas. As recomendações presentes são para examinar a presença de infecção faríngea em indivíduos infectados pelo HIV que relatam sexo oral, e muitos especialistas recomendam um teste de triagem faríngea em homens homossexuais devido à contínua alta incidência de doença neste grupo.
Outras Manifestações Locais
O principal fator de risco para a faringite gonocócica é a exposição sexual orogenital. Esta pode ser encontrada em 10 a 20% das mulheres heterossexuais com gonorreia e em 10 a 25% dos homens homossexuais. Raramente há faringite aguda ou linfadenite cervical; a maioria das infecções faríngeas permanece assintomática. A infecção ocular nos adultos geralmente resulta da autoinoculação da conjuntiva em uma pessoa com gonorreia genital. A conjuntivite é geralmente grave, com exsudato purulento, e ulceração corneana pode ocorrer rapidamente na ausência de antibioticoterapia imediata. Infecção gonocócica cutânea primária mostra-se rara, sendo a maioria dos casos relacionada à inoculação de lesão pré-existente ou à exposição simultânea com injúria cutânea, havendo casos com manifestação de lesões ulceradas da genitália, períneo ou dedos
Perihepatite
 A perihepatite aguda (síndrome de Fitz-Hugh e Curtis) ocorre primariamente por extensão direta da Neisseria gonorrohoeae ou da Chlamydia trachomatis da trompa de Falópio à cápsula hepática e ao peritônio adjacente. Alguns casos podem resultar de disseminação linfangítica ou bacteriêmica, explicando os raros casos de perihepatite em homens. A perihepatite resulta em dor abdominal, hipersensibilidade em topografia hepática, e sinais de peritonite em hipocôndrio direito. A maioria dos casos ocorre simultaneamente com doença inflamatória pélvica, mas muitas mulheres não relatam sintomatologia pélvica. A perihepatite deve ser considerada no diagnóstico diferencial de dor em quadrante superior direito do abdomeem pacientes jovens sexualmente ativas18 26 44. Infecção gonocócica disseminada. A infecção gonocócica disseminada (IGD) resulta de bacteremia gonocócica e ocorre em 0,5 a 3% dos pacientes infectados. Artrite séptica e uma síndrome característica de poliartrite e dermatite constituem as manifestações predominantes, e a IGD representa a principal causa de artrite infecciosa em adultos jovens. As complicações raras incluem a endocardite, a meningite, a osteomielite, a sepse com síndrome de Waterhouse-Friderichsen e a síndrome da angústia respiratória do adulto. As propriedades da N. gonorrhoeae classicamente associadas com a disseminação incluem resistência à ação bactericida do soro humano, especificidade por sorotipos por IA e susceptibilidade marcante à penicilina. A deficiência de complemento pode predispor à bacteremia gonocócica. Mais de 13% dos pacientes com IGD apresentam deficiência de complemento, e os pacientes com episódios repetidos de bacteremia por Neisseria devem ser estudados quanto aos níveis séricos de complemento. Outros fatores de risco associados ao risco aumentado de disseminação incluem o sexo feminino, a menstruação, a infecção faríngea gonocócica e a gravidez. Em 50% das mulheres afetadas, os sintomas iniciam-se dentro de sete dias após o início da menstruação. As manifestações mais comuns da IGD constituem a síndrome artrite-dermatite. Durante os primeiros dias, a maioria dos pacientes queixa-se de sintomas constitucionais e às vezes de poli artralgias migratórias envolvendo os joelhos, os cotovelos e as articulações mais distais. Nesse estágio, o exame físico demonstra tenossinovite, artrite e outros sinais de inflamação Peri articular em duas ou mais articulações. O envolvimento assimétrico oligoarticular ajuda na distinção entre IGD e a poliartrite devido à síndrome de deposição de imunocomplexos. Uma dermatite característica encontra-se presente em 75% dos casos, consistindo de pápulas e pústulas às vezes com componente hemorrágico. As lesões apresentam-se em número variável, de 5 a 40, ocorrendo predominantemente nas extremidades. Bolhas hemorrágicas ocasionalmente são vistas, como também as lesões necróticas mimetizando ectima gangrenoso e as Síndrome de Sweet. Se não tratada, a dermatite e a artropatia na maioria das articulações melhoram espontaneamente, mas a artrite tipicamente progride em alguns locais, mais comumente no joelho, tornozelo, cotovelo e punho. Nesse estágio, o quadro clínico e os achados do fluido sinovial assemelham-se àqueles da artrite séptica. A IGD resulta da disseminação bacteriêmica da N. gonorrohoeae para a pele, articulações e tecidos periarticulares, embora em alguns casos imunocomplexos ou outros mecanismos imunológicos contribuam para a patogênese. Durante o estágio de dermatite-poliartrite, o gonococo pode ser recuperado na hemocultura, entretanto, o líquido sinovial, se obtido, geralmente contém menos de 20.000 leucócitos/mm3 e mostra-se estéril. O gonococo pode ser visualizado por métodos imunohistoquímicos em biópsias de lesões cutâneas, mas as culturas permanecem estéreis. Na artrite séptica gonocócica, o fluido sinovial geralmente contém mais que 50.000 células/mm3 e a cultura pode ser positiva em parte dos casos. De maneira geral, só metade dos pacientes com IDG apresenta culturas positivas no sangue ou fluido sinovial, mas a N. gonorrohoeae pode ser recuperada de uma mucosa em cerca de 80% dos pacientes. Quando se suspeita de infecção gonocócica disseminada, uns mínimos de três hemoculturas devem ser obtidos; o fluido sinovial, se disponível, deve ser cultivado; todos os sítios de mucosa potencialmente infectados devem ser cultivados (uretra ou endocérvice, reto e faringe), independente da história dos sintomas ou exposição; e o parceiro sexual deve ser examinado e seus líquidos cultivados. Embora raramente positivas, a coloração pelo Gram e as culturas das lesões cutâneas postulares são de fácil obtenção e devem ser realizadas. O diagnóstico diferencial da síndrome de artrite-dermatite inclui meningococcemia, outras artrites infecciosas e o vasto número de artrites inflamatórias. A síndrome de Reiter e outras artrites reativas são comumente confundidas com a IGD, por serem comuns em adultos jovens sexualmente ativos e se associarem a uretrite, cervicite e a lesões cutâneas. A endocardite infecciosa, que geralmente envolve a válvula aórtica, representa manifestação grave da doença, porém rara, ocorrendo em 1 a 2% dos casos de IGD. Embora às vezes associada com a síndrome artrite-dermatite, a endocardite pode ser a única manifestação da IGD. A meningite gonocócica, a sepse fulminante mimetizando a síndrome de WaterhouseFriderichsen, a osteomielite e a síndrome de angústia respiratória do adulto constituem manifestações raras da IGD.
Gonorreia Na Gravidez
 A gonorreia nas gestantes associa-se com risco aumentado de aborto espontâneo, parto prematuro, ruptura prematura de membranas e mortalidade fetal perinatal, porém não está claro se a infecção gonocócica se responsabiliza por estas consequências ou se constitui simplesmente um marcador para alto risco devido a outros mecanismos patogênicos. As manifestações clínicas da gonorreia não se alteram na gravidez, exceto que a doença inflamatória pélvica e a perihepatite revelam-se raras após o primeiro trimestre, quando o concepto obstrui a cavidade uterina. Há controvérsias sobre a possibilidade de a gravidez ser um fator de risco para infecção disseminada.
Infecções Neonatais e Pediátricas. 
Mães infectadas podem transmitir a N. gonorrhoeae para o feto, durante o parto, ou no período pós-parto. A conjuntivite gonocócica do neonato (oftalmia neonatorum) representa a manifestação mais comumente reconhecida e já foi a principal causa de cegueira nos Estados Unidos, sendo ainda em alguns países pobres. A profilaxia pela instilação de uma solução aquosa de nitrato de prata a 1% no saco conjuntival logo após o parto revelou-se altamente eficaz, embora falências ocasionais possam ocorrer. As principais medidas preventivas incluem a triagem de rotina e o tratamento pré-parto das mulheres grávidas infectadas. Foi Karl Credé quem estabeleceu as bases dessa profilaxia em 1884. O diagnóstico da oftalmia gonocócica deve ser suspeitado clinicamente quando conjuntivite aguda, geralmente com exsudato purulento, se desenvolve dentro de 1 semana (usualmente 2 a 3 dias) do parto. Ela é confirmada pela identificação do gonococo nas secreções conjuntivais, obtida pelo Gram ou cultura. Recém-nascidos expostos à gonorreia também podem desenvolver doença sistêmica, com sepse e artrite. Entretanto, vaginite purulenta constitui a principal manifestação da gonorreia em crianças pré-púberes após o período neonatal. Após o período neonatal até 1 ano de idade, as crianças adquirem a doença por via não-sexual de um parente infectado, usualmente na vigência de maus hábitos de higiene. Após um ano de idade, as crianças adquirem a gonorreia por abuso sexual
Diagnóstico 
O diagnóstico laboratorial da gonorreia depende da identificação da N. gonorrhoeae em um local infectado. O isolamento por cultura representa o método diagnóstico padrão e sempre deve ser utilizado. Outros testes diagnósticos mostram-se inferiores, mas podem ser úteis quando o isolamento não é prático pela ausência de acesso a laboratório ou dificuldades no transporte do espécime. A amplificação do DNA pela reação em cadeia da polimerase (PCR) oferece sensibilidade comparável ou até mesmo superior a cultura, porém a experiência clínica revela-se limitada. Uma simples cultura em meio seletivo mostra sensibilidade de 95% ou mais para amostras uretrais de homens com uretrite sintomática e 80-90% para infecção endocervical nas mulheres, dependendo da qualidade do meio e da adequação da amostra. Embora a uretra seja comumente infectada, a cultura de material uretral não aumenta a sensibilidade diagnóstica, exceto em mulheres que não têm cérvice por histerectomia. Culturas de outros locais, por exemplo de glândulas,devem ser obtidas quando indicadas pelo quadro clínico. Amostras de fluidos normalmente estéreis, como sangue e fluido sinovial devem ser inoculadas em meio não seletivo como ágar-chocolate. Material da uretra masculina é mais adequadamente obtido pela inserção de um swab de 2-3cm na uretra, embora o exsudato purulento possa ser adequado para exame. Quando a obtenção do material uretral não for possível, os primeiros 20-30ml de urina podem ser centrifugados e o sedimento cultivado. Tem-se o material endocervical utilizando-se um swab no orifício externo, com cuidado para evitar contato com a mucosa vaginal ou com secreções. Amostras retais são obtidas com swab de 2-4cm no canal anal. Em pacientes com proctite sintomática, aumenta-se a sensibilidade da bacterioscopia e da cultura com a realização da anoscopia e análise de secreções purulentas. A escolha dos pontos anatômicos de obtenção de material para estudo depende dos locais expostos e das manifestações clínicas.
Tinção de Gram
A coloração de Gram foi utilizada há mais de um século para identificar gonococos em amostras clínicas, o azul de metileno e outros corantes também foram utilizados. A microscopia é positiva se observasse gram-corados, de diplococos morfologia típica associada aos neutrófilos, é negativo se nenhum desses microrganismos é detectado, estão associados a neutrófilos ou os microrganismos. Espécies de Neisseria não estão associados a leucócitos. Nos homens com uretrite sintomática, a microscopia tem uma sensibilidade de menos 95% e é muito específico para o diagnóstico de gonorreia, mas é menos útil para outros locais anatômicos. A sensibilidade se aproxima de 50% em infecção uretral assintomática em homens e infecção cervical ou retal; tem sido mencionado que a especificidade é alta, mas é provável que seja tão somente no caso de observadores altamente experientes. A microscopia não é sensível ou específica para a detecção de infecção gonocócica faríngea e, portanto, não recomendada.
Outros métodos de diagnósticos
Os testes com sondas de DNA não amplificadas são um pouco menos sensíveis do que a cultura ou amplificação de ácidos nucleicos e não são úteis no diagnóstico de infecção retal ou faríngea ou para o exame de urina, no entanto, essas análises são baratas e muitos laboratórios oferecem-lhes em combinação com análises para C. trachomatis. Na década de 1980, utilizaram-se técnicas de detecção de imunoquímicade antígenos patogênicos, como o ensaio de imunoabsorção enzimática com anticorpos policlonais e anticorpos monoclonais conjugados com fluoresceína para microscopia de fluorescência direta, mas esses testes são relativamente insensíveis.
TRATAMENTO
A susceptibilidade antimicrobiana de N. gonorrhoeae é lábil, varia consideravelmente em regiões geográficas e populações e flutua com o tempo. Quase sempre, as decisões de tratamento clínico são sem conhecer a sensibilidade antimicrobiana da cepa infectante.
Portanto, sempre que possível, orientações para o tratamento sistemático de da gonorreia deve ter uma eficácia próxima de 100% independentemente da distribuição de cepas suscetíveis e resistentes de N. gonorrhoeae na comunidade, e evite tratamentos com menos de 95% de eficácia. Outros fatores que influenciam as decisões terapêuticas da gonorreia são as características farmacocinéticas do antimicrobiano, sua eficácia na infecção complicada versus não complicada, eficácia diferencial nos vários locais anatômicos de infecção, toxicidade, disponibilidade, conveniência e custo de gerenciamento. Uma consideração adicional é a eficácia potencial de um antimicrobiano para uma infecção concorrente. Historicamente, essa preocupação foi centrada na sífilis, mas mesmo em áreas com alta prevalência de ambas as infecções, a incidência de sífilis em indivíduos com gonorreia não é vista consideravelmente afetado pelo uso de diretrizes terapêuticas com ou sem atividade contra Treponema pallidum. O patógeno coexistente mais comum é C. trachomatis e, durante três décadas, muitos estudos produziram resultados consistentes: 15-25% de homens heterossexuais, 10-15% de homens homossexuais e 35-50% de homens heterossexuais mulheres com gonorreia são portadoras de infecções concorrentes por esta bactéria. O tratamento da gonorreia foi facilitado pela excelente eficácia dos regimes de dose única; não obstante, com crescente resistência a várias classes de antimicrobianos. Será, em última instância, necessário avaliar. Novamente, essa estratégia. Em mulheres grávidas, a gonorreia responde às diretrizes recomendadas.
Gonorreia no complicada em adultos
Tratamento inicial da dose única
As recomendações de tratamento para a gonorreia sem complicações, modificada daqueles publicados em As Diretrizes de Tratamento de Doenças Sexualmente Transmissíveis de 2006 CDC97,152. Uma única dose intramuscular de 125 mg de ceftriaxona ou uma dose oral única de 400 mg de ceftriaxona é eficaz para infecção mucosa. Cefixima, com taxas de cura que excedem 98% da gonorreia uretral, cervical e retal e 90% para infecção faríngea, em ambos as diretrizes são bem toleradas e eficazes em mulheres grávidas.
Após vários anos de falta de disponibilidade, nos Estados Unidos Cefixime está novamente disponível. A cefpodoxime, em uma dose oral dose única de 400 mg, está associada a farmacocinética favorável e foi eficaz em um estudo de determinação da dose 99,157, por isso é aprovado pela FDA no tratamento da infecção. No entanto, em alguns ensaios clínicos comparativos apoiam a sua eficácia terapêutica e, para o CDC é um tratamento alternativo. Em um ensaio clínico randomizado que incluiu 331 indivíduos com gonorreia confirmada com qualquer local urogenital ou retal, 400 mg de cefpodoxime resultaram na entre homens e mulheres infectados em 96,5% (limite inferior do IC 95%, 93,9%). Entre os 281 homens com gonorreia uretral, obteve cura em 96,1% (limite inferior de IC 95%, 93,1%) e entre 35 pacientes com gonorreia faríngea, a cura foi obtida em 74,0%. Cefuroxima, com uma dose de 1 g por via oral, parece ser eficaz em mulheres, com uma taxa de cura documentada de 97%, mas sua eficácia foi de apenas 93% em relação à uretrite gonocócica em homens. E deve-se mencionar que as reações cruzadas alérgicas entre a penicilina e as cefalosporinas parecem ser excepcionais, e os indivíduos alérgicos à penicilina podem ser tratados com uma cefalosporina. Finalmente, as cepas resistentes foram documentadas no Japão, cefalosporinas de terceira geração. Embora estas as cepas ainda eram sensíveis à ceftriaxona, alguns dados sugerem que as MICs desta droga poderiam estar aumentando.
As fluoroquinolonas representaram um progresso importante no tratamento da gonorreia; foi mostrado que muitos outros foram eficazes em uma única dose contra infecções devido aos gonococos sensíveis, com taxas de cura de pelo menos 98% para qualquer localização anatômica. Infelizmente, devido ao aumento incessante de resistência mundial de N. gonorrhoeae a fluoroquinolonas, atualmente são de uso clínico limitado. A resistência para esses antimicrobianos em crescimento nos Estados Unidos em 2004, fez com que CDC desencorajasse sua utlização em homens homossexuais com a gonorreia e, em agosto de 2007, desaconselhava sua administração sistemática em todos os casos de gonorreia. No entanto, as fluoroquinolonas são muito eficazes contra a infecção devido a gonococos sensíveis, com taxas de cura pelo menos 98% para qualquer localização anatômica. Embora o uso geral não seja recomendado, esta classe de antimicrobianos mantém uma utilização em pacientes em quem nenhuma outra opção é possível, como aqueles com contraindicações absolutas para cefalosporinas, no entanto, como descrito anteriormente, reações alérgicas cruzadas entre penicilina e cefalosporinas parecem ser excepcionais, e, frequentemente, indivíduos com alergia a penicilina podem ser tratado com a cefalosporina. Quando a única opção possível de tratamento é uma fluoroquinolona, é aconselhável obter um isolamento de cultura para realizartestes de sensibilidade e como referência em caso de falha no tratamento. Para regiões geográficas em que as taxas de resistência às fluoroquinolonas permanecem baixo o suficiente para continuar a sua gestão sistemática no tratamento da gonorreia, a vigilância é crucial, para avaliar a evolução ativa da resistência desses antimicrobianos.
Os regimes de dose única podem ser usados com outras cefalosporinas, quinolonas ou outros antibióticos, mas apresentam vantagens em relação aos recomendados. Em ensaios de pequena escala, uma dose única de 2 g de azitromicina foi eficaz contra a gonorreia e clamídia e pode ser considerado um tratamento alternativo em algumas situações. No entanto, o custo gastrointestinal e a intolerância limitam sua utilidade, e o aumento da resistência é uma preocupação, ao ponto de alguns autores, especialmente nos Estados Unidos e Reino Unido, desencorajarem a sua utilização para este fim. Na Europa, pela primeira vez em 2004, um projeto de vigilância sentinela que usou isolados da bactéria documentou uma taxa de resistência à azitromicina maior que 5%. Nos Estados Unidos, a resistência a este antimicrobiano permanece relativamente baixo, mas as tendências em outros países sugerem que a longo prazo não será uma opção viável.
A espectomicina, em doses de 2 g intramuscularmente, é eficaz para gonorreia genital e retal nos Estados Unidos, apesar da incidência de gonococos resistentes, mas não é eficaz para a infecção da faringe. Sua indicação exclusiva é o tratamento de mulheres grávidas com história de reações alérgicas à penicilina ou alergia documentadas a cefalosporinas, uma confluência excepcional de eventos.
Outras opções para tratar essas mulheres são limitadas e não foram estudadas a dessensibilização aos antimicrobianos recomendados ou ao uso de alternativas de cura, como a azitromicina. No entanto, a resistência à maioria dos antimicrobianos alternativos foi descrita, incluindo azitromicina.
RESUMO DAS OPÇÕES DE TRATAMENTO
Infecção não complicada no colo uterino, uretra e reto:
Cefixima, 400 mg v.o., em dose única 
Ceftriaxona 125 mg i.m., em dose única
Infecção da faringe:
Ceftriaxona 250 mg i.m, em dose única
Conjuntivite (diferente de oftalmia neonatorum)
Ceftriaxona 1 g i.m, em dose única
Infecção gonocócica disseminada:
Ceftriaxona 1 g i.m o i.v. cada 24 h durante 24-48h traz uma melhora com troca para o tratamento oral até completar uma demanda de antiobioterapia; incluindo cefixinma 400 mg v.o. duas vezes ao 
Meningite e endocardite:
Ceftriaxona 1-2 g i.v. cada 12 h durante 10-14 dias (meningite) ou 4 semanas
(endocardite)
Oftalmia neonatorum
Ceftriaxona 25-50 mg/kg v.o. ou i.m em dose única não passando dos 125mg
Seguimento de pacientes tratados por uma gonorreia não complicada
O processo de tratamento é incomum, e não o recomendamos. Novas evidências de cura documentada a menos que você duvide da adesão terapêutica ou os sintomas persistem. No entanto, a maioria dos pacientes com a infecção continua a estar em risco, e estudos detectaram gonorreia recorrente em 10-15% de examinado novamente 1-4 meses após o tratamento. Em três ou quatro meses após o tratamento, novos testes são rotineiramente realizados para infecção recorrente ou persistente, ou uma nova triagem.
Epididimite aguda
O tratamento na maioria dos casos em adultos jovens é devido a C. trachomatis ou N. gonorrhoeae, embora os coliformes e outros agentes patogênicos no trato urinário são causas comuns em homens mais velhos ou após instrumentação do trato urinário, e talvez também em homens homossexuais que se referem ao coito ou à penetração anal. A maioria dos casos pode ser tratado ambulatoriamente com ceftriaxona, 250 mg intramuscularmente, juntamente com 10 dias de tratamento com doxiciclina em dose de 100 mg duas vezes ao dia por via oral. A ofloxacina, em doses de 400 mg por via oral, duas vezes por dia, ou levofloxacina, em doses de 500 mg/dia por via oral durante 10 dias fornecem uma melhor cobertura para coliformes e patógenos não relacionados à transmissão e são eficazes contra a infecção por clamídia, embora eles deveriam ser evitados se à suspeita de gonorreia.
Infecção Gonocócica Disseminada 
Há poucos dados sobre o tratamento de pacientes com IGD dada a evolução e disseminação de gonococos com altos níveis de resistência antimicrobiana; todas as recomendações são empíricas, requerendo testes de susceptibilidade antimicrobiana para orientar o tratamento. Pacientes com síndrome de artrite gonocócica-dermatite requerem um tratamento inicial com ceftriaxona em dose de 1 g/dia administrado via intramuscular ou intravenosa. A maioria dos pacientes sem as complicações podem ser tratados de forma ambulatorial. As doses equivalentes de outras cefalosporinas de terceira geração também é eficaz e recomendado. Nenhum estudo publicado sistematicamente sobre as fluoroquinolas, sendo que, sem dúvidas, é eficaz contra os Após a melhora clínica, o tratamento de pacientes sem artrite séptica ou outras complicações podem ser substituídos por uma cefalosporina oral (por exemplo, cefixima em 400 mg duas vezes por dia) ou uma fluoroquinolona (por exemplo, levofloxacina a uma dose de 500 mg/dia), completando 7-10 dias de tratamento no total. Se o patógeno é sensível, a penicilina ou tetraciclinas. Pacientes com endocardite gonocócica devem receber 4 semanas de tratamento parenteral, começando geralmente com a ceftriaxona ou um equivalente de cefalosporina e modificando o padrão mais tarde, de acordo com os resultados do teste de susceptibilidade antimicrobiana. A meningite será tratada com um ciclo de ceftriaxona de 10 a 14 dias.
Gonorreia em crianças
Em crianças, são vistos um número relativamente pequeno de casos de gonorreia e o tratamento não foi estudado em profundidade, a maioria das recomendações terapêuticas ultrapassam os limites das descritas para adultos. Em lactentes e crianças, as infecções não complicadas são tratadas com ceftriaxona em uma única dose intramuscular de 25-50 mg/kg de peso corporal, para 125 mg/kg. Conhecendo a prevalência de infecção por clamídia em pacientes pediátricos com gonorreia, a prática habitual é realizar um exame para C. trachomatis e evite tratamento específico a menos que a infecção seja diagnosticada. A IGD e a conjuntivite gonocócica em crianças são tratados com ceftriaxona em doses de 25-50 mg/kg de peso corporal/dia, por via intramuscular ou intravenosa, durante 7-10 dias, ou com um regime equivalente a outra cefalosporina de terceira geração. Na conjuntivite gonocócica, utiliza-se uma irrigação continua com uma solução de soro fisiológico, porém é provável que os colírios antibióticos não conferem um benefício adicional.
Tratamento de parceiros sexuais
A medição de parceiros sexuais é uma parte essencial no tratamento da gonorreia e outras doenças sexualmente transmissíveis porque, caso contrário, existe o risco de reinfecção do paciente. Nos Estados Unidos, poucos departamentos de saúde fornecem assistência direta para tratamento de parceiros com gonorreia ou clamídia diagnosticada fora das clínicas públicas, portanto, o médico e o paciente devem fazer esforços conjuntos com esse propósito. Em condições ideais, são examinados os parceiros sexuais, e se submeteram a exames em busca de infecções e outras enfermidades. Infelizmente, na maioria dos casos, os casais não aparecem para cuidados clínicos e, na maioria dos contextos, pode ser documentado tratamento para menos da metade dos parceiros infectados. Estudos sugerem que essa proporção pode aumentar e que a taxa de reinfecção no índice do paciente pode ser reduzida ao planejar um tratamento sem exames, ou seja, ao fornecer o paciente o antibiótico para o parceiro ou uma prescrição em nome do parceiro, ou estendendo uma receita diretamente ao parceiro. Em conjunto, essas estratégias têm sido chamadas de tratamento rápido de casal. Embora as bases legais desta estratégia sejam duvidosas em alguns estados, pesquisas indicam que muitos médicos utilizam esse tipo detratamento em pacientes com DST. Por outro lado, vários estados com leis ou regulamentos anteriormente restritos os modificaram para permitir isso e outros estão considerando essas medidas. Para a gonorreia, esta estratégia usa um tratamento dose oral única com cefixima e, para C. trachomatis, com azitromicina; para pares de pacientes com infecção por clamídia exclusiva. A azitromicina é apropriada.
PREVENÇÃO E CONTROLE
Estratégias de saúde de pública
A triagem para indivíduos sexualmente ativos é a base de estratégias de saúde pública para prevenir a gonorreia e outras doenças venéreas bacterianas tratáveis e, em grande parte, é responsável pelas drásticas reduções da incidência de gonorreia em todo o país observadas após meados da década de 1970. Nos EUA a Força-Tarefa de Serviços Preventivos recomenda exames anuais em busca de gonorreia em mulheres sexualmente ativas com menos de 25 anos de idade e em mulheres maiores com risco especifico. Alguns autores utilizaram análises epidemiológicas mais sutis que ajuda a restringir estas recomendações amplas para a triagem e são sugeridos uma atenção especial as taxas de prevalência de gonorreia local. Quando um exame pélvico não é indicado, o exame pode ser feito através de uma amostra de urina ou swab por amplificação de ácidos nucleicos. Uma triagem para todos os homens e mulheres heterossexuais não são lucrativas, exceto em áreas especiais, tais como clínicas públicas. No teste de triagem para mulheres e homens heterossexuais, uma amostra da faringe deve ser obtida na presença de sintomas de faringite e pode ser justificada se o paciente refere uma felação a uma parceira (o) com gonorreia genital. Embora a gonorreia cervical assintomática tenha sido reconhecida desde há muito tempo, é crescente a preocupação da prevalência de gonorreia assintomática em algumas populações, particularmente infecção retal e faríngea em homens homossexuais. Os homens homossexuais sexualmente ativos exigem rastreio sistemático para ambas as infecções, dependendo dos locais anatômicos expostos. Além disso, há mais de uma década, mostrou-se que a uretrite aumenta a carga viral do HIV no sêmen e o tratamento reduz concomitantemente os níveis de ARN do vírus. Portanto, para todos os indivíduos infectados pelo HIV, recomenda o diagnóstico e o tratamento imediato da uretrite juntamente com um exame de rastreio periódico de todos os locais anatômicos expostos e, posteriormente, a cada 12 meses ou mais com frequência para indivíduos com maior risco. Entre homossexuais assintomático, o maior rendimento foi obtido por cultura de amostras da mucosa retal se o paciente se refere a penetração e relação sexual anal alguns especialistas também recomendam triagem para infecção uretral, embora a gonorreia uretral assintomática seja excepcional nesta população. Quando um teste de triagem é realizado em homens homossexuais assintomáticos, deve ser considerada como evidência faríngea.
As medidas de controle de saúde pública para gonorreia e infecção por clamídia também incluem nova triagem e tratamento dos parceiros sexuais do paciente, descrito anteriormente. Outros elementos são testes diagnósticos apropriados em indivíduos com síndromes clínicas compatíveis, adesão ao regime terapêutico e testes periódicos de isolados gonocócicos para monitorar as tendências da resistência antimicrobiana. Para o monitoramento epidemiológico e facilitando esforços de controle direcionados, é importante que os clínicos documentem casos, de preferência complementados por laboratório daqueles com resultados de testes positivos. Para o controle da gonorreia e todas as doenças venéreas é educativo e citações pessoais são essenciais para incentivar comportamentos sexuais saudáveis, bem como o uso de contraceptivos de barreira. Finalmente, todos os indivíduos com DST devem ser testados para outras infecções comuns.
Preservativos e microbicidas
O uso adequado de preservativos confere um alto grau de proteção frente a transmissão ou aquisição de gonorreia, clamídia, HIV e outras DST transmitidas por secreções infectadas. As limitações metodológicas da maioria dos estudos que tentaram estimar a magnitude da eficácia os agentes etiológicos das doenças infecciosas provavelmente levarão a uma subestimação da proteção. No entanto, uma revisão sistemática descobriu que a maioria dos estudos encontraram que o uso do preservativo de associado a uma diminuição de riscos tanto de gonorreia como de infecção por clamídias. É provável que o preservativo feminino realiza uma proteção comparável. Claro, os diafragmas e tampas cervicais oferecem algum grau de proteção contra a gonorreia embora em um estudo de corte randomizado e controlado realizado na África do Sul não mostrou um efeito protetor contra a infecção pelo HIV, uma análise de subgrupos revelou que as mulheres que relataram uso constante experimentaram uma diminuição significativa na incidência de infecção gonocócica (risco relativo,0,61; IC 95%, 0,41 a 0,91). Espermicida nonoxynol 9 não confere uma proteção significativa contra gonorreia ou clamídia e está associada a um risco aumentado de candidíase vulvovaginal e da infecção bacteriana do trato urinário e aumento do risco de aquisição do HIV de acordo com os resultados de um ensaio em larga escala. Embora os espermicidas, melhorem a eficácia contraceptiva dos métodos de barreira, indivíduos com alto risco, devem evitá-los, e também deve evitar preservativos com lubrificante que o contém. Estão em curso estudos para identificar microbicidas alternativos para uso vaginal ou retal. Não houve evidência de que medidas como lavagem, micção ou banho infecções vaginais após a exposição reduzem significativamente o risco de infecção venérea.
Outras estratégias de prevenção 
A administração de antibióticos sistêmicos imediatamente antes ou após a exposição sexual pode reduzir o risco de gonorreia, e tratamento maciço das populações com altas taxas de sífilis e outras treponematoses foram eficazes na redução da morbidade. No entanto, no melhor dos casos, essas estratégias tiveram uma influência menor e transitória sobre a incidência de gonorreia em populações tratadas e pode implicar o risco de propagação gonococos resistentes. Desenvolver uma vacina é uma prioridade de pesquisa, embora uma vacina experimental contendo apenas gonococos pituitários purificados proporcionou proteção parcial contra a infecção experimental por uma estirpe homóloga de N. gonorrhoeae e nenhuma proteção contra uma heteróloga. O extraordinário grau de variabilidade no pili, Opa e LOS, tanto a nível comunitário quanto durante cada infecção, representa um grande obstáculo para o desenvolvimento de uma vacina baseada nesses antígenos. Outras proteínas mais estáveis estão sendo investigadas do ponto de vista antigênico, incluindo o porin, com possível vacina, mas é provável que sua comercialização tenha que espere alguns anos.
CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS
Tendo em vista os aspectos observados a N. gonorrhoeae, possui vários tipos de manifestações clinicas, podendo ser, inclusive assintomáticas, porem realizando os testes corretos, o diagnostico com base nos testes realizados indicam um norte a ser seguido para o tratamento da bactéria, além de coletar informações para ser utilizados como dados para realizar estatísticas, sobre a bactéria, podendo assim ser utilizado antibióticos de uma maneira mais eficaz 
REFERÊNCIAS
BARBOSA, Marcelo Joaquim et al. Prevalence of Neisseria gonorrhoeae and Chlamydia trachomatis infection in men attending STD clinics in Brazil. Rev. Soc. Bras. Med. Trop., Uberaba, v. 43, n. 5, p. 500-503, Oct.  2010. 
Penna, Gerson Oliveira, Haja, Ludhmila Abrahão, & Braz, Tatiana Magalhães. (2000). Gonorreia. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, 33(5), 451-464.
Gerald L. Mandell, MD, MACP; John E. Bennett, MD, MACP; Raphael Dolin, MD. Enfermidades Infecciosas – Princípios e Pratica Sétima edição.
Focaccia,R. Tratado de Infectologia quinta edição, Editora Atheneu

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