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Enade Responsabilidade Civil 2017.2

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1 - Paulo dirigia o seu automóvel pela Av. X, dentro da velocidade normal estabelecida 
para o trecho, quando uma roda do veículo caiu em um bueiro destampado. 
Desgovernado, o carro colidiu com um muro e ficou com a dianteira praticamente 
destruída. Paulo sofreu lesões físicas que o impossibilitaram para o trabalho por dez 
dias. De quem Paulo poderá pleitear indenização, com que fundamento e o que 
poderá pedir? 
 
RESPOSTA: Em se tratando de acidente ocorrido em decorrência de buraco em via 
pública, bueiro aberto, a responsabilidade é do município, pois a ele compete zelar pela 
segurança do sistema de trânsito local e pela conservação das vias de circulação da 
cidade, mediante a adoção de meios eficazes para prevenir acidentes, sendo certo que 
este responde de forma imediata e direta pelos danos ocorridos nas vias públicas do 
município, mesmo que possa ser atribuída responsabilidade a alguma concessionária de 
serviço público. 
 
2 - Antônia teve o seu veículo apreendido em ação de busca e apreensão movida pelo 
Banco X. Pagas as prestações em atraso, seis meses depois o veículo lhe foi devolvido, 
mas inteiramente danificado, inclusive com subtração de peças e acessórios. Alega 
também Antônia que não poderá usar o seu veículo, enquanto não for consertado, no 
fornecimento de quentinhas para cerca de 80 pessoas, o que lhe daria um ganho diário 
de R$ 120,00. Em ação indenizatória contra o Banco X o que Antônia poderá pedir? 
 
RESPOSTA: Ela sofreu prejuízo no seu patrimônio, dano material e dano emergente 
(as peças), nascendo, portanto, o dever de indenizar, porque o depositário tinha que ter 
guardado e devolvido o bem em perfeitas condições. O carro era utilizado para trabalho 
e durante 6 meses ela perdeu o ganho que é o lucro cessante. Portanto, Antônia poderá 
pedir ressarcimento em relação aos danos materiais decorrentes da conduta do banco, 
exigindo o dano emergente, relativo ao que perdeu efetivamente e os lucros cessantes 
correspondente aos que razoavelmente deixou de ganhar com a venda das quentinhas, 
além de eventuais danos morais supervenientes. 
 
3 - Em discussão ocorrida no trânsito, Antônio (25 anos) depredou com uma barra de 
ferro o veículo de José (75 anos), tendo este sido acometido de infarto fulminante, 
morrendo no local. Antônio responde civilmente pela morte de José? Por que? 
Resposta fundamentada. 
RESPOSTA: Não responderá pelo evento morte, mas pelo dano no veículo, porque ele 
quis depredar o automóvel do outro. Ele não queria que o José morresse, teve um 
resultado que não era previsto. Trata de responsabilidade subjetiva que é preciso culpa, 
e como faltou um dos elementos da culpa que é a previsibilidade, ele não responde 
então, pelo resultado morte, pois não deu a causa, e sim praticou ato ilícito, conforme 
Artigo 927 do CC. 
 
4 - Marcos, tendo seu veículo fechado por outro carro, desvia com o intuito de evitar 
a colisão, sobe na calçada e atropela João, transeunte que retornava de seu trabalho. 
Reconhecido o estado de necessidade de Marcos na esfera criminal, com sua 
absolvição nesta seara, respaldada pelo ato justificado de fugir ao perigo iminente à 
própria vida, bem como dos passageiros de seu automóvel, pergunta-se: Marcos será 
compelido a indenizar João? Justifique. 
RESPOSTA: Aquele que deu a fechada em Marcos que foi a causa direta e imediata, 
assim, quem causou o perigo é que responde pelo dano causado. Marcos, em ação 
regressiva, terá ônus de identificar quem deu a fechada e correr atrás para reparar com 
base no art. 930 do CC. João foi a pessoa lesada, ele não causou perigo, nesse caso, o CC 
determina que aquele que causou o dano, mesmo em estado de necessidade tem o 
dever de reparar o dono, sendo o caso de indenização por ato lícito art. 929 C/C art. 188, 
II do CC. 
 
5 - Flávia, 10 anos de idade, brincava com o irmão mais velho e dois colegas na piscina 
do Condomínio onde moravam. Quando Flávia estava mergulhando próximo do filtro 
(ralo) da piscina, teve seus cabelos sugados, tão fortemente que ficou presa no fundo, 
o que provocou o seu afogamento. Quando o irmão de Flávia conseguiu retirá-la do 
fundo da piscina ela já estava morta. Os pais de Flávia pretendem ser indenizados por 
danos materiais e morais. De quem poderão pleitear a indenização: do condomínio, 
do fabricante do filtro (ralo) ou de ambos? E m qualquer caso, qual será o fundamento 
legal do pedido indenizatório? 
RESPOSTA: O que causou o trágico acidente foi o defeito do ralo ou filtro (produto) da 
piscina por não ter oferecido a segurança legitimamente esperada. Não é previsível, 
nem concebível que o ralo de uma piscina sugue a água com tal intensidade que deixe 
uma pessoa presa pelos cabelos. A ação indenizatória deverá ser ajuizada contra o 
fabricante do filtro com base no art. 12 do CDC. 
 
6 - Um prisioneiro do sistema penitenciário do Estado do Rio de Janeiro faleceu 
acometido de pneumonia. A viúva propõe ação indenizatória contra o Estado sob o 
fundamento de que a este cabia zelar pela integridade física do seu marido. Assiste-
lhe razão? Resposta fundamentada. 
RESPOSTA: A responsabilidade do Estado é uma regra objetiva fundamentada na teoria 
do risco administrativo. Todavia também existe a culpa anônima ou falta de serviço, seja 
porque não funcionou quando deveria ou funcionou mal e tardiamente, é a 
responsabilidade subjetiva. Comprovando-se a culpa, na forma do art. 186 do CC, caso 
em que, se houver falta de serviço ou serviço mal prestado e este ser configurado, 
responderá o Estado pelo falecimento.

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