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Aula 01 Direito Tributário p/ AFRFB - 2017 (Com videoaulas) Professor: Fábio Dutra 11311510893 - NELSON DOS SANTOS FILHO Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 1 de 98 DIREITO TRIBUTÁRIO ± AUDITOR-FISCAL DA RECEITA FEDERAL Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 01 - Prof. Fábio Dutra AULA 01: Limitações Constitucionais ao Poder de Tributar (Princípios Tributários) SUMÁRIO PÁGINA Observações sobre a aula 01 Limitações Constitucionais ao Poder de Tributar 02 Princípios Constitucionais Tributários 04 Lista das Questões Comentadas em Aula 76 Gabarito das Questões Comentadas em Aula 93 Resumo da Aula 94 Observações sobre a Aula Olá, amigo(a)! Tudo bem com você? Seja muito bem-vindo ao nosso curso de Direito Tributário para o cargo de Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil!!! Fico muito grato por você está lendo essa aula, pois isso é o sinal de que você depositou a sua confiança em nosso trabalho. Justamente por esse motivo é que estamos trabalhando dias e noites ± algumas madrugadas, inclusive ± para trazer aulas que venham agregar verdadeiro conhecimento para as temidas provas dos concursos da Receita Federal. Vamos ao que interessa! Na aula de hoje, estudaremos a primeira parte das limitações constitucionais ao poder de tributar. Vamos tratar apenas dos princípios constitucionais, sendo que as imunidades ficarão para a próxima aula (parte II). Ok? Saiba que a aula de hoje é muito importante para a compreensão do Direito Tributário, como um todo. Portanto, fique de olhos bem abertos! Prepare o café, a caneta e... bons estudos! Comecemos! 11311510893 11311510893 - NELSON DOS SANTOS FILHO Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 2 de 98 DIREITO TRIBUTÁRIO ± AUDITOR-FISCAL DA RECEITA FEDERAL Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 01 - Prof. Fábio Dutra 1 ± LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR Prezado candidato, vamos manter o foco total a partir de agora, pois HVVH�DVVXQWR�³GHVSHQFD´�HP�SURYDV�GH�FRQFXUVR, e eu tenho certeza de que haverá pelo menos uma questão sobre o tema na sua prova! Por essa razão, vamos nos aprofundar no ponto certo para que você domine o assunto e VHMD�FDSD]�GH�³GHWRQDU´�D�TXHVWmR�TXH�FDLU��7XGR�EHP"�Vamos lá! Conforme você já deve ter estudado no Direito Constitucional, para a formação de um Estado são necessários três elementos: território, povo e governo soberano. Perceba que é dessa soberania do governo que surge o poder de tributar do Estado. Na aula passada, nós já havíamos aprendido que o Estado existe para a consecução do bem comum, e é para isso que ele é dotado de poderes que o colocam em condições de superioridade em relação aos contribuintes. Afinal de contas, se não houvesse certa coação, ninguém se sentiria obrigado em contribuir. Assim, os entes federados receberam competência tributária (assunto a ser detalhado em momento oportuno), que é o poder constitucional para instituir tributos - impostos, taxas, contribuições de melhorias, por exemplo. Contudo, precisamos entender que o poder de tributar não é ilimitado, pois se o fosse, a vontade arrecadatória estatal poderia ser desmedida a ponto de prejudicar a vida financeira dos cidadãos. Muito lógico, não?! Nesse rumo, para que tal poder represente a vontade do povo em um Estado democrático de direito, ele deve estar previsto no texto constitucional. Podemos dizer que o poder de tributar é um poder de direito. Portanto, a relação entre contribuinte e Estado deve ser dotada de juridicidade, e não simplesmente uma imposição de poder. Com isso, nossa Constituição Federal impõe limitações ao poder de tributar, por meio de princípios e de imunidades tributárias, em seus artigos 150, 151 e 152. Basicamente, podemos dizer que as limitações ao poder de tributar são constituídas por princípios e regras que disciplinam o exercício da competência para instituir e modificar tributos. As limitações constitucionais ao poder de tributar são constituídas por princípios e imunidades. Guarde isso! 11311510893 11311510893 - NELSON DOS SANTOS FILHO Nelson Realce Nelson Realce Nelson Realce Nelson Realce Nelson Realce Nelson Realce Nelson Realce Nelson Realce Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 3 de 98 DIREITO TRIBUTÁRIO ± AUDITOR-FISCAL DA RECEITA FEDERAL Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 01 - Prof. Fábio Dutra Há que se ressaltar, no entanto, que nem todas as limitações foram previstas nesse trecho, ou mesmo no texto constitucional, pois o próprio art. 150 menciona que pode haver outras garantias asseguradas aos contribuintes, além daquelas previstas naquele texto. De fato, há limitações previstas em outras partes da CF/88, como a imunidade de pagamento de taxas para obtenção de certidões na hipótese prevista no art. 5°, XXXIV, b. Além disso, o § 2°do mesmo artigo menciona que os direitos e garantias expressos na CF não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte. É relevante observar também que cabe à lei complementar regular as limitações constitucionais ao poder de tributar (art. 146, II, CF/88). Preste atenção, pois isso cai bastante em prova. A lei complementar apenas regula as limitações constitucionais ao poder de tributar, não tendo autonomia para instituir novas limitações. Cumpre-nos destacar também a relação entre as limitações ao poder de tributar e as cláusulas pétreas. Você já ouvir falar sobre isso? O legislador constituinte determinou ± art. 60, § 4°, IV, da CF ± que os direitos e garantias individuais não podem ser abolidos por emendas constitucionais. A essa proibição denominamos cláusula pétrea. Tais normas são previstas como uma espécie de blindagem, para que a Constituição não sofra sucessivas emendas que a desvirtue dos princípios que foram nela consolidados quando houve sua promulgação. Com base no que acabamos de aprender, grande parte das limitações constitucionais ao poder de tributar podem ser consideradas como direitos individuais do contribuinte, sendo, portanto, cláusulas pétreas. Não é possível, portanto, que uma emenda constitucional venha reduzir, criar exceções ou mesmo suprimir uma limitação ao poder de tributar, pois estaria abolindo um direito individual. Note que o contrário não é proibido, ou seja, é permitido que uma emenda constitucional venha acrescentar novos direitos aos contribuintes, instituindo outras limitações ao poder de tributar. Devemos estar atentos também ao fato de que a forma federativa de Estado também é uma cláusula pétrea (art. 60, §4°, I). Como ainda vamos ver, a imunidade recíproca (imunidade, como vimos, é uma forma de limitação ao poder de tributar) proíbe que os entes federados instituam impostos sobre o patrimônio, rendas ou serviços uns dos outros. Nesse contexto, se uma 11311510893 11311510893 - NELSON DOS SANTOS FILHO Nelson Realce Nelson Realce Nelson Realce Nelson Realce Nelson Realce Nelson Realce Nelson Realce Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 4 de 98 DIREITO TRIBUTÁRIO ± AUDITOR-FISCAL DA RECEITA FEDERAL Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 01 - Prof. Fábio Dutra emenda constitucional permite que a União cobre impostos sobre o patrimônio dos Municípios, por exemplo, estaria violando uma cláusulapétrea também. Portanto, não é somente a limitação ao poder de tributar referente aos direitos dos contribuintes que podem ser caracterizadas como cláusulas pétreas. O exemplo que eu dei em relação à imunidade recíproca ilustra que devemos analisar cada situação para verificar se a emenda está ferindo ou não o art. 60, § 4° e suas hipóteses. Abaixo, vou exemplificar as limitações que já foram consideradas pelo STF como cláusulas pétreas: Princípio da anterioridade (previsto no art. 150, III, b, da CF/88); Princípio da anterioridade nonagesimal (previsto no art. 195, § 6°, da CF/88) Princípio da imunidade tributária recíproca (previsto no art. 150, VI, a, da CF/88); Imunidade dos templos de qualquer culto (prevista no art, 150, VI, b, da CF/88); Imunidade do patrimônio, renda e serviços dos partidos políticos, entidades sindicais e instituições de educação e assistência social sem fins lucrativos (prevista no art, 150, VI, c, da CF/88); Imunidade dos livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão (prevista no art. 150, VI, d, da CF/88). Agora que já tivemos uma noção razoável do que são as limitações constitucionais ao poder de tributar, podemos começar a falar dos princípios tributários. 2 ± PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS TRIBUTÁRIOS 2.1 ± Princípio da Legalidade O princípio da legalidade (art. 150, I, da CF/88) prevê a necessidade de que uma lei seja editada para instituir ou aumentar um tributo. Trata-se, na verdade, de uma forma de representação popular. Afinal de contas, as leis são editadas pelo Congresso Nacional, onde estão aqueles que representam a vontade do povo. 'H�DFRUGR�FRP�R�DUW�����,,��GD�&)�����³QLQJXpP�VHUi�REULJDGR�D�ID]HU� RX�GHL[DU�GH�ID]HU�DOJXPD�FRLVD�VHQmR�HP�YLUWXGH�GH� OHL´��&RPR�o tributo é uma prestação pecuniária compulsória (é uma obrigação, portanto), deve 11311510893 11311510893 - NELSON DOS SANTOS FILHO Nelson Realce Nelson Realce Nelson Realce Nelson Realce Nelson Realce Nelson Realce Nelson Realce Nelson Realce Nelson Realce Nelson Realce Nelson Realce Nelson Realce Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 5 de 98 DIREITO TRIBUTÁRIO ± AUDITOR-FISCAL DA RECEITA FEDERAL Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 01 - Prof. Fábio Dutra ser instituído em lei, como decorre do seu próprio conceito, estampado no art. 3° do CTN. Da mesma forma, as multas tributárias, apesar de se distanciarem do conceito de tributo, devem ser instituídas em lei, pois elas são prestações obrigatórias, assim como aqueles. Tal princípio também é denominado por alguns estudiosos de princípio da reserva legal. Portanto, caro candidato, você pode considerar correta a questão que fizer menção tanto à legalidade quanto ao princípio da reserva legal. ³A instituição dos emolumentos cartorários pelo Tribunal de Justiça afronta o princípio da reserva legal´���67)��$',� 1.709) Obs.: Os emolumentos cartorários são taxas judiciárias. Embora o dispositivo constitucional apenas se refira à instituição e majoração de tributos, devemos considerar que a norma que institui ou majora é a mesma que reduz ou extingue o tributo. Em consonância com o disposto na CF/88 acerca do princípio da legalidade, o art. 97 do CTN ressalta que a instituição/extinção e a majoração/redução de tributos será realizada somente por lei. Ademais, também especifica outros aspectos que devem ser legalmente definidos, conforme vemos a seguir: Art. 97. Somente a lei pode estabelecer: I - a instituição de tributos, ou a sua extinção; II - a majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65; III - a definição do fato gerador da obrigação tributária principal, ressalvado o disposto no inciso I do § 3º do artigo 52, e do seu sujeito passivo; IV - a fixação de alíquota do tributo e da sua base de cálculo, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65; V - a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus dispositivos, ou para outras infrações nela definidas; Assim, somente a lei pode instituir os tributos, como também somente a lei pode extingui-los. Do mesmo modo, embora haja algumas exceções 11311510893 11311510893 - NELSON DOS SANTOS FILHO Nelson Realce Nelson Realce Nelson Realce Nelson Realce Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 6 de 98 DIREITO TRIBUTÁRIO ± AUDITOR-FISCAL DA RECEITA FEDERAL Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 01 - Prof. Fábio Dutra (exceções ao princípio da legalidade), somente as leis podem majorar ou reduzir os tributos. Observação: Não se preocupe com as exceções citadas no art. 97, do CTN, já que muitas delas não foram recepcionadas pela CF/88. As exceções ao princípio da legalidade serão devidamente estudadas adiante. No que se refere à definição do fato gerador, a fixação da alíquota e a base de cálculo dos tributos, o CTN também determinou a necessidade de estarem previstos em lei. Trata-se de elementos que são previstos na própria lei instituidora do tributo, ou em alguma lei que venha alterá-lo. Destacamos ainda a necessidade de que as multas (cominação de penalidades) sejam estabelecidas apenas mediante lei. Nesse sentido, atos infralegais (como os decretos, por exemplo) não possuem competência para criar penalidades. Outro ponto a ser estudado é a possibilidade de delegação do Congresso Nacional ao Presidente da República, para editar as chamadas leis delegadas. A princípio, seria estranho dizer que o Presidente da República poderia editar leis, mas como tal permissão foi prevista no texto da CF/88, não há qualquer vício nessa norma. O que você precisa saber sobre o tema é que o Chefe do Executivo ( o Presidente da República) pode criar leis delegadas, inclusive sobre matéria tributária, pois tal assunto não foi proibido no § 1° do art. 68 da CF/88, o qual elenca as restrições de tais normas. Além disso, saiba que este instrumento normativo foi usado poucas vezes, por ser mais fácil editar uma medida provisória. As medidas provisórias (MPs) são atos normativos editados pelo Presidente da República que possuem vida curta, e devem obedecer aos requisitos constitucionais de urgência e relevância (art. 62, caput). Além disso, são imediatamente submetidas ao Congresso Nacional, podendo ser ou não convertidas em lei. De acordo com o STF (RE 217.162/DF), os requisitos de urgência e relevância são políticos. Isto é, em princípio, a sua apreciação fica a cargo do Presidente da República. Contudo, admite-se o controle judicial se houver excesso do poder de legislar. Há muitas discussões a respeito da possibilidade de que as medidas provisórias tratem sobre matéria tributária e se elas seriam capazes de instituir tributos. O que o aluno deve guardar a respeito do assunto é que as MPs podem tratar sim de matéria tributária bem como instituir tributos, inclusive isso 11311510893 11311510893 - NELSON DOS SANTOS FILHO Nelson Realce Nelson Realce Nelson Realce Nelson Realce Nelson Realce Nelson Realce Nelson Realce Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 7 de 98 DIREITO TRIBUTÁRIO ± AUDITOR-FISCAL DA RECEITA FEDERAL Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 01 - Prof. Fábio Dutra consta na Magna Carta (art. 62, § 2°), quando esta dispõe sobre a instituição e majoração de impostos por meio de MP, e que, além disso, esse tem sido o entendimento do STF: EMENTA: Recurso extraordinário.2. Medida provisória. Força de lei. 3. A Medida Provisória, tendo força de lei, é instrumento idôneo para instituir e modificar tributos e contribuições sociais. Precedentes. 4. Agravo regimental a que se nega provimento. (STF, AI 236.976/MG-AgR, Segunda Turma, Rel. Min. Néri da Silva, Julgamento em 17/08/1999) Destaque-se que a MP não pode tudo na seara tributária, pois a CF (art. 62, 1°, III) proibiu a edição de MPs que versem sobre matéria reservada a lei complementar. Há vários temas, em matéria tributária, cujo tratamento é restrito às leis complementares. Veremos durante este curso todas as situações em que tal requisito se faz necessário. Vai ser muito importante gravar todas as hipóteses, pois nem sempre a questão pergunta diretamente se uma MP pode regulamentar matérias destinadas às LCs. Algumas questões mencionam o assunto, e perguntam se é possível se utilizar de uma MP para regulamentar aquilo. A grosso modo, você já pode fazer uma leitura nos arts. 146; 146-A; 148; 153, VII; 154, I; 195, § § 4° e 11. Há ainda outros temas em Direito Tributário que devem ser tratados por lei complementar. Contudo, são bem específicos de cada tributo, motivo pelo qual deixarei para estudarmos quando estivermos nos aprofundando sobre cada assunto, ok? De antemão, podemos memorizar os tributos cuja instituição deve ocorrer por meio de lei complementar: x Imposto sobre Grandes Fortunas; x Impostos Residuais; x Contribuições Residuais; x Empréstimos Compulsórios. 11311510893 11311510893 - NELSON DOS SANTOS FILHO Nelson Realce Nelson Realce Nelson Realce Nelson Realce Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 8 de 98 DIREITO TRIBUTÁRIO ± AUDITOR-FISCAL DA RECEITA FEDERAL Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 01 - Prof. Fábio Dutra 2.1.1 ± Exceções ao Princípio da Legalidade Vimos até aqui que a regra geral é que a instituição/extinção e a majoração/redução devem obedecer ao princípio da legalidade ou reserva legal, correto? Para a instituição e extinção, devemos considerar que a regra não possui exceção, ou seja, todos tributos são criados e extintos por lei! Contudo, isso não se repete quando o assunto é majoração/redução de tributos. No texto constitucional inicial, foram previstas quatro exceções ao princípio da legalidade, no que se refere à alteração unicamente de alíquotas dentro dos limites legais, quais sejam: Imposto de Importação (II); Imposto de Exportação (IE); Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI); Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Segundo o CTN, é possível a alteração das alíquotas e bases de cálculo. Saiba que isso não deve ser encarado como verdadeiro, pois a CF recepcionou apenas a alteração de alíquotas como exceção ao princípio da legalidade. Nesses casos, a alteração das alíquotas não ocorre por lei, mas por atos infralegais (por decreto do Presidente da República, por exemplo). Mas por que esses tributos gozam de tal privilégio? Ora, trata-se de tributos extrafiscais, cuja finalidade principal não é arrecadar, mas sim regular a economia. Nós já estudamos as classificações dos tributos na aula anterior, lembra? Pois bem, para cumprir com os fins que lhes foram propostos é mais do que necessário haver certa flexibilização para que o Governo intervenha na economia com agilidade e eficácia. Além dessas exceções ao princípio da legalidade, duas outras surgiram com a Emenda Constitucional 33/2001, tratando sobre a tributação de combustíveis. A primeira delas se refere à CIDE-Combustíveis, tributo que já foi por nós estudado também na aula anterior. A exceção foi prevista no art. 177, § 4°, I, b, da CF/88, que afirma que a alíquota da referida contribuição poderá ser reduzida e restabelecida por ato do Poder Executivo. Caro aluno, entenda que restabelecer a alíquota significa elevá-la ao limite máximo fixado inicialmente pela lei. Ou seja, a lei, quando cria o tributo, prevê certa alíquota, como, por exemplo, 30%. Com a redução por ato do 11311510893 11311510893 - NELSON DOS SANTOS FILHO Nelson Realce Nelson Realce Nelson Realce Nelson Realce Nelson Realce Nelson Realce Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 9 de 98 DIREITO TRIBUTÁRIO ± AUDITOR-FISCAL DA RECEITA FEDERAL Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 01 - Prof. Fábio Dutra Poder Executivo, a alíquota poderia ser reduzida para 10%. Neste caso, para permanecer como exceção ao princípio da legalidade, as alíquotas só poderiam ser restabelecidas ao que foi inicialmente previsto, que é 30%. Caso fosse cobrado algo além desse percentual, estaria caracterizada a majoração de alíquotas, que deverá ocorrer por meio de uma lei. A segunda das exceções que foram criadas pela EC 33/2001 é a referente ao ICMS-Combustíveis, prevista no art. 155, § 4°, IV, da CF/88. Perceba, pela redação do dispositivo em análise, que as alíquotas serão fixadas mediante deliberação dos Estados e do DF, por meio de convênios interestaduais, que, hoje, são realizados no âmbito do Conselho de Política Fazendária (CONFAZ). Observação: O ICMS-Combustíveis, também denominado ICMS-monofásico, é o imposto de incidência monofásica (uma incidência em toda etapa de circulação da mercadoria), que se aplica tão somente aos combustíveis e lubrificantes definidos em lei complementar, conforme estabelece o art. 155, ����;,,��³K´��3RU�RUD��p�VRPHQWH�LVVR�TXH�YRFr�SUHFLVD�SDUD�DFHUWDU�TXHVW}HV� relativas ao princípio da legalidade. 1mR�FDLD�HP�³SHJDGLQKDV´��DILUPDQGR�TXH�DV�DOtTXRWDV�GR� ICMS podem ser fixadas por decreto estadual! Não existe essa possibilidade! Neste caso, a fixação das alíquotas sempre estará excetuada da legalidade, mesmo que haja aumento superior ao que foi inicialmente previsto, pois isso é o que se extrai da norma constitucional��1D�DOtQHD�³F´�GHVVH�PHVPR� inciso IV, fala-se sobre o restabelecimento, mas veja que ele se refere a outro princípio, o da anterioridade, que será posteriormente estudado por nós ainda nesta aula. Pela riqueza de detalhes, deixarei abaixo um breve resumo do que estudamos neste último tópico: Existem 6 tributos, cuja alteração de alíquotas (e não as bases de cálculos) está excetuada da legalidade, que são: II, IE, IPI, IOF, CIDE- Combustíveis e ICMS-Combustíveis; As exceções da CIDE-Combustíveis e do ICMS-Combustíveis só entraram na CF com a EC 33/2001, e são justamente elas que guardam peculiaridades; A CIDE-Combustíveis, embora possa ter sua alíquota alterada por decreto do Poder Executivo, este somente poderá reduzir e RESTABELECER as alíquotas ao máximo que foi inicialmente previsto. 11311510893 11311510893 - NELSON DOS SANTOS FILHO Nelson Realce Nelson Realce Nelson Realce Nelson Realce Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 10 de 98 DIREITO TRIBUTÁRIO ± AUDITOR-FISCAL DA RECEITA FEDERAL Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 01 - Prof. Fábio Dutra O ICMS-Combustíveis se submete à deliberação dos Estados e do DF, mas pode ter a alíquota livremente fixada, sem se sujeitar ao rito legal. Creio que com esse resumo não tenha ficado difícil para ninguém. Afinal, basta que o aluno guarde as 4 exceções que foram incialmente previstas, as duas que vieram depois, e que cada uma dessas duas últimas possui uma peculiaridade, que as distingue entre si e das outras 4. Por fim, eu gostaria de acrescentar algumas situações em matéria tributária que escapam do rigor da lei, ou seja, são exceções ao princípioda legalidade. Trata-se da atualização do valor monetário da base de cálculo do tributo e da fixação do prazo para da exação tributária. A atualização do valor monetário da base de cálculo foi expressamente permitida pelo § 2° do art. 97 do CTN. Ressalte-se que não se deve confundir atualização com aumento, este está sujeito a edição de lei. Portanto, os entes federados devem observar o índice oficial de correção monetária para atualizar a base de cálculo dos tributos. A correção que for realizada em valor superior a tal índice revela aumento de tributo e isso só é possível por lei, como vimos. Não poderia, portanto, ser realizada por ato do Poder Executivo (decreto, por exemplo). Nesse sentido, vejamos a seguinte súmula do STJ: Súmula STJ 160 ± É defeso, ao Município, atualizar o IPTU, mediante decreto, em percentual superior ao índice oficial de correção monetária. No que se refere ao prazo para recolhimento dos tributos, o STF já se posicionou no sentido de que também não há motivo para criar tal restrição (obediência ao princípio da legalidade): EMENTA: TRIBUTÁRIO. ICMS. MINAS GERAIS. DECRETOS N.ºS 30.087/89 E 32.535/91, QUE ANTECIPARAM O DIA DE RECOLHIMENTO DO TRIBUTO E DETERMINARAM A INCIDÊNCIA DE CORREÇÃO MONETÁRIA A PARTIR DE ENTÃO. ALEGADA OFENSA AOS PRINCÍPIOS DA LEGALIDADE, DA ANTERIORIDADE E DA NÃO-CUMULATIVIDADE. Improcedência da alegação, tendo em vista não se encontrar sob o princípio da legalidade estrita e da anterioridade a fixação do vencimento da obrigação tributária; já se havendo assentado no STF, de outra parte, o entendimento de que a atualização monetária do débito de ICMS vencido não afronta o princípio da não-cumulatividade (RE 172.394). Recurso não conhecido. (STF, Primeira Turma, RE 195.218/MG, Rel. Min. Ilmar Galvão, Julgamento em 28/05/2002) 11311510893 11311510893 - NELSON DOS SANTOS FILHO Nelson Realce Nelson Realce Nelson Realce Nelson Realce Nelson Realce Nelson Realce Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 11 de 98 DIREITO TRIBUTÁRIO ± AUDITOR-FISCAL DA RECEITA FEDERAL Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 01 - Prof. Fábio Dutra Há exceção ao princípio da legalidade, no que se refere à majoração de alíquotas, não sendo extensível às bases de cálculo (permite-se, neste caso, apenas a atualização monetária). Resumindo, além das exceções relativas à alteração de alíquotas dos tributos citados, temos as seguintes matérias que não necessitam obedecer ao princípio da legalidade: Atualização do valor monetário da base de cálculo do tributo; Alteração do prazo para recolhimento dos tributos. Antes de encerrarmos o assunto, é interessante estudarmos o caso julgado no âmbito do Recurso Extraordinário 838.284/SC. No caso concreto, discutiu-se a fixação do valor de uma taxa de polícia (Anotação de Responsabilidade Técnica ± ART) por meio de ato infralegal, sendo que a norma legal definiu apenas os limites máximos para cobrança. Entendendo que o montante cobrado a título de taxas, diferentemente do que acontece com impostos, não pode variar senão em função do custo da atividade estatal, o STF decidiu que a Administração, por esta exercer diretamente a atividade ensejadora da taxa, tem maiores condições de estipular o custo dessa atividade e, por conseguinte, definir o valor da taxa a ser cobrada em cada caso. Evidentemente, o valor definido não fica ao completo arbítrio da Administração, devendo o legislador estabelecer um limite máximo para cobrança das taxas. Questão 01 ± ESAF/MPOG-APO/2015 Sobre as limitações constitucionais ao poder de tributar, é incorreto afirmar que, no vigente sistema tributário nacional, as limitações constitucionais ao poder de tributar estão configuradas como princípios constitucionais tributários, imunidades tributárias e normas reguladoras do exercício da competência tributária. Comentário: Tanto os princípios tributários como as imunidades tributárias constituem limitações ao poder de tributar. Ademais, conforme defende parte 11311510893 11311510893 - NELSON DOS SANTOS FILHO Nelson Realce Nelson Realce Nelson Realce Nelson Realce Nelson Realce Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 12 de 98 DIREITO TRIBUTÁRIO ± AUDITOR-FISCAL DA RECEITA FEDERAL Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 01 - Prof. Fábio Dutra da doutrina, qualquer norma que regule o exercício da competência tributária, ou até mesmo a própria repartição de competência tributária, configura limitação ao poder de tributar. Questão errada. Questão 02 ± ESAF/MPOG-APO/2015 Sobre os princípios constitucionais tributários, é correto afirmar que o princípio constitucional da legalidade tributária exige necessariamente lei em sentido estrito/formal tanto para a instituição quanto para a majoração de tributo. Comentário: A instituição de tributos não comporta exceção, no que diz respeito ao princípio da legalidade tributária. Contudo, pode-se, em alguns casos, majorar tributos por meio de ato infralegal, como é o caso do Imposto de Importação. Questão errada. Questão 03 ± ESAF/AFRFB/2012-Adaptada Em matéria tributária, de acordo com a Constituição Federal, compete à Lei Complementar instituir as limitações constitucionais ao poder de tributar. Comentário: De acordo com o art. 146, II, da CF/88, cabe à lei complementar regular as limitações constitucionais ao poder de tributar. No entanto, a instituição de novas limitações é tarefa exclusiva do legislador constituinte. Questão errada. Questão 04 ± FCC/Pref. Campinas-SP-Procurador/2016 Acerca dos princípios consagrados pela Constituição Federal, é correto afirmar: É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios exigir ou aumentar tributo sem lei ou decreto que o estabeleça. Comentário: Trata-VH�GH�XPD�³SHJDGLQKD´��2�SULQFtSLR�GD�OHJDOLGDGH��SUHYLVWR� no art. 150, I, da CF/88, estabelece que É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios exigir ou aumentar tributo sem lei que o HVWDEHOHoD��$� LQFOXVmR�GR�³GHFUHWR´� IRL�DSHQDV�SDUD�FRQIXQGLU�R�FDQGLGDWR�� Mi� que decreto não institui tributos. Questão errada. Questão 05 ± FCC/Proc. Leg.-Câmara-SP/2014 Na seção denominada dDV� ³OLPLWDo}HV� FRQVWLWXFLRQDLV�DR�SRGHU�GH� WULEXWDU´� R� texto constitucional dispõe sobre a) princípios e regras que disciplinam o exercício da competência para instituir e modificar tributos. b) o rol taxativo dos impostos instituídos pela Constituição Federal para os entes federados, que não têm poder de instituir, mas apenas para cobrar. 11311510893 11311510893 - NELSON DOS SANTOS FILHO Nelson Realce Nelson Riscado Nelson Riscado Nelson Realce Nelson Realce Nelson Realce Nelson Riscado Nelson Realce Nelson Realce Nelson Realce Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 13 de 98 DIREITO TRIBUTÁRIO ± AUDITOR-FISCAL DA RECEITA FEDERAL Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 01 - Prof. Fábio Dutra c) capacidade tributária para cobrar tributos. d) imunidades e isenções tributárias. e) todos os institutos tributários que atuam no campo da cobrança dos tributos instituídos na Constituição Federal. Comentário: Não será necessário analisar todos as assertivas, já que a questão é bastante direta. De acordo com o que estudamos, as limitações constitucionais ao poder de tributar são constituídas por princípios ou regras que disciplinam o exercício da competência para instituir e modificar tributos.Portanto, a resposta é a Alternativa A. Gabarito: Letra A Questão 06 ± FCC/ICMS-PE-Auditor-Fiscal/2014 Sobre os princípios constitucionais tributários, é correto afirmar que a instituição dos emolumentos cartorários pelo Tribunal de Justiça, por não possuir natureza tributária, não viola o princípio da legalidade tributária. Comentário: Sabe-se que os emolumentos cartorários são tributos da espécie taxa. Portanto, sua instituição deve ocorrer por meio de lei, em obediência ao princípio da legalidade tributária. Questão errada. Questão 07 ± FCC/ICMS-PE-Auditor-Fiscal/2014 Sobre os princípios constitucionais tributários, é correto afirmar que a definição de vencimento das obrigações tributárias sujeita-se ao princípio da legalidade tributária. Comentário: A definição da data de vencimentos das obrigações tributárias não se sujeita ao princípio da legalidade tributária. Questão errada. Questão 08 ± FCC/AFR-SP/2013 É uma das limitações constitucionais do poder de tributar a legalidade tributária estrita, incluída na Constituição Federal de 1988 pela Emenda Constitucional 42, de 19 de dezembro de 2003. Comentário: O princípio da legalidade existiu em quase todas as constituições brasileiras, tendo sido previsto na CF/88 desde a sua promulgação. Portanto, a questão encontra-se errada. 11311510893 11311510893 - NELSON DOS SANTOS FILHO Nelson Realce Nelson Realce Nelson Realce Nelson Riscado Nelson Realce Nelson Realce Nelson Realce Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 14 de 98 DIREITO TRIBUTÁRIO ± AUDITOR-FISCAL DA RECEITA FEDERAL Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 01 - Prof. Fábio Dutra Questão 09 ± CESPE/AGU/2015 De acordo com o princípio da legalidade, fica vedada a criação ou a majoração de tributos, bem como a cominação de penalidades em caso de violação da legislação tributária, salvo por meio de lei. Comentário: Deveras, a instituição e majoração de tributos bem como a cominação de penalidades devem sempre ocorrer mediante edição de lei. Questão correta. Questão 10 ± CESPE/JUIZ FEDERAL-2ª REGIÃO/2013 O município pode atualizar o IPTU, mediante decreto, em percentual não superior ao índice oficial de correção monetária. Comentário: Trata-se de interpretação a contrario sensu da Súmula 160 do STJ. Questão correta. Questão 11 ± CESPE/JUIZ-TJ-CE/2012 De acordo com o princípio da legalidade, apenas a lei, em sentido formal, configura o veículo apto para instituir tributo, razão pela qual é vedada a instituição de tributo por intermédio de medida provisória. Comentário: Apenas lei, em sentido formal, ou instrumento normativo de igual força pode instituir tributo. O entendimento do STF é no sentido da possibilidade de as MPs instituírem ou modificarem tributos, ressalvados os que estiverem sujeitos à reserva de lei complementar. Questão errada. Questão 12 ± CESPE/JUIZ-TJ-BA/2012 É vedado à União, aos estados, ao DF e aos municípios exigir ou aumentar tributo sem lei que estabeleça essa exigência ou esse aumento, não se aplicando essa vedação aos empréstimos compulsórios para atender a despesas extraordinárias decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência. Comentário: Assertiva bastante forçada, não é mesmo? Instituição ou majoração de empréstimo compulsório sujeita-se à edição de lei complementar. Questão errada. 11311510893 11311510893 - NELSON DOS SANTOS FILHO Nelson Realce Nelson Realce Nelson Riscado Nelson Realce Nelson Realce Nelson Realce Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 15 de 98 DIREITO TRIBUTÁRIO ± AUDITOR-FISCAL DA RECEITA FEDERAL Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 01 - Prof. Fábio Dutra 2.2 ± Princípio da Isonomia O estudo desse princípio exige o conhecimento de diversos entendimentos jurisprudenciais. Veremos todos os principais que já caíram e que possam vir a cair em provas de concurso. Por isso, vamos fazer da seguinte forma: estudaremos inicialmente os conceitos básicos do princípio, para, logo em seguida, partir para a análise dos posicionamentos dos tribunais. Ok? Precisamos saber, basicamente, que isonomia significa o mesmo que igualdade. Você deve estar pensando que igualdade seria tributar TODOS contribuintes igualmente, certo? Entretanto, esse pensamento não está correto. Vejamos o que a nossa CF fala acerca do princípio da isonomia: ³$UW�������6HP�SUHMXt]R�GH�RXWUDV�JDUDQWLDV�DVVHJXUDGDV�DR�FRQWULEXLQWH�� é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: II - instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente GD�GHQRPLQDomR�MXUtGLFD�GRV�UHQGLPHQWRV��WtWXORV�RX�GLUHLWRV�´ Antes de analisarmos a norma, quero ressaltar que o princípio da isonomia possui como destinatários tanto o legislador (Poder Legislativo) aplicador da lei (Poder Executivo e Judiciário). No primeiro caso, dizemos que se trata da igualdade na lei; no segundo, igualdade perante a lei. Vale dizer, o princípio deve ser obedecido não só no momento da elaboração das leis, mas também na sua aplicação. Observe que, segundo o texto constitucional, é vedado a todos os entes federativos conferir tratamento desigual entre pessoas que se encontram em situação equivalente. Note que isso não significa tratar a todos igualmente, pois, da mesma forma que é vedado desigualar pessoas que se encontram em situações iguais, também é proibido tratar igualmente os contribuintes que são financeiramente desiguais. &RP� HIHLWR�� VH� ³$´� DXIHUH� PDLRUHV� UHQGLPHQWRV� GR� TXH� %�� QDGD� PDLV� MXVWR�GR�TXH�³$´�WHQKD�TXH�DUFDU�FRP�R�SDJDPHQWR�GH�YDORUHV�PDLRUHV��D�WtWXOR� de tributo. Por outro lado, se duas pessoas podem ser consideradas iguais, sob a ótica tributária, nada mais injusto do que tributá-las de maneira diferente. Como já vimos na aula anterior, já foi julgado no STF (HC 77.530/RS), a adoção ao princípio do pecunia non olet. De acordo com o tribunal, para que não haja ofensa ao princípio da isonomia, os rendimentos auferidos com atividades ilícitas devem ser tributados. Isso ocorre porque seria injusto tributar quem aufere rendimentos decorrentes de atividades lícitas, e não fazer o mesmo com aqueles que ganham a vida ilicitamente, concordam? 11311510893 11311510893 - NELSON DOS SANTOS FILHO Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 16 de 98 DIREITO TRIBUTÁRIO ± AUDITOR-FISCAL DA RECEITA FEDERAL Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 01 - Prof. Fábio Dutra Outro aspecto curioso é o parâmetro utilizado para igualar ou desigualar os contribuintes. Trata-se da capacidade contributiva das pessoas, princípio que guarda íntima relação com a isonomia e que, por tal motivo, o estudaremos dentro do tópico a seguir. 2.2.1 ± O princípio da capacidade contributiva Primeiramente, devemos ressaltar que o princípio da capacidade contributiva não se limita a um parâmetro de isonomia tributária. Na verdade, ele existe para a busca da justiça na tributação, que pode ser considerada, a grosso modo, sinônimo de equidade. Nesse contexto, surgem duas acepções para a equidade na tributação, quais sejam: Equidade Vertical: contribuintes que possuem capacidade contributiva diferente devem contribuir de forma desigual. Equidade Horizontal: contribuintes que possuem igual capacidade contributiva devem ser tributados de maneiraigual. Tal princípio foi previsto na CF/88 no art. 145 § 1°, como vemos a seguir: ³$UW������������� § 1º - Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do FRQWULEXLQWH�´ Embora o dispositivo em análise só faça menção aos impostos, o entendimento que o STF (RE 406.955-AgR) tem é o de que esse princípio (capacidade contributiva) também pode ser extensível a outras espécies tributárias, obedecendo, é claro, as singularidades de cada uma delas. Partindo desse pressuposto, a capacidade contributiva é aferida de várias formas, adequando-se aos diversos impostos, bem como aos demais tributos aos quais se aplica o subprincípio. 11311510893 11311510893 - NELSON DOS SANTOS FILHO Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 17 de 98 DIREITO TRIBUTÁRIO ± AUDITOR-FISCAL DA RECEITA FEDERAL Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 01 - Prof. Fábio Dutra A aplicação da capacidade contributiva aos tributos ocorre de maneira distinta. Por exemplo, a progressividade ocorre quando a incidência tributária é mais gravosa sobre aqueles que possuem maior capacidade contributiva. É o que ocorre com o Imposto de Renda, em que as pessoas que auferem maiores rendas contribuem com alíquotas maiores. Para facilitar o seu entendimento, note a diferença entre a proporcionalidade e a progressividade. Alíquotas progressivas ocorrem quando o percentual a ser aplicado sobre a renda aumenta, à medida que a renda aumenta. Já a proporcionalidade está presente quando a mesma alíquota é aplicada sobre qualquer renda. Quanto a este aspecto, é relevante demonstrarmos o entendimento do STF acerca da progressividade dos impostos. Primeiramente, devemos diferenciar os impostos reais dos impostos pessoais: Impostos reais Æ São impostos incidentes sobre o patrimônio, desconsiderando as características pessoais dos contribuintes. Impostos pessoais Æ São os impostos que estabelecem diferenças tributárias em função das condições pessoais de cada contribuinte. Com base nessa definição, o STF entendia que a progressividade somente seria aplicável aos impostos pessoais, já que os impostos reais não consideram as características pessoais dos contribuintes. Em relação a estes, a progressividade somente seria possível se houvesse norma constitucional dispondo neste sentido. Foi com base nesta linha de raciocínio que o STF editou a Súmula 656, vedando a progressividade das alíquotas do ITBI, e também a Súmula 668, permitindo a progressividade fiscal do IPTU apenas após a sua permissão no texto constitucional, que ocorreu com a EC 29/00. Contudo, em 2013, o STF demonstrou estar alterando seu entendimento, ao julgar o RE 562.045, relativamente à progressividade das alíquotas do ITCMD, típico imposto real. Vejamos: ³(0(17$�� 5(&8562� (;75$25',1È5,2�� &2167,78&,21$/�� 75,%87È5,2�� LEI ESTADUAL: PROGRESSIVIDADE DE ALÍQUOTA DE IMPOSTO SOBRE TRANSMISSÃO CAUSA MORTIS E DOAÇÃO DE BENS E DIREITOS. CONSTITUCIONALIDADE. ART. 145, § 1º, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. PRINCÍPIO DA IGUALDADE MATERIAL TRIBUTÁRIA. 11311510893 11311510893 - NELSON DOS SANTOS FILHO Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 18 de 98 DIREITO TRIBUTÁRIO ± AUDITOR-FISCAL DA RECEITA FEDERAL Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 01 - Prof. Fábio Dutra OBSERVÂNCIA DA CAPACIDADE CONTRIBUTIVA. RECURSO EXTRAO5',1È5,2�3529,'2�´� (...) Transcrição parcial do voto da Min. Ellen Gracie: ³3RU� UHYHODU� HIHWLYD� H� DWXDO� FDSDFLGDGH� FRQWULEXWLYD� LQHUHQWH� DR� DFUpVFLPR� SDWULPRQLDO��R�LPSRVWR�VREUH�WUDQVPLVVmR�³FDXVD�PRUWLV´��WDPEpP�FRQKHFLGR� como imposto sobre heranças ou sobre a sucessão, é um imposto que bem se vocaciona à tributação progressiva.´ (STF, RE 562.045/RS, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 06/02/2013, publicado em 27/11/2013) Não obstante a citada jurisprudência, as súmulas continuam em vigor, de modo que recomendamos considerá-las corretas, caso sejam cobradas em prova. Por outro lado, se a mencionar o caso específico do ITCMD, é mais coerente respondê-la com base na mais recente jurisprudência desta Corte. Deve-se considerar também que, para o STF (AI 583.636-MS), a adequação do tributo de acordo com a capacidade contributiva não é obtida apenas como a alteração de alíquotas, mas também pode ser concretizada, por meio do escalonamento das bases de cálculo. Como assim? A base de cálculo do IPTU, por exemplo, é o valor venal do imóvel. Contudo, para se chegar ao valor venal, vários critérios são utilizados pelos municípios. Um dos critérios poderia ser o tipo de construção (precário, popular, médio, fino e luxo). Ou seja, à medida que o padrão da construção aumenta, haverá consequente escalonamento da base de cálculo. Como o tributo é calculado multiplicando-se a base de cálculo pela alíquota, de acordo com a Suprema Corte, trata-VH�GH�³índice hábil à mensuração da frivolidade ou da essencialidade do bem, além de lhe conferir mais matizes para definição da capacidade contributiva´� Observação: Valor venal é o valor pelo qual o imóvel é comercializado, com pagamento à vista, em condições normais de mercado. Para o estabelecimento desse valor, os Municípios normalmente consideram os seguintes fatores: tamanho do terreno, localização do terreno, área construída, tipo de acabamento. A capacidade contributiva pode ser mensurada não só pela aplicação de diferentes alíquotas, mas também pelo escalonamento da base de cálculo. 11311510893 11311510893 - NELSON DOS SANTOS FILHO Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 19 de 98 DIREITO TRIBUTÁRIO ± AUDITOR-FISCAL DA RECEITA FEDERAL Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 01 - Prof. Fábio Dutra Voltando nossa análise do art. 145, o dispositivo confere alguns poderes à administração tributária, para que ela seja capaz de aplicar o princípio da capacidade contributiva com efetividade. Dessa forma, é facultado a ela identificar o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte. Perceba que tal poder não é ilimitado, já que devem ser respeitados os direitos individuais dos contribuintes, e nos termos da lei. 2.2.2 ± Princípio da Isonomia e a Jurisprudência Agora que já estudamos o princípio da isonomia, vamos trabalhar os entendimentos que os tribunais vêm adotando acerca desse princípio: Fere o princípio da isonomia a discriminação com base na função ou ocupação exercida (STF, AI 157.871-AgR) No caso concreto, o contribuinte estava requerendo isenção de IPTU, em decorrência de ser funcionário público. Note que o próprio art. 150, II, da CF/88, proíbe qualquer distinção em razão da ocupação profissional ou função exercida. Nesse rumo, o STF também já considerou inconstitucional lei complementar estadual que isenta os membros do Ministério Público do pagamento de custas judiciais, notariais, cartorárias e quaisquer taxas ou emolumentos (ADI 3.260). Não fere o princípio da isonomia o tratamento desigual a microempresas (ME) e empresas de pequeno porte (EPP) cujos sócios têm condição de disputar o mercado de trabalho sem assistência do Estado (ADI 1.643, Rel. Min. Maurício Corrêa, julgamento em 5-12-2002, Plenário, DJ de 14-3-2003.) Vejamos inicialmente o que estabeleceo art. 179, da CF/88: Art. 179. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios dispensarão às microempresas e às empresas de pequeno porte, assim definidas em lei, tratamento jurídico diferenciado, visando a incentivá-las pela simplificação de suas obrigações administrativas, tributárias, previdenciárias e creditícias, ou pela eliminação ou redução destas por meio de lei. Com base na norma constitucional, em 1996 foi editada a Lei 9.317/96, instituindo o Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições 11311510893 11311510893 - NELSON DOS SANTOS FILHO Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 20 de 98 DIREITO TRIBUTÁRIO ± AUDITOR-FISCAL DA RECEITA FEDERAL Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 01 - Prof. Fábio Dutra das microempresas e empresas de pequeno porte (SIMPLES), conferindo tratamento diferenciado, simplificado e favorecido às ME e EPP. Contudo, nem todos os micro e pequenos empresários estavam aptos a ingressarem no SIMPLES, haja vista a vedação do art. 9º, XIII, desta norma, impedindo as empresas de profissionais liberais (corretores, médicos, dentistas, veterinários, engenheiros etc.) de optarem pelo regime diferenciado. Esse foi o motivo pelo qual a Confederação Nacional das Profissões Liberais ajuizou ADI perante o STF, com base na justificativa de que a exclusão dessas empresas estaria ofendendo o princípio da isonomia. O STF se manifestou no sentido de que tais profissionais têm condições de disputar o mercado de trabalho sem assistência do Estado, isto é, sem gozarem de tratamento favorecido, como as demais empresas. São profissionais com preparo científico, técnico e profissional, não sofrendo impacto causado pelas grandes empresas, tal como ocorre com um pequeno supermercado, por exemplo. A Lei 9.317/96 foi revogada pela Lei Complementar 123/2006! &RP�R�DGYHQWR�GD�(&��������LQFOXLQGR�D�DOtQHD�³G´�DR�LQFLVR�,,,��GR�FDSXW�GR� art. 146, da CF/88, passou a ser exigido lei complementar para dispor sobre o tratamento diferenciado e favorecido às ME e EPP. O objetivo foi estabelecer que uma lei complementar nacional dispusesse sobre as normas gerais a respeito desse tema, visando conferir uniformidade ao tratamento diferenciado. Com isso, em 1º de Julho de 2007, ocorreu a revogação da Lei 9.317/96 pela LC 123/2006, instituindo o Simples Nacional. Esta lei complementar continuou excluindo os profissionais liberais da sistemática desse regime tributário diferenciado, com base no seu art. 17, XI. Foi apenas com a edição da LC 147/2014, responsável por diversas alterações na LC 123/2006, que ocorreu a efetiva revogação do inciso XI, de forma que atualmente os profissionais liberais passaram a poder optar pelo Simples Nacional. De qualquer modo, a jurisprudência acima pode vir a ser cobrada na sua prova, ao tratar do princípio da isonomia. Evidentemente, se a questão estiver versando sobre o Simples Nacional, sua resposta se pautará na mais recente alteração, que permite a opção de tais empresas pelo Simples Nacional. 11311510893 11311510893 - NELSON DOS SANTOS FILHO Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 21 de 98 DIREITO TRIBUTÁRIO ± AUDITOR-FISCAL DA RECEITA FEDERAL Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 01 - Prof. Fábio Dutra Não fere o princípio da isonomia quando a lei estimula a contratação de empregados com determinadas características (por exemplo, idade mais elevada), por meio de incentivos fiscais (ADI 1.276, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento em 28-8-2002) No caso concreto, a Assembleia Legislativa de SP, por motivos extrafiscais, criou incentivo fiscal para estimular a contratação de empregados com mais de quarenta anos de idade. De acordo com a Suprema Corte, tais normas não ferem o princípio da isonomia. Não fere o princípio da isonomia a sobrecarga imposta aos bancos comerciais e às entidades financeiras, no que se refere à contribuição previdenciária sobre a folha de salários. (AC 1.109-MC, Rel. p/ o ac. Min. Ayres Britto, julgamento em 31-5-2007, Plenário, DJ de 9-10- 2007.) Realmente, não há que se falar em conflito com o princípio da isonomia neste caso, já que o art. 195, § 9º, da Constituição prevê que as contribuições sociais a cargo do empregador poderão ter suas alíquotas ou bases de cálculo diferenciadas, dependendo, entre outras características, do porte da empresa ou da condição estrutural do mercado de trabalho. Não afronta o princípio da isonomia norma que proíbe a adoção do regime de admissão temporária para as operações de importação amparadas por arrendamento mercantil. (RE 429.306/PR, Rel. Min. Joaquim Barbosa, Segunda Turma, DJe 16/3/11) 'H�DFRUGR�FRP�D�/HL�����������³a entrada no território nacional dos bens objeto de arrendamento mercantil, contratado com entidades arrendadoras domiciliadas no exterior, não se confunde com o regime de admissão temporária´�� Consoante D�6XSUHPD�&RUWH��³o arrendamento mercantil foi adotado no Brasil para que os interessados possam usufruir de suas virtudes intrínsecas, mas não para que obtenham tratamento fiscal mais benéfico, se comparado ao previsto em relação às operações de compra e venda financiada´� O que seria o arrendamento mercantil e qual a sua relação com o regime de admissão temporária? A Lei 6.099/74 vedou as pessoas que estejam realizando operações de arrendamento mercantil (leasing) se valerem dos benefícios da admissão temporária (suspensão do pagamento dos tributos na importação temporária 11311510893 11311510893 - NELSON DOS SANTOS FILHO Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 22 de 98 DIREITO TRIBUTÁRIO ± AUDITOR-FISCAL DA RECEITA FEDERAL Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 01 - Prof. Fábio Dutra de bens do exterior). As operações de arrendamento mercantil consistem basicamente naquelas em que o bem é "locado" ao arrendatário, ficando este obrigado ao pagamento de parcelas. Ao final do contrato, o arrendatário pode devolver o bem, arrendá-lo novamente ou adquiri-lo, pagando apenas um valor residual (valor este muitas vezes insignificante em relação ao valor do produto). Então, na prática, os arrendatários acabam por adquirir o bem arrendado ao final do contrato. Portanto, embora não haja transferência do bem coma realização do contrato de arrendamento mercantil, o objetivo final é internalizar o produto definitivamente no Brasil. Entendemos que foi esse o motivo de o legislador proibir o regime de admissão temporária para tais operações. Dito isso, você precisa entender que o STF decidiu que essa vedação não viola o princípio da isonomia, já que tem por objetivo evitar que o leasing se torne opção por excelência devido às virtudes tributárias e não em razão da função social e do escopo empresarial que a avença tem. Não afronta o princípio da isonomia a vedação de importação de automóveis usados, sob a alegação de a União estar atuando contra as pessoas de menor capacidade econômica (STF, RE 312.511, rel. min. Moreira Alves, Primeira Turma, DJ de 28.06.2002) A proibição de importação de veículos usados consta na Portaria n° 8/91 do Departamento de Operações de Comércio Exterior (DECEX), e não pode ser considerada como discriminação, tendo em vista que está de acordo com os interesses fazendários. Afinal de contas, o art. 237 da CF/88 delega a competência de controle do comércio exterior ao Ministério da Fazenda. 2.2.3 ± Princípio da Capacidade Contributiva e o Sigilo Bancário Na segunda parte do § 1°, do art. 145, da CF/88,ao tratar do princípio GD�FDSDFLGDGH�FRQWULEXWLYD��IRL�GLWR�TXH�p�³facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os UHQGLPHQWRV�H�DV�DWLYLGDGHV�HFRQ{PLFDV�GR�FRQWULEXLQWH�´ Com base nesse dispositivo, a LC 105/2001 estabeleceu o seguinte: Art. 6o As autoridades e os agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios somente poderão examinar documentos, livros e registros de instituições financeiras, inclusive os referentes a contas de depósitos e aplicações financeiras, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente. 11311510893 11311510893 - NELSON DOS SANTOS FILHO Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 23 de 98 DIREITO TRIBUTÁRIO ± AUDITOR-FISCAL DA RECEITA FEDERAL Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 01 - Prof. Fábio Dutra Isso significa que as autoridades e os agentes fiscais tributários, sejam eles da União, dos Estados, do DF e dos Municípios podem examinar as informações bancárias do contribuinte, independentemente de ordem judicial nesse sentido, bastando que haja processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e que tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente. Essa previsão foi levada ao Judiciário, tendo em vista que os interesses arrecadatórios parecem suprimir os direitos individuais, relativos à proteção da intimidade e da vida privada das pessoas. O tema gerou forte controvérsia jurisprudencial. Somente em fevereiro de 2016 o STF pôs fim às controvérsias. A Suprema Corte concluiu o julgamento de um conjunto de cinco processos (RE 601.314 e ADIs 2859, 2390, 2386 e 2397) que questionavam dispositivos da LC 105/01. Por maioria de votos, prevaleceu o entendimento de que a previsão da referida lei complementar não resulta em quebra de sigilo bancário, mas sim na transferência de sigilo da órbita bancária para a fiscal, ambas protegidas contra o acesso de terceiros. A transferência de informações é feita dos bancos ao Fisco, que tem o dever de preservar o sigilo dos dados, portanto não há ofensa à Constituição Federal. De acordo com a jurisprudência do STF, as autoridades fiscais podem requisitar aos bancos as informações financeiras dos contribuintes, sem prévia autorização judicial. Questão 13 ± ESAF/MPOG-APO/2015 Sobre os princípios constitucionais tributários, é correto afirmar que o princípio constitucional da igualdade tributária exige idêntico tratamento tributário para contribuintes que se encontrem em situação equivalente, permitindo-se porém tratamento diferenciado em razão da ocupação profissional destes mesmos contribuintes. Comentário: De acordo com a jurisprudência do STF, não se admite tratamento diferenciado em razão da ocupação profissional dos contribuintes. Questão errada. 11311510893 11311510893 - NELSON DOS SANTOS FILHO Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 24 de 98 DIREITO TRIBUTÁRIO ± AUDITOR-FISCAL DA RECEITA FEDERAL Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 01 - Prof. Fábio Dutra Questão 14 ± ESAF/MDIC/2012 Não há ofensa ao princípio da isonomia tributária se a lei, por motivos extrafiscais, imprime tratamento desigual a microempresas e empresas de pequeno porte de capacidade contributiva distinta, afastando do regime do simples aquelas cujos sócios têm condição de disputar o mercado de trabalho sem assistência do Estado. Comentário: Conforme a jurisprudência do STF, Não fere o princípio da isonomia o tratamento desigual a microempresas (ME) e empresas de pequeno porte (EPP) cujos sócios têm condição de disputar o mercado de trabalho sem assistência do Estado. Questão correta. Questão 15 ± ESAF/AFRFB/2012-Adaptada Não há ofensa ao princípio da isonomia tributária se a lei, por motivos extrafiscais, imprime tratamento desigual a microempresas e empresas de pequeno porte de capacidade contributiva distinta, afastando do regime do simples aquelas cujos sócios têm condição de disputar o mercado de trabalho sem assistência do Estado. Comentário: Repare como as bancas gostam de cobrar essa jurisprudência. Esta assertiva está idêntica à anterior. Questão correta. Questão 16 ± ESAF/MDIC/2012 Viola o princípio da isonomia a instituição, por parte de lei estadual, de incentivos fiscais a empresas que contratem empregados com mais de quarenta anos. Comentário: O STF já decidiu que não há violação do princípio da isonomia se a lei institui incentivos fiscais a empresas que contratem empregados com mais de quarenta anos. Questão errada. Questão 17 ± ESAF/MDIC/2012 Não se permite a distinção, para fins tributários, entre empresas comerciais e prestadoras de serviços, bem como entre diferentes ramos da economia. Comentário: O STF já permitiu a o tratamento desigual a microempresas e empresas de pequeno porte, dependendo de condições a elas peculiares. Ademais disso, o art. 195, § 9º, da Constituição prevê que as contribuições sociais a cargo do empregador poderão ter suas alíquotas ou bases de cálculo diferenciadas, dependendo, entre outras características, do porte da empresa ou da condição estrutural do mercado de trabalho. Questão errada. 11311510893 11311510893 - NELSON DOS SANTOS FILHO Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 25 de 98 DIREITO TRIBUTÁRIO ± AUDITOR-FISCAL DA RECEITA FEDERAL Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 01 - Prof. Fábio Dutra Questão 18 ± ESAF/AFRFB/2012-Adaptada Considerando decisões emanadas do STF sobre o princípio da isonomia, julgue o seguinte item: A sobrecarga imposta aos bancos comerciais e às entidades financeiras, no tocante à contribuição previdenciária sobre a folha de salários, fere o princípio da isonomia tributária. Comentário: De acordo com os comentários acima, a própria CF prevê, em seu art. 195, § 9º, a possibilidade de diferenciar as alíquotas ou bases de cálculo das contribuições sociais a cargo do empregador, dependendo, entre outras características, do porte da empresa ou da condição estrutural do mercado de trabalho. Questão errada. Questão 19 ± ESAF/ATRFB/2009 A Constituição Federal, entre outras limitações ao poder de tributar, estabelece a isonomia, vale dizer, veda o tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente. Sobre a isonomia, é correto afirmar que diante da regra mencionada, o tratamento tributário diferenciado dado às microempresas e empresas de pequeno porte, por exemplo, deve ser considerado inconstitucional. Comentário: O tratamento tributário diferenciado dado às microempresas e empresas de pequeno porte não pode ser considerado ofensível ao princípio da isonomia, haja vista sua previsão constitucional (art. 146, III, d, da CF/88). Questão errada. Questão 20 ± ESAF/ISS-RJ/2010 O princípio da isonomia tributária, previsto no art. 150, inciso II, da Constituição, proíbe o tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente. Entretanto, tal princípio exige a sua leitura em harmonia com os demais princípios constitucionais. Destarte, pode- se concluir, exceto, que: a) em matéria tributária, as distinções podem se dar em função da capacidade contributiva ou por razões extrafiscais que estejam alicerçadas no interesse público.b) relativamente às microempresas e empresas de pequeno porte, a Constituição prevê que lhes seja dado tratamento diferenciado e favorecido, por lei complementar, inclusive com regimes especiais ou simplificados. c) a sobrecarga imposta aos bancos comerciais e às entidades financeiras, no tocante à contribuição previdenciária sobre a folha de salários, não fere o princípio da isonomia tributária, ante a expressa previsão constitucional. 11311510893 11311510893 - NELSON DOS SANTOS FILHO Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 26 de 98 DIREITO TRIBUTÁRIO ± AUDITOR-FISCAL DA RECEITA FEDERAL Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 01 - Prof. Fábio Dutra d) determinado segmento econômico prejudicado por crise internacional que tenha fortemente atingido o setor não permite tratamento tributário diferenciado sem ofensa ao princípio da isonomia. e) a proibição de importação de veículos usados não configura afronta ao princípio da isonomia. Comentário: Alternativa A: Pode haver tratamento desigual em função de diferentes capacidades contributivas, como também podemos ter distinções por razões extrafiscais, como, por exemplo, a aplicação de IPTU progressivo no tempo, em caso de não aproveitamento de solo urbano, nos termos do art. 182, § 4º, da CF/88. Item correto. Alternativa B: De fato, há essa permissão no art. 146, III, d, da CF/88. Item correto. Alternativa C: Tal distinção está prevista no art. 195, § 9º, da CF/88, não havendo, por conseguinte, ofensa ao princípio da isonomia. Item correto. Alternativa D: O intuito do princípio da isonomia é tratar diferentemente os desiguais, na medida de suas desigualdades. Portanto, se um segmento econômico foi prejudicado por crise internacional, é mais do que razoável e isonômico que haja tratamento tributário diferenciado. Item errado. Alternativa E: O STF entende que não afronta o princípio da isonomia a vedação de importação de automóveis usados, sob a alegação de a União estar atuando contra as pessoas de menor capacidade econômica. Item correto. Gabarito: Letra D Questão 21 ± ESAF/MDIC/2012 O princípio da capacidade contributiva, que informa o ordenamento jurídico tributário, estabelece que, sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte. Sobre ele, assinale a opção incorreta. a) Tal princípio aplica-se somente às pessoas físicas. b) Constitui subprincípio do princípio da solidariedade. c) Visa, entre outros objetivos, a assegurar o mínimo vital, ou mínimo existencial. d) Constitui subprincípio do princípio da igualdade. e) É compatível com a progressividade de alíquotas. 11311510893 11311510893 - NELSON DOS SANTOS FILHO Nelson Realce Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 27 de 98 DIREITO TRIBUTÁRIO ± AUDITOR-FISCAL DA RECEITA FEDERAL Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 01 - Prof. Fábio Dutra Comentário: Alternativa A: Não há qualquer restrição quanto a isso. Logo, o princípio da capacidade contributiva aplica-se tanto às pessoas físicas quanto às pessoas jurídicas. Item errado. Alternativa B: O fato de tributar mais quem aufere mais renda está intimamente ligado ao princípio da solidariedade, pois aqueles que menos contribuem (por possuírem menor capacidade contributiva) são os que mais usufruem dos serviços prestados pelo poder público. Item correto. Alternativa C: O princípio da capacidade contributiva tem como um de seus objetivos assegurar que o Estado não subtrairá a riqueza mínima do contribuinte, utilizada para a sua manutenção. Item correto. Alternativa D: Podemos dizer que constitui subprincípio da igualdade, pois, como dito na aula, confere tratamento desigual conforme as diferentes capacidades contributivas. Item correto. Alternativa E: A progressividade é um instrumento para conferir maior justeza na tributação das distintas capacidades contributivas, pois se tributa proporcionalmente mais quem aufere maiores rendimentos. Item correto. Gabarito: Letra A Questão 22 ± ESAF/AFRFB/2012-Adaptada Considerando decisões emanadas do STF sobre o princípio da isonomia, julgue o seguinte item: Lei complementar estadual que isenta os membros do Ministério Público do pagamento de custas judiciais, notariais, cartorárias e quaisquer taxas ou emolumentos fere o princípio da isonomia. Comentário: De fato, esse tem sido o entendimento do STF, que foi estudado em aula. Questão correta. Questão 23 ± ESAF/MDIC/2012 A Constituição Federal, entre outras limitações ao poder de tributar, veda o tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente. Sobre esta isonomia tributária, é correto afirmar que o STF entendeu inconstitucional, por ofensa a tal princípio, norma que proibia a adoção do regime de admissão temporária para as operações amparadas por arrendamento mercantil. Comentário: O arrendamento mercantil não se confunde com o regime de admissão temporária, nos termos da Lei 6.099/74. O STF, ao analisar o dispositivo legal, entendeu que não há ofensa ao princípio da isonomia, tendo 11311510893 11311510893 - NELSON DOS SANTOS FILHO Nelson Realce Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 28 de 98 DIREITO TRIBUTÁRIO ± AUDITOR-FISCAL DA RECEITA FEDERAL Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 01 - Prof. Fábio Dutra em vista que o arrendamento mercantil não deve ser utilizado para obter tratamento fiscal mais benéfico do que as operações de compra e venda financiadas. Questão errada. Questão 24 ± ESAF/AFRFB/2012-Adaptada Considerando decisões emanadas do STF sobre o princípio da isonomia, julgue o seguinte item: A exclusão do arrendamento mercantil do campo de aplicação do regime de admissão temporária não constitui violação ao princípio da isonomia tributária. Comentário: O STF, ao analisar o dispositivo da Lei 6.099/74, entendeu que não há ofensa ao princípio da isonomia, tendo em vista que o arrendamento mercantil não deve ser utilizado para obter tratamento fiscal mais benéfico do que as operações de compra e venda financiadas. Questão correta. Questão 25 ± ESAF/ISS-RJ/2010 O efeito extrafiscal ou a calibração do valor do tributo de acordo com a capacidade contributiva não são obtidos apenas pela modulação da alíquota. O escalonamento da base de cálculo pode ter o mesmo efeito. Ao associar o tipo de construção (precário, popular, médio, fino e luxo) ao escalonamento crescente da avaliação do valor venal do imóvel, pode-se graduar o valor do tributo de acordo com índice hábil à mensuração da frivolidade ou da essencialidade do bem, além de lhe conferir mais matizes para definição da capacidade contributiva. Comentário: Conforme explicamos durante a aula, não só a modulação da alíquota é capaz de adequar o tributo de acordo com a capacidade contributiva de cada contribuinte, mas também o escalonamento da base de cálculo. A questão foi elaborada com base na jurisprudência do STF, copiando parte da ementa do AI 583.636-AgR. Questão correta. Questão 26 ± ESAF/ATRFB/2009 Em razão do princípio constitucional da isonomia, não deve ser diferenciado, por meio de isenções ou incidência tributária menos gravosa, o tratamento de situações que não revelem capacidade contributiva ou que mereçamum tratamento fiscal ajustado à sua menor expressão econômica. Comentário: Deve haver, sempre que possível, a diferenciação da carga tributária imposta aos contribuintes, em função da capacidade contributiva de cada um. Conforme estudamos, embora a CF/88 tenha se restringido aos impostos, para o STF, tal princípio é aplicável às demais espécies tributárias. Questão errada. 11311510893 11311510893 - NELSON DOS SANTOS FILHO Nelson Realce Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 29 de 98 DIREITO TRIBUTÁRIO ± AUDITOR-FISCAL DA RECEITA FEDERAL Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 01 - Prof. Fábio Dutra Questão 27 ± FCC/Pref. Campinas-SP-Procurador/2016 Acerca dos princípios consagrados pela Constituição Federal, é correto afirmar: Os entes da Federação não podem instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, admitindo-se, entretanto, levar em conta a distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida. Comentário: O que estabelece o princípio da isonomia, consagrado no art. 150, II, da CF/88, é que os entes federados não podem instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos. Questão errada. Questão 28 ± FCC/Pref. Campinas-SP-Procurador/2016 Acerca dos princípios consagrados pela Constituição Federal, é correto afirmar: Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte. Comentário: Trata-se do princípio da capacidade contributiva, consignado no art. 145, § 1º, da CF/88: Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte. A assertiva cobrou a literalidade do dispositivo e, por tal motivo, deve ser considerada correta. 2.3 ± Princípio do Não Confisco Dando continuidade ao estudo dos princípios constitucionais tributários, veremos agora o Princípio do Não Confisco, previsto no art. 150, IV, da CF/88 (acompanhe na sua Constituição Federal). Na realidade, embora majoritariamente conhecido por princípio do não confisco, o que a Constituição quis proteger foi a tributação com efeito confiscatório, que é diferente do confisco em si. Veja que confiscar bens significa aplicar pena de perdimento nos bens dos contribuintes. Tendo em vista que a perda de bens é considerada uma SXQLomR�SHOD�SUySULD�0DJQD�&DUWD��DUW�����;/9,��³E´���o tributo não poderia 11311510893 11311510893 - NELSON DOS SANTOS FILHO Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 30 de 98 DIREITO TRIBUTÁRIO ± AUDITOR-FISCAL DA RECEITA FEDERAL Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 01 - Prof. Fábio Dutra ser confiscatório, pois o art. 3° do CTN assevera que o tributo não constitui sanção por ato ilícito. Então, o que seria a tributação com efeito confiscatório? Ora, seria uma sobrecarga de tributos de tal forma que se assemelhe a uma punição, pois o Estado estaria absorvendo boa parte da riqueza gerada pelos contribuintes. Destaque-se que, para Luciano Amaro1, o princípio da vedação ao confisco atua em conjunto com o princípio da capacidade contributiva, pois ambos visam preservar a capacidade econômica do contribuinte. Agora que já sabemos o que é efeito de confisco, resta saber quando se configura a verdadeira tributação com efeito confiscatório. A principal informação que temos que gravar aqui é que se trata de um conceito indeterminado. Diante disso, muitas vezes o Judiciário se vale dos princípios da razoabilidade ou proporcionalidade para conseguir enquadrar a situação no verdadeiro efeito confiscatório. De qualquer modo, para o Supremo Tribunal Federal, a caracterização do efeito confiscatório deve ser obtida, analisando a totalidade de tributos a que um contribuinte está submetido, dentro de determinado período, em relação à mesma pessoa política. Ou seja, se o objetivo é descobrir se determinado imposto federal está sendo utilizado com efeito de confisco, há que se verificar todo o ônus tributário com que certo contribuinte arca em relação à União. Princípio do não confisco: Totalidade da carga tributária / Mesma pessoa política (União, por exemplo). No que se refere às taxas, para o STF (ADI-MC-QO 2.551/MG), a análise a ser feita é entre a relação do custo do serviço prestado ao contribuinte e o que foi efetivamente cobrado dele. Nesses casos, o princípio objetiva evitar a onerosidade excessiva da atividade prestada pelo Estado. Cumpre-nos ressaltar que, embora não se trate de tributo, as multas tributárias também estão sujeitas ao princípio do não confisco. Esse é o entendimento adotado pelo STF (ADI 551/RJ): 1 AMARO, Luciano. Direito Tributário Brasileiro. 20ª Edição. 2014. Pág. 270. 11311510893 11311510893 - NELSON DOS SANTOS FILHO Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 31 de 98 DIREITO TRIBUTÁRIO ± AUDITOR-FISCAL DA RECEITA FEDERAL Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 01 - Prof. Fábio Dutra EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. §§ 2.º E 3.º DO ART. 57 DO ATO DAS DOSPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS DA CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. FIXAÇÃO DE VALORES MÍNIMOS PARA MULTAS PELO NÃO-RECOLHIMENTO E SONEGAÇÃO DE TRIBUTOS ESTADUAIS. VIOLAÇÃO AO INCISO IV DO ART. 150 DA CARTA DA REPÚBLICA. A desproporção entre o desrespeito à norma tributária e sua conseqüência jurídica, a multa, evidencia o caráter confiscatório desta, atentando contra o patrimônio do contribuinte, em contrariedade ao mencionado dispositivo do texto constitucional federal. Ação julgada procedente. (STF, ADI 551/RJ, Plenário, Rel. Min. Ilmar Galvão, Julgamento em 24/10/2002) Com efeito, se um determinado contribuinte sonega tributo em certo montante, e o ente federado institui uma multa de, por exemplo, cinco vezes o valor que foi sonegado, resta claro que se trata de efeito confiscatório. O princípio da vedação ao efeito de confisco também é aplicável às multas tributárias (tanto moratórias como punitivas). No entanto, as multas não se confundem com tributos (aprendemos isso na aula anterior). Por último, fique atento ao fato de que a aplicação do princípio do não confisco deve ser atenuada, quando se trata de tributos extrafiscais. Tais tributos são utilizados como forma de controle, e por isso mesmo a doutrina e a jurisprudência aceitam que se estipule alíquotas elevadas nesses tributos. Nesse contexto, as alíquotas do IPI em relação aos cigarros, por exemplo, chegam a 300%, não sendo caracterizado confisco, haja vista que o interesse do Estado é o de que as pessoas evitem fumar. Portanto, a sobrecarga tem intuito extrafiscal, qual seja o de inibir certo comportamento das pessoas. 2.1 ± Princípio do Não Confisco e a Tributação do Patrimônio A tributação sobre o patrimônio
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