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Aula II Administrativo I Princ pios

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DIREITO ADMINISTRATIVO 
Princípios implícitos e explícitos da administração pública
Professora Angélika Veríssimo
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SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO SOBRE O INTERESSE PRIVADO
Não está previsto, expressamente, na Constituição Federal;
Ocorre, contudo, que nela encontramos manifestações concretas da superioridade do interesse público;
Interesse público é o “interesse do todo”, do próprio conjunto social (coletividade);
É o interesse primário do Estado. D
eve ser observado tanto na elaboração quanto na execução das leis;
Assegura à Administração Pública uma posição privilegiada em face dos administrados;
 
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SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO SOBRE O INTERESSE PRIVADO
Os limites ao atendimento deste princípio são: os direitos e garantias fundamentais e o princípio da legalidade;
Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de atendimento a fins de interesse geral, vedada a renúncia total ou parcial de poderes ou competências, salvo autorização em lei (art. 2º, parágrafo único, inc. II, da Lei nº 9.784/99) ;
Exemplo: Desapropriação em razão do interesse público (art. 5º., XXIV, CF); requisição, como forma de intervenção do estado na propriedade (art. 5º., inc. XXV, CF); atos administrativos que gozam de presunção de legitimidade, autoexecutoriedade e imperatividade; cláusulas exorbitantes dos contratos administrativos (art. 58, Lei nº. 8.666/93).
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INDISPONIBILIDADE DO INTERESSE PÚBLICO
Significa que os bens, direitos e interesses públicos são confiados ao administrador para gestão, logo, não se encontram à sua livre disposição (são indisponíveis);
A atuação do administrador deve ocorrer nos limites da lei, não podendo os interesses públicos ser livremente dispostos pelo administrador;
Somente a lei pode torná-los disponíveis. 
Exemplo: Em regra, necessidade de licitação; inalienabilidade de bens públicos afetados.
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LEGALIDADE
Princípio previsto expressamente na Constituição Federal (art. 37, caput, da CF);
A Administração Pública só pode fazer o que a lei determina e permite. A Administração está submetida ao Estado de direito;
Impõe a completa submissão da Administração Pública às leis, aos princípios e a seus próprios atos normativos (bloco de legalidade);
Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de atuação conforme a lei e o Direito (art. 2º, parágrafo único, inc. I, da Lei nº 9.784/99);
A legalidade para o direito público é critério de subordinação à lei e para o direito privado é critério de não contradição à lei (art. 5º, inc. II, da CF).
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LEGALIDADE
Significa que o administrador público está, em toda a sua atividade funcional, sujeito aos mandamentos da norma jurídica e às exigências do bem comum; 
Deles não pode se afastar ou desviar, sob pena de praticar ato inválido e expor-se à responsabilidade administrativa, civil e penal, conforme o caso;
Segundo esse princípio, a conduta administrativa não deve apenas ser compatível com a lei, mas deve estar autorizada pela lei;
A atividade administrativa é infralegal (expedição de comandados complementares à lei – art. 84, inc. IV, da CF);
A legalidade não afasta a discricionariedade administrativa.
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FINALIDADE
Segundo Celso Antônio B. de Mello esse princípio completa o princípio da legalidade;
Para Hely Lopes Meirelles está implícito no princípio da impessoalidade;
Traduz a ideia de atuação conforme o fim da lei (quem desatende o fim legal, não cumpre à lei);
O desvio de finalidade (espécie de abuso de poder) anulação do ato; impetração de mandado de segurança;
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FINALIDADE
A finalidade pode está expressa ou implícita na lei, mas deverá ser sempre o interesse público;
A interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige (art. 2º, parágrafo único, incisos XIII, da Lei nº 9.784/99)
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IMPESSOALIDADE
Representa a imparcialidade do agente público (art. 37, caput, CF);
A atuação do administrador público deve-se pautar na ausência de subjetividade, logo, não poderá considerar interesses próprios ou de terceiros;
Celso A. Bandeira de Mello pondera que esse princípio seria o princípio da igualdade ou isonomia; 
A impessoalidade objetiva a igualdade de tratamento que a Administração deve aplicar aos administrados que se encontrem em idêntica situação jurídica e a neutralidade do agente. 
Exemplo: concurso público, procedimento licitatório, proibição do nepotismo (súmula vinculante nº. 13), art. 37, § 1º, da CF, art. 2º, parágrafo único , inc. III, da Lei nº 9.784/99.
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ISONOMIA
Tratar os iguais de forma igual e os desiguais de forma desigual, na medida de suas desigualdades;
A dificuldade reside na fixação de parâmetros de igualdade e desigualdade, bem como de identificação dos sujeitos;
O limite de idade para a inscrição em concurso público só se legitima em face do art. 7º, XXX, da Constituição, quando possa ser justificado pela natureza das atribuições do cargo a ser preenchido. (súmula 683, do STF);
Somente por lei, o Administrador pode estabelecer critérios discriminatórios em concurso público, tais como sexo, limite de idade, altura, peso, exame psicotécnico (art. 3º, IV e art. 7º, XXX, ambos da CF).
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MORALIDADE
Abrange os princípios da lealdade e boa fé a Administração e seus agentes devem atuar com ética (art. 37, caput, CF);
Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de atuação segundo padrões éticos de probidade, decoro e boa-fé (art. 2º, parágrafo único, inc. IV, da CF);
É pressuposto de validade de ato administrativo;
Atos de improbidade administrativa (art. 37, § 4º, CF e a Lei 8.429/92);
Crime de responsabilidade do Presidente da República - atentar contra a probidade (art. 85, V, CF); 
Ação Popular: remédio contra atos lesivos à moralidade (art. 5º, LXXIII, da CF).
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PUBLICIDADE
O princípio exige que aos atos da Administração Pública seja dada ampla divulgação, a fim de que o administrado possa obedecê-lo ou impugná-lo (art. 37, caput, CF);
Devem ser objeto de intimação os atos do processo que resultem para o interessado em imposição de deveres, ônus, sanções ou restrição ao exercício de direitos e atividades e os atos de outra natureza, de seu interesse (art. 28, da Lei nº 9.784/99);
Publicidade é diferente de publicação. A publicidade possui conceito mais amplo;
Dever de transparência dos atos administrativos, ressalvadas as hipóteses de sigilo previstas em lei: art. 5º, incisos X, XXXIII e LX, todos da Constituição Federal;
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PUBLICIDADE
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EFICIÊNCIA
Surgiu com a Emenda Constitucional nº 19/98;
Impõe à Administração Pública o dever de boa atuação diante dos recursos disponíveis (art. 37, caput, CF);
Hely Lopes Meirelles dever da Administração Pública todo agente público deve realizar suas atribuições com presteza, perfeição e rendimento funcional;
Maria Sylvia Z. Di Pietro 	o princípio apresenta dois aspectos:
a) o modo de atuação do agente público;
b) o modo de organizar, estruturar, disciplinar a Administração Pública;
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EFICIÊNCIA
O conceito de eficiência envolve a relação de meios e fins;
O administrador deve levar em consideração a relação custo/benefício e buscar resultados práticos de produtividade, economicidade, redução de desperdício com o dinheiro público (aspecto econômico);
Exemplo: art. 39, § 2º, da CF (formação e aperfeiçoamento de servidores públicos); avaliação especial de desempenho para aquisição ou perda da estabilidade(art. 41, § 4º., da CF); avaliação periódica de desempenho (art. 41, § 1º, III, da CF); redução das despesas com pessoal (racionalização da máquina administrativa – art. 169, CF); art. 37, § 3º., CF (fiscalização na qualidade dos serviços); art. 5º., inc. LXXVIII, CF – EC nº. 45/2004 (celeridade processual);
art. 2º, caput, da Lei nº 9.784/99; art. 6º, § 1º, da Lei nº 9.784/99.
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CONTRADITÓRIO, AMPLA DEFESA E DEVIDO PROCESSO LEGAL
Ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal (art. 5º, inc. LIV, da CF);
Exigência de um processo formal e regular;
A Administração Pública não poderá proceder contra alguém, atingindo seus interesses e direitos sem ofertar o contraditório e a ampla defesa (art. 5º, inc. LV, da CF); 
Exemplos: defesa prévia, interposição de recursos (súmula vinculante nº. 21), realização de defesa técnica, produção de provas, direito à informação, direito de ficar calado (art. 5º, inc. LXIII, da CF). 
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CONTRADITÓRIO, AMPLA DEFESA E DEVIDO PROCESSO LEGAL
Lei nº 9.784/99, art. 2º, parágrafo único – Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de:
Inc. VIII – observância das formalidades essenciais à garantia dos direitos dos administrados;
Inc. IX - adoção de formas simples, suficientes para propiciar adequado grau de certeza, segurança e respeito aos direitos dos administrados;
Inc. X - garantia dos direitos à comunicação, à apresentação de alegações finais, à produção de provas e à interposição de recursos, nos processos de que possam resultar sanções e nas situações de litígio;
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RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE
Princípios implícitos constitucionalmente, mas previsto no art. 2º, caput, da Lei nº 9.784/99;
Para o STF derivam do princípio do devido processo legal, em seu aspecto material ou substancial;
Razoabilidade trata-se do princípio da proibição dos excessos; proíbe a atuação do administrador de maneira arbitrária e sem qualquer discernimento;
Hely Lopes e Di Pietro	 o princípio da Proporcionalidade está contido no princípio da razoabilidade;
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RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE
Enuncia a idéia de que as competências administrativas só podem ser validamente exercidas na extensão e intensidade proporcionais ao que seja realmente demandado, para cumprimento da finalidade de interesse público a que estão atreladas.
O princípio da proporcionalidade é uma das vertentes da razoabilidade. É o equilíbrio entre meios e fins;
Compõe-se de três subprincípios: adequação, necessidade e proporcionalidade em sentido estrito;
Os atos que violarem a razoabilidade e a proporcionalidade serão ilegais e ilegítimos, passíveis de anulação;
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RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE
Possibilitam a intervenção do Poder Judiciário no mérito administrativo;
Os princípios configuram-se como um limite da discricionariedade do administrador;
Exigem uma relação de pertinência entre os critérios de conveniência e oportunidade, de um lado, e a finalidade da lei de outro. 
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RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE
A Proporcionalidade está expressa no art. 2º, parágrafo único, inciso VI, da Lei nº 9.784/99:
Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de:
VI - adequação entre meios e fins, vedada a imposição de obrigações, restrições e sanções em medida superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse público;
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CONTINUIDADE
A atividade administrativa do Estado, nela incluída também a prestação de serviços públicos, de caráter essencial à sociedade, não pode parar;
A atividade deve ser prestada de forma contínua;
Exemplo: Proibição da interrupção na prestação de serviços públicos, com exceção do disposto no art. 6º, § 3º, da Lei 8.987/95 ;
Limitação ao exercício do direito de greve dos servidores públicos – art. 9º e art. 37, VII, CF (aplicação das Leis nºs 7.783/89 e 7.701/88); etc.
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AUTOTUTELA 
Estabelece que a Administração Pública pode controlar os seus próprios atos, para anulá-los quando ilegais ou revogá-los quando inconvenientes e inoportunos, independentemente da revisão do judiciário;
 Súmulas 346 do STF: “A administração pública pode declarar a nulidade dos seus próprios atos.”
Súmula 473 do STF: “A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.”
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AUTOTUTELA 
Art. 53, da Lei nº. 9.784/99: 
“A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos.”
Art. 54, da Lei nº. 9.784/99: 
“O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé.”
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MOTIVAÇÃO 
O dever do administrador justificar seus atos;
Demonstração dos fundamentos de direito e de fato, bem como a ligação lógica entre os eventos e situações que deram por existentes e a providência tomada, para que seja possível verificar a legalidade do procedimento adotado;
Pode ser prévia ou contemporânea à expedição do ato administrativo;
O STF decidiu que a motivação é necessária em todo e qualquer ato administrativo;
A exceção à motivação ocorrerá por previsão legal, como nos casos de provimento e exoneração de cargo em comissão;
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MOTIVAÇÃO 
Fundamentos do princípio da motivação: 
art. 1º, II e parágrafo único, art. 5º, incisos XXXIII e XXXV, art. 93, X, todos da CF; 
O art. 50 e seus parágrafos, da Lei nº 9.784/99; 
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MOTIVAÇÃO 
Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando:
I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;
II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções;
III - decidam processos administrativos de concurso ou seleção pública;
IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório;
V - decidam recursos administrativos;
VI - decorram de reexame de ofício;
VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais;
VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de ato administrativo.
§ 1o A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato.
§ 2o Na solução de vários assuntos da mesma natureza, pode ser utilizado meio mecânico que reproduza os fundamentos das decisões, desde que não prejudique direito ou garantia dos interessados.
§ 3o A motivação das decisões de órgãos colegiados e comissões ou de decisões orais constará da respectiva ata ou de termo escrito.
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SEGURANÇA JURÍDICA
Previsão legal - art. 2º, caput e parágrafo único, inc. XIII, da Lei nº. 9.784/99;
Aplicável a todos os ramos do direito, pois decorre da própria noção de Estado Democrático de Direito;
Defende a estabilidade nas relações entre a Administração e os administrados;
Veda a aplicação retroativa de nova interpretação (evitar que a mudança de orientação normativa afete situações já anteriormente consolidadas, na égide de posicionamento anterior);
Respeito ao direito adquirido, ao ato jurídico perfeito e a coisa julgada.
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SEGURANÇA JURÍDICA
Art. 2º, caput e parágrafo único, inc. XIII, da Lei nº. 9.784/99:
Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige, vedada aplicação retroativa de nova interpretação.
O princípio também fundamenta o instituto da convalidação dos atos administrativos, previsto no art. 55, da Lei nº 9.784/99:
“Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros, os atos que apresentarem defeitos sanáveis
poderão ser convalidados pela própria Administração.”
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